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Boletim Epidemiolgico Fortaleza Final

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Boletim de Saúde de Fortaleza: Hanseníase (2001-2024)

Technical Report · July 2025

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11 authors, including:

Alberto Novaes Ramos Jr Nagila Nathaly Ferreira


Federal University of Ceará Federal University of Ceará
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Rômulo do Nascimento Rocha Geziel dos Santos de Sousa


Federal University of Ceará State University of Ceará
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Boletim de
Saúde de Fortaleza

HANSENÍASE 2001-2024

Volume 20 - N ° 2. junho 2025


ISSN 1678-8400
Fortaleza - Ceará
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

Prefeito de Fortaleza
Evandro Sá Barreto Leitao
Secretária Municipal da Saúde
Riane Maria Barbosa De Azevedo
Coordenador de Vigilância em Saúde - COVIS
Josete Malheiro Tavares
Coordenador de Redes de Atenção Primária e Psicossocial - CORAPP
Erlemus Ponte Soares
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Coordenação Geral das Regionais de Saúde
– COGERS
Minuchy Mendes Carneiro Alves

Coordenação técnica:

Alberto Novaes Ramos Júnior


Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Departamento de Saúde Comunitária
& Programa de Pós-graduação em Saúde Pública
Nágila Nathaly Lima Ferreira
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-graduação em Saúde
Pública
Rômulo do Nascimento Rocha
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-graduação em Saúde
Pública
Ariadna Ribeiro Abreu Almeida Lima
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Coordenação da Hanseníase na Atenção Primária
à Saúde no município de Fortaleza
Lyvia Patrícia Soares Mesquita
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Coordenadoria de Vigilância em Saúde, Célula de
Vigilância Epidemiológica, responsável técnica da Hanseníase de Fortaleza
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Francisca Juelita Gomes
Secretaria Estadual de Saúde do Ceará. Célula de Vigilância e Prevenção de Doenças
Transmissíveis e Não Transmissíveis
Geziel dos Santos de Sousa
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Coordenadoria de Vigilância em Saúde, Célula de
Vigilância Epidemiológica, Análise de Dados e Geoprocessamento
Jaqueline Caracas Barbosa
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina & Programa de Pós-graduação em
Saúde Pública
Paula Sacha Frota Nogueira
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Enfermagem, Departamento de Enfermagem &
Programa de Pós-graduação Profissional em Saúde da Família
Rui de Gouveia Soares Neto
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Coordenadoria de Vigilância em Saúde, Gerente
da Célula de Vigilância Epidemiológica
Sebastião Alves de Sena Neto
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de
Transmissíveis, Coordenação-Geral de Vigilância da Hanseníase e Doenças em Eliminação
Carmem Emmanuely Leitão Araújo
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Departamento de Saúde Comunitária
& Programa de Pós-graduação em Saúde Pública
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

Equipe técnica:

Antônio Lucas Delerino


Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-graduação em Saúde
Pública
Aymée Medeiros da Rocha
Fundação NHR Brasil
Askanio Batista Teixeira
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Enfermagem, Programa de Pós-graduação em
Enfermagem
Ellen Dayane Dantas Rodrigues
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina
Fernanda Aguiar Kucharski
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Coordenaria Executiva da Regional de Saúde V
Janaína Rocha de Sousa Almeida
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Assessoria da Coordenadoria de Redes de
Atenção Primária e Psicossocial - CORAPP
Jose Bruno Rodrigues Frota
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza. Coordenadoria de Vigilância em Saúde, Célula de
Vigilância Epidemiológica, Análise de Dados e Geoprocessamento
José Ernando de Farias Filho
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina
Juliana Maria Cavalcante Ribeiro Ramos
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Universidade Federal do Ceará, Faculdade de
Medicina, Programa de Pós-graduação em Saúde Pública
Kilma Wanderley Lopes Gomes
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Coordenadoria de Redes de Atenção Primária e
Psicossocial - CORAPP, Gerente da Célula de Atenção Especializada à Saúde
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Levi Pinheiro de Moura
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina
Lucas Soares Radtke
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina
Mirele Coelho Araújo
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Departamento de Saúde Comunitária,
Programa de Pós-graduação em Saúde Pública
Reginaldo Alves das Chagas
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Gerente da Célula de Atenção Primária e
Psicossocial – CEAPS
Vittória Rodrigues Felix
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-graduação em
Saúde Pública

Colaboração

Aliene Alves Gonçalves Araújo


Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica Vigilância epidemiológica
da Coordenaria Executiva da Regional de Saúde I no município de Fortaleza
Antônia Gabriela Monteiro Correa
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica da Hanseníase da
Coordenaria Executiva da Regional de Saúde I no município de Fortaleza
Carlos Henrique Meneses Barroso
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnico da Hanseníase da
Coordenaria Executiva da Regional de Saúde II do município de Fortaleza
Daisyanne Augusto de Sales Santos
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica Vigilância epidemiológica
da Coordenaria Executiva da Regional de Saúde V no município de Fortaleza
Francisca Mônica Sousa Café
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica Vigilância epidemiológica
da Coordenaria Executiva da Regional de Saúde III no município de Fortaleza
Georgia Maria Viana Brasileiro Dorta
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica da Hanseníase da
Coordenaria Executiva da Regional de Saúde V no município de Fortaleza
Maria Carlene Rodrigues
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnico da Hanseníase da
Coordenaria Executiva da Regional de Saúde II do município de Fortaleza
Maria Rosilane Magalhães Chaves
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica Vigilância epidemiológica
da Coordenaria Executiva da Regional de Saúde II no município de Fortaleza
Michelle Pontes Carneiro
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica Vigilância epidemiológica
da Coordenaria Executiva da Regional de Saúde VI no município de Fortaleza
Patricia Rejane Carneiro Suassuna
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica Vigilância epidemiológica
da Coordenaria Executiva da Regional de Saúde IV no município de Fortaleza
Savana Ferreira da Silva
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica da Hanseníase da
Coordenaria Executiva da Regional de Saúde IV no município de Fortaleza
Silvia Cristina Guimarães Cardoso
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica da Hanseníase da
Coordenaria Executiva da Regional de Saúde IV no município de Fortaleza
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

Formatação e diagramação

Vittória Rodrigues Felix

Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-graduação em


Saúde Pública

BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA / HANSENÍASE - 2001-


2024, ORGS. RAMOS JR., A. N, MESQUITA, L.P.S,
LIMA, A. R. A. A – FORTALEZA / CE: PREFEITURA
MUNICIPAL DE FORTALEZA / SECRETARIA MUNICIPAL DA
SAÚDE / COORDENADORIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE /
COORDENADORIA DE REDES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA E
PSICOSSOCIAL, 2025.
V.20, N.2 (JUN/2025), 86p.

ISSN: 1678-8400
1. BOLETIM DE SAÚDE 2. HANSENÍASE 3. ENFRENTAMENTO
4. EPIDEMIOLOGIA.
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição dos bairros de Fortaleza em Secretarias Executivas Regionais. Fortaleza, 2025
............................................................................................................................................................. 12
Figura 2 - Hanseníase indetermina. Mácula hipocrômica na face lateral da coxa direita. Arquivo
pessoal, Dra Juliana Ramos, Dermatologista e MFC ........................................................................... 17
Figura 3 - Hanseníase tuberculoide. Placa com bordas papulosas localizada no dorso. Arquivo
pessoal, Dra Juliana Ramos, Dermatologista e MFC ........................................................................... 18
Figura 4 - Hanseniase Boderline. Padrão em “queijo suíço ou favos de mel”. Arquivo pessoal, Dra
Juliana Ramos, Dermatologista e MFC ................................................................................................ 18
Figura 5 - Hanseníase Virchowiana. Múltiplas lesões do tipo placas e nódulos. Arquivo pessoal, Dra
Juliana Ramos, Dermatologista e MFC. ............................................................................................... 18
Figura 6 - Taxa de detecção anual de casos novos de hanseníase na população geral e menor de 15
anos por 100.000 hab. Fortaleza, 2001 a 2024. .................................................................................... 26
Figura 7 - Distribuição espacial acumulada dos casos novos de hanseníase na população geral.
Fortaleza, 2001 a 2024. ........................................................................................................................ 27
Figura 8 - Distribuição espacial dos casos novos de hanseníase na população geral por ano. Fortaleza,
2001 a 2024. ......................................................................................................................................... 29
Figura 9 – Distribuição espacial dos casos novos de hanseníase em pessoas abaixo de 15 anos de
idade por ano. Fortaleza, 2001 a 2024. ................................................................................................. 30
Figura 10 - Frequência acumulada de casos novos, segundo sexo e faixa etária. Fortaleza, 2001 a
2024. .................................................................................................................................................... 31
Figura 11 – Proporção acumulada de casos novos de hanseníase por escolaridade e ano de
diagnóstico. Fortaleza, 2001 a 2024. .................................................................................................... 32
Figura 12 - Proporção de casos novos de hanseníase por escolaridade e ano de diagnóstico. Fortaleza,
2001 a 2024. ......................................................................................................................................... 33
Figura 13 - Frequência acumulada de casos novos segundo raça/cor. Fortaleza, 2001 a 2024 ............ 34
Figura 14 - Proporção de casos novos de hanseníase segundo raça/cor por ano. Fortaleza 2001 a 2024
............................................................................................................................................................. 35
Figura 15 - Proporção de casos novos, segundo Unidade Notificadora. Fortaleza 2001 a 2024 .......... 36
Figura 16 - Proporção de casos de hanseníase segundo classificação operacional entre os casos novos
diagnosticados no ano. Fortaleza, 2001 a 2024. ................................................................................... 37
Figura 17 -Proporção de casos de hanseníase segundo forma clínica informada entre os casos novos
diagnosticados no ano. Fortaleza, 2001 a 2024 .................................................................................... 38
Figura 18 - Proporção de casos novos de hanseníase com grau de incapacidade física avaliado no
momento do diagnóstico. Fortaleza, 2001 a 2024. ............................................................................... 40
Figura 19 - Proporção de casos de recidiva entre os casos notificados por ano. Fortaleza, 2001 a 2024
............................................................................................................................................................. 42
Figura 20 - Proporção de cura de hanseníase entre o caso novo de diagnóstico nos anos das coortes.
Fortaleza, 2001 a 2024 ......................................................................................................................... 43
Figura 21 - Proporção de contatos examinados entre os registrados de casos novos de hanseníase
diagnosticados nos anos das coortes. Fortaleza, 2001 a 2024. .............................................................. 44
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Descrição dos indicadores epidemiológicos e operacionais. ............................................. 23


Quadro 2 - Termos a serem evitados e termos recomendados para o enfrentamento ao estigma no
contexto da hanseníase. Fortaleza, 2025............................................................................................... 62
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................... 8
CONHECENDO O MUNICÍPIO DE FORTALEZA ............................................................................ 11
HANSENÍASE: REVISANDO CONCEITOS BÁSICOS...................................................................... 15
Exames complementares em hanseníase.................................................................................................. 19
CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO NO BRASIL...................................................................................... 21
MÉTODOS ................................................................................................................................................. 22
Desenho do estudo ..................................................................................................................... 22
Indicadores epidemiológicos-operacionais ................................................................................. 23
Extração, exploração e análise dos dados ................................................................................... 25
CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO EM FORTALEZA ........................................................................... 26
Perfil clínico ............................................................................................................................... 37
Avaliação de Incapacidades Físicas pela Hanseníase ................................................................. 39
Recidiva ..................................................................................................................................... 41
Coortes na hanseníase ................................................................................................................ 42
Cura ........................................................................................................................................... 42
Vigilância de contatos ................................................................................................................ 44
INTERVENÇÕES ESTRATÉGICAS DE ENFRENTAMENTO À HANSENÍASE.......................... 46
INTERVENÇÕES DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE -
CONEXÃO ENTRE UNIVERSIDADE E SERVIÇOS DE SAÚDE .................................................... 48
AUTOCUIDADO EM HANSENÍASE: UMA INTERVENÇÃO COLETIVA ESTRATÉGICA NO
ENFRENTAMENTO A HANSENÍASE ................................................................................................. 53
ESTIGMA NO CONTEXTO DA HANSENÍASE .................................................................................. 60
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 66
APÊNCIDE A – LISTA DE UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE DE
FORTALEZA COM ENDEREÇO E CONTATO TELEFÔNICO, ABRIL DE 2025 ............... 69
APÊNCIDE B – UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE QUE POSSUEM
BACILOSCOPIA E ATENDIMENTO AMBULATORIAL, ABRIL 2025 ............................... 80
APÊNCIDE C – REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE: SERVIÇOS DE ATENDIMENTO
ESPECIALIZADO EM HANSÉNIASE, POLICLÍNICAS E CAPS, ABRIL 2025 .................. 81
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

APRESENTAÇÃO

A elaboração do Boletim Epidemiológico


de Hanseníase (2025) consiste em uma iniciativa da
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza e da
Universidade Federal do Ceará, em parceria com a
Fundação NHR Brasil, tendo como um dos principais
objetivos a melhor descrição do comportamento
epidemiológico da doença, durante o período de 2001
a 2024, com dados extraídos do Sistema de Informação
de Agravos de Notificação (SINAN — Hanseníase).
Para tanto, são trazidos indicadores epidemiológicos e
operacionais da hanseníase, com o perfil das pessoas
acometidas, além de questões relacionadas à
integralidade do cuidado e estratégias significativas
para o controle da doença seguindo evidências e
recomendações nacionais e internacionais.
Este Boletim também é um dos produtos
do projeto intitulado “Fortalecimento da temática da
hanseníase nas universidades - ampliar e fortalecer o
diagnóstico e tratamento da hanseníase”, sob
coordenação da Universidade Federal do Ceará com
apoio do Ministério da Saúde, que visa fortalecer a
resposta do Sistema Único de Saúde (SUS) à
hanseníase.
Iniciado em 2020, este projeto tem
promovido e fortalecido processo de formação e
educação permanente em hanseníase com avanços
relevantes nas ações de atenção, vigilância e controle
em áreas prioritárias no estado do Ceará. Por meio de

8
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
ações de educação permanente, em especial no
contexto da Atenção Primária à Saúde (APS), tem
contribuído com a ampliação da capacidade de
detecção de casos de hanseníase e o enfrentamento do
estigma na rede de Atenção Primária à Saúde dos
municípios de Fortaleza e Sobral. Também tem
fortalecido a inserção da temática da hanseníase nas
instituições de ensino e pesquisa, especialmente nas
universidades públicas cearenses, incluindo ações
estratégicas de extensão.
A hanseníase é uma doença curável,
porém, com alto potencial de produzir sequelas
irreversíveis estigmatizantes. A pandemia da Covid-19
impactou negativamente os diagnósticos desta doença,
que ainda é um problema grave no Brasil e no Ceará.
A análise dos dados epidemiológicos do município de
Fortaleza, associada à descrição de estratégias
relevantes para o controle da doença, é essencial para
reunir esforços que visem o diagnóstico precoce e o
tratamento oportuno, bem como o manejo de
incapacidade física decorrente.
Neste Boletim, analisa-se
descritivamente esta Doença Tropical Negligenciada
nas dimensões de pessoa, tempo e espaço,
especificando o comportamento da hanseníase ao
longo dos anos para qualificar processos de
planejamento de novas estratégias e ações de vigilância
e controle.
Os resultados deste Boletim
Epidemiológico reforçam a necessidade da
descentralização do cuidado da pessoa acometida pela

9
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
hanseníase e a importância da APS nas ações de
controle e na vigilância de contatos. Novas estratégias,
como o apoio matricial (matriciamento) em saúde e
aplicação de testes rápidos imunocromatográficos para
determinação qualitativa de anticorpos IgM anti-
Mycobacterium leprae, parecem configurar potenciais
ferramentas para enfrentamento da doença, ao passo
que também podem promover o fortalecimento da
APS.

10
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

CONHECENDO O MUNICÍPIO DE FORTALEZA

O município de Fortaleza, capital do estado do Ceará, possui 312.353 km² de área


total, onde residem 2.428.708 habitantes, segundo Censo do IBGE de 2022 (IBGE, 2024).
Classificada como a 5ª capital mais populosa do país, Fortaleza possui 53,5% da população
feminina, e 67,0% se autodeclaram parda e preta (IBGE, 2024). O município está dividido em
121 bairros, distribuídos administrativamente em 12 regionais (Fortaleza, 2022a). O Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) para a educação é de 0,695 enquanto o Índice
de Gini, utilizado para verificar a distribuição de renda, é equivalente a 0,579 (Fortaleza,
2022a). Quanto à ocupação, 31,8% da população total possui algum vínculo empregatício e
63,0% é beneficiária do Programa Bolsa Família (Fortaleza, 2022a).

Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica do município de Fortaleza-CE.

Informações por Cidades e Estados - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


Área Territorial 312,353 km² [2022]
População residente 2.428.708 pessoas [2022]
Densidade demográfica 7.775,52 hab/km² [2022]
Escolarização 6 a 14 anos 96,1% [2010]
IDHM Índice de desenvolvimento humano municipal 0,754 [2010]
Mortalidade infantil 11,73 óbitos por mil nascidos vivos [2022]
Total de receitas brutas realizadas 12.673.913.825,45 R$ [2023]
Total de despesas brutas empenhadas 12.288.331.897,00 R$ [2023]
PIB per capita 27.164,45 R$ [2021]
Fonte: IBGE, 2024

Considerando o cenário de distribuição de renda e habitação, o território de


Fortaleza possui assentamentos precários composto por 74,0% favelas, 15,0% mutirões, 6,0%
conjuntos habitacionais, 3,0% cortiços e 2,0% loteamentos irregulares. Destaca-se que nestes
assentamentos há uma taxa de detecção de 51,25 casos novos de hanseníase por 100 mil
habitantes, havendo nas favelas e conjuntos habitacionais uma fraca correlação negativa com
casos de hanseníase, ou seja, quanto menor o IDH tende-se ao aumento de casos, enquanto em
mutirões há uma fraca correlação positiva. Contudo, de modo geral, quanto menor o IDH maior
o número de casos (Fortaleza, 2022a).

11
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
No âmbito da organização administrativa das ações de saúde, a divisão ocorre em
06 Coordenadorias Regionais de Saúde (CORES) elencadas de I a VI que fazem a gestão da
rede de atenção à saúde (RAS) (Figura 1). Esta conta com a APS, além das Atenções Secundária
e Terciária (média e alta complexidade tecnológica); um sistema de governança; sistemas de
apoio diagnóstico, terapêutico, farmacêutico e de informação em saúde; além dos sistemas
logísticos compostos pelo transporte sanitário, regulação, prontuário clínico e cartão SUS
(Fortaleza, 2022a). Neste sentido, a APS, especialmente por meio da Estratégia de Saúde da
Família (ESF), deve se estabelecer enquanto porta de entrada e ordenadora do cuidado da RAS
no município.

Figura 1 - Distribuição dos bairros de Fortaleza em Secretarias Executivas Regionais. Fortaleza, 2025

Fonte: SMS/COVIS/Célula de Vigilância Epidemiológica de Fortaleza

A cidade de Fortaleza possui 134 Unidades de APS (UAPS) (Fortaleza, 2022a),


formadas por 20 Equipes de AP e 464 Equipes de ESF, atingindo uma cobertura de 93,7% em
dezembro de 2023, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2020–2023 (BRASIL,
2025a). Conforme apresentado no mapa (Figura 1), a distribuição das UAPS nas CORES

12
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
acontece da seguinte forma: CORES Centro, 18 unidades na CORES I, 14 na CORES II, 20 na
CORES III, 15 na CORES IV, 32 na CORES V e 35 na regional VI, sendo esta última a maior
em extensão territorial. Destaca-se que 70,0% das 134 UAPS são gerenciadas pela gestão
municipal e as demais por Organizações Sociais da área da Saúde (OSS).
A rede de atenção conta ainda com 04 Centros de Especialidades Odontológicas
(CEO), 04 Policlínicas, e 01 equipe da Estratégia Consultório na Rua, além de outras unidades
de acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade como os Centro de Referência para
População em Situação de Rua (Centro POP). A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é
formada por Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS) Infantil, CAPS Geral e CAPS de
álcool e outras drogas e unidades de acolhimento (Fortaleza, 2022a).
Para hanseníase, há a recomendação de que o diagnóstico, o acompanhamento e a
avaliação das incapacidades físicas sejam ações realizadas nas UAPS, sendo a atenção
secundária e terciária acionadas via prontuário eletrônico e regulação, em casos de reação
hansênica com elevada de incapacidade física (Fortaleza, 2022a), ou em casos complexos. Esta
orientação segue as diretrizes do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - PCDT para a
hanseníase, que aponta a APS como responsável, prioritariamente, pelo diagnóstico e
tratamento da doença. Caso necessário, a APS pode atuar, em conjunto com a RAS, em
diferentes níveis de complexidades da saúde, visando à atenção integral da pessoa acometida e
abrangendo um conjunto de medidas que busquem reestabelecer saúde (Brasil, 2022).
Para o exame da baciloscopia, avaliação complementar ao diagnóstico da
hanseníase, 08 UAPS distribuídas nas CORES realizam a coleta, sendo unidades de apoio nos
diferentes territórios para além dos centros de referência. Ressalta-se a importante atuação do
Centro de Dermatologia Dona Libânia (CDERM), de referência estadual, na atenção a pessoas
acometidas, seja no diagnóstico, acompanhamento e, especialmente, na condução de casos mais
complexos. Na Rede de Atenção Hospitalar conta-se, ainda, com o Hospital Universitário
Walter Cantídio (HUWC) e com o Hospital São Jose de Doenças Infecciosas (HSJ) para
atendimento aos casos complexos da doença.
No Plano Municipal de Saúde de 2022 a 2025 consta ainda como objetivo o
fortalecimento das ações de eliminação da hanseníase mediante o encerramento de casos em
tempo oportuno e a cura de casos novos diagnosticados (Fortaleza, 2022b), sendo a
descentralização do cuidado um importante avanço. Neste sentido, o Plano Municipal de Saúde

13
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
de 2022 a 2025 também prevê diretrizes e metas que visam o fortalecimento da APS por meio
da ampliação e qualificação do acesso aos serviços de saúde, aumentando a cobertura em até
80,0% até 2025 (Fortaleza, 2022b), ação que vem contribuindo para os avanços no controle da
doença.

14
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

HANSENÍASE: REVISANDO CONCEITOS BÁSICOS

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada, principalmente, por M.


leprae, um bacilo álcool-ácido resistente e também por Mycobacterium lepromatosis,
descoberto mais recentemente. Ambos possuem maior afinidade pelo sistema nervoso
periférico e pele levando a apresentações patológicas semelhantes (Ploemacher et al., 2020). O
período de incubação é longo, podendo variar de 2 a 20 anos, sendo considerada uma doença
de investigação obrigatória e notificação compulsória a partir de casos confirmados. Caso não
tratada precocemente, pode gerar incapacidades físicas e a manutenção da transmissão (Brasil,
2022).
A transmissão da hanseníase ocorre principalmente pela via respiratória, por
gotículas provenientes do nariz e da boca durante o contato próximo e frequente principalmente
a partir de casos multibacilares não tratados (Santos et al., 2019). Apesar de rara, a transmissão
zoonótica e/ou antroponótica entre humanos e tatus-bola presente nas Américas também é
possível, a depender da intensidade e frequência de exposição, considerando que tatus são
hospedeiros naturais e reservatórios de M. leprae (Ploemacher et al., 2020). Estudos apontam
o desenvolvimento da hanseníase e/ou o aumento dos níveis de anticorpos anti-PGL1 associado
à exposição por meio de atividades de caça. Foi observada ainda a presença de M. Leprae em
esquilos vermelhos nas Ilhas Britânicas, além de solos e águas situados em áreas endêmicas,
próximo a residências de pessoas acometidas no Brasil e Índia, no entanto, são necessários
estudos mais rigorosos para estabelecer alguma relação (Ploemacher et al., 2020).
Para que a infecção ocorra é necessária a combinação de fatores que influenciam
diretamente a suscetibilidade à doença, como possuir idade entre 08 e 14 anos associado a
condições de vida e história familiar (Rodrigues et al., 2020; Moraes et al., 2022),
imunossupressão e imunodeficiências e predisposição genética (Moraes et al., 2023). Esta
última relacionada, especialmente, a deficiências genéticas na imunidade inata e adaptativa que
podem repercutir no desenvolvimento da forma virchowiana (Fava; Dallmann-Sauer; Schurr,
2020; Moraes et al., 2023).

15
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Demarca-se, ainda, que a hanseníase é uma doença crônica mais prevalente em
populações que vivem em condições de vulnerabilidade social e a detecção precoce é uma
importante ferramenta para prevenção de incapacidades e redução da carga de
morbimortalidade nestas populações (Brasil, 2022). As incapacidades físicas possuem como
fatores de risco principais, dentre outros, ser do sexo masculino, multibacilar e a presença de
reações imunológicas (De Paula et al., 2020).
O diagnóstico da hanseníase é realizado por meio do exame físico e a avaliação
neurodermatológica para detectar acometimento neural e/ou lesão na pele e deve seguir pelo
menos um dos critérios: alteração de sensibilidade na área da lesão, nervo periférico espessado
acompanhado de alteração sensitiva, motora e/ou autonômica e/ou presença de bacilos álcool-
ácido resistentes no raspado dérmico ou no histopatológico de biópsia de pele (Brasil, 2022).
A classificação operacional como paucibacilar (PB) ou multibacilar (MB) define o
tempo de duração do tratamento com poliquimioterapia única (PQT-U) que inclui três fármacos
antimicrobianos: rifampicina, dapsona e clofazimina. Casos PB devem ser tratados por seis
meses, podendo o esquema ser completado em até nove meses. Por sua vez, pessoas acometidas
tendo a classificação MB recebem a PQT-U por 12 meses, podendo o esquema ser completado
em até 18 meses (Brasil, 2022). A realização do exame neurodermatológico demanda o
desenvolvimento de competências profissionais, especialmente no que se refere à palpação de
nervos periféricos de referência. Assim, caso haja dúvidas quanto à classificação operacional,
recomenda-se realizar o tratamento como MB, evitando insuficiência terapêutica.
Destaca-se que o SUS disponibiliza exclusivamente o tratamento padrão para
hanseníase e acompanhamento gratuito. Neste sentido, a APS é o primeiro ponto de contato
com os serviços de saúde, além de ter a função de coordenação do cuidado. O exame
neurodermatológico, principalmente entre os contatos, é um dos grandes desafios no
enfrentamento dessa importante doença negligenciada, e é uma atribuição dos profissionais da
ESF.
As diretrizes para controle da hanseníase no Brasil, definem contato domiciliar de
hanseníase para fins operacionais como toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido,
conviva ou tenha convivido com a pessoa acometida por hanseníase no âmbito familiar, nos
últimos cinco (5) anos anteriores ao diagnóstico da doença, podendo ser familiar ou não. Já o
contato social, é toda e qualquer pessoa que conviva ou tenha convivido em relações sociais

16
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
(familiar ou não), de forma próxima e prolongada com o caso notificado (vizinhos, colegas de
trabalho e de escola, entre outros) (Brasil, 2016). A proporção de contatos examinados aponta
a capacidade dos serviços de saúde em realizar a vigilância. No Brasil é um indicador que
precisa ser aprimorado, considerando que é a principal estratégia para interrupção da
transmissão da hanseníase, justamente com o diagnóstico e tratamento precoce.
Considerando o fato de ser uma doença com longo período de incubação, fazem-se
necessárias avaliações neurodermatológicas frequentes, e durante extenso intervalo de tempo,
com foco nos contatos intradomiciliares e sociais (Brasil, 2016; Romero-Montoya, Beltran-
Alzate e Cardona-Castro, 2017; Soares et al, 2021). A importância de reconhecer sinais e
sintomas remete-se ao fato de existir um risco ampliado para os contatos durante o período em
que a doença não havia sido ainda diagnosticada. Desta forma, para além da qualidade da
avaliação, a continuidade da vigilância ao longo do tempo, o desenvolvimento de ações de
educação em saúde e a mobilização de outros contatos, devem ser sempre efetivadas (Brasil,
2016; WHO, 2016; Souza et al., 2019).
A duração e o número de doses dos antibióticos dependerão da classificação
operacional (PB ou MB), e da idade da pessoa acometida, possibilitando a cura (Brasil, 2022a).
Após cinco anos da conclusão corretamente da poliquimioterapia, caso haja reaparecimento
comprovado de lesões cutâneas e/ou de dano neurológico, classifica-se como sendo um caso de
hanseníase em recidiva (Brasil, 2022).
Do ponto de vista clínico, pode-se classificar a doença de
acordo com diversos sistemas, entretanto, a classificação de Madri
(1953) tem sido elencada como referência no Brasil e compõe a ficha
de notificação compulsória, sendo elas: hanseníase indeterminada,
tuberculoide, dimorfa ou virchowiana.
A indeterminada constitui a matriz inicial de todas as formas
clínicas e caracteriza-se pela presença de áreas da pele aparentemente
normal e/ou máculas hipocrômicas com alteração de sensibilidade. Figura 2 - Hanseníase indetermina.
Mácula hipocrômica na face lateral
Neste caso, não há comprometimento de troncos nervosos e da coxa direita. Arquivo pessoal,
Dra Juliana Ramos, Dermatologista
consequentemente, não há incapacidades e deformidades físicas, com e MFC

muito baixa probabilidade de transmissão (Opromolla, 2022) (Figura 2).

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Já a tuberculoide é demarcada por máculas ou placas com
formas bem delimitadas e bordas mais ou menos elevadas com
alterações acentuadas de sensibilidades (tátil, térmica e dolorosa).
Pode ocorrer, ainda, o acometimento de nervos superficiais ou
profundos. Destaca-se a existência da hanseníase tuberculoide nodular
da infância. As duas apresentações clínicas são classificadas como PB
e os bacilos não são vistos no exame para pesquisa direta (Opromolla, Figura 3 - Hanseníase tuberculoide.
Placa com bordas papulosas
2022) (Figura 3). localizada no dorso. Arquivo pessoal,
Dra Juliana Ramos, Dermatologista e
A dimorfa e a virchowiana são consideradas MB. Na MFC

dimorfa há apresentação de lesões polimorfas e/ou faveolares, com


limites imprecisos e há, de forma geral, comprometimento de nervos
periféricos que pode estar associado a incapacidades físicas (Figura 4).
Na virchowiana, além de lesões polimorfas, numerosas, com limites
imprecisos, há também o acometimento de mucosas, nervos,
articulações, ossos e alguns outros órgãos (Figura 5). Outra área
afetada pelo bacilo é o couro cabeludo, principalmente na forma
virchowiana (Opromolla, 2022).
Figura 4 - Hanseniase Boderline.
Ressalta-se ainda a existência da hanseníase na forma Padrão em “queijo suíço ou favos
de mel”. Arquivo pessoal, Dra
neural primária (HNP) cujas lesões de pele não são evidentes e a Juliana Ramos, Dermatologista e
MFC
análise do raspado dérmico é negativa para a pesquisa direta de bacilos
álcool-ácido resistentes (BAAR), apresentando exclusivamente
acometimento do sistema nervoso periférico (Brasil, 2022). Neste
caso, o diagnóstico clínico é definido pelo espessamento do nervo
associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas
(OMS, 2019). Esta constitui-se como importante e desafiadora forma
clínica da doença, compondo uma grave falha, especialmente, para o
sistema nacional de vigilância epidemiológica, pois não se sabe ao Figura 5 - Hanseníase
Virchowiana. Múltiplas lesões
do tipo placas e nódulos.
certo quantas pessoas possuem acometimento exclusivamente neural Arquivo pessoal, Dra Juliana
Ramos, Dermatologista e MFC.
no País.

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

Exames complementares em hanseníase

Apesar de o diagnóstico da hanseníase ser eminentemente clínico por intermédio


do exame físico neurodermatológico, incluindo sempre a avaliação neurológica simplificada,
existem exames complementares que podem auxiliar no diagnóstico em caso de dúvida. Entre
eles inserem-se, por exemplo, o raspado dérmico com baciloscopia para hanseníase ou a biópsia
de pele para exame histopatológico. A biópsia de pele normalmente é realizada por especialistas
e somente deve ser solicitada se houver dúvida no diagnóstico. Já o raspado dérmico deverá ser
solicitado sempre que houver disponibilidade na rede e o seu resultado positivo confirma a
doença na MB, mas o resultado negativo jamais excluirá a possibilidade de diagnóstico.
No município de Fortaleza, houve recentemente a implementação do exame de
baciloscopia para hanseníase em algumas unidades básicas de saúde, o que representou um
enorme avanço para o processo de descentralização do cuidado. Antes disso, o exame era
realizado somente em dois locais: Centro de Dermatologia Dona Libânia e Hospital
Universitário Walter Cantídio.
Em 2021, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS
(CONITEC) aprovou três novas tecnologias a serem utilizadas no âmbito da saúde pública para
auxiliar o manejo da hanseníase: 1) Testes rápidos imunocromatográficos para determinação
qualitativa de anticorpos IgM anti-M. leprae (ML Flow) a serem utilizados em contatos de casos
índices da doença a nível da APS, 2) pesquisa de qPCR DNA M. leprae em fragmento de
biópsia de pele ou nervo e 3) pesquisa de resistência antimicrobiana para rifampicina,
ofloxacino e dapsona. Os dois últimos são recursos destinados a centros de referência nacionais
ou a unidades sentinelas do estado.
Apesar de ter sido aprovado em 2021, o ML Flow começou a ser disponibilizado
efetivamente para rede de APS somente em 2025. O teste baseia-se na ligação dos anticorpos
de casos com a doença ao antígeno PGL-1, imobilizado em membrana porosa de nitrocelulose,
por onde a amostra biológica passa durante a execução do teste.
Ressalta-se, entretanto, que a detecção de anticorpos anti-PGL1, por meio de testes
rápidos, não pode ser utilizado de forma isolada para diagnosticar a doença, devendo sempre

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
ser interpretado à luz da histórica clínica e do exame físico neurodermatológico. Embora o teste
rápido imunocromatográfico para hanseníase não seja um teste diagnóstico, a sua utilização em
larga escala, na rotina da APS pode auxiliar na qualificação de ações para o controle da
hanseníase, como a vigilância dos contatos, além de poder favorecer o aumento da detecção
oportuna de casos MB.
Alguns outros fatores contribuem diretamente para a dificuldade na investigação da
fisiologia e patogenicidade do bacilo bem como para o diagnóstico por meio de exames
laboratoriais, tais como: característica intracelular do bacilo, incapacidade de cultivo in vitro
(cultivo somente em modelos animais), baixa variabilidade genética que evita a identificação
do bacilo pelo sistema imune (células T e B), distribuição heterogênea do bacilo dentro dos
tecidos associado a baixa carga bacteriana (Han; Silva, 2014). A complexidade desses
mecanismos potencializa a sobrevivência das bactérias nos hospedeiros, dificultam o
diagnóstico laboratorial e sinalizam a importância de pesquisas futuras alicerçadas em
tecnologias e que integram novas formas de detecção da doença e perspectivas terapêuticas.

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO NO BRASIL

Durante o período de 2013 a 2022 foram notificados 316.182 casos de hanseníase


no Brasil, havendo uma redução de 28,9% no número de casos notificados no mesmo período.
Nos anos pré-pandemia da Covid-19 (2013 a 2019) houve uma redução de 0,8%. No período
de 2019 a 2022, a redução foi de 28,4% sinalizando o significativo impacto da pandemia para
o subdiagnóstico (Brasil, 2024). Dessa forma, a redução na taxa de detecção de casos novos de
hanseníase contribuiu sobremaneira para a subnotificação e o pior prognóstico dos casos que
permaneceram ocultos (Lima, 2022). A redução ocorrida no ano de 2020 foi estimada em 41,4%
quando comparada aos últimos cinco anos anteriores à pandemia (Da Paz, 2022). Ainda em
2023, a autodeclaração da raça/cor de pele preta ou parda aumentou 3,7% no país, comparado
a 2014, e observou-se no mesmo ano, uma queda de 30,2% na proporção de pessoas analfabetas
e de 18,9% com apenas ensino fundamental, comparado a 2014. (Brasil, 2024)
A pandemia da Covid-19 amplificou os desafios históricos para detecção de novos
casos da doença fato atribuído, em grande parte, à reestruturação dos serviços de saúde para
lidar com uma doença emergente cujo tratamento ainda não era conhecido (Jesus et al., 2023).
De fato, teve significativa repercussão na saúde econômica, social, mental e física, desafiando
ainda mais o controle da hanseníase. Houve impactos como a interrupção da PQT, falhas na
vigilância dos contatos de casos com hanseníase e repercussões financeiras e sofrimento
psicológico, para pessoas, famílias e comunidades. Dessa forma, o acompanhamento de casos
e contatos é fundamental, bem como abordagem de interrupções da PQT, priorizando assim a
retomada do tratamento, com ênfase na avaliação e na prevenção de incapacidades físicas e
prestação de assistência psicossocial (Rocha et al., 2024). A Estratégia Nacional para
Enfrentamento à Hanseníase 2024-2030 alinhada à Estratégia Global 2021-2030: rumo a zero
hanseníase (OMS, 2021a), apresenta a missão de um Brasil sem a doença tendo como visão
reduzir significativamente a carga da hanseníase no país.
Assim, a compreensão sobre o cenário epidemiológico tem como finalidade prover
subsídios e servir como orientação para gestores(as) e profissionais de saúde desenvolverem,
de maneira organizada e baseada em evidências, estratégias de atenção, vigilância e controle

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
nos serviços de saúde, além de servir como fonte de informação a respeito dessa doença para a
população em geral. Baseado nessas informações, objetiva-se com este boletim qualificar a
descrição da situação epidemiológica e operacional de controle da hanseníase, com
fortalecimento da vigilância em saúde visando reduzir a carga da doença no município.
No município de Fortaleza, os efeitos negativos da pandemia por Covid-19 ainda
não foram superados. Dados do Sistema de Monitoramento Diário de Agravos (SIMDA) da
SMS Fortaleza, disponível através do link
https://simda.sms.fortaleza.ce.gov.br/simda/hanseniase/tabelaestabelecimentomes?ano=2024
&regional , evidenciam que os valores pré-pandêmicos de indicadores estratégicos ainda não
foram retomados, refletindo a necessidade de angariar esforços ainda maiores na busca da
qualificação do processo de detecção e manejo clínico de casos novos, sem esquecer porém as
necessidades biopsicossociais ainda presentes nas pessoas com diagnóstico previamente
estabelecido.

MÉTODOS

Desenho do estudo

Trata-se de estudo ecológico descritivo alicerçado em indicadores epidemiológicos


e operacionais da hanseníase no Brasil durante o período de 2001 e 2024, em Fortaleza. Os
dados secundários foram coletados por meio do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN) referentes ao município de Fortaleza, capital do Estado do Ceará. Assim,
as bases de dados utilizadas para este boletim são vinculadas à rotina de trabalho da Secretaria
Municipal de Saúde de Fortaleza e passaram por um processo criterioso de revisão de dados
(qualificação com ajustes). Tais dados podem divergir minimamente, portanto, de
apresentações a partir de bases de dados eletrônicas.
Foram considerados todos os diagnósticos de casos novos da doença notificados no
período de 2001 a 2024 em pessoas residentes no município, cujo método de entrada fosse
“casos novos” e correspondesse a pessoas que nunca receberam tratamento para hanseníase; e
“recidiva” para aquelas que ingressaram novamente no sistema por meio da apresentação de
novos sinais e sintomas em um período superior a 5 anos após o diagnóstico anterior cuja alta

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
foi por cura (Brasil, 2022). Além disso, excluiu-se aqueles casos que possuíam a classificação
“erro de diagnóstico” como tipo de saída.
O cálculo da taxa de detecção foi realizado para obter a proporção entre os novos
casos de hanseníase e a população exposta no município, por 100 mil habitantes. O número de
habitantes foi extraído a partir da base de dados populacional do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), considerando-se os referenciais para o período em análise.

Indicadores epidemiológicos-operacionais

Foram considerados para esta análise 09 indicadores epidemiológicos e


operacionais preconizados pelo Ministério da Saúde em seu manual para tabulação de
indicadores específicos para hanseníase, sendo eles:

Quadro 1 - Descrição dos indicadores epidemiológicos e operacionais.

INDICADOR REPRESENTAÇÃO CÁLCULO PARÂMETROS

Baixo: <2,00 /100.000 hab.


Médio: 2,00 a 9,99/100.000 hab.
Determinar a força de Alto: 10,00 a 19,99/100.000
Taxa de detecção anual morbidade, magnitude e Nº CN diagnosticados no hab.
de casos novos tendência da hanseníase ano da avaliação. Muito Alto: 20,00 a
ao longo do tempo. 39,99/100.000 hab.
Hiperendêmico: ≥40,00/100.000
hab.

Baixo: <0,500 /100.000 hab.


Taxa de detecção anual Nº CN diagnosticados Médio: 0,50 a 2,49/100.000 hab.
Medir a força da
de casos novos de menores de 15 anos / Alto: 2,50 a 4,99/100.000 hab.
transmissão recente da
hanseníase, na população População de zero a 14 Muito Alto: 5,00 a 9,99/100.000
endemia e sua tendência.
de zero a 14 anos anos. hab.
Hiperendêmico: ≥10,00/100.000
hab.

23
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
INDICADOR REPRESENTAÇÃO CÁLCULO PARÂMETROS

Número de casos novos de


Avaliar a capacidade dos
Proporção de casos hanseníase, diagnosticados
serviços de saúde em Não há parâmetros
novos por escolaridade e segundo raça/cor / total de
assistir os casos de estabelecidos.
ano de diagnóstico casos novos de hanseníase
hanseníase
X 100
Número de casos novos de
Avaliar a capacidade dos
hanseníase, diagnosticados
Proporção de casos serviços de saúde em Não há parâmetros
segundo raça/cor / total de
novos segundo raça/cor assistir os casos de estabelecidos.
casos novos de hanseníase
hanseníase
X 100
Proporção de casos de
Avaliar o risco de
hanseníase segundo Número de casos novos
desenvolver
classificação operacional MB / total de casos novos Não há parâmetros
complicações, bem o
entre o total de casos de hanseníase estabelecidos.
correto reabastecimento
novos diagnosticados no X 100
de PQT.
ano
Bom
Proporção de casos
Número de casos novos de ≥90,0%
novos de hanseníase com Medir a qualidade do
hanseníase com GIF Regular
grau de incapacidade atendimento dos serviços
avaliado no diagnóstico / 75,0% a 89,9%
física avaliado no de saúde.
Total de casos novos Precário
momento do diagnóstico
<75,0%

Número de casos de
Proporção de casos de recidiva de hanseníase
Monitoramento de
recidiva entre os casos notificados / total de casos Não há parâmetros estabelecidos
falência terapêutica
notificados no ano notificados
X 100

Número de casos novos de


hanseníase (PB
diagnosticados no ano
Avaliar a qualidade da anterior ao ano de Bom
Proporção de cura de
atenção e do avaliação e MB 90,0%
hanseníase entre os casos
acompanhamento, bem diagnosticados dois anos Regular 75,0% a 89,9%
novos de diagnóstico nos
como a efetividade do antes ao ano de avaliação) Precário
anos das coortes
tratamento. e curados até 31/12 do ano <75,0%
de avaliação /total de casos
novos de hanseníase
X 100

Número de contatos de Bom


Proporção de contatos
Medir a capacidade dos casos novos de hanseníase ≥90,0%
examinados de casos
serviços de saúde em examinados (PB Regular
novos de hanseníase
realizar a vigilância de diagnosticados no ano 75,0% a 89,9%
diagnosticados nos anos
contatos dos casos anterior ao ano de Precário
das coortes
avaliação e MB <75,0%

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
INDICADOR REPRESENTAÇÃO CÁLCULO PARÂMETROS

diagnosticados dois anos


antes ao ano de avaliação)
e curados / total de
contatos dos casos novos
de hanseníase
X 100
Fonte: Ministério da Saúde, 2022.

Complementarmente, analisou-se dados relacionados ao sexo, faixa etária,


escolaridade e raça/cor a fim de reconhecer o perfil das pessoas acometidas pela doença
direcionar e direcionar estratégias de enfrentamento a doença mais eficazes.

Extração, exploração e análise dos dados

Os dados referentes ao município de Fortaleza foram extraídos por meio do sistema


SINAN Net local e organizados no software TabWin, disponibilizado pelo DATASUS. Para a
elaboração dos gráficos e a análise descritiva dos dados, foi utilizado o Microsoft Excel.

25
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO EM FORTALEZA

Ao longo da série histórica demonstrada na Figura 6 (2001-2024), houve redução


significativa na taxa de detecção geral de casos novos de hanseníase no município de Fortaleza,
com média de 25,9 a cada 100 mil habitantes no período analisado. Até o ano de 2016 o
município mantinha-se no parâmetro ‘Muito alto’ (20,00 a 39,99/100 mil hab.), já a partir do
ano de 2017 o município passa a integrar pela primeira vez o parâmetro ‘Alto’ (10,00 a
19,99/100 mil hab.), segundo as diretrizes do Ministério da Saúde. Estes achados indicam
redução gradual e constante na taxa de detecção de novos casos por 100 mil habitantes em
Fortaleza, traduzindo a princípio redução força da morbidade, magnitude e tendência da
hanseníase ao longo do tempo (Figura 6).
Figura 6 - Taxa de detecção anual de casos novos de hanseníase na população geral e menor de 15 anos por
100.000 hab. Fortaleza, 2001 a 2024.
45,00
40,2 40,3
40,00 38,6 38,639,0

35,4
35,00 32,4 31,7
31,0
29,0
30,00
26,8
25,7
24,5 24,3
25,00
22,1
21,2
20,00 18,318,6
16,7

15,00 13,7 12,9


12,4
11,9
10,811,6 11,1
9,3 8,7 9,2 8,7
10,00 8,6 8,3 8,0 7,3 7,9
8,6 7,7
6,2 6,8
5,8
4,2 4,0 4,1 4,0
5,00 3,1 3,1
2,0 1,4

0,0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024

Detecçãogeral Detecção < de 15 anos

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
A hanseníase pode acometer todas as faixas etárias, contudo a redução de casos em
menores de 15 anos é prioridade do Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH) do
Ministério da Saúde, pois nesta fase da vida, especialmente na faixa etária de zero a cinco anos,
a ocorrência da doença indica alta endemicidade com forte circulação de M. leprae, carência de
informações sobre a doença e falta de ações efetivas de educação em saúde (Amador, 2001).
No ano de 2020, houve redução na taxa de detecção tanto geral quanto em menores
de 15 anos, relacionada principalmente ao contexto da pandemia por Covid-19, conforme
mencionado anteriormente, evento que resultou na imposição de diversas restrições e na
sobrecarga dos serviços de saúde, o que provavelmente contribuiu para a redução do número
de casos diagnosticados. Em crianças menores de 15 anos, houve maior redução na taxa de
detecção quando comparado a anos anteriores e em relação à população em geral. Nota-se,
ainda, a manutenção das repercussões desse contexto da pandemia por Covid-19 nos
indicadores de 2021, com retomada somente em 2022 (Figura 6).
Quanto à densidade espacial, a Figura 7 demonstra o acumulado de novos casos
nesse período e verifica-se a importância da regional V como aquela que concentra mais casos
no município.
Figura 7 - Distribuição espacial acumulada dos casos novos de hanseníase na população geral. Fortaleza,
2001 a 2024.

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

27
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
A análise da distribuição espacial revela estabilidade na maior concentração de
casos novos na Regional V, a área mais populosa da cidade e com elevada proporção de pessoas
em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Essa concentração foi especialmente notável
nos anos de 2009, 2014, 2016 e 2019. Ao mesmo tempo, identificam-se áreas do município sem
registro de casos em determinados anos, o que pode indicar subnotificação ou ausência de
detecção ativa (Figura 8).
Desde 1992, observa-se maior prevalência da doença em bairros das CORES VI e
V, especialmente nos bairros Castelão, Bom Jardim e Granja Lisboa (Fortaleza, 2001).
Atualmente, há um destaque também para o Jangurussu, pertencente a regional VI. Do ponto
de vista histórico, demarca-se que houve clara migração da população da regional V para o
novo bairro Jangurussu devido a piores condições sociais e econômicas, o que pode ter
contribuído para essa mudança de cenário.
Ao longo da série histórica, nota-se flutuação na distribuição dos casos entre as
CORES I, III e VI, especialmente a partir de 2009 (Figura 8). Em 2024, observou-se uma
redução no número de casos novos detectados em comparação aos anos anteriores; entretanto,
manteve-se a tendência de maior concentração na Regional V. O mapa com o acumulado de
casos novos no período confirma a Regional V como a principal área de concentração da
hanseníase no município (Figura 7).
Para pessoas com menos de 15 anos de idade, a distribuição espacial evidenciou
maior concentração de casos nas CORES I, III, V, VI nos anos de 2003 e 2010. De modo geral,
observou-se maior densidade relativa desses casos nas diferentes CORES de saúde, quando
comparados aos casos novos na população em geral (Figura 9).
Em 2023, verificou-se distribuição mais homogênea da densidade espacial de novos
casos nessa faixa etária, quando comparada àquela de 2022, com destaque para a regional VI,
que aparenta, a princípio, concentrar a maioria dos casos. Ainda assim, em todos os anos
analisados, a densidade de casos em menores de 15 anos permaneceu significativamente interior
à população geral, refletindo uma possível redução na força de transmissão quanto a limitações
na detecção precoce nessa faixa etária (Figura 9).

28
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Figura 8 - Distribuição espacial dos casos novos de hanseníase na população geral por ano. Fortaleza, 2001 a
2024.

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

29
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Figura 9 – Distribuição espacial dos casos novos de hanseníase em pessoas abaixo de 15 anos de idade por
ano. Fortaleza, 2001 a 2024.

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Com relação às frequências relativa de novos casos por sexo de idade, dos 15.305
casos novos diagnosticados durante o período analisado observa-se maior prevalência entre
homens (n = 7.887, 51,5%), especialmente nas faixas etárias de 20 a 64 anos e acima de 65
anos, segundo a frequência acumulada. Embora na faixa etária de 35 a 49 anos, a maioria de
novos casos diagnosticados seja em mulheres (n = 2160; 52,4%) (Figura 10).
Por outro lado, 1.011 casos (6,6% dos casos totais) foram diagnosticados entre
crianças e adolescentes com 14 anos ou menos, o que representa uma informação relevante para
monitoramento da endemia no território. Segundo Ministério da Saúde, a ocorrência de
hanseníase em menores de 15 anos indica transmissão recente, apontando para o convívio de
crianças com pessoas com hanseníase ainda não tratadas. Este dado constitui um relevante
indicador para a vigilância de contatos e comportamento da doença na comunidade (Figura 10).

Figura 10 - Frequência acumulada de casos novos, segundo sexo e faixa etária. Fortaleza, 2001 a 2024.

80 e + anos 219 218


Frequencia acumulada de casos novos de hanseníase

65 a 79 anos 1121 942

50a 64 anos 1957 1893

35 a 49 anos 1960 2160

20 a 34 anos 1695 1441

15 a 19 anos 376 312

10 a 14 anos 345 296

5 a 9 anos 195 138

1 a 4 anos 19 18

2500,0 2000,0 1500,0 1000,0 500,0 ,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0 2500,0
MAS FEM

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

31
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Em relação à escolaridade dos casos novos de hanseníase no município, 33,8%
(n=5.147) tinham ensino fundamental incompleto ou completo e 10,4% (n=1584) apresentavam
ensino médio incompleto ou completo. Analfabetos correspondiam a 6,3% (n=962) e 2,3%
(n=354) possuíam ensino superior incompleto ou completo no momento do diagnóstico,
refletindo a tendência observada no cenário nacional (Figura 11).

Um aspecto crítico e importante para a vigilância dos casos é o alto índice de


notificações com o campo escolaridade em branco ou ignorado, que corresponde a 46,0%
(n=7.004) dos casos novos acumulados. Este dado revela uma possível fragilidade na
qualificação dos registros e sugere desconhecimento ou subvalorização, por parte dos
profissionais de saúde, da relevância desse indicador para o planejamento e execução de ações
de vigilância em saúde do município (Figura 11).

Figura 11 – Proporção acumulada de casos novos de hanseníase por escolaridade e ano de diagnóstico.
Fortaleza, 2001 a 2024.

100,0

90,0

80,0

70,0
Casos novos por escolaridade

60,0

50,0 46,6

40,0

30,0

20,0 17,1
11,4
10,0 6,4 5,8 4,8
3,3 2,3 1,7
0,6
0,0
Ign/Branco Analfabeto 1ª a 4ª série 4ª série 5ª a 8ª série Ensino Ensino Ensino Educação Educação
incompleta completa do incompleta fundamental médio médio superior superior
do EF EF do EF completo incompleto completo incompleta completa

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

32
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Quando comparado a 2001, houve em 2023 um maior quantitativo de notificações
com este campo não preenchido, passando de 16,8% em 2001 para 62,8% em 2023 (Figura 12).
Fato também observado durante os anos 2010 a 2012. Ações de educação permanente sobre o
adequado preenchimento das fichas de notificação destinadas a profissionais de saúde de nível
superior devem ser frequentemente realizadas nas unidades de saúde.

Figura 12 - Proporção de casos novos de hanseníase por escolaridade e ano de diagnóstico. Fortaleza, 2001 a
2024.

100,0
90,0
80,0
Casos novos de hanseníase

70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0

Total
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024

Analfabeto 1ª a 4ª série incompleta do EF 4ª série completa do EF


5ª a 8ª série incompleta do EF Ensino fundamental completo Ensino médio incompleto
Ensino médio completo Educação superior incompleta Educação superior completa
Não se aplica

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

Em relação ao campo "raça/cor", observa-se que, no ano de 2001, 100% das


notificações foram registradas como pertencentes à categoria “parda”, o que evidencia a
limitação na qualificação dos dados naquele período. Com o passar dos anos, houveram avanços
significativos na qualidade do preenchimento dessa variável, possibilitando uma análise mais
detalhada e representativa do perfil dos indivíduos acometidos ( Figura 13).

Atualmente, os dados acumulados para o campo raça/cor indicam maior diagnóstico


de casos novos entre pessoas pardas (n=6.548; 43,7%), seguidas de brancas (n=2.255; 15,0%),

33
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
pretas (n=498; 3,3%), amarelas (n=100; 0,6%) e indígenas (n=21;0,1%). No entanto, Apesar da
melhora na qualificação das notificações, ainda persiste um percentual expressivo de registros
com o campo "raça/cor" em branco ou ignorado (37,1%), o que compromete a precisão das
análises epidemiológicas e limita a formulação de estratégias mais equitativas no enfrentamento
da hanseníase ( Figura 13).

Figura 13 - Frequência acumulada de casos novos segundo raça/cor. Fortaleza, 2001 a 2024

7.000 6.548

6.000 5.558
Frequência acumulada de casos

5.000

4.000

3.000
2.255
2.000

1.000
498
100 21
0

Ign/Branco Branca Preta Amarela Parda Indigena

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

Quando analisada a série temporal quanto a raça/cor, nota-se uma flutuação no


diagnóstico entre pessoas autodeclaradas pardas e pretas, com incremento em 2020 e 2023
(Figura 14). Reconhecer o perfil das pessoas acometidas pela doença quanto a autodeclaração
permite refletir sobre estratégias específicas que abordem as sinergias de estigma e preconceito
vivenciados por esses sujeitos. Portanto, é fundamental fortalecer a capacitação dos
profissionais de saúde quanto à importância do correto preenchimento dessa variável,
assegurando a confiabilidade dos dados e sua utilização efetiva no planejamento e avaliação
das políticas públicas de saúde.

34
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Figura 14 - Proporção de casos novos de hanseníase segundo raça/cor por ano. Fortaleza 2001 a 2024

100,0

90,0

80,0
Casos novos de hanseníase

70,0

60,0

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
2009
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008

2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
% Parda % Branca % Preta % Amarela % Indigena

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

Outro fator relevante na estratégia de enfrentamento da hanseníase é a identificação


das unidades responsáveis pelo diagnóstico da doença. Entre 2001 e 2023, observa-se uma
mudança progressiva no perfil dessas unidades, com destaque para o crescimento da
participação das Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS), que aumentaram de 13,9%
para 43,1%. Em contrapartida, houve uma redução na participação dos Centros de
Dermatologia (CDERM), que passaram de 84,3% para 50,3%, além de uma contribuição menos
expressiva dos hospitais ao longo do período.

A crescente atuação das UAPS é um aspecto positivo, pois reforça seu papel
fundamental no diagnóstico precoce da hanseníase e no manejo de complicações. Já o CDERM
seguem sendo essenciais na condução de casos de maior complexidade. Esse cenário evidencia
um processo de descentralização do diagnóstico, antes concentrado nos centros especializados,
e aponta para o fortalecimento da atenção primária como porta de entrada efetiva para o cuidado
em hanseníase.

35
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Destaca-se ainda o ano de 2024 como um marco nesse processo, sendo o primeiro
ano em que a atenção primária superou os demais níveis de atenção, respondendo por 53,0%
das notificações de hanseníase. No entanto, esses dados ainda não estão contemplados nos
boletins oficiais devido ao encerramento da coorte.

Figura 15 - Proporção de casos novos, segundo Unidade Notificadora. Fortaleza 2001 a 2024

100,0

90,0
Casos novos notificados

80,0

70,0

60,0

50,0

40,0
2017
2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024
HOSPITAIS CDERM UAPS

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

Projetos destinados ao fortalecimento da temática da hanseníase nos territórios a


partir da busca ativa dos suspeitos, matriciamento de casos, educação de permanente de ACS e
profissionais de saúde de nível superior, além da implementação do atendimento ambulatorial
de hanseníase e da “segunda opinião” em que uma especialista hansenóloga compartilha casos
com médicos APS podem ter contribuído substancialmente para esta mudança de cenário.

36
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Perfil clínico

Seguindo os padrões epidemiológicos nacionais, em que se demarca incremento de


26,1% na proporção de casos novos MB, saindo de 64,4% em 2013 para 72,7% em 2021 —, o
município de Fortaleza também apresenta predominância dessa forma clínica. Conforme
demonstrado na Figura 7, em todos os anos analisados, a proporção de casos multibacilares foi
superior à de paucibacilares, evidenciando um padrão consistente ao longo do tempo (Figura
16).

Figura 16 - Proporção de casos de hanseníase segundo classificação operacional entre os casos novos
diagnosticados no ano. Fortaleza, 2001 a 2024.

100,00

90,00

80,00
classificação operacional

70,00

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024
MB 64,3 64,0 60,8 62,6 60,2 59,9 60,7 60,2 62,2 62,1 64,4 63,7 62,4 52,2 57,9 61,4 65,2 64,4 61,9 63,0 72,4 65,3 69,3 60,7
PB 38,1 37,4 40,3 38,3 40,3 39,9 40,1 40,0 37,7 37,8 35,3 36,2 37,1 47,2 41,4 37,9 34,2 34,7 37,2 36,0 26,6 33,7 34,2 38,4

PB MB

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

Quanto à forma clínica (Gráfico 8), observa-se que 41,4% (n=6.298) dos casos
foram classificados como forma “dimorfa”, 27,5% (n=4.182) como “tuberculoide”, 16,7%
(n=2.544) “virchowiana”, 8,7% (n = 1.293) como “indeterminada” e 5,7% (n=873) casos novos

37
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
ou não foram classificados ou o campo da notificação estava em branco/ignorado. A proporção
de ignorados e/ou não classificados tem aumentado ao longo do período, saindo de 1,2% em
2001 para 13,2% em 2024.

Nota-se ainda que houve um incremento nos diagnósticos da forma clínica


indeterminada, de 5,7% em 2001 para 14,7% em 2024. Em contrapartida, a apresentação
dimorfa observou-se um decréscimo ao longo do tempo, de 47,1% em 2001 para 28,1% em
2024 (Figura 11). Ressalta-se que a ficha de notificação não dispõe de um campo específico
para o registro da forma clínica da hanseníase neural pura, o que impossibilita sua adequada
classificação nos dados oficiais.

Figura 17 -Proporção de casos de hanseníase segundo forma clínica informada entre os casos novos
diagnosticados no ano. Fortaleza, 2001 a 2024

100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024

INDETERMINADA TUBERCULÓIDE DIMORFA VIRCHOWIANA

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

Avaliação de Incapacidades Físicas pela Hanseníase

No momento do diagnóstico devemos preencher a ficha de Avaliação Neurológica


Simplificada (ANS) que perpassa a palpação dos nervos periféricos, a realização de testes de
sensibilidade e a avaliação da força muscular nas mãos, pés e olhos (Brasil, 2022). Esta
avaliação é obrigatória e determina os critérios de diagnóstico, sendo útil também para
monitoramento da evolução da doença, além de definir o grau de incapacidade física (GIF) da
pessoa acometida pela doença (Brasil, 2022).
Em termos epidemiológicos, a avaliação do GIF no momento do diagnóstico
mensura a efetividade das atividades de detecção precoce dos casos. A proporção de casos
avaliados com GIF registrado é classificada considerando-se o parâmetro como bom: ≥ 90,0%;
regular: 75,0 a 89,9% e precário: < 75,0%.
A adequada coleta e registro desta informação é fundamental e dependem
diretamente da atuação de profissionais capacitados, da existência de infraestrutura física
adequada, disponibilidade de insumos, suporte técnico e apoio institucional das gestões
municipais e estaduais (Oliveira, 2014). Este contexto desvela a necessidade de processos
formativos contínuos mais abrangentes e adaptados às realidades locais e necessidades técnicas,
destinados a profissionais de saúde, para o fortalecimento do diagnóstico em hanseníase e,
especialmente, da aplicação correta da ANS.
Destaca-se, ainda, o papel fundamental da APS, onde, preferencialmente, devem
ocorrer o diagnóstico, tratamento e acompanhamento das pessoas acometidas, com vistas a
integralidade do cuidado.
Na Figura 18, observa-se piora desse parâmetro no município de Fortaleza, sendo
2008 o ponto inicial para esse declínio. No período de 2001 a 2007 este parâmetro foi
considerado bom, posteriormente manteve-se como regular durante 10 anos (2008 a 2018), com
exceção de 2011, em que atingiu 90,2% dos casos avaliados. A partir de 2019 o município foi
classificado como tendo padrão “precário”, com reduções acentuadas em 2019 e 2023, embora
tenha alcançado 75,0% dos casos avaliados em 2020.

39
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Figura 18 - Proporção de casos novos de hanseníase com grau de incapacidade física avaliado no momento do
diagnóstico. Fortaleza, 2001 a 2024.

100%

90%

80%

70%

60%
casos novos

50%

40%

30%

20%

10%

0%
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024

GRAU ZERO GRAU 1 GRAU 2

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025


Considerando os casos avaliados, a maior proporção de casos novos de hanseníase
com grau de incapacidade física 2 (G2I) no momento do diagnóstico traduz a presença de
sequelas irreversíveis visíveis nos olhos e/ou mãos e/ou mãos e/ou pés. Essas manifestações
físicas contribuem significativamente para manutenção do estigma e da discriminação social
associados à doença (Brasil, 2016).
Este é um importante parâmetro para avaliação de qualidade e efetividade das
atividades da detecção oportuna e/ou precoce de casos. A classificação do percentual de casos
novos com G2I segue esse parâmetro: baixo (≤ 5,0%); médio (5,0 a 9,9%) e alto (≥ 10,0%). No
entanto, sua utilização como parâmetro de qualidade é recomendada apenas quando o
percentual de casos novos avaliados e registrados for igual ou superior a 75,0% (Brasil, 2022).
Retrospectivamente, de 2001 a 2018, o percentual de G2I não evidenciou alterações
significativas, situando-se sempre entre 5,3 e 9,8%, classificado como médio. Isso demonstra

40
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
que, ao longo desses anos, faz-se necessário o uso de novas estratégias, tanto para avaliação
como para a detecção precoce dos casos (Figura 18).
Salienta-se que em 2005 o município foi classificado com parâmetro baixo deste
indicador e que, em 2018, como alto; os anos seguintes não puderam ser avaliados quanto a
este parâmetro pela limitação da avaliação da rede do SUS (Figura 18). Conforme demonstrado
na (Figura 18), observou-se um aumento no número de casos classificados como G2I no
momento do diagnóstico, no ano de 2024, no município de Fortaleza. Esse dado reforça a
necessidade de qualificação da atenção básica para garantir diagnósticos mais precoces e,
consequentemente, menores índices de incapacidades.
É importante destacar que os principais objetivos do tratamento da hanseníase são
a cura e a prevenção de incapacidades físicas e neurológicas. A presença de incapacidades
visíveis no momento do diagnóstico indica, de forma clara, a ocorrência de detenção tardia da
doença, o que impacta negativamente no prognóstico e na qualidade de vidas das pessoas
acometidas (Brasil, 2016).

Recidiva

Recidiva de hanseníase é um evento caracterizado pelo reaparecimento de sinais e


sintomas da doença em pessoas acometidas que já tiveram a doença e receberam alta por cura.
A proporção de recidivas entre casos notificados denota, fundamentalmente, a potencial falha
terapêutica considerando o diagnóstico após 5 anos do tratamento (Brasil, 2016).

Nota-se uma diminuição do número de casos novos diagnosticados ao longo do


período, sendo 943 casos em 2001 e passando para 422 em 2023, fato que sugere, a princípio,
prevenção da doença nos territórios endêmicos, e detecção oportuna dos casos. Entretanto,
houve um incremento nos diagnósticos de casos por recidiva, elevando-se de 2,0% em 2001
para 8,8% em 2023 (Gráfico 10).

Esse aumento pode estar relacionado a desafios na efetividade do tratamento ou no


acompanhamento dos pacientes após a cura, incluindo abandono terapêutico, resistência
medicamentosa ou falhas na vigilância de casos curados. Diante das terapias atualmente

41
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
disponíveis, esses dados reforçam a importância da adesão completa ao tratamento, do
cumprimento do esquema terapêutico dentro do tempo preconizado e da vigilância ativa de
possíveis recidivas, especialmente para monitoramento da resistência medicamentosa
(BRASIL, 2022).

Figura 19 - Proporção de casos de recidiva entre os casos notificados por ano. Fortaleza, 2001 a 2024

1000 100,0

900 90,0

800 80,0

700 70,0

600 60,0

% recidiva
Total de casos

500 50,0

400 40,0

300 30,0

200 20,0

100 10,0

0 0,0
200 200 200 200 200 200 200 200 200 201 201 201 201 201 201 201 201 201 201 202 202 202 202 202
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4
casos no ano 938 897 967 931 980 843 832 948 859 794 718 677 753 702 662 650 569 608 530 435 393 431 415 414
% recidiva 2,0 1,6 1,8 2,1 2,4 2,7 3,4 3,0 2,1 4,0 6,1 4,3 2,7 5,4 5,7 6,6 7,7 7,1 6,2 9,2 9,4 8,8 8,9 9,7

casos no ano % recidiva

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

Coortes na hanseníase

Cura

A proporção de cura entre os casos novos de hanseníase é um dos principais


indicadores para avaliar a qualidade dos serviços de saúde, bem como o acompanhamento e a
efetividade do tratamento. De acordo com os parâmetros do Ministério da Saúde, esse indicador
é considerado "bom" quando alcança 90,0% ou mais de cura, "regular" entre 75,0% e 89,9%, e
"precário" quando inferior a 75,0%.

42
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Observa-se, ao longo do tempo, uma tendência de redução desse indicador. Em
2002, a proporção de cura atingiu 91,7%, mantendo-se relativamente estável até 2008. A partir
desse período, houve uma queda progressiva, atingindo 76,3% em 2023 — valor classificado
como "regular" segundo os critérios estabelecidos (Figura 20).

Os resultados referentes ao ano de 2024 ainda não estão disponíveis, uma vez que
os pacientes diagnosticados nesse período continuam em tratamento, impossibilitando o
fechamento da coorte.

Figura 20 - Proporção de cura de hanseníase entre o caso novo de diagnóstico nos anos das coortes. Fortaleza,
2001 a 2024

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

Houve piora da proporção de cura dos casos diagnosticados nos últimos anos em
Fortaleza. Além do desafio do diagnóstico ser estabelecido em tempo oportuno a fim de evitar
sequelas irreversíveis da doença, a conclusão da poliquimioterapia também constitui em uma
grande contenda. Diversos fatores podem influenciar a taxa de abandono como tempo
prolongado da terapia, ocorrência de reações adversas medicamentosas, negação ou dúvida das

43
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
pessoas acometidas sobre seu diagnóstico, questões sociais e econômicas, inabilidade de
profissionais de saúde em lidar com a complexidade da doença, dentre outras (Brasil, 2022).

Vigilância de contatos

A vigilância de contatos de casos de hanseníase constitui importante estratégia de


enfrentamento à hanseníase, uma vez que os contatos possuem mais chances de adoecer do que
a população em geral. A proporção de contatos examinados entre os registrados mensura a
capacidade dos serviços de saúde em realizar este processo de vigilância (Brasil, 2024). Para o
Ministério da Saúde, parâmetro estabelecido como “bom” requer proporção acima de 75,0%;
“regular” entre 50,0% e 75,0% e “precário” abaixo de 50,0% (Brasil, 2022).
A Figura 21 revela flutuação neste indicador ao longo do tempo, sendo o município,
de modo geral, classificado como “regular” ou “precário”. A meta foi alcançada apenas em
alguns anos – 2002, 2008 e 2005 – enquanto nos demais períodos os índices ficaram abaixo do
esperado (Figura 21).
Figura 21 - Proporção de contatos examinados entre os registrados de casos novos de hanseníase
diagnosticados nos anos das coortes. Fortaleza, 2001 a 2024.

100,00

90,00

80,00
% contatos examinados

70,00

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
% Examinados 20,50 62,70 32,60 34,20 30,40 35,07 70,52 55,45 55,18 49,82 51,18 52,63 49,33 45,80 51,49 54,13 57,72 57,71 59,48 59,43 55,15 64,20 47,90

Fonte: SMS/COVIS/CEVEPI/SINAN *Dados atualizados Abril/2025

44
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
O incremento desse indicador em 2022 pode ser destacado pela presença de
recursos destinados à avaliação de contatos e à formação de profissionais de saúde, além da
incorporação ao SUS de novos testes rápidos que estão destinados à avaliação de contatos
examinados e sem diagnóstico da doença. Embora o teste rápido não seja diagnóstico, espera-
se a melhora na cobertura de avaliação de contatos nos próximos anos, a partir da adoção em
maior escala dessa nova ferramenta para enfrentamento à hanseníase.

45
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

INTERVENÇÕES ESTRATÉGICAS DE ENFRENTAMENTO À HANSENÍASE

A hanseníase vem se constituindo cada vez mais como prioridade em saúde pública
ao longo dos anos no município de Fortaleza. No Boletim Epidemiológico publicado pela
Secretaria Municipal de Saúde em 2001 salientaram-se as recomendações do MS à época.
Perpassando desde a detecção de casos até a prevenção de incapacidades e educação em saúde,
o documento destacava a necessidade do envolvimento da comunidade, pessoas acometidas e
profissionais em ações educativas, além da garantia da referência e contrarreferência para
acompanhamento e reabilitação das pessoas acometidas (Fortaleza, 2001). Neste sentido,
destacou-se a realização de ações educativas em praças municipais, divulgação sistemática do
tratamento evidenciando a cura da doença e a distribuição de folders (Fortaleza, 2001).
Desde 1992 aponta-se a centralização do diagnóstico em Unidades de Referência,
responsáveis por 90,0% da detecção de casos novos (Fortaleza, 2001, 2006), como um aspecto
importante para a fragilização do controle. A centralização do processo pode trazer
desdobramentos como o abandono do tratamento em decorrência da distância entre a residência
da pessoa acometida e o local de atendimento, além da subutilização das unidades de saúde na
APS. Anteriormente, as referências para os territórios eram o CDERM e o Ambulatório do
Hospital Universitário Walter Cantídio como equipamentos de atenção especializada e 5
unidades da APS, sendo duas delas pertencentes à Regional V. A vigilância dos contatos era
realizada parcialmente pelas unidades de saúde municipais, mas de forma não sistematizada em
todos os territórios (Fortaleza, 2006).
Neste sentido, demarcava-se como um dos objetivos a ampliação do acesso ao
diagnóstico e tratamento por meio da APS e formação de profissionais de saúde (Fortaleza,
2001, 2006). Observa-se um avanço significativo quando comparada àquela publicação
realizada em 2001, onde hoje, praticamente todas as unidades de saúde são consideradas aptas
para o diagnóstico e cuidado em hanseníase. Apontava-se também no âmbito da hanseníase, a
importância de incentivos destinados à reestruturação dos “Hospitais Colônias” no componente
de Implantação de Ações e Serviços de Saúde (Fortaleza, 2001, 2007). O Boletim enfatizava,

46
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
ainda, a necessidade da integração entre vigilâncias, a importância do tratamento
descentralizado e a participação comunitária (Fortaleza, 2001).
A implementação da poliquimioterapia possibilitou o uso do critério de alta por
cura ao fim do esquema terapêutico e de vigilância, resultando em uma redução importante da
prevalência estimada da hanseníase no mundo. Entretanto, casos novos continuaram surgindo,
indicando a manutenção da transmissão de M leprae e a necessidade do surgimento de novas
estratégias para enfrentamento da doença (OMS, 2021). O Boletim (2001) preconizava a
garantia de recursos para medicamentos, insumos e infraestrutura, com priorização da temática
nos planos municipais e estaduais de saúde (Fortaleza, 2001). O financiamento destas ações foi
retomado nos planos municipais enquanto componentes estratégicos da assistência
farmacêutica (Fortaleza, 2001, 2006, 2007).
Quanto à educação permanente, estratégias de formação de profissionais de saúde
da APS por meio de especializações e a promoção da integração da temática nas universidades
e centros formadores já eram recomendadas. Pesquisas sobre aspectos psicossociais e
educacionais e inclusão do tema em escolas também foram consideradas prioridades.
Colaboração com entidades como o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela
Hanseníase (MORHAN) também foram citadas (Fortaleza, 2001, 2006, 2007).

47
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

INTERVENÇÕES DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NOS SERVIÇOS DE


SAÚDE - CONEXÃO ENTRE UNIVERSIDADE E SERVIÇOS DE SAÚDE

Destaca-se mais recentemente a parceria entre a Universidade Federal do Ceará e a


Fundação NHR Brasil com a composição de pesquisas estratégicas no município de Fortaleza
como: “Conhecimentos, atitudes, práticas e percepções relativos à hanseníase em contextos de
hiperendemicidade no Brasil (CAPP-HANS Brasil)”, “Profilaxia pós-exposição à hanseníase
aprimorada (Programa PEP++): Protocolo de ensaio clínico para avaliar a interrupção das taxas
de transmissão de M. leprae em contatos de pessoas com hanseníase nas cidades de Fortaleza
e Sobral, Ceará” e “Fortalecimento da temática hanseníase na Universidade - ampliar e
fortalecer o diagnóstico e tratamento da hanseníase no estado do Ceará”.
O Estudo CAPP-HANS1, desenvolvido no período de 2018 a 2020, permitiu
observar que há uma clara relação entre conhecimento e nível de estigma e distanciamento
social das pessoas participantes. No geral, há maior desconhecimento sobre causa e transmissão
da doença entre as pessoas acometidas, contatos domiciliares e extradomiciliares e membros de
comunidade, repercutindo nos níveis de estigma antecipados, principalmente entre os casos de
referência. Justificou-se, portanto, maior estigma comunitário e distanciamento social, em
especial nas questões associadas ao cuidado de filhos(as).
O estudo observou ainda que, no que se refere a sinais e sintomas, há forte
associação da doença essencialmente a manchas na pele e pouca correlação com a perda de
sensibilidade, principal característica da doença pela sua base neurológica. Isto facilita a
confusão dos sinais e sintomas com outras doenças como micoses superficiais (“pano branco”
e “impingem”), dificultando a procura pelo serviço de saúde e o alcance do diagnóstico precoce.
Já entre profissionais de saúde, ensino superior e ACS, denota-se o conhecimento classificado

1
O CAPP-HANS realizou aplicação de instrumentos parar medir a percepção do estigma e de empoderamento em
relação a hanseníase entre grupos que interagem diretamente com a doença e as pessoas diagnosticadas. Escalas
como: Social distance scale (SDS); Explanatory model interview catalogue stigma scale (EMIC-SS); Explanatory
model interview catalogue community stigma scale (EMIC-CSS); e escala de Empoderamento, foram utilizadas
na coleta de dados do estudo. Há um guia de acesso aberto para aplicação dessas escalas disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/337315818_Guia_de_Aplicacao_das_Escalas_de_Estigma_EMIC.

48
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
como adequado e alto, mesmo com diferenças na associação à perda de sensibilidade como
principal sintoma.
Os ACS do município de Fortaleza possuíam maiores níveis de estigma, mas
menores de distanciamento social. Reconheceu-se como preocupante a não completa
associação da perda de sensibilidade à doença, bem como as pontuações acerca de estigma e
distanciamento social. Para fins comparativos, a segunda etapa está prevista para o segundo
semestre de 2025 visando verificar se as intervenções em saúde realizadas durante o intervalo
das duas pesquisa, seja na formação de profissionais ou na educação em saúde junto a casos,
contatos e comunidade, foram estratégias efetivas para mudanças em conhecimentos, práticas,
percepções e atitudes destes públicos, assim como para redução do estigma frente à hanseníase.
As intervenções em saúde foram realizadas principalmente por meio do “Programa
PEP++” e do “Fortalecimento da Temática Hanseníase na Universidade - Ampliar e fortalecer
o diagnóstico e tratamento da hanseníase no estado do Ceará”. O Programa PEP++ foi um
ensaio clínico para avaliar a interrupção das taxas de transmissão de M. leprae em contatos de
pessoas com hanseníase a partir da administração de rifampicina em dose única ou rifampicina
e claritromicina associadas, em três doses. Para ser implementado, o programa abordou
profissionais de saúde do nível técnico ao superior, visando fomentar a temática nas unidades
de saúde, além de ter realizado a busca ativa de casos, a avaliação dos contatos com a equipe
da ESF e momentos de educação em saúde na comunidade. A pesquisa continua sendo
implementada no município por meio do acompanhamento sistemático dos contatos que
receberam a profilaxia.
Como parte da ampliação e implementação das estratégias efetivas no âmbito da
hanseníase, destaca-se o Projeto “Fortalecimento da Temática Hanseníase na Universidade -
Ampliar e fortalecer o diagnóstico e tratamento da hanseníase no estado do Ceará”, que busca
integrar a promoção e o fortalecimento da educação permanente em hanseníase com foco nas
interfaces ensino-serviço. A proposta visa contribuir com o avanço nas ações de vigilância e
controle em áreas prioritárias no estado do Ceará, com padrões de hiperendemicidade para a
hanseníase. Além de objetivar o fortalecimento da inserção da temática da hanseníase em
universidades públicas, a proposta busca também potencializar a identificação e formação de
agentes multiplicadores para ações de formação e educação permanente em hanseníase. De

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
modo ainda mais preciso, ampliar a capacidade de detecção oportuna de casos e de investigação
e avaliação de contatos de casos de hanseníase no âmbito dos territórios da APS.
Com vigência inicial estabelecida no período de dezembro de 2020 o projeto
permanece em execução até outubro de 2025. Foram realizadas 96 oficinas com 1.529 ACS
formados, cujos tópicos abordados consistiam em: classificações operacionais da hanseníase,
formas de transmissão e tratamento, uma abordagem sobre o conceito e resgate histórico do
estigma, além de, a partir da vivência no território, propor discussão sobre estratégias para o
enfrentamento do estigma e discriminação entre pessoas diagnosticadas com hanseníase.
Durante esse período iniciou-se a estratégia de Matriciamento ou Apoio Matricial
(AM) em hanseníase. Trata-se de uma nova forma de produzir saúde onde, pelo menos, duas
equipes (equipe matriciadora e equipe referência), conectam-se no intuito de ofertar um serviço
de qualidade e eficaz por meio do processo técnico-pedagógico e da corresponsabilização entre
as equipes. O AM visa tanto retaguarda assistencial quanto suporte técnico-pedagógico às
equipes de referência. Trata-se de um método de trabalho complementar, previsto em sistemas
hierarquizados, que envolve conceitos de referência e contrarreferência, protocolos e centros
de regulação, com forte potencial de fortalecer as redes de atenção e sua resolutividade a partir
da APS.
Apesar de a expressão ter surgido há mais de 30 anos, ainda na década de 1990, há
lacunas na compreensão do verdadeiro conceito e de suas potencialidades no campo da saúde
para a melhoria do atendimento das pessoas usuárias do SUS, além da sua importância como
ferramenta de fortalecimento da APS. Revisando a literatura científica, observa-se que há
diversas publicações envolvendo matriciamento no âmbito da saúde mental, porém, existem
poucas produções que abordam a importância do AM no enfrentamento à hanseníase.
A hanseníase segue como importante problema de saúde pública no Brasil, que
ocupa a segunda posição mundial em número de casos novos, com cerca de trinta mil novos
diagnósticos por ano. Além da complexidade clínica e diagnóstica, soma-se o fato de a temática
não ser adequadamente contemplada nas matrizes curriculares das graduações na área da saúde.
Muitas pessoas que atuam como profissionais da APS declaram não se sentirem seguras e ou
preparadas para compor o processo de diagnóstico e, tampouco, de conduzir uma pessoa
acometida, o que acaba resultando em diagnósticos tardios, já com sequelas irreversíveis,
contribuindo também para o aumento do estigma e dos contextos de vulnerabilidade social.

50
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
A proposta do matriciamento em hanseníase considera um contexto não particular
ao estado do Ceará, mas dos profissionais da área médica em contexto geral. Ou seja, apesar da
atuação na APS, devido às problemáticas destacadas anteriormente, acabam encaminhando as
pessoas acometidas por hanseníase para atendimento em Centros de Referência que, por sua
vez, encontram-se com problemas de demanda excessiva e apresentam maior dificuldade na
realização das ações vigilância epidemiológica nos territórios de vida de contatos pela própria
natureza do serviço. Diante do exposto, observa-se uma necessidade premente e, ao mesmo
tempo, desafiadora de aumento do processo de descentralização do cuidado das pessoas com
hanseníase. Um possível caminho para concretização desse processo seria o fortalecimento da
APS com a implementação do apoio matricial em hanseníase na UAPS.
Profissionais que passaram pelo processo formativo seguiram com o aprendizado
por meio de teleconsultorias via prontuário eletrônico (Fastmedic®), processo denominado de
“2° opinião” que oportuniza a consulta ou retirada de dúvidas frente a casos clínicos mais
complexos. Ressalta-se que a 2ª opinião para dermatologia e especialmente, para hanseníase,
advém da percepção da necessidade da continuidade da formação após o primeiro encontro com
profissionais de saúde (médicos/as e enfermeiros/as) e do maior cuidado e atenção com a pessoa
acometida.
Durante o processo de matriciamento foram formados profissionais médicos(as) e
enfermeiros(as) das unidades de saúde das seis CORES do município de Fortaleza. Destaca-se
também um total de 312 casos de hanseníase diagnosticados em 2024, sendo 155 nas UAPS e
156 em Equipamentos de Atenção Secundária.
Além disso, foram promovidos cinco eventos técnico-científicos, entre seminários
e encontros. Entre eles, citam-se: “Seminário diagnóstico e acompanhamento da pessoa
acometida por hanseníase: um olhar atento e cuidadoso”, realizado em parceria com a Secretaria
Municipal de Saúde de Fortaleza, que reuniu 130 profissionais da APS; “I Encontro Acadêmico
de Ligas e Ações de Extensão Universitária em Hanseníase” com 51 participantes e 10 ligas
acadêmicas de diversas áreas da saúde, como infectologia, enfermagem e Saúde Coletiva, entre
Universidades Públicas e Privadas; além do “I Seminário de Integração Ensino-Serviço em
Hanseníase” que contou com a presença de 70 participantes.
Ainda nas Universidade Públicas, destaca-se também a inclusão da Sessão de Saúde
Coletiva sobre hanseníase no Internato de Saúde Coletiva (ISCol) do curso de Medicina da

51
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
UFC. Essa é considerada uma ação estratégica de interfaces da Saúde Coletiva na APS para
formação médica e controle de doenças negligenciadas, neste caso, da hanseníase. As atividades
iniciaram-se em maio de 2023, com alcance de 323 discentes até maio de 2024, incluindo
sessões de reconhecimento de território, triagem dermato-neurológica, discussão de casos e
estratégias de vigilância/educação em saúde.
Neste contexto, as ações desenvolvidas no município de Fortaleza inserem
elementos importantes definidos na Estratégia Nacional para Enfrentamento a Hanseníase
(2024-2030), como a recomendação da importância de articulação e parceria entre instituições
de ensino e saúde, qualificação da equipe multidisciplinar, apoio matricial, educação
permanente para detecção precoce, além da qualificação de profissionais de saúde e da
assistência social com ações de enfrentamento ao estigma e à discriminação em relação à
doença e fortalecimento da inclusão social (Brasil, 2024).
A qualificação do cuidado às pessoas acometidas pela hanseníase, especialmente
na APS, facilita o acesso ao diagnóstico, tratamento e possibilita a formação do vínculo de
modo a viabilizar a qualidade da assistência e reduzir os níveis endêmicos da doença. Embora
haja entraves, ações destinadas ao fortalecimento da APS mostram-se eficientes no
enfrentamento da doença, considerando seu papel na promoção de intervenções holísticas, com
colaboração interprofissional e integrada que aborde questões clínicas, sociais e psicológicas
(Alves et al, 2022; Cabral et al, 2024).
Para uma condição crônica como a hanseníase, os resultados são verificados a
médio e longo prazos, e requerem uma linha de cuidado bem estrutura e em constante
monitoramento e avaliação de seus efeitos para as pessoas acometidas nas redes de atenção.

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

AUTOCUIDADO EM HANSENÍASE: UMA INTERVENÇÃO COLETIVA


ESTRATÉGICA NO ENFRENTAMENTO A HANSENÍASE

O autocuidado é um processo essencial para minimizar ou prevenir consequências


da hanseníase e que a aderência às orientações com o cuidado do próprio corpo demanda, além
da informação, a internalização de conceitos que possam favorecer a compreensão das possíveis
alterações na imagem corporal que a hanseníase pode causar (Batista; Vieira; De Paula, 2014).
Ressalta-se que a hanseníase é uma condição crônica, em que os grupos de apoio para o
autocuidado se constituem em um espaço oportuno para o ensino-aprendizagem de forma
compartilhada (Camargo-Borges; Japur, 2008; De Sousa; Da Silva; Brasil-Xavier, 2018).
O grupo de autocuidado é um espaço em que pessoas com necessidades e interesses
similares buscam o conhecimento e empoderamento para cuidarem de seus problemas por meio
do apoio do grupo, utilizando recursos próprios e os da comunidade. Trata-se de um movimento
que permite trocar e compartilhar experiências fortalecendo cada pessoa participante (Brasil,
2010).
Na perspectiva do autocuidado, a redução ou prevenção das consequências
causadas pela hanseníase pode ser resultado da adesão a orientações de cuidados básicos com
o próprio corpo. Demanda além da informação, a internalização de conceitos que possam
favorecer a compreensão das possíveis alterações na imagem corporal que a hanseníase pode
causar (Batista; Vieira; De Paula, 2014).
Nesse espaço, a educação em saúde é uma ferramenta potente, pois pode ser vista
como um campo de práticas sociais estabelecidas pelos profissionais de saúde entre si, com a
instituição e, sobretudo, com a pessoa usuária. Trata-se de um processo educativo de construção
de conhecimentos, por meio de práticas que contribuem para aumentar a autonomia das pessoas
no cuidado em saúde, buscando potencializar o exercício do controle social sobre as políticas e
os serviços de saúde, para que respondam às necessidades da população. Assim, tem como
objetivo promover a inclusão social e a autonomia individual e coletiva (Pinafo; Nunes;
Gonzalez, 2012). Embora seu papel seja reconhecido, verifica-se na prática muitas dificuldades
para implantação e sustentação, inclusive em áreas de grande endemicidade para hanseníase.

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Em consonância com a perspectiva global, a Estratégia Nacional para
Enfrentamento da Hanseníase 2019-2022, que tem como objetivo reduzir a carga de hanseníase
no país, desvela a formação dos GAC como uma das ações chaves no pilar relacionado ao
enfrentamento da hanseníase e suas complicações bem como da inclusão social por meio do
enfrentamento ao estigma e discriminação (Brasil, 2019).
Neste sentido, ressalta-se que os GAC devam ter um importante papel na promoção
do empoderamento, autonomia, autocuidado necessária ao rompimento de ciclos de pobreza,
adoecimento e incapacidades.
Corroborando com a portaria, o Ministério da Saúde lançou como norma técnica o
Guia de Apoio para Grupos de Autocuidado em Hanseníase, salientando a importância da
organização e formação de Grupos de Auto Cuidado (GAC). Estes foram compreendidos como
fundamentais na promoção da saúde, humanização do cuidado e integração entre a rede de
saúde e pessoas usuárias favorecendo a atenção integral e humanizadora às pessoas acometidas.
(Brasil, 2010). O Guia possui como objetivo a superação das limitações, estimulando a troca de
experiências, formação de consciência de risco, mudanças de atitudes quanto ao autocuidado e
fortalecimento da autonomia biopsicossocial e autoestima por meio de orientações e sugestões
práticas para o desenvolvimento das atividades no grupo e norteando sua organização e
implementação (Brasil, 2010).
A equipe multiprofissional de saúde deve estar sensibilizada para orientar o
autocuidado logo após o diagnóstico, fornecendo instruções sobre cuidados com a proteção da
face, olhos, nariz, pele, mãos e pés, além da prescrição de exercícios para fortalecimento da
musculatura de membros superiores e inferiores.

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

OLHAR ATENTO E CUIDADOSO: ATUAÇÃO MULTIPROFISSIONAL

A abordagem multiprofissional no contexto da hanseníase é necessária para


garantia do cuidado integral e olhar ampliado do sujeito. Esta perspectiva converge com a
definição de saúde preconizada como completo bem-estar físico, mental e social, que se
constitui enquanto direito fundamental a todo ser humano (WHO, 1946). Para além, a
perspectiva global de saúde em suas diferentes dimensões inclui a manutenção e dinamicidade
das questões sociais, mentais e físicas influenciadas diretamente por questões políticas e
econômicas (Schramme, 2023). No âmbito da hanseníase, as repercussões do processo de saúde
doença são potencializadas pela vulnerabilidade social e programática que afetam as pessoas
acometidas (Souza et al., 2018).
Embora não esteja vinculada primariamente à ocorrência de óbitos, as complicações
decorrentes da hanseníase propõem-se como medida de gravidade ampliadas. Há, portanto, um
desafio relacionado à qualidade do cuidado e atenção em saúde destinado à doença (Brasil,
2025b), especialmente na ocorrência de reações hansênicas que elevam os riscos de danos
neurais, muitas vezes irreversíveis, (Brasil, 2022) e são desencadeadas e mantidas por alguns
fatores clínicos como gravidez, alterações hormonais, coinfecções, parasitoses, baixa qualidade
da saúde bucal, estresse físico e psicológico (Penna et al., 2014). Quanto ao aspecto psicossocial
da doença remete-se a medo, solidão e ansiedade decorrentes do diagnóstico que em conjunto,
contribuem diretamente na qualidade de vida, no autocuidado, no sistema imunológico e no
desenvolvimento de incapacidades físicas (Santos et al., 2015).
Isto evidencia a importância do acesso ao diagnóstico e tratamento em tempo
oportuno, especialmente em crianças menores de 15 anos (Brasil, 2025b). Desta forma, ao ser
diagnosticada, os serviços de saúde devem destinar esforços para garantia da integralidade e
longitudinalidade do cuidado, objetivando para além da cura microbiológica (Souza et al.,
2018). Neste aspecto, o PDCT recomenda a garantia do acesso a todos os serviços de saúde nos
diferentes níveis de complexidade, seja na prática curativa, na prevenção e reabilitação de
incapacidades e/ou cuidado psicossocial e/ou quaisquer outras demandas das pessoas
acometidas (Brasil, 2022).

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
A multidimensionalidade do sujeito pode ser abordada a partir da integralidade,
princípio-diretriz do SUS imbricado na rede de atenção em saúde, especialmente na APS. Esta
visa o cuidado como categoria comum a diferentes formações da saúde, permeando o sujeito
enquanto ser holístico, biopsicossocial e considerando o acesso a todos os níveis do sistema de
saúde (Carnut, 2017).
Para isso, é necessária a composição de equipes multiprofissionais (atualmente,
dentro da proposta eMulti, Ministério da Saúe) que atuem, no âmbito individual e coletivo, na
prevenção de doenças, promoção da saúde, além da vigilância e formação profissional,
especialmente no contexto da hanseníase na APS (Brasil, 2023). A presença de estratégias e/ou
tecnologias que ampliam a capacidade resolutiva e assistencial da APS como o matriciamento
em saúde, segunda opinião, o acesso à teleconsulta e aos demais equipamentos de saúde da
rede, dentre outras, são importantes neste contexto.
Dito isto, alguns aspectos são fundamentais a atuação dos profissionais de saúde no
âmbito da hanseníase, tais como:

ASPECTO ESTRATÉGIA

Comunicação clara, adequada e sensível Sugestões de perguntas norteadoras:


sobre a condução do processo saúde doença,
1. Você já tinha escutado falar sobre a
tornando o sujeito protagonista do seu hanseníase?
2. Você poderia me explicar o que
cuidado.
compreendeu sobre a doença?
3. Você poderia me contar o que você
sabe sobre a transmissão?
4. Como você tomará esses remédios
em casa?
5. Se houver alguma dúvida, anote ou
grave uma mensagem de voz e
conversamos na próxima consulta.

Escuta e acolhimento dos anseios e medos Sugestões de perguntas norteadoras:


das pessoas acometidas e familiares
1. Tem algo que te incomode sobre a
doença?
2. Você tem receio ou medo de algo?

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
ASPECTO ESTRATÉGIA

Identificação de possível rede de apoio no Durante a investigação dos contatos é


possível identificar as pessoas com as quais
contexto familiar e social
há convívio.

Sugestões de perguntas norteadoras:

1. Você conversa com alguém sobre as


suas condições de saúde?
2. Há alguém na sua casa, trabalho,
com quem você conviva que você
pode contar/apoiar?
3. Essa(s) pessoas podem te ajudar a
lembrar de tomar o remédio, vir às
consultas?

Durante o acompanhamento da pessoa diagnosticada é importante que dúvidas,


crenças e percepções sobre a doença sejam esclarecidas e que a equipe de profissionais de saúde
forneça apoio/suporte na comunicação a membros da família, quando necessário (Brasil, 2022).
O compartilhamento de conhecimentos sobre a doença e o apoio psicossocial são fundamentais
para potencializar a qualidade da atenção prestada e melhorar o direcionamento das
intervenções (Brasil, 2022).
São recomendados ainda o uso de escalas como Escala de Estigma para Pessoas
Acometidas pela Hanseníase (EMIC-AP) (Oliveira et al., 2019) e Escala de Participação
(Brasil, 2018) e escala de conhecimentos, atitudes e práticas para facilitar estes processos. Foi
produzido pela Universidade Federal do Ceará em parceria com a Fundação NHR-Brasil o Guia
de Aplicação das Escalas de Estigma (EMIC), disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/337315818_Guia_de_Aplicacao_das_Escalas_de_E
stigma_EMIC, como estratégia importante para identificação do estigma e elaboração de ações
para melhoria no acolhimento e gestão do cuidado em cada nível de atenção à saúde.
No âmbito da relação entre nutrição e doenças infecciosas, a resposta imunológica
mediada pelo estado nutricional pode ser fator determinante para o risco e prognóstico que,
especialmente quando associada aos efeitos dos fármacos da hanseníase como anemia, aumento
da glicose e elevação da pressão arterial (Penteado et al., 2012). Aspecto agravado pelas

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
condições socioeconômicas desfavoráveis que afetam pessoas acometidas (Teixeira et al.,
2019).
Assim, a promoção de uma alimentação saudável alicerçada em alimentos in natura
ou minimamente processados; uso de pequenas porções de fontes de gordura; consumo limitado
de alimentos processados e ultraprocessados, bem como o consumo de água em quantidades
adequadas são fundamentais (Brasil, 2020). Complementarmente, alimentos ricos em vitaminas
A, E, D, C, B6, e minerais folato, zinco e cobre são importantes para redução do estresse
oxidativo e dano tecidual relacionado à cronicidade da doença, à carga bacilar e as formas de
manifestação do bacilo bem como da poliquimioterapia (Cardona Castro et al., 2019).
Insere-se de forma direta e indireta nestas perspectivas, a saúde bucal. A
odontologia, por sua vez, possui papel fundamental no cuidado à hanseníase, considerando que
focos de infecção dentária, cáries, periodontite, sangramento gengival e a saúde oral
comprometidas aumentam o risco de desenvolvimento de reações hansênicas e,
consequentemente, maior risco de dano neural. Assim, tanto a avaliação odontológica quanto o
tratamento adequado dessas condições são fundamentais para boa condução do cuidado à
pessoa acometida (Brasil, 2022).
Para as incapacidades físicas e melhora da qualidade de vida recomenda-se a
atuação da fisioterapia e terapia ocupacional. Técnicas como mobilização neural,
cinesioterapia, uso de ultrassom e laser e baixa potência, além de alongamentos e facilitação
neuromuscular contribuem significativamente para melhora da dor, da sensibilidade, da força
muscular (Souza; Almeida; Ferreira, 2020). O fortalecimento da musculatura, a redução ou
prevenção das contraturas e manutenção do tônus, integridade e elasticidade da pele configuram
aspectos importantes para prevenção das incapacidades físicas (Álvarez; Filho, 2019). A
orientação e aplicação dessas técnicas impactam diretamente na reabilitação funcional, a
autonomia para as atividades diárias e o autocuidado no domiciliar.
Para além, a atenção ao cuidado farmacêutico durante este período torna-se
fundamental considerando os diferentes medicamentos utilizados e complexidade da doença e
de comorbidades associadas. Embora muitas vezes este(a) profissional esteja vinculado(a)
somente a dispensação do fármaco, sua atuação pode estar relacionada ao acompanhamento
farmacoterapêutico, a revisão da farmacoterapia e a gestão da condição de saúde. A educação
em saúde para o aumento do letramento das pessoas acometidas em tratamento repercute

58
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
potencialmente na redução de problemas relacionados a medicamentos, melhora da adesão e do
nível de conhecimento sobre a doença (Pereira et al., 2023).
Diante da complexidade da hanseníase, permeada por determinantes sociais e
vulnerabilidade, o acesso à equipe multiprofissional e a RAS impacta diretamente no contexto
global de vida do sujeito, inclusive na garantia de direitos. Reconhecer as demandas e
necessidades de saúde da pessoa acometida e promover o acesso aos demais pontos da RAS é
atribuição não somente das competências profissionais citadas, mas de todas as equipes de
profissionais que compõem a rede.

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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

ESTIGMA NO CONTEXTO DA HANSENÍASE

Embora seja uma doença curável e com tratamento gratuito fornecido pelo SUS, a
hanseníase se mantém associada a construções sociais baseadas no estigma, que geram além de
processos de preconceito e discriminação, uma série de outros desdobramentos psicossociais e
econômicos para as pessoas diagnosticadas (Oliveira et al., 2003; Silva et al., 2014; Garbin et
al., 2015). O estigma é uma importante questão a ser discutida, uma vez que, apesar dos avanços
tecnológicos de vigilância, prevenção e tratamento, ainda se configura como uma questão que
persiste e traz consequências significativas para as pessoas que são acometidas pela doença.
Inicialmente, o estigma foi caracterizado como um fenômeno que resulta em uma
“identidade deteriorada” para pessoas que possuem características interpretadas e/ou
consideradas pela sociedade como uma “diferença indesejável”, tornando-os inferiores por suas
condições (Goffman, 2004). Após alguns estudos, o estigma é entendido não somente como um
atributo individual, mas como um processo social, onde essa perspectiva ressalta a natureza
dinâmica e representativa. Destaca-se então o estigma como um produto das interações sociais
e das normas culturais não inerentes à pessoa (Parker; Aggleton, 2001).
É importante salientar que este processo não tem apenas um impacto na percepção
externa do sujeito, mas também influência a sua autoimagem e experiência social, de acordo
com o que foi construído a respeito da hanseníase. Conhecida e relatada pelo termo “lepra”, a
hanseníase sempre permeou a sociedade em distintos períodos históricos (Oliveira et al., 2003).
No passado, a doença era relacionada a castigo divino ou impureza, onde as pessoas
eram expostas a situações e condições discriminatórias, como, por exemplo, soar sinetas para
avisar aos demais que ela estava próxima, ou usar faixas ou vestimentas longas, soltas e de
mangas compridas para cobrir as manchas e as incapacidades físicas decorrentes do avanço da
doença. Na atualidade, as pessoas diagnosticadas ainda enfrentam dificuldades de interação
com as redes de relacionamentos, sejam familiares, sociais, parcerias afetivas, bem como nos
diferentes núcleos e ambientes, tais como o local de trabalho, a escola, a instituição religiosa e
a comunidade.

60
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Os processos também são intrapessoais e interpessoais, podendo gerar negação ao
diagnóstico, afetar a procura, acesso e vinculação no serviço de saúde, influenciar na adesão e
continuidade do tratamento, bem como autoexclusão e isolamento das relações sociais e
comunitárias (Adhikari et al., 2013; Adhikari et al., 2014). Podemos perceber o efeito do
estigma no contexto coletivo, como, por exemplo, no ambiente de trabalho e escolar, podendo
haver constrangimento, exclusão e recusa de emprego ou vaga nas escolas.
É fundamental chamar a atenção para os desdobramentos no cuidado em saúde,
entendendo que a falta de conhecimento sobre a doença pode se desdobrar em situações de
estigma e discriminação. Nessa perspectiva, o diagnóstico tardio, o tratamento inadequado, a
perda de vínculo e retenção do usuário ao serviço e à equipe são exemplos desse processo, o
que torna o desafio de controle e prevenção ainda mais complexos.
Para além da incorporação de estratégias de redução do estigma e seus
desdobramentos nas políticas e programas voltados para a hanseníase, a legislação brasileira
sofreu alterações significativas. Vale destacar a Lei N° 9.010, de 29 de março de 1995, que
altera a terminologia “lepra” e suas variações para o termo “hanseníase” em documentos
oficiais da administração federal e dos Estados-membros. Essa mudança foi impulsionada por
movimentos sociais, sociedade civil e outros atores, que identificaram a terminologia anterior
como discriminatória (Brasil, 1995).
A lei sinaliza uma importante tentativa de reduzir o estigma milenar que atravessa
a doença ao reconhecer termos que reproduzem preconceito e discriminação. Dado que a
linguagem molda as crenças e pode influenciar comportamentos, a mudança de sistemas
simbólicos (palavras, imagens e práticas) é crucial para modificações sociais, tendo em vista
que esses elementos atuam na desigualdade e nos sistemas de hierarquia presentes na estrutura
social, constantemente reforçados pelo estigma (Bourdieu; Passeron, 2008).
O Brasil se destaca mundialmente como o único país a adotar a substituição e
extinção de diversas terminologias como “doente de lepra”, “leprologista”, “leprosário”,
“leprocômio” por expressões mais adequadas, como “pessoa diagnosticada com hanseníase”,
“hansenologista”, “Centro de Dermatologia”, entre outros. Abaixo estão alguns termos
utilizados que, embora não estejam incluídos na Lei n° 9.010/95 (Brasil, 1995), devem ser
evitados considerando as suas representações (Quadro 1).

61
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

Quadro 2 - Termos a serem evitados e termos recomendados para o enfrentamento ao estigma no contexto da
hanseníase. Fortaleza, 2025.

TERMOS A SEREM
JUSTIFICATIVA TERMOS RECOMENDADOS
EVITADOS

Lepra, leproso, lazarento Lei n° 9.010/95 Pessoa com ou diagnosticada com


hanseníase;
Pessoa em tratamento para
hanseníase.

Portador de hanseníase Não utilizar portador, termo que Pessoa com ou diagnosticada com
traz a ideia de portar algo perigoso. hanseníase;
Pessoa em tratamento para
hanseníase.

Contaminado Ideia de sujeira, impureza, utilizar Pessoa com ou diagnosticada com


somente para objetos e não para hanseníase;
pessoas. Pessoa em tratamento para
hanseníase.

Mão em garra Atribuição de características Deformidade em flexão dos dedos


animalescas a pessoas com ou Contratura dos dedos;
sequelas devido ao avanço da Incapacidades físicas móveis ou
doença. fixas.

Mão de macaco Atribuição de características Alteração na preensão palmar ou


animalescas a pessoas com Disfunção da musculatura
sequelas devido ao avanço da intrínseca da mão;
doença. Incapacidades físicas móveis ou
fixas.

Mão simiesca Atribuição de características Alteração na oposição do polegar


animalescas a pessoas com ou Déficit motor da mão
sequelas devido ao avanço da Incapacidades físicas móveis ou
doença. fixas;

62
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Face leonina Atribuição de características Face com infiltrações;
animalescas a pessoas com Rosto, testa, orelhas infiltradas.
mudanças corporais devido ao
avanço da doença.

Doença incurável Tratamento completo com Promover que a hanseníase tem


poliquimioterapia como tratamento e tem cura
responsável pela cura bacteriológica.
bacteriológica.

Fonte: Autoria própria (2025).

Ao longo da história da doença, foram construídos conhecimentos, impressões,


percepções, condutas e diversas abordagens a respeito da hanseníase, muitas das quais
persistem nos dias de hoje. Desse modo, é necessária a ampliação do debate sobre a hanseníase
para a sociedade, com informações que sejam de qualidade e livres de preconceito ou atitudes
discriminatórias que retroalimentam o estigma e seus desdobramentos, dificultando a plena
aceitação social das pessoas diagnosticadas e de seus familiares.
O diagnóstico da hanseníase pode expor pessoas a situações de preconceito e
discriminação. Para garantir a proteção contra a exposição indevida dessas informações foi
sancionada a Lei N° 14.289/2022, em 3 de janeiro de 2022, que torna obrigatório o sigilo do
diagnóstico para pessoas com hanseníase e outras infecções estigmatizadas, como o HIV e a
tuberculose (Brasil, 2022). Essa legislação estabelece-se enquanto mecanismo de proteção para
casos de publicização do diagnóstico em serviços de saúde, estabelecimentos de ensino, local
de trabalho e outros espaços, quando realizada sem o consentimento da pessoa e com propósito
de de gerar constrangimento. Nestes casos, a lei aplica penas pecuniárias (sanções e suspensões)
e indenizações pelos danos morais causados.
Entende-se que o objetivo primordial é naturalizar não só a temática, mas o
diagnóstico da hanseníase de modo que as pessoas se sintam confortáveis em compartilhar seu
processo de saúde-doença sem receio de passarem por situações de preconceito e discriminação.
No entanto, em alguns casos, a existência de dispositivos legais torna-se fundamental para
resguardar a integridade de sujeitos afetados pelo estigma, sempre na perspectiva da garantia
de direitos e minimizando os impactos sociais negativos.

63
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
Outro ponto a ser destacado é o estigma reproduzido por profissionais da saúde,
relatado pelas pessoas que são diagnosticadas com a doença. O acolhimento é a principal
abordagem para enfrentar práticas discriminatórias, como a evasão do contato físico, o
distanciamento da pessoa acometida, compartilhamento segregado de utensílios e o uso de
terminologias preconceituosas. Profissionais que atuam na APS e na rede de referência devem
estar atentos aos relatos de ações discriminatórias, uma vez que podem trazer impactos e
desdobramentos significativos na vida da pessoa acometida pela doença. A responsabilidade
compartilhada de diferentes profissionais é fundamental para promoção de práticas de cuidado
e acolhimento, garantindo vinculação com a equipe e a unidade, além da adesão ao tratamento.
A prática de informar os direitos constitucionais, especialmente neste contexto, pode ser um
importante enfrentamento a atividades de preconceito e discriminação.
Busca-se trazer nesta breve seção a perspectiva da importância de uma
universalização da preocupação com o estigma relacionado à hanseníase, elencando palavras,
contextos e posturas discriminatórias, que atuam na reprodução da desigualdade, exclusão ou
restrição, impedindo o exercício de direitos em igualdade de condições. A necessidade da
democratização de informações, para além de espaços institucionais, atuando junto à
comunidade, à pessoa acometida e seus familiares, a profissionais de saúde e diversos outros
atores sociais, para fomentar o entendimento sobre o tema e promover a desconstrução de mitos,
medos, preconceito e discriminação. A complexidade da hanseníase destaca que é necessário
constantemente reativar discussões e perspectivas em resposta a questões que pareciam
superadas, mas que estão presentes ainda hoje.

64
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

O cenário demonstrado neste boletim objetiva apontar diferentes perspectivas


epidemiológicas sobre a hanseníase no município de Fortaleza, além de gerar evidências
importantes para o planejamento e gestão de estratégias preventivas, de controle e vigilância do
agravo. Alinhando-se às metas nacionais, busca-se também a abordagem de outras dimensões
importantes para a resposta a hanseníase como o enfretamento do estigma e discriminação,
acesso e fortalecimento dos diferentes pontos da Rede de Atenção à Saúde, principalmente da
Atenção Primária a Saúde enquanto coordenadora do cuidado.
Elucidando os princípios da universalidade, equidade e integralidade, temos como
meta a garantia de um cuidado integral e longitudinal das pessoas e seus familiares afetados
pela hanseníase, partindo do pressuposto que há outros elementos para além das questões
biológicas que se relacionam com o processo de adoecimento e que devem fazer parte das
agendas estratégias (Barbosa et al., 2008). As diferentes dimensões da vulnerabilidade e
complexidade clínica da doença constroem um cenário que requer diferentes ações
intersetoriais e interdisciplinares para uma resposta efetiva que contemple também a
perspectiva de promoção e garantia de direitos.
Atualmente o Brasil é signatário dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
(ODS), recomendados pela Organização das Nações Unidas (ONU) que visam um movimento
global de sustentabilidade ambiental e bem-estar das pessoas até 2030 (PNUD, 2015). A
resposta para hanseníase e outras DTN, estimulam o desenvolvimento de ações que visam à
garantia da saúde e do bem-estar para todas as pessoas (ODS 3), além de outras estratégias
fundamentais como a redução das desigualdades (ODS 10) e educação de qualidade (ODS 4)
(WHO, 2020; WHO, 2025).
Para o alcance desses e outros ODS, o Brasil implementa através do Programa
Brasil Saudável (Unir para Cuidar), uma série de ações importantes com o apoio do Comitê
Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas
Socialmente (CIEDDS), instituído em 2023, como uma articulação que visa a eliminação da
hanseníase e outros agravos prevalentes no país, que se relacionam com indicadores de
determinação social.

65
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Portaria GM/MS nº 635, de 22 de maio de 2023 Institui, define e cria incentivo
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66
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
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67
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA

HANSENÍASE
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68
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
APÊNCIDE A – LISTA DE UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE DE
FORTALEZA COM ENDEREÇO E CONTATO TELEFÔNICO, ABRIL DE 2025

CORES UAPS ENDEREÇO TELEFONE

RUA ALBERTO OLIVEIRA S/N –


I AIRTON MONTE (85) 3433-8629
JARDIM IRACEMA

RUA JACINTO DE MATOS, 944


I CARLOS RIBEIRO (85) 3452-6373
– JACARECANGA

AV FRANCISCO SÁ, 6449 –


I CASEMIRO FILHO (85) 3452-5876
BARRA DO CEARA

FRANCISCO DOMINGOS AV PRES CASTELO BRANCO,


I (85) 3452-6644
DA SILVA 4759 – BARRA DO CEARA

RUA RIO TOCANTINS S/N –


I FERNANDO FACANHA (85)3452-6660
JARDIM IRACEMA

RUA TENENTE JOSE


I JOSÉ IRAGUASSU BARREIRA, 251 – ALVARO (85) 3433-6657
WEYNE

RUA GENERAL COSTA


I GUIOMAR ARRUDA (85) 3452-6377
MATOS, 6 – PIRAMBU

AV DOM ALOISIO
I JOAO MEDEIROS LORSCHEIRDER, 982 – VILA (85) 3452-6646
VELHA

RUA PARQUE VILA VELHA II,


I LINEU JUCÁ (85) 3452-5888
101 – BARRA DO CEARÁ

AVENIDA K, 915 – VILA


I MARIA APARECIDA (85) 3433-9514
VELHA

RUA DA SAUDADE, 364 –


I MARIA CIRINO SOUZA (85) 3212-1325
MOURA BRASIL

69
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
RUA BERNARDO PORTO, 497 –
I PAULO DE MELO (85) 3452-6380
MONTE CASTELO

REBOUCAS RUA CREUZA ROCHA S/N –


I (85) 3105-1060
MACAMBIRA JARDIM GUANABARA

RUA DOUTOR ROBERTO


ZENIRTON PEREIRA DA
I SALES, 475 – BARRA DO (85) 98200-1109
SILVA
CEARA

AV MONSENHOR HELIO
I VIRGÍLIO TÁVORA CAMPOS S/N – CRISTO (85) 3286-2219
REDENTOR

RUA PROFETA ISAIAS, 456 –


I 4 VARAS (85) 3101-2594
PIRAMBU

CONTATO
ANTÔNIO TEIXEIRA DE AV TENENTE LISBOA S/N –
I TELEFÔNICO NÃO
SOUZA CARLITO PAMPLONA
DISPONÍVEL

CONTATO
DOUTOR MIGUEL RUA FREI ODILON S/N –
I TELEFÔNICO NÃO
SCHETTINI NETO FLORESTA
DISPONÍVEL

RUA TRAJANO DE MEDEIROS,


II AIDA SANTOS E SILVA (85) 3433-2734
813 – VICENTE PIZON

RUA JOSE GUILHERME DA


BENEDITO ARTHUR DE
II COSTA, 228 – LUCIANO (85) 3452-1880
CARVALHO
CAVALCANTE

RUA PROF HENRIQUE


II CÉLIO BRASIL GIRÃO (85) 3433-2739
FIRMEZA, 82 – CAIS DO PORTO

AV. PINTOR ANTÔNIO CONTATO


FÁTIMA MARIA
II BANDEIRA, SN – TELEFÔNICO NÃO
QUEZADO FERNANDES
PRAIA DO FUTURO DISPONÍVEL

AVENIDA DA ABOLICAO, 418 –


II FLÁVIO MARCÍLIO (85) 3433-2737
MUCURIPE

70
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
RUA JOSE CLAUDIO GURGEL
II FREI TITO COSTA LIMA, 100 – CAÇA E (85) 3265-7933
PESCA

IRMÃ HERCÍLIA RUA FREI VIDAL, 1821 – SAO


II (85) 3452-1883
ARAGÃO JOAO DO TAUAPE

CONTATO
LIDUÍNA MARIA RUA RAMOS BOTELHO, 601 –
II TELEFÔNICO NÃO
ARAÚJO PAPICU
DISPONÍVEL

RUA CORONEL JUCA, 1636 –


II MIRIAM PORTO MOTA (85) 3452-2315
ALDEOTA

RUA ESPERANTINA S/N –


II ODORICO DE MORAIS (85) 3433-2738
CASTELO ENCANTADO

RUA 25 DE MARCO, 607 –


II PAULO MARCELO (85) 3105-1455
CENTRO

RUA BELISARIO TAVORA, 41 –


II PIO XII (85) 3452-1896
SAO JOAO DO TAUAPE

AVENIDA DAS GRAVIOLAS,


II RIGOBERTO ROMERO (85) 3433-2746
195 – CIDADE 2000

SANDRA NOGUEIRA RUA JOSIAS PAULO DE


II (85) 3452-5403
FAUSTINO SOUSA, 167 – VICENTE PIZON

ANASTÁCIO RUA DELMIRO DE FARIAS,


III (85) 3433-2561
MAGALHÃES 1679 – RODOLFO TEOFILO

CDFAM GILMÁRIO RUA PERNAMBUCO, 1674 –


III (85) 3488-3250
TEIXEIRA PLANALTO PICI

CÉSAR CALS DE RUA PERNAMBUCO, 3172 –


III (85) 3233 -4055
OLIVEIRA FILHO PLANALTO PICI

RUA BANVARTH BEZERRA,


III CLODOALDO PINTO (85) 3433-9745
100 – PADRE ANDRADE

71
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
RUA TOMAS CAVALCANTE,
III ELIÉZER STUDART (85) 3488-3259
545 – AUTRAN NUNES

CONTATO
FÁBIO MARTINS DE RUA GUSTAVO BRAGA, 547 –
III TELEFÔNICO NÃO
LIMA RODOLFO TEÓFILO
DISPONÍVEL

RUA MACEIO, 1354 –


III FERNANDES TÁVORA (85) 3488-3254
HENRIQUE JORGE

FRANCISCO PEREIRA RUA JOSÉ FREITAS DA SILVA,


III (85) 3433.2890
DE ALMEIDA 359 – PICI

RUA TENENTE LIRA, 41 –


III GEORGE BENEVIDES (85) 3105-1086
QUINTINO CUNHA

RUA GENERAL JOAO COUTO,


III HERMÍNIA LEITÃO (85) 3433-9741
470 – QUINTINO CUNHA

RUA HUGO VICTOR, 51 –


III HUMBERTO BEZERRA (85) 3212-1920
ANTONIO BEZERRA

RUA VIGILIO BRIGIDO, S/N –


III IVANA PAES (85) 3238.1851
PRESIDENTE KENNEDY

RUA JULIO BRAGA, S/N – JOÃO


III CICERA CARLA (85) 3488-3258
XXIII

LÍCINIO NUNES DE RUA SEIS, S/N – QUINTINO


III (85) 3237-8574
MIRANDA CUNHA

LUÍS RECAMONDE RUA MARIA QUINTELA, 935 –


III (85) 3488-3252
CAPELO BOM SUCESSO

RUA ARACA, 440 – BOM


III MARIUSA SILVA SOUSA (85) 3281-2698
SUCESSO

RUA PADRE PERDIGAO


III METON DE ALENCAR SAMPAIO, 820 – ANTONIO (85) 3488-3271
BEZERRA

72
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
RUA PROF JOAO BOSCO, 213 –
III SANTA LIDUINA (85) 3433-2569
PARQUE ARAXA

RUA DESEMBARGADOR LUIS


III SOBREIRA DE AMORIM PAULINO, 90 – HENRIQUE (85)3488-1271
JORGE

WALDEMAR RUA SILVEIRA FILHO, 903 –


III (85) 3488-3253
ALCÂNTARA JOCKEY CLUBE

TRAVESSA GOIAS S/N –


IV ABEL PINTO (85) 3452-5191
DEMOCRITO ROCHA

RUA GOMES BRASIL, 555 –


IV ANTÔNIO CÍRIACO (85) 3105-3091
PARANGABA

DOM ALOISO
IV RUA BETEL S/N – DENDE (85) 3131-1945
LORSCHEIDER

CONTATO
DOM JOSE BEZERRA RUA PRIMEIRO DE JANEIRO,
IV TELEFÔNICO NÃO
COUTINHO S/N – PARANGANBA
DISPONÍVEL

CONTATO
DR. RAIMUNDO PONTES RUA DAMASCENO GIRÃO, S/N
IV TELEFÔNICO NÃO
FILHO – JARDIM AMÉRICA
DISPONÍVEL

RUA DOS EUCALIPTOS S/N –


IV FRANCISCO MONTEIRO (85) 3488-3397
DENDE

RUA IRMA BAZET, 153 –


IV GOTHARDO PEIXOTO (85) 3433-5084
DAMAS

RUA MONSENHOR
IV GUTEMBERG BRAUN (85) 3452-5199
AGOSTINHO, 505 – VILA PERY

LUIS ALBUQUERQUE RUA BENJAMIM FRANKLIN,


IV (85) 99849-0604
MENDES 735 – SERRINHA

73
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
RUA MARECHAL DEODORO,
IV LUIS COSTA (85) 3131-7677
1501 – BENFICA

RUA ELCIAS LOPES, 517 –


IV OCELO PINHEIRO (85) 3131-7334
ITAOCA

TRAVESSA RIO GRANDE DO


IV OLIVEIRA POMBO (85) 3433-2965
SUL, S/N – PAN AMERICANO

AV BORGES DE MELO, S/N –


IV ROBERTO BRUNO (85) 3227-9177
FATIMA

RUA GONCALO SOUTO, 420 –


IV TURBAY BARREIRA (85) 3272-4055
VILA UNIÃO

VALDEVINO
IV RUA GUARÁ, S/N – ITAOCA (85) 3131-7338
CARVALHO

ABNER CAVALCANTE RUA JOANA BATISTA, 471 –


V (85) 3452-2468
BRASIL BOM JARDIM

CONTATO
RUA D, EM FRENTE AO
V AGUEDA XEREZ CUNHA TELEFÔNICO NÃO
NÚMERO 23 – JOSÉ WALTER
DISPONÍVEL

RUA GERALDO BARBOSA,


V ARGEU HERBSTER (85) 3452-2495
1095 – BOM JARDIM

RUA JOAO CORONEL


V DOM LUSTOSA CORREIA S/N – GRANJA (85) 3245-9323
LISBOA

V EDMILSON PINHEIRO AV H, 2191 – GRANJA LISBOA (85) 3452-2421

RUA TEODORO DE CASTRO,


V FERNANDO DIOGENES (85) 3488-3240
1087 – GRANJA PORTUGUAL

RUA 106, 345 – CONJ


V GRACILIANO MUNIZ (85) 3433-4913
ESPERANÇA

74
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
GUARANY RUA DR GERALDO BARBOSA,
V (85) 3452-2496
MONT'ALVERNE 3230 – GRANJA LISBOA

CONTATO
DOUTOR HENRIQUE
V RUA SERENA, 242 – SIQUEIRA TELEFÔNICO NÃO
MOTA NETO
DISPONÍVEL

RUA RUBI S/N – JARDIM


V JOÃO PESSOA (85) 3498-4745
JATOBÁ

RUA JUVENCIO PORFIRIO


V JOÃO ELÍSIO HOLANDA (85) 3131-6222
SALES S/N – MONDUBIM

AV SENADOR FERNANDES
JOSÉ GALBA DE
V TAVORA, 3161 – PARQUE (85) 3452-6753
ARAÚJO
GENIBAÚ

TV. JOÃO HENRIQUE, 82 –


V JOÃO MACHADO (85) 3223-0806
PLANALTO AYRTON SENNA

RUA ALFREDO MAMEDE, 250 –


V JOSÉ PARACAMPOS (85) 3433-4919
MONDUBIM

DR LUIZ AUGUSTO AV JOAO DE ARAUJO LIMA,


V (85) 3433-4918
CASTELO BRANCO 1631 – JOSE WALTER

RUA DUAS NAÇÕES S/N –


V JURANDIR PICANÇO (85) 3452-2480
GRANJA PORTUGAL

LUCIANO TORRES DE RUA DELTA, 365 – VILA


V (85) 3433-4922
MELO MANOEL SATIRO

TRAVESSA SAO JOSE, 940 –


V LUIZA TÁVORA (85) 3433-4916
MONDUBIM

RUA 602, 2 – CONJUNTO


V MACIEL DE BRITO (85) 3452-2486
CEARA

75
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
RUA DESEMBARGADOR
V PARQUE SÃO JOSÉ FROTA, S/N – PARQUE SÃO (85) 3483-5451
JOSÉ

RUA GASTAO JUSTA, 215 –


V PEDRO CELESTINO (85) 3433-4915
MARAPONGA

CONTATO
RUA DAS CEREJEIRAS, S/N –
V PEDRO UCHOA TELEFÔNICO NÃO
PRESIDENTE VARGAS
DISPONÍVEL

RUA 541, 150 – CONJUNTO


V PONTES NETO (85) 3259-5414
CEARA

REGINA MARIA RUA ITATIAIA, 889 –


V (85) 3433.5289
SEVERINO CANINDEZINHO

AV. PREF. EVANDRO AYRES


V RÉGIS JUCÁ (85) 2180-7068
DE MOURA, 618 – ARVOREDO

RUA GECI FREITAS


CONTATO
RITA MARIA LEMOS MONTEIRO, EM FRENTE AO
V TELEFÔNICO NÃO
COELHO NÚMERO 67 –
DISPONÍVEL
PARQUE SANTA ROSA

RONALDO
V AVENIDA I, S/N – GENIBAU (85) 3459-1741
ALBUQUERQUE

AV LUIS MONTENEGRO, 485 –


V JOSE DILSON (85) 3105-3342
SIQUEIRA

RUA JOAO AREAS, 1296 – VILA


V VIVIANE BENEVIDES (85) 3105-3169
MANOEL SATIRO

RUA ANTONIO PEREIRA, 1495


V ZÉLIA CORREIA (85) 3452-5125
– PLANALTO AYRTON SENNA

CONTATO
FRANCISCO TAILSON RUA SAMARIA, S/N – BOM
V TELEFÔNICO NÃO
PINHEIRO JARDIM
DISPONÍVEL

76
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
CONTATO
FERNANDO UCHOA AV PAU BRASIL S/N – CIDADE
V TELEFÔNICO NÃO
COSTA JARDIM
DISPONÍVEL

AV. COLETORA CENTRAL III


VI ACRISIO EUFRASINO (85) 4042-3347
S/N – PEDRAS

AVENIDA DOS PAROARAS, 301


VI ALARICO LEITE (85) 3452-9369
– PASSARE

VI ANÍSIO TEIXEIRA RUA GUARANI, 355 – PAUPINA (85) 3433-5285

CÉSAR CALS DE RUA CAPITAO ARAGAO, 555 –


VI (85) 3472-9069
OLIVEIRA AEROLANDIA

RUA H, 251 – PARQUE DOIS


VI EDILMAR NORÕES (85) 3493-7656
IRMAOS

AV ALBERTO CRAVEIRO, 4211


VI EDMAR FUJITA (85) 3452-5130
– DIAS MACEDO

EVANDRO AYRES DE AV CASTELO DE CASTRO, 2842


VI (85) 3269-7477
MOURA – CONJ PALMEIRAS

RUA ISABEL BEZERRA, 410 –


VI FAUSTO FREIRE (85) 3433-7550
PARQUE SANTA MARIA

AV. PROFESSOR JOSÉ ARTHUR


VI GALBA DE ARAÚJO DE CARVALHO, 1351 – LAGOA (85) 3105-1602
REDONDA

AV ENG LEAL LIMAVERDE,


VI HÉLIO GÓES FERREIRA (85) 3452-5714
453 – SAPIRANGA

ESTRADA DO ITAPERI, 146 –


VI JANGURUSSU (85) 2180-6705
PASSARÉ

RUA COELHO GARCIA, 25 –


VI JANIVAL DE ALMEIDA (85) 3105-3095
PASSARÉ

77
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
VI JOÃO HIPÓLITO RUA TRES, 88 – DIAS MACEDO (85) 3105-3200

JOSÉ BARROS DE RUA JOSE NOGUEIRA, 180 –


VI (85) 3105-1562
ALENCAR PEDRAS

RUA ALEXANDRE VIEIRA S/N


VI LUÍS FRANKLIN (85) 3433-5969
– COAÇU

RUA DESEMBARGADOR
MANOEL CARLOS FAUSTINO DE
VI (85) 3452-6092
GOUVEIA ALBUQUERQUE, 486 – JARDIM
DAS OLIVEIRAS

CONTATO
MÁRCIA MARIA RUA ODILON GUIMARÃES,
VI TELEFÔNICO NÃO
MESQUITA VELOSO 1773 – CURIÓ
DISPONÍVEL

R. REINO UNIDO, 115 – JARDIM


VI MARIA DE LOURDES (85) 3452-8160
DAS OLIVEIRAS

RUA EDESIO MONTEIRO, 1450


VI GRASIELA BARROSO (85) 3472-8821
– SANTA FÉ

MARCUS AURÉLIO RUA IRACEMA, 1100 –


VI (85) 3472-8490
RABELO JANGURUSSU

AV DESEMBARGADOR
VI MATTOS DOURADO FLORIANO BENEVIDES, 391 – (85) 3105-1564
EDSON QUEIROZ

VI MELO JABORANDI RUA 315, 80 – SÃO CRISTOVAO (85) 3256-8791

RUA CORONEL GUILHERME


LUCIA DE SOUSA
VI DE ALENCAR S/N – (85) 3474-2637
BELÉM
MESSEJANA

RUA EVILASIO ALMEIDA DE


VI MONTEIRO DE MORAES (85) 3452-6091
MIRANDA S/N – SAPIRANGA

78
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
AVENIDA CHIQUINHA
VI OSMAR VIANA (85) 3269-7827
GONZAGA S/N – JANGURUSSU

OTONI CARDOSO DO RUA JOSE TEIXEIRA COSTA,


VI (85) 3274-8591
VALE 643 – PAUPINA

CONTATO
PADRE ALBERTO AV. DEPUTADO PAULINO
VI TELEFÔNICO NÃO
TROMBINI ROCHA, S/N – CAJAZEIRAS
DISPONÍVEL

RUA IRACEMA, 1516 –


VI PEDRO SAMPAIO (85) 3105-1767
CONJUNTO PALMEIRAS

POMPEU
VI RUA 5, S/N – BARROSO (85) 3269-8142
VASCONCELOS

RUA VERDE CINCO, 71 –


VI SÍTIO SÃO JOÃO (85) 3105-1765
JANGURUSSU

RUA NELSON COELHO, 209 –


VI TEREZINHA PARENTE (85) 3488-3288
LAGOA REDONDA

RUA B, 145 – PARQUE DOIS


VI VICENTINA CAMPOS (85) 3493-4732
IRMAOS

RUA CAPITAO HUGO


VI WALDO PESSOA (85) 98916-1682
BEZERRA, 75 – BARROSO

CONTATO
DR. SERGIO GOMES DE RUA ROUXINOL, S/N – EDSON
VI TELEFÔNICO NÃO
MATOS QUEIROZ
DISPONÍVEL

RUA NOSSA SENHORA DE CONTATO


JOSAFÁ GOMES DA
VI FATIMA, 555 – SÃO TELEFÔNICO NÃO
SILVA
BERNARDO DISPONÍVEL

79
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
APÊNCIDE B – UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE QUE POSSUEM
BACILOSCOPIA E ATENDIMENTO AMBULATORIAL, ABRIL 2025

SERVIÇO
CORES UAPS ENDEREÇO TELEFONE
FORNECIDO

CARLOS RUA JACINTO MATOS,


I (85) 3452-6373 BACILOSCOPIA
RIBEIRO 944 – JACARECANGA

RUA BELISARIO
II PIO XII TAVORA, 41 – SÃO (85) 3452-1896 BACILOSCOPIA
JOÃO DO TAUAPE

CICERA RUA JULIO BRAGA,


III (85) 3488-3258 BACILOSCOPIA
CARLA S/N – JOÃO XXIII

RUA MARECHAL
IV LUIS COSTA DEODORO, 1501 - (85) 3131-7677 BACILOSCOPIA
BENFICA

RUA ALFREDO
JOSÉ
MAMEDE, 250 –
V PARACAMPO (85) 3223-0806 BACILOSCOPIA
PLANALTO AYRTON
S
SENNA

RUA TEODORO DE
FERNANDO
V CASTRO, 1087 – (85) 3488-3240 BACILOSCOPIA
DIÓGENES
GRANJA PORTUGAL

AV ALBERTO
EDMAR
VI CRAVEIRO, 4211 – (85) 3452-5130 BACILOSCOPIA
FUJITA
CONJ. PALMEIRAS

AV ENG LEAL AMBULATÓRIO


HÉLIO GÓES DE HANSENÍASE2
VI LIMAVERDE, 453 – (85) 3452-5714
FERREIRA
SAPIRANGA BACILOSCOPIA

2
O Ambulatório de Hanseníase funciona as terças-feiras no turno da manhã, na UAPS Hélio Goes. São ofertados
serviços de atendimento de pessoas com suspeita ou diagnosticadas com Hanseníase, avaliação de contatos,
Avaliação Neurológica Simplificada (ANS), raspado dérmico, vacina BCG, biópsia de pele e pesquisa de
resistência antimicrobiana.

80
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
APÊNCIDE C – REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE: SERVIÇOS DE ATENDIMENTO
ESPECIALIZADO EM HANSÉNIASE, POLICLÍNICAS E CAPS, ABRIL 2025

CENTRO DE REFERÊNCIA EM HANSENÍASE

CORES SERVIÇO ENDEREÇO TELEFONE

CENTRO DE
I DERMATOLOGIA DONA RUA PEDRO I, 1033 – CENTRO (85) 3101-5452
LIBANIA

HOSPITAL RUA PASTOR SAMUEL


III UNIVERSITARIO MUNGUBA, 1290 – RODOLFO (85) 3366-8167
WALTER CANTIDIO TEÓFILO

HOSPITAL SÃO JOSE DE RUA NESTOR BARBOSA, 315 –


III (85) 3194-6208
DOENÇAS INFECCIOSAS PARQUELÂNDIA

ATENDIMENTO AMBULATORIAL ESPECIALIZADO

CORES SERVIÇO ENDEREÇO FUNCIONAMENTO

AV CARNEIRO DE
LUSMAR VERAS SEG A SEX
III MENDONÇA, 1583 – JOQUEI
RODRIGUES DAS 07H ÀS 19H
CLUB

DR. JOSÉ ELOY DA AV AUGUSTO DOS ANJOS, SEG A SEX


V
COSTA FILHO 2466 - BONSUCESSO DAS 07H ÀS 19H

DR. LUIZ CARLOS AV JUSCELINO KUBISTCHEK, SEG A SEX


VI
FONTENELE 5491 - PASSARÉ DAS 07H ÀS 19H

DR. JOÃO POMPEU RUA ESTRADA DO ITAPERI, SEG A SEX


VI
LOPES RANDAL 146 - PASSARÉ DAS 07H ÀS 17H

REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

81
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
CORES SERVIÇO ENDEREÇO TELEFONE

AV MONSENHOR HÉLIO
CAPS AD DR. AIRTON
I CAMPUS, 1494 – CRISTO (85) 3433-9513
MONTE (24H)
REDENTOR

CAPS GERAL NICE DA RUA SOARES BULCÃO, 1494 –


I (85) 3105-1119
SILVEIRA SÃO GERARDO

RESIDÊNCIA RUA ERETIDES MARTINS, 1516


I (85) 3452-1960
TERAPEUTICA I – VILA ELLERY

RESIDÊNCIA AV PRESIDENTE CASTELO


I TERAPEUTICA MÁRIO BRANCO, 6283 – BARRA DO (85) 3237-4760
CLEITON MARÇAL CEARÁ

HOSPITAL INFANTIL AV FRANCISCO SÁ, 5036 –


I (85) 4005-0707
FILANTRÓPICO SOPAI CARLITO PAMPLONA

CAPS GERAL DR. RUA MAESTRO SILVA NOVO,


II (85) 3105-2632
NILSON DE MOURA FÉ 90 – SÃO JOÃO DO TAUAPE

CAPS AD RUA GISELDA, S/N – CIDADE


II (85) 3105-1625
GLAUCO LOBO (24H) 2000

RUA DONA LEOPOLDINA, 08 -


II CAPS AD II CENTRO (85) 3223-6388
CENTRO

RESIDÊNCIA RUA DOUTOR JOSÉ


II (85) 3101-2590
TERAPEUTICA II LOURENÇO, 2235 - ALDEOTA

82
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE
CAPS GERAL PROF.
RUA FRANCISCO PEDRO, 1269
III GERARDO DA FROTA (85) 3105-3451
– RODOLFO TEÓFILO
PINTO

RUA BERNARDO FIGUEIREDO,


III CAPS AD III (85) 3105-3420
1991 – AMADEU FURTADO

CAPS INFANTIL RUA PORFIRIO SAMPAIO, 1905


III (85) 3105-3721
NOGUEIRA JUCÁ – RODOLFO TEOFILO

IV CAPS AD IV RUA BETEL, 1826 – ITAPERI (85) 3131-1690

AV BORGES DE MELO, 201 –


IV CAPS GERAL IV (85) 3131-1690
JARDIM AMÉRICA

RUA ANTONIO NERY, S/N –


V CAPS AD V (85) 3105-1023
GRANJA PORTUGAL

CAPS GERAL BOM RUA BOM JESUS, 940 – BOM


V (85) 3245-7956
JARDIM JARDIM

RESIDÊNCIA RUA EMILIO DE MENEZES,


V (85) 3497-4885
TERAPEUTICA V 1245 – BOM SUCESSO

UNIDADE DE
AV D, 400, SEGUNDA ETAPA –
V ACOLHIMENTO DR. (85) 3473-7882
JOSÉ WALTER
SILAS MUNGUBA

RUA ANTONIO NERY, S/N –


V CAPS INFANTIL (85) 3105-3721
GRANJA PORTUGAL

83
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO

HANSENÍASE

RUA MONSENHOR CARNEIRO


CAPS AD CASA DA
VI DA CUNHA, 140 – ENG. (85) 3278-7008
LIBERDADE
LUCIANO CAVALCANTE

RUA CARLOTA RODRIGUES,


VI CAPS GERAL (85) 3488-3312
81 – MESSEJANA

RUA ALBERTO LEAL NUNES,


CAPS INFANTIL MA.
VI 75 – CIDADE DOS (85) 3105-1510
ILEUDA VERÇOSA
FUNCIONÁRIOS

UNIDADE DE
AV ALBERTO CRAVEIRO, 4211
VI ACOLHIMENTO POETA (85) 3278-7008
– DIAS MACEDO
MÁRIO GOMES

84
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