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Introdução

A presente proposta de mediação cultural emerge da necessidade de se refletir sobre


o papel dos museus e projetos patrimoniais em relação à sua ligação para com as
comunidades e os territórios onde estas se inserem. Resultado das transformações
económicas, culturais e sociais, o património (imaterial) defronta imensos desafios à sua
continuidade, tornando-se fulcral a elaboração de estratégias que incentivem o seu
reconhecimento e transmissão intergeracional, de uma maneira participativa e
experiencial. Assim, nasce a proposta da Rota Criativa “PARTO em Movimento”,
enquanto extensão ativa do Projeto PARTO, que se tem focado sobre as artes e ofícios
tradicionais presentes no concelho de Penafiel, sobretudo na tecelagem, a cestaria, a
latoaria e tanoaria.

A conceção desta rota justifica-se pelo desejo de ultrapassar os limites físicos do


espaço museológico, neste caso, do Museu Municipal de Penafiel, e de aproximar o
público dos processos vivos que ainda hoje sustentam a prática tradicional em diversas
comunidades. A proposta tem como objetivo potenciar uma abordagem que não se
limite à contemplação de objetos ou à leitura de painéis interpretativos, mas que
promova o envolvimento direto dos participantes numa das fases dos ciclos produtivos
de cada ofício. Através de uma vivência sensorial e prática, pretende-se transformar os
visitantes em co-participantes ativos na salvaguarda deste património, fortalecendo a
ligação entre o território e a identidade. Também é necessário mencionar que a
produção desta rota surge igualmente como uma resposta à investigação realizada a
partir das atividades anteriormente desenvolvidas no âmbito do Projeto PARTO, pois
ainda que o projeto tenha conseguido dar visibilidade e dinamizar as práticas da
tecelagem e a cestaria, constatou-se que, no caso da latoaria e da tanoaria, não foram
implementadas ações concretas de envolvimento com os públicos. Assim sendo, a Rota
Criativa “PARTO em Movimento” compromete-se a preencher essas lacunas, criando a
possibilidade de que todas as áreas incluídas pelo projeto sejam tratadas de forma
equilibrada e integradora. Ao viabilizar o contacto direto com artesãos destas quatro
práticas em risco de desaparecimento, tenciona-se não só assegurar a sua valorização,
mas também fomentar a continuidade do saber-fazer ao lado das novas gerações. O
envolvimento dos artesãos locais como protagonistas do processo não só contribui para
o reconhecimento do seu papel social e cultural, como também estimula a economia

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local e promove o sentimento de pertença comunitária. Neste sentido, a Rota Criativa
“PARTO em Movimento” simboliza não somente uma possibilidade concreta de
expansão do Projeto PARTO, mas também uma resposta fundamentada aos desafios
atuais da valorização do património imaterial.

“Turismo cultural e desenvolvimento local: uma relação criativa?”

 Com a globalização e a crescente padronização de determinados serviços,


produtos ou bens que adquira aceitação no mercado tem tendência a ser
rapidamente replicado. Perante esta multiplicidade de opções disponíveis, torna-
se crucial inovar continuamente estas ofertas. Nesta circunstância, a distinção
assente na experiência do consumidor ocupa um papel de grande relevância,
demandando abordagens criativas e inovadoras quer no seu planeamento, quer
na sua gestão. (Página 6)
 Deste modo, a concorrência ultrapassa os critérios exclusivamente económicos,
expandindo-se também à atratividade e singularidade dos territórios,
começando-se a valorizar as características simbólicas, ou seja, o seu potencial
de aprendizagem e a partilha de conhecimento. (Página 6)

“O Turismo Cultural no Desenvolvimento de Espaços Rurais: o caso das Terras do


Demo”
 Nos últimos tempos, tem-se verificado uma valorização crescente do património,
principalmente nos contextos rurais. Estas regiões, constantemente marcadas por
processos de perda de identidade em consequência da estagnação económica e
da derivada redução populacional, precisam de abordagens integradas de
revitalização. Este reconhecimento e valorização do seu património pode
impulsionar um desenvolvimento local equilibrado e duradouro e, para isso, é
fundamental compreender profundamente quais são os seus recursos internos
dos destes territórios, de forma a identificar os seus elementos culturais e
naturais da paisagem que poderão ser interpretados e promovidos, indo assim
para além de uma perspetiva unicamente turística. (Página 4200)
 Atualmente, estas áreas caracterizam-se por níveis proeminentes de
desindustrialização, abandono físico e demográfico, bem como por uma
expressiva perda de dinamismo competitivo relativamente às zonas urbanas

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adjacentes. Esta realidade traduz a realização urgente da implementação de
políticas de revitalização que contrariem esta tendência de declínio. Perante as
transformações verificadas, torna-se imprescindível valorizar e redefinir as
especificidades locais, expressas nos seus elementos patrimoniais, que integram,
em última instância, a identidade cultural das comunidades e, por conseguinte,
dos territórios habitados por estas. (Página 4201)

 Os bens (materiais ou imateriais) são resultado da relação entre as comunidades


e o espaço que habitam, bem como da própria dimensão ecológica da paisagem.
Nos dias de hoje, o património é cada vez mais visto como um motor de
desenvolvimento e esta perspetiva justificada por novas perspetivas no que
concerne o património, como é o caso da Nova Museologia, que se baseia numa
visão ecológica do património, especialmente ligada aos estilos de vida rurais.
(Página 4201)
 Ao estimular o turismo, impulsionar novas atividades económicas e conceber
novos emprego, a valorização estratégica do património tem-se revelado um
componente fundamental para o crescimento económico de diversas regiões.
Embora as ações territoriais do século XX tenham dado prevalência ao aumento
de população e à industrialização, atualmente decorre uma alteração de
paradigma, onde ordenamento do território passa a incluir a natureza e a cultura
como algo inseparável da noção de património. (Sabaté, 2004, apud. Lopes,
Ana, 2020) (Página 4213)
 Na ótica da valorização territorial, é importante que os bens patrimoniais sejam
convertidos em recursos com potencial turístico, principalmente no âmbito do
turismo cultural. Esta ligação e interação entre património e turismo é flexível e
promotora de diversas possibilidades e, neste contexto, o turismo cultural
ultrapassa a lógica restrita do turismo no meio rural, ao procurar destacar as
expressões culturais e identitárias das regiões, mais do que meramente
presentear a contemplação do espaço físico. (Página 4214)
 Peixoto (2002) diz-nos que o reconhecimento do património nos contextos rurais
pode integrar a (re)descoberta de elementos já existentes, mas que, tendo sido
distanciados das rotinas do quotidiano, são agora ressignificados para novos
propósitos. Trata-se basicamente de uma reinterpretação simbólica que tem
como objetivo recuperar as práticas e componentes do passado, outrora

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relevantes para a vitalidade dos territórios. Ou seja, mais do que fomentar o
turismo rural em si, o foco deverá estar na salvaguarda e na promoção da
identidade cultural local, representada nos modos de viver e nas suas expressões
tangíveis. (Página 4215)
 Assim sendo, sob pena de, num futuro próximo, é fundamental reverter esta
tendência, pois podem-se verificar fenómenos irreversíveis de perda
populacional, com repercussões na degradação do território e na extinção dos
vestígios culturais e sociais construídos pelo Homem. É por isso que se torna
indispensável valorizar e divulgar os recursos locais e externos, olhando esta
valorização como um meio estratégico para combater esta situação. (Página
4215)
 O desenvolvimento de roteiros temáticos para desenvolver uma região devem
ser compreendidos como um percurso definido por locais e etapas interligadas
por um tema central. Esta temática precisa espelhar uma identidade regional
própria, promovendo um sentimento de pertença e reconhecimento
fundamentado na memória coletiva. Este grupo estruturado de locais e etapas
deverá possuir um significado simbólico e representativo quer para a população
local, quanto para os visitantes. (Página 4220)
 A conceção de estratégias sustentáveis para a valorização e proteção do
património, das atividades agropecuárias e dos modos de vida rurais requere
uma perspetiva multidisciplinar e integrada do território. Contudo, é crucial que
estas ações estejam assentes antemão num plano coerente de interpretação
coerente, para não haver desvirtuação da identidade e singularidade destes
lugares. (Página 4221)
 Mais do que uma mera valorização, está em causa o reconhecimento e
preservação de modos de vida tradicionais, em crescente em risco de
desaparecimento e esta realidade é consequência da idade elevada da população
que se dedica a estas práticas e já os mais jovens demonstram a tendência de
deixar o território. Esta dinâmica contribui para um crescente abandono, que
modifica profundamente a paisagem e reduz os vestígios do que outrora existiu.
A singularidade destes locais está no seu carácter agrícola e na oposição à
transformação. Qualquer iniciativa de salvaguarda patrimonial realizada deverá
ser pensada à escala local e obter a participação ativa da comunidade, já que um
desenvolvimento genuíno deverá ter uma participação descentralizada e

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coordenada, que vá além da simples preservação simbólica do património.
(Página 4221)

“Turismo Cultural e Atividade(s) Museológica(s)”


 Os museus têm vindo a exercer um papel relevante na proteção do
património, pelo meio da produção e iniciativas que fomentam as interações
culturais, sociais e ambientais. Estes tipos de ações favorecem a valorização
cultural e museológica dos territórios, sendo fundamental que o setor
turístico reconheça o potencial dos espaços museológicos, possibilitando a
sua integração numa oferta turística qualificada, distinta e atrativa sob o
panorama cultural. (Página 107)
No que toca às instituições museológicas, a reinterpretação dos bens
patrimoniais, particularmente no que diz respeito às suas funções tradicionais
e simbólicas, tem se refletido um desafio significativo para a mediação
cultural e turística, pois os visitantes atualmente têm procurado vivenciar e
obter novas experiências através do património. Desta forma, estes aspetos
têm contribuído de uma forma positiva para a transição dos museus como
espaços estáticos para lugares dinâmicos, obtendo um papel ativo na
promoção turística e cultural. (Página 108)
 Favorecendo a proteção sustentável dos seus bens patrimoniais, a articulação
entre o património e o turismo tem se demonstrado muito importante para o
reconhecimento e divulgação da identidade cultural de uma determinada
região, podendo ainda favorecer a proteção sustentável dos seus bens
patrimoniais. Observa-se assim, neste contexto, um crescente interesse dos
turistas pelas expressões culturais associadas aos recursos locais e às
comunidades residentes, o que reforça a sustentabilidade através
experiências no local visitado. (Página 109)

“Turismo criativo e sustentabilidade territorial”

 A área turística, para além de simbolizar uma força económica considerável,


tem de igual forma a aptidão de transformar um território num espaço de união
entre o meio natural e as pessoas. Por esta razão, é importante pensar sobre o

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seu papel enquanto produtor de vivências humanas que reconhecem os recursos
locais e fomentem atividades sustentáveis, pois o perfil do turista
contemporâneo evoluiu, deixando de ser somente um observador passivo, para
apresentar uma postura mais ativa, consciente e informada, principalmente no
que diz respeito às implicações de foro ambiental das suas escolhas. Esta
perspetiva centra-se na conceção de experiências significativas e
emocionalmente envolventes, alinhadas com as expetativas dos visitantes, mas
também com os interesses das comunidades das localidades em questão. Assim
sendo, reconhecemos que uma nova visão em relação turismo cultural poderá
contribuir para um motor de transformação positiva nos destinos, realçando a
qualidade de vida dos residentes e, ao mesmo tempo, incentivando a
salvaguarda do património imaterial. (Página 2)
 A criatividade é cada vez mais valorizada na promoção e divulgação dos
territórios, auxiliando para a sua diferenciação e para a ampliação da
atratividade e seguindo esta perspetiva, a UNESCO reconheceu em 2006 o
turismo criativo como “uma nova geração de turismo”, descrevendo-o como
uma maneira de viajar centrada em experiências genuínas e interativas, que
envolvem uma aprendizagem ativa nas artes, no património ou nas
singularidades culturais de uma determinada região, incentivando uma direta
ligação com os habitantes. (Página 4 e 6)

 A combinação entre as necessidades, os recursos e os cenários territoriais quer


naturais quer socioculturais, com as diligências globais, requere uma
valorização consciente das origens e das características que espelham a
identidade destas comunidades locais e dos seus territórios. Logo, a valorização
destas identidades e da competitividade das regiões tem adquirido um maior
destaque na esfera do desenvolvimento local, segundo a I Conferência Europeia
sobre Desenvolvimento Local e Coesão Social em 2005. (Página 10)
 Nos dias de hoje, as comunidades locais revelam uma maior apreciação pelos
seus recursos naturais, demonstrando consciência sobre o seu papel no futuro
coletivo, pois esperam que o turismo não apenas uma chance de emprego, mas
sim um comprometimento ativo nas escolhas sobre o sistema turístico a seguir e
qual o perfil dos visitantes com quem tencionam compartilhar o seu território.
Para que esse desenvolvimento local seja realizado de uma forma genuína,

6
deverá ser fundamentado nos próprios tempos e manifestações culturais da
própria comunidade, reconhecendo as suas especificidades. É, por esta razão,
que é crucial que esta evolução nasça desde as necessidades reais e sentidas
localmente, promovendo decisões que criem regalias a vários níveis, para
encorajar a participação efetiva dos habitantes no seu mesmo movimento de
progresso. (Página 11 e 13)

“Património e museus em contexto rural: dos lugares de memória aos territórios


do lazer e do turismo”
 A ampliação do conceito de património e a revitalização\requalificação nos
espaços rurais, são um pilar para várias ações significativas centradas para a
proteção e valorização do património em âmbito rural. Com as iniciativas
museológicas a desempenharem um papel extremamente significativo neste
processo, estas ações estão cada vez mais ligadas às dinâmicas do turismo e do
lazer, Aqui, o património adquire um foco indispensável nas táticas de
desenvolvimento territorial e das comunidades, sendo impulsionado em vários
domínios, como a requalificação de lugares, o aumento da qualidade de vida das
populações, a (re)construção de memórias e de identidades locais e a inclusão
destas áreas, por exemplo, nas rotas do turismo cultural. (Página 294)
 A valorização do património no âmbito do desenvolvimento económico, social e
cultural dos territórios e das comunidades reconhece diversas formas de
intervenção, caracterizadas por uma grande complexidade. Entre estas salienta-
se o turismo de lazer, com um particular foco no turismo cultural e de natureza
(incluindo locais, percursos e rotas temáticas), os museus e parques
interpretativos, os eventos culturais, os mecanismos de proteção e classificação
patrimonial, bem como os projetos de requalificação ambiental e urbana.
(Carvalho, 2010, apud. Carvalho, 2012)
 A multiplicação de instituições e espaços museológicos em contextos rurais
encontra-se estreitamente conectada ao alargamento do conceito de museu e à
expansão e diversificação das práticas museológicas, refletindo também a
crescente valorização pelo lazer cultural. Este direcionamento é especialmente
importante para as regiões com fortes recursos endógenos ligados ao património,
onde estas assumem uma função estratégica no que diz respeito à dinamização
territorial. Consideradas ferramentas de desenvolvimento, os museus, tal como

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os percursos, itinerários e rotas patrimoniais, contribuem profundamente para a
produção de estratégias sustentáveis, ao incentivarem a valorização dos recursos
locais e a integração das comunidades. As abordagens atuais na Museologia
implicam igualmente uma redefinição do conceito de património, colocando a
paisagem como elemento cultural central.
 Assumindo uma perspetiva interdisciplinar da situação sociocultural dos
territórios, as interpretações atuais na Museologia requerem igualmente uma
redefinição do conceito de património, posicionando a paisagem como
componente cultural de relevo. (Carvalho, 2003, apud. Carvalho 2012)
(Página 298 e 300)
“Papel das Rotas Culturais Imateriais para a Sustentabilidade Turística – Uma
Proposta de Rota Imaterial para o Funchal”
 A partir das ideias do turismo sustentável, as rotas culturais têm vindo a ser
integradas de forma crescente, pois são mecanismos eficazes nos contextos
turísticos, proporcionando a proteção e comunicação do património (Halder &
Sarda, 202, apud. Sousa, Arturo). Para além desta razão, representam
instrumentos que fomentam a prática da cidadania e a participação cívica, uma
vez que estas rotas, percursos ou circuitos distinguem-se pelo seu valor,
originalidade (inovação) e a habilidade de produzir visibilidade. (Carvalho,
2003, Maia & Baptista, 2011; Smith, 2016, apud. Sousa, Arturo). (Página
100)
 Desde sempre que estas rotas, caminhos e itinerários tiveram papel significativo
no desenvolvimento das sociedades, uma vez que utilizadas para o comércio,
peregrinação ou deslocações urbanas, sempre desempenharam funções
diversificadas, ligadas a dimensões políticas, geográficas, económicas e culturais
(Severo, 2017, apud. Sousa, Arturo.). O Comité Internacional de Itinerários
Culturais, órgão científico do ICOMOS, dedica-se à identificação, investigação e
salvaguarda de diferentes rotas culturais e a sua atuação tem por base a Carta
Internacional dos Itinerários Culturais de 2008, na qual sublinha os diversos
valores inerentes a estas rotas. (Bogacz-Wojtanowska et al., 2019; Campolo,
Bombino & Meduri, 2016; Genovese, 2016; Oikonomopoulou, Delegou,
Sayas & Moropoulou 2017; Severo, 2007, apud. Sousa, Arturo.) (Página
103)

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“O contributo dos eventos culturais e criativos para a criação de uma imagem
diferenciadora do destino turístico maduro. O caso do festival MED de Loulé,
Algarve”

 Esta interligação entre a criatividade e as várias áreas do conhecimento tem


sido amplamente investigada, pois a sua associação com a cultura deu
origem a uma nova abordagem no setor do turismo, afetando quer a oferta
quanto a procura, revelando assim um novo tipo de visitante. Quando
combinadas com a realização de práticas criativas, originam formas
inovadoras de estruturar a oferta turística em função dos interesses dos
públicos, alterando a perceção dos destinos. Embora o turismo cultural tenha
tradicionalmente privilegiado o património tangível, observa-se atualmente
uma valorização crescente dos elementos imateriais, como as tradições,
gastronomia, entre outros, com destaque para os seus contextos.
(Carvalho, R., Ferreira, A. M., & Mota Figueira, L., 2011)

“As Rotas enquanto elementos de valorização do Património Cultural Imaterial:


Proposta de criação da rota do saber-fazer, das memórias e vivências de
mouriscas”

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Conclusão

A idealização da Rota Criativa “PARTO em Movimento” caracteriza-se como uma


iniciativa inovadora e pertinente em Penafiel face aos desafios contemporâneos da
mediação cultural, ao unir o património imaterial com os territórios envolventes e os
seus protagonistas: as comunidades. Esta proposta tem como objetivo convidar os
diferentes públicos a envolverem-se ativamente na construção dos discursos
patrimoniais e no reconhecimento das manifestações culturais, pelo meio da valorização
das artes e ofícios tradicionais e da sua participação ativa.

Esta ação tem como intenção pôr em prática o que a autora Eilean Hooper-Greenhill
(2000) afirmou ser uma “pedagogia da experiência”, onde o conhecimento é erguido
com base na interação sensorial e do envolvimento emocional com o objeto patrimonial,
ao dar a oportunidade aos visitantes a experienciarem de uma das etapas dos ciclos
produtivos das atividades tradicionais como a tecelagem, tanoaria, cestaria e latoaria.
Por conseguinte, os visitantes deixam de ser meros recetores de informação e
transformam-se em coautores neste movimento de transmissão cultural, adquirindo um
papel de extrema relevância na perpetuação do saber-fazer. Relançando a importância
da participação das comunidades detentoras dos saberes na salvaguarda das suas
tradições, esta abordagem reflete as indicações da Convenção para a Salvaguarda do
Património Cultural Imaterial da UNESCO de 2003.Ao fortalecer o contacto entre os
visitantes, os artesãos e os seus territórios, a Rota Criativa “PARTO em Movimento”
fomenta uma valorização renovada do património imaterial, enquanto fomenta maneiras
de desenvolvimento local sustentável.

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Este projeto adquire, assim, uma visão inclusiva do património, uma vez que este
não é um bem estático a ser protegido, mas uma prática social viva, em contínua
reinvenção, tal como afirma Laurajane Smith (2006) com a definição de uses of
heritage, considerando o património como um espaço de diálogo aberto e mediação. Ao
ativar percursos criativos enraizados nas práticas tradicionais, esta iniciativa contribui
para uma museologia participativa e comprometida para com a dinâmica da diversidade
cultural existente no concelho de Penafiel.

Referências Bibliográficas:

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Carvalho, R., Ferreira, A. M., & Mota Figueira, L. (2011). Contributo dos eventos
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https://www.apdr.pt/congresso/2009/pdf/Premio%20Bartolomeu/147A.pdf

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Smith, Laurajane (2006). “Uses of heritage.” Routledge: New Edition.
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