Comunicação Oral e Escrita
Neste capítulo, você irá constatar como a comunicação é essencial para a vida. Você verá
um modelo universal do processo de comunicação que poderá ser utilizado nos mais diversos
contextos, visando à melhoria na capacidade de se comunicar. Depois, você estudará as dife-
renças entre a fala e a escrita e como as características de cada uma delas são utilizadas para
aperfeiçoar a capacidade de comunicação em público.
Aprenderá como acontece a redação dentro das organizações, no caso específico das comu-
nicações. Você estudará os princípios que regem a boa redação, bem como a diferença entre
descrição e dissertação. Por fim, você verá quais são as rotinas e práticas de redação nas em-
presas.
Ao final deste capítulo, você terá subsídios a:
• conhecer as principais etapas do processo de comunicação;
• refletir sobre as práticas de comunicação;
• identificar o público-alvo ao produzir qualquer comunicação;
• reconhecer a especificidade da redação empresarial;
• identificar as partes da dissertação;
• contextualizar práticas e processos de redação nas empresas.
Percebeu quanto assunto a esclarecer você tem pela frente? Portanto, dedique-se e vamos
lá!
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3.1 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
Durante séculos, a humanidade vem discutindo quais são os fatores que a dis-
tinguem dos outros animais. Algumas das teses historicamente postuladas, como
a exclusividade da racionalidade humana, hoje são questionadas.
A simples observação de qualquer animal doméstico nos dá noção dos varia-
dos níveis de inteligência e de racionalidade em diferentes espécies animais. A
configuração cerebral do ser humano não estaria tão distante, por exemplo, das
de outros primatas.
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É crescente o número de pensadores para os quais a principal diferença entre
humanos e outros animais residiria na capacidade de construção de símbolos.
Parece ser um pequeno detalhe, mas o símbolo é a base de toda cultura e civili-
zação humana. Outros animais, como os golfinhos, têm sistemas de comunicação
relativamente elaborados, mas esses são sistemas instintivos, sem capacidade de
autodesenvolvimento.
Entre os seres humanos, o símbolo se desenvolve em linguagem e permite um
nível de abstração e de criação únicos. É nesse contexto que é possível entender a
comunicação humana. A própria origem da palavra comunicar já diz muito sobre
a disciplina da comunicação. Do latim, communicatio significa compartilhar algo,
tornar alguma coisa comum (DUBOIS, 1998). Dessa maneira, a principal dimensão
de qualquer processo de comunicação já fica evidente: se a pessoa a quem você
se dirige não compreende sua mensagem, se você não consegue dividir a sua
visão de mundo, não há processo de comunicação.
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Costuma-se dizer que a comunicação é um processo, pois implica ocorrên-
cia de uma sequência de atividades a serem desenvolvidas por, no mínimo, duas
pessoas. Todo processo de comunicação inicia com o emissor, a pessoa que quer
compartilhar uma ideia. As ideias surgem na cabeça das pessoas a partir da obser-
vação da realidade e enquanto elas permanecem na cabeça, não têm uma exis-
tência material.
Depois de conceber uma ideia que queira tornar pública, comum, o emissor
deve escolher um código para tal. O código é o conjunto de regras de que se uti-
liza para transformar a ideia em uma mensagem compreensível (DUBOIS, 1998).
Por exemplo, a língua portuguesa é o conjunto de regras – gramática – que per-
mite uma mensagem, uma palavra, frase ou texto, ser codificada de forma que
seja compreendida por todos os falantes da língua portuguesa.
Ao escolher um código, o emissor deve se assegurar de que o receptor, aquele
a quem se dirige a comunicação, domina o código. Uma mensagem em inglês
não vai ser compreendida por alguém que não domina o código da língua ingle-
sa.
Os códigos são os mais diversos possíveis, variando enormemente quanto à
complexidade. As línguas são consideradas os códigos mais complexos. A sina-
lização de trânsito é um código de comunicação. O piscar de olhos pode fazer
parte de um código, por exemplo, em um jogo de cartas ou em uma festa. O
importante sobre os códigos é que eles devem ser de conhecimento de todos os
envolvidos no processo de comunicação. Dependendo da complexidade, demo-
ram mais ou menos tempo para serem aprendidos e dominados.
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Uma vez que o emissor escolheu o código e houve codificação, a comunicação
passa a ter materialidade e surge então a mensagem: a ideia estruturada em re-
gras que vai ser transmitida através de um canal, um meio de comunicação para
o receptor. Em algumas situações, é difícil separar o canal da mensagem. Uma
carta, por exemplo, contem a mensagem, o texto. A tinta e o papel são os canais.
O telefone é o canal por onde a mensagem, a fala, é transmitida. A mensagem vai
ser um impulso elétrico.
Assim que a mensagem atinge o receptor, o mesmo deve decodificá-la. Uma
mensagem cifrada, como a utilizada para fins militares, supõe a existência de um
código secreto. Sem posse do código, torna-se impossível o entendimento da
mensagem pelo receptor.
A existência ou o domínio de um código ajuda a entender o processo de ex-
pressão, quando o emissor, aquele que se expressa, não está necessariamente
comprometido com o bom seguimento do processo de comunicação previamen-
te analisado.
A expressão não precisa de um código estruturado. Ela está associada à cria-
ção artística, a tentativa de a pessoa encontrar uma individualidade por meio de
símbolos próprios que não estão dentro de um código padronizado. Por isso, as
obras artísticas tocam as pessoas de maneiras diversas enquanto que a comuni-
cação é entendida de maneira uniforme.
Comunicação e expressão são duas palavras vistas fre-
FIQUE quentemente juntas, mas que não têm o mesmo signi-
ALERTA ficado. No mundo do trabalho, o importante é saber se
comunicar.
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Sabe qual o último momento no processo de comunicação? Acompanhe! É o
feedback, ou o retorno, em que o receptor emite uma mensagem de volta para o
emissor através do mesmo canal. O feedback permite ao emissor avaliar se o re-
ceptor conseguiu entender a ideia original. Se não houve a compreensão da ideia,
diz-se que a comunicação aconteceu com ruído. Cabe ao receptor entender onde
houve o problema no processo: na codificação, no canal ou na decodificação.
Importante entender o processo de comunicação, não é mesmo? Dessa forma
é possível avaliar se o que foi comunicado foi entendido efetivamente! Siga como
novo assunto: diferenças entre a escrita e a oralidade.
3.2 DIFERENÇAS ENTRE A ESCRITA E A ORALIDADE
Na infinidade de códigos, mensagens visuais e sonoras com que você se depa-
ra em seu dia a dia, dê um destaque para um estudo mais cuidadoso do o código
linguístico: a língua falada e a escrita. Uma mesma ideia pode ser comunicada
por meio de palavras faladas ou de palavras escritas, cada um dos processos com
características próprias.
A comunicação oral tende a ser mais informal, pois a fala tem uma materialida-
de efêmera, isto é, rapidamente se desfaz no ar. Uma vez que a fala seja proferida,
ela imediatamente chega ao receptor e logo se perde no tempo e no espaço. Ao
menos que ela seja gravada com algum aparelho, ela terá um baixo valor docu-
mental e jurídico.
Em compensação, a comunicação oral tem a vantagem de possibilitar um fe-
edback instantâneo. Ao falar com alguém, é possível avaliar imediatamente a re-
ação do receptor em relação às palavras faladas: se o semblante do ouvinte é de
dúvida, você deve procurar outras palavras, outros exemplos, outra maneira de
codificar a mensagem.
Noel Hendrickson ([20--?])