Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
Departamento de Ciências Biológicas – DCB
Disciplina: Biologia Celular
Profª.: Drª. Isabel Honorata
Autora do roteiro: Profª. Drª. Ana Lúcia Biggi de Souza
2025
Biologia Celular
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PRÁTICA 04
PERMEABILIDADE SELETIVA DE MEMBRANAS
INTRODUÇÃO
A célula consegue manter uma composição química diferente do meio que a rodeia
graças a uma fina membrana (a membrana plasmática) que controla a entrada e a saída de
moléculas e íons. A membrana plasmática é constituída por uma bicamada lipídica à qual se
associam proteínas globulares. Essa bicamada é mantida pela insolubilidade dos radicais
apolares dos lipídios no meio aquoso circundante e apresenta uma permeabilidade
diferencial ou seletiva.
Esta seletividade é, na verdade, o reflexo de sua estrutura e composição química
lipoprotéica. Moléculas apolares pequenas tais como o oxigênio (O2) e o dióxido de carbono
(CO2) e moléculas polares não carregadas (água, etanol, glicerol) podem mover-se a favor
de seus gradientes de concentração através da própria bicamada lipídica por simples
difusão (difusão passiva). Neste caso, estas substâncias se difundem em direção ao meio
menos concentrado, tentando equilibrar as concentrações. Em contraste, as bicamadas
lipídicas são altamente impermeáveis a todos os íons e moléculas carregadas,
independente do seu tamanho. Neste caso, proteínas transportadoras especializadas são
necessárias para transferir estas substâncias através das membranas celulares. Se, por
exemplo, um soluto está presente em maior concentração fora de célula do que dentro dela,
e uma proteína transportadora está presente na membrana plasmática, o soluto mover-se-á
espontaneamente através da membrana, pela própria proteína transportadora, para dentro
da célula por transporte passivo, sem gasto de energia. Contudo, para mover um soluto
contra seu gradiente de concentração, a proteína transportadora gasta energia. O
movimento de solutos, deste modo, é denominado transporte ativo. Portanto, a manutenção
de determinadas substâncias, dentro ou fora das células, contra um gradiente de
concentração, só pode ocorrer se as membranas celulares permanecerem íntegras.
Tratamentos com solventes orgânicos (acetona, por ex.), que dissolvem lipídios, alteram a
permeabilidade da membrana por desestruturarem a bicamada lipídica. Temperaturas
elevadas também atuam alterando a integridade e a seletividade da membrana, uma vez
que o calor desnatura a maioria das proteínas celulares, geralmente envolvidas no
transporte de substâncias através da membrana.
A membrana plasmática é, normalmente, mais permeável à água que aos solutos
nela dissolvidos. Quando essa membrana separa duas soluções aquosas com diferentes
concentrações de soluto, há uma tendência da água movimentar-se, preferencialmente, no
sentido da solução mais concentrada. Essa difusão da água é um tipo de transporte passivo
denominado osmose.
A osmose cria problemas gerais no balanço de água para as células. Uma célula
presente em um meio hipotônico tende a intumescer devido à absorção de água por
osmose, enquanto que, em meio hipertônico, tende a perder volume, devido ao movimento
de saída de água. Portanto, dizemos que a água passa, por osmose, do meio hipotônico
para o meio hipertônico (onde há maior concentração de soluto).
As células vegetais são adaptadas a viver em um ambiente hipotônico, do qual
tendem a absorver água por osmose, mas são impedidas de intumescer até se romperem
devido à resistência da parede celular. Quando colocadas em meio hipertônico, as células
perdem água e sofrem uma retração que altera a sua forma original. Essa modificação é
chamada, no caso de células vegetais, de plasmólise, sendo o resultado de uma retração
do protoplasma em relação à parede celular. O fato de o protoplasma retrair-se, e não a
parede celular, mostra que as membranas celulares plasmática e vacuolar são
seletivamente permeáveis e estão envolvidas no processo de osmose. A parede celular é
bastante permeável aos solutos e, portanto, não age como membrana osmótica.
A plasmólise temporária não é destrutiva para a célula. Esta pode recuperar
rapidamente a sua condição de turgidez normal, se a colocarmos em um meio diluído ou em
água pura. A essa recuperação da forma normal, damos o nome e desplasmólise.
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2.3 Osmose em Células Animais
As células sanguíneas em suspensão correspondem, na sua maioria, aos glóbulos
vermelhos (hemácias). Com a lente objetiva de 10X, o conjunto destas células mostra-se
com aspecto granular. A partir da lente objetiva de 40X, percebe-se que as hemácias, no
caso dos mamíferos, têm o formato de disco bicôncavo e são anucleadas.
2.3.1 Procedimento 1
- Coloque sobre uma lâmina, com o auxílio de uma pipeta Pasteur, uma gota de
suspensão de sangue em solução isotônica (NaCl 0,9%) e cubra o material com uma
lamínula.
- Observe ao microscópio tendo o diafragma inicialmente fechado.
- Ao utilizar a lente objetiva de 40X, regule a abertura do diafragma de modo a obter uma
imagem nítida. Observe a forma das hemácias.
2.3.2 Procedimento 2
- Monte outra lâmina colocando, com auxílio de pipetas Pasteur, uma gota de suspensão
de sangue em solução hipertônica (NaCl 1,5%) em uma de suas extremidades e uma
gota da suspensão de sangue em solução hipotônica (NaCl 0,6%), na outra
extremidade.
- Ao utilizar as pipetas cuide para que não se misturem.
- Cubra cada gota com uma lamínula.
- Observe o material ao microscópio, utilizando a lente objetiva de 40X. Regule a abertura
do diafragma.
- Após a observação, respondas as questões de a a c.
1) Desenhe as células conforme se apresentam em cada meio.
Hipotônico (NaCl 0,6%) Isotônico (NaCl 0,9%) Hipertônico (NaCl 1,5%)
2) Qual é a forma das hemácias na solução de NaCl a 0,9%?
3) Quais foram as modificações observadas na forma das hemácias quando colocadas
nas soluções de NaCl a 0,6% e 1,5%? Como estas modificações podem ser
explicadas?
2.4 Experimento Alternativo as células sanguíneas: Osmose em Células da Mucosa
Bucal
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2.4.1. Materiais:
• Lâminas e lamínulas
• Microscópio óptico
• Conta-gotas
• Cotonete ou palito de dente esterilizado
• Água destilada (solução hipotônica)
• Solução de NaCl 0,9% (isotônica)
• Solução de NaCl 1,5% (hipertônica)
• Azul de metileno (opcional, para melhor visualização)
2.4.2 Procedimento 1:
• Esfregue suavemente um cotonete limpo na parte interna da bochecha para coletar
células epiteliais.
• Transfira o material para uma lâmina, esfregando o cotonete na superfície da lâmina.
• Se desejar, adicione uma gota de azul de metileno para melhorar a visualização das
células.
2.4.3 Procedimento 2:
Observação em meio isotônico (NaCl 0,9%)
• Adicione uma gota de solução isotônica sobre as células.
• Cubra com a lamínula e observe ao microscópio.
• As células devem manter seu formato normal.
Observação em meio hipertônico (NaCl 1,5%)
• Remova cuidadosamente o excesso de líquido com um papel absorvente.
• Adicione uma gota da solução hipertônica.
• Observe ao microscópio e note que as células começam a encolher devido à perda
de água (processo semelhante à crenação das hemácias).
Observação em meio hipotônico (água destilada)
• Retire a solução hipertônica e adicione uma gota de água destilada.
• Observe novamente ao microscópio.
• As células devem inchar devido à entrada de água, podendo até sofrer lise se
absorverem muita água.
4) Desenhe as células conforme se apresentam em cada meio.
Hipotônico (NaCl 0,6%) Isotônico (NaCl 0,9%) Hipertônico (NaCl 1,5%)
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