MECANISMOS DE DEFENSA, ATUALIZAÇÃO

RESUMO
Dra. Ileana Petra M.

Desde a época em que o Dr. Sigmund Freud e sua filha Ana descreveram os mecanismos de
defesa George Valliant, levando em consideração o desenvolvimento do conhecimento psicológico e
psiquiátrico considerou a importância de reclasificá-los de acordo com a forma como eram empregados
por diversos tipos de personalidade. Também levou em conta outros fatores sociais e
psicológicos e os ampliou de acordo com autores como Gabbard, Serrad, etc., dividindo-os em quatro
grupos
1. Defesas narcisistas. Que alguns autores associam com as defesas imaturas, na verdade se
consideradas as mais primitivas e podem ser vistas em crianças e em adultos pouco maduros ou que
têm traços patológicos ou doenças mentais severas.
2. Defesas imaturas. Observam-se com frequência em adolescentes e em alguns adultos que não têm
progredido suficientemente em direção à maturidade.
3. Defesas neuróticas. Termo que atualmente começa a desaparecer em muitas classificações,
mas essa agrupação pode ser associada a classificações modernas onde indivíduos com
condutas obsessivas compulsivas, histéricas assim como pessoas que são submetidas a estresse, as
chegam a empregar.
4. Defesas maduras. Por último, este grupo se formou, considerando que todo ser humano tende a
angustiar-se e, portanto, requer proteger-se utilizando defesas mentais que se enfrentam a
situações ansiogênicas e mais do que evitar enfrentar o problema, ajudam a diminuí-la
ansiedade e inclusive conduz a soluções aceitáveis para o indivíduo.

MECANISMOS DE DEFESA NARCISISTAS.

1.Denegação (negação). Como é apontado no livro de de la Fuente, permite que alguns aspectos
dolorosos e ansiolíticos diminuam, negando fatos reais e protegendo os afetos. Se
considera que este mecanismo de defesa também é utilizado por pessoas em estado normal e
inclusive patológico. Exemplo: não reconhecer que um comportamento inadequado foi realizado e
inclusive considerar que nem sequer aconteceu.
2.Distorção. Neste caso, o indivíduo tende a reorganizar a realidade em que vive para poder.
incorporar à sua realidade interna onde podemos incluir crenças megalomaníacas,
alucinações, ideias delirantes, etc. Exemplo: sentimentos de superioridade que escondem um
indivíduo inseguro de si mesmo.
3.Projeção. Quando o indivíduo percebe suas ações ou seus impulsos internos como algo
inaceitável, suas ideias modificam o fato real para atribuir a outros suas próprias más condutas ou
desejos, recriminando-os. Freud chegou a associá-lo a comportamentos paranóicos e tendências
homossexuais inaceitáveis para o indivíduo, que tenta ocultar o que realmente pensa e faz.

MECANISMOS DE DEFENSA INMADURAS.

1. Conduta agressiva-passiva. Observável em indivíduos que ao não poder mostrar abertamente seu
agressividade, buscam métodos indiretos para desdobrá-la. Exemplos: comportamento de fracasso, deixar as
coisas para mais tarde apesar de que estão pedindo isso há tempo, e mostrar comportamentos
enfermizas que incomodam mais aos outros do que ao suposto enfermeiro.
2.Introjeção. Como foi mencionado, é introduzir em si mesmo qualidades de outro indivíduo. Ao
jovem serve para buscar outra forma de ser quando está em busca de sua própria personalidade. Mais ao
ir madurando, se isso continuar se associa então com formas de proteção para não sentir a
perda ou possível perda de um ente querido ao adotar comportamentos desse ser amado. Também a
A introyecção serve para controle da ansiedade quando se sente ameaçado, e ao introyectar a
 agressão do outro, permite que possa se defender com uma atitude semelhante. Exemplo: identificar-se
com o agressor ou com a vítima, conforme lhe for conveniente.
3. Mau comportamento. Agir mal permite satisfazer um desejo fantasioso de ser um "bully" por
o que não deve tentar controlar um impulso negativo e assim evitar a tensão que deveria
produzir seu comportamento e permitir sua manifestação sempre que quiser. Exemplo: acreditar que o
portar-se mal assegura sua superioridade sobre um indivíduo ou grupo.
4.Regressão. O indivíduo recorre a comportamentos anteriores ao seu nível atual de desenvolvimento para lidar
situações ansiogênicas e evitar a tensão. Postula-se que este mecanismo pode ser considerado
como normal em certas ocasiões, já que permite ao indivíduo relaxar das tensões diárias e
assim manter certo nível de homeostase. Exemplo: com lembranças positivas do seu passado, o
indivíduo pode dormir melhor e inclusive se diz que ajuda no processo criativo.
5.Bloqueio. É a inibição temporária ou transitória do pensamento, especialmente quando se vê
envolvidos os afetos. Embora se pareça com a repressão, a diferença reside no temporal e que
se apresentem após a situação tensa e não antes, como na regressão que busca evitar a
ansiedade. Exemplo: no momento em que se encontra em um exame e vê que é difícil, não lembra
nada.
6.Hipocondria.Comportamento excessivo diante de uma doença real ou não, que lhe permite evadir ou
controlar uma situação social ou familiar. O reproche que o indivíduo sente por parte dos outros,
se transforma em sofrimento e auto-recriminação e se queixa de dor através de uma doença. É um
método que o indivíduo sente eficaz para evadir a responsabilidade e os sentimentos de culpa
podem ser eludidos com sucesso. Deve-se distinguir do Transtorno de Personalidade
Hipocondríaca em que como mecanismo de defesa se emprega ocasionalmente e como Transtorno,
tende a estar presente cronicamente. Exemplo: uma pessoa que vai de médico em médico sem certeza de
ter alguma doença, que está deixando toda a família preocupada.
7. Fantasia esquizoide. Este mecanismo de defesa não foi descrito por Freud, foi associado com
condutas autistas que lhes permite evitar o contato íntimo, permanecendo mais em seu pensamento
interior com poucas tendências a exteriorizar suas fantasias, Exemplo: indivíduo que se apresenta a um
novo trabalho e ele pensa que será o único capaz de ser aceito porque tem capacidades
além do resto dos seres humanos.
8.Somatização (conversão). Transformar problemas psicológicos em sintomas corporais para não
enfrentar conflitos que não conseguiu resolver. Exemplo: mulher que diante da perda do carinho de seu
filho, desenvolve subitamente uma cegueira.

DEFENSAS NEURÓTICAS.
1.Repressão. Como foi mencionado no livro de de la Fuente, é a expulsão do consciente de uma ideia ou
um sentimento e mandá-lo ao inconsciente. Os autores, por sua vez, a dividem em duas: a) Primária em o
qual se coloca em ação esse mecanismo antes que o sentimento ou as ideias cheguem ao
consciência e b) Secundária, quando se inicia após o sentimento ou as ideias serem
conscientes. É importante notar que esses sentimentos ou ideias não deixaram de existir e que podem
chegar à consciência através de outros fenômenos fisiológicos ou psicológicos, como os sonhos,
lapsos, etc. Este mecanismo deve ser diferenciado da Supressão, na medida em que esta é apenas um adiamento
temporariamente o problema, mas com o fim de voltar para resolvê-lo e na repressão a intenção
é evitar que volte a surgir.
2.Controlar. É buscar dominar situações para diminuir o máximo possível a própria ansiedade e
resolver conforme lhe convém os conflitos interiores. Exemplo: quando uma pessoa não é muito boa em
lo que hace, realiza una actividad en su trabajo que no está bien hecha y busca “controlar la
situação" dizendo que ele pode resolver tudo facilmente. Ou o pai que tenta te controlar
atividades da família para evitar se encontrar em situações angustiantes.
3. Formação de uma reação. (Formação reativa). Refere-se à "mobilização" de uma atitude.
aceitável contrária a outra que não o é e que continua reprimida. A formação reativa é um
 mecanismo de defesaconsistente na expressão oposta à do desejo que o sujeito tem, mas
evita, por motivos de censura. O motivo é que o sujeito antecipa censura moral devido à
expressão de seu desejo. Exemplo: a temeridade que cobre a timidez e a inferioridade.
4.Deslocamento. Transferir um sentimento para outra pessoa ou objeto que se pareça de alguma forma.
manera ao mesmo indivíduo e lhe permite diminuir a ansiedade. Exemplo: considerar que a ira que
sente na verdade é resposta à ira que observa em outra pessoa.
5.Externização. Provém do mecanismo de defesa da projeção, apenas em um sentido mais
amplia ao perceber no mundo externo sua própria personalidade atribuindo a todos os seus próprios
conflitos, atitudes e modos de pensar. Exemplo: acreditar que se ele é um perverso, os outros também são
Eu sou.
6.Inibição.Limitar ou renunciar parcialmente o que o indivíduo é, a fim de evitar entrar em
conflitos consigo mesmo ou com as pessoas ao seu redor. Exemplo: esposa que renuncia aos seus próprios
gustos para não sentir angústia que poderia provocar problemas com seu parceiro.
7.Dissociação. Presente em indivíduos com histeria, na qual o indivíduo modifica temporariamente em
forma importante de su propia identidad para evitar angustia emocional. Puede ser observada en
conduta contrafóbica, em farmacodependentes ou emoções religiosas extremas. O exemplo de
uma conduta contrafóbica é quando um jovem que facilmente se assusta à noite, assiste
continuamente a filmes de terror para mostrar coragem.
8. Intelectualização. Evitar mostrar afetos e concentrar-se em aspectos realistas e inanimados e assim
eludir estabelecer um vínculo mais íntimo das pessoas, colocando ênfase em detalhes irrelevantes
com o objetivo de não ter que ver o todo. Exemplo: não aceitar sair com algum garoto por sentir que
todos eles só querem ter sexo ou são egocêntricos ou não são suficientemente atraentes, etc.
9.Sexualização. Ver tudo aquilo relacionado com a sexualidade como algo de menor conteúdo.
erótico para não sentir angústia pelo seu interesse nela. Exemplo: ver filmes eróticos dizendo que
são filmes de arte.
10.Isolamento.Reprimir um afeto que acompanha uma situação provocadora de angústia com o objetivo de
evitar estabelecer relações com um objeto ou situação. Exemplo: o obsessivo deixa de pensar na
possibilidade de uma infecção ao estar lavando continuamente as mãos.
11.Racionalização.Buscar explicar com pensamentos aparentemente lógicos um comportamento com o fim
de justificar atitudes, crenças ou um comportamento que seria visto de forma inaceitável. Exemplo: em
um acidente o culpado justifica o fato apontando que ninguém poderia ter evitado a colisão,
porque a estrada estava em más condições.

DEFENSAS MADURAS
1.Humor.Empregar a comédia para expressar sentimentos e pensamentos sem desconforto e sem
produzir um efeito desagradável nos outros. Facilita para o indivíduo aceitar e concentrar-se em
problemas pessoais sem que o afetem ou o impeçam de funcionar diante dos outros. Pode zombar de si mesmo
mesmo como parte da interação com os outros. Exemplo: professor que se envergonha ao saber que não há mais
pode ouvir como antes se expressa anedoticamente situações em que esse problema o provocou
uma situação engraçada.
2. Antecipação. Prever de forma objetiva soluções para problemas futuros. Implica um planejamento.
cuidadosa para evitar uma situação afetiva desagradável. Exemplo: preparar-se para uma apresentação
em que se espera a presença de especialistas e buscar formas de não fazer o ridículo.
3. Altruísmo. Empregar de maneira construtiva suas habilidades para servir aos outros e receber um
experiência agradável sem que os agradecimentos sejam dados de forma direta. O indivíduo não requer de
renunciar a nada, sino que aproveita suas habilidades “sobrantes” para oferecer este apoio. Não se
está falando de renunciar a si mesmo. Exemplo: um profissional capacitado gosta de ajudar um
que apenas está começando, sem esperar receber agradecimentos, pois o prazer está na
experiência que o novato vai adquirindo.
4. Sublimação. Obter satisfação convertendo comportamentos inaceitáveis em socialmente admissíveis.
Com isso, o indivíduo canaliza em vez de bloquear aquilo que é negativo. Exemplo: indivíduo
agressivo que decide dedicar-se a boxear.
5.Ascetismo.Mostrar sobriedade e moderação em relação aos efeitos prazerosos do
experiências. O indivíduo obtém gratificação ao acreditar que está realizando valores
morais que lhe inculcaram. Exemplo: Ter a oportunidade de receber um prêmio que deseja, mas
prefere sacrificar-se e passar para outra pessoa.
6.Supressão. Postergar consciente ou inconscientemente um desejo ou um conflito, reconhecendo seu
existência, o que permite mitigar o desconforto. Exemplo: Saber que seu desejo de se divertir, mas que
é mais importante aprender, o que o resigna a concentrar-se em seus estudos.

Bibliografia
1. de la Fuente R. Psicologia Médica. Fundo de Cultura Econômica. México 1998.
2. Sadock B., Sadock V. Kaplan /& Sadock. Sinopse de Psiquiatria. 10ª Ed. Lippincott Williams
& Wilkins. Nova Iorque. 2009.
3. Gabbard GO., Vaillant GE., Adaptação à vida. Boston: Little Brown. 1977.