MODELAGEM MATEMÁTICA E ENSINO DE GEOMETRIA:
MAPEAMENTO DE PESQUISAS
Maria Luísa Santos Silva1
Zulma Elizabete de Freitas Madruga2
Resumo: Este artigo teve como objetivo compreender como se apresentam as pesquisas voltadas ao ensino e
aprendizagem de geometria plana e espacial, que utilizam a Modelagem Matemática como método. Para tanto foi
utilizado o Mapeamento na Pesquisa Educacional como princípio metodológico, o qual consiste em levantamento,
classificação e organização dos dados obtidos. Sendo classificados quatro artigos, analisados a partir das seguintes
categorias a priori: Objetivos dos artigos; Concepção de Modelagem adotada; Percursos metodológicos;
Resultados e contribuições para o ensino de geometria. A partir dessas categorias de análise foi possível
compreender que de modo geral, as pesquisas que utilizam a Modelagem Matemática como método, para o ensino
e aprendizagem de geometria, apresentam o conteúdo matemático de forma dinâmica e contextualizada por meio
de situações-problema que suprimem a percepção da matemática como uma disciplina complexa, identificando-a
em diferentes cotidianos. Dessa forma, esta compreensão apresenta contribuições para uma pesquisa de mestrado
em desenvolvimento que tem como intuito elaborar uma proposta pedagógica que contextualize os conteúdos de
geometria por meio do trabalho do arquiteto urbanista.
Palavras-chave: Educação Matemática. Modelagem Matemática. Ensino-aprendizagem de Geometria.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A Educação Matemática, explica, entende, maneja e convive com a realidade sensível
de diferentes contextos naturais e culturais, por abranger as especificidades da matemática e da
educação que tangem aspectos filosóficos e didático-pedagógicas (D’AMBROSIO, 2007). No
Brasil, a Educação Matemática, segue tendências, a exemplo: Resolução de Problemas,
Etnomatemática, História da Matemática e Modelagem Matemática.
As ações pedagógicas relacionadas à Modelagem Matemática (MM), nas últimas quatro
décadas, têm sido recorrentes, “o número de adeptos avolumou-se, de tal forma que já não é
possível saber quem são esses adeptos (BIEMBEMGUT, 2020). “Este próspero interesse pela
Modelagem é, sem dúvida, resultante da ação de alguns professores e seus respectivos
estudantes que enveredaram pela proposta” (BIEMBENGUT, 2020, p.136).
Como precursor da MM no Brasil, para Bassanezi (2015), esta tendência constitui-se
tanto em um método científico quanto como uma estratégia de ensino-aprendizagem,
caracterizando a construção de um modelo, ao qual se observa um problema da realidade, se
formula um modelo matemático e o devolve a realidade para resolução da problemática inicial.
1
Mestranda no Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática da Universidade Estadual de
Santa Cruz (UESC).
2
Docente adjunta da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
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Kluber e Tambarussi (2017), interpretam que as pesquisas com foco na MM têm
apresentado resultados satisfatórios, indicando que, “devemos extrapolar os limites da pesquisa
até então já realizada pela comunidade, redirecionando o olhar para temas tomados como dados,
como a formação de professores e os benefícios advindos da Modelagem” (p. 538).
Portanto, este artigo tem como objetivo compreender como se apresentam as pesquisas
voltadas ao ensino e aprendizagem de geometria plana e espacial, que utilizam a Modelagem
Matemática como método. Uma vez que, ainda na perspectiva indicada por Klüber e
Tambarussi (2017), de explorar limites de pesquisas já realizadas, os resultados deste artigo
contribuirão para o desenvolvimento de uma dissertação, que tem como finalidade elaborar uma
proposta pedagógica direcionada à Modelagem na Educação Básica, que contextualize os
conteúdos de geometria plana e espacial a partir do trabalho do arquiteto urbanista. .
2. MODELAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO
No âmbito da Educação Matemática no Brasil, os debates em torno da Modelagem
Matemática (MM) se iniciaram entre os anos 1970 e 1980, em programas de pós-graduação,
com as ideias dos professores Aristides Camargo Barreto, Ubiratan D’ Ambrosio, Rodney
Carlos Bassanezi, João Frederico, Mayer, Marineuza Gazzetta e Eduardo Sebastian
(BIEMBENGUT, 2009). Assim, a MM “propicia a oportunidade de exercer a criatividade não
somente em relação às aplicações das habilidades matemáticas, mas, principalmente na
formulação de problemas originais” (BASSANEZI, 2015, p.12).
Por meio destas ideias, alguns autores desenvolveram concepções de Modelagem a
serem aplicadas na Educação, são eles: Barbosa (2001), Caldeira (2009), Burak (2005),
Biembengut e Hein (2009). As diferentes concepções da Modelagem para a educação, tem
como intuito orientar a aplicação dessa estratégia, podendo sugerir, ou não, etapas.
Para Barbosa (2001) a MM é caracterizada como um ambiente de aprendizagem sem
etapas pré-definidas, tendo desenvolvimento guiado pela necessidade dos estudantes, podendo
ser organizada por casos. “Trata-se de uma oportunidade para os alunos indagarem situações
por meio da matemática sem procedimentos fixados previamente” (BARBOSA, 2001, p.5).
Barbosa (2002) identifica três casos em que as atividades de modelagem podem ser
organizadas. No primeiro caso, o problema (descrição da situação e dados) é trazido
pelo professor, cabendo aos alunos resolvê-lo. No segundo caso, há um acordo entre
professor e aluno no qual o professor traz o tema de outra área da realidade e cabe aos
alunos coletarem as informações necessárias para a resolução do problema. Já no
terceiro caso, cabe aos alunos decidirem a formulação do problema, coleta de dados e
resolução do mesmo (SOUSA; ANANIAS, 2019, p.3).
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Na mesma ótica, Caldeira (2009), considera que os caminhos para o desenvolvimento
de trabalhos com MM são definidos a partir da necessidade dos estudantes, não sendo pré-
estabelecidas etapas. “Possibilitando aos estudantes a assimilação de uma maneira mais suave,
dado que tais conhecimentos, construídos pelo homem, ganham significados pelos problemas
provenientes da sua realidade” (CALDEIRA, 2009, p.45).
Na perspectiva de Burak (2005), a MM se constituiu nas etapas: escolha do tema, coleta
de dados, levantamento e resolução do problema, análise crítica das etapas percorridas.
Considerando que a MM, “favorece, e que é importante, é a visão mais abrangente de uma
situação, não somente os aspectos da Matemática, mas, também, a possibilidade de estudos
interdisciplinares” (BURAK, 2005, p.45).
Biembengut e Hein (2009), definem que a modelagem se constitui como um método de
pesquisa desenvolvido a partir da obtenção de um modelo, a partir das etapas: interação
(reconhecimento e familiarização da situação-problema), matematização (formulação e
resolução do problema), modelo matemático (interpretação e validação da solução e do
modelo).
Ainda na perspectiva que a modelagem se constitui na obtenção de um modelo,
Biembengut (2016), indica as seguintes para seu desenvolvimento: Percepção e Apreensão
(compreensão do tema/assunto, apreensão de informações), Compreensão e Explicitação
(classificação e formulação de um modelo) e, Significação e Expressão (obtenção de respostas
e verificação do modelo). Podendo ser aplicada em qualquer disciplina tanto na Educação
Básica, quanto no Ensino Superior “As concepções de MM destes autores para trabalhos em
sala de aula podem ser definidas conforme o contexto, condições de ensino e necessidade dos
estudantes” (SILVA; MADRUGA, 2020b, p. 349). Nesse sentido, o conteúdo matemático
previsto nos currículos emerge em diferentes momentos, conforme a concepção adotada.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esse artigo apresenta uma abordagem qualitativa na perspectiva de Bogdan e Biklen
(2010). Para guiar o desenvolvimento deste estudo, optou-se por utilizar o Mapeamento na
Pesquisa Educacional, prescrito por Biembengut (2008), um princípio metodológico que
direciona quais caminhos a serem percorridos, que consistem em: levantamento, classificação
e organização dos dados obtidos.
Para obter tais dados, foi utilizado como fonte de levantamento o Google Acadêmico,
sendo utilizado como palavras-chave de busca “Modelagem Matemática e geometria”, com
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filtros para pesquisas publicadas nos últimos dez anos (2011-2021), em seguida foram
selecionadas 20 pesquisas, a partir de seus títulos.
Ao que se refere ao estudo da geometria, na Educação Básica, esta é dividida em
geometria plana, geometria espacial, geometria analítica e geometria não-euclidiana. Tendo
este artigo como foco a geometria plana e espacial, foi realizada a leitura dos resumos das
pesquisas para classificar as destinadas apenas a estes conteúdos.
Silva e Madruga (2020a) identificam, por meio de documentos oficiais, que os
conteúdos de geometria plana e espacial abordados na Educação Básica, são: o conceito de
ponto, reta, semirreta, segmento de reta, ângulos, plano, posições relativas entre dois pontos e
duas retas e cálculos de figuras em três dimensões, a exemplo, cubo, cilindro e esfera.
Após a leitura dos 20 resumos, foram classificados quatro artigos, que apresentaram
como foco o ensino de geometria plana e espacial, inter-relacionados à arquitetura e/ou a
percepção de espaço e forma na construção de objetos concretos. As informações dos artigos
classificados, foram organizadas conforme o Quadro 1. Para identificação dos artigos,
posteriormente, estes foram codificados em A1, A2, A3 e A4, sendo “A”, abreviação de artigo.
Quadro 1: Artigos mapeados para análise
TÍTULO AUTORES ANO
A1 Modelagem matemática e construção de Camila Aparecida Lehnen, 2013
maquetes: relato de uma prática do curso de Zulma Elizabete de Freitas
licenciatura Madruga
A2 Uma reflexão sobre a modelagem matemática Danielly Barbosa de Sousa 2012
como ambiente de aprendizagem de conteúdos
geométricos no ensino fundamental
A3 Utilizando garrafas pet no estudo da geometria Danielly Barbosa de Sousa, 2019
envolvendo a modelagem matemática Eliane Farias Ananias.
A4 Modelagem matemática: uma alternativa Dalva Sales Molina Serrano 2011
pedagógica para o
ensino de geometria por meio da construção de
maquetes
Fonte: As autoras (2021)
Na próxima seção explicita-se a análise das pesquisas selecionadas, optou-se por utilizar
categorias a priori, conforme a próxima seção.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a leitura dos artigos, foram definidas as seguintes categorias a priori
- Objetivos dos artigos: para compreensão dos propósitos e propensões dos autores.
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- Concepção de Modelagem adotada: Dentre as diferentes concepções de modelagem, qual
delas os autores utilizaram para o desenvolvimento das atividades propostas? Por que utilizaram
esta concepção?
- Percursos metodológicos: Quais os caminhos percorridos para atingir o objetivo estabelecido?
Como? Onde? Quando? Com quem?
- Resultados e contribuições para o ensino de geometria: Dentre os caminhos percorridos e os
resultados obtidos, quais contribuições apresentam para o ensino de geometria?
Os resultados destas análises estão sistematizados a seguir.
4.1 OBJETIVO DOS ARTIGOS
No A1, as autoras apresentam resultados de uma pesquisa, no qual foi realizada a
confecção de maquetes físicas de um prédio histórico, com estudantes do segundo semestre do
curso de Licenciatura em Matemática a distância da Universidade Federal de Pelotas (UFPel),
tendo como foco a exploração dos eixos geometrias: espaço e forma, na ótica da MM como
método de ensino (LEHNEN; MADRUGA, 2013). Os resultados de uma pesquisa de mestrado
são apresentados em A2, ao qual a MM como ambiente de aprendizagem foi explorada para
investigar e analisar a didática do ensino de geometria para superar as dificuldades de alunos
do 7º Ano do Ensino Fundamental, por meio da construção de plantas baixas3 e maquetes (DE
SOUSA, 2012).
De Sousa e Ananias (2019), apresentam no A3, a elaboração, aplicação e análise de uma
proposta didática para auxiliar o ensino e aprendizagem de entes geométricos, em paralelo a
conscientização de questões relacionadas a sustentabilidade e meio ambiente, tendo a MM
como recurso metodológico. No A4 a autora aborda a MM como alternativa pedagógica,
objetivando investigar possíveis contribuições para o ensino e aprendizagem de conteúdos
relacionados a geometria, a partir da construção de maquetes (SERRANO, 2011).
Portanto, percebe-se que os objetivos apresentados direcionam interesse para o
desenvolvimento de propostas pedagógicas que visam apresentar os conteúdos de geometria de
forma mais dinâmica e contextualizada a fim de despertar interesse e melhor compreensão.
4.2 CONCEPÇÃO DE MODELAGEM ADOTADA
3
Desenho técnico, em escala reduzida, que representa de uma visão “vista de cima” dos cômodos de uma
construção.
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No A1, as autoras compreendem que o processo de ensino e de aprendizagem podem
emergir por meio da pesquisa, em prol de tornar a matemática mais interessante, dessa forma,
identificam a MM como caminho para desenvolver pesquisa em sala de aula. Assim, é utilizado
como referencial teórico as indicações de Bassanezi (2010), tendo a modelagem como método
de pesquisa e explodas nos percursos metodológicos as etapas de Biembengut e Hein (2009).
Dessa forma, interpreta-se que as autoras já pré-definiram a concepção de MM a ser utilizadas,
uma vez que não foram exploradas as perspectivas de demais autores.
No A2, a autora apresenta as primeiras ideias de MM explicitadas por Bassanezi (2002),
em seguida baseia-se em Biembengut (2004) e Barbosa (2002), compreendendo a MM como
um ambiente de aprendizagem, enfatizando um ponto de vista sócio-crítica de Barbosa (2002)
e traduzindo situações-problema para linguagem matemática, conforme indica Biembengut
(2004). A partir das indicações desses teóricos, a autora divide os percursos metodológicos em
pré-teste e pós-testes, não seguindo necessariamente etapas ou caminhos prescritos pelas
diferentes concepções.
As autoras do A3, exploram as percepções de Bassanezi (2002), Barbosa (2002) e
Biembengut (2004), acerca da MM, optando por utilizar os caminhos do segundo caso
apresentado por Barbosa (2002), no entanto, não são apresentadas justificativas para escolha
desta concepção e deste caso específico.
Na A4, os autores realizam uma identificação das primeiras ideias da MM no Brasil,
por meio de uma revisão de literatura. Em seguida são exploradas as concepções de Barbosa
(2004), Cadeira (2009) e Biembengut e Hein (2009). Após esta identificação e exploração, para
atingir o objetivo estabelecido os autores utilizam a concepção de Biembengut e Hein (2009).
No entanto, não são apresentadas justificativas relacionadas aos aspectos que direcionaram os
autores a adotar tal concepção para o desenvolvimento das atividades realizadas.
De modo geral, foi possível identificar qual concepção os autores adotaram para o
desenvolvimento das atividades com MM na Educação. No entanto, esta identificação levou
aos seguintes questionamentos, que não foram expostos pelos autores: Porque utilizaram esta
concepção? Quais os critérios utilizados ao adotar uma concepção de MM e não outra? Esses
questionamentos não foram respondidos nas pesquisas, tem-se como premissa que os autores
identificam-se mais com as concepções utilizadas, e isso pode se dar por vários motivos, entre
eles: maior aprofundamento teórico em determinadas concepções; maior identificação com as
ideias de determinado autor; percepção de que a concepção escolhida pode auxiliar em maior
medida para o ensino e aprendizagem dos estudantes; entre outros motivos.
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4.3 PERCURSOS METODOLÓGICOS
No A1, já no objetivo são identificados onde, quando e com quem as atividades foram
desenvolvidas. Dentre as etapas de MM, da concepção de Biembengut e Hein (2009), a
interação (reconhecimento da situação-problema e análise do assunto), se constituiu na escolha
do tema por parte dos alunos, sendo delimitado um prédio histórico da cidade, para a construção
de uma maquete. Para a análise do assunto, foram realizados registros fotográficos de diferentes
ângulos da construção, além da obtenção da planta baixa disponibilizada pela prefeitura.
Na matematização (formulação do problema e resolução em termos do modelo), foram
realizados cálculos de escala e área de figuras geométricas, utilizando as fotografias e planta
baixa como base, para representação de forma proporcional do prédio, sendo formulado um
modelo. Após a obtenção do valor exato para construção da maquete, foram escolhidos os
materiais para sua construção, em seguida o modelo idealizado foi concretizado.
Na etapa que consiste no modelo matemático (interpretação e validação do modelo), os
alunos avaliaram seus trabalhos a partir dos seguintes critérios: divisão e organização das
atividades, utilização de cálculos e conceitos matemáticos, referentes a geometria plana,
espacial, porcentagem e proporcionalidade.
No A2, as atividades foram realizadas com estudantes do 7º Ano do Ensino
Fundamental de uma escola da rede pública do município de Lagoa Seca, no estado da Paraíba.
Inicialmente foi aplicado um pré-teste com exercícios referentes ao domínio de conteúdos de
geometria lecionados até o 6º Ano. Posteriormente, foi realizada uma intervenção com carga
horaria de 39 horas-aulas, na qual foram trabalhadas atividades com situações-problemas
direcionadas à construção de plantas baixas e maquetes a partir do conhecimento de entes
geométricos. Em seguida, no pós-teste, os mesmos exercícios aplicados no pré-teste foram
retomados.
No A3, as atividades foram realizadas com 20 alunos de uma turma do 6ª Ano do Ensino
Fundamental da rede pública do município de Lagoa Seca, ao qual o professor responsável pela
turma naquele momento levantou questões ambientes e sobre sustentabilidade com os alunos e
em seguida foram orientados a realizar duas atividades. Na atividade 1 foi realizada a confecção
de um puff4 e de uma mesa. Na atividade 2 foram construídos 10 sólidos geométricos, sendo
4
É um móvel que é usado como sofá. Trata-se de uma espécie de saco, cheio de bolinhas de poliestireno, que pode
ser moldado conforme a pessoa quer. Disponível em: https://www.dicionarioinformal.com.br/puff/ Acesso em 23
de fev. de 2021.
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eles: tetraedro, cubo, octaedro, dodecaedro, icosaedro, cilindro, paralelepípedo, cone, pirâmide
de base triangular e pirâmide de base quadrada (DE SOUSA; ANANIAS. 2019).
No A4, foram realizadas atividades com alunos do 4º ano do Curso de Formação de
Docentes, de um colégio Estadual, no Paraná. Seguindo as etapas de Biembengut e Hein (2009),
na interação (reconhecimento da situação-problema e análise do assunto), a partir de um
diálogo com turma, foi definido que seria desenvolvida a atividade de construção de uma
maquete de uma casa, analisando os seguintes aspectos: distância da construção em relação à
rua, posição em relação ao sol, economia de materiais, qualidade dos produtos, tamanho das
peças, função de portas e janelas (SERRANO, 2011).
Na matematização (formulação do problema e resolução em termos do modelo), o
professor trabalhou os conteúdos: unidade de medida, escala, ponto, reta, plano, paralelismo,
perpendicularismo, perímetro e área. Realizando o planejamento de um modelo de construção
sustentável com opções de energias alternativas e afins. Por fim, no modelo matemático
(interpretação e validação do modelo), os alunos avaliaram oralmente suas opiniões acerca do
trabalho desenvolvido (SERRANO, 2011).
Em suma, os percursos metodológicos apresentados pelos autores são descritos nos
artigos detalhadamente, de modo que, facilitam a compreensão das etapas ou caminhos
sugeridos pela concepção de MM adotada.
4.4 RESULTADOS E CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE GEOMETRIA
No A1, as autoras concluíram quem “os estudantes consolidam a aprendizagem de
conceitos de geometria plana e espacial, tendo uma noção mais abrangente de espaço e
perspectiva” (LEHNEN; MADRUGA, 2013, p.8). A construção das maquetes possibilitou
explorar vários conceitos e conteúdos de geometria plana e espacial, além de escala,
porcentagem e proporcionalidade.
No A2, a partir da construção de plantas baixas e maquetes, surgem os conceitos de
ponto reta e plano em paralelo ao cálculo de área, perímetro, ângulos, capacidade e volume de
sólidos geométricos. “Esta intervenção não apenas motivou os alunos, como também me
incentivou a buscar sempre inovações e metodologias diferentes, fazendo com que os alunos
tomem gosto pelas aulas de Matemática” (DE SOUSA, 2012, p.11), sendo apresentados
melhores resultados no pós-testes, em comparação ao pré-teste.
No A3, “durante todo o processo de aplicação das atividades da proposta didática
utilizando a modelagem matemática observamos que os alunos perceberam a presença dos
conteúdos na construção dos puffs, mesas e dos sólidos geométricos” (DE SOUSA; ANANIS,
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2019, p.8). Sendo explorados e utilizados durante a confecção dos objetos, conceitos e cálculos
de área e volume de figuras geométricas.
No A4, na construção das maquetes foram utilizados cálculos geométricos, no entanto,
esta construção teve com ênfase questões ambientais, os alunos, “viam o conteúdo como
necessidade de atingir o objetivo que era construir as maquetes e fazer os orçamentos e
planejamentos das construções real das mesmas (SERRANO, 2011, p.24).
De modo geral, é possível identificar nos resultados dos diferentes produtos
educacionais voltados ao ensino de geometria, que a perspectiva da MM propicia um ambiente
e atividades mais dinâmicas e interativas no processo de ensino e de aprendizagem, no qual os
estudantes tendem a ser mais participativos e colaborativos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como objetivo compreender como se apresentam as pesquisas voltadas
ao ensino e aprendizagem de geometria plana e espacial, que utilizem a Modelagem Matemática
como método, no âmbito de uma pesquisa de mestrado que tem como intuito elaborar uma
proposta pedagógica que contextualize os conteúdos de geometria por meio do trabalho do
arquiteto urbanista.
A partir das categorias da análise, interpreta-se que o desenvolvimento de atividades
dinâmicas e contextualização dos conteúdos de geometria a partir de situações-problema
apresentadas nos artigos, suprime a percepção da matemática como uma disciplina complexa e
possibilita a compreensão da sua aplicabilidade no cotidiano.
Dessa forma, na perspectiva de relacionar a aplicação de conteúdos matemáticos com o
cotidiano, entende-se que a contextualização dos conteúdos geométricos a partir do trabalho do
arquiteto urbanista pode apresentar resultados significantes para a apreensão e significação dos
conteúdos previstos pelos currículos da Educação Básica.
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FONTE FINANCIADORA
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
SOCIEDADE BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA – REGIONAL SC 10