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Cidade Inundadas de Promessas

Resumo expandido sobre as Intervenções Urbanas em Belém e a ligação com a sustentabilidade ambiental

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Cidades Inundadas de Promessas: Uma Análise Crítica das

Intervenções Urbanas em Belém

RESUMO: Este trabalho propõe um debate entre os projetos da COP 30 e a abordagem do


urbanismo sustentável, discutindo soluções, como os parques alagáveis e outras soluções
baseadas na natureza, como também o conceito de cidades para pessoas. Belém, cidade-sede da
COP 30, encontra-se diante de uma grande oportunidade de se reestruturar para receber o
evento, a cidade está investindo em diversas iniciativas de revitalização urbana e infraestrutura.
No entanto, nem todos os projetos implementados refletem as melhores soluções para os
desafios urbanos e socioambientais enfrentados pela população local. Assim, este estudo busca
refletir sobre alternativas que aliem sustentabilidade, resiliência climática e qualidade de vida
em intervenções urbanas da capital paraense.

Palavras-chave: Parques alagáveis; renaturalização; áreas verdes; urbanismo sustentável;


Cop30

Introdução:

Belém possui uma geografia marcada pela forte influência das águas, estando localizada
na foz do Rio Amazonas, cercada por rios e formada por um arquipélago de 39 ilhas. Essa
condição, somada ao clima equatorial úmido, resulta em chuvas intensas ao longo do ano,
agravando os desafios de drenagem e os alagamentos urbanos, especialmente durante o inverno
amazônico. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2025), o mês de janeiro
registrou um volume de chuvas acima da média histórica em Belém, evidenciando um
agravamento dos alagamentos urbanos.
No entanto, a chuva não é o único fator responsável. Além da questão climática, fatores
como o aterramento das margens dos rios, a obstrução de canais, o crescimento urbano
desordenado e o pouco uso de soluções baseadas na natureza contribuem para tornar a cidade
ainda mais vulnerável às enchentes.
Parques e praças convencionais, embora tragam um pouco de verde para dentro da
cidade, pouco fazem para lidar com essas crises climáticas. Diante desse cenário, torna-se
essencial buscar soluções inovadoras para a drenagem urbana. Os parques alagáveis apresentam
alternativas sustentáveis, por meio de infraestrutura verde e soluções baseadas na natureza que
integram técnicas de drenagem, espaços verdes e áreas permeáveis. Essas estratégias tornam
as cidades mais resilientes se alinhando com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) propostos pela ONU, especialmente com a ODS 11 que trata da criação de cidades e
comunidades sustentáveis e resilientes onde destacam-se as “cidades esponja”, que utilizam
múltiplas técnicas para a adaptação urbana às mudanças climáticas. Nesse contexto, pretende-
se explorar esse debate a partir de comparações e estudos de caso.

Metodologia:

● Visita e levantamento fotográfico dos projetos em execução, para observar as


transformações propostas e suas implicações urbanísticas e socioambientais
relacionando com os conceitos de urbanismo sustentável.
● Pesquisa de repertório projetual, com análise de referências nacionais e internacionais
sobre parques alagáveis e soluções baseadas na natureza aplicadas aos projetos
urbanísticos.
● Pesquisa bibliográfica, com base em autores que discutem infraestrutura verde, soluções
baseadas na natureza e urbanismo sustentável

Discussão:

Com a proximidade da Conferência do Clima da ONU - COP 30, diversas obras estão
sendo realizadas na cidade de Belém do Pará, incluindo intervenções nos corpos hídricos que
cortam toda a cidade. Pode-se ver intervenções como a construção de parques lineares na Doca
de Souza Franco, no bairro do Umarizal, como também a conversão das margens do rio São
Joaquim em um parque linear urbano. Porém a maioria dessas obras não atende diretamente aos
problemas enfrentados pela população mais vulnerável que habita áreas periféricas, em Belém
chamadas de “baixadas” e se tornam obras centradas no embelezamento da cidade, ou seja, uma
espécie de maquiagem urbana ou ainda, como os publicitários utilizam para descrever o ato de
utilizar programação visual com a identidade de grandes eventos, envelopar.
No documentário "Guardiões do Rio", projeto desenvolvido pelo Lab da Cidade (2023),
conseguimos ver o exemplo do relato de várias mulheres que se dedicaram a cuidar e
renaturalizar às margens do rio São Joaquim, que sofre intervenção atualmente como já citado.
No documentário, elas falam com muito carinho sobre o tempo em que podiam nadar e pescar
no rio. No entanto, com o início das obras de “revitalização”, várias árvores foram removidas,
levantando questionamentos sobre a adequação dessas escolhas e a invisibilização do que lá
existia. Este projeto poderia ser um exemplo de Parque alagável, integrando lazer, drenagem e
preservação ambiental. No entanto, foi transformado em um ambiente impessoal e
desconectado das raízes culturais da comunidade que não possuem a sensação de
pertencimento, que antes era garantida pela participação direta nas escolhas da obra e
convivência harmônica com a natureza. Portanto, projetos que não dialogam com a população
nem promovem pertencimento falham em sua função integradora. (Ver imagem 1)

Imagem 1- Lixo, mato e assoreamento no Rio São


Joaquim.

Fonte: Site Oliberal, 2022.

Já na Doca de Souza Franco, o projeto apresenta um parque linear com estrutura de


metal e espaços de lazer, além da adição das "eco-árvores". Uma estrutura artificial que gerou
controvérsias pois tem sua funcionalidade extremamente limitada, mascarada pela sua estética.
Apesar de serem inspiradas nos jardins da Baía, em Singapura, a simples replicação de soluções
de outras regiões sem considerar o clima e ecossistema local, acabou resultando em uma
intervenção ineficaz, rasa e insustentável. Além de não oferecerem sombra suficiente para
regulação do microclima, elas não contribuem para a retenção de água da chuva, deixando de
cumprir um papel fundamental na mitigação de alagamentos. Essas Soluções reforçam uma
lógica superficial e pouco sustentável, priorizadas em detrimento de intervenções
verdadeiramente eficazes. Outras soluções precisam ser incorporadas, como parques alagáveis,
que funcionam como drenagem sustentável e outras soluções como jardins de chuva, calçadas
permeáveis e que de fato contribuem para a resiliência urbana e dialoguem com os habitantes.
(Ver imagem 2)

Imagem 2- Eco árvores no Parque Linear das Docas

Fonte: Site Oglobo, 2025.


Resultados:

Projetos como o parque de Minghu, na China, mostram como parques alagáveis reduzem
alagamentos ao absorver o excesso de água da chuva, trazendo paisagismo e espaços de
convivência para a cidade. Esse parque foi criado em uma área anteriormente degradada e
transformado em uma grande infraestrutura ecológica. Feitos para encher, parques alagáveis
são estratégias de resiliência urbana e uma solução que faz parte de um conceito mais amplo de
urbanismo sustentável, as cidades-esponjas, combinando infraestrutura verde, drenagem
inteligente e pavimentos permeáveis para otimizar a absorção da água (Ribeiro, 2024). Projetos
que tragam o verde, sustentabilidade e tentem realmente resolver os problemas da cidade são
mais eficazes para a população. Segundo Jan Gehl (2013), no livro cidade para pessoas, as
cidades devem ser ativas, seguras e verdes, estimulando o uso cotidiano e promovendo a
permanência e o encontro. Nesse sentido, intervenções que incorporam infraestrutura verde e
soluções sustentáveis não apenas qualificam o ambiente urbano, mas também qualificam o
ambiente urbano, caminhando na direção de uma cidade mais habitável e comprometida com o
futuro sustentável. (Ver imagem 3)

Imagem 3- Local de encontro no Parque Minghu

Fonte: Archdaily, 2015.

Conclusão/Considerações Finais:

Os rios sempre foram uma parte importante da cidade de Belém. Ter um olhar mais cuidadoso
e sustentável para eles, através de projetos que busquem não só oferecer mais áreas de lazer
para a população, mas também resolver questões como alagamento e saneamento, é de extrema
importância. É fundamental compreender como o urbanismo sustentável pode ser uma
abordagem eficaz para adaptar as cidades às mudanças climáticas, principalmente em Belém,
onde as enchentes são um problema recorrente. Encontrar maneiras de adaptação é essencial, e
o estudo dos alagamentos aliado ao planejamento de espaços públicos pode ajudar tanto
urbanistas quanto a população local. Afinal, quem é mais impactado por tudo isso é a própria
população. Um espaço só é bem cuidado se o povo se identificar com ele, e o povo só se
identifica quando entende os benefícios e se sente parte do projeto. Trazer a natureza para dentro
da cidade é resgatar as raízes dos moradores, ao mesmo tempo em que criamos cidades mais
resilientes e sustentáveis.

Referências:

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA (INMET). Balanço: em janeiro, chuvas


foram acima da média em Belém. Brasília: INMET, 2024. Disponível em:
https://portal.inmet.gov.br/noticias/balan%C3%A7o-em-janeiro-chuvas-foram-acima-da-
m%C3%A9dia-em-bel%C3%A9m. Acesso em: 20 de abril 2025.

LABORATÓRIO DA CIDADE. Guardiãs dos Rios. 2023. Disponível em:


https://laboratoriodacidade.org/projetos/guardias-dos-rios/. Acesso em: 9 de abril de 2025.

RIBEIRO, NATHALIA. Feitos para encher, parques alagáveis são estratégias de


resiliência urbana. Habitability, 10 de dezembro de 2024. Disponível em:
https://habitability.com.br/parques-alagaveis/. Acesso em: 20 de abril de 2025.

GEHL, JAN. Cidade para pessoas. 1. ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. Disponível em:
https://www2.fag.edu.br/professores/solange/2021.1%20-
%20URBANISMO%20LEG.%20URBANA%20EST.%20CIDADE/BIBLIOGRAFIA/4.4%2
0Livro_Cidade_para_pessoas_-_Jan
_Gehl_text.pdf. Acesso em: 9 jun. 2025.

GUTIERREZ, A. I. R; RAMOS, I. C. Drenagem urbana sustentável para a concretização


de metas de ODS/ONU. ArchDaily Brasil, 04 jul. 2019. Disponível em:
https://www.archdaily.com.br/br/920314/drenagem-urbana sustentavel-para-a-concretizacao-
de-metas-de-ods-onu. Acesso em: 12 jun. 2025.

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