DEPARTAMENTO DE BIOMATERIAIS E BIOLOGIA ORAL
Disciplina ODB 0401 – Odontologia Restauradora Indireta
Roteiro de estudos
Data: agosto/2021
Materiais para modelo sobre molde (gesso)
Vídeos de 1 a 4
Paulo Eduardo Capel Cardoso
Roteiro: Materiais para modelo sobre molde (gesso)
Vídeo 1 –
Conteúdo dos vídeos da aula de gesso:
1. Introdução
2. Obtenção de gesso
3. Gesso na odontologia & usos
4. Reação: gesso-gipsita (cristalização)
5. Tipos de gessos odontológicos e indicações
6. Requisitos dos gessos odontológicos
7. Variáveis de manipulação
1. Introdução
• Modelo físico em gesso x modelo virtual
• Molde de boa qualidade e bem feito – muito fiel à boca
• Vasar o material de modelo (gesso) sobre o molde
• O modelo de gesso é o grande ELO do paciente com o trabalho
que será realizado no laboratório
• Gesso é obtido a partir do mineral gipsita – encontrada em minas ao
redor do mundo
• Gipsita: sulfato de cálcio di-hidratado
o Cristal que ocorre na natureza
o Normalmente branco opaco
o Uso pelo homem data de mais de 7000AC
1. Pirâmides, templos, construções, bustos
o Mina de gipsita nos arredores de Paris em 1700DC – deu nome
ao gesso Paris
o Gesso tem diversos usos além da odontologia, construções,
artes, etc.
2. Obtenção do gesso
• Transformação da gipsita em gesso
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Materiais para modelo sobre molde (gesso)
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Extração da Gipsita
Transportar a Gipsita
Triturar a Gipsita
Industrialização - caldeiras
(processo de calcinação)
Processo de calcinação:
• Gipsita é a forma di-hidratada do sulfato de cálcio (sulfato de cálcio
di-hidratado, CaSO4 • 2H 2O ), mineral encontrado na natureza como
uma massa compacta.
• No processo de calcinação, a gipsita é aquecida e perde 1,5 gmol
dos seus 2 gmol de água, convertendo-se em sulfato de cálcio hemi-
hidratado ( CaSO4 • 1 2 H 2 O ).
• Quando o gesso é misturado com água, o sulfato de cálcio hemi-
hidratado converte-se novamente em sulfato de cálcio di-hidratado.
exotermia
←
Sulfato de cálcio di-hidratado Sulfato de cálcio hemi-hidratado + ↑ Água
→
𝑎𝑞𝑢𝑒𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
• Durante esta reação, o calor antes fornecido para a retirada de água
da gipsita original quando da calcinação é liberado para o
ambiente, o que significa que a mistura de gesso com água inicia
uma reação exotérmica.
• Gipsita – processo de calcinação = Gesso + Água
3. Usos do gesso em odontologia (Sulfato de Cálcio Hemi-hidratado)
• Material de modelo:
o Para modelos de boca - restaurações indiretas, modelos de
estudo, moldeiras individuais, placas de clareamento, etc.
o Modelos de face
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• Material acessório
o Prender os modelos no articulador
o Material de preenchimento
• Aglutinante em refratário odontológico
4. Cristalização – mecanismo de presa
• Reação – gesso-gipsita
• Sulfato de cálcio hemi-hidratado + água = sulfato de cálcio di-
hidratado + calor
o Ao entrar em contato com a água, o hemi-hidrato é dissolvido,
reage com a água e se transforma em di-hidrato, que é menos
solúvel, satura a solução e precipita como cristais em forma de
agulha. O imbricamento dos cristais é o que confere coesão e
resistência mecânica à gipsita, ao mesmo tempo que a
interação entre cristais em crescimento provoca sua expansão
aparente.
• Formação de cristais
o O aumento do número de núcleos de cristalização por
unidade de volume facilita a cristalização, o que diminui o
tempo de presa. O número de núcleos de cristalização
aumenta durante a espatulação, pois são divididos por
fratura1. Também se pode aumentar este número acrescendo
raspas de gesso endurecido anteriormente.
• Expansão da massa que está sendo formada – é necessário
minimizar a expansão
o A velocidade de presa é controlada pela relação entre a
solubilidade do hemi-hidrato e o di-hidrato. Os aceleradores da
presa (por exemplo, cloreto de sódio até 5%) aumentam esta
relação e os retardadores (por exemplo, bórax) a diminuem.
Os íons dos modificadores da velocidade de presa também
podem precipitar, “envenenando” os cristais, que param de
crescer. Agentes anti-expansivos são misturas de aceleradores
e retardadores: o tempo de presa permanece o mesmo, mas
os cristais “envenenados” expandem menos.
• No Brasil, o termo gesso é utilizado tanto para se referir ao hemi-
hidrato, quanto ao di-hidrato. Felizmente o uso de um único termo
para duas coisas distintas normalmente não gera confusão, pois a
distinção é feita pelo contexto da frase.
1
Por este motivo, recomenda-se que a espatulação do gesso continue durante 45 segundos,
mesmo que a massa já esteja homogênea.
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INFORMAÇOES COMPLEMENTARES SOBRE A CRISTALIZAÇÃO/PRESA
Um dos princípios da química geral diz que, numa solução na qual está
ocorrendo uma reação química em equilíbrio, o acúmulo ou aumento de
concentração de reagentes desloca o equilíbrio da reação no sentido de
aumentar a velocidade da formação dos produtos. O contrário também é
verdadeiro: se acumularem os produtos na solução, diminui a velocidade de
produção de produtos.
Quando a relação {[solubilidade do hemidrato]/[solubilidade do di-hidrato]} é
alta, quer dizer que a solubilidade do hemidrato é relativamente alta em relação
à do di-hidrato. Assim, a reação química vai ficar com um acúmulo relativo de
REAGENTE (hemidrato, que se dissolve e atinge uma alta concentração).
Depois de dissolvido e altamente concentrado, o hemidrato reage rápido com a
água. Já. o PRODUTO da reação, o di-hidrato, satura facilmente a solução, e
sai dela formando um cristal novo ou fazendo crescer um cristal já formado.
Como a solubilidade é baixa, satura com facilidade e precipita relativamente
rápido, removendo o produto. A remoção do produto, como vimos, também
facilita que a reação seja acelerada. Por tudo isto, a velocidade de presa
AUMENTA.
Se a relação de solubilidade diminuir (porque a solubilidade do di-hidrato
aumentou mais que a do hemidrato ao adicionar os íons modificadores), quer
dizer que o PRODUTO (di-hidrato) tende a se acumular na solução (em relação
à proporção de hemidrato). Isto ocorre ANTES DE PRECIPITAR PARA
FORMAR O CRISTAL DE GESSO, causando uma DIMINUIÇÃO da velocidade
de reação entre o hemidrato e a água; ou seja: REDUÇÃO DA VELOCIDADE
DE PRESA.
INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR SOBRE A ACELERAÇÃO DO TEMPO DE PRESA:
O ENVENENAMENTO de cristais de di-hidrato significa que algum átomo
estranho se depositou nele para impedir que ele continue crescendo para
aumentar o seu comprimento; mas o di-hidrato dissolvido vai continuar
precipitando quando saturar a solução, nem que seja formando novos cristais,
mesmo que seja em outro lugar e mesmo que eles também seja envenenados.
O resultado é que os cristais agulhados ficam, em média, mais curtos e, por
isso, menos entrelaçados. O menor entrelaçamento influencia diminuindo a
resistência mecânica à compressão, mas não afeta a velocidade da
reação.
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Vídeo 2 –
O que faz um gesso diferente do outro?
5. Tipos de gesso na odontologia
• Tipos II, III, IV e V
• Diferença dos tipos de gesso é consequência do processo de
calcinação:
o Temperatura da calcinação
o Emprego de pressão durante a calcinação
o Uso de agentes modificadores de superfície (ex. cloreto de
cálcio)
o Presença de agentes anti-expansivos
Gesso tipo II ou Gesso Comum ou Gesso Paris
• Temperatura de calcinação entre 110-120°C – sem pressão durante a
calcinação – sem modificadores de expansão
• Partículas porosas e irregulares (β- hemi-hidrato)
• Indicação:
o modelos de estudo,
o modelos de estudo em ortodontia,
o moldeiras de clareamento,
o moldeiras individuais
Gesso tipo III ou Gesso Pedra ou Gesso Pedra de Resistência Moderada
• Temperatura de calcinação de 130°C – com pressão durante a
calcinação – com modificadores de expansão
• Partículas menos porosas e mais regulares (α- hemi-hidrato), quando
comparadas ao tipo II
• Indicação:
o modelos de trabalho para ortodontia,
o modelos de trabalho para prótese parcial removível (PPR),
o material acessório para fixação de modelos em articulador,
o modelo de trabalho para confecção de placa de mordida,
o preenchimento de mufla para próteses oculares
Graças à pressão maior durante a calcinação (realizada em autoclave),
formam-se partículas com formato mais uniforme e menos porosas (α- hemi-
hidrato) que as do gesso comum. Sais extras são acrescentados ao pó de hemi-
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hidrato para reduzir a expansão de presa, com objetivo de obter um modelo
com maior fidelidade dimensional.
Gesso tipo IV ou Gesso Especial
• Temperatura de calcinação de 130°C – com pressão durante a
calcinação – com modificadores de expansão, adicionado também
modificador de superfície (cloreto de cálcio)
• Partículas do gesso super compactas e muito lisas
• Indicação:
o modelos de trabalho para todos os tipos de prótese fixa
Partículas também do tipo α- hemi-hidrato, porém são ainda mais compactas,
lisas e regulares que as do gesso tipo III, graças à adição de cloreto de cálcio
(modificador) durante a calcinação em autoclave. Sais extras também são
acrescentados ao pó de gesso para reduzir a expansão de presa. É
recomendado para modelos de trabalho que necessitam de um material com
propriedades mecânicas superiores para resistir a impactos e desgaste.
Gesso tipo V ou Gesso Especial de Alta Expansão
• Era bastante usado para compensar um problema de contração da
liga metálica no estado sólido (assunto será abordado na aula de
fundição) – hoje usam-se outros métodos para essa compensação
• Temperatura de calcinação de 130°C – com pressão durante a
calcinação – sem modificadores de expansão,
• Partículas do gesso super compactas e muito lisas
o Indicação: próteses fixas com copings em liga metálica de alta
temperatura de fusão (NiCr, CoCr) – para compensação da
contração de solidificação destas ligas
Partículas resultantes de um processo de calcinação idêntico ao do tipo IV (com
pressão, e cloreto de cálcio para obter partículas mais lisas, compactas e
regulares), porém, sem adição de sais extras ao pó para reduzir a expansão de
presa. Desta forma, a mistura do gesso tipo V com água resulta em um modelo
de gipsita com maior expansão que o tipo IV, e com propriedades mecânicas
até um pouco mais altas. É um gesso utilizado em casos em que é necessário
que o modelo tenha dimensões maiores que do dente original, no intuito de
compensar fenômenos de contração no processo de fundição para obtenção
da peça protética indireta. Mais especificamente, o gesso tipo V é utilizado em
casos em que a peça protética indireta será constituída de uma liga metálica
de alta temperatura de fusão, que contrai muito ao resfriar. Entretanto, esta alta
expansão do gesso tipo V (0,3% é um valor muito alto para peças que exigem
alta fidelidade, como uma coroa protética) gera um problema prático: a peça
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fundida não encaixará no modelo, impedindo as provas da peça no modelo
nas etapas seguintes à fundição. Devido a este inconveniente, o gesso tipo V é
pouco utilizado nos laboratórios de prótese. A alta contração da liga é
compensada de outras formas, que serão discutidas nas aulas de processo de
fundição e técnicas de fundição.
Diferenças entre os gessos – Resumo (Processo de Calcinação)
Tabela 1 - Resumo das principais diferenças entre os tipos de gesso
Calcinação
Cloreto Tipo de Modificadores
Tipo
Temperatura Pressão de partícula de expansão
cálcio
-hemi-
II 110-120 Não Não Não
hidrato
- hemi-
III 130 Sim Não Sim
hidrato
- hemi-
hidrato
IV 130 Sim Sim Sim
mais denso
(densita)
- hemi-
hidrato
V 130 Sim Sim Não
mais denso
(densita)
Relação água/pó (A/P)
Cálculo estequiométrico – 19,7% de água – para cada 100 grs. de gesso serão
necessários 19,7% gramas/ml de água
Espatulação do gesso tipo IV – vídeo: nesse vídeo pudemos observar que o uso
de 19,7% de água produziu uma massa coesa com fluidez suficiente para
escoar sobre o molde.
Vídeo 3 –
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Espatulação do gesso tipo III – vídeo: nesse vídeo vimos que o uso de 19,7% de
água produziu uma massa homogênea, mas sem fluidez suficiente para escoar
sobre o molde
Espatulação do gesso tipo II – vídeo: nesse vídeo observamos que a
quantidade de água de 19,7% resulta em uma pulverulenta que não pode ser
derramada sobre o molde
Diferença entre os tipos de gesso resulta do processo de calcinação
Quando se usa os 19,7% de água para espatular os gessos tipo II e III, parece
que a água não foi suficiente.
Para cada tipo de gesso a consistência da massa espatulada é diferente,
quando se mantem a relação de 19,7% de água em relação ao pó.
Quanto mais irregulares e porosas as partículas do gesso mais água é
necessária para se obter uma massa “trabalhável”, com fluidez suficiente para
que possa escoar sobre o molde e copiar os detalhes.
Qual é então a quantidade de água necessária para se obter a massa
“trabalhável”?
Tabela 2: Relação água/pó (A/P)
Tipo de Gesso Relação A/P (%)
II 45-50
III 30
IV e V 19-22
Relação A/P ideal – Phillip’s Science of Dental Materials, 12 ed, 2012
Consequência de se adicionar mais água para a obtenção da massa
“trabalhável”:
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Resistência mecânica:
Tipo de Gesso Relação A/P (%) Resistencia Mecânica
(Mpa)
II 45-50 9
III 30 21
IV 19-22 35
V 19-22 49
Ainda sobre a relação A/P – para se obter a melhor resistência mecânica
possível é imprescindível seguir a proporção água/pó recomendada pelo
fabricante – Estudo Cardoso, PEC et all, Cienc Odontol Bras, 2005
6. Requisitos dos gessos odontológicos
• Compatibilidade com material de moldagem
o Alginato (coloide): retarda a presa do gesso – resultado:
diferença na textura do modelo, os modelos de gesso
vasados sobre alginato terão uma textura mais rugosa
o Elastômeros são hidrofóbicos – pode se usar umectante no
molde para melhorar o resultado
• ADA (American Dental Association), que regulamenta os produtos
odontológicos nos Estados Unidos, determinou na sua regra nr. 25,
que o gesso odontológico precisa ter capacidade para copiar uma
ranhura de 20 micrometros de espessura – gessos que não tenham
essa capacidade de cópia não são credenciados para
comercialização
• Expansão: todos os tipos de gesso vão se expandir quando
cristalizam, quanto mais um gesso expande menos fiel será a cópia
Gessto Tipo Expansão mínima (%)
II O,3
III 0,1
IV 0,05
V 0,3
• Estabilidade dimensional: se armazenados em condições corretas
(sem excesso de umidade) todos os gessos vão manter sua
estabilidade dimensional
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• Cor contrastante –para poder visualizar os limites do preparo, a cor
do gesso precisa diferenciar da cor da cera usada pelo técnico em
prótese para confecção da peça protética
• Resistencia mecânica – tem que ser resistente ao risco e ao impacto
o Resistência ao risco: permite ao técnico de prótese
esculpir a peça sem desgastar o gesso
Vídeo 4 –
7. Variáveis de manipulação
• Proporcionamento ou Relação água/pó (A/P)
• Energia de espatulação ou tipo de espatulação
• Mecanismo de presa – cristalização -> Relação com o maior ou menor
imbricamento dos cristais
Proporcionamento ou Relação água/pó (A/P)
A relação A/P influencia nas propriedades do gesso:
• Alteração dimensional ou expansão de presa
• Tempo de trabalho
• Tempo de presa
• Resistência mecânica
Quando se adiciona água ao gesso, acontece a formação de núcleos de
cristalização, quando colocarmos mais água aumentamos o espaço entre os
cristais, e, portanto, menor imbricamento entre eles.
Mais água entre os cristais – menor imbricamento.
Quando se imbricam mais rapidamente, porque os cristais estão mais próximos
uns dos outros, teremos um menor tempo de presa e um menor tempo de
trabalho
Além disso, se os cristais estão mais imbricados, maior a resistência mecânica.
Energia de espatulação ou tipo de espatulação
Espatulação manual: utilizando-se o gral e a espátula, apertando a mistura
gesso-água contra as paredes, durante aproximadamente 45 segundos, dessa
forma vão-se quebrando os cristais que são formados, e assim são formados
mais núcleos de cristalização
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Espatulação mecânica à vácuo – muito mais núcleos de cristalização são
quebrados, e, portanto, novos núcleos de cristalização são formados. Maior
energia é empregada na espatulação mecânica, menor o tempo de trabalho
e o tempo de presa.
INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR SOBRE ENERGIA DE ESPATULAÇÃO
A princípio, quanto maior a energia de espatulação, maior será o número de
núcleos de cristalização formados; claro que isto tem limites: não compensa
continuar espatulando (e aumentando o número de núcleos de cristalização)
depois que o gesso já atingiu, por exemplo, a presa inicial. Isto enfraqueceria a
massa. Também não vale a pena dar tanta energia que não sobre tempo para
usar o gesso (vazar um modelo toma tempo) antes dele começar a diminuir o
seu escoamento e tomar a presa inicial.
Em resumo: é preciso dar a energia recomendada, mas é possível variar um
pouco para mais ou para menos, sabendo que também ocorrerá uma pequena
variação nas propriedades, como você colocou na sua pergunta.
Na espatulação mecânica, normalmente, a energia total necessária é dada
dentro de um tempo MENOR que quando a espatulação se faz manualmente.
Pequenas variações efetivas de energia entre os métodos de espatulação
podem levar a diferenças na expansão. Na prática: se você tiver pressa para
que o gesso endureça um pouco mais rápido, pode prolongar a espatulação
manual um pouco, e notará o tempo de presa diminui em alguns minutos.
Haveria outros modos de encurtar o tempo de presa como, por exemplo,
adicionando um pouco de sal de cozinha; mas também mudariam algumas
outras propriedades.
Resumo: São 4 os tipos de gesso usados em odontologia:
Gesso tipo II, devido a maior quantidade de água necessária para se obter
uma massa trabalhável, tem uma menor resistência mecânica e uma maior
alteração dimensional, portanto indicado para modelos de estudo,
confecção de moldeiras individuais e de clareamento, preenchimento de
muflas para confecção de prótese total.
Gesso tipo III, tem resistência mecânica um pouco maior e alteração
dimensional um pouco menor, portanto indicado para prótese parcial
removível (PPR), expansores de ortodontia, fixação de modelos em articulador,
modelos para confecção de placa de mordida, preenchimento de muflas
para prótese ocular
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Gesso tipo IV, para confecção de próteses fixas, porque tem resistência
mecânica maior e mínima alteração dimensional
Gesso tipo V, pouco usado hoje em dia, indicado para confecção de próteses
que utilizam ligas metálicas com alto ponto de fusão
Alteração
Quantidade de Resistência dimensional ou
Gesso tipo
água (%) mecânica (Mpa) expansão de
presa
II 45-50 9 0,3
III 30 21 0,1
IV 19-22 35 0,05
V 19-22 49 0,3
Relação água/pó (A/P): existe uma proporção estequiométrica de água necessária para que o
sulfato de cálcio hemi-hidratado se transforme em sulfato de cálcio di-hidratado. No entanto,
no caso dos gessos tipo II e III, esta proporção não é suficiente para se obter uma massa coesa
com escoamento suficiente para se adaptar ao molde. Por este motivo, a água é colocada em
excesso.
A relação água/pó para obter a consistência de trabalho varia de acordo com o tipo de gesso:
quanto mais porosas as partículas (e, portanto, menos compactas), maior a relação água/pó
necessária para obter escoamento; ou seja, maior a proporção de água que ultrapassa a
estritamente necessária para a reação química (19,7%).
Após a completa cristalização, o excesso de água, que ocupa parte dos espaços entre os cristais
de di-hidrato, evapora com o tempo.
Resistência mecânica: quanto maior a proporção de água de espatulação, além da necessária
para reagir, maiores serão os espaços finais entre os cristais e menor será o imbricamento entre
eles, o que produz um material mecanicamente inferior. Por estes motivos, a resistência
mecânica do gesso tipo II é a menor, e as maiores resistências são apresentadas pelos tipos IV e
V, quando espatulados com a proporção recomendada para cada um deles. Gessos melhorados
espatulados com a mesma proporção que o de tipo II, tendem a ter a mesma resistência que o
de tipo II.
Expansão de presa (alteração dimensional): a conversão de hemi-hidrato em di-hidrato resulta
em contração (o volume de di-hidrato resultante é menor que o volume hemi-hidrato + volume
de água). Esta é a chamada “contração real do gesso”. Porém, todos os produtos de gipsita
expandem nos seus contornos (“expansão aparente do gesso”, porque é a que aparece a olhos
vistos) à medida que tomam presa, graças ao choque entre os cristais de di-hidrato à medida
que estes crescem. Isto significa que, durante o endurecimento do gesso, são necessariamente
formadas novas micro-porosidades internas.
Quanto maior a relação A/P para a espatulação, maior a distância inicial entre os cristais em
crescimento e, desta forma, menor o choque entre eles, o que resulta em menor expansão de
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presa.
O que seria esperado, de acordo com esta informação, é que o gesso tipo II, que apresenta maior
relação A/P graças às suas partículas mais porosas, irregulares e menos lisas, expandisse menos
que os outros tipos. No entanto, a tabela acima apresenta valores menores para os tipos III e IV.
Os gessos tipo III e IV, como dito anteriormente, têm a presença de sais extras adicionados ao
pó para reduzir a expansão de presa. O gesso tipo V, embora seja semelhante ao IV, não possui
esses sais, o que lhe confere uma maior alteração dimensional de presa.
Relação água/pó: a relação água pó é uma variável de manipulação que influencia de forma
drástica a resistência mecânica e outras características de manipulação do gesso. De modo geral,
quanto maior e relação água/pó menor a resistência mecânica final. Entretanto é importante
destacar que a relação água/pó deve ser tal que promova fluidez suficiente para preencher todo
o molde. Normalmente, uma massa mais fluida consegue copiar melhor pequenos espaços em
um molde sem aprisionar bolhas de ar no seu interior. O aprisionamento de ar durante a
manipulação e vazamento representa um grande problema, pois compromete a resistência
mecânica e a fidelidade de cópia. É recomendável obedecer a relação água/pó indicada pelo
fabricante.
Como foi visto na aula prática, o uso de vibração permite também aumentar o escoamento, sem
prejuízo da resistência.
Energia de espatulação/tempo de espatulação: a reação de presa do hemi-hidrato ocorre desde
o primeiro contato do pó com a água. Conforme ocorre este contato, surgem núcleos de
cristalização, onde ocorre crescimento dos cristais por precipitação do di-hidrato. Uma maior
energia de espatulação é capaz de provocar a quebra dos cristais em crescimento, o que resulta
um maior número de núcleos de cristalização e acelera a presa. Com um maior número de
núcleos, os cristais formados ficam mais próximos e conseguem maior imbricamento, e isto
resulta em maior resistência mecânica. Assim, em uma manipulação manual (com gral e
espátula), o tempo de espatulação deve ser maior que o necessário para obter mistura
homogênea com consistência adequada. A continuidade da espatulação permite a quebra dos
cristais, com aumento do número de núcleos de crescimento. Um maior tempo de espatulação,
portanto, também é responsável pela aceleração da presa e obtenção de maior resistência
mecânica. Quando espatuladores mecânicos são utilizados, o tempo de espatulação é
diminuído.
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