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CRISPR-Cas91
Clarisse de Fátima Guerra Liberalesso2
Daniela Kappel Abreu3
Maiara Basso Farias4
Drª. Mariana Zancan5
INTRODUÇÃO: Durante o século XX, a humanidade conviveu com medos e esperanças
relacionadas com as possibilidades de intervenções genéticas no ser humano. Após a
descoberta da dupla hélice do DNA, em 1953, por James Watson e Francis Crick, houve muitos
conhecimentos como os organismos transgênicos, o melhoramento genético, a clonagem, entre
outros. Em tempos de novos conhecimentos, de rápidas e profundas inovações tecnológicas no
âmbito do genoma humano, surge a descoberta da molécula CRISPR-Cas9, que promete
revolucionar a área da genética (SGANZERLA,2020) e foi reconhecida pela ciência e que
rendeu o prêmio Nobel 2020 em Química para duas mulheres pesquisadoras. A descoberta da
CRISPR-Cas9, originalmente encontradas no genoma de Escherichia coli em 1987 e descritas
por Yoshizumi Ishino como as sequências curtas intercaladas regularmente só começaram
realmente a ser investigadas no início dos anos 2000, sendo então encontradas em diversos
outros organismos procarióticos, tanto do domínio Bactéria, quanto Archaea. Em 2002 a sigla
CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) foi criada para
denominar tais sequências. Francisco Mojica descobriu CRISPR de forma independente em
1993, e em 2003, ele descobriu que o DNA repetitivo nas bactérias geralmente ficava ao lado
de pedaços de DNA que combinavam com vírus que atacavam esse tipo de bactéria
(WIKIPEDIA). O primeiro estudo demonstrando como ocorre o direcionamento do complexo
CRISPR-Cas9, de modo a permitir a ligação com a sequência complementar do gene alvo, e
eliminação de um agente infeccioso em bactérias ocorreu em Streptococcus thermophilus em
2010. OBJETIVO: Descrever como ocorre a edição do DNA, suas aplicações e como essa
tecnologia da CRISPR-Cas9 fez as pesquisadoras serem premiadas. METODOLOGIA: A
pesquisa é de cunho bibliográfico, com buscas em fontes publicadas em artigos científicos e
disponíveis na internet com análise da possível aplicação da técnica CRISPR-Cas9.
DISCUSSÃO: Desenvolvido a partir de mecanismos moleculares do sistema imunológico
bacteriano, o sistema CRISPR possibilita a edição do genoma através de clivagem do DNA por
uma endonuclease (Cas9), guiada a partir de uma sequência de RNA, que é capaz de se parear
com as bases de uma sequência-alvo. Aproveitando-se desta estratégia, tanto a proteína Cas9
quanto o RNA guia, podem ser introduzidos in vitro em outras células e direcionados a locais
específicos do genoma , para que provocam quebras na fita dupla do DNA. Após esta clivagem,
a maquinaria molecular intrínseca do organismo, responsável pela correção de erros no genoma,
é utilizada para alterar a sequência de DNA, adotando a modificação. Desta forma, o sistema
pode ser utilizado tanto para reparar mutações (restaurando a função gênica) quanto para
introduzir mutações novas (AREND, 2017). A pesquisadora Emanuelle Charpentier (atual
diretora do Max Planck Institute of Infection Biology na Alemanha) e sua colega de trabalho
Jennifer Doudna (professora na Universidade de Berkeley na Califórnia),iniciaram uma
pesquisa a fim de entender como as bactérias atacam as infecções virais. Observaram que as
1
Resumo referente à pesquisa Edição De Humanos Por Meio Da Técnica do Crispr-Cas9: Entusiasmo Científico
e Inquietações Éticas do curso de Biomedicina Uceff (2020).
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Acadêmica do curso de Biomedicima Uceff. E-mail:
[email protected].
3
Acadêmica do curso de Biomedicima Uceff. E-mail:
[email protected]4
Acadêmica do curso de Biomedicima Uceff. E-mail:
[email protected].
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Orientadora Professora Drª.E-mail:
[email protected].
ANAIS EM SAÚDE COLETIVA – 2021/2
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bactérias possuem um sistema imunológico adaptativo, chamado CRISPR, que lhes permite
detectar o DNA viral e destruí-lo. Junto a esse sistema foi descoberta uma proteína denominada
Cas9, capaz de procurar, clivar e degradar o DNA do vírus. Essa proteína é encontrada na
Streptococcus Pyogenes, uma bactéria conhecida por causar infecção na garganta. E através do
estudo dessa proteína, Cas9, perceberam que poderiam usá-la como ferramenta para edição de
genomas (FELISBINO, 2016). Elas perceberam que poderia ser recortado o DNA de qualquer
espécie e poderiam escolher qual trecho para cortar e com isso ganharam o prêmio pela criação
da técnica CRISPR-Cas9. Em maio de 2012, Jennifer Doudna entrou com um pedido de registro
de patente acerca do uso do sistema. Mas a patente da técnica foi obtida em dezembro de 2012,
pelo biólogo Feng Zhang, do Instituto Broad,, relacionado ao uso da técnica para editar o
genoma de células eucarióticas, aquelas que envolvem todos os animais e plantas, mas não
bactérias.(MARQUES,2018). Atualmente há experimentos em bactérias, plantas, animais e
humanos. Mais de 13 mil pedidos de patentes relacionados à edição gênica, foram apresentados
no mundo entre 2013 e 2017. A multinacional Dow DuPont, interessada na manipulação do
DNA de plantas, aparece em primeiro lugar na lista com 514 solicitações. A tecnologia
CRISPR-Cas9 vem sendo amplamente estudada como ferramenta na cura de doenças genéticas.
Usando camundongos como modelo, foi corrigida a falha genética causadora da catarata,
da distrofia muscular e também no reparo do locus do receptor transmembranar da fibrose
cística em pacientes humanos com esta doença, evidenciando a CRISPR como técnica
promissora para a terapia genética em pacientes humanos ( WIKIPEDIA). CONCLUSÃO: É
um marco na história, pois CRISPR pode levar à descoberta de tratamentos e até mesmo à cura
de doenças genéticas. Mas, como toda aplicação do ramo da Biotecnologia, o uso da nova
técnica traz à tona discussões nos campos da ética e da segurança biológica, em grande parte
pelo fato de que suas aplicações estão fortemente ligadas a interesses econômicos de diversos
grupos e empresas.
Palavras-chaves: CRISPR-Cas9. Tecnologia. DNA. Gene. Clivagem.
REFERÊNCIAS
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