TEORIAS DA APRENDIZAGEM
Ana Lúcia Portella Staub
ENFOQUES TEÓRICOS À APRENDIZAGEM E AO ENSINO
O ensino visa aprendizagem. Schimitz a descreve como sendo "um processo
de aquisição e assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e
novas formas de perceber, ser, pensar e agir". Alguns preferem definir
aprendizagem como sendo a aquisição de novos comportamentos. Existem
hoje muitas teorias sobre a aprendizagem.
Uma teoria é uma tentativa humana de sistematizar uma área de
conhecimento, uma maneira particular de ver as coisas, de resolver
problemas.
Uma teoria de aprendizagem é, então, uma construção humana para
interpretar sistematicamente a área de conhecimento que chamamos
aprendizagem (Moreira, 1999).
O conceito de aprendizagem tem vários significados não compartilhados.
Algumas definições incluem: condicionamento, aquisição de informação,
mudança comportamental, uso do conhecimento na resolução de
problemas, construção de novos significados e estruturas cognitivas e
revisão de modelos mentais. Estes conceitos de aprendizagem e ensino são
expressos em três principais enfoques teóricos: Comportamentalista,
Cognitivista e Humanista.
A familiarização com as principais teorias de aprendizagem, salientando
principalmente a influência das mesmas no processo ensino-aprendizagem,
pode auxiliar na compreensão das causas das dificuldades reveladas pelos
alunos, identificando os fatores que para elas contribuem. Além disso, um
melhor entendimento das teorias de aprendizagem pode contribuir com
uma formação mais adequada de todos aqueles que participam do sistema
educacional. É importante compreender o modo como as pessoas aprendem
e as condições necessárias para a aprendizagem, bem como identificar o
papel do professor nesse processo. Estas teorias são importantes porque
possibilita a este mestre adquirir conhecimentos, atitudes e habilidades que
lhe permitirão alcançar melhor os objetivos do ensino.
Na aprendizagem escolar, existem os seguintes elementos centrais para
que o desenvolvimento escolar ocorra com sucesso: o aluno, o professor e a
situação de aprendizagem.
As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos
atos de ensinar e aprender, partindo do reconhecimento da evolução
cognitiva do homem, e tentam explicar a relação entre o conhecimento pré-
existente e o novo conhecimento. A aprendizagem não seria apenas
inteligência e construção de conhecimento, mas, basicamente, identificação
pessoal e relação através da
interação entre as pessoas.
ENFOQUE COMPORTAMENTALISTA - Jonh B. Watson (1878-1958) cunhou o
termo behaviorimo para deixar claro que sua preocupação era com os
aspectos observáveis do comportamento. O behaviorismo supõe que o
comportamento inclui respostas que podem ser observadas e relacionadas
com eventos que as precedem (estímulos) e as sucedem (conseqüências).
São também chamadas teorias estímulo-resposta. Watson, Pavlov, Guthrie,
Skinner e Thorndike, são os autores que mais se destacaram nesta linha de
pensamento. O enfoque comportamentalista:
Provê uma base para o estudo de manifestações que produzem mudanças
comportamentais;
Aprendiz é o ser que responde a estímulos fornecidos pelo ambiente
externo;
Limita-se ao estudo de comportamentos manifestos e mensuráveis
controlados por suas conseqüências;
Não considera o que ocorre dentro da mente do indivíduo durante o
processo de aprendizagem;
Aprendiz é visto como objeto.
ENFOQUE COGNITIVISTA - As teorias cognitivas tratam da cognição, de
como indivíduo "conhece"; processa a informação, compreende e dá
significados a ela. Dentre as teorias cognitivas de aprendizagem mais
antigas, destacam-se a de Tolman, a da Gestalt e a de Lewin. As mais
recentes e de bastante influência no processo instrucional são as de Bruner,
Piaget, Vygotsky e Ausubel. O enfoque cognitivista:
Encara a aprendizagem como um processo de armazenamento de
informações;
Auxilia na organização do conteúdo e de suas idéias a respeito de um
assunto, em uma área particular de conhecimento;
Busca definir e descrever como os indivíduos percebem, direcionam a
atenção, coordenam as suas interações com o ambiente;
Como aprendem, compreendem e reutilizam informações integradas em
suas memórias a longo prazo;
Como os indivíduos efetuam a transferência dos conhecimentos adquiridos
de um contexto para o outro;
Para Vygotsky (1896-1934), o desenvolvimento cognitivo é produzido pelo
processo de interiorização da interação social com materiais fornecidos pela
cultura. As potencialidades do indivíduo devem ser levadas em conta
durante processo de ensino-aprendizagem;
O sujeito é não apenas ativo, mas interativo, pois forma conhecimentos e
constitui-se a partir de relações intra e interpessoais;
Para Piaget (1981), a construção do conhecimento se dá através da
interação da experiência sensorial e da razão;
A interação com o meio (pessoas e objetos) são necessários para o
desenvolvimento do indivíduo;
Enfatiza o processo de cognição à medida que o ser se situa no mundo e
atribui significados à realidade em que se encontra;
Preocupa-se com o processo de compreensão, transformação,
armazenamento e uso da informação envolvida na cognição.
ENFOQUE HUMANÍSTICO - A idéia que norteia esta teoria está baseada no
princípio do ensino centrado no aluno. Este possui liberdade para aprender,
e crescimento pessoal é valorizado. O pensamento, sentimentos e ações
estão integrados. O autor humanista mais conhecido é Rogers. A teoria
humanista:
Vê o ser que aprende primordialmente como pessoa;
Valoriza a auto-realização e o crescimento pessoal;
Vê o indivíduo como fonte de seus atos e livre para fazer escolhas;
A aprendizagem não se limita a um aumento de conhecimentos, ela influi
nas escolhas e atitudes do aprendiz;
O aprendiz é visto como sujeito, e a auto-realização é enfatizada.
DISCUSSÃO
O processo civilizatório e de humanização está em contínuo movimento, daí
por que, de tempos em tempos, surgem novas idéias, novos conceitos que,
não apenas representam esse movimento, mas também servem para
impulsioná-lo.
O ensino, que recebe a responsabilidade social de promover a formação
para a cidadania dos membros da sociedade, defronta-se com a
necessidade de promover sua própria reorganização. Por outro lado, os
educadores também vêem a necessidade de superar a fragmentação do
ensino, e buscar uma atuação mais humana.
Dentro deste contexto agradeço a oportunidade de ter cursado a disciplina
de prática educativa, que contando com o brilhantismo de seus
organizadores, disponibilizaram momentos de reflexão acerca do papel de
cada um de nós na (re)organização do ensino e a forma de praticá-lo.
Devo concordar com Moreira (1999) que as teorias de Ausubel, Novak e
Gowin que propõe uma relação triádica entre aluno, materiais educativos e
professor com objetivo de compartilhar significados, é um referencial para o
dia-a-dia da sala de aula.
Referências Bibliográficas
- Zoboli, Graziela. Práticas de ensino. Ed Ática, 1991
- Gauthier, Chermont. Por uma teoria de pedagogia. Ed. Unijuí, 1998.
- Elkind, David- Crianças e adolescentes- ensaios interpretativos sobre Jean
Piaget. Rio de Janeiro, Zahar, 1972.
- Moura, A. M.; Mohlecke, A. M. P. Q - As teorias de aprendizagem e os
recursos da internet auxiliando o professor na construção do conhecimento.
www.uel.br/seed/nte/as_teorias_de_aprendizagem_e_a_internet.htm
- Lück, Heloisa - Pedagogia interdisciplinar - Fundamentos teóricos-
metodológicos. Ed. Vozes, 1999.