Boletim Epidemiolgico Fortaleza Final
Boletim Epidemiolgico Fortaleza Final
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HANSENÍASE 2001-2024
HANSENÍASE
Prefeito de Fortaleza
Evandro Sá Barreto Leitao
Secretária Municipal da Saúde
Riane Maria Barbosa De Azevedo
Coordenador de Vigilância em Saúde - COVIS
Josete Malheiro Tavares
Coordenador de Redes de Atenção Primária e Psicossocial - CORAPP
Erlemus Ponte Soares
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Coordenação Geral das Regionais de Saúde
– COGERS
Minuchy Mendes Carneiro Alves
Coordenação técnica:
HANSENÍASE
Francisca Juelita Gomes
Secretaria Estadual de Saúde do Ceará. Célula de Vigilância e Prevenção de Doenças
Transmissíveis e Não Transmissíveis
Geziel dos Santos de Sousa
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Coordenadoria de Vigilância em Saúde, Célula de
Vigilância Epidemiológica, Análise de Dados e Geoprocessamento
Jaqueline Caracas Barbosa
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina & Programa de Pós-graduação em
Saúde Pública
Paula Sacha Frota Nogueira
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Enfermagem, Departamento de Enfermagem &
Programa de Pós-graduação Profissional em Saúde da Família
Rui de Gouveia Soares Neto
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Coordenadoria de Vigilância em Saúde, Gerente
da Célula de Vigilância Epidemiológica
Sebastião Alves de Sena Neto
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de
Transmissíveis, Coordenação-Geral de Vigilância da Hanseníase e Doenças em Eliminação
Carmem Emmanuely Leitão Araújo
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Departamento de Saúde Comunitária
& Programa de Pós-graduação em Saúde Pública
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Equipe técnica:
HANSENÍASE
Levi Pinheiro de Moura
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina
Lucas Soares Radtke
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina
Mirele Coelho Araújo
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Departamento de Saúde Comunitária,
Programa de Pós-graduação em Saúde Pública
Reginaldo Alves das Chagas
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Gerente da Célula de Atenção Primária e
Psicossocial – CEAPS
Vittória Rodrigues Felix
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-graduação em
Saúde Pública
Colaboração
HANSENÍASE
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica Vigilância epidemiológica
da Coordenaria Executiva da Regional de Saúde III no município de Fortaleza
Georgia Maria Viana Brasileiro Dorta
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica da Hanseníase da
Coordenaria Executiva da Regional de Saúde V no município de Fortaleza
Maria Carlene Rodrigues
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnico da Hanseníase da
Coordenaria Executiva da Regional de Saúde II do município de Fortaleza
Maria Rosilane Magalhães Chaves
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica Vigilância epidemiológica
da Coordenaria Executiva da Regional de Saúde II no município de Fortaleza
Michelle Pontes Carneiro
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica Vigilância epidemiológica
da Coordenaria Executiva da Regional de Saúde VI no município de Fortaleza
Patricia Rejane Carneiro Suassuna
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica Vigilância epidemiológica
da Coordenaria Executiva da Regional de Saúde IV no município de Fortaleza
Savana Ferreira da Silva
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica da Hanseníase da
Coordenaria Executiva da Regional de Saúde IV no município de Fortaleza
Silvia Cristina Guimarães Cardoso
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, Responsável técnica da Hanseníase da
Coordenaria Executiva da Regional de Saúde IV no município de Fortaleza
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Formatação e diagramação
ISSN: 1678-8400
1. BOLETIM DE SAÚDE 2. HANSENÍASE 3. ENFRENTAMENTO
4. EPIDEMIOLOGIA.
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Distribuição dos bairros de Fortaleza em Secretarias Executivas Regionais. Fortaleza, 2025
............................................................................................................................................................. 12
Figura 2 - Hanseníase indetermina. Mácula hipocrômica na face lateral da coxa direita. Arquivo
pessoal, Dra Juliana Ramos, Dermatologista e MFC ........................................................................... 17
Figura 3 - Hanseníase tuberculoide. Placa com bordas papulosas localizada no dorso. Arquivo
pessoal, Dra Juliana Ramos, Dermatologista e MFC ........................................................................... 18
Figura 4 - Hanseniase Boderline. Padrão em “queijo suíço ou favos de mel”. Arquivo pessoal, Dra
Juliana Ramos, Dermatologista e MFC ................................................................................................ 18
Figura 5 - Hanseníase Virchowiana. Múltiplas lesões do tipo placas e nódulos. Arquivo pessoal, Dra
Juliana Ramos, Dermatologista e MFC. ............................................................................................... 18
Figura 6 - Taxa de detecção anual de casos novos de hanseníase na população geral e menor de 15
anos por 100.000 hab. Fortaleza, 2001 a 2024. .................................................................................... 26
Figura 7 - Distribuição espacial acumulada dos casos novos de hanseníase na população geral.
Fortaleza, 2001 a 2024. ........................................................................................................................ 27
Figura 8 - Distribuição espacial dos casos novos de hanseníase na população geral por ano. Fortaleza,
2001 a 2024. ......................................................................................................................................... 29
Figura 9 – Distribuição espacial dos casos novos de hanseníase em pessoas abaixo de 15 anos de
idade por ano. Fortaleza, 2001 a 2024. ................................................................................................. 30
Figura 10 - Frequência acumulada de casos novos, segundo sexo e faixa etária. Fortaleza, 2001 a
2024. .................................................................................................................................................... 31
Figura 11 – Proporção acumulada de casos novos de hanseníase por escolaridade e ano de
diagnóstico. Fortaleza, 2001 a 2024. .................................................................................................... 32
Figura 12 - Proporção de casos novos de hanseníase por escolaridade e ano de diagnóstico. Fortaleza,
2001 a 2024. ......................................................................................................................................... 33
Figura 13 - Frequência acumulada de casos novos segundo raça/cor. Fortaleza, 2001 a 2024 ............ 34
Figura 14 - Proporção de casos novos de hanseníase segundo raça/cor por ano. Fortaleza 2001 a 2024
............................................................................................................................................................. 35
Figura 15 - Proporção de casos novos, segundo Unidade Notificadora. Fortaleza 2001 a 2024 .......... 36
Figura 16 - Proporção de casos de hanseníase segundo classificação operacional entre os casos novos
diagnosticados no ano. Fortaleza, 2001 a 2024. ................................................................................... 37
Figura 17 -Proporção de casos de hanseníase segundo forma clínica informada entre os casos novos
diagnosticados no ano. Fortaleza, 2001 a 2024 .................................................................................... 38
Figura 18 - Proporção de casos novos de hanseníase com grau de incapacidade física avaliado no
momento do diagnóstico. Fortaleza, 2001 a 2024. ............................................................................... 40
Figura 19 - Proporção de casos de recidiva entre os casos notificados por ano. Fortaleza, 2001 a 2024
............................................................................................................................................................. 42
Figura 20 - Proporção de cura de hanseníase entre o caso novo de diagnóstico nos anos das coortes.
Fortaleza, 2001 a 2024 ......................................................................................................................... 43
Figura 21 - Proporção de contatos examinados entre os registrados de casos novos de hanseníase
diagnosticados nos anos das coortes. Fortaleza, 2001 a 2024. .............................................................. 44
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
LISTA DE QUADROS
HANSENÍASE
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................... 8
CONHECENDO O MUNICÍPIO DE FORTALEZA ............................................................................ 11
HANSENÍASE: REVISANDO CONCEITOS BÁSICOS...................................................................... 15
Exames complementares em hanseníase.................................................................................................. 19
CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO NO BRASIL...................................................................................... 21
MÉTODOS ................................................................................................................................................. 22
Desenho do estudo ..................................................................................................................... 22
Indicadores epidemiológicos-operacionais ................................................................................. 23
Extração, exploração e análise dos dados ................................................................................... 25
CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO EM FORTALEZA ........................................................................... 26
Perfil clínico ............................................................................................................................... 37
Avaliação de Incapacidades Físicas pela Hanseníase ................................................................. 39
Recidiva ..................................................................................................................................... 41
Coortes na hanseníase ................................................................................................................ 42
Cura ........................................................................................................................................... 42
Vigilância de contatos ................................................................................................................ 44
INTERVENÇÕES ESTRATÉGICAS DE ENFRENTAMENTO À HANSENÍASE.......................... 46
INTERVENÇÕES DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE -
CONEXÃO ENTRE UNIVERSIDADE E SERVIÇOS DE SAÚDE .................................................... 48
AUTOCUIDADO EM HANSENÍASE: UMA INTERVENÇÃO COLETIVA ESTRATÉGICA NO
ENFRENTAMENTO A HANSENÍASE ................................................................................................. 53
ESTIGMA NO CONTEXTO DA HANSENÍASE .................................................................................. 60
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 66
APÊNCIDE A – LISTA DE UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE DE
FORTALEZA COM ENDEREÇO E CONTATO TELEFÔNICO, ABRIL DE 2025 ............... 69
APÊNCIDE B – UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE QUE POSSUEM
BACILOSCOPIA E ATENDIMENTO AMBULATORIAL, ABRIL 2025 ............................... 80
APÊNCIDE C – REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE: SERVIÇOS DE ATENDIMENTO
ESPECIALIZADO EM HANSÉNIASE, POLICLÍNICAS E CAPS, ABRIL 2025 .................. 81
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
APRESENTAÇÃO
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
ações de educação permanente, em especial no
contexto da Atenção Primária à Saúde (APS), tem
contribuído com a ampliação da capacidade de
detecção de casos de hanseníase e o enfrentamento do
estigma na rede de Atenção Primária à Saúde dos
municípios de Fortaleza e Sobral. Também tem
fortalecido a inserção da temática da hanseníase nas
instituições de ensino e pesquisa, especialmente nas
universidades públicas cearenses, incluindo ações
estratégicas de extensão.
A hanseníase é uma doença curável,
porém, com alto potencial de produzir sequelas
irreversíveis estigmatizantes. A pandemia da Covid-19
impactou negativamente os diagnósticos desta doença,
que ainda é um problema grave no Brasil e no Ceará.
A análise dos dados epidemiológicos do município de
Fortaleza, associada à descrição de estratégias
relevantes para o controle da doença, é essencial para
reunir esforços que visem o diagnóstico precoce e o
tratamento oportuno, bem como o manejo de
incapacidade física decorrente.
Neste Boletim, analisa-se
descritivamente esta Doença Tropical Negligenciada
nas dimensões de pessoa, tempo e espaço,
especificando o comportamento da hanseníase ao
longo dos anos para qualificar processos de
planejamento de novas estratégias e ações de vigilância
e controle.
Os resultados deste Boletim
Epidemiológico reforçam a necessidade da
descentralização do cuidado da pessoa acometida pela
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
hanseníase e a importância da APS nas ações de
controle e na vigilância de contatos. Novas estratégias,
como o apoio matricial (matriciamento) em saúde e
aplicação de testes rápidos imunocromatográficos para
determinação qualitativa de anticorpos IgM anti-
Mycobacterium leprae, parecem configurar potenciais
ferramentas para enfrentamento da doença, ao passo
que também podem promover o fortalecimento da
APS.
10
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
No âmbito da organização administrativa das ações de saúde, a divisão ocorre em
06 Coordenadorias Regionais de Saúde (CORES) elencadas de I a VI que fazem a gestão da
rede de atenção à saúde (RAS) (Figura 1). Esta conta com a APS, além das Atenções Secundária
e Terciária (média e alta complexidade tecnológica); um sistema de governança; sistemas de
apoio diagnóstico, terapêutico, farmacêutico e de informação em saúde; além dos sistemas
logísticos compostos pelo transporte sanitário, regulação, prontuário clínico e cartão SUS
(Fortaleza, 2022a). Neste sentido, a APS, especialmente por meio da Estratégia de Saúde da
Família (ESF), deve se estabelecer enquanto porta de entrada e ordenadora do cuidado da RAS
no município.
Figura 1 - Distribuição dos bairros de Fortaleza em Secretarias Executivas Regionais. Fortaleza, 2025
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
acontece da seguinte forma: CORES Centro, 18 unidades na CORES I, 14 na CORES II, 20 na
CORES III, 15 na CORES IV, 32 na CORES V e 35 na regional VI, sendo esta última a maior
em extensão territorial. Destaca-se que 70,0% das 134 UAPS são gerenciadas pela gestão
municipal e as demais por Organizações Sociais da área da Saúde (OSS).
A rede de atenção conta ainda com 04 Centros de Especialidades Odontológicas
(CEO), 04 Policlínicas, e 01 equipe da Estratégia Consultório na Rua, além de outras unidades
de acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade como os Centro de Referência para
População em Situação de Rua (Centro POP). A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é
formada por Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS) Infantil, CAPS Geral e CAPS de
álcool e outras drogas e unidades de acolhimento (Fortaleza, 2022a).
Para hanseníase, há a recomendação de que o diagnóstico, o acompanhamento e a
avaliação das incapacidades físicas sejam ações realizadas nas UAPS, sendo a atenção
secundária e terciária acionadas via prontuário eletrônico e regulação, em casos de reação
hansênica com elevada de incapacidade física (Fortaleza, 2022a), ou em casos complexos. Esta
orientação segue as diretrizes do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - PCDT para a
hanseníase, que aponta a APS como responsável, prioritariamente, pelo diagnóstico e
tratamento da doença. Caso necessário, a APS pode atuar, em conjunto com a RAS, em
diferentes níveis de complexidades da saúde, visando à atenção integral da pessoa acometida e
abrangendo um conjunto de medidas que busquem reestabelecer saúde (Brasil, 2022).
Para o exame da baciloscopia, avaliação complementar ao diagnóstico da
hanseníase, 08 UAPS distribuídas nas CORES realizam a coleta, sendo unidades de apoio nos
diferentes territórios para além dos centros de referência. Ressalta-se a importante atuação do
Centro de Dermatologia Dona Libânia (CDERM), de referência estadual, na atenção a pessoas
acometidas, seja no diagnóstico, acompanhamento e, especialmente, na condução de casos mais
complexos. Na Rede de Atenção Hospitalar conta-se, ainda, com o Hospital Universitário
Walter Cantídio (HUWC) e com o Hospital São Jose de Doenças Infecciosas (HSJ) para
atendimento aos casos complexos da doença.
No Plano Municipal de Saúde de 2022 a 2025 consta ainda como objetivo o
fortalecimento das ações de eliminação da hanseníase mediante o encerramento de casos em
tempo oportuno e a cura de casos novos diagnosticados (Fortaleza, 2022b), sendo a
descentralização do cuidado um importante avanço. Neste sentido, o Plano Municipal de Saúde
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
de 2022 a 2025 também prevê diretrizes e metas que visam o fortalecimento da APS por meio
da ampliação e qualificação do acesso aos serviços de saúde, aumentando a cobertura em até
80,0% até 2025 (Fortaleza, 2022b), ação que vem contribuindo para os avanços no controle da
doença.
14
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Demarca-se, ainda, que a hanseníase é uma doença crônica mais prevalente em
populações que vivem em condições de vulnerabilidade social e a detecção precoce é uma
importante ferramenta para prevenção de incapacidades e redução da carga de
morbimortalidade nestas populações (Brasil, 2022). As incapacidades físicas possuem como
fatores de risco principais, dentre outros, ser do sexo masculino, multibacilar e a presença de
reações imunológicas (De Paula et al., 2020).
O diagnóstico da hanseníase é realizado por meio do exame físico e a avaliação
neurodermatológica para detectar acometimento neural e/ou lesão na pele e deve seguir pelo
menos um dos critérios: alteração de sensibilidade na área da lesão, nervo periférico espessado
acompanhado de alteração sensitiva, motora e/ou autonômica e/ou presença de bacilos álcool-
ácido resistentes no raspado dérmico ou no histopatológico de biópsia de pele (Brasil, 2022).
A classificação operacional como paucibacilar (PB) ou multibacilar (MB) define o
tempo de duração do tratamento com poliquimioterapia única (PQT-U) que inclui três fármacos
antimicrobianos: rifampicina, dapsona e clofazimina. Casos PB devem ser tratados por seis
meses, podendo o esquema ser completado em até nove meses. Por sua vez, pessoas acometidas
tendo a classificação MB recebem a PQT-U por 12 meses, podendo o esquema ser completado
em até 18 meses (Brasil, 2022). A realização do exame neurodermatológico demanda o
desenvolvimento de competências profissionais, especialmente no que se refere à palpação de
nervos periféricos de referência. Assim, caso haja dúvidas quanto à classificação operacional,
recomenda-se realizar o tratamento como MB, evitando insuficiência terapêutica.
Destaca-se que o SUS disponibiliza exclusivamente o tratamento padrão para
hanseníase e acompanhamento gratuito. Neste sentido, a APS é o primeiro ponto de contato
com os serviços de saúde, além de ter a função de coordenação do cuidado. O exame
neurodermatológico, principalmente entre os contatos, é um dos grandes desafios no
enfrentamento dessa importante doença negligenciada, e é uma atribuição dos profissionais da
ESF.
As diretrizes para controle da hanseníase no Brasil, definem contato domiciliar de
hanseníase para fins operacionais como toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido,
conviva ou tenha convivido com a pessoa acometida por hanseníase no âmbito familiar, nos
últimos cinco (5) anos anteriores ao diagnóstico da doença, podendo ser familiar ou não. Já o
contato social, é toda e qualquer pessoa que conviva ou tenha convivido em relações sociais
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
(familiar ou não), de forma próxima e prolongada com o caso notificado (vizinhos, colegas de
trabalho e de escola, entre outros) (Brasil, 2016). A proporção de contatos examinados aponta
a capacidade dos serviços de saúde em realizar a vigilância. No Brasil é um indicador que
precisa ser aprimorado, considerando que é a principal estratégia para interrupção da
transmissão da hanseníase, justamente com o diagnóstico e tratamento precoce.
Considerando o fato de ser uma doença com longo período de incubação, fazem-se
necessárias avaliações neurodermatológicas frequentes, e durante extenso intervalo de tempo,
com foco nos contatos intradomiciliares e sociais (Brasil, 2016; Romero-Montoya, Beltran-
Alzate e Cardona-Castro, 2017; Soares et al, 2021). A importância de reconhecer sinais e
sintomas remete-se ao fato de existir um risco ampliado para os contatos durante o período em
que a doença não havia sido ainda diagnosticada. Desta forma, para além da qualidade da
avaliação, a continuidade da vigilância ao longo do tempo, o desenvolvimento de ações de
educação em saúde e a mobilização de outros contatos, devem ser sempre efetivadas (Brasil,
2016; WHO, 2016; Souza et al., 2019).
A duração e o número de doses dos antibióticos dependerão da classificação
operacional (PB ou MB), e da idade da pessoa acometida, possibilitando a cura (Brasil, 2022a).
Após cinco anos da conclusão corretamente da poliquimioterapia, caso haja reaparecimento
comprovado de lesões cutâneas e/ou de dano neurológico, classifica-se como sendo um caso de
hanseníase em recidiva (Brasil, 2022).
Do ponto de vista clínico, pode-se classificar a doença de
acordo com diversos sistemas, entretanto, a classificação de Madri
(1953) tem sido elencada como referência no Brasil e compõe a ficha
de notificação compulsória, sendo elas: hanseníase indeterminada,
tuberculoide, dimorfa ou virchowiana.
A indeterminada constitui a matriz inicial de todas as formas
clínicas e caracteriza-se pela presença de áreas da pele aparentemente
normal e/ou máculas hipocrômicas com alteração de sensibilidade. Figura 2 - Hanseníase indetermina.
Mácula hipocrômica na face lateral
Neste caso, não há comprometimento de troncos nervosos e da coxa direita. Arquivo pessoal,
Dra Juliana Ramos, Dermatologista
consequentemente, não há incapacidades e deformidades físicas, com e MFC
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Já a tuberculoide é demarcada por máculas ou placas com
formas bem delimitadas e bordas mais ou menos elevadas com
alterações acentuadas de sensibilidades (tátil, térmica e dolorosa).
Pode ocorrer, ainda, o acometimento de nervos superficiais ou
profundos. Destaca-se a existência da hanseníase tuberculoide nodular
da infância. As duas apresentações clínicas são classificadas como PB
e os bacilos não são vistos no exame para pesquisa direta (Opromolla, Figura 3 - Hanseníase tuberculoide.
Placa com bordas papulosas
2022) (Figura 3). localizada no dorso. Arquivo pessoal,
Dra Juliana Ramos, Dermatologista e
A dimorfa e a virchowiana são consideradas MB. Na MFC
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
ser interpretado à luz da histórica clínica e do exame físico neurodermatológico. Embora o teste
rápido imunocromatográfico para hanseníase não seja um teste diagnóstico, a sua utilização em
larga escala, na rotina da APS pode auxiliar na qualificação de ações para o controle da
hanseníase, como a vigilância dos contatos, além de poder favorecer o aumento da detecção
oportuna de casos MB.
Alguns outros fatores contribuem diretamente para a dificuldade na investigação da
fisiologia e patogenicidade do bacilo bem como para o diagnóstico por meio de exames
laboratoriais, tais como: característica intracelular do bacilo, incapacidade de cultivo in vitro
(cultivo somente em modelos animais), baixa variabilidade genética que evita a identificação
do bacilo pelo sistema imune (células T e B), distribuição heterogênea do bacilo dentro dos
tecidos associado a baixa carga bacteriana (Han; Silva, 2014). A complexidade desses
mecanismos potencializa a sobrevivência das bactérias nos hospedeiros, dificultam o
diagnóstico laboratorial e sinalizam a importância de pesquisas futuras alicerçadas em
tecnologias e que integram novas formas de detecção da doença e perspectivas terapêuticas.
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
nos serviços de saúde, além de servir como fonte de informação a respeito dessa doença para a
população em geral. Baseado nessas informações, objetiva-se com este boletim qualificar a
descrição da situação epidemiológica e operacional de controle da hanseníase, com
fortalecimento da vigilância em saúde visando reduzir a carga da doença no município.
No município de Fortaleza, os efeitos negativos da pandemia por Covid-19 ainda
não foram superados. Dados do Sistema de Monitoramento Diário de Agravos (SIMDA) da
SMS Fortaleza, disponível através do link
https://simda.sms.fortaleza.ce.gov.br/simda/hanseniase/tabelaestabelecimentomes?ano=2024
®ional , evidenciam que os valores pré-pandêmicos de indicadores estratégicos ainda não
foram retomados, refletindo a necessidade de angariar esforços ainda maiores na busca da
qualificação do processo de detecção e manejo clínico de casos novos, sem esquecer porém as
necessidades biopsicossociais ainda presentes nas pessoas com diagnóstico previamente
estabelecido.
MÉTODOS
Desenho do estudo
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
foi por cura (Brasil, 2022). Além disso, excluiu-se aqueles casos que possuíam a classificação
“erro de diagnóstico” como tipo de saída.
O cálculo da taxa de detecção foi realizado para obter a proporção entre os novos
casos de hanseníase e a população exposta no município, por 100 mil habitantes. O número de
habitantes foi extraído a partir da base de dados populacional do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), considerando-se os referenciais para o período em análise.
Indicadores epidemiológicos-operacionais
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
INDICADOR REPRESENTAÇÃO CÁLCULO PARÂMETROS
Número de casos de
Proporção de casos de recidiva de hanseníase
Monitoramento de
recidiva entre os casos notificados / total de casos Não há parâmetros estabelecidos
falência terapêutica
notificados no ano notificados
X 100
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
INDICADOR REPRESENTAÇÃO CÁLCULO PARÂMETROS
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
35,4
35,00 32,4 31,7
31,0
29,0
30,00
26,8
25,7
24,5 24,3
25,00
22,1
21,2
20,00 18,318,6
16,7
0,0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
A hanseníase pode acometer todas as faixas etárias, contudo a redução de casos em
menores de 15 anos é prioridade do Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH) do
Ministério da Saúde, pois nesta fase da vida, especialmente na faixa etária de zero a cinco anos,
a ocorrência da doença indica alta endemicidade com forte circulação de M. leprae, carência de
informações sobre a doença e falta de ações efetivas de educação em saúde (Amador, 2001).
No ano de 2020, houve redução na taxa de detecção tanto geral quanto em menores
de 15 anos, relacionada principalmente ao contexto da pandemia por Covid-19, conforme
mencionado anteriormente, evento que resultou na imposição de diversas restrições e na
sobrecarga dos serviços de saúde, o que provavelmente contribuiu para a redução do número
de casos diagnosticados. Em crianças menores de 15 anos, houve maior redução na taxa de
detecção quando comparado a anos anteriores e em relação à população em geral. Nota-se,
ainda, a manutenção das repercussões desse contexto da pandemia por Covid-19 nos
indicadores de 2021, com retomada somente em 2022 (Figura 6).
Quanto à densidade espacial, a Figura 7 demonstra o acumulado de novos casos
nesse período e verifica-se a importância da regional V como aquela que concentra mais casos
no município.
Figura 7 - Distribuição espacial acumulada dos casos novos de hanseníase na população geral. Fortaleza,
2001 a 2024.
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
A análise da distribuição espacial revela estabilidade na maior concentração de
casos novos na Regional V, a área mais populosa da cidade e com elevada proporção de pessoas
em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Essa concentração foi especialmente notável
nos anos de 2009, 2014, 2016 e 2019. Ao mesmo tempo, identificam-se áreas do município sem
registro de casos em determinados anos, o que pode indicar subnotificação ou ausência de
detecção ativa (Figura 8).
Desde 1992, observa-se maior prevalência da doença em bairros das CORES VI e
V, especialmente nos bairros Castelão, Bom Jardim e Granja Lisboa (Fortaleza, 2001).
Atualmente, há um destaque também para o Jangurussu, pertencente a regional VI. Do ponto
de vista histórico, demarca-se que houve clara migração da população da regional V para o
novo bairro Jangurussu devido a piores condições sociais e econômicas, o que pode ter
contribuído para essa mudança de cenário.
Ao longo da série histórica, nota-se flutuação na distribuição dos casos entre as
CORES I, III e VI, especialmente a partir de 2009 (Figura 8). Em 2024, observou-se uma
redução no número de casos novos detectados em comparação aos anos anteriores; entretanto,
manteve-se a tendência de maior concentração na Regional V. O mapa com o acumulado de
casos novos no período confirma a Regional V como a principal área de concentração da
hanseníase no município (Figura 7).
Para pessoas com menos de 15 anos de idade, a distribuição espacial evidenciou
maior concentração de casos nas CORES I, III, V, VI nos anos de 2003 e 2010. De modo geral,
observou-se maior densidade relativa desses casos nas diferentes CORES de saúde, quando
comparados aos casos novos na população em geral (Figura 9).
Em 2023, verificou-se distribuição mais homogênea da densidade espacial de novos
casos nessa faixa etária, quando comparada àquela de 2022, com destaque para a regional VI,
que aparenta, a princípio, concentrar a maioria dos casos. Ainda assim, em todos os anos
analisados, a densidade de casos em menores de 15 anos permaneceu significativamente interior
à população geral, refletindo uma possível redução na força de transmissão quanto a limitações
na detecção precoce nessa faixa etária (Figura 9).
28
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Figura 8 - Distribuição espacial dos casos novos de hanseníase na população geral por ano. Fortaleza, 2001 a
2024.
29
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Figura 9 – Distribuição espacial dos casos novos de hanseníase em pessoas abaixo de 15 anos de idade por
ano. Fortaleza, 2001 a 2024.
30
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Com relação às frequências relativa de novos casos por sexo de idade, dos 15.305
casos novos diagnosticados durante o período analisado observa-se maior prevalência entre
homens (n = 7.887, 51,5%), especialmente nas faixas etárias de 20 a 64 anos e acima de 65
anos, segundo a frequência acumulada. Embora na faixa etária de 35 a 49 anos, a maioria de
novos casos diagnosticados seja em mulheres (n = 2160; 52,4%) (Figura 10).
Por outro lado, 1.011 casos (6,6% dos casos totais) foram diagnosticados entre
crianças e adolescentes com 14 anos ou menos, o que representa uma informação relevante para
monitoramento da endemia no território. Segundo Ministério da Saúde, a ocorrência de
hanseníase em menores de 15 anos indica transmissão recente, apontando para o convívio de
crianças com pessoas com hanseníase ainda não tratadas. Este dado constitui um relevante
indicador para a vigilância de contatos e comportamento da doença na comunidade (Figura 10).
Figura 10 - Frequência acumulada de casos novos, segundo sexo e faixa etária. Fortaleza, 2001 a 2024.
1 a 4 anos 19 18
2500,0 2000,0 1500,0 1000,0 500,0 ,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0 2500,0
MAS FEM
31
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Em relação à escolaridade dos casos novos de hanseníase no município, 33,8%
(n=5.147) tinham ensino fundamental incompleto ou completo e 10,4% (n=1584) apresentavam
ensino médio incompleto ou completo. Analfabetos correspondiam a 6,3% (n=962) e 2,3%
(n=354) possuíam ensino superior incompleto ou completo no momento do diagnóstico,
refletindo a tendência observada no cenário nacional (Figura 11).
Figura 11 – Proporção acumulada de casos novos de hanseníase por escolaridade e ano de diagnóstico.
Fortaleza, 2001 a 2024.
100,0
90,0
80,0
70,0
Casos novos por escolaridade
60,0
50,0 46,6
40,0
30,0
20,0 17,1
11,4
10,0 6,4 5,8 4,8
3,3 2,3 1,7
0,6
0,0
Ign/Branco Analfabeto 1ª a 4ª série 4ª série 5ª a 8ª série Ensino Ensino Ensino Educação Educação
incompleta completa do incompleta fundamental médio médio superior superior
do EF EF do EF completo incompleto completo incompleta completa
32
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Quando comparado a 2001, houve em 2023 um maior quantitativo de notificações
com este campo não preenchido, passando de 16,8% em 2001 para 62,8% em 2023 (Figura 12).
Fato também observado durante os anos 2010 a 2012. Ações de educação permanente sobre o
adequado preenchimento das fichas de notificação destinadas a profissionais de saúde de nível
superior devem ser frequentemente realizadas nas unidades de saúde.
Figura 12 - Proporção de casos novos de hanseníase por escolaridade e ano de diagnóstico. Fortaleza, 2001 a
2024.
100,0
90,0
80,0
Casos novos de hanseníase
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
Total
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
33
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
pretas (n=498; 3,3%), amarelas (n=100; 0,6%) e indígenas (n=21;0,1%). No entanto, Apesar da
melhora na qualificação das notificações, ainda persiste um percentual expressivo de registros
com o campo "raça/cor" em branco ou ignorado (37,1%), o que compromete a precisão das
análises epidemiológicas e limita a formulação de estratégias mais equitativas no enfrentamento
da hanseníase ( Figura 13).
Figura 13 - Frequência acumulada de casos novos segundo raça/cor. Fortaleza, 2001 a 2024
7.000 6.548
6.000 5.558
Frequência acumulada de casos
5.000
4.000
3.000
2.255
2.000
1.000
498
100 21
0
34
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Figura 14 - Proporção de casos novos de hanseníase segundo raça/cor por ano. Fortaleza 2001 a 2024
100,0
90,0
80,0
Casos novos de hanseníase
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
2009
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
% Parda % Branca % Preta % Amarela % Indigena
A crescente atuação das UAPS é um aspecto positivo, pois reforça seu papel
fundamental no diagnóstico precoce da hanseníase e no manejo de complicações. Já o CDERM
seguem sendo essenciais na condução de casos de maior complexidade. Esse cenário evidencia
um processo de descentralização do diagnóstico, antes concentrado nos centros especializados,
e aponta para o fortalecimento da atenção primária como porta de entrada efetiva para o cuidado
em hanseníase.
35
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Destaca-se ainda o ano de 2024 como um marco nesse processo, sendo o primeiro
ano em que a atenção primária superou os demais níveis de atenção, respondendo por 53,0%
das notificações de hanseníase. No entanto, esses dados ainda não estão contemplados nos
boletins oficiais devido ao encerramento da coorte.
Figura 15 - Proporção de casos novos, segundo Unidade Notificadora. Fortaleza 2001 a 2024
100,0
90,0
Casos novos notificados
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
2017
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
HOSPITAIS CDERM UAPS
36
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Perfil clínico
Figura 16 - Proporção de casos de hanseníase segundo classificação operacional entre os casos novos
diagnosticados no ano. Fortaleza, 2001 a 2024.
100,00
90,00
80,00
classificação operacional
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024
MB 64,3 64,0 60,8 62,6 60,2 59,9 60,7 60,2 62,2 62,1 64,4 63,7 62,4 52,2 57,9 61,4 65,2 64,4 61,9 63,0 72,4 65,3 69,3 60,7
PB 38,1 37,4 40,3 38,3 40,3 39,9 40,1 40,0 37,7 37,8 35,3 36,2 37,1 47,2 41,4 37,9 34,2 34,7 37,2 36,0 26,6 33,7 34,2 38,4
PB MB
Quanto à forma clínica (Gráfico 8), observa-se que 41,4% (n=6.298) dos casos
foram classificados como forma “dimorfa”, 27,5% (n=4.182) como “tuberculoide”, 16,7%
(n=2.544) “virchowiana”, 8,7% (n = 1.293) como “indeterminada” e 5,7% (n=873) casos novos
37
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
ou não foram classificados ou o campo da notificação estava em branco/ignorado. A proporção
de ignorados e/ou não classificados tem aumentado ao longo do período, saindo de 1,2% em
2001 para 13,2% em 2024.
Figura 17 -Proporção de casos de hanseníase segundo forma clínica informada entre os casos novos
diagnosticados no ano. Fortaleza, 2001 a 2024
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024
38
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
39
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Figura 18 - Proporção de casos novos de hanseníase com grau de incapacidade física avaliado no momento do
diagnóstico. Fortaleza, 2001 a 2024.
100%
90%
80%
70%
60%
casos novos
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024
40
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
que, ao longo desses anos, faz-se necessário o uso de novas estratégias, tanto para avaliação
como para a detecção precoce dos casos (Figura 18).
Salienta-se que em 2005 o município foi classificado com parâmetro baixo deste
indicador e que, em 2018, como alto; os anos seguintes não puderam ser avaliados quanto a
este parâmetro pela limitação da avaliação da rede do SUS (Figura 18). Conforme demonstrado
na (Figura 18), observou-se um aumento no número de casos classificados como G2I no
momento do diagnóstico, no ano de 2024, no município de Fortaleza. Esse dado reforça a
necessidade de qualificação da atenção básica para garantir diagnósticos mais precoces e,
consequentemente, menores índices de incapacidades.
É importante destacar que os principais objetivos do tratamento da hanseníase são
a cura e a prevenção de incapacidades físicas e neurológicas. A presença de incapacidades
visíveis no momento do diagnóstico indica, de forma clara, a ocorrência de detenção tardia da
doença, o que impacta negativamente no prognóstico e na qualidade de vidas das pessoas
acometidas (Brasil, 2016).
Recidiva
41
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
disponíveis, esses dados reforçam a importância da adesão completa ao tratamento, do
cumprimento do esquema terapêutico dentro do tempo preconizado e da vigilância ativa de
possíveis recidivas, especialmente para monitoramento da resistência medicamentosa
(BRASIL, 2022).
Figura 19 - Proporção de casos de recidiva entre os casos notificados por ano. Fortaleza, 2001 a 2024
1000 100,0
900 90,0
800 80,0
700 70,0
600 60,0
% recidiva
Total de casos
500 50,0
400 40,0
300 30,0
200 20,0
100 10,0
0 0,0
200 200 200 200 200 200 200 200 200 201 201 201 201 201 201 201 201 201 201 202 202 202 202 202
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4
casos no ano 938 897 967 931 980 843 832 948 859 794 718 677 753 702 662 650 569 608 530 435 393 431 415 414
% recidiva 2,0 1,6 1,8 2,1 2,4 2,7 3,4 3,0 2,1 4,0 6,1 4,3 2,7 5,4 5,7 6,6 7,7 7,1 6,2 9,2 9,4 8,8 8,9 9,7
Coortes na hanseníase
Cura
42
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Observa-se, ao longo do tempo, uma tendência de redução desse indicador. Em
2002, a proporção de cura atingiu 91,7%, mantendo-se relativamente estável até 2008. A partir
desse período, houve uma queda progressiva, atingindo 76,3% em 2023 — valor classificado
como "regular" segundo os critérios estabelecidos (Figura 20).
Os resultados referentes ao ano de 2024 ainda não estão disponíveis, uma vez que
os pacientes diagnosticados nesse período continuam em tratamento, impossibilitando o
fechamento da coorte.
Figura 20 - Proporção de cura de hanseníase entre o caso novo de diagnóstico nos anos das coortes. Fortaleza,
2001 a 2024
Houve piora da proporção de cura dos casos diagnosticados nos últimos anos em
Fortaleza. Além do desafio do diagnóstico ser estabelecido em tempo oportuno a fim de evitar
sequelas irreversíveis da doença, a conclusão da poliquimioterapia também constitui em uma
grande contenda. Diversos fatores podem influenciar a taxa de abandono como tempo
prolongado da terapia, ocorrência de reações adversas medicamentosas, negação ou dúvida das
43
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
pessoas acometidas sobre seu diagnóstico, questões sociais e econômicas, inabilidade de
profissionais de saúde em lidar com a complexidade da doença, dentre outras (Brasil, 2022).
Vigilância de contatos
100,00
90,00
80,00
% contatos examinados
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
% Examinados 20,50 62,70 32,60 34,20 30,40 35,07 70,52 55,45 55,18 49,82 51,18 52,63 49,33 45,80 51,49 54,13 57,72 57,71 59,48 59,43 55,15 64,20 47,90
44
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
O incremento desse indicador em 2022 pode ser destacado pela presença de
recursos destinados à avaliação de contatos e à formação de profissionais de saúde, além da
incorporação ao SUS de novos testes rápidos que estão destinados à avaliação de contatos
examinados e sem diagnóstico da doença. Embora o teste rápido não seja diagnóstico, espera-
se a melhora na cobertura de avaliação de contatos nos próximos anos, a partir da adoção em
maior escala dessa nova ferramenta para enfrentamento à hanseníase.
45
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
A hanseníase vem se constituindo cada vez mais como prioridade em saúde pública
ao longo dos anos no município de Fortaleza. No Boletim Epidemiológico publicado pela
Secretaria Municipal de Saúde em 2001 salientaram-se as recomendações do MS à época.
Perpassando desde a detecção de casos até a prevenção de incapacidades e educação em saúde,
o documento destacava a necessidade do envolvimento da comunidade, pessoas acometidas e
profissionais em ações educativas, além da garantia da referência e contrarreferência para
acompanhamento e reabilitação das pessoas acometidas (Fortaleza, 2001). Neste sentido,
destacou-se a realização de ações educativas em praças municipais, divulgação sistemática do
tratamento evidenciando a cura da doença e a distribuição de folders (Fortaleza, 2001).
Desde 1992 aponta-se a centralização do diagnóstico em Unidades de Referência,
responsáveis por 90,0% da detecção de casos novos (Fortaleza, 2001, 2006), como um aspecto
importante para a fragilização do controle. A centralização do processo pode trazer
desdobramentos como o abandono do tratamento em decorrência da distância entre a residência
da pessoa acometida e o local de atendimento, além da subutilização das unidades de saúde na
APS. Anteriormente, as referências para os territórios eram o CDERM e o Ambulatório do
Hospital Universitário Walter Cantídio como equipamentos de atenção especializada e 5
unidades da APS, sendo duas delas pertencentes à Regional V. A vigilância dos contatos era
realizada parcialmente pelas unidades de saúde municipais, mas de forma não sistematizada em
todos os territórios (Fortaleza, 2006).
Neste sentido, demarcava-se como um dos objetivos a ampliação do acesso ao
diagnóstico e tratamento por meio da APS e formação de profissionais de saúde (Fortaleza,
2001, 2006). Observa-se um avanço significativo quando comparada àquela publicação
realizada em 2001, onde hoje, praticamente todas as unidades de saúde são consideradas aptas
para o diagnóstico e cuidado em hanseníase. Apontava-se também no âmbito da hanseníase, a
importância de incentivos destinados à reestruturação dos “Hospitais Colônias” no componente
de Implantação de Ações e Serviços de Saúde (Fortaleza, 2001, 2007). O Boletim enfatizava,
46
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
ainda, a necessidade da integração entre vigilâncias, a importância do tratamento
descentralizado e a participação comunitária (Fortaleza, 2001).
A implementação da poliquimioterapia possibilitou o uso do critério de alta por
cura ao fim do esquema terapêutico e de vigilância, resultando em uma redução importante da
prevalência estimada da hanseníase no mundo. Entretanto, casos novos continuaram surgindo,
indicando a manutenção da transmissão de M leprae e a necessidade do surgimento de novas
estratégias para enfrentamento da doença (OMS, 2021). O Boletim (2001) preconizava a
garantia de recursos para medicamentos, insumos e infraestrutura, com priorização da temática
nos planos municipais e estaduais de saúde (Fortaleza, 2001). O financiamento destas ações foi
retomado nos planos municipais enquanto componentes estratégicos da assistência
farmacêutica (Fortaleza, 2001, 2006, 2007).
Quanto à educação permanente, estratégias de formação de profissionais de saúde
da APS por meio de especializações e a promoção da integração da temática nas universidades
e centros formadores já eram recomendadas. Pesquisas sobre aspectos psicossociais e
educacionais e inclusão do tema em escolas também foram consideradas prioridades.
Colaboração com entidades como o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela
Hanseníase (MORHAN) também foram citadas (Fortaleza, 2001, 2006, 2007).
47
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
1
O CAPP-HANS realizou aplicação de instrumentos parar medir a percepção do estigma e de empoderamento em
relação a hanseníase entre grupos que interagem diretamente com a doença e as pessoas diagnosticadas. Escalas
como: Social distance scale (SDS); Explanatory model interview catalogue stigma scale (EMIC-SS); Explanatory
model interview catalogue community stigma scale (EMIC-CSS); e escala de Empoderamento, foram utilizadas
na coleta de dados do estudo. Há um guia de acesso aberto para aplicação dessas escalas disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/337315818_Guia_de_Aplicacao_das_Escalas_de_Estigma_EMIC.
48
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
como adequado e alto, mesmo com diferenças na associação à perda de sensibilidade como
principal sintoma.
Os ACS do município de Fortaleza possuíam maiores níveis de estigma, mas
menores de distanciamento social. Reconheceu-se como preocupante a não completa
associação da perda de sensibilidade à doença, bem como as pontuações acerca de estigma e
distanciamento social. Para fins comparativos, a segunda etapa está prevista para o segundo
semestre de 2025 visando verificar se as intervenções em saúde realizadas durante o intervalo
das duas pesquisa, seja na formação de profissionais ou na educação em saúde junto a casos,
contatos e comunidade, foram estratégias efetivas para mudanças em conhecimentos, práticas,
percepções e atitudes destes públicos, assim como para redução do estigma frente à hanseníase.
As intervenções em saúde foram realizadas principalmente por meio do “Programa
PEP++” e do “Fortalecimento da Temática Hanseníase na Universidade - Ampliar e fortalecer
o diagnóstico e tratamento da hanseníase no estado do Ceará”. O Programa PEP++ foi um
ensaio clínico para avaliar a interrupção das taxas de transmissão de M. leprae em contatos de
pessoas com hanseníase a partir da administração de rifampicina em dose única ou rifampicina
e claritromicina associadas, em três doses. Para ser implementado, o programa abordou
profissionais de saúde do nível técnico ao superior, visando fomentar a temática nas unidades
de saúde, além de ter realizado a busca ativa de casos, a avaliação dos contatos com a equipe
da ESF e momentos de educação em saúde na comunidade. A pesquisa continua sendo
implementada no município por meio do acompanhamento sistemático dos contatos que
receberam a profilaxia.
Como parte da ampliação e implementação das estratégias efetivas no âmbito da
hanseníase, destaca-se o Projeto “Fortalecimento da Temática Hanseníase na Universidade -
Ampliar e fortalecer o diagnóstico e tratamento da hanseníase no estado do Ceará”, que busca
integrar a promoção e o fortalecimento da educação permanente em hanseníase com foco nas
interfaces ensino-serviço. A proposta visa contribuir com o avanço nas ações de vigilância e
controle em áreas prioritárias no estado do Ceará, com padrões de hiperendemicidade para a
hanseníase. Além de objetivar o fortalecimento da inserção da temática da hanseníase em
universidades públicas, a proposta busca também potencializar a identificação e formação de
agentes multiplicadores para ações de formação e educação permanente em hanseníase. De
49
BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
modo ainda mais preciso, ampliar a capacidade de detecção oportuna de casos e de investigação
e avaliação de contatos de casos de hanseníase no âmbito dos territórios da APS.
Com vigência inicial estabelecida no período de dezembro de 2020 o projeto
permanece em execução até outubro de 2025. Foram realizadas 96 oficinas com 1.529 ACS
formados, cujos tópicos abordados consistiam em: classificações operacionais da hanseníase,
formas de transmissão e tratamento, uma abordagem sobre o conceito e resgate histórico do
estigma, além de, a partir da vivência no território, propor discussão sobre estratégias para o
enfrentamento do estigma e discriminação entre pessoas diagnosticadas com hanseníase.
Durante esse período iniciou-se a estratégia de Matriciamento ou Apoio Matricial
(AM) em hanseníase. Trata-se de uma nova forma de produzir saúde onde, pelo menos, duas
equipes (equipe matriciadora e equipe referência), conectam-se no intuito de ofertar um serviço
de qualidade e eficaz por meio do processo técnico-pedagógico e da corresponsabilização entre
as equipes. O AM visa tanto retaguarda assistencial quanto suporte técnico-pedagógico às
equipes de referência. Trata-se de um método de trabalho complementar, previsto em sistemas
hierarquizados, que envolve conceitos de referência e contrarreferência, protocolos e centros
de regulação, com forte potencial de fortalecer as redes de atenção e sua resolutividade a partir
da APS.
Apesar de a expressão ter surgido há mais de 30 anos, ainda na década de 1990, há
lacunas na compreensão do verdadeiro conceito e de suas potencialidades no campo da saúde
para a melhoria do atendimento das pessoas usuárias do SUS, além da sua importância como
ferramenta de fortalecimento da APS. Revisando a literatura científica, observa-se que há
diversas publicações envolvendo matriciamento no âmbito da saúde mental, porém, existem
poucas produções que abordam a importância do AM no enfrentamento à hanseníase.
A hanseníase segue como importante problema de saúde pública no Brasil, que
ocupa a segunda posição mundial em número de casos novos, com cerca de trinta mil novos
diagnósticos por ano. Além da complexidade clínica e diagnóstica, soma-se o fato de a temática
não ser adequadamente contemplada nas matrizes curriculares das graduações na área da saúde.
Muitas pessoas que atuam como profissionais da APS declaram não se sentirem seguras e ou
preparadas para compor o processo de diagnóstico e, tampouco, de conduzir uma pessoa
acometida, o que acaba resultando em diagnósticos tardios, já com sequelas irreversíveis,
contribuindo também para o aumento do estigma e dos contextos de vulnerabilidade social.
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
A proposta do matriciamento em hanseníase considera um contexto não particular
ao estado do Ceará, mas dos profissionais da área médica em contexto geral. Ou seja, apesar da
atuação na APS, devido às problemáticas destacadas anteriormente, acabam encaminhando as
pessoas acometidas por hanseníase para atendimento em Centros de Referência que, por sua
vez, encontram-se com problemas de demanda excessiva e apresentam maior dificuldade na
realização das ações vigilância epidemiológica nos territórios de vida de contatos pela própria
natureza do serviço. Diante do exposto, observa-se uma necessidade premente e, ao mesmo
tempo, desafiadora de aumento do processo de descentralização do cuidado das pessoas com
hanseníase. Um possível caminho para concretização desse processo seria o fortalecimento da
APS com a implementação do apoio matricial em hanseníase na UAPS.
Profissionais que passaram pelo processo formativo seguiram com o aprendizado
por meio de teleconsultorias via prontuário eletrônico (Fastmedic®), processo denominado de
“2° opinião” que oportuniza a consulta ou retirada de dúvidas frente a casos clínicos mais
complexos. Ressalta-se que a 2ª opinião para dermatologia e especialmente, para hanseníase,
advém da percepção da necessidade da continuidade da formação após o primeiro encontro com
profissionais de saúde (médicos/as e enfermeiros/as) e do maior cuidado e atenção com a pessoa
acometida.
Durante o processo de matriciamento foram formados profissionais médicos(as) e
enfermeiros(as) das unidades de saúde das seis CORES do município de Fortaleza. Destaca-se
também um total de 312 casos de hanseníase diagnosticados em 2024, sendo 155 nas UAPS e
156 em Equipamentos de Atenção Secundária.
Além disso, foram promovidos cinco eventos técnico-científicos, entre seminários
e encontros. Entre eles, citam-se: “Seminário diagnóstico e acompanhamento da pessoa
acometida por hanseníase: um olhar atento e cuidadoso”, realizado em parceria com a Secretaria
Municipal de Saúde de Fortaleza, que reuniu 130 profissionais da APS; “I Encontro Acadêmico
de Ligas e Ações de Extensão Universitária em Hanseníase” com 51 participantes e 10 ligas
acadêmicas de diversas áreas da saúde, como infectologia, enfermagem e Saúde Coletiva, entre
Universidades Públicas e Privadas; além do “I Seminário de Integração Ensino-Serviço em
Hanseníase” que contou com a presença de 70 participantes.
Ainda nas Universidade Públicas, destaca-se também a inclusão da Sessão de Saúde
Coletiva sobre hanseníase no Internato de Saúde Coletiva (ISCol) do curso de Medicina da
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
UFC. Essa é considerada uma ação estratégica de interfaces da Saúde Coletiva na APS para
formação médica e controle de doenças negligenciadas, neste caso, da hanseníase. As atividades
iniciaram-se em maio de 2023, com alcance de 323 discentes até maio de 2024, incluindo
sessões de reconhecimento de território, triagem dermato-neurológica, discussão de casos e
estratégias de vigilância/educação em saúde.
Neste contexto, as ações desenvolvidas no município de Fortaleza inserem
elementos importantes definidos na Estratégia Nacional para Enfrentamento a Hanseníase
(2024-2030), como a recomendação da importância de articulação e parceria entre instituições
de ensino e saúde, qualificação da equipe multidisciplinar, apoio matricial, educação
permanente para detecção precoce, além da qualificação de profissionais de saúde e da
assistência social com ações de enfrentamento ao estigma e à discriminação em relação à
doença e fortalecimento da inclusão social (Brasil, 2024).
A qualificação do cuidado às pessoas acometidas pela hanseníase, especialmente
na APS, facilita o acesso ao diagnóstico, tratamento e possibilita a formação do vínculo de
modo a viabilizar a qualidade da assistência e reduzir os níveis endêmicos da doença. Embora
haja entraves, ações destinadas ao fortalecimento da APS mostram-se eficientes no
enfrentamento da doença, considerando seu papel na promoção de intervenções holísticas, com
colaboração interprofissional e integrada que aborde questões clínicas, sociais e psicológicas
(Alves et al, 2022; Cabral et al, 2024).
Para uma condição crônica como a hanseníase, os resultados são verificados a
médio e longo prazos, e requerem uma linha de cuidado bem estrutura e em constante
monitoramento e avaliação de seus efeitos para as pessoas acometidas nas redes de atenção.
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Em consonância com a perspectiva global, a Estratégia Nacional para
Enfrentamento da Hanseníase 2019-2022, que tem como objetivo reduzir a carga de hanseníase
no país, desvela a formação dos GAC como uma das ações chaves no pilar relacionado ao
enfrentamento da hanseníase e suas complicações bem como da inclusão social por meio do
enfrentamento ao estigma e discriminação (Brasil, 2019).
Neste sentido, ressalta-se que os GAC devam ter um importante papel na promoção
do empoderamento, autonomia, autocuidado necessária ao rompimento de ciclos de pobreza,
adoecimento e incapacidades.
Corroborando com a portaria, o Ministério da Saúde lançou como norma técnica o
Guia de Apoio para Grupos de Autocuidado em Hanseníase, salientando a importância da
organização e formação de Grupos de Auto Cuidado (GAC). Estes foram compreendidos como
fundamentais na promoção da saúde, humanização do cuidado e integração entre a rede de
saúde e pessoas usuárias favorecendo a atenção integral e humanizadora às pessoas acometidas.
(Brasil, 2010). O Guia possui como objetivo a superação das limitações, estimulando a troca de
experiências, formação de consciência de risco, mudanças de atitudes quanto ao autocuidado e
fortalecimento da autonomia biopsicossocial e autoestima por meio de orientações e sugestões
práticas para o desenvolvimento das atividades no grupo e norteando sua organização e
implementação (Brasil, 2010).
A equipe multiprofissional de saúde deve estar sensibilizada para orientar o
autocuidado logo após o diagnóstico, fornecendo instruções sobre cuidados com a proteção da
face, olhos, nariz, pele, mãos e pés, além da prescrição de exercícios para fortalecimento da
musculatura de membros superiores e inferiores.
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
A multidimensionalidade do sujeito pode ser abordada a partir da integralidade,
princípio-diretriz do SUS imbricado na rede de atenção em saúde, especialmente na APS. Esta
visa o cuidado como categoria comum a diferentes formações da saúde, permeando o sujeito
enquanto ser holístico, biopsicossocial e considerando o acesso a todos os níveis do sistema de
saúde (Carnut, 2017).
Para isso, é necessária a composição de equipes multiprofissionais (atualmente,
dentro da proposta eMulti, Ministério da Saúe) que atuem, no âmbito individual e coletivo, na
prevenção de doenças, promoção da saúde, além da vigilância e formação profissional,
especialmente no contexto da hanseníase na APS (Brasil, 2023). A presença de estratégias e/ou
tecnologias que ampliam a capacidade resolutiva e assistencial da APS como o matriciamento
em saúde, segunda opinião, o acesso à teleconsulta e aos demais equipamentos de saúde da
rede, dentre outras, são importantes neste contexto.
Dito isto, alguns aspectos são fundamentais a atuação dos profissionais de saúde no
âmbito da hanseníase, tais como:
ASPECTO ESTRATÉGIA
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
ASPECTO ESTRATÉGIA
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
condições socioeconômicas desfavoráveis que afetam pessoas acometidas (Teixeira et al.,
2019).
Assim, a promoção de uma alimentação saudável alicerçada em alimentos in natura
ou minimamente processados; uso de pequenas porções de fontes de gordura; consumo limitado
de alimentos processados e ultraprocessados, bem como o consumo de água em quantidades
adequadas são fundamentais (Brasil, 2020). Complementarmente, alimentos ricos em vitaminas
A, E, D, C, B6, e minerais folato, zinco e cobre são importantes para redução do estresse
oxidativo e dano tecidual relacionado à cronicidade da doença, à carga bacilar e as formas de
manifestação do bacilo bem como da poliquimioterapia (Cardona Castro et al., 2019).
Insere-se de forma direta e indireta nestas perspectivas, a saúde bucal. A
odontologia, por sua vez, possui papel fundamental no cuidado à hanseníase, considerando que
focos de infecção dentária, cáries, periodontite, sangramento gengival e a saúde oral
comprometidas aumentam o risco de desenvolvimento de reações hansênicas e,
consequentemente, maior risco de dano neural. Assim, tanto a avaliação odontológica quanto o
tratamento adequado dessas condições são fundamentais para boa condução do cuidado à
pessoa acometida (Brasil, 2022).
Para as incapacidades físicas e melhora da qualidade de vida recomenda-se a
atuação da fisioterapia e terapia ocupacional. Técnicas como mobilização neural,
cinesioterapia, uso de ultrassom e laser e baixa potência, além de alongamentos e facilitação
neuromuscular contribuem significativamente para melhora da dor, da sensibilidade, da força
muscular (Souza; Almeida; Ferreira, 2020). O fortalecimento da musculatura, a redução ou
prevenção das contraturas e manutenção do tônus, integridade e elasticidade da pele configuram
aspectos importantes para prevenção das incapacidades físicas (Álvarez; Filho, 2019). A
orientação e aplicação dessas técnicas impactam diretamente na reabilitação funcional, a
autonomia para as atividades diárias e o autocuidado no domiciliar.
Para além, a atenção ao cuidado farmacêutico durante este período torna-se
fundamental considerando os diferentes medicamentos utilizados e complexidade da doença e
de comorbidades associadas. Embora muitas vezes este(a) profissional esteja vinculado(a)
somente a dispensação do fármaco, sua atuação pode estar relacionada ao acompanhamento
farmacoterapêutico, a revisão da farmacoterapia e a gestão da condição de saúde. A educação
em saúde para o aumento do letramento das pessoas acometidas em tratamento repercute
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
potencialmente na redução de problemas relacionados a medicamentos, melhora da adesão e do
nível de conhecimento sobre a doença (Pereira et al., 2023).
Diante da complexidade da hanseníase, permeada por determinantes sociais e
vulnerabilidade, o acesso à equipe multiprofissional e a RAS impacta diretamente no contexto
global de vida do sujeito, inclusive na garantia de direitos. Reconhecer as demandas e
necessidades de saúde da pessoa acometida e promover o acesso aos demais pontos da RAS é
atribuição não somente das competências profissionais citadas, mas de todas as equipes de
profissionais que compõem a rede.
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Embora seja uma doença curável e com tratamento gratuito fornecido pelo SUS, a
hanseníase se mantém associada a construções sociais baseadas no estigma, que geram além de
processos de preconceito e discriminação, uma série de outros desdobramentos psicossociais e
econômicos para as pessoas diagnosticadas (Oliveira et al., 2003; Silva et al., 2014; Garbin et
al., 2015). O estigma é uma importante questão a ser discutida, uma vez que, apesar dos avanços
tecnológicos de vigilância, prevenção e tratamento, ainda se configura como uma questão que
persiste e traz consequências significativas para as pessoas que são acometidas pela doença.
Inicialmente, o estigma foi caracterizado como um fenômeno que resulta em uma
“identidade deteriorada” para pessoas que possuem características interpretadas e/ou
consideradas pela sociedade como uma “diferença indesejável”, tornando-os inferiores por suas
condições (Goffman, 2004). Após alguns estudos, o estigma é entendido não somente como um
atributo individual, mas como um processo social, onde essa perspectiva ressalta a natureza
dinâmica e representativa. Destaca-se então o estigma como um produto das interações sociais
e das normas culturais não inerentes à pessoa (Parker; Aggleton, 2001).
É importante salientar que este processo não tem apenas um impacto na percepção
externa do sujeito, mas também influência a sua autoimagem e experiência social, de acordo
com o que foi construído a respeito da hanseníase. Conhecida e relatada pelo termo “lepra”, a
hanseníase sempre permeou a sociedade em distintos períodos históricos (Oliveira et al., 2003).
No passado, a doença era relacionada a castigo divino ou impureza, onde as pessoas
eram expostas a situações e condições discriminatórias, como, por exemplo, soar sinetas para
avisar aos demais que ela estava próxima, ou usar faixas ou vestimentas longas, soltas e de
mangas compridas para cobrir as manchas e as incapacidades físicas decorrentes do avanço da
doença. Na atualidade, as pessoas diagnosticadas ainda enfrentam dificuldades de interação
com as redes de relacionamentos, sejam familiares, sociais, parcerias afetivas, bem como nos
diferentes núcleos e ambientes, tais como o local de trabalho, a escola, a instituição religiosa e
a comunidade.
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Os processos também são intrapessoais e interpessoais, podendo gerar negação ao
diagnóstico, afetar a procura, acesso e vinculação no serviço de saúde, influenciar na adesão e
continuidade do tratamento, bem como autoexclusão e isolamento das relações sociais e
comunitárias (Adhikari et al., 2013; Adhikari et al., 2014). Podemos perceber o efeito do
estigma no contexto coletivo, como, por exemplo, no ambiente de trabalho e escolar, podendo
haver constrangimento, exclusão e recusa de emprego ou vaga nas escolas.
É fundamental chamar a atenção para os desdobramentos no cuidado em saúde,
entendendo que a falta de conhecimento sobre a doença pode se desdobrar em situações de
estigma e discriminação. Nessa perspectiva, o diagnóstico tardio, o tratamento inadequado, a
perda de vínculo e retenção do usuário ao serviço e à equipe são exemplos desse processo, o
que torna o desafio de controle e prevenção ainda mais complexos.
Para além da incorporação de estratégias de redução do estigma e seus
desdobramentos nas políticas e programas voltados para a hanseníase, a legislação brasileira
sofreu alterações significativas. Vale destacar a Lei N° 9.010, de 29 de março de 1995, que
altera a terminologia “lepra” e suas variações para o termo “hanseníase” em documentos
oficiais da administração federal e dos Estados-membros. Essa mudança foi impulsionada por
movimentos sociais, sociedade civil e outros atores, que identificaram a terminologia anterior
como discriminatória (Brasil, 1995).
A lei sinaliza uma importante tentativa de reduzir o estigma milenar que atravessa
a doença ao reconhecer termos que reproduzem preconceito e discriminação. Dado que a
linguagem molda as crenças e pode influenciar comportamentos, a mudança de sistemas
simbólicos (palavras, imagens e práticas) é crucial para modificações sociais, tendo em vista
que esses elementos atuam na desigualdade e nos sistemas de hierarquia presentes na estrutura
social, constantemente reforçados pelo estigma (Bourdieu; Passeron, 2008).
O Brasil se destaca mundialmente como o único país a adotar a substituição e
extinção de diversas terminologias como “doente de lepra”, “leprologista”, “leprosário”,
“leprocômio” por expressões mais adequadas, como “pessoa diagnosticada com hanseníase”,
“hansenologista”, “Centro de Dermatologia”, entre outros. Abaixo estão alguns termos
utilizados que, embora não estejam incluídos na Lei n° 9.010/95 (Brasil, 1995), devem ser
evitados considerando as suas representações (Quadro 1).
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Quadro 2 - Termos a serem evitados e termos recomendados para o enfrentamento ao estigma no contexto da
hanseníase. Fortaleza, 2025.
TERMOS A SEREM
JUSTIFICATIVA TERMOS RECOMENDADOS
EVITADOS
Portador de hanseníase Não utilizar portador, termo que Pessoa com ou diagnosticada com
traz a ideia de portar algo perigoso. hanseníase;
Pessoa em tratamento para
hanseníase.
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Face leonina Atribuição de características Face com infiltrações;
animalescas a pessoas com Rosto, testa, orelhas infiltradas.
mudanças corporais devido ao
avanço da doença.
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
Outro ponto a ser destacado é o estigma reproduzido por profissionais da saúde,
relatado pelas pessoas que são diagnosticadas com a doença. O acolhimento é a principal
abordagem para enfrentar práticas discriminatórias, como a evasão do contato físico, o
distanciamento da pessoa acometida, compartilhamento segregado de utensílios e o uso de
terminologias preconceituosas. Profissionais que atuam na APS e na rede de referência devem
estar atentos aos relatos de ações discriminatórias, uma vez que podem trazer impactos e
desdobramentos significativos na vida da pessoa acometida pela doença. A responsabilidade
compartilhada de diferentes profissionais é fundamental para promoção de práticas de cuidado
e acolhimento, garantindo vinculação com a equipe e a unidade, além da adesão ao tratamento.
A prática de informar os direitos constitucionais, especialmente neste contexto, pode ser um
importante enfrentamento a atividades de preconceito e discriminação.
Busca-se trazer nesta breve seção a perspectiva da importância de uma
universalização da preocupação com o estigma relacionado à hanseníase, elencando palavras,
contextos e posturas discriminatórias, que atuam na reprodução da desigualdade, exclusão ou
restrição, impedindo o exercício de direitos em igualdade de condições. A necessidade da
democratização de informações, para além de espaços institucionais, atuando junto à
comunidade, à pessoa acometida e seus familiares, a profissionais de saúde e diversos outros
atores sociais, para fomentar o entendimento sobre o tema e promover a desconstrução de mitos,
medos, preconceito e discriminação. A complexidade da hanseníase destaca que é necessário
constantemente reativar discussões e perspectivas em resposta a questões que pareciam
superadas, mas que estão presentes ainda hoje.
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
REFERÊNCIAS
BRASIL. Portaria GM/MS nº 635, de 22 de maio de 2023 Institui, define e cria incentivo
financeiro federal de implantação, custeio e desempenho para as modalidades de equipes
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BOLETIM DE SAÚDE DE FORTALEZA
HANSENÍASE
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HANSENÍASE
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68
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
HANSENÍASE
APÊNCIDE A – LISTA DE UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE DE
FORTALEZA COM ENDEREÇO E CONTATO TELEFÔNICO, ABRIL DE 2025
AV DOM ALOISIO
I JOAO MEDEIROS LORSCHEIRDER, 982 – VILA (85) 3452-6646
VELHA
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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
HANSENÍASE
RUA BERNARDO PORTO, 497 –
I PAULO DE MELO (85) 3452-6380
MONTE CASTELO
AV MONSENHOR HELIO
I VIRGÍLIO TÁVORA CAMPOS S/N – CRISTO (85) 3286-2219
REDENTOR
CONTATO
ANTÔNIO TEIXEIRA DE AV TENENTE LISBOA S/N –
I TELEFÔNICO NÃO
SOUZA CARLITO PAMPLONA
DISPONÍVEL
CONTATO
DOUTOR MIGUEL RUA FREI ODILON S/N –
I TELEFÔNICO NÃO
SCHETTINI NETO FLORESTA
DISPONÍVEL
70
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
HANSENÍASE
RUA JOSE CLAUDIO GURGEL
II FREI TITO COSTA LIMA, 100 – CAÇA E (85) 3265-7933
PESCA
CONTATO
LIDUÍNA MARIA RUA RAMOS BOTELHO, 601 –
II TELEFÔNICO NÃO
ARAÚJO PAPICU
DISPONÍVEL
71
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
HANSENÍASE
RUA TOMAS CAVALCANTE,
III ELIÉZER STUDART (85) 3488-3259
545 – AUTRAN NUNES
CONTATO
FÁBIO MARTINS DE RUA GUSTAVO BRAGA, 547 –
III TELEFÔNICO NÃO
LIMA RODOLFO TEÓFILO
DISPONÍVEL
72
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
HANSENÍASE
RUA PROF JOAO BOSCO, 213 –
III SANTA LIDUINA (85) 3433-2569
PARQUE ARAXA
DOM ALOISO
IV RUA BETEL S/N – DENDE (85) 3131-1945
LORSCHEIDER
CONTATO
DOM JOSE BEZERRA RUA PRIMEIRO DE JANEIRO,
IV TELEFÔNICO NÃO
COUTINHO S/N – PARANGANBA
DISPONÍVEL
CONTATO
DR. RAIMUNDO PONTES RUA DAMASCENO GIRÃO, S/N
IV TELEFÔNICO NÃO
FILHO – JARDIM AMÉRICA
DISPONÍVEL
RUA MONSENHOR
IV GUTEMBERG BRAUN (85) 3452-5199
AGOSTINHO, 505 – VILA PERY
73
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
HANSENÍASE
RUA MARECHAL DEODORO,
IV LUIS COSTA (85) 3131-7677
1501 – BENFICA
VALDEVINO
IV RUA GUARÁ, S/N – ITAOCA (85) 3131-7338
CARVALHO
CONTATO
RUA D, EM FRENTE AO
V AGUEDA XEREZ CUNHA TELEFÔNICO NÃO
NÚMERO 23 – JOSÉ WALTER
DISPONÍVEL
74
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
HANSENÍASE
GUARANY RUA DR GERALDO BARBOSA,
V (85) 3452-2496
MONT'ALVERNE 3230 – GRANJA LISBOA
CONTATO
DOUTOR HENRIQUE
V RUA SERENA, 242 – SIQUEIRA TELEFÔNICO NÃO
MOTA NETO
DISPONÍVEL
AV SENADOR FERNANDES
JOSÉ GALBA DE
V TAVORA, 3161 – PARQUE (85) 3452-6753
ARAÚJO
GENIBAÚ
75
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
HANSENÍASE
RUA DESEMBARGADOR
V PARQUE SÃO JOSÉ FROTA, S/N – PARQUE SÃO (85) 3483-5451
JOSÉ
CONTATO
RUA DAS CEREJEIRAS, S/N –
V PEDRO UCHOA TELEFÔNICO NÃO
PRESIDENTE VARGAS
DISPONÍVEL
RONALDO
V AVENIDA I, S/N – GENIBAU (85) 3459-1741
ALBUQUERQUE
CONTATO
FRANCISCO TAILSON RUA SAMARIA, S/N – BOM
V TELEFÔNICO NÃO
PINHEIRO JARDIM
DISPONÍVEL
76
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
HANSENÍASE
CONTATO
FERNANDO UCHOA AV PAU BRASIL S/N – CIDADE
V TELEFÔNICO NÃO
COSTA JARDIM
DISPONÍVEL
77
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
HANSENÍASE
VI JOÃO HIPÓLITO RUA TRES, 88 – DIAS MACEDO (85) 3105-3200
RUA DESEMBARGADOR
MANOEL CARLOS FAUSTINO DE
VI (85) 3452-6092
GOUVEIA ALBUQUERQUE, 486 – JARDIM
DAS OLIVEIRAS
CONTATO
MÁRCIA MARIA RUA ODILON GUIMARÃES,
VI TELEFÔNICO NÃO
MESQUITA VELOSO 1773 – CURIÓ
DISPONÍVEL
AV DESEMBARGADOR
VI MATTOS DOURADO FLORIANO BENEVIDES, 391 – (85) 3105-1564
EDSON QUEIROZ
78
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
HANSENÍASE
AVENIDA CHIQUINHA
VI OSMAR VIANA (85) 3269-7827
GONZAGA S/N – JANGURUSSU
CONTATO
PADRE ALBERTO AV. DEPUTADO PAULINO
VI TELEFÔNICO NÃO
TROMBINI ROCHA, S/N – CAJAZEIRAS
DISPONÍVEL
POMPEU
VI RUA 5, S/N – BARROSO (85) 3269-8142
VASCONCELOS
CONTATO
DR. SERGIO GOMES DE RUA ROUXINOL, S/N – EDSON
VI TELEFÔNICO NÃO
MATOS QUEIROZ
DISPONÍVEL
79
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO
HANSENÍASE
APÊNCIDE B – UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE QUE POSSUEM
BACILOSCOPIA E ATENDIMENTO AMBULATORIAL, ABRIL 2025
SERVIÇO
CORES UAPS ENDEREÇO TELEFONE
FORNECIDO
RUA BELISARIO
II PIO XII TAVORA, 41 – SÃO (85) 3452-1896 BACILOSCOPIA
JOÃO DO TAUAPE
RUA MARECHAL
IV LUIS COSTA DEODORO, 1501 - (85) 3131-7677 BACILOSCOPIA
BENFICA
RUA ALFREDO
JOSÉ
MAMEDE, 250 –
V PARACAMPO (85) 3223-0806 BACILOSCOPIA
PLANALTO AYRTON
S
SENNA
RUA TEODORO DE
FERNANDO
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serviços de atendimento de pessoas com suspeita ou diagnosticadas com Hanseníase, avaliação de contatos,
Avaliação Neurológica Simplificada (ANS), raspado dérmico, vacina BCG, biópsia de pele e pesquisa de
resistência antimicrobiana.
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