FILOSOFIA
PROFA. BRUNA SOUZA
VIGIAR E PUNIR
Michael Foucault Partes:
• 1975 • 1. Suplício
• 2. Punição
• 3. Disciplina
• 4. Prisão
Introdução: A Ideia Central de
Vigiar e Punir
Michel Foucault, em Vigiar e Punir, propõe uma análise histórica das
transformações nas práticas punitivas, destacando a transição do
suplício público para o sistema disciplinar moderno. Ele argumenta
que, ao longo dos séculos XVIII e XIX, houve uma mudança no foco
da punição: de um espetáculo de sofrimento físico para um controle
mais sutil e contínuo dos corpos e comportamentos dos indivíduos.
Essa transformação reflete uma mudança nas relações de poder,
que passaram a operar não apenas por meio da repressão, mas
também pela normalização e vigilância constante.
SUPLÍCIO
“O suplício é uma técnica e não deve ser equiparado aos extremos de uma
raiva sem lei”
“[Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757], a pedir perdão
publicamente diante da porta principal da Igreja de Paris [aonde devia ser]
levado e acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma
tocha de cera acesa de duas libras; [em seguida], na dita carroça, na
praça de Greve, e sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos
mamilos, braços, coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a
faca com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e
às partes em que será atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo
fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a
seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus
membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas
lançadas ao vento”
O SUPLÍCIO ERA UMA PENA
O QUE É UM SUPLÍCIO? CORPORAL PÚBLICA,
DESTINADA A INFLIGIR
Demonstrar o poder SOFRIMENTO FÍSICO INTENSO
soberano e servir de AO CONDENADO, COM O
OBJETIVO DE SERVIR DE
espetáculo público para EXEMPLO PARA A
reforçar a ordem social. SOCIEDADE. (P.30)
“Uma pena, para ser considerada um suplício, deve obedecer a três
critérios principais: em primeiro lugar, produzir uma certa quantidade
de sofrimento que se possa, se não medir exatamente, ao menos,
apreciar, comparar e hierarquizar; [...] o suplício faz parte de um ritual. É
um elemento na liturgia punitiva, e que obedece a duas exigências,
em relação à vítima, ele deve ser marcante: destina-se a [...] tornar
infame aquele que é a vítima. [...] e pelo lado da justiça que o impõe,
o suplício deve ser ostentoso, deve ser constatado por todos, um pouco
como seu triunfo.” (Foucault, 2009, p. 31-32)
Práticas de tortura e execuções extrajudiciais em regimes autoritários, como na Síria ou na
Coreia do Norte, que utilizam o sofrimento físico como meio de controle e intimidação.
Pena de morte por fuzilamento
2. Punição: Da Exibição Pública à Normalização
Mudança de Paradigma: A punição deixa de ser um espetáculo
público para se tornar um processo mais privado e sistemático,
focado na reabilitação do indivíduo.
Função: Reforçar a moralidade pública e a aplicação das leis de
forma racional e sistemática.
Implicações Jurídicas: A mudança reflete uma evolução nas
práticas jurídicas, buscando maior eficiência e humanidade nas
penas aplicadas.
2. Punição: Da Exibição Pública à
Normalização
Função da Punição
Reforçar a moralidade pública e a aplicação das leis de forma
racional e sistemática.
Estabelecer uma relação direta entre crime e punição, buscando
dissuadir a transgressão.
Críticas ao Sistema Penal?
Foucault questiona a eficácia da punição moderna, sugerindo que
ela pode, na verdade, contribuir para a criação de uma classe de
delinquentes profissionais.
A punição pouco a pouco deixou
de ser uma cena. E tudo que
pudesse implicar de espetáculo
desde então terá um cunho
negativo.” Foucault, 2009, p. 12)
O sistema de justiça penal nos Estados Unidos, com sua ênfase em penas privativas de
liberdade, especialmente em relação à população negra, evidenciando uma forma
de punição que, embora não mais espetacular, continua a marginalizar certos grupos
sociais.
3. Disciplina: O Corpo e a Alma sob
Controle
Conceito: A disciplina emerge como uma técnica de poder que
visa moldar os indivíduos, não apenas fisicamente, mas também
psicologicamente, para torná-los úteis e obedientes
Instituições Disciplinares: Escolas, hospitais, quartéis e prisões
tornam-se espaços onde os indivíduos são constantemente
observados e avaliados, promovendo a autocorreção.
Implicações Filosóficas: Levanta questões sobre a liberdade
individual, a autonomia e os limites do poder estatal na formação
do sujeito.
Corpos dóceis (p.119)
“A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos "dóceis".
A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade)
e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência). Em uma
palavra: ela dissocia o poder do corpo; faz dele por um lado uma "aptidão",
uma "capacidade" que ela procura aumentar; e inverte por outro lado a
energia, a potência que poderia resultar disso, e faz dela uma relação de
sujeição estrita. Se a exploração econômica separa a força e o produto do
trabalho, digamos que a coerção disciplinar estabelece no corpo o elo
coercitivo entre uma aptidão aumentada e uma dominação acentuada.”
A. ARTE DAS
DISTRIBUIÇÕES;
D. COMPOSIÇÃO DAS RECURSOS PARA O BOM B. CONTROLE DAS
FORÇAS ADESTRAMENTO: ATIVIDADES;
C. ORGANIZAÇÃO DAS
GÊNESIS
3. Disciplina: O Corpo e a Alma sob
Controle
Implicações Filosóficas: Levanta questões sobre a liberdade
individual, a autonomia e os limites do poder estatal na formação do
sujeito.
Função da Disciplina
Organizar e otimizar o comportamento dos indivíduos, tornando-os
mais produtivos e conformes às normas sociais.
Estabelecer padrões de comportamento e pensamento considerados
"normais" e "aceitáveis".
Ex.: O uso de
“O poder disciplinar é tecnologias de
uma forma de poder que vigilância em escolas
e locais de trabalho,
age sobre os corpos e as como câmeras de
mentes dos indivíduos segurança e
softwares de
através de mecanismos monitoramento de
de vigilância e de atividades online, que
buscam controlar o
normalização.” Foucault, comportamento dos
2009, p. 135 indivíduos de forma
sutil e contínua.
4. Prisão: A Instituição Central do
Poder Penal Moderno
Função da Prisão: A prisão surge como a principal forma de
punição, com o objetivo de isolar o delinquente da sociedade e
promover sua reabilitação.
Implicações Jurídicas: Desafia a visão tradicional de que a prisão é
a forma mais eficaz de punição, propondo uma reflexão sobre
alternativas e reformas no sistema penal.
Críticas: Foucault questiona a eficácia da prisão, sugerindo que ela
pode, na verdade, contribuir para a criação de uma classe de
delinquentes profissionais.
“A delinquência Foucault questiona a
eficácia da prisão,
é a vingança da sugerindo que ela
prisão sobre a pode, na verdade,
contribuir para a
justiça.” criação de uma
(Foucault, 2009, classe de
delinquentes
p. 273) profissionais.
A prisão pertence a uma rede mais
vasta, compreendendo escolas,
instituições militares, hospitais e fábricas,
que materializa uma sociedade pan-
óptica para seus próprios membros.”
Foucault, 2009, p. 275)
O sistema prisional brasileiro, caracterizado por superlotação,
condições precárias e altos índices de reincidência, questiona a
eficácia da prisão como meio de reintegração social.
Vigiar e Punir
Para Foucault, as relações de poder geram
determinados tipos de saber, que por sua vez,
produzem efeitos nas relações poder. Partindo da
premissa de que a verdade é produzida e varia de
acordo com os períodos históricos, colocou o sujeito
histórico de conhecimento como produto do
espaço/tempo de em que vive, caracterizado por
especificidades de sua época. (Capez)
O que o poder quer controlar?
VIGIAR PARA
2.
PRODUZIR 1.
Irregularidade 3. Festa 4. Família
MAIS E Ociosidade
operária
MELHOR