O Cristão e o Pecado (Rm.
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Leitura diária: Ef 2.1-10 – Regenerados, Fp 1.1-30 – Uma obra de preparo, Gl
5.13-26 – Livres, mas não liberados, Mt 18.23-35 – Exemplo deve ser seguido,
Rm 12.1-21 – De dentro pra fora, Fp 2.12-16 – Desenvolvimento, Ef 4.1-16 –
Desenvolvimento mútuo.
Introdução
O perdão é algo maravilhoso e desafiador. É algo essencial em
nossa relação com Deus, porém, tantas vezes negligenciado. Apesar
de perdoados e de até irmos ao Senhor para confessar nosso pecado
e pedir perdão, temos dificuldades para praticar o perdão e para
pedir perdão. Essa distância entre a importância e a prática do perdão
está ligada à realidade de que o pecado ainda exerce grande
influência em nossa vida, mesmo após regenerados e convertidos.
Mesmo com a liberdade que temos ao recebermos o perdão divino,
o pecado é uma realidade contínua e incômoda. A Escritura fala do
cristão carnal em Romanos 7.14, mas o que é isso? Qual é nossa
situação, afinal? Somos os mesmos pecadores ou já alcançamos a
perfeição? Um problema difícil para o cristão é o fato de, apesar de
salvo, continuar pecador. O vislumbre da impossibilidade de pecar
pode gerar um de dois erros: o perfeccionismo ou o antinomismo.
Antinomismo: Antinomismo é uma doutrina teológica que
sugere que, sob o evangelho da graça, os cristãos não são obrigados
a obedecer à lei moral do Antigo Testamento. A palavra
"antinomismo" vem do grego "anti" (contra) e "nomos" (lei). Em
essência, antinomistas acreditam que a salvação é alcançada
exclusivamente através da fé em Cristo, e não pela obediência às leis
morais. Isso não significa que eles defendem o comportamento
imoral, mas sim que a moralidade deve ser guiada pelo Espírito Santo,
e não pela lei escrita.
Perfeccionismo: O perfeccionismo, por outro lado, é a doutrina
ou crença de que os cristãos podem atingir a perfeição moral nesta
vida. Essa ideia tem raízes em várias tradições cristãs, como o
metodismo, e é associada ao conceito de santificação. Perfeccionistas
acreditam que, através do crescimento espiritual e da graça divina, é
possível viver uma vida sem pecado.
O que a Bíblia ensina?
Certa vez, um grande teólogo disse: “perfeição não é outra coisa
senão a fé no Senhor Jesus e não está em nós e nem é nossa, mas
está em Cristo e vem de Cristo e, por causa dele, somos considerados
perfeitos diante de Deus e, portanto, sua perfeição é nossa por
atribuição”. O progresso à perfeição na vida é uma possibilidade e
uma realidade da santificação. O cristão genuinamente convertido
demonstrará inevitavelmente os sinais da “fé que amadurece”. A
perfeição de nossas vidas depende somente de Cristo e de sermos
conduzidos até a perfeita semelhança com ele.
Deus espera que vivamos uma vida de moralidade, amor e
integridade. Jesus Cristo nos libertou dos comandos pesados da Lei
do Antigo Testamento, mas isso não é uma licença para pecar e sim
um pacto de graça. Devemos lutar para vencer o pecado e cultivar a
justiça, dependendo do Espírito Santo para nos ajudar. O fato de que
somos graciosamente livres das exigências da Lei do Antigo
Testamento deve resultar em nós vivendo em obediência à lei de
Cristo. Primeiro João 2:3-6 declara: "E nisto sabemos que o
conhecemos; se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu
o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele
não está a verdade; mas qualquer que guarda a sua palavra, nele
realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E nisto sabemos que
estamos nele; aquele que diz estar nele, também deve andar como ele
andou." Entendemos a necessidade de obedecer à Lei de Deus e
estarmos debaixo de Sua orientação. Mas qual Lei devemos seguir? A
Lei de Moisés? A Lei de Cristo? Lei é tudo que nos faz perceber o
pecado e acusa nossa consciência, independentemente de estar em
Cristo ou em Moisés.
Filipenses 2.12-16 trata a vida cristã como algo a ser
desenvolvido. É interessante que a Escritura nunca trata a carreira
cristã como algo terminada, ou resolvida. Sempre a trata em termos
de desenvolvimento, de algo ainda por alcançar. Já Efésios 4 nos dá
uma dimensão animadora para esse desenvolvimento: não estamos
sozinhos. Somos chamados para nos auxiliarmos mutuamente no
crescimento do corpo de Cristo. Não podemos pensar que
chegaremos à perfeita varonilidade sozinhos. Ainda lutamos, pois,
estamos em estado de santificação, aguardando a glorificação. Até lá,
o Espírito nos dá todas as condições de vencer o velho homem e agir
segundo a renovação de nossa mente, mas também podemos
equivocadamente nos deixar levar pelos velhos hábitos.
A) OS INIMIGOS DO CRISTÃO
1. O mundo – Refere-se ao sistema de vida mundano patrocinado
por Satanás, do qual o cristão foi retirado (Gl 1.4; Ef 2.2). Várias são
as informações contidas na Bíblia sobre como o cristão pode se
defender do mundo:
a. A armadura de Deus (Ef 6.13-18).
b. O conhecimento das estratégias de Satanás (2Co 2.11).
c. A vigilância (1Pe 5.8).
2. A carne – Refere-se à pecaminosidade que há em cada um, a
qual produz obras más (Gl 5.19), é caracterizada por paixões e
concupiscências (1Jo 2.16) e pode escravizar o cristão (Rm 7.25). O
modo de combater essa tendência ao pecado é a negação pessoal (Gl
5.24) e a dependência do Espírito para realizar obras contrárias às da
carne (Gl 5.22-23).
3. O Diabo – Satanás é o grande inimigo dos cristãos. Ele é
perigoso, pois possui estratégias muito bem planejadas (2Co 2.11; Ef
6.11), é persistente na busca de ocasiões de atacar (1Pe 5.8) e é
poderoso (Ef 6.12).
B) PENALIDADES PELO PECADO
1. Para o ímpio – O ímpio que morre sem o perdão dos seus
pecados sofrerá o tormento eterno no lago de fogo (Ap 20.15).
2. Para o cristão pecador – Quando o cristão peca, há a perda de
comunhão com Deus e com a igreja (1Jo 1.3,6,7) e de alegria (Jo
15.10,11). Além disso, quando o crente peca, ele anda na escuridão
(1Jo 2.10,11).
3. Para o cristão que persiste no pecado – Os cristãos que
persistem em viver no pecado de maneira contínua podem ser
disciplinados por Deus (Hb 12.5-11), excluídos da comunhão da igreja
(Mt 18.17; 1Co 5.1-5,13; 1Tm 1.20) e até sofrerem consequências
maiores como doenças e morte (1Co 11.30).
C) A PREVENÇÃO DO PECADO
1. A Palavra de Deus – As Escrituras, quando aprendidas e
memorizadas, nos ajudam a lutar contra o pecado (Sl 119.11).
2. A intercessão de Cristo – Jesus, que intercede pelos crentes (Rm
8.34; Hb 7.25), demonstrou ter interesse em nos ajudar a lutar contra
o pecado, intercedendo por nós também nesse aspecto (Lc 22.32, Jo
17.15).
3. A habitação do Espírito Santo – O Espírito Santo habita em cada
cristão ajudando-o a combater o mal. Ele exerce uma atividade
instrutiva sobre os filhos de Deus (Jo 14.26). Pelo ensino é possível ao
crente discernir entre o bem e o mal, entre a verdade e o erro (Hb
5.14). Além disso, uma ótima maneira de lutar contra o mal é fazer o
bem, de modo que o Espírito Santo capacita o cristão a fazer o bem
(1Co 12.4-7; Gl 5.22-23).
D) O REMÉDIO PARA O PECADO
O remédio para o pecado é a confissão (1Jo 1.9). Isso não significa
simplesmente mencionar uma lista de pecados, mas se arrepender
deles e deixá-los.
Conclusão
O cristão não é um ser perfeito, tão pouco alguém que não tem com
o que se preocupar. O cristão, segundo o ensino bíblico, é alguém que
vive a realidade de uma vida regenerada, porém, não glorificada. A
soberba é o resultado de quem não aceita a realidade de que estamos
em um processo de crescimento, que deve ser alvo de nossa contínua
dedicação. A soberba é resultado de qualquer uma dessas opções
vistas na lição. Ou se é soberbo por pensar poder fazer tudo que se
quer, ou por pensar já ter feito tudo o que é necessário.
Aplicação
Você tem lutado devidamente contra o pecado? Qual sua
autoimagem? Pensa ter um comportamento moral de alto nível? O
pecado é uma preocupação contínua em sua vida, ou seu coração
está cauterizado e acostumado com o erro?