CASO 1
R.E. é um homem de 48 anos que apresenta dor no olho direito há 3 dias. A dor
é constante e acompanhada de lacrimejamento e fotofobia. Ele acha que talvez algo
tenha caído em seu olho, mas lavagens repetitivas não melhoraram. Apresenta olho
vermelho, mas sem secreção. Sua esposa, filhos e colegas de trabalho estão bem, sem
queixas semelhantes.
Ao exame físico as anormalidades estão limitadas àquelas apresentadas pelo
exame oftalmológico. Sua acuidade visual está diminuída à direita. Suas pálpebras e
cílios estão normais e nenhum corpo estranho foi visto à eversão da pálpebra. A
conjuntiva do olho direito está hiperemiada. Ambas as pupilas estão arredondadas e
fotorreativas com diâmetro de 2 mm à direita e 4 mm à esquerda. À fundoscopia, o
disco óptico, vasos e retina estão normais.
Olho Vermelho
O diagnóstico diferencial do olho vermelho inclui conjuntivite, lesão de córnea,
ceratite, uveíte anterior ou irite, esclerite e glaucoma agudo de ângulo fechado.
Achados que indicam uma condição que requer intervenção oftalmológica emergencial
são: 1) redução da acuidade visual; 2) redução do campo visual; 3) fotofobia; 4) dor
intensa e 5) resposta pupilar anormal. Na ausência destes achados, o paciente
provavelmente tem conjuntivite bacteriana, viral ou alérgica, que são as causas mais
comuns de olho vermelho. Lesões de córnea são a segunda causa mais comum de olho
vermelho. Eversão da pálpebra para localizar um corpo estranho deve ser realizada
rotineiramente na avaliação de um paciente com dor ou inflamação ocular. Lesão de
córnea pode eventualmente ser observada com uma iluminação oblíqua, mas a
instilação de fluorceína, seguida pela inspeção do olho com uma lanterna com filtro
azul de cobalto, pode iluminar as lesões. Usuários de lentes de contato podem
apresentar ulcerações de córnea, as quais podem estar infectadas com Pseudomonas
ou Acanthamoeba. Uma úlcera de córnea constitui uma emergência oftalmológica.
Irite pode resultar em dor ocular, e a constrição pupilar aumenta o desconforto. Ela
pode ser detectada solicitando-se ao paciente que feche o olho afetado e testando o
reflexo pupilar no olho não afetado. A constrição pupilar consensual na conjuntivite
não é dolorosa, mas no caso de irite o paciente relatará dor no olho afetado.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO
CONJUNTIVITE ALÉRGICA: bilateral, prurido ocular, secreção aquosa, freqüentemente
sazonal, mas pode ser por contato com lentes ou cosméticos.
CONJUNTIVITE INFECCIOSA: secreção purulenta, pálpebras aderidas pela manhã,
sensação de corpo estranho, discreta dor ocular, contato com outras pessoas com
conjuntivite ou olho vermelho, visão normal, resposta pupilar normal, unilateral ou
bilateral, ceratoconjuntivite viral epidêmica, pode estar associada à febre, faringite e
adenopatia pré-auricular.
CONJUNTIVITE HERPÉTICA (SIMPLEX OU ZOSTER): vesículas herpéticas no ramo
oftálmico do trigêmeo e no nariz, lesão arboriforme visível após uso de fluorceína.
TRAUMA CORNEANO: história de trauma ou exposição à luz ultra-violeta
(bronzeamento artificial, luz solar, trabalhador com solda) resultando em múltiplas
lesões pontuais (noite estrelada), dor intensa, comprometimento visual se a área
central da córnea estiver afetada, corpo estranho sub-palpebral causando múltiplas
lesões verticais na córnea.
UVEÍTE ANTERIOR OU IRITE (plexo coróide, corpo ciliar e íris): fotofobia, dor, eritema
ao redor da íris, piora da acuidade visual, discreta redução no diâmetro pupilar, co-
morbidade infecciosa (TBC, toxo, sífilis), doença reumática, (sarcoidose, espondilite
anquilosante, síndrome de Reiter, doença inflamatória intestinal)
GLAUCOMA AGUDO DE ÂNGULO FECHADO: início repentino de dor ocular ou peri-
orbitária, náuseas, comprometimento da acuidade visual (devido ao edema corneano),
pupila não-reativa e de tamanho mediano, câmara anterior rasa, aumento da pressão
intra-ocular.