Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM
Leandro da Conceição Moreira
Relatório de estágio supervisionado na empresa
Vilmorin-Mikado do Brasil LTDA
Diamantina - MG
2024
Leandro da Conceição Moreira
Relatório de estágio supervisionado na empresa
Vilmorin-Mikado do Brasil LTDA
Relatório de estágio supervisionado
apresentado à Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri,
como parte das exigências do curso de
Agronomia, para obtenção do título de
Bacharel.
Prof. Márcia Regina da Costa
Orientadora
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Diamantina – MG
2024
Sumário
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO .................................................................................... 4
3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .............................................................. 5
3.1 Cultura da Cenoura ................................................................................................................ 5
3.1.2 Semeio ........................................................................................................................................ 5
3.1.2. Avaliação de ensaios.................................................................................................................. 6
3.1.3 Vernalização ............................................................................................................................... 7
3.1.4 Produção de sementes ................................................................................................................ 8
3.2 Cultura do Tomate ......................................................................................................................... 8
3.2.1 Análises das sementes de tomate ................................................................................................ 9
3.2.2 Separação de sementes e Semeadura.......................................................................................... 9
3.2.3 Transplante e replante de mudas .............................................................................................. 10
3.2.4 Coleta de amostras para análise de DNA ................................................................................. 10
3.2.5 Avaliação de Ensaios ................................................................................................................ 10
3.3 Laboratório de Fitopatologia ........................................................................................................ 11
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................... 12
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 13
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1. INTRODUÇÃO
Este relatório apresenta as atividades desenvolvidas por Leandro da Conceição Moreira,
aluno do curso de Agronomia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
(UFVJM), durante o estágio realizado na empresa Vilmorin-Mikado Brasil, situada na cidade
de Santo Antônio de Posse - SP. O estágio, com enfoque na área de pesquisa e desenvolvimento
de novas cultivares de tomate e cenoura, foi uma oportunidade ímpar para a aplicação prática
dos conhecimentos adquiridos ao longo da formação acadêmica, bem como para o
aprofundamento em técnicas avançadas de melhoramento genético e manejo de culturas.
O estágio foi realizado durante o período de 7 agosto de 2023 a 30 junho de 2024 tendo
uma carga horária semanal de 40 horas, totalizando de 1853 horas. A orientação para o estágio
foi realizada pela professora da área de Melhoramento Genético e Olericultura, Márcia Regina
da Costa do Departamento de Agricultura - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha
e Mucuri (UFVJM), e supervisionado pelo Gerente de Projeto de Pesquisa Fabrício Franco dos
Santos – Vilmorin-Mikado do Brasil.
A Vilmorin-Mikado Brasil, uma empresa renomada no setor agrícola, destaca-se pelo
seu compromisso com a inovação e a sustentabilidade na produção de sementes de alta
qualidade. Durante o período de estágio, foram conduzidos experimentos que visaram o
desenvolvimento de cultivares com melhor adaptação às condições climáticas brasileiras,
resistência a doenças e pragas, e que atendam às exigências do mercado consumidor.
Este relatório detalha as atividades desenvolvidas, os métodos utilizados e os resultados
obtidos, proporcionando uma visão abrangente das etapas envolvidas no processo de pesquisa
e desenvolvimento de novas cultivares. Além disso, são discutidas as contribuições do estágio
para a formação profissional do estagiário e o impacto potencial dos resultados para o setor
agrícola.
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO
A Vilmorin-Mikado é uma empresa de sementes com uma longa e distinta história que
remonta ao século XVIII. Originária da França, a Vilmorin começou como um negócio familiar
de produção de sementes em 1743. Posteriormente, a empresa se fundiu com a Mikado, uma
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companhia japonesa de sementes, combinando a experiência europeia com a inovação asiática.
Essa fusão marcou o início de uma nova era, resultando na criação de uma marca global que
oferece uma ampla gama de sementes de alta qualidade para a agricultura.
A empresa Vilmorin-Mikado hoje lidera o mercado nacional de sementes de cenoura,
além da presença no mercado de outras culturas. A produção comercial das sementes é feita na
França e posteriormente enviados ao Brasil.
As atividades de pesquisa são realizadas na Estação de pesquisa Vilmorin-Mikado,
localizada no município de Santo Antônio de Posse. A estação encontra-se lotada numa
fazenda, contando com uma área de aproximadamente 20 hectares, divididos por diversos
departamentos/setores. O estágio foi desenvolvido, majoritariamente, na Estação de Pesquisa.
3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
3.1 Cultura da Cenoura
A cenoura (Daucus carota) é uma hortaliça de raiz amplamente cultivada e consumida
em todo o mundo, destacando-se por seu sabor adocicado e versatilidade culinária. Recentes
avanços na pesquisa agrícola têm contribuído para a melhoria de técnicas de cultivo e manejo,
refletindo em uma produção mais eficiente e sustentável.
O cultivo da cenoura no Brasil envolve práticas agrícolas avançadas e o uso de
tecnologias modernas para garantir alta produtividade e qualidade das raízes. O solo ideal para
o cultivo é profundo, bem drenado e com boa fertilidade, com pH entre 6,0 e 6,8. A temperatura
ideal para o crescimento da cenoura varia entre 15°C e 21°C. Estudos recentes destacam a
importância da rotação de culturas e da utilização de adubos orgânicos para a manutenção da
saúde do solo e melhoria da produtividade (Santos et al., 2021).
A cenoura é uma das hortaliças mais importantes cultivadas no Brasil, tanto para o
consumo interno quanto para a exportação. O país tem se destacado pela produção de alta
qualidade, especialmente em regiões de clima temperado e subtropical, como Minas Gerais,
São Paulo e Bahia (Silva et al., 2020).
3.1.2 Semeio
Os semeios foram acompanhados na Estação de Pesquisa e em campos externos,
localizados nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. As atividades externas ocorreram
em propriedades particulares parceiras da empresa, onde já havia ocorrido a devida preparação
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do solo e divisão em canteiros e estes divididos em parcelas, para o plantio de diferentes
cultivares.
Fonte: Autor (2023) Fonte: Danilo Ramos (2023)
São dispostos no campo, os materiais de pesquisas e testemunhas comerciais para nível de
comparação dos resultados obtidos
3.1.2. Avaliação de ensaios
A avaliação dos ensaios é realizada pelo melhorista do setor, fitopatologista e o
especialista de ensaios.
O roteiro da avaliação se inicia observando a parte aérea das plantas, como altura, vigor,
presença ou não de pendão, vigor de folhas e presença de doenças. Posteriormente, é realizada
a colheita e separação das raízes em boas, rachadas, bifurcadas e podres, e ainda no solo,
imediatamente após a colheita, é feito o teste da faca, para avaliação de resistência a ações
mecânicas, como o transporte.
O melhorista fica responsável por avaliar e classificar as raízes de acordo com a
coloração, formato, ombro verde, fechamento, lenticelas, tamanho.
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Também é feita a avaliação das parcelas, contabilizando o número de raízes conforme
a classificação em boas, rachadas, bifurcadas ou podres.
Já o fitopatologista, avalia doenças foliares, doenças no campo e são contabilizadas o
número de raízes com presença de pintas, que podem evidenciar a presença de patógenos.
Avaliação de raízes em campo externo - Fonte: Danilo Ramos (2024)
3.1.3 Vernalização
A vernalização é um processo que favorece a indução floral nas raízes, para que elas
consigam soltar pendões e produzir sementes. Esse processo envolve a exposição das raízes a
baixas temperaturas por um período específico, promovendo mudanças fisiológicas que
permitem a floração e a produção de sementes.
Preparação das cenouras para vernalização - Fonte: Danilo Ramos (2024)
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As cenouras são plantas bienais que, em condições naturais, crescem vegetativamente
no primeiro ano e florescem no segundo ano após um período de frio. A vernalização é
necessária para acelerar este ciclo em condições controladas, permitindo que os produtores
obtenham sementes em um único ano de cultivo. Sem a vernalização, as cenouras podem falhar
em florescer ou produzir sementes inadequadas, comprometendo a produção.
Preparação das cenouras para vernalização. Fonte: Danilo Ramos (2024)
3.1.4 Produção de sementes
Após o processo de vernalização é feita uma nova seleção das raízes com intuito de
selecionar aquelas mais viáveis para o plantio. O plantio é feito em vasos dispostos nas estufas,
onde machos e fêmeas previamente selecionados serão dispostos para cruzamento e produção
de sementes.
3.2 Cultura do Tomate
A produção de tomate é uma das mais importantes no cenário agrícola mundial, sendo
fundamental tanto para o consumo fresco quanto para a indústria de processamento. No Brasil,
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desempenha um papel fundamental tanto na economia agrícola quanto na alimentação do país.
Com uma grande diversidade climática e geográfica, o Brasil consegue cultivar tomates em
várias regiões ao longo do ano, destacando-se como um dos maiores produtores mundiais.
As principais regiões produtoras de tomate no Brasil incluem os estados de Goiás, São
Paulo, Minas Gerais e Bahia. Goiás é o maior produtor, responsável por cerca de 30% da
produção nacional (IBGE, 2020). O clima favorável e a disponibilidade de tecnologia agrícola
avançada contribuem para a alta produtividade na região.
3.2.1 Análises das sementes de tomate
Antes do plantio ou exportação, seguindo normas fitopatológicas da empresa, amostras de
sementes são enviadas para análises, com o objetivo de verificar a presença de patógenos e
evitar disseminação de doenças.
São separadas cerca de 10% de semente de cada lote e enviadas para o laboratório
Agronômica, localizado no Rio Grande do Sul.
3.2.2 Separação de sementes e Semeadura
O melhorista é responsável por determinar a quantidade por material no laboratório e
são posteriormente, embaladas a fim de evitar erros ou contaminação.
A semeadura foi realizada na estação de pesquisa da Vilmorin-Mikado, para instalação
de ensaio com os materiais T2, T3 e linhagem. O processo é realizado em bandejas com
substrato e são semeadas uma semente por célula, saltando uma linha de células a cada
material.
As bandejas são armazenadas em um ambiente climatizado, com ausência de luz e
umidade elevada durante três dias, para facilitar a quebra da dormência. Após isso, são levadas
ao viveiro onde permanecem até o transplante.
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Contagem de germinação de mudas de Tomate – Fonte: Autor (2023)
3.2.3 Transplante e replante de mudas
O transplante também é realizado na estação de pesquisa, em campos já preparados,
adubados e estaqueados para separação e identificação dos lotes. Assim, as mudas são
transplantadas após 30 dias do semeio em linhas duplas para T2 e T3 e linhas simples para
linhagem. Musas de linhagem são transplantadas em uma estufa, para que seja feito o
cruzamento, sem mantidas em vasos com substrato.
3.2.4 Coleta de amostras para análise de DNA
A coleta do material é feita com pequenas amostras de folhas jovens, utilizando o
equipamento Puncher. O material é alocado na caixa de coleta e quando completa, são
desidratados em uma temperatura de 60°C para que assim, sejam encaminhadas para o
laboratório da Vilmorin-Mikado localizado na França. O procedimento objetiva avaliar se
houve alguma mistura de material nas parcelas e a presença de genes de resistência.
3.2.5 Avaliação de Ensaios
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A avaliação dos ensaios ocorre a partir da primeira colheita, tanto no campo e estufa da
estação de pesquisa, assim como nos campos de ensaios externos. As demais colheitas também
são sempre avaliadas.
É feita uma seleção de plantas do ensaio de linhagem na estufa que devem continuar no
programa de melhoramento, e dessas retiradas sementes para autofecundação. Após isso, toda
etapa é realizada nas linhagens do campo.
Já os híbridos, são avaliados em campo pela melhorista e posteriormente os frutos, após
a colheita. São selecionados 8 frutos de cada parcela, e destes 4 de cada repetição. Estes frutos
são então, pesados e medidos em altura e diâmetro.
3.3 Laboratório de Fitopatologia
A estação de pesquisa conta com um excelente laboratório de fitopatologia, que
desempenham importante papel no desenvolvimento de novas pesquisas para a empresa. O
laboratório conta com a Fitopatologista responsável, Débora Wassano e o auxiliar Danilo
Ramos.
Massa de ovos de nematoides – Fonte: Autor (2023)
Durante o período de estágio foram desenvolvidas diversas atividades no laboratório,
como: preparação de meio de cultura, verter placas para multiplicação de fungos e bactérias,
preservação e manutenção de fungos, crescimento e multiplicação de fungos, produção de
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esporos de Alternaria dauci e sua inoculação e avaliação em cenouras, inoculação e avaliação
de Fusarium e Verticilium em Tomates e multiplicação e preservação do banco de nematoides.
Inoculação de Alternaria em ensaio de cenoura em estufa - Fonte: Danilo Ramos (2023)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O melhoramento genético de hortaliças desempenha um papel crucial na agricultura
moderna e é essencial para garantia da segurança alimentar, promoção da sustentabilidade
ambiental e melhoria da saúde pública, através de uma alimentação mais nutritiva e de
qualidade. Além disso, o desenvolvimento de pesquisas na área garante que o surgimento de
cultivares que se adaptem aos mais diferentes locais e com bom desempenho de produtividade
para os produtores.
O estágio na Vilmorin-Mikado amplificou minha visão sobre o mercado da Olericultura,
do desenvolvimento de pesquisas para melhoramento genético e produção de sementes e como
se portar diante do mercado. Tive a oportunidade de aprofundar meus conhecimentos na área
da pesquisa em hortaliças, atividade essa que já vinha desenvolvendo ao longo da graduação.
Foi muito enriquecedor a possibilidade de conviver com profissionais extremamente
capacitados, éticos e comprometidos com o trabalho, além da prontidão em ensinar aqueles que
estão iniciando na profissão.
Meu agradecimento a Vilmorin-Mikado Brasil LTDA e todos os colaboradores, por toda
contribuição ao processo de formação profissional.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Silva, J. P., Mendes, A. C., & Nogueira, H. T. (2021). Sistemas de irrigação e eficiência
hídrica na cultura da cenoura. Irrigation Science, 39(4), 350-360.
FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção
e comercialização de hortaliças. 3 ed. 421p. Viçosa: UFV, 2008.
Martins, J. A., Oliveira, R. P., & Santos, M. A. (2020). Melhoramento genético da cenoura:
novas variedades e resistência a pragas no Brasil. Revista Brasileira de Horticultura, 37(3),
201-213.
Lima, P. F., Oliveira, R. P., & Santos, M. A. (2019). Cultivo protegido do tomate: benefícios
e desafios no Brasil. Revista Brasileira de Horticultura, 38(4), 305-317.
Oliveira, A. R., Pereira, F. M., & Soares, V. R. (2021). Manejo integrado de pragas na
cultura do tomate no Brasil: práticas e impactos. Agricultura Sustentável, 31(3), 230-245.
Souza, L. M., Martins, J. A., & Santos, M. A. (2020). Melhoramento genético do tomate:
novas variedades e desafios. Revista de Genética e Melhoramento de Plantas, 42(1), 87-98.
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