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Nutrição Aplicada Ao Pré e Pós-Operatório Da Cirurgia Bariátrica

O documento aborda a nutrição aplicada ao pré e pós-operatório da cirurgia bariátrica, destacando a importância do acompanhamento nutricional para o sucesso do tratamento da obesidade. Apresenta protocolos de atendimento nutricional, estratégias de controle de peso, e a necessidade de dietas e suplementação adequadas. Além disso, discute as diferentes técnicas cirúrgicas e suas implicações nutricionais, enfatizando a importância de uma abordagem interdisciplinar no tratamento.

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Nutrição Aplicada Ao Pré e Pós-Operatório Da Cirurgia Bariátrica

O documento aborda a nutrição aplicada ao pré e pós-operatório da cirurgia bariátrica, destacando a importância do acompanhamento nutricional para o sucesso do tratamento da obesidade. Apresenta protocolos de atendimento nutricional, estratégias de controle de peso, e a necessidade de dietas e suplementação adequadas. Além disso, discute as diferentes técnicas cirúrgicas e suas implicações nutricionais, enfatizando a importância de uma abordagem interdisciplinar no tratamento.

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NUTRIÇÃO APLICADA AO

PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO
DA CIRURGIA BARIÁTRICA
APRESENTAÇÃO 3

1. PERFIL NUTRICIONAL DE PACIENTES NO PRÉ E PÓS-


OPERATÓRIO DE CIRURGIA BARIÁTRICA 5
Métodos de controle do peso 7

2. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO NUTRICIONAL PROPOSTO 10


No pré-operatório 10
Intra-hospitalar 14
No pós-operatório 15
Reganho de peso pós-cirurgia bariátrica 19

3. DIETA E SUPLEMENTOS NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO 22


Acompanhamento nutricional pós-operatório 23
Suplementação nutricional após a cirurgia bariátrica 29

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 34
NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

APRESENTAÇÃO

Prezado (a) aluno (a),

Durante essa disciplina estudaremos sobre nutrição aplicada ao pré e pós-


operatório da cirurgia bariátrica. O tratamento da obesidade é complexo e
interdisciplinar, dessa forma, abrange tratamento farmacológico, psicológico,
dietético e cirúrgico. Existem diversas técnicas de cirurgia bariátrica, em meio
a elas a mais realizada no Brasil é a Derivação Gástrica em Y-de-Roux (DGYR),
porquanto promove uma perda de peso aceitável, afora a baixa
morbimortalidade. É uma cirurgia mista em que é circunscrito o tamanho da
cavidade gástrica e a diminuição da superfície intestinal em contato com o
alimento.

O elevado número de intervenções cirúrgicas se explica pelo grande


número de acontecimentos de obesidade mórbida, devido a isso, tem-se o alvo
de diminuir o excesso de peso, os riscos de complicações como o diabetes
melito tipo 2 (DM 2), dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica, distúrbios
do sono; e ainda o risco de mortalidade.

Ainda, a redução de estômago induze a uma redução da ingestão


alimentar aumentando a saciedade, isto se esclarece, porquanto os níveis de
grelina possui diminuição depois da cirurgia, sendo que a sua produção é no
estômago, por isso se faz necessidade de um acompanhamento nutricional pré
e pós-cirúrgico. Tendo alguma dúvida, não deixe de encaminhar as suas
perguntas ao setor pedagógico por meio do protocolo ou atendimento aos
alunos.

Bons estudos!

3
NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

1. PERFIL NUTRICIONAL DE PACIENTES NO PRÉ E PÓS-


OPERATÓRIO DE CIRURGIA BARIÁTRICA

Note que a cirurgia bariátrica é anos. É indispensável ser


indicada como tratamento esclarecido ao paciente que este
complementar elevando carecerá ter acompanhamento fido
consideravelmente a taxa de com profissionais de distintas áreas
sucesso terapêutico. Segundo o no pré e pós-operatório. Conforme a
Consenso Brasileiro Sociedade Brasileira de Cirurgia
Multissocietário em Cirurgia da Bariátrica e Metabólica (SBCBM,
Obesidade (2006) os candidatos do 2011), têm três procedimentos
procedimento cirúrgico da fundamentais que irão se distinguir
obesidade são pessoas que pelo mecanismo de funcionamento,
apresentem, IMC maior que que podem ser feitos através da
40kg/m2 ou com IMC superior a abordagem aberta ou por
35kg/m2 acompanhante a videolaparoscopia.
comorbidades.
O procedimento restritivo tem
como resultado a diminuição
Ainda, deve ser considerado o
da quantidade de alimento que
histórico de fracasso no tratamento o estômago é capaz de
clínico por pelo menos de cinco comportar, o procedimento

5
NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

disabsortivo reduz a massiva notada depois da cirurgia


capacidade de absorção do
bariátrica, sobretudo com a técnica
intestino, e, por último, a
técnica mista, a qual apresenta mista mais habitualmente
além do grau de restrição e um realizada, é de aproximadamente 56
desvio curto do intestino com
a 66,5% do descomedimento de
discreta má absorção de
nutrientes. No Brasil, são peso é escoltada de melhora
reconhecidos três métodos de expressiva das comorbidades e
cirurgias pelo Consenso
Brasileiro Multissocietário em
qualidade de vida.
Cirurgia da Obesidade (2006)
que são o Bypass gástrico, a Não obstante, em
gastrectomia vertical e a determinadas circunstâncias
Duodenal Switch. O Bypass observam-se complicações de curto
gástrico é a técnica mais
utilizada no Brasil, prazo, bem como infecção na
correspondendo praticamente sutura, tromboembolismo
75% das cirurgias realizadas,
pulmonar, fístulas, infecções,
sendo considerada a mais
segura e a que traz melhores estenoses e hemorragias.
resultados. Neste
procedimento é realizado o Também, no pós-operatório
grampeamento de parte do tardio, as implicações mais
estômago e um desvio do
intestino inicial. O presentes são hérnias e torção de
emagrecimento ocorre pela alça intestinal. Além disso, são
redução do espaço do encontrados nas metodologias que
estômago e pelo aumento dos
hormônios que são diminuem a absorção de nutrientes
responsáveis pela saciedade ou quando não se faz a utilização
que advém do desvio correta de suplementações, anemia
intestinal. Na gastrectomia
vertical o estômago é ferropriva, desnutrição proteica,
transformado em um tubo e deficiência de vitaminas e doenças
possui perda de peso osteometabólicas.
comparável com o Bypass
gástrico. Por último a técnica
Em cirurgias que reduzem o
cirúrgica Duodenal Switch faz
tamanho do estômago e com
associação entre a
desvio gastrojejunal é comum a
gastrectomia vertical e o desvio
presença de síndrome de
intestinal, mantendo a
dumping, quando ocorre a
anatomia e a fisiologia do
ingestão de alimentos doces ou
estômago, o emagrecimento
hiperosmolares (ABESO,
ocorre pelo desvio intestinal
2009). Para ser considerado
reduzindo assim a absorção
que a cirurgia obteve sucesso é
dos nutrientes (PEREIRA,
necessário que o paciente seja
2013).
avaliado após seis meses do
pós-operatório, apresentando
Logo, a perda ponderal

6
NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

perda ponderal de pelo menos vômitos, sintomas de


25% do peso anterior à cirurgia Síndrome de Dumping ou
e/ou perda de 50% do excesso intolerâncias alimentares. E
de peso; Não apresenta em longo prazo a cirurgia
deficiências nutricionais possui como limitação do
(hipoalbuminemia, deficiência sucesso o reganho de peso,
de ferro, de vitaminas e de mesmo que não alcance o peso
minerais); Não apresenta com anterior à cirurgia (PEREIRA,
frequência episódios de 2013).

Métodos de controle do peso

Fonte: Office

Atualmente existem diversas eficazes tão somente em curto prazo


estratégias disponíveis para o e em terapias combinadas, bem
tratamento da obesidade, no qual como: dieta, exercícios físicos e
efetividade diversifica amplamente. tratamento farmacológico.
Dessa forma, por esta patologia ser
considerada como uma doença O acompanhamento
crônica, as táticas de tratamento são nutricional é a basilar forma
terapêutica que precisa ser

7
NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

abordada no paciente que possui Colaboradores, 2006). Os


medicamentos não devem ser
como alvo a perda de peso. Têm
utilizados com finalidades
múltiplos tipos de dietas e/ou estéticas sendo recomendados
planos alimentares, todavia todos como um complemento da
dieta, exercício,
ambicionam uma perda de peso aconselhamento nutricional e
amparada, saudável e que promova tratamento comportamental,
benfeitorias à saúde do paciente. uma vez que o uso das drogas
não garante a eficácia na perda
Entretanto, carecem ser ou no controle do peso após a
considerado tanto as motivações cessação da terapia
psicológicas da pessoa para o ato de medicamentosa. As drogas
utilizadas no tratamento da
se alimentar, como as complicações obesidade podem ser divididas
fisiológicas derivadas da proposta em duas principais categorias:
dietética. supressoras de apetite e
inibidoras da lípase (COSTA,
A atividade física também é 2013).
essencial para o controle do
peso, além disso, está Têm evidências de que perdas
associada a benefícios físicos, de peso suavizadas (5-10% do peso
psicológicos, sociais e no inicial) com tratamentos
controle do perfil lipídico e na
diminuição de riscos de tradicionais, por meio de
doenças crônicas não abordagens nutricionais,
degenerativas, como a farmacológicas e atividade física
obesidade, diabetes mellitus,
hipertensão arterial e doenças agenceiam benfeitorias
cardiovasculares. As metabólicos. Contudo,
recomendações segundo presentemente, a ferramenta mais
Matsudo e Matsudo (2006), de
atividade física para perda de diligente no tratamento e controle
peso é de 60 a 90 minutos por da obesidade mórbida, junto a
dia, durante 5 dias na semana. intervenção cirúrgica.
O tratamento farmacológico da
obesidade poderá ser indicado
quando o indivíduo possuir um
Índice de Massa Corpórea
(IMC) > 30 kg/m² ou IMC > 25
kg/m² associado a doenças
relacionadas ao excesso de
peso, em situações nas quais o
tratamento com dieta,
exercício ou aumento da
atividade física e modificações
comportamentais não obtêm
resultados satisfatórios e
significantes (Fortes e

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

2. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO NUTRICIONAL


PROPOSTO

No pré-operatório habitual, presença de doenças


associadas, história mórbida
Através da avaliação familiar (HMF), pregressa
(HMP), atual (HMA) e
nutricional, delineada no pré- anamnese alimentar, a qual
operatório, obtêm-se dados inclui métodos de frequência
importantes sobre o estilo de vida, de consumo alimentar e
recordatório 24 horas.(CRUZ E
costumes alimentares e estado MORIMOTO, 2004).
nutricional do paciente.
Tão somente depois da
A avaliação do estado avaliação nutricional, pode-se
nutricional é feita a partir da
análise de exames laboratoriais assegurar se existe ou não
(hemograma completo, recomendação de cirurgia para o
dosagem sanguínea de paciente. Vale advertir que todos os
proteínas totais e frações, ferro
sérico, vitamina B12, ácido profissionais da equipe
fólico e zinco, além de multidisciplinar se reúnem para
colesterol total e frações, discussão de acontecimentos e
triglicerídeos, creatinina, ácido
úrico e ureia), IMC atual, peso emitem laudos, autorizando o

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

paciente para a cirurgia. Estes tardias (CRUZ E MORIMOTO,


2004).
laudos são conferidos pelo próprio
paciente ao médico cirurgião,
porquanto sem a apresentação dos
mesmos não existe prosseguimento
do procedimento de
encaminhamento para a cirurgia.

Passando essa fase de


levantamento de dados,
utiliza-se o Guia Alimentar da
Pirâmide dos Alimentos,
publicado em 1992 pelo
Departamento de Agricultura
dos E.U.A. como instrumento
para ensinar ao paciente as
práticas alimentares
saudáveis. O nutricionista
preenche uma pirâmide
alimentar em branco com a
alimentação relatada no
recordatório de 24h; a seguir,
explica ao paciente os
princípios da alimentação
equilibrada, segundo esse guia,
e pede que ele compare a
pirâmide preenchida com a
pirâmide ideal. O paciente
emite então a sua opinião sobre
as providências a serem
tomadas para melhorias na sua
alimentação. O
estabelecimento de metas é
realizado pelo próprio
paciente, de acordo com as
suas possibilidades, havendo
participação do nutricionista
como facilitador do processo.
Os benefícios da alimentação
equilibrada no pré-operatório
são esclarecidos ao paciente,
quais sejam: melhores
resultados no pós-operatório,
traduzidos em uma melhor
cicatrização da ferida cirúrgica
e menor incidência de
complicações nutricionais

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

As indicações da operação:

(Quando o procedimento é considerado para obesidade e diabetes)

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

Depois de um período de 15 dias, acontece a segunda consulta. Nesta,


avalia-se quanto dos desígnios estabelecidas foram efetivamente obtidos, isto
é, se existiu melhora na qualidade da sua alimentação de acordo com a
proposta situada pelo guia da pirâmide alimentar, e realiza-se, além disso,
nova pesagem para averiguar se possui redução de peso.

Nesse parecer, é exibido ao paciente o diagrama alimentar que será


empregado nas primeiras semanas de pós-operatório, para que exista tempo
para elucidação de todas as suas dúvidas, o que implica nos fatores de
segurança e confiança em relação à cirurgia.

Figura: Exemplo de tabela baseado na dieta pastosa.

Outro fator observado neste paciente e a distribuição de suas


momento é a mastigação do refeições durante o dia. O paciente é

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

estimulado a fazer 6 refeições ao A dieta padronizada para o


primeiro e o segundo dia de
dia, adaptando-as ao seu ritmo de
alimentação após a cirurgia
vida e aproximando-se do esquema (Tabela 1) tem como objetivo
de refeições necessário no pós- facilitar o processo de digestão
e posterior esvaziamento
operatório. A família é envolvida no
gástrico, além de impedir que
processo devido ao seu papel resíduos possam aderir à
primordial no apoio ao paciente no região grampeada, sendo
oferecidos apenas líquidos
pós-operatório, sendo este coados. O leite é introduzido
estimulado a comparecer na apenas no segundo dia de
segunda consulta com um ou mais alimentação, caso o paciente
tenha apresentado boa
familiares que possam ajudá-lo tolerância à alimentação no
(CRUZ E MORIMOTO, 2004). primeiro dia. Para o cálculo de
energia oferecidas diariamente
no hospital foi utilizada a
Tabela de Composição
Intra-hospitalar Química dos Alimentos do
autor Guilherme Franco, 1997.
Note que o cirurgião, ou o Observa-se a oferta de
residente, preceitua a dieta aproximadamente 140kcal/dia
analisando o dia de alimentação via nos dois primeiros dias de
alimentação. É sugerido ao
oral, no pós-operatório, da seguinte paciente que leve água de coco
forma: "1º PO gastroplastia" ou "2º na internação e que esta seja
PO gastroplastia" com o desígnio de ingerida em pequenos goles,
totalizando um volume
distinguir a prescrição em analogia mínimo de 500mL durante o
às dietas líquidas sem limite de dia, o que faz com que o
volume. Ao examinar este registro consumo energético mínimo
do paciente seja de
no Mapa Diário de Dietas, os 240kcal/dia (CRUZ E
nutricionistas irão posteriormente MORIMOTO, 2004).
identificar esses pacientes e
afiançar o fornecimento de
alimentação apropriada.

A dieta padronizada é a que


possui uma consistência líquida, em
horários regulares, respeitando o
volume, que não poderá ultrapassar
50mL por refeição, para não
acarretar em náuseas e vômitos.

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

Logo, a alta hospitalar acontece alimentares. E, apenas com o


em regra no terceiro dia pós- acompanhamento nutricional
operatório, cujo coincide com o apropriado afiança o sucesso da
segundo dia de nutrimento. Quando cirurgia, impedindo complicações,
o paciente continua internado por como vômitos, intolerância
um momento maior, segue-se o alimentar e perda de peso
mesmo diagrama do segundo dia, insuficiente.
com alterações somente nos
Após a alta hospitalar, o
ingredientes das sopas e sucos, com paciente segue um plano
o desígnio de variar o sabor das gradual de reintrodução de
preparações. alimentos, com um consumo
energético inicial de
300kcal/dia a 350kcal/dia,
atingindo aproximadamente
No pós-operatório 700kcal na terceira semana,
conforme cálculo feito por
Enfatiza-se a seriedade do meio da Tabela de Composição
Aconselhamento Nutricional Química dos Alimentos do
autor Guilherme Franco.
acautelado no pós-operatório, Durante a primeira semana o
porquanto o paciente passará por paciente recebe uma dieta
inúmeras alterações de hábitos líquida completa, com um
volume de 50mL por refeição,

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

totalizando 8 refeições ao dia. normal, com volume máximo


Na segunda semana, há de 150mL por refeição. Como
evolução para consistência citado anteriormente, estas
pastosa com um volume orientações são fornecidas ao
máximo de 100mL e, na paciente durante o pré-
terceira semana, é introduzida operatório (CRUZ E
a alimentação de consistência MORIMOTO, 2004).

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

Fonte: Usp

O estudo completo de Tabelas refeições em atmosfera calmo,


de composição química de tranquilo e nunca apressadamente.
alimentos: análise comparativa com
resultados laboratoriais, pode ser Para afiançar uma boa
encontrado em: hidratação, deve-se estar sempre
https://core.ac.uk/download/pdf/1 em vigilância quanto à ingestão de
87420927.pdf líquidos, em baixas quantidades,
nos espaços entre as refeições e
Ao longo das consultas de pós- nunca ao mesmo tempo, para
operatório, vale ressaltar a impedir dilatação do estômago e
necessidade de atenção quanto à influência no processo digestivo,
mastigação até que a comida se dando prioridade à água de coco e
torne pastosa na boca, tais como às bebidas isotônicas, por causa do
quanto à importância de não ingerir aporte de vitaminas e minerais.
maior quantidade de alimentos do
que a aconselhada, ou seja, 50mL de Além do mais, recomenda-se
duas em duas horas de alimentos que, quando ingeridos os alimentos
líquidos e coados ao longo da ou as bebidas muito quentes ou
primeira semana, 100mL de muito geladas, estes devem ser
alimentos pastosos ao longo da mantidos por um tempo aceitável
segunda semana e 150mL ou até na boca, para que exista adaptação
mesmo 3 colheres de sopa de da temperatura antes da deglutição.
alimentos sólidos ao longo da Sugere-se que os pacientes
terceira semana, para impedir tenham copos e xícaras
complicações como vômitos ou pequenos em casa, além de
utilizarem o prato de
assoreamento, e de realizar as

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

sobremesa para fazerem as flatulência também deverão ser


suas refeições, o que possibilita
evitados inicialmente, bem como as
uma melhor apresentação
visual da refeição, quando bebidas gaseificadas, doces e
comparada à distribuição de gorduras. O paciente é orientado
alimentos em pratos e copos de
quanto à probabilidade de
tamanho padrão. No momento
da evolução do esquema apresentar intolerância à carne
alimentar de uma semana para vermelha, bem como ao leite
a outra, o paciente é orientado
a observar se terá condições de
(especialmente integral) e, com
consumir a quantidade menos frequência, arroz ou pão.
indicada, maior que a da
semana anterior. Recomenda- Após 21 dias de pós-operatório,
se um cuidado especial na o paciente deverá consultar o
primeira refeição. Caso esteja serviço de nutrição, que fará
farto antes de consumir a nova avaliação nutricional,
quantidade indicada, é verificando as alterações de
orientado a não forçar, hábitos alimentares,
evitando vômitos. O paciente intolerâncias alimentares, peso
deve estar ciente também de perdido, presença de vômitos e
que pode haver variações de diarreia ou constipação. Com
consumo de uma refeição para esta avaliação deverá ser feita
a outra e que o volume também uma nova proposta
indicado é o máximo que ele alimentar, de acordo com as
pode consumir, não devendo condições clínicas e
preocupar-se caso consuma socioeconômicas do paciente,
menos, esporadicamente além de ser iniciada a
(CRUZ E MORIMOTO, 2004). suplementação de vitaminas e
minerais, devido à baixa
Na terceira semana, com o ingestão alimentar. Esta só não
começo da alimentação de é iniciada anteriormente
devido à dificuldade para
consistência normal, ressalta-se a ingestão de comprimidos e
precisão de especial zelo quanto à intolerância quando estes são
ingresso de carnes e vegetais crus, ingeridos macerados ou
através de compostos líquidos,
por causa da frequente intolerância devido ao sabor amargo que
a esses alimentos, notada na prática apresentam; porém, quando
houver tolerância, deverá ser
clínica. Deverão ser evitados, no
iniciada o mais breve possível
primeiro dia de dieta, as carnes (CRUZ E MORIMOTO, 2004).
vermelhas e vegetais crus, estes
necessitando ser realizada uma A partir desse período, o
evolução gradual ao longo a terceira paciente precisará comparecer a
semana, de acordo com a tolerância. consultas com o nutricionista, de
mês em mês, para dar continuação
Alimentos ocasionadores de ao tratamento. Averígua-se a

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

precisão de acompanhamento Reganho de peso pós-cirurgia


constante, porquanto ao longo das bariátrica
consultas, os itens essenciais para
Observa-se tardiamente sobre
impedir sintomas indesejáveis e
o pós-operatório o reganho de peso
implicações são monitorados,
corporal, principalmente depois de
averiguando se existe a necessidade
24 meses do procedimento. Dessa
da suplementação específica e
forma, são encontrados
discutindo-se as alterações
determinados estudos que abordam
necessárias na alimentação,
essa condição, como por exemplo, o
conforme a tolerância de cada um.
estudo de Freire et al. (2012) que
O procedimento nas consultas apresentou uma prevalência de
deve incluir recordatório de 24 reganho de peso de 56% dos
horas e a frequência alimentar,
avaliando-se os alimentos participadores, sendo que destes,
consumidos para garantia de 29% exibiram o reganho de quase
ingestão mínima de 40g a 60g 10% do menor peso chegando entre
de proteínas por dia15, 1 200mL
de líquidos e as necessidades 2 e 5 anos depois a cirurgia.
de vitaminas e minerais,
segundo as Ingestões Ainda alguns estudos
Dietéticas de Referência (DRI), demonstraram que a perda de peso
verificado por meio de análise
química da dieta com foi expressiva até os 18 meses
utilização de programas depois da cirurgia, com a
específicos de software para diminuição de 1,06kg/m2 no valor
garantia do aporte necessário
de micronutrientes, pela do IMC. A perda de peso passou ser
alimentação ou pela menos significativa depois dos 24
suplementação enquanto for meses de pós-operatório, vale
necessário (CRUZ E
MORIMOTO, 2004). mencionar ainda, depois de 60
meses de pós-operatório, a
Verifica-se, além disso, a recuperação de 8% do menor peso
mastigação, a apresentação de que foi atingido em quase 18 meses.
intolerâncias alimentares,
alterações no funcionamento O reganho de peso pode
ocorrer pela continuidade de
intestinal e a constância de náuseas maus hábitos que o paciente
e vômitos. obtinha antes da cirurgia,
adaptações anatômicas e
aumento da capacidade
gástrica e/ou por meio de
alterações dos hormônios que
são liberados pelo estômago e
pelo intestino, responsáveis

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

pelo controle da fome e carboidratos e a acrescente


saciedade e balanço energético
progressiva da ingestão calórica,
(ABESO, 2009; HOJO et al.,
2007). Assim, o reganho de ainda sendo como um aspecto
peso pode ser consequência citado a compulsão alimentar
dos fatores de adaptações
exibida por pacientes no pós-
biológicas e comportamentais.
Dos fatores biológicos, operatório.
destacam-se os hormônios que
regulam a ingestão alimentar e Em outro estudo, Prevedello et
a saciedade, pelas alterações al. (2009), que a presença da
que ocorrem nos principais atividade física foi diminuída
estimuladores e responsáveis quanto mais distante da
pela liberação destes cirurgia e também quanto mais
hormônios, como por exemplo, próximo da perda de peso
a grelina, hormônio similar ao desejada, fazendo com que o
glucagon (GLP-1), Peptídeo YY isso ajude no reganho de peso.
(PPY) e outros, que são Porém é a partir desse
liberados de acordo com a momento aceitam que o
ingestão alimentar e com consumo alimentar pode ser o
contato do alimento com o vilão desse ganho de peso pós-
estômago e intestino, sendo cirúrgico. Portanto,
modificada a liberação destes independentemente dos
hormônios pois o estômago e o fatores fisiológicos há que se
intestino são reduzidos com a monitorar o comportamento e
cirurgia bariátrica (HOJO et a dieta, para direcionar o
al., 2007) (PEREIRA, 2013). manejo e controle clínico, na
vigência de reganho de peso
Assim, faz-se necessária a (PEREIRA, 2013).
conscientização dos pacientes em
relação ao seu desempenho, para
que não sejam eternizados os
comportamentos inapropriados,
impedindo do mesmo modo o
reganho de peso no pós-operatório
tardio.

Além disso, foram descobertos


estudos que corroboram que os
hábitos continuam impróprios
depois da cirurgia, assim o reganho
de peso pode estar conexo com o
consumo de líquidos
expressivamente calóricos, bem
como maior ingestão de

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

3. DIETA E SUPLEMENTOS NO PRÉ E PÓS-


OPERATÓRIO

Note que a conduta nutricional minerais, bem como, o consumo de


no pré-operatório se decompõe em alimentos proteicos ou muito
3 fases: calóricos (doces, gorduras, bebidas
adoçadas alcoólicas) (SBCBM,
 Avaliação antropométrica – 2013).
na qual será avaliada a compleição
física através de peso, altura, Logo, a partir dessas
circunferências e por vezes: estimativas é possível identificar e
bioimpedância elétrica, dobras tratar as carências nutricionais,
cutâneas e calorimetria; tornar mínimo o risco cirúrgico
mediante redução de peso,
 Avaliação bioquímica – a esquematizar um programa
partir de exames laboratoriais (de alimentar com baixa caloria em pré-
sangue) e exame de imagem: operatório procurando diminuir a
ultrassonografia de abdômen; gordura hepática e abdominal,
realizar um diagnóstico nutricional
 Avaliação Dietética –
emitindo, dessa forma, um parecer
anamnese alimentar, questionário
nutricional.
de frequência alimentar,
recordatório 24h. Avaliando a Indivíduos que apresentam
ingestão das principais vitaminas e obesidade, na maioria dos casos

22
NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

apresentam um acúmulo de período pós-operatório. O maior


gordura visceral (presente nos destaque na preparação pré-
órgãos abdominais, principalmente operatória de cirurgia metabólica é
no fígado). Esta condição também aprimorar o estado de saúde
tem relação com a genética do diminuindo assim risco de
paciente e é mais prevalente no sexo contaminação, complicações ao
masculino, porém ocorre também longo do tempo de internação e
em diversas pacientes do sexo depois dela.
feminino, em especial no caso da
obesidade do tipo maçã, em que a
distribuição da gordura do Acompanhamento nutricional
organismo é centralizada na região pós-operatório
do abdômen. Na maioria dos casos, Planejamento alimentar após a
é bastante prudente iniciar com cirurgia bariátrica:
dieta hipocalórica e de baixa carga
glicêmica (baixa em calorias e sem O Guia Alimentar empregado
carboidratos refinados e açúcares) e em pacientes bariátricos é
hiperproteica (rica em proteínas) precisamente a pirâmide bariátrica,
antes da cirurgia. Nesta linha de proposta por Violet Moizé em 2013,
pensamento, Edholm et al (2011) que estabelece o emprego de
descreveu em seu estudo em que suplementos alimentares, consumo
uma dieta hipocalórica um mês de água e chás claros e atividade
antes da cirurgia reduz o tamanho física como base no
do fígado, reduzindo a gordura comportamento. Prioriza as
intra-hepática (gordura do fígado) e proteínas, bem como as ricas em
visceral (presente no interior do ferro e ricas em cálcio, sendo o
abdômen), o que facilita o processo primeiro alimento a ser consumido,
da cirurgia de videolaparoscopia, acompanhado de vitaminas e
em geral diminui o tempo cirúrgico, minerais sucedidos de frutas e
reduzindo assim o risco de vegetais.
complicações no intra (durante) e
Carboidratos devem ser
no pós-operatório (SBCBM, 2013).
consumidos moderadamente,
Assim, os cuidados de nutrição dando preferência para os integrais
adequados envolvem um e o que precisa ser evitado ao
cronograma contínuo que se inicia máximo, são as bebidas alcoólicas,
no pré-operatório indo até o gaseificadas, doces e gorduras, em
regra.

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

Fonte: Dr. Luiz Fernando Córdova

Figura 1: Composição diagramatica de um prato bariátrico (MPB) e atividades associadas.


Fonte: Cambi e Baretta (2018).

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

O estudo completo de guia Roux em torno de 50ml e na Manga


alimentar bariátrico: modelo do Gástrica ou Sleeve chegando até em
prato para pacientes submetidos à torno de 100ml, as dietas
cirurgia bariátrica, pode ser hipocalóricas são um hábito.
encontrado em: Entretanto estas dietas, se
https://www.scielo.br/pdf/abcd/v empregadas por um tempo
31n2/pt_0102-6720-abcd-31-02- prolongado podem ocasionar
e1375.pdf deficiências nutricionais se não
forem bem administradas.

Evolução da consistência 1ª etapa – DIETA


alimentar – Fases da Dieta: LÍQUIDA: Esta etapa abrange as
duas primeiras semanas depois da
Como a capacidade gástrica cirurgia e caracteriza-se como uma
será diminuída, como na etapa de adequação.
gastroplastia com procedência em Y

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

A alimentação é liquida e começar sua refeição pela fonte


constituída de pequenos de proteína, bem como
volumes (em torno de 50 ml identificar possíveis
por refeição a cada 30 intolerâncias alimentares, na
minutos) e tem como principal medida que os diferentes
objetivo o repouso gástrico, a alimentos são incluídos na
adaptação aos pequenos dieta (SBCBM, 2013).
volumes e a hidratação. Como
consequência da alimentação 3ª etapa – DIETA BRANDA
liquida, a perda de peso chega – alimentos cozidos: Depois da
a ser de 10% em média nos
primeiros trinta dias, devendo- dieta líquida, evolui-se para uma
se introduzir o uso de etapa com alimentos bem cozidos,
complementos nutricionais que pedem muita mastigação.
específicos para evitar
carências de vitaminas e de
minerais. O uso de
suplementos nutricionais em
pó deve ser iniciado desde os
primeiros dias da dieta líquida
(SBCBM, 2013).

Logo, a intolerância à lactose


pode ocorrer em determinados
pacientes podendo provocar
náuseas, vômitos e diarreia. Nestes
casos a lactose precisa ser retirada
da dieta líquida.

2ª etapa - DIETA
PASTOSA: Nesta etapa acontece a
inclusão de alimentos na integração
de cremes e purês. O desígnio
principal é conservar o repouso
gástrico e começar a transição para
dieta branda, onde a mastigação
exaustiva necessitará acontecer. O
tempo médio de duração é de 7 a 10
dias.

O consumo de líquidos deve ser


sempre estimulado nos
intervalos das refeições, em
pequenos volumes. O paciente
deve ser orientado a sempre

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

Figura: Exemplo de dieta

Inicia-se uma etapa onde a deverá receber um


seleção dos alimentos é de treinamento para reconhecer
fundamental importância pois, quais são os alimentos mais
considerando que as ricos nestes nutrientes de
quantidades ingeridas forma a ficar mais
diariamente continuam muito independente para escolher as
pequenas, deve-se dar principais fontes de minerais e
preferência aos alimentos mais vitaminas encontradas nas
nutritivos escolhendo fontes suas refeições diárias. Como a
diárias de proteínas e ferro alimentação passa a ser mais
como carnes moídas e consistente deve-se mastigar
desfiadas, cálcio (leite e exaustivamente (SBCBM,
derivados) e vitaminas (frutas 2013).
e vegetais cozidos). O paciente

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

Logo, a duração desta etapa


acontece em média de quinze dias.

4ª etapa – DIETA GERAL


(normal): Nesta etapa a
alimentação evolui gradualmente
para uma consistência ideal para
uma nutrição regular.

Figura: Exemplo de dieta

Geralmente ocorre a partir do pequenas. Nesta fase o


1º mês após a cirurgia quando, paciente pode ser capaz de
quase todos os alimentos selecionar os alimentos que lhe
começam a ser introduzidos na tragam mais conforto,
alimentação diária. O cuidado satisfação e qualidade
com a escolha dos alimentos nutricional. Escolher carnes na
nutritivos deve continuar, pois, forma de bifes, filés, assados,
as quantidades ingeridas cozidos ou grelhados, leite e
diariamente continuam derivados com baixo teor de

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

gordura, frutas em geral, dentária parcial ou total


vegetais folhosos crus ou (SBCBM, 2013).
refogados, grãos como feijões,
lentilhas, ervilhas e cereais
integrais, ou seja, uma Suplementação nutricional
alimentação completa
(SBCBM, 2013). após a cirurgia bariátrica

A evolução nutricional
necessita ser lenta e progressiva, de
acordo com a tolerância individual
podendo diversificar bastante de
um paciente para outro.
Geralmente os pacientes mais
apreensivos, que não reaprenderam
o método de mastigação lenta,
tendem a sentir desconforto e até Fonte: Abeso
náuseas dependendo do tipo de
Depois da cirurgia bariátrica,
alimento empregado.
as carências nutricionais podem
Estes contemporizam mais acontecer pela menor ingestão de
para evolucionar as consistências alimentos, por causa da redução do
desejadas e por conseguinte o valor estômago, e/ou pela redução da
proteico e calórico, e carecem de absorção dos nutrientes, cujos
mais zelo da equipe podem diversificar conforme o tipo
multiprofissional. O reaprendizado de cirurgia.
da mastigação e deglutição lentas
A dieta diferenciada e bem
são aspectos decisivos para uma boa
encaminhada é a maneira mais
digestão, em específico no paciente
apropriada de conservar os
bariátrico.
nutrientes em níveis desejáveis.
Caso o paciente persista com Todavia, em pacientes contidos à
dificuldade de progressão da cirurgia bariátrica, a restrição do
dieta, após as orientações do
profissional da nutrição, uma tamanho do estômago, a
avaliação mais aprofundada da anormalidade intestinal e
função mastigatória deveria determinadas intolerâncias
ser realizada. Nesse caso, o
encaminhamento para o alimentares justificam o emprego
fonoaudiólogo seria da suplementação nutricional.
importante, principalmente Assim sendo, o uso de dosagens
com os usuários de prótese
diárias apropriadas de

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

polivitamínicos/minerais é a  vitaminas do complexo B.


maneira de garantir esse aporte.
Assim, os sinais e sintomas que
Essa reposição é realizada nos em regra podem acontecer destas
meses iniciais, na maioria dos casos, deficiências são: unhas
por suplementos em forma de enfraquecidas, queda de cabelo,
pastilhas e/ou em pó solúveis anemia, fraqueza, pele ressecada,
devido à restrição inicial à cansaço, “formigamento” das
comprimidos e cápsulas, existindo extremidades (braço/mãos e
também a possibilidade de diluição pernas/pés), e até mesmo déficit de
do comprimido em líquidos; em memória.
geral, após 60-90 dias de cirurgia o
uso de comprimidos e cápsulas é Para conservar um bom estado
permitido. Esse suplemento deve nutricional depois da cirurgia
conter 100% ou ao menos 2/3 das bariátrica, deve-se ter precaução em
necessidades diárias, com a consumir determinados nutrientes:
finalidade da prevenção das Proteínas: As proteínas são
deficiências nutricionais. Através
indispensáveis para a formação dos
do acompanhamento de rotina com tecidos corporais, hormônios,
equipe multidisciplinar será enzimas e transporte de substâncias
avaliado a necessidade de uma pelo sangue. Sua ausência está
suplementação específica de algum conexa à grande perda de massa
nutriente isolado, caso seja muscular, queda de imunidade,
necessário (SBCBM, 2013). anemia e queda de cabelo. Em
De uma maneira geral, as acontecimentos mais avançados,
carências nutricionais mais quando existe falta de proteína no
corriqueiras na cirurgia bariátrica sangue, tem a presença de edema
são: (inchaço) generalizado, entretanto
em especial em pernas, e precisão
 proteína, de reposição com urgência.

 ferro, Nas refeições, deve-se dar


preferência aos alimentos
fontes de proteína que estão
 zinco, presentes principalmente nas:
carnes em geral, ovos, leites e
 cálcio, derivados, soja, feijões, grão de
bico. A deficiência de proteína
 vitamina D muitas vezes pode ocorrer no
pós operatório devido à

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

dificuldade que alguns absorção.


pacientes apresentam em
consumir carnes em geral. Em As manifestações clínicas
pacientes vegetarianos que não
seguem a suplementação a podem acontecer logo depois dos
deficiência também é comum. primeiros meses da cirurgia. No
A necessidade diária de pós-operatório necessita-se fazer o
proteína varia em torno de 60 a
120 g ao dia, sendo que a emprego de aplicação
reposição é realizada intramuscular de vitamina B12 ou
individualmente conforme reposição sublingual.
sexo e peso do paciente. Além
da orientação nutricional para
ingestão diária de proteína Tiamina (Vitamina B1): É
através da alimentação, é uma vitamina imprescindível para o
muito importante a metabolismo dos carboidratos.
suplementação, que deverá ser
feita com suplementos Logo, pode ser encontrada nos
proteicos sob a forma líquida alimentos como as carnes magras e
ou em pó, indicados pelo grãos integrais.
nutricionista (SBCBM, 2013).
Os fatores de risco para sua
Ferro: Mineral indispensável deficiência são: a quantidade
para a formação das hemácias de perda de peso, a
(células vermelhas do sangue). Sua persistência de vômitos, a não
aderência ao
ausência está conexa à anemia. acompanhamento nutricional,
e a presença de complicações
Alimentos como carnes, pós-operatórias. Na deficiência
vegetais verdes escuros e deve ser suplementada
feijões são fontes de ferro e (SBCBM, 2013).
devem fazer parte da
alimentação diariamente. Na Ácido fólico: Sua carência
deficiência deve ser
suplementado. Atenção pode ocasionar anemia
especial à suplementação deve megaloblástica. Em pacientes
ser dada a mulheres em idade levados à cirurgia de desvio
fértil, devido à perda
menstrual (SBCBM, 2013). intestinal, a ausência tem sido
descrevida entre 6 – 65% dos
Vitamina B12: no pós- pacientes. Alimentos fontes: carnes
operatório existe uma produção em geral, vegetais verde escuros e
mínima de uma substância leguminosas como os feijões. A
denominada fator intrínseco no suplementação de rotina
estômago, que é indispensável para geralmente é suficiente para cobrir
a absorção da vitamina B12, sua precisão.
desvirtuando à redução da sua

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

Vitamina D: é uma vitamina pacientes submetidos à


cirurgia bariátrica, por
que repetidamente está em falta nos
algumas vezes desde o pré-
pacientes obesos, por causa do operatório e dependendo do
“sequestro” sofrido pelo tecido tipo de cirurgia por toda a vida
do paciente (SBCBM, 2013).
gorduroso. A basilar fonte é a
produção é realizada pelo próprio
corpo a partir da exposição aos raios
solares. Esta necessita ser
suplementada de rotina e em
maiores quantidades em episódios
de deficiência.

Cálcio: Outro nutriente que


ainda é ingerido e absorvido em
menor quantidade. Achado em
alimentos como leites e seus
derivados, folhas verdes escuras,
gergelim e amaranto. Ainda precisa
de suplementação na maior parte
dos casos, e nas mulheres necessita
ser de rotina.

Zinco: mineral indispensável


em distintas funções no organismo
e sua ausência está conexa a queda
de cabelo e queda da imunidade.
Descoberto em carnes, grãos
integrais, castanhas e sementes.
Nos acontecimentos de deficiência
necessita ser suplementado.

Sequelas irreparáveis podem


ser ocasionadas pelas
deficiências nutricionais e
devem ser evitadas com o uso
de polivitamínico/mineral de
forma preventiva por
medicamentos orais ou
injetáveis continuamente.
Deve fazer parte do protocolo
de atendimento de todos os

32
NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORDALO, Lívia A.; MOURÃO, CRUZ, Magda Rosa Ramos da E
Denise Machado; BRESSAN, MORIMOTO, Ivone Mayumi Ikeda.
Josefina. Deficiências nutricionais Intervenção nutricional no
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protocolo diferenciado. Rev.
BORDALO, Livia Azevedo et al. Nutr. vol.17 no.2 Campinas Apr./Ju
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Rubio, 2011. Aspectos nutricionais em obesos
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COSTA, Dayanne. Eficiência do
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bariátrica. RBONE-Revista bariátrica. Sociedade Brasileira de
Brasileira de Obesidade, Nutrição e Cirurgia Bariátrica e Metabólica,
Emagrecimento, v. 7, n. 39, 2013. 2019.

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NUTRIÇÃO APLICADA AO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

Materiais Complementares

Links “gratuitos” a serem consultados para um acrescentamento no estudo do


aluno de assuntos que não poderão ser abordados na apostila em questão:

manual_de_nutrição para cirurgia bariátrica

Protocolo USP

GUIA ALIMENTAR BARIÁTRICO

Atendimento do profissional de nutricionais Ebserh

A_IMPORTANCIA_DO_ACOMPANHAMENTO_NUTRICIONAL_EM_PAC
IENTES_POS_OPERATORIO_DE_CIRURGIA_BARIATRICA.pdf

PERFIL NUTRICIONAL DE PACIENTES

recomendacoes-para-nutricionistas-no-acompanhamento-pre-e-pos-
operatorio-de-cirurgia-bariatrica

PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA BARIÁTRICA: ALTERAÇÕES


BIOQUIMICAS

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