TSC (plano 5)
• Émile Durkheim foi um dos fundadores da Sociologia como ciência e um
dos principais pensadores do positivismo sociológico. Ele foi influenciado pelo
positivismo (Comte e Descartes), evolucionismo (Darwin e Spencer) e idealismo
(kant).
1. Durkheim e método sociológico
• Durkheim acreditava que a sociologia deveria estudar a sociedade
cientificamente, com métodos empíricos e sistemáticos. Para isso, ele formulou o
conceito de fato social, que é o objeto central da análise sociológica.
⁃ O que são fatos sociais?
⁃ Durkheim entende as normas sociais como parte do que ele chama de fatos
sociais: modos de agir, pensar e sentir que são externos aos indivíduos, mas que
exercem uma forte coerção sobre eles. Essas normas influenciam nossa vida ao:
• São exteriores ao indivíduo (Exterioridade): existem antes do
nascimento de cada pessoa. Exemplo: a linguagem (falamos um idioma que já existia
antes de nós).
• Exercem coerção social (Coercitividade): influenciam e impõem
comportamentos. Exemplo: As leis (devemos obedecer independentemente da nossa
vontade)
• São coletivos (Generalidade): não pertencem a um indivíduo, mas à
sociedade como um todo. Exemplo: As normas sociais (como cumprimentar as pessoas,
vestir-se de determinada forma, seguir rituais religiosos).
⁃ Durkheim classificou os fatos sociais em normais e patológicos:
✔️ Fatos sociais normais – contribuem para o funcionamento da sociedade (exemplo:
respeito às leis).
❌ Fatos sociais patológicos – indicam crises sociais, como criminalidade excessiva
ou desigualdade extrema.
2. A divisão do trabalho e os tipos de solidariedade
• Durkheim estudou como as sociedades evoluem e como se organizam. Ele
percebeu que a transição da sociedade tradicional para a moderna mudou as relações
entre as pessoas. Para explicar isso, criou os conceitos de solidariedade mecânica
d solidariedade orgânica.
⁃ Solidariedade mecânica (sociedades tradicionais)
• Característica de sociedade simples, com pouca divisão do trabalho.
• Os indivíduos compartilham os mesmos valores e crenças.
• A moral e a religião exercem forte influência.
• Há poucos espaço para a individualidade, e as regras são rígidas.
⁃ Solidariedade orgânica (Sociedade modernas)
• Característica de sociedades complexas, onde há uma grande divisão do
trabalho.
• Cada indivíduo desempenha um papel específico, e há uma
interdependência entre as funções sociais.
• O direito passa a ser regulador da vida social (contrato, leis
trabalhistas, normas e empresariais).
• A individualidade cresce, mas também aumenta a fragilidade dos laços
sociais.
⁃ O problema da anomia
• Com a divisão do trabalho crescendo, as regras sociais podem se tornar
confusas ou ineficazes. Esse estado de desordem e ausência de normas claras é
chamado de anomia.
• Exemplo: Em momentos de crise econômica, as pessoas perdem empregos, o
poder de compra diminui e a insegurança social cresce. Isso pode gerar aumento na
criminalidade e instabilidade política.
3. O suicídio como fenômeno social
• No livro “O suicídio” (1897), Durkheim demonstrou que essa ação,
aparentemente individual, tem causas sociais. Ele identificou quatro tipos de
suicídio, cada um relacionado ao nível de integração e regulação da sociedade.
⁃ Suicídio egoísta: Quando o individual não se sente integrado à
sociedade (exemplo: solidão extrema).
⁃ Suicídio altruísta: Ocorre quando a pessoa está excessivamente
integrada e se sacrifica pelo grupo (exemplo: kamikazes japoneses da Segunda
guerra).
⁃ Suicídio anômico: resultado da falta de uma regulação social ou seja,
quando as normas e valores se tornam instáveis ou inexistentes, geralmente em
crises econômicas ou mudanças rápidas na sociedade.
⁃ Suicídio fatalista: ocorre quando há excesso de regras e repressão
(exemplo: escravos que não veem saída para a sua condição).
4. A religião como fato social
• No livro “As formas elementares da vida religiosa”, Durkheim analisa a
religião como um fenômeno coletivo. Ele argumenta que a religião não é apenas a
crença em um ser divino, mas um sistema de práticas e símbolos que unem as pessoas.
• Totemismo: estudando tribos indígenas, ele percebeu que os totens
(objetos sagrados) representam a força da própria sociedade.
• Sagrado: ligado ao divino, aos rituais e crenças.
• Profano: ligado à vida cotidiana.
• Conclusão: a religião fortalece os laços sociais e reforça valores
coletivos, garantindo a coesão da sociedade.
5. Conclusão
⁃ Durkheim estabeleceu as bases da sociologia como ciência e nos ensinou
que a sociedade não é apenas a soma dos indivíduos, mas um organismo com regras
próprias. Seu pensamento nos ajudam a entender:
• Como as normas sociais influenciam nossa vida
• Por que algumas sociedades são mais coesas do que outras
• Como mudanças rápidas podem gerar crises e desordem
• O papel da religião e da moral na organização social
RESPOSTAS DETALHADAS
1. Como as normas sociais influenciam nossa vida
Durkheim entende as normas sociais como parte do que ele chama de fatos sociais –
modos de agir, pensar e sentir que são externos aos indivíduos, mas que exercem uma
forte coerção sobre eles. Essas normas influenciam nossa vida ao:
• Impor regras e limites: Elas orientam nossos comportamentos, ajudando a
regular as interações e garantindo a ordem na sociedade.
• Forjar a consciência coletiva: Ao serem compartilhadas por um grupo, as
normas tornam-se parte da identidade social e do senso de pertencimento, moldando
valores e atitudes.
• Promover a integração social: Por meio do respeito às normas, os
indivíduos se alinham a padrões que asseguram a convivência harmoniosa, criando uma
rede de obrigações e expectativas mútuas.
Em resumo, as normas são os pilares que estruturam a vida social, orientando o
comportamento individual e mantendo a coesão do grupo.
2. Por que algumas sociedades são mais coesas do que outras
Para Durkheim, a coesão social depende da intensidade e da homogeneidade da
consciência coletiva. Ele distingue dois tipos de solidariedade:
• Solidariedade Mecânica: Presente em sociedades tradicionais e simples,
onde os indivíduos compartilham crenças, valores e modos de vida semelhantes. Essa
uniformidade fortalece a coesão, pois a moralidade e as normas são amplamente
internalizadas.
• Solidariedade Orgânica: Característica das sociedades modernas, onde há
uma maior divisão do trabalho e especialização. A coesão, nesse caso, resulta da
interdependência funcional entre indivíduos com papéis distintos. Embora a
consciência coletiva seja menos homogênea, a inter-relação entre funções
complementares mantém a sociedade unida.
Portanto, sociedades com uma consciência coletiva forte (seja por similaridade de
valores ou pela interdependência funcional bem organizada) tendem a ser mais
coesas.
3. Como mudanças rápidas podem gerar crises e desordem
Durkheim introduz o conceito de anomia para explicar os efeitos de mudanças rápidas
na sociedade. Quando as normas e os valores que sustentam a ordem social são
subitamente alterados ou enfraquecidos, ocorre:
• Quebra da Regulação Social: As regras que antes orientavam o
comportamento já não são claras ou suficientes para guiar as ações dos indivíduos.
• Desconexão dos Indivíduos: Sem uma consciência coletiva forte, os
indivíduos se sentem desorientados e isolados, o que pode levar a sentimentos de
desamparo.
• Aumento de Comportamentos Deviantes: A falta de normas firmes pode
resultar em comportamentos extremos, como o aumento dos índices de suicídio ou
criminalidade, que Durkheim observou em contextos de rápida transformação social.
Assim, mudanças abruptas podem gerar um estado de anomia, onde a ausência ou
ineficácia das normas causa instabilidade e crises na estrutura social.
4. O papel da religião e da moral na organização social
Durkheim via a religião e a moral como expressões fundamentais da consciência
coletiva e como mecanismos de coesão social:
• Religião como Símbolo da Coesão: Ele argumentava que a religião não se
resume à crença em seres divinos, mas funciona como um sistema simbólico que une os
indivíduos. Rituais e mitos reforçam a identidade coletiva, permitindo que os
membros da sociedade se reconheçam como parte de um todo.
• Moral como Base da Ordem Social: A moralidade, derivada da consciência
coletiva, estabelece padrões de comportamento que regulam as interações sociais.
Esses valores compartilhados são a base para a formação de leis e normas,
garantindo que os indivíduos ajam de acordo com o interesse comum.
• Função Integradora: Tanto a religião quanto a moral ajudam a manter a
estabilidade social ao oferecer um conjunto de referências e obrigações que
orientam as ações individuais, facilitando a integração e a solidariedade entre os
membros da sociedade.
Em síntese, a religião e a moral desempenham um papel crucial na organização social
ao fortalecer a consciência coletiva e ao oferecer um arcabouço de valores que
sustentam a ordem e a coesão social.
Essas respostas refletem a visão de Durkheim sobre como as estruturas normativas, a
divisão do trabalho, a presença de uma consciência coletiva forte e os sistemas
simbólicos (como a religião) são essenciais para manter a ordem, a integração e a
estabilidade das sociedades.