FACULDADE DE DIREITO
ESCOLA ACADÊMICA PROFISSIONAL DE DIREITO
ARTIGO DE OPINIÃO
A Tipificação do Feminicídio no Código Penal Peruano
Autores
Sandoval Villacorta Luz Gabriela
Gómez Barbaran Mishell
Vela Tuesta Estefany
Ortiz Olortegui Darling Mishell
Meléndez Hidalgo Abigail
Assessore:
Irma Llaja Cueva
Moyobamba-Peru
2019
Eu. INTRODUÇÃO
O presente Artigo de Opinião dará a conhecer a problemática que se apresenta em
Atualmente, o crime de feminicídio no código penal peruano, pois apesar
da aplicação do mesmo o índice de feminicídio na sociedade não baixa,
falaremos sobre as causas.
De acordo com as informações divulgadas na internet, uma em cada cinco mulheres
será vítima de violação ou tentativa de violação ao longo de sua vida, em
tanto que a metade das mulheres que morrem por homicídio são assassinadas por
seu parceiro ou ex-parceiro. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os
dados de uma ampla variedade de países indicam que a violência no relacionamento é a
causa de um número significativo de mortes por assassinato entre as mulheres.
No Peru, de acordo com as denúncias estabelecidas nos últimos 5 anos, 38,8%
mulheres foram vítimas de violência física por parte de seu parceiro, enquanto que
8% relatam ter sido vítimas de violência sexual por parte do mesmo agressor.
Além disso, o Peru registrou entre os anos 2014-2018 o maior número de mulheres
assassinadas por seus parceiros ou ex-parceiros na região.
As consequências da violência contra a mulher não se traduzem apenas nas
lesões físicas e psicológicas que apresentam as vítimas, mas que envolvem o
dano causado às pessoas ao seu redor e à sociedade que fica privada
da capacidade e contribuição que essas mulheres podem oferecer.
Assim, a apenas quatro meses de começar o ano de 2019, ocorreram 53 casos de
Feminicídio no Peru é por isso que escolhemos este tema que além de que é um
é muito importante conhecer o tema de debate e ter consciência do que está
passando.
II. OPINIÃO
Atualmente, o feminicídio tem sido um tema de muita controvérsia, pois a
a violência que o homem (cônjuge) exerce abrange uma ampla variedade de formas,
atos e gravidade de maus-tratos.
Nesta, as mulheres afirmaram que sofreram maus-tratos físicos por parte de seus parceiros.
(empurrões ou bofetadas), incluindo ocasionalmente atos graves como
socos ou chutes, ameaças com faca ou outra arma. Além disso, várias mulheres
estão submetidas ou forçadas a ter relações sexuais com seu parceiro sob medo
o chantagem. A isso se soma o maltrato psicológico que o homem exerce sobre a
mulher.
No Peru existem dois tipos de feminicídio, dos quais um deles é mais
frequente que o outro, os quais são; os íntimos, quando a mulher é vinculada
teve um relacionamento amoroso com tal sujeito que não se limita às relações
matrimoniais, mas que se estende aos conviventes, namorados ou apaixonados. Se
incluem também a morte da mulher por culpa do pai, primo, padrasto ou
irmão, e a não íntima, quando esta mesma não tem nenhum vínculo de parceiro
com o homicida (isto ocorre principalmente por pessoas desconhecidas que gostariam
abusar dela ou pessoas obcecadas).
O feminicídio às mãos do parceiro ou ex-companheiro é o resultado de um longo
processo de abuso de poder baseado em relações de desigualdade que prejudicam a
integridade física, psicológica e sexual da mulher. A maior parte dos
os agressores eram conhecidos da vítima com quem mantinha uma relação
afetiva.
A maior parte dessas mortes foi cometida por pessoas próximas ao
entorno social, familiar e afetivo da vítima, prova que a violência contra
a mulher "se inscreve dentro de um plano estrutural que vai construindo práticas
discriminatórios que se refletem e se reproduzem na cotidianidade da vida das
mulheres
A violência contra a mulher com o tempo se torna mais brutal, essa situação
atualmente é de suma preocupação, já que as medidas adotadas na
sociedade para o cuidado da mulher nunca são suficientes.
Muitas mulheres são mortas pelas mãos de seus parceiros, uma coisa muito indignante,
outros milagrosamente conseguem sobreviver, embora as marcas de tal agressão
ficam para sempre.
III. ARGUMENTAÇÃO
De acordo com o estabelecido, podemos argumentar que o feminicídio no Peru
é o mais assustador em nossa realidade, uma vez que nos últimos cinco anos,
este crime aumentou, chegando à dramática cifra de 582 casos.
Mas os números de horror não param por aí, segundo o Ministério da Mulher e
Populações Vulneráveis, apenas em Lima, entre janeiro e novembro do ano 2018 se
denunciaram 39.000 casos de violência contra a mulher, aproximadamente 170
diários.
O Ministério da Mulher informou que os Centros de Emergência Mulher (CEM)
atenderam, a nível nacional 120.734 casos de violência contra a mulher,
manifestando que neste ano de 2019 foram implementados 49 CEM que funcionam
dentro das comissarias.
Tendo em conta o que está tipificado no nosso Código Penal e na nossa
Constituição política dizemos que nosso Código Penal nos últimos anos a
está sofrendo muitas mudanças importantes em matéria de proteção de direitos
humanos da mulher, no entanto, ainda se mantêm elementos que dificultam a
proteção desses direitos.
Na nova alteração do Código Penal art.108°B, a pena mínima do tipo
A base de feminicídio é de 15 a 20. Portanto, esta é, agora, a menor pena a
impor-se nos casos de feminicídio por violência familiar, coação,
hostigamento ou assédio sexual, abuso de poder, confiança ou de qualquer outro
posição, ou relação que confere autoridade ao agente e qualquer forma de
discriminação contra a mulher, independentemente de existir ou não uma
relação conjugal ou de convivência com o agente.
Igualmente se aumentou de 25 para 30 anos a pena mínima nas formas agravadas
de feminicídio, isso é quando a vítima é menor de idade ou idosa, ou
quando se encontra em estado de gestação, ou alguma deficiência previamente
objeto de violência, entre outros supostos.
Na nossa Constituição Política, o Peru está estabelecido no art. 2, inciso 1.
estabelece expressamente que "Toda pessoa tem direito à vida, à sua identidade"
moral, psíquica e física e ao seu livre desenvolvimento e bem-estar.” Assim, a alínea
2 do mesmo artigo faz referência ao direito à “igualdade perante a lei” e, por
tanto, "ninguém deve ser discriminado por motivo de origem, raça, sexo, idioma,"
religião, opinião, condição econômica ou de qualquer outra índole”. O direito
a igualdade se expressa reconhecendo igual importância à vulneração de
direitos; no direito penal se expressaria incorporando como injustos os atos
de violência contra as mulheres.
Segundo Villanueva. (2009), as relações entre homens e mulheres contêm uma
forte carga de agressividade onde se assume que o poder concedido aos homens
concede-lhes o direito e a permissão para exercer violência contra as mulheres. Em
nesse sentido, os feminicídios denotam um ensaio onde não se busca
terminar com a vida das mulheres, mas sim causar-lhes sofrimento como uma forma
de castigo por ter questionado a autoridade do homem.
Em vários dos casos, as vítimas tinham ou têm filhos ou filhas menores de idade.
De acordo com vários estudos, o impacto da violência em crianças e adolescentes
implica um risco em seu projeto de vida. Por isso, é necessário contar com
políticas públicas enfocadas na recuperação da saúde integral de mulheres e homens
menores de idade, a fim de evitar a repetição desses padrões de violência.
Por outro lado, é importante mencionar a autoria, no qual se falamos de
feminicídio, o sujeito ativo só pode ser um homem, contrariando o
princípio da culpabilidade e configurando-se o direito penal do autor. Nesse
Sentido, para configurar a conduta típica de feminicídio, basta com dirigir o
ataque contra uma mulher, e que o ataque ocorra em um dos contextos
que o tipo penal reconheceu como discriminatórios.
Os agressores apontam como suposto motivo do delito, uma causa atribuível à
conduta da vítima, transferindo a responsabilidade dos acontecimentos para as
agraviadas (ciúmes, suposta infidelidade da vítima, suposta conduta
inadequada, negativa de continuar uma relação, ter terminado a relação e
negativa a ter relações sexuais).
A violência no cadáver de uma mulher ou as circunstâncias de coerção anteriores
a morte, constituem um indicativo relevante sobre a motivação do ataque
vinculado à pertença da vítima ao gênero feminino. Por isso
consideramos de agravante coerente com as exigências político-criminais que
sustentam a tipificação autônoma do feminicídio e se fundamentam em obrigações
internacionais de proteção dos direitos humanos das mulheres,
concretamente as de "adotar determinadas medidas destinadas à contenção e
repressão da violência de gênero.
IV. CONCLUSÕES
Em conclusão, o feminicídio alude primordialmente à conduta desenvolvida
para atentar contra a vida de uma mulher, a qual cumpre com a natureza
descritiva do tipo penal ao incluir como conduta típica um comportamento
humano concreto.
Dito problema seria a suposta inclusão de termos conceituais como a
discriminação de gênero ou as relações desiguais de poder entre homens e
mulheres como parte do tipo penal.
Este como elemento tem a existência de um Estado de direito que sanciona os
assassínios cometidos contra mulheres em consequência da violência de gênero
presente na sociedade e que contribui para um clima de impunidade e perpetuação
desses assassinatos.
Assim, de acordo com o conceito de feminicídio, o estado também acaba sendo
responsável por cada uma das mortes que ocorrerem sob sua jurisdição ao
não ter agido, para prevenir, investigar e sancionar a violência contra a
mulher. Chegando a dizer que o feminicídio é a forma mais extrema de violência
em direção ao gênero feminino.
REFERÊNCIAS
Bott, E. (2014). Violência contra as mulheres na América Latina.. Recuperado de
http://repositorio.minedu.gob.pe/handle/123456789/4109
Expósito, F. (2011). Violência de gênero. Em: Mente e Cérebro, 48, pp. 201–227.
Villanueva. (2009). Feminicídio no Peru. Lima.
Feminicídio sob a Lente Ministério da
Mulher e Populações Vulneráveis - MIMPV. Recuperado a partir de
http://www.mimp.gob.pe/files/programas_nacionales/ pncvfs/feminicidio_bajo_la_lupa.pdf