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Direito Das Coisas

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Direito Das Coisas

É o ramo do Direito Civil que regula as relações jurídicas envolvendo as


coisas (bens), especialmente no que diz respeito à sua posse, propriedade
e outros direitos sobre elas.

Objeto: Os bens (coisas materiais ou imateriais, móveis ou imóveis,


suscetíveis de apropriação pelo homem e que tenham valor econômico).

Direitos Reais vs. Direitos Pessoais/Obrigacionais:

Direitos Reais: São direitos que recaem diretamente sobre uma coisa
(res), conferindo ao seu titular (credor) um poder direto e imediato sobre
ela, oponível contra todos (erga omnes). Ex.: Propriedade, Usufruto,
Penhor, Hipoteca.

Direitos Pessoais/Obrigacionais: São direitos que conferem ao seu


titular (credor) o poder de exigir de uma pessoa específica (devedor) uma
prestação (dar, fazer ou não fazer). Ex.: Contrato de compra e venda
(direito de receber a coisa), contrato de prestação de serviços (direito de
exigir o serviço).

Direitos Reais de Garantia: Conceito e Características Essenciais

O que são? São direitos reais que têm por finalidade principal assegurar o
cumprimento de uma obrigação (geralmente de pagar uma dívida).
Constituem uma garantia real (sobre um bem específico) para o credor.

Natureza Acessória: Eles dependem da existência de uma obrigação


principal (geralmente um débito). Se a obrigação principal for extinta (ex.:
dívida paga), o direito real de garantia também se extingue. Se a
obrigação principal for nula, o direito real de garantia também será (art.
1.428, CC).

Princípios que regem:


Princípio da Especificidade (Determinação): Recai sempre sobre
bens determinados ou determináveis (ex.: um carro específico, um imóvel
com matrícula X, um lote de mercadorias identificado).

Princípio da Publicidade: Em regra, especialmente para bens imóveis e


alguns móveis, sua constituição deve ser publicizada para produzir
efeitos contra terceiros (ex.: registro no Cartório de Registro de
Imóveis para hipoteca, registro no RDM - Registro de Direitos Mobiliários -
para penhor de veículos).

Princípio da Taxatividade (Numerus Clausus): Só existem os direitos


reais expressamente previstos em lei. Você não pode criar um direito real
de garantia por vontade das partes. Os principais são: Penhor, Hipoteca
e Anticrese.

Direito de Sequela: Permite ao credor (titular do direito real de


garantia) "seguir" o bem onde quer que ele esteja, mesmo que
tenha sido transferido para terceiro, para realizar sua garantia.
Ex.: Se o devedor vender o imóvel hipotecado, o credor pode executar a
hipoteca sobre o imóvel mesmo nas mãos do novo dono.

Direito de Preferência: Confere ao credor garantido prioridade no


recebimento do crédito em relação aos outros credores do devedor
(credores quirografários - sem garantia específica), quando da venda do
bem gravado no processo de execução.

Penhor (Arts. 1.431 a 1.461, CC)

Conceito: Direito real de garantia que recai sobre bens móveis (ou
direitos mobiliários/semoventes), que ficam em poder do credor ou de um
terceiro designado, até que a dívida seja paga.

Características:
Objeto: Bens móveis (ex.: joias, veículos, máquinas, estoques, ações)
ou direitos mobiliários (ex.: créditos, títulos de crédito).

Desapossamento: O devedor (ou proprietário) perde a posse direta do


bem. O bem fica com o credor penhorista ou com um depositário
(terceiro).

Formalidades: Geralmente exige contrato escrito (instrumento


público ou particular, dependendo do bem) e, para muitos bens,
registro em órgão competente (ex.: RDM/Detran para veículos,
Registro de Títulos e Documentos para outros).

Extinção: Pagamento da dívida. Se não paga, o credor pode


promover a venda judicial do bem penhorado (leilão) e ser pago com
o produto da venda, com preferência sobre outros credores.

Exemplo Prático:

Maria precisa de R$ 10.000,00 emprestados. João concorda em


emprestar, mas exige garantia. Maria dá seu carro, avaliado em R$
30.000,00, em penhor. Eles assinam um contrato de penhor e registram-
no no RDM/Detran. João (credor penhorista) fica com o carro ou o deposita
em um pátio credenciado. Maria (devedora) não pode usar o carro. Se
Maria pagar o empréstimo (+ juros) em 12 meses, João devolve o carro.
Se Maria não pagar, após o vencimento, João pode ajuizar ação de
execução, o carro será leiloado judicialmente, e João receberá o valor
devido (até o limite do valor do bem) com prioridade sobre outros
credores de Maria. O saldo (se houver) vai para Maria ou outros credores.

Hipoteca (Arts. 1.473 a 1.503, CC)

Conceito: Direito real de garantia que recai sobre bens imóveis


(terrenos, casas, apartamentos) ou direitos reais sobre imóveis (ex.:
usufruto, laje), sem desapossar o devedor. O devedor continua usando e
fruindo do bem.
Objeto: Bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis.

Não Desapossamento: Esta é a grande diferença para o penhor. O


devedor/proprietário mantém a posse e o uso do imóvel (pode
morar, alugar, etc.). Só perde o bem se não pagar a dívida e o
imóvel for executado.

Formalismo Rigoroso: Exige escritura pública e registro no


Cartório de Registro de Imóveis competente (onde o imóvel está
situado). Sem registro, não existe hipoteca válida contra terceiros.

Extinção: Pagamento da dívida. Se não paga, o credor pode promover a


execução judicial do imóvel hipotecado (leilão) e ser pago com o produto
da venda, com preferência.

Exemplo Prático:

Carlos quer comprar um apartamento no valor de R$ 500.000,00. Ele só


tem R$ 100.000,00. O Banco Solidez empresta os R$ 400.000,00
restantes. Para garantir o empréstimo (financiamento), o banco exige que
o próprio apartamento seja dado em hipoteca. Carlos (devedor) e o banco
(credor hipotecário) assinam uma escritura pública de hipoteca. Essa
escritura é registrada no Cartório de Registro de Imóveis da comarca onde
o apartamento está. Carlos continua morando no apartamento. Ele paga
as prestações do financiamento ao banco. Se Carlos pagar tudo, a
hipoteca é cancelada no registro de imóveis. Se Carlos parar de pagar,
após a inadimplência, o banco pode ajuizar uma ação de execução
hipotecária. O apartamento será leiloado judicialmente, e o banco
receberá o valor devido (capital, juros, custas) com prioridade sobre
outros credores de Carlos. O saldo (se houver) vai para Carlos ou outros
credores.

Anticrese (Arts. 1.504 a 1.511, CC)

Conceito: Direito real de garantia onde o credor (anticresista) recebe a


posse de um imóvel do devedor e tem o direito de perceber os
frutos e rendimentos (aluguéis, por exemplo) desse imóvel, aplicando-
os no pagamento dos juros e, depois, do capital da dívida garantida.

Objeto: Somente bens imóveis.

Desapossamento: O devedor perde a posse do imóvel. O credor


anticresista fica com a posse.

Direito aos Frutos: Esta é a essência da anticrese. O credor usa os


rendimentos do imóvel (frutos civis - aluguéis) para abater os juros e
depois o principal da dívida. Ele não pode usar o imóvel para si próprio
sem autorização (a não ser que o alugue para terceiro e receba o
aluguel).

Formalidades: Exige escritura pública e registro no Cartório de Registro


de Imóveis.

Extinção: Pagamento total da dívida pelo devedor, ou compensação total


através dos frutos percebidos pelo credor. Se a dívida não for paga e
os frutos não a quitarem, o credor pode, ao final, promover a
venda judicial do imóvel para receber o saldo remanescente.

Exemplo Prático:

Ana deve R$ 200.000,00 a Bruno. Ana possui um imóvel alugado por R$


2.000,00/mês. Para garantir a dívida, Ana e Bruno constituem anticrese
por escritura pública registrada no R.I. Ana entrega a posse do imóvel a
Bruno. Bruno, como anticresista, passa a receber o aluguel de R$
2.000,00/mês diretamente do inquilino. Esse valor é aplicado: primeiro
para pagar os juros da dívida (digamos R$ 1.000,00/mês), e o restante (R$
1.000,00/mês) para abater o capital devido. Bruno tem a obrigação de
cuidar do imóvel e pagar os encargos (IPTU, condomínio). Se os aluguéis
quitarem toda a dívida (capital + juros), Bruno devolve o imóvel a Ana. Se
após um longo período ainda houver saldo devedor, Bruno pode executar
o imóvel para receber o restante.
Alienação Fiduciária (Lei 9.514/1997 - Imóveis; Lei 4.728/1965 e
Decreto-Lei 911/1969 - Móveis):

Importante! Embora tenha natureza jurídica debatida (muitos a


consideram um direito real sui generis ou um contrato com efeitos reais),
a alienação fiduciária é a principal garantia utilizada hoje em
financiamentos de bens móveis (carros, máquinas) e imóveis no
Brasil. Não está no Código Civil, mas em leis especiais.

Funcionamento (Resumido):

O devedor (fiduciante) vende o bem (móvel ou imóvel) ao credor


(fiduciário) para pagar uma dívida.

Simultaneamente, o credor (fiduciário) devolve o bem em "posse


direta" ao devedor (fiduciante), mediante um contrato de fidúcia.

Enquanto a dívida não for paga, o credor (fiduciário) é o


proprietário formal do bem (registrado em seu nome). O devedor
(fiduciante) tem apenas a posse direta e o direito de usar o bem,
como se fosse proprietário.

Extinção: Quando a dívida é paga integralmente, o credor


(fiduciário) transfere a propriedade plena de volta para o devedor
(fiduciante).

Inadimplemento: Se o devedor não pagar, o credor (fiduciário), por


ser o proprietário registral, pode exercer seu direito de propriedade
e retomar o bem de forma extrajudicial (se o contrato permitir e
sem perturbação da posse) ou judicialmente (ação de busca e
apreensão). Após retomar o bem, o credor o vende (geralmente em
leilão) e aplica o valor na dívida. Se houver saldo, devolve ao
devedor; se faltar, pode cobrar o restante.

Vantagem: Processo de recuperação do bem mais ágil em caso de


inadimplência comparado ao penhor/hipoteca (que exigem ação de
execução judicial completa).
Exemplo Prático (Móvel - Carro): Igual ao exemplo do penhor, mas com
natureza jurídica diferente. Maria "vende" o carro ao Banco Veloz para
quitar a dívida de R$ 10.000,00. O banco registra o carro em seu nome no
RDM/Detran. O banco entrega o carro de volta a Maria mediante contrato
de fidúcia. Maria usa o carro normalmente. Se ela pagar tudo, o banco
transfere a propriedade de volta para ela. Se ela não pagar, o banco
(como proprietário) pode mandar um oficial de justiça apreender o carro
(busca e apreensão), leiloá-lo e quitar a dívida.

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