Logística
Logística
Energética do
Petróleo
Um Guião Prático para a Gestão da Cadeia de
Suprimentos da Indústria de Petróleo e Gás Natural
O leitor será
Um Guião Prático para a Gestão da Cadeia de
apresentado aos
Suprimentos da Indústria de Petróleo e Gás Natural
conceitos básicos da
logística e
posteriormente a
todas as questões
Conteúdo
Capítulo I – Introdução à Logística 1 ligadas a logística
na Industria do
Capítulo II – Cadeia de Suprimentos da Indústria de
Petróleo e Gás nos
Petróleo 5
seus três segmentos
Capítulo III – Logística no Upstream 16 (Upstream,
Capítulo IV – Logística no Midstream e Downstream 23 Midstream e
Downstream)
Capítulo V – Cadeia de valor do Gás Natural 45
Capítulo VI - Gás Natural Liquefeito 52
Logística Energética do Petróleo
Tipos de logística
i. Logística Reversa
É o ramo da Logística que remeta a movimentação de um determinado produto, desde o
ponto que foi consumido ate o ponto onde foi produzido.
Outro aspecto que pode ser observado é que o conceito de logística tem evoluído com o
passar do tempo, partindo-se originalmente da logística pura, passando-se posteriormente a
logística integrada, onde o processo logístico é visto como um canal de actividades inter-
relacionadas e chegando-se aos dias actuais ao conceito mais amplo de Supply Chain
Management (SCM) ou Gestão da Cadeia de Suprimentos. A Figura (1) ilustra um diagrama
de fluxos simples comumente usado pela indústria global na Gesta da Cadeia de
Suprimentos.
1
Logística Energética do Petróleo
Cada empresa deve encarar adversidades específicas relacionadas ao tipo de produto com o
qual trabalha e as demandas dos clientes. Mas há alguns desafios da logística que são mais
comuns á maioria das empresas/companhias e são os seguintes:
a) Mão-de-obra qualificada
Um dos grandes desafios da logística é a dificuldade para contractar profissionais devido á
precariedade das condições de trabalho, aos salários pouco “atraentes” ao estresse causado
pela profissão. Além disso, a dificuldade de contratação passa também pela escassez de
mão-de-obra qualificada2.
b) Frete Desfasado
Empresas de todo porte precisam entregar seus produtos de forma segura e rápida e
garantir que esse processo não influencie negativamente a sua relação com os clientes. Essa
questão afecta toda cadeia logística das empresas, pois torna necessária a redução de custos
de produção numa tentativa de equilibrar as perdas provocadas pelo preço do frete.
1 A principal diferença entre SCM e logística diz respeito à sua extensão, pois a SCM leva em consideração
toda a cadeia desde os fornecedores da matéria-prima até ao consumidor final, e a logística (pura) é a parte
operacional do SCM (transformação da matéria-prima, transporte e distribuição).
2 Este cenário força as empresas a fazer maiores investimentos em capacitação e treinamentos para os seus
funcionários, o que eleva os custos operacionais e reduz a competitividade frente a outras empresas no
mercado.
2
Logística Energética do Petróleo
É claro que apenas identificar os desafios logísticos enfrentados por uma empresa não é
suficiente sendo preciso saber como solucionar os problemas criados por esses desafios.
3Produtos alimentícios, electrónicos, farmacêuticos e outros, são as cargas mais afectadas pela actuação dessas
quadrilhas.
3
Logística Energética do Petróleo
Faria (2003) denomina como trade-off todas as trocas relacionadas ao custo que acontecem de
maneira compensatória onde há a perda de um serviço ou qualidade e o ganho de um
serviço ou qualidade distinto. Os trade-off já foram explorados em diversas pesquisas, dentre
as quais, Porter (1980) apresenta a escolha entre diferenciação e custo; Boulding e Lee (1992)
entre a diversificação e o mix de marketing de especialização; e March (1991) entre a
apropriação do valor e a criação de valor. Dornier et al. (2000) enfatiza a necessidade de a
empresa apurar dados consistentes e confiáveis para gerar análises de trade-off que
permitam comparar as diversas possibilidades de impacto nos indicadores logísticos.
4
Logística Energética do Petróleo
5
Logística Energética do Petróleo
a) A sua origem
As National Oil Companies são companhias petrolíferas que representam o governo de um
país, actuando em todas as etapas da cadeia produtiva do petróleo naquele país e as
International Oil Companies são petrolíferas do sector privado com operações em vários
países. A tabela (1) apresenta as principais diferenças entre as NOC’s e as IOC’s.
6
Logística Energética do Petróleo
7
Logística Energética do Petróleo
8
Logística Energética do Petróleo
Gráfico 1. Variação do preço do petróleo do ano de 1961 ao ano de 2014 em Dólares (USD)
9
Logística Energética do Petróleo
Oferta, que esta directamente ligada a disponibilidade nas reservas espalhadas pelo
mundo e sempre que são descobertas novas reservas o mercado reage de imediato,
mesmo antes de qualquer operação, é normal que a cotação sofra estabilização ou
recuo do preço.
Moeda/Cambio (USD), que foi introduzido como factor devido ao facto do preço do
petróleo ser cotado aos mercados internacionais em dólares norte-americano e a
variação da taxa pode ser um factor de risco no investimento internacional.
Cortes de produção da OPEP (Organização dos Países Produtores e Exportadores
de Petróleo), criada com o objectivo de tentar regular e estabilizar os preços e
cotações de petróleo, mas como nem todos os países fazem parte do grupo, a
organização é capaz de exercer uma pressão muito grande sobre os preços da
commodity, decidindo reduzir os níveis de produção como forma de forçar a subida
de preços, por exemplo.
Especulações, usadas para prever o preço futuro da commodity, dando vantagens ou
compensações aos árbitros pela assunção do risco futuro não diversificável. Não se
sabe ao certo se no futuro o activo irá valer mais ou menos, criando um ambiente
instável na cotação do petróleo, sendo um factor determinante na variação do preço.
Conflitos Políticos e Económicos, devido ao facto de que muitos dos principais
produtores de petróleo estão em áreas politicamente instáveis, como a Venezuela,
Iraque e o Irã e isso gera uma incerteza que impacta directamente na cotação do
petróleo pois são tomadas decisões inesperadas pelos governos desses países
envolvendo a política global.
Factores Ambientais e Catástrofes, que podem se tornar elementos decisivos para
uma alteração acentuada do preço do petróleo, pois alteram a rotina das plataformas
instaladas na região em causa, reduzindo o ritmo ou paralisando as actividades. A
título de exemplo podemos citar os furacões no Golfo do México, o inverno rigoroso
do Hemisfério Norte, a Pandemia Covid-19 e também tragédias não naturais como
vazamentos de petróleo, acidentes nas plataformas, entre outros.
10
Logística Energética do Petróleo
Por ser considerado mais fácil de ser refinado, o WTI costuma alcançar valores maiores,
mas, muitas vezes o Brent acaba sendo comercializado por preços mais altos.
Quando os preços dos energéticos caem, também diminui o valor de mercado das empresas,
que não conseguem caixa para suas operações e consequentemente podem falhar em honrar
seus compromissos de longo prazo. Entretanto, por outro lado, quando os preços sobem, os
governos podem entrar em acção para proteger os consumidores e as empresas ganham
maior valor no mercado.
Em países exportadores, pode haver revoluções que levam a uma perda de produção de
petróleo
Em quase todos os países pode haver redução na produção pois a perda do petróleo das
OC’s não pode obter financiamento da divida para pagar por mais serviços;
Algumas implicações:
Petrobras anunciou uma redução em 25% num período de 5 anos (2015 - 2019);
Chevron anunciou planear cortar 24% do seu orçamento capex em 2016;
Statoil pode enfrentar uma queda de 40% do seu capex um período de 3 anos (2017 –
2019);
Exxon reduz o seu capex em 15% em 2015.
11
Logística Energética do Petróleo
Ademais, nem todas as nações são iguais, o CAPEX e OPEX variam de acordo com o país
produtor, como pode ser visto abaixo:
12
Logística Energética do Petróleo
Outras razões
Uma guerra de preços também pode afectar também os produtores americanos de petróleo
de xisto, que elevaram consideravelmente a produção nos últimos anos.
O tombo nos preços internacionais deve levar, em tese, a uma redução também nos preços
dos combustíveis. Esse repasse, no entanto, não costuma ser automático, nem integral. Em
Moçambique, reduções de preços dos derivados de petróleo costuma levar semanas para
chegar até o preço final pago pelos consumidores.
13
Logística Energética do Petróleo
O crescimento económico (PIB) é função de várias variáveis com destaque para a variável
Consumo (C), assim sendo é de esperar que quando o preço internacional de petróleo
aumenta, a sua procura reduz e o seu consumo bem como dos seus bens derivados também
reduz inibindo assim que a economia cresça, ou seja, reduzindo o ritmo de crescimento.
14
Logística Energética do Petróleo
Entre os continentes, os países asiáticos foram responsáveis pelo maior valor de petróleo
importado durante 2018, com compras que custaram US $ 628,2 bilhões ou 53,2% do total
global. Em segundo lugar, os países europeus cotaram em 27,6%, enquanto 15% das
importações mundiais de petróleo bruto foram entregues na América do Norte.
Percentagens menores foram para a América Latina (1,8%), excluindo o México, mas
incluindo o Caribe, a África (1,2%) e a Oceânia (1,1%) liderada pela Austrália e Nova
Zelândia.
15
Logística Energética do Petróleo
Com relação ao ciclo de vida de um Campo de Produção (Figura 4), a Logística é uma série
de processos ininterruptos, desde o início de uma nova iniciativa de Exploração, até a
Produção de Hidrocarbonetos e fase de Descomissionamento ou Enceramento das
actividades.
Uma vez realizados os estudos das áreas de interesse, são determinados os locais de maior
probabilidade de ocorrência de óleo, inicia-se, a partir deste momento, a fase de perfuração,
através da abertura de poços exploratórios, ou pioneiros, que irão fornecer informações
adicionais e delimitar as fronteiras das áreas efectivamente produtivas.
16
Logística Energética do Petróleo
O nível de actividades durante o ciclo de vida de um campo produtivo varia em cada fase,
sendo que esta variação ocorre também com os riscos de investimento. O tamanho e a escala
da Logística, entendidos como Infra-estruturas, Meios, Equipamentos e Recursos,
geralmente atingem o maior volume durante a fase de Desenvolvimento do Ciclo de Vida
do Activo (Asset Life Cycle) e o risco de económico é mais acentuado na fase Exploratória,
conforme ilustra a Figura (6).
17
Logística Energética do Petróleo
Separação das fases oleosa, gasosa e aquosa, nos equipamentos conhecidos como
separadores;
Tratamento da fase oleosa para a redução da água emulsionada e dos sais
dissolvidos;
Tratamento da fase gasosa para a redução do teor de água e se necessário de
outros contaminantes;
Tratamento da fase aquosa para descarte e/ou reinjecção nos poços produtores.
18
Logística Energética do Petróleo
Tratamento do óleo
19
Logística Energética do Petróleo
A maior parte da água que vem associada ao petróleo é separada com facilidade pelo
processo de decantação nos separadores. Para remover o restante da água, que permanece
emulsionada, é necessário utilizar um processo físico-químico para aumentar a velocidade
de coalescência. A desestabilização de uma emulsão pode ser realizada pela acção de calor,
electricidade, adição de desemulsificantes (com polímeros de óxido de etileno e óxido de
propileno), e através do enfraquecimento e/ou rompimento da película que circunda as
gotículas de água, proporcionando o aumento da velocidade de coalescência, para posterior
sedimentação gravitacional.
Água: 1% BSW (relação entre o volume de água dos sedimentos e o volume de emulsão).
20
Logística Energética do Petróleo
As actividades offshore são suportadas por um sistema logístico e de serviços que requerem
uma larga variedade de embarcações, helicópteros, portos, aeroportos, bases logísticas,
camiões e muitos outros componentes. As actividades offshore podem ser divididas em duas
categorias que são ilustradas na Tabela (4):
Logística e;
Serviços.
21
Logística Energética do Petróleo
diversos serviços de apoio logístico devem ser prestados. De forma geral, os serviços de
Apoio marítimo: consiste nos serviços que envolvem activos de infra-estrutura fixa
Apoio aéreo: com maior foco em transportar pessoas da plataforma para o continente
aeroportuários de suporte.
No país, o projecto da Base Logística de Pemba foi formalmente lançado em Outubro de 2014, tendo sido mobilizado
material para a sua construção, interrompida no meio de dúvidas sobre a sua utilização pelas companhias envolvidas
nos projectos de gás natural. Os consórcios liderados pela italiana Eni e pela norte-americana Anadarko (actual Total) já
manifestaram a intenção de usar infra-estruturas que vão construir no distrito de Palma para as suas operações de
exploração de gás natural, ensombrando a viabilidade da BLP. O projecto da BLP foi concessionado pelo Governo
moçambicano à empresa Portos de Cabo Delgado (PCD), detida pela estatal Caminhos-de-ferro de Moçambique (CFM)
e pela estrangeira ENI.
22
Logística Energética do Petróleo
Para além das actividades de E&P existem também, com o mesmo grau de importância, as
operações de escoamento da produção e armazenamento. O petróleo é transportado para as
refinarias, onde é processado e transformado em produtos de maior utilidade e valor
agregado, como gasolina, nafta, querosene, diesel etc. As operações de transferência e
estocagem iniciam-se após a produção quando se necessita transportar o petróleo, seja por
oleodutos ou por navios. A etapa Midstream caracteriza-se pelas actividades de transporte
de petróleo dos campos de produção até as refinarias. Para o gás natural, esta fase
caracteriza-se pelas actividades de processamento e liquefação para casos de transporte em
navios criogénicos.
23
Logística Energética do Petróleo
Ferroviário
O transporte ferroviário consiste no uso de trens adaptados para o transporte do petróleo e
seus derivados, através de vagões de aço, possibilitando uma maior carga, justamente, por
utilizar uma grande quantidade de vagões de uma só vez 4, mas deve-se levar em conta que
isso afecta a velocidade da composição. Além disso, tem-se um dispêndio excessivo de
tempo para carga e descarga do
material transportado.
Hidroviário
4 Um vagão-tanque pode acomodar cerca de 600 barris de petróleo bruto e, com 100 vagões, é um volume
significativo de petróleo.
5 Uma barcaça de 30.000 barris pode acomodar mais petróleo do que 45 vagões e a uma fracção do custo.
24
Logística Energética do Petróleo
Rodoviário
Dutoviário
Esse modal consiste na utilização de grandes tubulações metálicas que conduzem o óleo do
campo até à refinaria, sendo a forma mais económica, pois evita custos extras com
fretamento de caminhões-tanque e navios petroleiros.
6Olhando para esse valor, é mais do que o que muitas empresas de médio porte em petróleo produziriam
anualmente. Esses números apresentam economias de escala substanciais no transporte de petróleo.
25
Logística Energética do Petróleo
A classificação dos ductos pode ser feita pelo material de construção (aço, materiais não-
metálicos, etc.); pela localização em relação ao meio (enterrados, terrestres, submarinos ou
aéreos); pela rigidez (rígido ou flexível); pela temperatura de operação (normal ou
aquecido) e finalmente; pelo produto que transporta (oleoduto ou gasoduto).
O sistema de transporte pode ser formado por um único ducto ligando o ponto de entrega a
um ponto de consumo, por um ducto com diversos pontos de entrega ao longo do caminho,
ou por uma rede de ductos interconectados, ligando diversas áreas produtoras a diversos
centros consumidores. Para haver uma utilidade no modal dutoviário, onde o custo não seja
alto, é importante ter uma circulação ampla de
combustíveis, isto é quanto maior o mercado e
maior o diâmetro do oleoduto menor serão os
custos no transporte.
7 Os altos custos fixos resultam de sua estrutura física, como faixas de ductos, construção e montagem, estações
de controlo, e da capacidade de bombeamento.
8 Os ductos não precisam de muita mão-de-obra, o custo operacional é muito baixo depois que ele é
construído.
26
Logística Energética do Petróleo
Vantagens Desvantagens
Ferroviário - Adequado para longas - Alta exposição a furtos
distâncias - Pouca flexibilidade
- Baixo custo de frete e seguros - Tempo de trânsito longo
- Transporta médios a grandes - As operações de transbordo são caras e
volumes custosas
Hidroviário - Transporta grandes volumes - Necessidade de infra-estrutura portuária
- Percorre grandes distâncias - Elevado custo de frete
- Possibilita o transporte - Tempos de trânsito longos
intercontinental
Rodoviário - Adequado para pequenas - Menor capacidade de carga
distâncias - Não é competitivo à longas distâncias
- Muito flexível - Susceptível a furtos
- Abastece os consumidores finais
Dutoviário - Baixo custo operacional - Alto custo de investimento
- Processo de transporte é - Pouca flexibilidade
contínuo - Pontos de origem e destino são invariáveis
- Competitivo à longas distancias
- Transporta grandes volumes
27
Logística Energética do Petróleo
28
Logística Energética do Petróleo
a) Custo operacional;
b) Custo de capital;
c) Custo de investimentos;
d) Utilização de investimentos já existentes;
Tabela 7. Padrão de transferência da matéria-prima em função da localização dos campos de produção em relação às
refinarias
Obs.: denomina-se TANKER todo navio que transporta uma carga líquida (petróleo, gás
liquefeito, produtos químicos, etc.). As siglas, a seguir, descrevem os navios tanques (ou oil
tankers ship), segundo sua capacidade de transporte de cargas, medidas em milhares de
toneladas (Tpb: tonelada de porte bruto):
29
Logística Energética do Petróleo
Figura 13. Dinâmica de transporte de petróleo e derivados pelos modais hidroviário e dutoviário
30
Logística Energética do Petróleo
4.2. Refino
O processo de refino consiste em um conjunto integrado de processos, tratamento e reacções
físico-químicas por quais o óleo é transformado em derivados com especificações bem
caracterizadas e adequadas a finalidades específicas.
Processos de separação;
Processos de conversão;
Processos de tratamento;
Processos auxiliares.
As refinarias podem geralmente ser divididas em duas categorias principais:
31
Logística Energética do Petróleo
Quanto aos custos operacionais, os custos fixos incluem salários, manutenção, seguro,
administração e depreciação. Os custos variáveis incluem o petróleo bruto, produtos
químicos e aditivos, catalisadores, utilidades e energia.
Crack spread
Um indicador chave das margens das refinarias (e, finalmente, da lucratividade) é chamado
de “crack spread”. O crack spread é a diferença entre os preços dos derivados e o preço do
petróleo bruto.
Uma versão comum desse indicador é o crack spread de 3-21, que assume que 3 barris de
petróleo bruto podem ser usados para produzir 2 barris de gasolina e 1 barril de destilado
(diesel ou óleo combustível):
32
Logística Energética do Petróleo
Observe que o crack spread não leva em consideração todas as receitas dos derivados e exclui
custos de refino que não sejam o custo do petróleo bruto. Portanto, é apenas um indicador
da lucratividade da refinaria.
Os custos brutos geralmente representam 65 a 70% do total dos custos das refinarias.
33
Logística Energética do Petróleo
141,5
∘ 𝐴𝑃𝐼 = − 131,5
𝐷
Dessa forma, uma amostra de petróleo pode ser classificada segundo o grau API, como
segue:
Petróleos Leves: acima de 30°API
Petróleos Médios: entre 21 e 30°API
Petróleos Pesados: abaixo de 21°API
Os petróleos mais pesados têm uma proporção maior de hidrocarbonetos mais pesados,
composto por correntes de carbono mais longas. Estes são mais baratos e cada vez mais
abundantes, e mais caros para refinar, pois exige uma quantidade significativa de
investimentos e têm custos de processamento mais altos. Classes mais leves requerem
menos complexidade na refinaria, mas a oferta está em declínio.
Petróleos mais leves tendem a ter um teor menor de enxofre, o que os torna "sweet". O óleo
com um teor mais alto de enxofre é chamado de "sour".
O preço não é o único motivo para escolher um determinado tipo de petróleo. Cada tipo de
petróleo produz uma matriz diferente de produtos, cada um com um preço diferente que
também varia de acordo com região.
34
Logística Energética do Petróleo
Portanto, toda refinaria enfrenta uma variedade de opções (e, portanto, risco e incerteza).
No curto prazo, eles devem constantemente conciliar suas escolhas de insumos (tipo de
crude) e derivados. A longo prazo, é preciso decidir em investir na alteração de sua
configuração ou encerramento da mesma.
4.3. Distribuição
Dentro da cadeia de valor do petróleo, a parte mais importante para o consumidor final é a
distribuição de combustíveis, pois os componentes desse segmente ditam a disponibilidade
e os preços desses produtos visando a maximização dos lucros. Os derivados de petróleo
são usados para mover as frotas dos grandes consumidores industriais (transportadoras de
carga e passageiros, industrias variadas e agricultura), para geração de calor e energia
eléctrica.
Esta encomenda é enviada pelas refinarias por via marítima através de navios petroleiros
até aos Portos de Moçambique. O navio descarrega o combustível via tubagem para tanques
de armazenamento nos terminais oceânicos (Matola - Sul, Beira - Centro e Nacala - Norte).
A distribuição é feita por camiões tanque, vagões tanque e oleodutos (aos países do
Hinterland), e após descarga, nos postos de armazenagem secundários (estações de serviço),
o combustível é vendido directamente aos clientes finais.
35
Logística Energética do Petróleo
Descarregamento
Geralmente, os terminais recebem produtos de petróleo refinado por oleoduto, navios
petroleiros ou barcaças. Em áreas mais remotas, podem ser abastecidos por vagões-tanque
ou camiões directamente das refinarias.
36
Logística Energética do Petróleo
É feita a inspecção dos tanques e selagem das válvulas de acesso aos tanques que não irão
receber combustíveis. Após a finalização do descarregamento, faz-se a certificação dos
produtos e o controle da quantidade que foi descarregada, tendo em conta o Stock existente
antes da descarga.
Existem vários métodos de medição e estes devem ter em conta a temperatura, devido a
dilatação dos fluidos, e é necessário efectuar a calibração dos tanques para evitar erros.
Armazenagem
As capacidades de armazenagem dos terminais variam consideravelmente, dependendo do
mercado e da distância do terminal às refinarias. Normalmente, estes podem armazenar até
duas semanas de consumo, uma semana de ciclo normal e uma extra por questões de
segurança.
Tipos de tanques
Quanto ao tecto:
O tipo de tecto fixo mais utilizado em terminais de petróleo é o cónico, para os derivados de
petróleo mais pesados (asfalto, parafina, óleo combustível, diesel etc.)
37
Logística Energética do Petróleo
Os tanques de tecto flutuante são utilizados para armazenagem de produtos com fracções
leves (petróleo, naftas, gasolinas etc.).
Quanto a forma:
Cilíndricos
São todos aqueles cujo formato tem a forma cilíndrica, ou seja, corpo longo e arredondado
de igual diâmetro em todo o comprimento. Tipos: verticais e horizontais.
38
Logística Energética do Petróleo
Esféricos
É o mais recomendado e utilizado para armazenar gases. A sua forma geométrica não
permite, quando esvaziado, que resíduos ou sobra de gás permaneça no interior do tanque.
Não apresenta vértices, o que possibilita uma libertação mais eficaz do gás contido nele.
Bacias de contenção
Os tanques de armazenagem devem estar contidos dentro de uma bacia de contenção que
possa conter eventuais derrames em caso de falhas ou acidentes. Por norma, a bacia deve
ser impermeável e conter o volume equivalente ao seu maior tanque, mais 10% do
somatório dos demais.
39
Logística Energética do Petróleo
Expedição
As bombas presentes na casa das bombas fazem a sucção do produto nos tanques para
expedição. A expedição é realizada na zona de enchimento, que é composta por grua de
inspecção, gruas de enchimento e grua de selagem.
Na grua de inspecção, verifica-se o estado camiões e seus tanques que são posteriormente
direccionados às ilhas de enchimento. Na grua de enchimento os camiões são carregados de
acordo com seu pedido e na grua de selagem onde o produto é marcado, dependendo da
sua finalidade (megaprojectos, agricultura e pesca, comercialização), e devidamente selado.
40
Logística Energética do Petróleo
Objectivos:
41
Logística Energética do Petróleo
25, + 1 + 2,3
çã é = = 42,4
3
2 ,2 + 43 + 25
çã é = = 32,33
3
2 ,5 + 44 + 3 ,4
çã é = =3 ,
3
1 + 2 + 25
çã é = = 52,
3
As empresas Total e BP levam muito mais tempo em relação às outras empresas, podendo
ocasionar custos de sobrestadia.
Acuracidade do Inventário
É um indicador que mede a diferença entre o stock físico e a informação que consta no
controlo do stock. Quanto mais próximo a 100% melhor e abaixo de 99% é preciso ficar
atento
= 0, 3 ∗ 5 000 = 10
42
Logística Energética do Petróleo
= 0, ∗ 2 000 = 1 2
Nível de stock
O nível de stock diz quantos dias a empresa consegue continuar operacional com o stock
actual. Não é recomendável ter um nível alto demais nesse índice.
𝑆𝑡𝑜𝑐𝑘 𝑎𝑐𝑡𝑢𝑎𝑙
𝑁í𝑣𝑒𝑙 𝑑𝑒 𝑠𝑡𝑜𝑐𝑘 =
𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎
𝐶 = 𝐼 − 𝑅 ∗ 𝐹𝑅𝐶 + 𝑅 ∗ 𝐽
Onde:
FRC-Factor de Recuperação de Capital transforma o valor actual (I-R) em quantias iguais para n períodos a
uma determinada taxa de juros; 𝑛
J∗ J+1
𝐹𝑅𝐶 =
J+1 𝑛 1
n-número de anos
I= 1.150.000,00
R=1.150.000,00-1.150.000,00*0,1163=1.016.255,00
n=5 anos
J=0,009901
0,00 01 ∗ 0,00 01 + 1
= = 0,205 0,21
0,00 01 + 1 1
= 3 14 ,3
44
Logística Energética do Petróleo
45
Logística Energética do Petróleo
46
Logística Energética do Petróleo
Gasoduto - Este tipo de transporte é composto por ductos, sistemas de compressão, redução
de pressão, medição, controle, e armazenamento, com a finalidade de disponibilizar o gás
natural às companhias distribuidoras em todos os pontos de entrega localizados ao longo da
directriz. O transporte por ductos utiliza uma pressão de 70 a 100Bars, com uma redução do
volume em 60 a 90vezes em relação ao volume ocupado em condições normais.
47
Logística Energética do Petróleo
GNC – é o Gás Natural comprimido e armazenado a uma pressão de 70 a 250 bar, com uma
redução de volume de 60 a 225 vezes em relação ao volume ocupado nas condições normais,
transportado e distribuído para regiões não-atendidas pelos gasodutos convencionais. O
produto é transportado em carretas especiais, o Gasoduto Móvel, e cestas de cilindros
especialmente desenvolvidas para as demandas de indústrias, postos e plantas de
processamento, num raio de até 300 Km da unidade de compressão.
Existem outras tecnologias para o transporte do gás natural que serão abordadas de forma
resumida, tais como:
48
Logística Energética do Petróleo
Gas to Solids (GTS) — O gás é transformado em hidratos de gás natural (HGN), que são
substâncias sólidas similares ao gelo. Estes hidratos são formados pela combinação física da
água e moléculas do gás.
Gas to Commodity (GTC) — Nesta tecnologia, o gás é convertido para potência térmica ou
eléctrica que é depois usada para o processo de fabricação de alumínio, vidro, tijolos, barras
de ferro e outros.
49
Logística Energética do Petróleo
50
Logística Energética do Petróleo
51
Logística Energética do Petróleo
52
Logística Energética do Petróleo
6.2. Liquefacção
O processo de liquefacção produz um gás com um teor de metano de quase 100%. As
plantas de liquefacção consistem muitas vezes, de várias instalações dispostas em paralelo
chamadas “Trains de Liquefacção”.
A imagem abaixo ilustra uma planta de liquefacção onshore composta por 3 Trains de
liquefacção.
53
Logística Energética do Petróleo
54
Logística Energética do Petróleo
relativamente pequena de liquefacção, de 200 toneladas por dia (TPD), e grande capacidade
da armazenagem e de vaporização, 6000 TPD.
55
Logística Energética do Petróleo
São fabricados como vasos de pressão soldados e sem juntas mecânicas e são projectados de
acordo com os principais códigos de vasos de pressão em todo o mundo.
56
Logística Energética do Petróleo
Figura 31. Custos por TPA nos projectos de exportação de GNL 2013-2021
57
Logística Energética do Petróleo
58
Logística Energética do Petróleo
Uma vez que todos sistemas de contenção de carga provaram ser seguros e confiáveis em
serviço, a escolha do projecto do tanque de carga é baseada principalmente no preço
económico, no cronograma de entrega e na disponibilidade do estaleiro em detrimento de
critérios técnicos ou de desempenho.
59
Logística Energética do Petróleo
modo gás, o motor funciona de acordo com processo no qual a mistura de combustível leve
é alimentada aos cilindros durante o curso de sucção. As eficiências excedem os 47%.
Ao funcionar no modo Diesel, o motor funciona pelo processo no qual o Diesel é alimentado
aos cilindros no final do curso de compressão. O motor é optimizado para funcionar com
combustíveis gasosos e o Diesel e usado para operação de reserva de combustível.
A tecnologia Dual Fuel permite que o motor seja operado a partir do GN, LFO e HFO. A
troca entre combustíveis pode ocorrer sem problemas e sem a perda potência ou velocidade
isto porque o motor é projectado para ter a mesma saída, independentemente do
combustível usado.
60
Logística Energética do Petróleo
No final de 2018 a frota global activa foi de 455 navios, excluindo os navios com capacidade
igual ou inferior a 30.000 m³ de GNL. Os maiores navios transportadores de GNL no mundo
são os da série Q-Class. Os navios Q-Flex são do tipo membrana e possuem capacidades que
variam entre 210.000 a 217.000 m³ de GNL e os Q-Max com capacidades entre 261.700 a
266.000 m³ de GNL, (IGU, 2016). Esses navios são propriedade da Qatar Gas.
Onde:
Total Voyage Cost: Vessel Cost, Fuel Cost, Insurance, Voyage & Port Duties.
LNG Delivered: LNG Loaded – LNG used over the voyage. O GNL que é entregue ao
terminal, tendo em conta que parte do GNL loaded é usado como combustível para o navio.
LNG used over the voyage (MMBTU):
Boil Off Gas (BOG)
Forced Boil Off Gas (FBOG)
Heel on board
61
Logística Energética do Petróleo
A Figura abaixo ilustra os custos de transporte por gasoduto e por GNL por cada MMBTU.
6.4. Regaseificação
Uma vez recebido e descarregado, o GNL é enviado aos tanques de armazenamento
criogénicos, geralmente variando na sua capacidade de 100.000 a 200.000 m³, dependendo
do local onde é mantido a uma temperatura de -162˚ C antes da regaseificação.
A regaseificação consiste em aquecer gradualmente o GNL até uma temperatura superior a
0˚ C. É feita sob altas pressões de 60 a 100Bars, geralmente em uma série de trocadores de
calor de percolação da água do mar. Um método alternativo é queimar uma parte do gás
para fornecer calor.
62
Logística Energética do Petróleo
63
Logística Energética do Petróleo
Os terminais de liquefacção podem ser onshore assim como também podem ser instaladas
em ambientes offshore (FLNG). O mesmo acontece para as terminais de recepção e
regaseificação.
Os sistemas de regaseificação offshore são feitos em Unidades de Regaseificação e
Armazenamento Flutuante (FSRU). As FSRU podem ser descritas como um tipo especial de
navio que é usado para regaseificar e armazenar o GNL.
Apesar das diferenças, todos terminais de recepção e regaseificação de GNL (onshore ou
offshore) devem dispor das seguintes componentes:
64
Logística Energética do Petróleo
65
Logística Energética do Petróleo
66
Logística Energética do Petróleo
Onde:
1 - Cobertura do tanque (betão
armado);
2 - Telhado de aço;
3 - Plataforma suspensa;
4 - Isolamento de lã de vidro;
5 - Isolamento em forma de Poliuretano
rígido (PUF);
6 - Membrana de aço inoxidável 18Cr-
8Ni;
7 - Parede lateral de betão armado;
8 - Parede de corte em betão armado;
9 - Aquecedor lateral;
10 - Laje inferior de betão armado;
11 - Aquecedor de fundo;
12 - Camada de cascalho.
Os telhados dos tanques de armazenamento de GNL no solo são a única parte visível da
superfície, tornando-os tanques um alvo difícil para os terroristas. Além disso, os tanques
não são intrusivos para o ambiente circundante, reduzindo o impacto ecológico que os
grandes tanques geralmente provocam.
6.6. Distribuição
O custo final do GNL no seu destino final dependerá em grande parte da extensão da cadeia
logística.
Os principais parâmetros que influenciam são:
Custo de origem do GNL;
Localização da instalação de liquefacção de GNL versus o destino final;
Tamanho e a rota do transportador de GNL;
Tamanho e a localização do(s) terminal(is) de recepção.
67
Logística Energética do Petróleo
Antes de tudo, o gás precisa ser comprado e enviado para uma planta de liquefacção. O
custo da liquefacção do gás depende do custo de transferir o gás do gasoduto para a planta
de liquefacção. A isto deve ser adicionado o investimento e os custos de operação da planta
de liquefacção, além do armazenamento do GNL antes do transportador de GNL vir
carregá-lo. O custo adicional agregado para tudo isso pode estar na faixa de +2,6 USD /
MMBTU.
Além disso, ao carregar o navio de GNL, haverá algumas taxas portuárias.
No entanto, os principais custos virão do combustível usado durante a viagem, mais a taxa
diária do aluguer do navio. O total de custos relacionados ao transporte dependerá
naturalmente do tamanho do navio e da duração da viagem.
Neste exemplo, assumimos um custo adicional de +1,1 USD / MMBTU para cobrir todos os
factores relacionados ao frete.
Ao chegar ao destino, o GNL é descarregado para o terminal de recepção. Os custos de
investimento e operação para um terminal receptor, mais as taxas portuárias, podem
adicionar mais +0,8 USD / MMBTU ao custo do GNL. Para isso, podemos supor uma adição
aproximada de 0,1 USD / MMBTU para regaseificação e outra de 0,2 USD / MMBTU para a
taxa do gasoduto. Tudo isso resultará em um preço de gás de cerca de 7,8 USD / MMBTU
para o consumidor no final.
68
Logística Energética do Petróleo
Tipo de Capacida
Campo Projecto GNL Bloco Reservas IRR Ano
facilidade de
Coral sul Coral sul Área 4 FLNG 3.4 7.5 Tcf 9% 2022
FLNG MMTPA
Complexo Rovuma LNG Área 4 Sistema 15.2 31.5 Tcf 16% 2024
mamba (fase 1) submarino MMTPA
69
Logística Energética do Petróleo
6.8. INCOTERMS
Os INCOTERMS são regras estabelecidas internacionalmente que servem de base para
negociação no comércio entre países, sendo uniformes, imparciais e representados por
siglas. Estas normas determinam, por exemplo, quem é o responsável pelo frete, qual será o
ponto de entrega, quem fica responsável pelo seguro da carga e etc. As categorias são
apresentadas na Tabela (9):
70
Logística Energética do Petróleo
A seguir são apresentadas na Tabela (10) as principais obrigações por parte do vendedor e
comprador de cada INCOTERM dentro de seu grupo.
Tabela 11. Principais obrigações por parte do vendedor e comprador
71