Aula Didática I
01 de outubro de 2024
• construção de valores éticos e morais;
• respeitar a pluralidade de ideias.
O conceito de educação ao longo da vida apa-
rece como uma das chaves de acesso ao sé-
culo XXI, segundo o relatório da UNESCO, no
ano de 2003, que coloca quatro pilares con-
siderados como bases da educação do futu-
ro: aprender a conviver, aprender a conhecer,
aprender a fazer e aprender a ser.
1. CONCEITO A educação deve, pois, constantemente,
DE EDUCAÇÃO, acompanhar as transformações da sociedade,
sem deixar de reconhecer as aquisições e os
PEDAGOGIA E saberes construídos pela humanidade, frutos
DIDÁTICA da experiência humana, contribuindo para a
construção da cidadania.
O termo EDUCAÇÃO origina-se do latim “edu-
care”, que significa alimentar, criar, fazer sair, A sociedade humana, ao longo dos anos, criou
conduzir para fora. a instituição escolar por entendê-la como um
meio pelo qual são assegurados os valores, os
Do ponto de vista social, a educação refere- saberes, as crenças e as tradições de sua cultu-
-se à transmissão através das gerações adultas, ra de forma sistemática.
de valores, normas, usos, costumes e conheci-
mentos aos mais jovens; os fins da educação A educação escolar, portanto, dependendo da
têm variado conforme a época e as sociedades. compreensão de mundo e de homem, pode
desenvolver ações educativas mantenedoras
Do ponto de vista individual, pode-se conside- ou transformadoras da sociedade.
rar que a educação é um processo contínuo e
permanente de desenvolvimento e de huma- Pedagogia:o termo vem do grego (pais, paidós
nização. = criança; agein = conduzir; logos = tratado,
ciência), significa “conduzir o aprendiz”.
Segundo Delors (2003), a Educação surge
como um trunfo indispensável à humanidade Porém, constitui-se em um estudo sistemático
na sua construção dos ideais de PAZ, de LIBER- sobre a educação, com direcionamento para
DADE e de JUSTIÇA SOCIAL. agir. Uma concepção pedagógica é um con-
junto de princípios e diretrizes que orientam
No contexto do mundo atual, a educação deve a ação educativa. O seu objeto de estudo é a
vir ao encontro das necessidades contemporâ- prática educativa como ponto central de refe-
neas, contribuindo para: rência de sua investigação e consequentes di-
reções teórico-práticas.
• articular progressos científicos e tecnológi-
cos e o desenvolvimento econômico e so- A DIDÁTICA tem a sua origem na língua gre-
cial, favorecendo a inclusão de todos;
• a preservação do ambiente natural do pla- Saiba Mais:
neta;
Para melhor entender os quatro pilares
• superar as tensões entre a tradição cultural
da educação, acesse o link:
e a contemporaneidade e a competição e
a igualdade de oportunidades; http://4pilares.net/text-cont/delors-pilares.htm
8
2. CONHECIMENTO
E APRENDIZAGEM:
algumas considerações
O ser humano apreende a realidade do mundo
ao seu redor num processo que se realiza em
variadas situações contextualizadas, participa-
Saiba Mais: tivas e, sobretudo, culturais.
Na histórica da Didática, o filósofo tcheco Comê- É importante para o educador refletir sobre
nius é o primeiro pedagogo dos tempos moder-
o processo de aquisição do conhecimento no
nos. Também foi considerado o pai da Didática
moderna: A Didática Magna ou Tratado da Arte sentido de auxiliar a mediação entre o aluno
Universal de ensinar tudo a todos, escrita em (sujeito) e o que ele aprende (objeto de conhe-
tcheco, em 1629-1632, traduzida para o latim cimento).
em 1640 e só publicada em 1657. A Didática
Magna é uma obra de referência para todos os
que buscam compreender o sentido mais pro- O professor não é um simples executor das
fundo do humanismo na educação, ressaltando prescrições do currículo. O professor tem um
que ‘não se deve, pois, excluir ninguém dos be- papel muito mais importante que o de sim-
nefícios da educação e da instrução’. Comênius plesmente transmitir conhecimentos aos seus
revolucionou o modelo de educação da época e
alunos. Nesse sentido, o professor tem o papel
que continua a despertar um interesse por todos
que buscam compreender a de mediar, porque ele está no meio, como um
melhor forma de conduzir o en- agente de ligação entre o conhecimento e os
sino para todos. Conduziu seu aprendentes. Assim, o professor deve interpre-
método de ensino com o princí- tar como um agente de ligação entre o currí-
pio de que não existe mau alu-
no, o que deve existir sim: boas culo e os alunos.
bibliotecas, bons professores e
bons métodos. A concepção que o professor tem do conhe-
http://static.infoescola.com/wp-content/ cimento e os valores que ele julga importante
uploads/2010/08/Jan-Amos-Comenius.jpg
trabalhar constituem as bases da prática pe-
os cursos em disciplinas, as disciplinas em es-
pecificidades. A repartição foi tão contunden-
te que levou os professores a realizarem um
trabalho docente completamente isolado em
suas salas de aula.
A influência deste paradigma na ação docen-
te é a busca da reprodução do conhecimento.
Caracterizada pela fragmentação, a prática pe-
dagógica propõe ações mecânicas aos alunos,
provocando um ensino que prioriza o escute,
leia, decore e repita. Estas quatro ações têm
dagógica. Esta se concretiza nas relações que sido propostas como metodologia no ensino
ocorrem nos espaços pedagógicos. Os espaços por um longo período na história da educa-
pedagógicos, como você sabe, são aqueles em ção. Em sua grande maioria, os professores ex-
que as pessoas estabelecem relação com o co- plicam o conteúdo e a classe acompanha em
nhecimento. A escola é um deles, mas, na atu- silêncio. A pesquisa do conteúdo e elaboração
alidade, há outros espaços como os espaços do conhecimento é realizada pelo professor
virtuais, pelo qual você vai estabelecer interati- para ministrar as aulas. Na explicação do con-
vidade com o conhecimento. teúdo, cabe aos alunos o papel de espectado-
res passivos para assimilar, memorizar e repro-
Agora vamos estudar as diversas práticas de- duzir os conteúdos propostos. Nesse contexto,
senvolvidas nos espaços pedagógicos e as ten- podemos indagar:
dências pedagógicas que orientam tais práti-
cas. Quem está no processo de aprendizagem? O
aluno ou o professor ? A resposta ideal seria:
2.1. O paradigma conservador os dois são sujeitos do processo. Mas, infeliz-
mente, o aluno tem sido tratado como objeto,
passivo e receptivo no trato pedagógico. Sal-
vo raras exceções, os docentes conservadores
aliam a competência ao autoritarismo. O si-
lêncio e a disciplina são essenciais para desen-
cadear o ensino reprodutivo e conservador. A
avaliação tem o seu foco na memorização e na
Saiba Mais:
Figura 01 O paradigma Newtoniano-Cartesiano que in-
fluencia até hoje os campos do conhecimento
científico partem do pressuposto de que, para
Nas últimas décadas do século XX, o ensino
conhecer o todo, é preciso fragmentá-lo. O todo
nas instituições educativas tem-se apresentado seria, então, resultado da união destas partes me-
por uma prática pedagógica, em muitos casos, nores. Este fato levou a ciência, mais especifica-
conservadora e tradicional. Na realidade, os mente, ocidental a fragmentar o mundo e criou
professores vêm sofrendo uma forte influência em todos os segmentos tecnólogos especialistas,
que não veem o mundo como um todo. Tal mo-
do paradigma newtoniano-cartesiano que ca- delo tem como princípios o racionalismo, o con-
racterizou a ciência no século XIX e grande par- trole, o individualismo, a hierarquia e outros.
te do século XX. Esse paradigma contaminou,
por muitos anos, a sociedade e, em especial, http://pt.wikipedia.org/wiki/Paradigma_holistico
a escola, em todos os níveis de ensino. Este
http://cegueiracientifica.blogspot.com/2009/01/
pensamento propôs a fragmentação do todo paradigma-newtoniano-cartesiano.html
e, por conseqüência, as escolas repartiram o
conhecimento em áreas, as áreas em cursos,
10
assimilação, e, em algumas áreas, o professor
adquire credibilidade pelo número de alunos
que são reprovados na sua disciplina.
A grande ênfase no produto permitiu aos pro-
fessores que, muitas vezes, ingenuamente,
formassem homens dóceis, acéticos e repro-
dutores do conhecimento alheio.
Para fins didáticos, caberia colocar dentro dos Figura 02
paradigmas conservadores as tendências pe-
dagógicas: tradicional, escolanovista e tecni-
cista. Todas essas abordagens, respeitando as de acesso a elas, tornam os paradigmas con-
caracterizações próprias para cada época em servadores obsoletos. O final do século 20 car-
que foram propostas, apresentam como es- acteriza-se pelo advento da sociedade do con-
sência a reprodução do conhecimento. hecimento, da revolução da informação e da
exigência da produção do conhecimento. Esse
Você costuma refletir sobre sua prática peda- processo de mudança afeta profundamente
gógica? Na verdade, poucos professores refle- os profissionais de todas as áreas do conheci-
tem sobre a sua ação docente. A formação pe- mento e, por consequência, exige o repensar
dagógica dos docentes deve ser permeada por dos seus papéis e suas funções na sociedade.
uma reflexão contínua entre teoria e prática. A sociedade passa a exigir profissionais que
Não basta instrumentalizar o professor com tenham capacidade de tomar decisões, que
procedimentos técnicos, para que prática seja sejam autônomos, que produzam com inicia-
renovada. É necessária a reflexão crítica e con- tiva própria, que saibam trabalhar em grupo,
textualizada nas necessidades sociais e educa- que partilhem suas conquistas e que estejam
cionais dos estudantes. em constante formação. Nesse movimento de
mudança, o professor passa a ter um papel
2.2. Um novo modelo fundamental de articulador e mediador entre
o conhecimento elaborado e o conhecimento
Os avanços tecnológicos e científicos provo- a ser produzido.
caram mudanças na sociedade. A grande velo-
cidade e o impressionante volume de informa- O novo paradigma da ciência, gerado com
ções que são produzidos, além da facilidade base na teoria da relatividade e na teoria da
física quântica, implica um repensar sobre o
papel da educação na vida dos homens. A
abordagem que analisa o mundo em partes
independentes já não funciona.
No campo educacional, há uma valorização
da importância de diálogos que precisam ser
restabelecidos, com base em um enfoque mais
holístico e em um modo menos fragmentado
de ver um mundo e nos posicionarmos diante
dele. Já não podemos prescindir de uma visão
mais ampla, global para que a mente humana
funcione de modo mais harmonioso no sen-
tido de colaborar para a construção de uma
sociedade mais ordenada, justa, humana, fra-
terna e estável. A superação da visão cartesi-
ana de mundo demanda repensar o sistema de
valores que estão subjacentes a esse paradig-
ma. O novo modelo na ciência, com uma visão
11
nesse processo, uma reflexão de que se vive
num mundo global, portanto, são respon-
sáveis pela construção de uma sociedade mais
justa e igualitária.
Como diz Franco (1995), o professor precisa compre-
ender que, como toda a realidade, a “sala de aula”
bem como o aluno e o próprio professor estão inse-
ridos em uma rede de relações e que tudo o que está
ocorrendo na sala de aula faz parte de um processo
interminável e impossível de ser controlado, e o pro-
fessor precisa participar desse processo, a fim de con-
tribuir para que ele se dê da melhor forma possível.
quântica, demanda reconhecer que todos os
seres são interdependentes e que “nossas vi-
das estão entrelaçadas com o mundo atual,
dependem de nossa atuação e nosso contexto,
em nossa realidade, que será revelada medi-
ante uma construção ativa em que o indivíduo
participe” (MORAES, 1997, p. 22).
Buscando uma visão de totalidade, de con-
exão, de interdependência, a escola nesse
paradigma é articuladora do saber. Não é só
um espaço físico, mas, sim, um estado perma-
nente do indivíduo, onde o trabalho colabora-
tivo está sempre presente.
O novo paradigma tem como pressuposto es-
sencial uma prática pedagógica que possibil-
ite a produção do conhecimento. Embora se
apresentem variadas denominações, o novo
paradigma caracteriza-se pela produção do
conhecimento e permite um encontro de abor-
dagens e tendências pedagógicas que possam
atender às exigências da sociedade do conhe-
cimento ou da informação. O mundo mudou,
e, com ele, as expectativas e necessidades dos
homens passaram a ter outras perspectivas.
Não se pode apontar uma única abordagem
pedagógica para contemplar o paradigma
emergente. Por exemplo, Moraes (1997)
propõe o encontro das abordagens construtiv-
ista, interacionista e sociocultural.
O ponto de encontro dessas abordagens
é a superação da reprodução e a busca da
produção do conhecimento. Na realidade, é
uma produção do conhecimento que permite
aos homens serem éticos, autônomos, reflexi-
vos, críticos e transformadores; que, ao inovar
os profissionais e, em especial, os professores,
preocupem-se em oferecer uma melhor quali-
dade de vida para os homens, provocando,
12
Como a escola, através das atividades ped-
agógicas, pode se organizar, a fim de envolver
o aluno na sua própria aprendizagem, tornan-
do-o mais autônomo?
Há muitas contribuições teóricas no campo da
Psicologia e da Pedagogia; uma delas é a que
trata da APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA. A
teoria inicial foi delineada por Ausubel (1980),
psicólogo nascido nos Estados Unidos.
São alguns princípios norteadores da teoria:
• o conhecimento humano é construído;
• o sujeito somente aprende, quando existe
a interação de uma informação com um
aspecto relevante da sua estrutura cogniti-
va (mente humana). Isso significa incorpo-
ração do novo conhecimento às estruturas
cognitivas.
No texto a seguir, você identificará algumas • relação entre as ideias novas com as idé-
ideias importantes sobre a aprendizagem. ias preexistentes na mente do sujeito. Isso
significa que os conhecimentos prévios dos
Atualmente a escola tem sido muito avaliada; aprendizes têm grande influência sobre a
os métodos e as abordagens de ensino são aprendizagem significativa de novos con-
objetos de crítica assim como seus resultados hecimentos. Aqueles são denominados de
avaliativos. Apesar do surgimento de ideias ideias, conceitos, fatos denominados inte-
educacionais, visando à melhoria da apren- gradores ou subsunçores.
dizagem e do desempenho docente, a escola
continua, conforme expressão da professora • ao aprender de forma significativa, o su-
Smole (2007), “dominada por uma concepção jeito retém a substância (o essencial) das
pedagógica tradicional”. novas ideias.
Os alunos continuam memorizando conteú- • a predisposição favorável do sujeito é um
dos muitas vezes desconectados de suas ex- elemento relevante para o domínio dos
periências, e os professores expondo os assun- conceitos e para a solução de problemas
tos e aplicando exercícios; em consequência , a reais (NOVAK, 1980).
indisciplina e o desinteresse ocorrem.
13
conhecimentos científicos e culturais a todos
os cidadãos, elevando-os culturalmente.
A escola, como instituição social e que deseja
ser CIDADÃ, deve:
• ser dialógica (vivenciar o diálogo);
• desenvolver a autonomia (preparar o aluno
para a independência intelectual);
• praticar a autogestão democrática (toma-
• o conhecimento deve ser visto como uma da de decisões coletivas/abertura de canais
rede de significados em permanente pro- de participação);
cesso de transformação, a cada nova INTE-
RAÇÃO. • ser comunitária (envolver-se nos problemas
e nas soluções da comunidade);
4. UMA NOVA • ser democrática (abrir os seus espaços para
ABORDAGEM DIDÁTICA todos em sua heterogeneidade);
Uma nova abordagem didática – metodológi- • ser pluralista (conviver com diversas ideias
ca deve ser vivenciada, tendo como objetivo e conflitos e discuti-los);
a construção da cidadania social, política e
econômica. - ter um projeto coletivo (discussão entre todos
os membros com decisões políticas e
Quando se fala a palavra cidadania, logo sur- pedagógica para as ações).
gem ideias, como: participação, direitos e de-
veres da pessoa na sociedade. A conquista da Portanto, para que se possibilite uma escola
cidadania passa pela conscientização do ser para todos, e, em especial, uma escola pública
humano sobre a sua identidade política, isto é, democrática, deve-se não só oferecer acesso
reconhecer-se como um membro participante à permanência, mas “construir a cultura do
dos destinos do seu país, de sua comunidade, sucesso escolar, no trato dado ao conheci-
bem como ter acesso a uma vida de qualidade mento, na superação dos preconceitos e nas
e poder usufruir do progresso humano. práticas” (SANTIAGO, 1998).
Atualmente, fala-se constantemente em in-
clusão social, porém, para se sentir incluso, é 5. CONSEQUÊNCIAS
necessário não só “estar no mundo” mas “com PEDAGÓGICAS
o mundo”, como diz Paulo Freire (1981). Ai-
nda citando o grande educador, “estar com Podemos registrar alguns aspectos relaciona-
o mundo resulta de sua abertura à realidade, dos às consequências didático-pedagógicas do
que o faz ser o ente de relações que é” (FREIRE, estudo deste capítulo, tais como:
1981).
• o aluno pode aprender por múltiplos
Como está situada a escola como uma institu- caminhos e usar diversos meios e modos
ição social em face a essa realidade colocada? de expressões (SMOLE, 2007);
Sabe-se que a educação escolar não pode
• o processo de ensino e aprendizagem deve
ser dissociada do todo da sociedade, conse-
possibilitar o desenvolvimento e a valoriza-
quentemente apresenta contradições e deter-
ção de todas as competências intelectuais:
minantes, que nem sempre permitem sua au-
espaciais, corporais, pictóricas (pinturas),
tonomia plena. Porém, é relevante seu papel
inter e intrapessoais, além das linguísticas
transformador e a sua função de assegurar os
e lógico-matemáticas (ibid).
14
• o professor é um mediador para a aqui-
sição e para o desenvolvimento da apren-
dizagem, orientando a busca de diversas
fontes, além das tradicionais, os melhores
sites, indicando links, etc.
• a aprendizagem escolar é um processo
ativo do ponto de vista do aluno; ele con-
strói, modifica, enriquece seus esquemas
de conhecimento a respeito de diferentes
conteúdos escolares.
• o ponto de partida da aprendizagem é o BEHRENS, Marilda Aparecida. A prática ped-
significado; deve estar ligado à prática so- agógica e o desafio do paradigma emergente.
cial, à importância do contexto. Revista Brasileira. Est. pedag., Brasília, v. 80, n.
196, p. 383-403, set./dez. 1999. Disponível
• a aprendizagem é um processo resultante em: http://www.emaberto.inep.gov.br/index.
do cruzamento da rede de saberes con- php/RBEP/article/viewFile/167/166. Acesso em:
struídos (prévios) pelos alunos, saberes so- 02.10.2010.
ciais de referências e saberes escolares.
Marilda Aparecida. O paradigma
• a habilidade de aprender a aprender e a emergente e a prática pedagógica. 3 ed. Curi-
pensar é possibilitada ao aluno através da tiba: Champagnat. 2003.
INVESTIGAÇÃO. Os desafios devem pro-
vocar questionamentos e modificação dos DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a
esquemas prévios, ou seja, na maneira de descobrir. Relatório da UNESCO. São Paulo:
ver, interpretar e atuar no mundo. Cortez, 2003.
• Professor e estudantes se consideram DAVIS, Cláudia. Psicologia na Educação. São
como pessoas e não, como papéis; hipóte- Paulo:Cortez, 1990.
ses e pensamento divergentes fazem parte
do processo criativo; o professor é também FRANCO, Sérgio Roberto Kieling. O construtiv-
aluno, aprendiz dos estudantes. ismo e a educação. Porto Alegre: Mediação,
1995.
GLOSSÁRIO FREIRE, Paulo. Educação como prática da liber-
dade. Rio Janeiro: Paz e Terra, 1981.
Interatividade: participação;intervenção;
bidirecionalidade;hibridação; permutabilida- , Paulo. Pedagogia da Esperança: um
de. (SILVA, Marco. 2000). reencontro com a pedagogia do oprimido. 7
ed. Rio
Paradigma: modelo, padrão ou norma, algo de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
que serve como parâmetro de referência,
como um semáforo ou uma estrutura conside- , Paulo. Pedagogia da Autonomia: sa-
rada ideal ou merecedora de ser seguida. beres necessários à prática educativa. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1997.
REFERÊNCIAS GATOTTI, Moacir. Escola Cidadã. Coleção
Questões da Nossa Época. São Paulo: Cortez
AUSUBEL, David Paul; NOVAK, Joseph; HANE- Editora, 1995.
SIAN, Helen. Psicologia Educacional. R.J.: Inte-
ramericana, 1980. GROSSI, Esther Pillar. Um Novo Paradigma so-
bre a Aprendizagem. In, GROSSI, Esther Pillar;
15
BORDIN, Jussara. Paixão de Aprender. Petrópo-
lis: Vozes, 1994.
HICKEL, Neusa. A Inteligência é um Processo
e não um Dom: fica-se inteligente porque se
aprende. IN, GROSSI, Esther Pillar & BORDIN,
Jussara. PAIXÃO DE APRENDER. Petrópolis: Ed.
Vozes, 1994.
MORAES, Maria Cândida. O paradigma emer-
gente. Campinas: Papirus, 1997.
MOREIRA, Marco Antonio; ELCIE, F.S.M. Apre-
ndizagem Significativa: a teoria de David Aus-
ubel. São Paulo: Ed. Moraes, 1982.
NOVAK, Joseph David. A Teoria da Aprendiza-
gem Significativa. Revista Construir Notícias, n.
34, Ano 06, Recife, maio/jun, 2007.
SANTIAGO, Eliete. Paulo Freire e as questões
curriculares: uma contribuição e reflexão. In,
Revista de Educação. AEC do Brasil, a.27,
n.106. Jan/març, 1998.
SMOLER, Kátia Cristina Stocco. Aprendizagem
Significativa: o lugar do conhecimento e da
inteligência. Revista Construir Notícias, n.34,
Ano 06, Recife, maio/jun, 2007.
16
O PLANEJAMENTO
PEDAGÓGICO NA
DINÂMICA
DO TRABALHO
DOCENTE
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Definir uma concepção de Planejamen-
to Educacional numa visão transforma-
dora.
• Diferenciar tipos de planejamento edu-
cacional.
• Reconhecer a importância da previsão
de situações didáticas e de recursos ne-
cessários às aprendizagens.
• Organizar planos de ensino a partir de
referenciais teóricos e da realidade do
contexto educativo.
• Relacionar o Projeto Político-Pedagógi-
co da escola às atividades curriculares.
INTRODUÇÃO
O planejamento pedagógico é uma tarefa que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em
termos da sua organização e coordenação em fase dos objetivos propostos quanto a sua revisão
e adequação no decorrer do processo de ensino (LIBÂNEO,1991). Desse modo, este capítulo abor-
da o tema, mostrando a importância do planejamento na estruturação do trabalho pedagógico,
evidenciando as vantagens da organização do trabalho docente, as etapas de construção (moda-
lidade de planejamento), os procedimentos (dinâmica do processo de ensino e aprendizagem),
enfatizando a coerência entre a prática desenvolvida e as referências que a fundamentam.
17
Um escoteiro, tendo ido com os seus companheiros
para um passeio na floresta, ficou sozinho; quando
eles voltaram sem aviso, para o acampamento. Per-
dido, poderia ter começado a chorar ou, o que seria
mais comum, a andar sem rumo para cá e para lá, na
esperança de encontrar uma saída. Mas, inteligente-
mente organiza sua mente e sua ação: - abre o seu
mapa (reconhece o contexto/compreende a situa-
ção); - estabelece o rumo (alcançar o acampamento);
- verifica a distância(em que está e que meios dispõe
para chegar ao destino) e define o caminho (estabe-
1. PLANEJAMENTO lece o roteiro).
EDUCACIONAL Qual a comparação que pode ser estabelecida
entre a história e as ações de planejamento?
O ato de planejar faz parte da história do ser
humano, pois o desejo de transformar sonhos No planejamento educacional, também a pro-
em realidade objetiva é uma preocupação posta de ação, à semelhança do escoteiro, é
marcante de toda pessoa. Em nosso dia-a-dia, uma interferência na realidade (na prática), a
sempre estamos enfrentando situações que fim de transformá-la ou de construir uma nova
necessitam de planejamento, mas nem sem- realidade (ações, atitudes e comportamentos,
pre as nossas atividades diárias são delineadas normas).
em etapas concretas da ação, uma vez que já
pertencem ao contexto de nossa rotina. Entre- O planejamento educacional constitui-se em
tanto, para a realização de atividades que não um processo de organização do trabalho pe-
estão inseridas em nosso cotidiano, usamos os dagógico, tendo como elemento mediador a
processos racionais para alcançar o que dese- prática social.
jamos.
Para melhor compreender o processo de pla-
As ideias que envolvem o planejamento são nejamento, vamos diferenciar planos, progra-
amplamente discutidas nos dias atuais, mas mas e projetos.
um dos complicadores para o exercício da prá-
tica de planejar parece ser a compreensão de PLANO
conceitos e o uso adequado destes. Assim o
objetivo deste capítulo é o de procurar explici- Plano é um documento utilizado para o regis-
tar o significado básico de termos, tais como tro de decisões do tipo: o que se pensa fazer,
planejamento, plano, programa, projeto e ou- como fazer, quando fazer, com que fazer, com
tros. Cabe ressaltar que, neste breve texto, não quem fazer.
se pretende abordar todos os níveis de plane-
jamento, mesmo porque, como aponta Gan- O plano é a “apresentação sistematizada e jus-
din (2001, p. 83), tificada das decisões tomadas relativas à ação
a realizar” (FERREIRA apud PADILHA, 2001, p.
é impossível enumerar todos os tipos e níveis de pla-
nejamento necessários à atividade humana. Sobretu-
36).
do porque, sendo a pessoa humana condenada, por
sua racionalidade, a realizar algum tipo de planeja- TIPOS DE PLANOS
mento, está sempre ensaiando processos de transfor-
mar suas idéias em realidade. Embora não o faça de
Plano Nacional de Educação é um plano que
maneira consciente e eficaz, a pessoa humana possui
uma estrutura básica que a leva a divisar o futuro, a reflete toda a política educacional de um povo,
analisar a realidade, a propor ações e atitudes para inserido no contexto histórico, que é desenvol-
transformá-la. vida a longo, médio ou curto prazo.
Refletindo sobre o planejamento, Rubens Al- Plano Escolar é onde se registram os resultados
ves (1982) estabelece uma conexão com a his- do planejamento da educação escolar. “É o
tória de um escoteiro... documento mais global; expressa orientações
18
gerais que sintetizam, de um lado, as ligações
do projeto pedagógico da escola com os pla-
nos de ensino propriamente ditos”. (Libâneo
,1993, p 225).
Plano de Curso é a organização de um con-
junto de matérias que vão ser ensinadas e de-
senvolvidas em uma instituição educacional,
durante o período de duração de um curso.
Segundo Vasconcellos (1999, p. 117), esse
tipo de plano é a “sistematização da propos-
ta geral de trabalho do professor naquela de-
terminada disciplina ou área de estudo, numa
dada realidade”.
2. PLANEJAMENTO
Plano de Ensino é o plano de disciplinas, PEDAGÓGICO
de unidades e experiências propostas pela es-
cola, professores, alunos ou pela comunidade.
Situa-se no nível bem mais específico e concre-
to em relação aos outros planos, pois define
e operacionaliza toda a ação escolar existente
no plano curricular da escola. (SANT’ANNA,
1995).
PROGRAMAS
Padilha (2001) explica que um programa pode Figura 01
ser constituído de um ou mais projetos de de-
terminados órgãos ou setores num período de
tempo definido. Para Gandin (1995), o progra- Para a compreensão da importância do plane-
ma, dentro de um plano, é o espaço onde são jamento das atividades de ensino e de apren-
registradas as propostas de ação do planeja- dizagem na escola, faz-se necessário explicitar
dor, visando aproximar a realidade existente da algumas características dos planos de ensino
realidade desejada. Desse modo, na elabora- (planos de curso, de aula e projetos didáticos):
ção de um programa, é necessário considerar
as ações concretas a realizar, as orientações • partem do conhecimento da realidade
para toda a ação (atitudes, comportamentos), (contexto social, necessidades do aluno e
as determinações gerais as atividades perma- seus conhecimentos prévios);
nentes.
• estabelecem objetivos específicos;
PROJETOS
• identificam e explicitam questões que a
Projeto é também um documento produto do prática social e o conhecimento colocam;
planejamento, porque nele são registradas as
decisões mais concretas de propostas futuris- • identificam os instrumentos metodológi-
tas. Como o próprio nome indica, projetar é cos adequados à busca das respostas e aos
lançar para a frente, dando sempre a ideia de problemas levantados (fontes diversas/ati-
mudança, de movimento. Projeto representa o vidades diversas);
laço entre o presente e o futuro, sendo ele a
marca da passagem do presente para o futuro. • integram as diferentes contribuições na
Nas seções a seguir, você verá melhor o que construção e ou reconstrução do saber
são os projetos didáticos e o projeto político- (sistematização dos conhecimentos);
pedagógico.
capítulo 2 19
• partem da visão do aluno, global e am- Vale ressaltar que as denominações relativas
pliada da realidade. às etapas dos planos podem variar, de acordo
com as instituições, autores e propostas peda-
O plano de ensino ou de curso é um guia que gógicas.
organiza as unidades para um ano ou semestre
e geralmente contém os seguintes elementos: Outras situações didáticas para a aprendiza-
gem de conhecimentos são planejadas através
• dados de identificação (instituição/curso/ dos PROJETOS DIDÁTICOS: eles se constituem
disciplina/série/carga-horária) de planos de ensino, a partir de temas gerado-
res coerentes com objetivos básicos das apren-
• objetivos (geral e específicos) dizagens previstas.
• temas de estudo (conteúdo) Os projetos didáticos apresentam, de um
modo geral, as seguintes características:
• procedimentos metodológicos (atividades
do professor e do aluno, inclusive avalia- • definição conjunta do tema de estudo;
ção)
• levantamento de questões sobre o tema
• referências (alunos e professores);
O plano de aula é um detalhamento do plano • negociação compartilhada entre alunos e
de curso, tendo como referenciais os objetivos professor em relação aos objetivos do es-
específicos necessários, os quais devem ser tudo e às fontes de pesquisa (bibliográfi-
centrados nos alunos. cas, entrevistas, excursões, seminários) e às
avaliações;
Nesta perspectiva de trabalho, o professor
deve adotar os seguintes procedimentos: • interdisciplinaridade (compreensão global
da realidade do saber escolar e interação
• problematização (questionamentos inte- com outros conhecimentos).
ressantes, charadas, músicas,dúvidas, etc,
de tal modo que mobilizem a curiosidade • compreensão dos conhecimentos pelo en-
e a busca) volvimento crítico no tema do estudo.
• considerar os conhecimentos prévios (o
que o aluno sabe sobre o assunto)
3. O PROJETO
POLÍTICO/
• busca de informações (fontes diversas - lei- PEDAGÓGICO
turas, pesquisas individuais ou em grupos,
pesquisa de campo e na Internet, exposi-
DA ESCOLA
Para iniciar o estudo,
ções, excursões, análises de vídeo, entre
vamos PROBLEMATIZÁ-LO?
outras)
• Qual o significado do termo Político-Peda-
• sistematização do conhecimento ( cons-
gógico?
trução conjunta – professores e alunos, de
conhecimentos sistematizados)
• Por que o seu planejamento é importante?
• procedimentos avaliativos (informação dos
• Qual a sua relação com o processo de en-
critérios, dos procedimentos e instrumen-
sino-aprendizagem?
tos de avaliação)
• Quem dele participa como projeto?
• referências utilizadas
20
Figura 02
A escola, segundo Veiga (1996), é o lugar da
concepção, realização e avaliação do seu pro-
jeto educativo e, por isso mesmo, é mister que
ela assuma essa responsabilidade e, também,
reivindique das instâncias superiores às condi-
ções para seu desenvolvimento.
Para que você, aluno, compreenda o que é
PROJETO POLÍTICO- PEDAGÓGICO, faz-se ne- • deve indicar as finalidades da educação e
cessário que entenda o significado de cada propor objetivos a médio e longo prazo;
palavra:
• deve propor um currículo coerente com
• projeto – é o que lança para adiante, é mo- os objetivos educacionais: a organização
vimento; é ação organizada que articula as das atividades curriculares, principalmen-
práticas, segundo esquemas estabelecidos, te, a gestão da sala de aula, conforme as
que arranja o presente e o liga à visão do necessidades dos alunos (possibilidades e
futuro. limitações para a formação da cidadania),
a superação da rigidez dos espaços e tem-
• político – dimensão de compromisso com pos escolares (novas formas de apropria-
a formação do sujeito cidadão. ção dos saberes em novos cenários educa-
cionais - ambiente virtual / mídias diversas
• pedagógico – dimensão do “saber fazer” / atividades extraclasses).
dos processos de ensino e de aprendiza-
gem / organização do processo de traba- • deve expor, com clareza e coerência, o
lho, a prática docente, as ações coletivas. seu conceito de avaliação e consequentes
procedimentos e critérios de aprovação do
A importância em ser definido um projeto pe- aluno.
dagógico pela instituição escolar é fundamen-
tal para que sejam estabelecidos os rumos que
norteiam a prática; os fundamentos educacio-
nais, a coerência entre o que quer atingir em
termos de educação com os procedimentos
organizacionais e pedagógicos.
Alguns aspectos são considerados relevantes
no processo de construção do projeto peda-
gógico de uma escola:
• ser participativo (envolve todos os mem-
bros da comunidade escolar);
21
4. CURRÍCULO ESCOLAR
Você sabe o que significa CURRÍCULO?
Segundo o dicionário de Aurélio da Língua
Portuguesa, a palavra currículo significa “ata-
lho”, “ato de correr”.
No sentido educacional, o termo currículo re-
fere-se ao caminho percorrido pelo aluno na
construção do conhecimento. Percebe-se, en-
tão, a diferença entre essa forma de entender
o currículo como um processo dinâmico em
contraposição à ideia de currículo como sequ-
ência de disciplina de um curso.
Saiba Mais:
O currículo, conforme o conceito exposto aci-
Texto complementar: ma resulta na organização dos conhecimentos
na escola, com reflexos relacionados ao modo
O artigo 13 da LDB é reservado exclusivamente de conduzir a aprendizagem, ou no redimen-
aos docentes. A primeira incumbência prevista
no inciso I do artigo 13 da LDB determina que
sionamento das ações, conforme as linhas
cada docente deva participar da elaboração da condutoras delineadas pelo projeto pedagó-
proposta pedagógica do estabelecimento de gico.
ensino. A participação ativa do docente se faz ne-
cessária à elaboração da proposta pedagógica da Atualmente, fala-se em INTERDISCIPLINARIDA-
instituição escolar. DE CURRICULAR, logo você precisa ter com-
A segunda incumbência, prevista no inciso II do
preensão do que é uma atividade curricular
artigo 13 da LDB, determina que cada docente interdisciplinar.
deva elaborar e cumprir plano de trabal-
ho, segundo a proposta pedagógica do estabele- Observe que todos os cursos têm uma matriz
cimento de ensino. O plano de trabalho docente de disciplina curricular. Essa organização se-
é, ao certo, uma das atividades mais acadêmicas, qüencial de disciplina expõe, apenas, o que se
produtivas e interessantes dos profissionais de
deseja que seja ensinado em termos de conte-
ensino. A partir do plano de trabalho, o docente
pode assinalar, no período letivo, suas metas cur- údos. Se cada professor responsável pela coor-
riculares e educacionais. Por exemplo, é a opor- denação dos processos de ensino e de apren-
tunidade de o docente propor e perseguir metas dizagem trabalhar os conhecimentos em sua
como o fim da evasão escolar e melhorar a qua- sala de aula, com os seus alunos, de modo a
lidade do seu serviço educacional através de uma
didática eficiente e eficaz, que tenha por principal
não integrar os conhecimentos a outros, liga-
finalidade o desenvolvimento da capacidade de dos à realidade prática do contexto social, ele
aprender e de aprendizagem dos alunos. apenas estará desenvolvendo informações.
A terceira incumbência, prevista no inciso III da
Porém, se cada professor, ultrapassando os co-
artigo 13 da LDB, prescreve que cabe ao docen-
te zelar pela aprendizagem dos alunos.
nhecimentos restritos à disciplina ministrada
Aqui, decerto, reforça, no processo ensino-apren- tentar o diálogo com outras formas de conhe-
dizagem, a aprendizagem como princípio do cimentos (senso comum, conhecimento cien-
bom fazer pedagógico. O componente ensino, tífico e com outros objetos de conhecimentos,
centrado no professor, refere-se à organização do transpondo as barreiras entre as disciplinas,
material curricular a ser transmitido em sala de
aula , em prol da aprendizagem que, aqui, passa
significa que estará tentando uma construção
a ser entendida como a construção e reconstru- de novos saberes, através da pesquisa coletiva,
ção dos conhecimentos e saberes historicamente das trocas e do diálogo; nessa perspectiva, a
acumulados pela sociedade. Interdisciplinaridade é uma dinâmica curricular
que ultrapassa o pensar fragmentado na pro-
dução do conhecimento (FERREIRA, 2001).
22
Assim, os conteúdos dizem respeito a: dados,
habilidades, técnicas, atitudes, conceitos, etc.
Segundo Cool (1986 apud ZABALA, 1998), os
conteúdos podem ser agrupados em conceitu-
ais, procedimentais ou atitudinais. “Esta clas-
sificação corresponde respectivamente às per-
guntas: O que devo saber? O que devo saber
fazer? E como se deve ser?” (ZABALA, 1998,
p 31).
Em geral, os conteúdos estão associados e são
aprendidos em conjunto. Por exemplo: a apren-
dizagem factual da soma (código e símbolos)
é aprendida juntamente com os conceitos de
soma (união e conjunto), com os procedimen-
tos dos algoritmos (calculo mental e escrito) e
os atitudinais (sentido e valor). Assim, as situa-
ções didáticas numa perspectiva construtivista
têm que integrar, ao máximo, os diversos tipos
de conteúdos para que a aprendizagem seja
realmente significativa para os alunos.
5. OBJETIVOS
E CONTEÚDOS
Todo tipo de planejamento educacional precisa
determinar objetivos ou finalidades de educa-
ção. Sabe-se que, na atualidade, a escola deve 6. A ATUAÇÃO DO
promover a formação integral dos estudantes;
é preciso definir claramente os objetivos que
PROFESSOR /
desenvolvam a autonomia e as competências EDUCADOR
necessárias para aprender a aprender, apren-
der a ser e aprender a conviver.
O termo “conteúdo” normalmente sempre foi
utilizado para expressar os conhecimentos das
matérias ou disciplinas clássicas. No entan-
to, segundo Zabala (1998), os conteúdos de
aprendizagem não se reduzem às contribui-
ções das disciplinas ou matérias tradicionais. Figura 03
Eles dizem respeito a todos aqueles conheci-
mentos que possibilitem o desenvolvimento
das capacidades motoras, afetivas, de relação Segundo o educador Libâneo (1998), diante
interpessoal e de inserção social. das realidades do mundo contemporâneo, são
23
• atualizar os conhecimentos na sua área
específica de atuação para adequá-los ao
nível de escolaridade dos alunos.
Espera-se ainda como atitudes desenvolvidas
pelo professor/educador que ele deva:
• ser ético;
• ter compromisso com a educação;
exigidas novas atitudes docentes; o autor põe
em evidência que, nos dias atuais, o aluno está • ter respeito à heterogeneidade dos edu-
em contato constante com as informações candos em termos de raça, de crenças, de
provenientes de diversas agências educacionais limitações cognitivas ou físicas e de classe
além da escola (meios de comunicação, em- social;
presas, clubes, igrejas, sindicatos, movimentos
sociais), portanto a educação acontece em vá- • ser disponível para o trabalho coletivo;
rios lugares. A escola deve ter a capacidade de
fazer a síntese da cultura formal (conhecimen- • ser aberto às inovações pedagógicas;
to sistematizado) com a cultura da experiência.
• ser reflexivo sobre a sua prática, avaliando-
São alguns desafios para o docente: a constantemente, para redirecioná-la;
• planejar as ações pedagógicas a partir da • ter compromisso político com a preserva-
realidade na qual atua; ção do meio-ambiente.
• problematizar o estudo (conteúdos de A atuação do professor/educador na perspec-
aprendizagem, coordenando as discussões tiva da mediação pedagógica é de fundamen-
coletivas (interação com colegas e profes- tal importância, articulando os conhecimentos
sores, a investigação, as reflexões críticas, construídos socialmente com as possibilidades
a interpretação de informações e a pro- de aprendizagem dos estudantes, tendo os
dução dos conhecimentos como sujeito seus planos de trabalho como fundamento
aprendente); para a melhoria das aprendizagens, através de
uma didática eficiente e eficaz. Nesse enfoque,
• prover os meios necessários às mediações discutiremos esse tema no segundo fórum te-
cognitivas e interacionais, para introduzir mático da disciplina.
os alunos no significado da cultura e da
ciência;
7. INTERVENÇÃO
• organizar as situações de ensino, articulan- PEDAGÓGICA
do as aprendizagens prévias dos alunos, a
comunicação e a transposição dos conhe- A docência requer que o professor tenha o
cimentos universais para os saberes escola- domínio dos conhecimentos específicos de
res, possibilitando a construção de novos sua área de atuação, além do conhecimento
conhecimentos; dos aspectos mais importantes da intervenção
pedagógica na educação infantil e no Ensino
• empregar o diálogo presencial ou em am- Fundamental.
bientes virtuais, garantindo uma pedago-
gia interativa; São princípios básicos da intervenção pedagó-
gica:
• utilizar a avaliação como um recurso de
desenvolvimento da aprendizagem e da
autonomia intelectual do aluno;
24
1 - Os conhecimentos 2 - A capacidade de
a serem aprendidos so- atualização dos conhe-
mente terão significa- cimentos prévios está
do para o aluno, se fo- vinculada à sua riqueza
rem contextualizados e versatilidade, para se
relacionar com os no-
vos conteúdos.
3 - A apreensão dos 4 - As capacidades
conhecimentos depen- para apropriação do
de da natureza das
situações de aprendi-
zagem como ajuda pe-
conhecimento estão
ligadas ao domínio de
aprender a apreender.
REFERÊNCIAS
dagógica. ALVES, Rubens. Filosofia da Ciência. São Paulo:
Edit Brasiliense, 1982.
Portanto, as intervenções pedagógicas, para
. Integração como proposta de uma
que promovam atitudes favoráveis à aprendi-
nova ordem na Educação. IN, Linguagens, Es-
zagem, devem manter uma sequência didática
paços e Tempos no Ensinar e no Aprender. En-
focalizada:
contro Nacional de Didática e Práticas de En-
sino (ENDIPE). R.J.: DP&A, 2000.
• em atividades motivadoras;
FERREIRA, Maria Elisa de M. P. Ciência e inter-
• na criação do conflito cognitivo, com a ati-
disciplinaridade. IN. FAZENDA, Ivani C. Arante
vação dos conhecimentos prévios;
(org) Práticas Interdisciplinares na Escola. São
Paulo: Cortez Ed., 2001.
• na negociação compartilhada da definição
de objetivos e das atividades que devam
FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação. Rio
ser realizadas (leituras, pesquisas bibli-
de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
ográficas e de campo, Internet e outros;
HERNANDEZ, Fernando; VENTURA, Montser-
• na realização de tarefas que desenvol-
rat. A organização do currículo por projetos de
vam a atividade mental necessária à con-
trabalho. O conhecimento é um caleidoscópio.
strução de significados (conceitos, noções,
Porto Alegre: Artmed, 1998.
princípios ).
GANDIN, D. A Prática do Planejamento Partici-
pativo. Petrópolis: Vozes, 1995.
. CRUZ, Carlos Carrilho. Planeja-
mento na sala de aula. Porto Alegre, 1995.
. Planejamento como prática edu-
cativa. 7.ed. São Paulo: Loyola, 1994.
. Posição do planejamento partici-
pativo entre as ferramentas de intervenção na
realidade. Currículo sem Fronteira, v.1, n. 1,
jan./jun., 2001, pp. 81-95.
LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão escolar:
teoria e prática. 4. ed. Goiânia: Editora alter-
nativa, 2001
25