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Apostila de C2

A apostila aborda conceitos fundamentais de Cálculo 2, incluindo sequências convergentes e divergentes, teoremas sobre sequências, séries numéricas e equações diferenciais ordinárias. O conteúdo é estruturado em seções que incluem definições, teoremas, exemplos e exercícios práticos. A apostila também apresenta métodos de resolução e aplicações de equações diferenciais em contextos variados.

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APOSTILA DE

CÁLCULO 2
EM CONSTRUÇÃO

Prof Rogério César dos Santos

2022

1
Conteúdo
Conteúdo ....................................................................................................................................... 2
1 Sequências Convergentes e Divergentes ................................................................................... 5
1.1 Definição de sequência ....................................................................................................... 5
Exercícios ................................................................................................................................... 6
1.2 Convergência de sequências ............................................................................................... 7
Exercício. ................................................................................................................................. 11
2 Teoremas sobre sequências, sequências monótonas .............................................................. 13
2.1 Teoremas sobre sequências. ............................................................................................. 13
Exercício. ................................................................................................................................. 16
2.2 Sequências monótonas ..................................................................................................... 18
Exercícios. ................................................................................................................................ 20
3 Sequências limitadas ................................................................................................................ 22
Exercícios. ................................................................................................................................ 24
4 Séries numéricas: definição e exemplos .................................................................................. 26
Exercícios. ................................................................................................................................ 36
5 Critérios de convergência e de divergência de séries .............................................................. 39
Exercícios. ................................................................................................................................ 47
6 Testes de Comparação entre séries, a 𝒑-série e o teste da Integral........................................ 51
Exercícios ................................................................................................................................. 60
7 Demonstrações de alguns teoremas já vistos .......................................................................... 63
Exercícios ................................................................................................................................. 72
8 Séries alternadas; séries absolutamente convergentes........................................................... 74
8.1 Séries alternadas ............................................................................................................... 74
8.2 Séries absolutamente convergentes ................................................................................. 75
Exercícios ................................................................................................................................. 77
9 Teste da razão e da raiz para convergência absoluta .............................................................. 79
9.1 Lembrando ........................................................................................................................ 79
9.2 Teste da razão e teste da raiz para convergência absoluta .............................................. 80
Exercícios ................................................................................................................................. 83
10 Séries de Potências e suas derivadas ..................................................................................... 86
10.1 Séries de potências.......................................................................................................... 86
10.2 Derivadas de séries de potências .................................................................................... 91
Exercícios ................................................................................................................................. 94

2
11 Integral de séries de potências .............................................................................................. 96
Exercícios ................................................................................................................................. 98
12 Série de Taylor e de Maclaurin............................................................................................. 100
Exercícios ............................................................................................................................... 105
13 Equações Diferenciais Ordinárias – definição, EDO linear de primeira ordem, EDO separável
................................................................................................................................................... 107
Exercícios ............................................................................................................................... 113
14 Equações homogêneas que se tornam separáveis .............................................................. 114
Exercícios ............................................................................................................................... 117
15 EDO de Bernoulli e primeiros problemas contextualizados de EDO’s ................................. 119
Equação Diferencial Ordinária de Bernoulli .......................................................................... 119
Primeiros problemas contextualizados – Propagação de doença ........................................ 120
Exercícios ............................................................................................................................... 125
16 Campo de Direções e Solução de Equilíbrio, problemas de Meia-Vida ............................... 128
Campo de Direções ............................................................................................................... 128
Meia-Vida de material radioativo ......................................................................................... 130
Exercícios ............................................................................................................................... 133
17 Problemas: Lei do Resfriamento de Newton e outras aplicações das EDO’s....................... 135
Lei do Resfriamento de Newton ........................................................................................... 135
Movimento uniforme, Juros, Misturas e outros problemas ................................................. 138
Exercícios ............................................................................................................................... 147
18 Equações Diferenciais lineares de segunda ordem homogêneas com coeficientes constantes
................................................................................................................................................... 149
Exercícios ............................................................................................................................... 154
19 EDO’s de segunda ordem lineares não-homogêneas .......................................................... 155
Método dos coeficientes indeterminados da solução particular ......................................... 155
Exercícios ............................................................................................................................... 166
20 EDO’s de Segunda Ordem: Método da Variação dos Parâmetros. ...................................... 168
21 Aplicações das EDO’s: sistema Massa-Mola – oscilação livre .............................................. 174
22 Vibrações Forçadas .............................................................................................................. 179
23 EDO’s lineares de ordem mais alta com coeficientes constantes homogêneas .................. 189
24 EDO’ de ordem mais alta não homogêneas com coeficientes constantes .......................... 197
25 EDO’s por Séries de Potências.............................................................................................. 201
26 Transformadas de Laplace - introdução ............................................................................... 206
27 Transformadas de Laplace – caso descontínuo ................................................................... 216

3
28 Sistemas de Equações Diferenciais ...................................................................................... 220
GABARITOS dos exercícios ........................................................................................................ 226

4
1 Sequências Convergentes e Divergentes

1.1 Definição de sequência


Observe a sequência abaixo e tente descobrir a lógica por trás (resposta ao final
deste capítulo):
−1 0 3 8 15 24 …

Definição. Uma sequência é uma função que tem como Domínio todos os
inteiros positivos. Pode ser representada por {𝑎𝑛 } ou por 𝑠(𝑛).
*Os elementos do domínio: 1, 2, 3, ... são chamados de índices da sequência.
*Os elementos da imagem: 𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 , … são os termos da sequência.
*A expressão 𝑎𝑛 é o termo geral da sequência.
Exemplos.
Exemplo 1. Encontre os primeiros 3 termos da sequência abaixo, e também o termo
geral.
a)
1
𝑠 𝑛 = 4𝑛 + , ou:
2
1
4𝑛 +
2
R:
9 17 25
𝑎1 = , 𝑎2 = , 𝑎3 = .
2 2 2
1
Termo geral: 𝑎𝑛 = 4𝑛 + 2, chamado n-ésimo termo.

b)
𝑛!
𝑒𝑛
R:
1 2 6
𝑎1 = , 𝑎2 = 2 , 𝑎3 = 3 .
𝑒 𝑒 𝑒
𝑛!
Termo geral: 𝑎𝑛 = 𝑒 𝑛 .

c)

5
𝑠 𝑛 = cos(𝑛𝜋) , 𝑛 = 1, 2, 3, …
R:
𝑎1 = −1, 𝑎2 = 1, 𝑎3 = −1.
Termo geral: 𝑎𝑛 = cos(𝑛𝜋).
Exemplo 2. Encontre uma possível fórmula para o termo geral 𝑎𝑛 da sequência:
a)
7 7 7
7, , , , …
4 9 16
R:
7
𝑎𝑛 = , 𝑛 = 1, 2, 3, …
𝑛2
b)
5, 9, 13, 17, …
R:
𝑎𝑛 = 5 + 4 𝑛 − 1 , ou seja:
𝑎𝑛 = 4𝑛 + 1

Exercícios
Exercício 1. Encontre os primeiros 3 termos da sequência e o termo geral:
a)
5
𝑛
b)
{sen 𝑛𝜋 }
c)
𝑠 𝑛 = 56, 𝑛 = 1, 2, 3, …
d)
3
7𝑛 −1
e)
𝑛+1− 𝑛
f)
𝑠 𝑛 = ln 𝑛 , 𝑛 = 1, 2, 3, …

6
g)
5𝑛
𝑠 𝑛 = , 𝑛 = 1, 2, 3, …
𝑛!
h)
{8}
i)
𝑛

Exercício 2. Encontre uma possível fórmula para o termo geral 𝑎𝑛 da sequência:


a)
2, 4, 6, 8, 10, …
b)
1 1 1
1, , , , …
3 9 27
c)
24, 35, 48, 63, 80, 99, …
d)
ln 2 ln 3 ln 4 ln 5 ln 6
0, , , , , ,…
2 6 24 120 720
e)
−1, 1, −1, 1, …
f)
−11, −11, −11, −11, −11, … (a sequência constante)

1.2 Convergência de sequências


Definição. Uma sequência 𝑎𝑛 converge para um limite 𝐿 se, para todo 𝜀 > 0,
por menor que ele seja, a distância entre 𝑎𝑛 e 𝐿 é menor do que esse 𝜀 para todo
índice 𝑛 maior do que um certo número real 𝑁, isto é:

𝑎𝑛 − 𝐿 < 𝜀, se 𝑛 > 𝑁.

Nesse caso, escrevemos assim:

lim 𝑎𝑛 = 𝐿.
𝑛→∞

7
Se a sequência não converge para nenhum limite 𝐿, ela diverge, ou seja, ela é
divergente.

Exemplo. Verifique se a sequência abaixo converge ou não para 𝐿:

a)

3
, 𝐿 = 0.
𝑛

Ora, para todo 𝜀 > 0, quero provar que

𝑎𝑛 − 𝐿 < 𝜀 se 𝑛 > 𝑁,

para algum 𝑁 real, ou seja:

3
−0 <𝜀
𝑛

3
<𝜀
𝑛

3
<𝜀
𝑛

3 < 𝜀𝑛

3
𝑛> = 𝑁.
𝜀

3
Logo, a sequência converge para 𝐿 = 0, pois, para todo 𝜀 > 0, tão pequeno
𝑛

quanto se queira (tão pequeno quanto o Siqueira!!), todos os termos da sequência


após 𝑁 distam menos de 𝜀 do limite 𝐿.

Isto é,

3
lim = 0.
𝑛→∞ 𝑛

3
Observação. Por exemplo, para 𝜀 = 0,1, então, para todo 𝑛 > 0,1 = 30,

teremos que

8
3
− 0 < 0,1:
𝑛

3
− 0 < 0,1,
31

3
− 0 < 0,1
32

...

3
Já para 𝜀 = 0,001, então, para todo 𝑛 > 0,001 = 3000, teremos que

3
− 0 < 0,001:
𝑛

3
− 0 < 0,001,
3001

3
− 0 < 0,001,
3002

...

b)

1
4− , 𝐿 = 4.
𝑛

Ora, para todo 𝜀 > 0, quero provar que

𝑎𝑛 − 𝐿 < 𝜀 se 𝑛 > 𝑁,

para algum 𝑁 real, ou seja:

1
4− −4 <𝜀
𝑛

−1
<𝜀
𝑛

1
<𝜀
𝑛

1 < 𝜀𝑛

9
1
𝑛> = 𝑁.
𝜀

1
Logo, a sequência 4 − 𝑛 é convergente, e ela converge para 𝐿 = 4, isto é,

1
lim 4 − = 4.
𝑛 →∞ 𝑛

c)

𝑟 𝑛 , 𝐿 = 0, onde 0 < 𝑟 < 1.

Ora, para todo 𝜀 > 0, tão pequeno quanto se queira, vou provar que

𝑎𝑛 − 𝐿 < 𝜀 se 𝑛 > 𝑁,

para algum 𝑁 real, ou seja:

𝑟𝑛 − 0 < 𝜀

𝑟𝑛 < 𝜀

𝑟𝑛 < 𝜀

ln 𝑟 𝑛 < ln 𝜀

𝑛 ln 𝑟 < ln 𝜀 (observe que ln 𝑟 < 0)

ln 𝜀
𝑛> = 𝑁.
ln 𝑟

Logo, a sequência 𝑟 𝑛 converge para 𝐿 = 0, onde 0 < 𝑟 < 1, isto é,

lim 𝑟 𝑛 = 0.
𝑛 →∞

Na verdade, a sequência 𝑟 𝑛 converge para 0 para qualquer 𝑟 tal que


−1 < 𝑟 < 1 (prove).

d)

5
+ 1 , 𝐿 = −3.
𝑛

10
Ora, para todo 𝜀 > 0, quero provar que

𝑎𝑛 − 𝐿 < 𝜀 se 𝑛 > 𝑁,

para algum 𝑁 real, ou seja:

5
+ 1 − (−3) < 𝜀
𝑛

5
+4 <𝜀
𝑛

5
+4<𝜀
𝑛

5 + 4𝑛 𝜀𝑛
<
𝑛 𝑛

5 + 4𝑛 < 𝜀𝑛

4𝑛 − 𝜀𝑛 < −5

𝑛(4 − 𝜀) < −5 (para 𝜀 pequeno, por exemplo 𝜀 = 0,3)

−5
𝑛< .
3,7

5
Logo, a sequência + 1 não converge para 𝐿 = −3, mas não podemos ainda
𝑛

afirmar se ela converge para algum outro valor de 𝐿, ou se ela diverge.

Você acha que ela converge para algum valor de 𝐿 ou ela diverge? Prove!

Exercício.
Verifique se a sequência abaixo converge ou não para 𝐿:

a)

99
, 𝐿 = 0.
𝑛

b)

11
2
+ 6 , 𝐿 = 6.
𝑛

c)

0,8𝑛 , 𝐿 = 0.

d)

1
, 𝐿 = 0.
10𝑛

e)

7𝑛 + 6
, 𝐿 = −7.
−𝑛 − 1

f)

4
, 𝐿 = 8.
𝑛

g)

𝑠 𝑛 = 13, 𝑛 = 1, 2, 3, … , 𝐿 = 13 a sequência constante .

*Resposta da sequência do início do capítulo −1 0 3 8 15 24 …:


2
𝑛−1 − 1, 𝑛 = 1,2, …

12
2 Teoremas sobre sequências, sequências monótonas

2.1 Teoremas sobre sequências.


Considere 𝑎𝑛 = 𝑠 𝑛 = 𝑓 𝑛 .

Teorema 1. Se lim𝑥→∞ 𝑓(𝑥) = 𝐿, então lim𝑛→∞ 𝑎𝑛 = 𝐿.

O teorema continua válido para o caso de 𝐿 = ±∞.

Exemplo. Use o teorema acima para encontrar o limite das sequências abaixo,
caso elas convirjam.

a)

3𝑛2 + 𝑛
2𝑛 + 1

3𝑥 2 + 𝑥 ∞
lim = =
𝑥→∞ 2𝑥 + 1 ∞

6𝑥 + 1
lim = ∞.
𝑥→∞ 2

Logo, a sequência não converge, diverge para ∞.

b)

ln 𝑛
𝑛

ln 𝑥 ∞ 1
lim = = lim = 0.
𝑥→∞ 𝑥 ∞ 𝑥→∞ 𝑥

Logo, a sequência converge para 0.

c)

𝑒𝑛
𝑛3

𝑒𝑥 ∞ 𝑒𝑥 𝑒𝑥 𝑒𝑥
lim = = lim = lim = lim = ∞.
𝑥→∞ 𝑥 3 ∞ 𝑥→∞ 3𝑥 2 𝑥→∞ 6𝑥 𝑥→∞ 6

A sequência diverge.

13
d)

𝑛+1− 𝑛

lim 𝑥 + 1 − 𝑥 = ∞ − ∞ =
𝑥→∞

𝑥+1− 𝑥 ∙ 𝑥+1+ 𝑥
lim =
𝑥→∞ 𝑥+1+ 𝑥

2 2
𝑥+1 + 𝑥+1 𝑥− 𝑥 𝑥+1− 𝑥
lim =
𝑥→∞ 𝑥+1+ 𝑥

𝑥+1−𝑥
lim =
𝑥→∞ 𝑥+1+ 𝑥

1 1
lim = = 0.
𝑥→∞ 𝑥+1+ 𝑥 ∞+∞

A sequência é convergente, e converge para 0.

e)

𝑒 4𝑛
5𝑛

𝑒 4𝑥 ∞ 4𝑒 4𝑥
lim = = lim = ∞, diverge.
𝑥→∞ 5𝑥 ∞ 𝑥→∞ 5

Observação. Esse teorema 1 não pode ser aplicado em sequências que


envolvem fatorial, pois o fatorial só pode ser aplicado em valores inteiros.

Teorema 2. Considere duas sequências convergentes 𝑎𝑛 e 𝑏𝑛 e seja 𝑐 uma


constante real qualquer. Então:

i) lim𝑛→∞ 𝑐𝑎𝑛 = 𝑐 ∙ lim𝑛→∞ 𝑎𝑛

ii) lim𝑛→∞ (𝑎𝑛 ± 𝑏𝑛 ) = lim𝑛→∞ 𝑎𝑛 ± lim𝑛→∞ 𝑏𝑛

iii) lim𝑛→∞ 𝑎𝑛 𝑏𝑛 = lim𝑛 →∞ 𝑎𝑛 ∙ lim𝑛 →∞ 𝑏𝑛

𝑎 lim 𝑛 →∞ 𝑎 𝑛
iv) lim𝑛→∞ 𝑏 𝑛 =
𝑛 lim 𝑛 →∞ 𝑏𝑛

14
v) Vale o teorema do confronto (do sanduíche) para limites de funções

Exemplos.

1 2
a) A sequência + 𝑛 2021 + 0,6𝑛 converge?
𝑛2

1 2
Sim, pois converge para 0, também converge para 0, e {0,6𝑛 }
𝑛2 𝑛 2021
1 2
também converge para 0, logo, lim𝑛→∞ 𝑛 2 + 𝑛 2021 + 0,6𝑛 = 0 + 0 + 0 = 0.

𝑛!
b) Verifique que converge para zero, usando o item v) do teorema 2 acima.
𝑛𝑛

Observe que não posso aplicar o teorema 1, pois, no teorema 1, 𝑥 é qualquer


valor real, enquanto que o fatorial só pode ser aplicado em valores inteiros positivos.

2 6 24
A sequência: 1, 4 , 27 , 256 , … =

1, 0,5, 0,222..., 0,09375..., ...

Ora,

𝑛! 𝑛 𝑛 − 1 𝑛 − 2 ⋯ 1 𝑛−1 𝑛−2 𝑛−3 2 1


0< 𝑛
= = 1∙ ∙ ∙ ∙ ⋯∙ ∙
𝑛 𝑛 ∙𝑛 ∙⋯∙𝑛 𝑛 𝑛 𝑛 𝑛 𝑛

Mas, observe que

𝑛−1 𝑛−2 𝑛−3 2 1 1 1


1∙ ∙ ∙ ∙ ⋯∙ ∙ ≤ 1 ∙ 1 ∙ ⋯∙ 1 ∙ = .
≤1
𝑛 𝑛 𝑛 𝑛 𝑛 𝑛 𝑛
≤1 ≤1 ≤1 ≤1

Então, voltando à expressão anterior, temos:

𝑛! 𝑛 𝑛 − 1 𝑛 − 2 ⋯ 1 1
0< = ≤ .
𝑛𝑛 𝑛 ∙ 𝑛 ∙ ⋯∙ 𝑛 𝑛

Ou seja,

𝑛! 1
0< ≤
𝑛𝑛 𝑛

Pelo teorema do confronto (do sanduíche) para limites, temos:

15
𝑛! 1
lim 0 ≤ lim 𝑛
≤ lim
𝑛→∞ 𝑛→∞ 𝑛 𝑛→∞ 𝑛

𝑛!
0 ≤ lim ≤0
𝑛→∞ 𝑛𝑛

Isto é,

𝑛!
lim = 0.
𝑛→∞ 𝑛𝑛

Exercício.
Verifique se as sequências abaixo convergem ou divergem.

a)

𝑛
𝑛+1

b)

ln 𝑛
𝑛3

c)

7𝑛
ln 𝑛

d)

𝑒𝑛
+2
𝑛

e)

5𝑛
𝑒𝑛

f) (use o teorema do confronto)

cos 𝑛
4𝑛2 +𝑛+6

16
g)

𝑛2 + 𝑛 + 2
5𝑛2 + 8𝑛 + 2021

h)

1
+ 0,6𝑛
𝑛

i)

7𝑛

j)

𝑛2
𝑛+1

k)

1
2𝑛 +
𝑛

l)

𝑛− 𝑛+1

n) (use o teorema do sanduíche)

3𝜋𝑛
sen 2
𝑛

m)

𝑛2 − 𝑛

n)

3𝑛 − 𝑛

17
2.2 Sequências monótonas
Uma sequência 𝑎𝑛 é monótona crescente se, para todo 𝑛 = 1,2,3, …,
𝑎𝑛 ≤ 𝑎𝑛+1 .

Uma sequência 𝑎𝑛 é monótona decrescente se, para todo 𝑛 = 1,2,3, …,


𝑎𝑛+1 ≤ 𝑎𝑛 .

Exemplo. Verifique se as sequências seguintes são monótonas crescentes,


monótonas decrescentes ou não monótonas.

a)

7
𝑛+1

Parece decrescente, então:

𝑎𝑛+1 ≤ 𝑎𝑛

7 7

𝑛+2 𝑛+1

𝑛+1≤𝑛+2

1 ≤ 2.

Logo, é monótona decrescente.

b)

{ −1 𝑛 }

Ora, a sequência é −1, 1, −1, 1, −1, …. Logo, não é monótona.

c) Seja 𝑎 > 0.

𝑎𝑛
𝑛!

Vejamos os primeiros termos:

𝑎2 𝑎3 𝑎4
𝑎, , , , …,
2 6 24

18
Por exemplo, se 𝑎 = 1:

1 1 1
1, , , , …
2 6 24

Parece decrescente. Veremos:

𝑎𝑛+1 ≤ 𝑎𝑛

𝑎𝑛+1 𝑎𝑛

𝑛 + 1 ! 𝑛!

𝑎𝑛 𝑎 𝑎𝑛

𝑛 + 1 𝑛! 𝑛!

𝑎
≤1
𝑛+1

𝑛+1≥𝑎

𝑛 ≥ 𝑎 − 1.

Isto mostra que, a partir de 𝑛 = 𝑎 − 1, a sequência é monótona decrescente.

Exemplo: 𝑎 = 4. Então, a partir de 𝑛 = 3, a sequência é monótona decrescente:

𝑎2 𝑎3 𝑎4
𝑎, , , , …,
2 6 24

43 32 44 32 45 44 128
4, 8, = , = , = =
3∗2∗1 3 4∗3∗2∗1 3 5∗4∗3∗2∗1 5∗3∗2∗1 5∗3
25,6
=
3

c)

2𝑛 + 1
𝑛+1

𝑎𝑛+1 ≤ 𝑎𝑛

2 𝑛 + 1 + 1 2𝑛 + 1

𝑛+1+1 𝑛+1

19
2𝑛 + 3 2𝑛 + 1

𝑛+2 𝑛+1

2𝑛2 + 2𝑛 + 3𝑛 + 3 ≤ 2𝑛2 + 4𝑛 + 𝑛 + 2

5𝑛 + 3 ≤ 5𝑛 + 2

3 ≤ 2, falso.

Logo, a sequência é monótona crescente.

Exercícios.
Verifique se as sequências abaixo são monótonas crescentes, monótonas
decrescentes ou não monótonas.

a)

8
2𝑛 + 1

b)

6𝑛
5

c)

𝑛!
2𝑛

d)

3𝑛
3𝑛

e)

4𝑛
4𝑛

f)

𝑛−1
𝑛+3

20
g)

3𝑛 + 4
2𝑛 + 3

21
3 Sequências limitadas

Definição. Uma sequência é limitada superiormente se existir uma constante


real 𝐷 tal que:

𝑎𝑛 ≤ 𝐷, ∀𝑛 = 1, 2, 3, …

Dizemos que a sequência possui um limitante superior 𝐷.

Teorema 1. Toda sequência monótona crescente e limitada superiormente é


convergente. Isto é, existe o limite 𝐿 (número real) para o qual ela converge.

Exemplo. Verifique se a sequência abaixo converge.

7

𝑛!

R. Não podemos aplicar limite de 𝑓 𝑥 , pois o fatorial não pode ser aplicado em
valores reais não inteiros.

Vejamos se é monótona:

7 7
−7, − , − , …
2 6
Os valores estão aumentando, então, parece ser monótona crescente:

𝑎𝑛 ≤ 𝑎𝑛+1

7 7
− ≤−
𝑛! 𝑛+1 !

Dividindo os dois membros por −7:

1 1

𝑛! 𝑛+1 !

Multiplicando cruzado:

𝑛 + 1 ! ≥ 𝑛!,

o que é verdadeiro. Logo, é monótona crescente.

Além disto, observe que todos os termos são menores do que 0, logo, é
limitada superiormente.

Assim, pelo teorema 1, ela é convergente. Para qual limite 𝐿, ainda não
sabemos...

22
Definição. Uma sequência é limitada inferiormente se existir uma constante
real 𝐷 tal que:

𝑎𝑛 ≥ 𝐷, ∀𝑛 = 1, 2, 3, …

Dizemos que a sequência possui um limitante inferior 𝐷.

Teorema 2. Toda sequência monótona decrescente e limitada inferiormente é


convergente. Isto é, existe o limite 𝐿 (número real) para o qual ela converge.

Exemplo. Verifique se a sequência abaixo converge.

𝑎𝑛
, 𝑎 > 0 constante.
𝑛!

R. Não podemos aplicar limite de 𝑓 𝑥 , pois o fatorial não pode ser aplicado em
valores reais não inteiros.

Já vimos que ela é monótona decrescente.

Além disso, observe que todos os temos são maiores do que 0, isto é, é limitada
inferiormente.

Logo, pelo teorema 2, ela é convergente. Para qual limite 𝐿, ainda não
sabemos...

Definição. Uma sequência que é ao mesmo tempo limitada inferiormente e


superiormente é chamada de sequência limitada.

Exemplo. A sequência { −1 𝑛 } é limitada, pois −1 ≤ −1 𝑛 ≤ 1, isto é,


𝐷1 = −1 e 𝐷2 = 1 são os limitantes inferior e superior, respectivamente.

Pergunta: toda sequência limitada e ao mesmo tempo monótona é


convergente?

Naturalmente que sim, pois, caso ela seja monótona crescente, acrescente a
isto o fato de ser limitada superiormente e use o teorema 1 para concluir que é
convergente. Caso seja monótona decrescente, acrescente a isto o fato de ser limitada
inferiormente e use o teorema 2 para concluir a mesma coisa.

Exemplo. A sequência { −1 𝑛 } é limitada, pois −1 ≤ −1 𝑛 ≤ 1, isto é,


𝐷1 = −1 e 𝐷2 = 1 são os limitantes inferior e superior, respectivamente. Porém,
observe que ela não é convergente.

23
Pergunta: o que dizer de uma sequência monótona divergente? Ela não pode
ser limitada. Pode até ser limitada inferiormente, mas não pode ser superiormente, ou
vice-versa.

Exercícios.
Exercício 1. Dê outro exemplo de uma sequência limitada que também não
convirja.

Exercício 2. Dê um exemplo de uma sequência limitada, convergente, mas não


monótona.
−1 𝑛
Exercício 3. Prove que a sequência 𝑠 𝑛 = é limitada, convergente, mas
𝑛
não é monótona.

Exercício 4. Prove que a sequência abaixo é convergente, usando o teorema 1


ou o teorema 2.

a)

2021
𝑛!

b)

4𝑛
𝑛!

c)

5

𝑛!

d)

1
2−
𝑛!

e)

𝑛2
𝑛!

f)

𝑛+1
𝑛!

g)

24
𝑒𝑛
𝑛!

Exercício 5. Prove que a sequência abaixo é limitada e monótona:

3
1+
𝑛

25
4 Séries numéricas: definição e exemplos
Uma série é um tipo especial de sequência.

Ela precisa de outra sequência para existir. Considere uma sequência {𝑢𝑛 },
chamada básica. A série {𝑠𝑛 } de termo 𝑢𝑛 é definida como sendo a seguinte sequência:

𝑠1 = 𝑢1

𝑠2 = 𝑢1 + 𝑢2

𝑠3 = 𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3

𝑠4 = 𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 + 𝑢4

...

𝑠𝑛−1 = 𝑢1 + 𝑢2 + ⋯ + 𝑢𝑛 −1

𝑠𝑛 = 𝑢1 + 𝑢2 + ⋯ + 𝑢𝑛 −1 + 𝑢𝑛
𝑠𝑛 −1

...

Observe que 𝑠𝑛 = 𝑠𝑛−1 + 𝑢𝑛 para todo 𝑛 ≥ 2 (𝑠0 não existe).

A série {𝑠𝑛 } é formada pelas chamadas somas parciais 𝑠1 = 𝑢1 , 𝑠2 = 𝑢1 +


𝑢2 , 𝑠3 = 𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 , … , 𝑠𝑛 = 𝑢1 + ⋯ + 𝑢𝑛 , ….

Representações da série 𝑠𝑛 (sequência das somas parciais da sequência


básica):

𝑢𝑛
𝑛=1

ou

𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 + ⋯

Ou seja:

𝑢𝑛 = 𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 + ⋯
𝑛=1

Logo, o somatório ∞𝑛 =1 𝑢𝑛 = 𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 + ⋯ representa a sequência {𝑠𝑛 },


cujos termos são as somas parciais dos termos da sequência básica:

𝑠1 = 𝑢1 , 𝑠2 = 𝑢1 + 𝑢2 , 𝑠3 = 𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 , …

26
Se a sequência {𝑠𝑛 } das somas parciais convergir para um número real 𝐿, então
dizemos que a série {𝑠𝑛 } converge para o número real 𝐿, e neste caso escrevemos,

lim 𝑠𝑛 = 𝑢𝑛 = 𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 + ⋯ = 𝐿.
𝑛→∞
𝑛=1

Ou seja, 𝐿 é o valor da soma infinita da série.

Caso contrário, isto é, se a sequência {𝑠𝑛 } das somas parciais divergir, dizemos
que a série {𝑠𝑛 } diverge.

Dado o termo 𝑢𝑛 da série, é possível encontrar o termo geral da série 𝑠𝑛 ? E,


vice-versa, dado o termo geral 𝑠𝑛 da série, é possível encontrar o termo 𝑢𝑛 da
sequência básica da série?

Vejamos os exemplos:

Exemplo 1. Encontre o termo 𝑢𝑛 da série {𝑠𝑛 }, sabendo que 𝑠𝑛 = 2𝑛 . Depois,


represente a série por somatório. Por fim, diga se a série converge ou diverge.

Comecemos por 𝑢1 = 2.

Para todo 𝑛 ≥ 2, temos que 𝑠𝑛 = 𝑠𝑛−1 + 𝑢𝑛 . Então:

2𝑛 = 2𝑛 −1 + 𝑢𝑛 , para 𝑛 ≥ 2

Isto é,

𝑢𝑛 = 2𝑛 − 2𝑛 −1 , para 𝑛 ≥ 2

Logo,

2𝑛 2 ∗ 2𝑛 − 2𝑛 2𝑛
𝑢𝑛 = 2𝑛 − 2𝑛 ∗ 2−1 = 2𝑛 − = = = 2𝑛−1 .
2 2 2
Resumindo: 𝑢1 = 2 e 𝑢𝑛 = 2𝑛−1 para 𝑛 ≥ 2.

Enfim, a série é:

𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 + ⋯ =

2+ 2𝑛 −1 .
𝑛=2

Por fim, para saber se a série converge ou diverge, aplicamos:

lim𝑛→∞ 𝑠𝑛 = lim𝑥→∞ 2𝑥 = 2∞ = ∞. Diverge.

Observação: as somas parciais são:

27
𝑠1 = 2, 𝑠2 = 2 + 2 = 4, 𝑠3 = 2 + 2 + 4 = 8, 𝑠4 = 2 + 2 + 4 + 8 = 16, …

Exemplo 2. Encontre o termo 𝑢𝑛 da série {𝑠𝑛 }, sabendo que 𝑠𝑛 = 𝑛. Depois,


represente a série por somatório. Por fim, diga se a série converge ou diverge.

Comecemos por 𝑢1 = 1.

Para todo 𝑛 ≥ 2, temos que 𝑠𝑛 = 𝑠𝑛−1 + 𝑢𝑛 . Então:

𝑛 = 𝑛 − 1 + 𝑢𝑛 , para 𝑛 ≥ 2

Isto é,

𝑢𝑛 = 1, para 𝑛 ≥ 2

Resumindo: 𝑢1 = 1 e 𝑢𝑛 = 1 para 𝑛 ≥ 2.

Enfim, a série é:

𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 + ⋯ =

1+ 1=
𝑛=2

1.
𝑛=1

Por fim, para saber se a série converge ou diverge, aplicamos:

lim𝑛→∞ 𝑠𝑛 = lim𝑛 →∞ 𝑛 = lim𝑥→∞ 𝑥 = ∞. Diverge.

Observação: as somas parciais são:

𝑠1 = 1, 𝑠2 = 1 + 1 = 2, 𝑠3 = 1 + 1 + 1 = 3, 𝑠4 = 1 + 1 + 1 + 1 = 4, …
1
Exemplo 3. Encontre o termo 𝑢𝑛 da série {𝑠𝑛 }, sabendo que 𝑠𝑛 = 2𝑛 . Depois,
represente a série por somatório. Por fim, diga se a série converge ou diverge.
1
Comecemos por 𝑢1 = 2.

Para todo 𝑛 ≥ 2, temos que 𝑠𝑛 = 𝑠𝑛−1 + 𝑢𝑛 . Então:

1 1
𝑛
= 𝑛 −1 + 𝑢𝑛 , para 𝑛 ≥ 2
2 2
Isto é,

1 1
𝑢𝑛 = − , para 𝑛 ≥ 2
2𝑛 2𝑛−1

28
Mas,

1 1 1 1 1 1
− = 1 − = 1 − 2 = − .
2𝑛 2𝑛−1 2𝑛 2−1 2𝑛 2𝑛

Enfim, a série é:

𝑢1 + 𝑢2 + 𝑢3 + ⋯ =

1 1
+ − .
2 2𝑛
𝑛 =2

Por fim, para saber se a série converge ou diverge, aplicamos:


1
lim𝑛→∞ 𝑠𝑛 = lim𝑥→∞ 2𝑥 = 0. Converge para 0. A soma infinita é 0.

Observação: as somas parciais são:

1
𝑠1 = ,
2
1 1 1
𝑠2 = − = ,
2 4 4
1 1 1 4−2−1 1
𝑠3 = − − = = ,…
2 4 8 8 8
Nos próximos exemplos, será dado o termo da série 𝑢𝑛 e será pedido o termo
geral 𝑠𝑛 .

Exemplo 4. Dada a série abaixo, encontre uma fórmula fechada para 𝑠𝑛 , isto é,
uma fórmula sem as reticências. Depois, verifique se a série converge ou diverge.

6𝑛
𝑛=1

𝑢𝑛 = 6𝑛. Queremos encontrar o termo geral das somas parciais 𝑠𝑛 .

Ora, 𝑢1 = 6, 𝑢2 = 12, 𝑢3 = 18, 𝑢4 = 24, ….

Então,

6𝑛 = 6 + 12 + 18 + 24 + ⋯
𝑛=1

Ou seja, 𝑠1 = 6, 𝑠2 = 18, 𝑠3 = 36, …

𝑠𝑛 = 6 + 12 + 18 + 24 + ⋯ + 6 𝑛 − 1 + 6𝑛 = (soma da P. A. )

29
𝑎1 + 𝑎𝑁 𝑁 (6 + 6𝑛)𝑛
= .
2 2
6(1+𝑛)𝑛
Enfim, 𝑠𝑛 = = 3𝑛2 + 3𝑛.
2

Conferindo: 𝑠1 = 6, 𝑠2 = 18, 𝑠3 = 36, …

Assim, para sabermos se a sequência das somas parciais (a série) converge ou


diverge, aplicamos o limite

lim 𝑠𝑛 = lim 3𝑛2 + 3𝑛 = lim 3𝑥 2 + 3𝑥 = ∞.


𝑛→∞ 𝑛→∞ 𝑥→∞

Logo, a série diverge, tende ao ∞.

Exemplo 5. Dada a série abaixo, encontre uma fórmula fechada para 𝑠𝑛 , isto é,
uma fórmula sem as reticências. Depois, verifique se a série converge ou diverge.

9
𝑛=1

𝑢𝑛 = 9.

Ora, 𝑢1 = 9, 𝑢2 = 9, 𝑢3 = 9, 𝑢4 = 9, ….

Então,

9= 9+9+9+9+⋯
𝑛=1

Ou seja, 𝑠1 = 9, 𝑠2 = 18, 𝑠3 = 27, …

𝑠𝑛 = 9 + 9 + ⋯ + 9 = 9𝑛

Assim,

lim 9𝑛 = lim 9𝑥 = ∞.
𝑛→∞ 𝑥→∞

Logo, a série diverge para ∞.

Exemplo 6. Dada a série abaixo, encontre uma fórmula fechada para 𝑠𝑛 , isto é,
uma fórmula sem as reticências. Depois, verifique se a série converge ou diverge.

3
𝑛 𝑛+1
𝑛=1

3
Isto é, 𝑢𝑛 = 𝑛 .
𝑛+1

30
3 3 3 3
Ora, 𝑢1 = , 𝑢2 = , 𝑢3 = , 𝑢4 = , ….
2 6 12 20

Então,

3 3 1 1 3
= + + + +⋯
𝑛 𝑛+1 2 2 4 20
𝑛=1

Ou seja,

3
𝑠1 = = 1,5,
2
𝑠2 = 2,

1
𝑠3 = 2 + = 2,25,
4
3
𝑠4 = 2,25 + = 2,25 + 0,15 = 2,4, …
20
3 1 1 3 3
𝑠𝑛 = + + + + ⋯+
2 2 4 20 𝑛 𝑛+1

Neste formato, não dá para aplicar o limite lim⁡𝑠𝑛 , pois tem aí o sinal de
reticências.

Usando frações parciais, temos:

3 𝐴 𝐵
= +
𝑛 𝑛+1 𝑛 𝑛+1

3 𝐴(𝑛 + 1) 𝐵𝑛
= +
𝑛 𝑛+1 𝑛(𝑛 + 1) 𝑛(𝑛 + 1)

3 = 𝐴𝑛 + 𝐴 + 𝐵𝑛

3= 𝐴+𝐵 𝑛+𝐴

Aqui temos uma igualdade entre dois polinômios do primeiro grau, ou seja, os
coeficientes devem ser iguais:

𝐴 + 𝐵 = 0 (o coeficiente de 𝑛)

𝐴 = 3 (o termo independente)

Substituindo:

𝐵 = −3

Isto é,

31
3 3 3
𝑢𝑛 = = −
𝑛 𝑛+1 𝑛 𝑛+1

Logo,

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
𝑠𝑛 = 3 − + − + − + − +⋯+ − + −
2 2 3 3 4 4 5 𝑛−1 𝑛 𝑛 𝑛+1

Isto é, trata-se de uma soma telescópica, pois os termos se cancelam, sobrando


as frações de menor e de maior denominadores, já que eles não se cancelam:

3
𝑠𝑛 = 3 −
𝑛+1
3
Enfim, lim𝑛 →∞ 𝑠𝑛 = lim𝑛→∞ 3 − 𝑛+1 = 3 − 0 = 3. A série converge para a
soma 𝐿 = 3.

Exemplo 7. Dada a série abaixo, encontre uma fórmula fechada para 𝑠𝑛 , isto é,
uma fórmula sem as reticências. Depois, verifique se a série converge ou diverge.

−2
𝑛 𝑛+1
𝑛=1

−2
Isto é, 𝑢𝑛 = 𝑛 .
𝑛+1

Usando frações parciais, temos:

−2 𝐴 𝐵
= +
𝑛 𝑛+1 𝑛 𝑛+1

−2 𝐴(𝑛 + 1) 𝐵𝑛
= +
𝑛 𝑛+1 𝑛(𝑛 + 1) 𝑛(𝑛 + 1)

−2 = 𝐴𝑛 + 𝐴 + 𝐵𝑛

−2 = 𝐴 + 𝐵 𝑛 + 𝐴

𝐴+𝐵 =0

𝐴 = −2

𝐵=2

Isto é,

−2 2 2
𝑢𝑛 = =− +
𝑛 𝑛+1 𝑛 𝑛+1

Assim,

32
2 2 2 2 2 2 2 2 2
𝑠𝑛 = −2 + + − + + − + + ⋯+ − + + − +
2 2 3 3 4 𝑛−1 𝑛 𝑛 𝑛+1

Outra soma telescópica (pode ser reduzida por cancelamentos):

2
= −2 +
𝑛+1
Assim,

2
lim 𝑠𝑛 = lim −2 + =−2
𝑛 →∞ 𝑛 →∞ 𝑛+1
Logo, a série converge para −2.

Exemplo 8. Dada a série abaixo, encontre uma fórmula fechada para 𝑠𝑛 , isto é,
uma fórmula sem as reticências. Depois, verifique se a série converge ou diverge.

𝑛
ln
𝑛+1
𝑛=1

𝑛
Isto é, 𝑢𝑛 = ln 𝑛+1.

Usando as propriedades do logaritmo, temos:


𝑛
ln = ln 𝑛 − ln(𝑛 + 1)
𝑛+1

Isto é,

𝑠𝑛 = (ln 1 − ln 2) + (ln 2 − ln 3) + (ln 3 − ln 4) + ⋯ + [ln 𝑛 − 1 + ln 𝑛]

+[ln 𝑛 − ln 𝑛 + 1 ]

(soma telescópica)

= ln 1 − ln(𝑛 + 1) = − ln(𝑛 + 1)

Assim,

lim − ln(𝑛 + 1) = − ∞
𝑛→∞

Logo, a série diverge para −∞.

Exemplo 8. A série abaixo é telescópica? Se sim, encontre sua soma infinita,


caso convirja.

𝜋 𝜋
sen − sen
𝑛 𝑛+1
𝑛=1

33
Ora,
𝜋 𝜋 𝜋 𝜋
𝑠𝑛 = sen − sen + sen − sen +
1 2 2 3
𝜋 𝜋 𝜋 𝜋
sen − sen + sen − sen + ⋯ +
3 4 4 5
𝜋 𝜋 𝜋 𝜋
sen − sen + sen − sen .
𝑛−1 𝑛 𝑛 𝑛+1

Sim, é telescópica:
𝜋 𝜋
𝑠𝑛 = sen𝜋 − sen = − sen
𝑛+1 𝑛+1
𝜋
lim 𝑠𝑛 = lim − sen = − sen 0 = −0 = 0
𝑛→∞ 𝑥→∞ 𝑥+1

É uma série convergente, converge para 0.

Exemplo 9. A série abaixo é telescópica? Se sim, calcule sua soma infinita, caso
convirja.

𝑛
−1
𝑛=1

𝑠1 = −1

𝑠2 = −1 + 1 = 0

𝑠3 = −1 + 1 − 1 = 0 − 1 = −1
4
𝑠4 = −1 + −1 =0

Para 𝑛 ímpar:

𝑠𝑛 = −1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1. . . +1 − 1 = −1

Para 𝑛 par:

𝑠𝑛 = −1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + 1. . . +1 − 1 + 1 = 0

É telescópica. Mas, {𝑠𝑛 } é alternada: −1, 0, −1, 0, −1, 0, −1, 0 …


Não converge.

Exemplo 10. Considere as infinitas configurações dos pinos do jogo do boliche


seguintes:

34
...

Calcule a soma infinita dos inversos destas quantidades de pinos.

Comecemos com as quantidades de pinos:

1,

1 + 2,

1 + 2 + 3, …
𝑎 1 +𝑎 𝑁 𝑁
São todas somas de P.A.’s, isto é, :
2

1+1 1 1+2 2 1+3 3


, , ,…
2 2 2
Chame de 𝑢𝑛 o inverso da quantidade de pinos da n-ésima configuração:

1 1
𝑢𝑛 = = =
𝑎1 + 𝑎𝑛 𝑛 1+𝑛 𝑛
2 2
2 𝐴 𝐵
= = +
𝑛 𝑛+1 𝑛 𝑛+1

Em frações parciais:

2 𝐴(𝑛 + 1) 𝐵𝑛
= +
𝑛 𝑛+1 𝑛(𝑛 + 1) 𝑛(𝑛 + 1)

2= 𝐴+𝐵 𝑛+𝐴

𝐴 = 2, 𝐵 = −2.

2 2 2
𝑢𝑛 = = − .
𝑛 𝑛+1 𝑛 𝑛+1

Soma infinita 𝑠𝑛 dos inversos, vemos que ela é telescópica:

2 2 2 2 2 2 2 2
𝑠𝑛 = 2 − + − + − + ⋯+ − =2− .
2 2 3 3 4 𝑛 𝑛+1 𝑛+1

Por fim, tomando o limite:


35
2
lim 2 − = 2.
𝑛→∞ 𝑛+1

Isto é, a soma infinita dos inversos das quantidades de pinos do jogo do boliche
é igual a 2.

Exercícios.
1. Encontre o termo 𝑢𝑛 da série {𝑠𝑛 }, sabendo que 𝑠𝑛 = 3𝑛 . Depois, represente
a série por somatório. Por fim, diga se a série converge ou diverge.

2. Encontre o termo 𝑢𝑛 da série {𝑠𝑛 }, sabendo que 𝑠𝑛 = 2𝑛. Depois, represente


a série por somatório. Por fim, diga se a série converge ou diverge.
1
3. Encontre o termo 𝑢𝑛 da série {𝑠𝑛 }, sabendo que 𝑠𝑛 = 5𝑛 . Depois, represente
a série por somatório. Por fim, diga se a série converge ou diverge.

4. Dada a série abaixo, encontre uma fórmula fechada para 𝑠𝑛 , isto é, uma
fórmula sem as reticências. Depois, verifique se a série converge ou diverge.

𝑛
𝑛=1

5. Dada a série abaixo, encontre uma fórmula fechada para 𝑠𝑛 , isto é, uma
fórmula sem as reticências. Depois, verifique se a série converge ou diverge.

𝜋
𝑛=1

6. Dada a série abaixo, encontre uma fórmula fechada para 𝑠𝑛 , isto é, uma
fórmula sem as reticências. Depois, verifique se a série converge ou diverge.

2
(4𝑛 − 3) 4𝑛 + 1
𝑛 =1

7. Dada a série abaixo, encontre uma fórmula fechada para 𝑠𝑛 , isto é, uma
fórmula sem as reticências. Depois, verifique se a série converge ou diverge.

−1
𝑛 𝑛+1
𝑛=1

8. Dada a série abaixo, encontre uma fórmula fechada para 𝑠𝑛 , isto é, uma
fórmula sem as reticências. Depois, verifique se a série converge ou diverge.

𝑛+2
ln
𝑛+1
𝑛=1

36
9. A série

7𝑛 + 6
𝑛=1

é monótona? Dica: ache 𝑠𝑛 .

10. A série abaixo é monótona? Dica: observe que 𝑢𝑛 > 0,1.



𝑛+6
𝑛 𝑛+1
𝑛=1

11. A série abaixo é monótona?



𝑎𝑛
, onde 𝑎 > 0.
𝑛!
𝑛=1

12. Em cada série das questões de 1 a 11 anteriores, encontre

lim 𝑢𝑛 .
𝑛→∞

13. Encontre as primeiras dez somas parciais da série

1
1 + 0,5 + 0,25 + 0,125 + 0,0625 + ⋯ + +⋯
2𝑛 −1
14. Transforme o termo 𝑢𝑛 da série da questão 10 em frações parciais e
verifique que ela não é uma série telescópica.

15. A série abaixo é uma série telescópica? Dica, primeiro, transforme


2
𝑛 − 1 = 𝑛 − 1 (𝑛 + 1) e depois transforme em frações parciais.

2𝑛 + 5
𝑛2 − 1
𝑛=2

16. A série abaixo é telescópica? Se sim, calcule sua soma infinita caso convirja.

cos( 𝑛𝜋) − cos 𝑛 + 1 𝜋


𝑛 =1

17. A série abaixo é telescópica? Se sim, calcule sua soma infinita caso convirja.

𝑒 𝑛 +1 − 𝑒 𝑛
𝑛=1

18. Seja

37
3 1 − 0,2𝑛
𝑠𝑛 = , 𝑛 = 1,2, …
1 − 0,2

Encontre 𝑢𝑛 . Verifique se a série converge ou diverge.

19. Seja −1 < 𝑞 < 1. Compare com a questão 21.

1 − 𝑞𝑛
𝑠𝑛 = 𝑎 , 𝑛 = 1, …
1−𝑞

Encontre 𝑢𝑛 . Verifique se a série converge ou diverge.

Resolução:

𝑢1 = 𝑎.

Para 𝑛 ≥ 2:

𝑢𝑛 = 𝑠𝑛 − 𝑠𝑛−1

1 − 𝑞𝑛 1 − 𝑞 𝑛−1
𝑢𝑛 = 𝑎 −𝑎
1−𝑞 1−𝑞

𝑎 − 𝑎𝑞 𝑛 − 𝑎 + 𝑎𝑞 𝑛−1
𝑢𝑛 =
1−𝑞

−𝑎𝑞 𝑛 + 𝑎𝑞 𝑛−1
𝑢𝑛 =
1−𝑞

𝑎𝑞 𝑛−1 − 𝑎𝑞 𝑛
𝑢𝑛 = =
1−𝑞

𝑎𝑞 𝑛−1 1 − 𝑞
=
1−𝑞

𝑎𝑞 𝑛−1 , 𝑛 ≥ 2.

Porém, 𝑢1 = 𝑎 = 𝑎𝑞 0 = 𝑎𝑞1−1 . Ou seja, 𝑢1 também satisfaz a fórmula 𝑢𝑛 = 𝑎𝑞 𝑛−1 .

Logo, 𝑢𝑛 = 𝑎𝑞 𝑛−1 , 𝑛 = 1,2, …

A série converge?

1 − 𝑞𝑛 𝑎
lim 𝑠𝑛 = lim 𝑎 = .
𝑛→∞ 𝑛→∞ 1−𝑞 1−𝑞
𝑎
Logo, converge e converge para 1−𝑞 .

38
5 Critérios de convergência e de divergência de séries

Seja a série {𝑠𝑛 }, representada por 𝑛=1 𝑢𝑛 .

Teorema 1. Se 𝑢𝑛 não tende a zero, então {𝑠𝑛 } diverge!

Se 𝑢𝑛 tende a zero, este teste é inconclusivo.

Corolário (conseqüência): Se {𝑠𝑛 } converge, então 𝑢𝑛 tende a zero.

O que o teorema 1 diz é que, se 𝑢𝑛 ↛ 0, então {𝑠𝑛 } não converge. Agora, se


𝑢𝑛 → 0, então, nada se pode afirmar sobre a convergência da série {𝑠𝑛 }: haverá casos
que 𝑠𝑛 irá convergir e casos que 𝑠𝑛 irá divergir.

Teorema 2. A série abaixo, chamada série harmônica:



1 1 1 1
= 1+ + + +⋯
𝑛 2 3 4
𝑛=1

1
é divergente, e tende a infinito, apesar de que 𝑢𝑛 = 𝑛 → 0.

A série do exercício 22 do capítulo anterior é chamada série geométrica. Vamos


revê-la aqui no próximo teorema.

Teorema 3. Considere 𝑎 real e −1 < 𝑞 < 1, 𝑞 não nulo. Então, a chamada série
geométrica de razão 𝑞 é a série:

𝑎𝑞 𝑛 = 𝑎 + 𝑎𝑞 + 𝑎𝑞 2 + 𝑎𝑞 3 + ⋯
𝑛=0 𝑎1

converge, e converge para


𝑎1
1−𝑞

O termo 𝑎1 é o primeiro termo da série. Então, a série geométrica converge


para o primeiro termo dividido por: 1 menos a razão, sempre que a razão estiver entre
−1 e 1.

Observe que, para −1 < 𝑞 < 1, temos:


∞ ∞
𝑛−1
𝑎1
𝑎𝑞 = 𝑎𝑞 𝑛 = 𝑎 + 𝑎𝑞 + 𝑎𝑞 2 + 𝑎𝑞 3 + ⋯ =
𝑎1
1−𝑞
𝑛=1 𝑛=0

A demonstração está na resolução do exercício 22 do capítulo anterior, na qual


𝑎 1−𝑞 𝑛
inclusive está dada a fórmula do 𝑠𝑛 = .
1−𝑞

39
Por outro lado, considere 𝑎 real e 𝑞 ≥ 1 ou 𝑞 ≤ −1. Então, a mesma série
geométrica de razão 𝑞 é a série:

𝑎𝑞 𝑛 = 𝑎 + 𝑎𝑞 + 𝑎𝑞 2 + 𝑎𝑞 3 + ⋯ =
𝑛=0

𝑎𝑞 𝑛−1
𝑛=1

diverge, ou seja, não converge.

Teorema 4. Se duas séries se diferem apenas nos primeiros termos, então ou


ambas convergem ou ambas divergem.

Teorema 5. Considere 𝑐 um real não nulo. Então, se a série 𝑛=1 𝑢𝑛 converge
para 𝐿, a série ∞
𝑛=1 𝑐 ∙ 𝑢𝑛 converge para 𝑐𝐿.

∞ ∞
Ou seja, se 𝑛=1 𝑢𝑛 = 𝐿, então: 𝑛=1 𝑐 ∙ 𝑢𝑛 = 𝑐𝐿.

Teorema 6. Considere novamente 𝑐 uma constante real não nula. Então, se a



série diverge, a série ∞
𝑛=1 𝑢𝑛 𝑛=1 𝑐 ∙ 𝑢𝑛 diverge também.

Teorema 7. Se

𝑎𝑛 = 𝐿 (converge para 𝐿)
𝑛=1

e

𝑏𝑛 = 𝑀 converge para 𝑀 ,
𝑛=1

então:

(𝑎𝑛 ± 𝑏𝑛 ) = 𝐿 ± 𝑀.
𝑛=1

Teorema 8. Se

𝑎𝑛 = 𝐿 (converge)
𝑛=1

e se

40

𝑏𝑛
𝑛 =1

diverge, então:

(𝑎𝑛 ± 𝑏𝑛 )
𝑛=1

diverge.
∞ ∞
Observação, se 𝑛 =1 𝑎𝑛 e 𝑛=1 𝑏𝑛 diverge, então nada se pode afirmar das
series

(𝑎𝑛 ± 𝑏𝑛 )
𝑛=1

Exemplos.

Exemplo 1. Use o teorema 1 para ver se a série abaixo diverge ou se nada pode ser
afirmado pelo teorema 1.

a)

6𝑛
𝑛=1

Pelo teorema 1, como 𝑢𝑛 = 6𝑛 → ∞ (tende a infinito quando 𝑛 tende a


infinito), ou seja, 6𝑛 ↛ 0 (não tende a zero quando 𝑛 tende a infinito), isto é, pelo
teorema 1, a série não converge, ela diverge.

b)

𝑛2
𝑛+2
𝑛=1

𝑛2
Ora, 𝑛+2 → ∞, logo, a série não converge, pelo teorema 1.

c)

6𝑛
𝑛+7
𝑛=1

6𝑛
Ora, 𝑛+7 → 6, então, a série não converge, pelo teorema 1.

41
d)

1
𝑛
𝑛=1

1
→ 0, então, nada se pode afirmar, ainda, se esta série converge ou diverge.
𝑛

Mas, pelo teorema 2, ela diverge, porque é a série harmônica.

Exemplo 2. Use os teoremas 2 e 4 para ver se a série abaixo converge ou


diverge.

a)

1
𝑛−2
𝑛=4

Ora,

1 1 1 1
= + + +⋯
𝑛−2 2 3 4
𝑛=4

∞ 1 1 1 1 1
A série difere da harmônica 𝑛=1 𝑛 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + ⋯ apenas nos
primeiros temos. Então, pelos teoremas 2 e 4, ela diverge.

b)

1
𝑛+2
𝑛=1

Ora,

1 1 1 1
= + + +⋯
𝑛+2 3 4 5
𝑛=1

∞ 1 1 1 1 1 1 1
A série difere da harmônica 𝑛=1 𝑛 = 1 + + + + + + + ⋯ apenas nos
2 3 4 5 6 7
primeiros temos. Então, pelos teoremas 2 e 4, ela diverge.

Exemplo 3. Use os teoremas 2 e 6 para ver se a série abaixo converge ou


diverge.

a)

5
𝑛
𝑛=1

42
Ora,
∞ ∞
5 1
= 5∙
𝑛 𝑛
𝑛=1 𝑛=1

Então, pelos teoremas 2 e 6, ela diverge.

b)

5
2𝑛
𝑛=1

Ora,
∞ ∞
5 5 1
= ∙
2𝑛 2 𝑛
𝑛=1 𝑛=1

Então, pelos teoremas 2 e 6, ela diverge.

Exemplo 4. Use o teorema 3 para ver se a série abaixo converge ou diverge.

a)
∞ 𝑛
1
4
𝑛=0

1
Ora, pelo teorema 3, trata-se da série geométrica de razão 𝑞 = 4:

𝑎 + 𝑎𝑞 + 𝑎𝑞 2 + 𝑎𝑞 3 + ⋯=
𝑎1

1 1 1
1+ + + +⋯
4 16 32
1
𝑎1 = 1, 𝑞 = :
4
𝑎1 1 4
Soma infinita = = =
1−𝑞 1−1 3
4
1 1 1 4
1+ + + + ⋯ = = 1,33333 …
4 16 64 3
b)
∞ 𝑛
1

2
𝑛=0

43
1
Ora, pelo teorema 3, trata-se da série geométrica de razão − :
2

𝑎 + 𝑎𝑞 + 𝑎𝑞 2 + 𝑎𝑞 3 + ⋯ =

1 1 1 1
1− + − + −⋯=
2 4 8 16
1 2
= =
1 3
1 − −2

c)

4
5𝑛
𝑛=0

Ora, pelo teorema 3, trata-se da série geométrica com razão igual a 1/5:

4 4 4
4+ + +⋯= = 5.
5 25 1
1−
5
4 4
4+ + + ⋯ = 5.
5 25
d)

4
5𝑛
𝑛=1

Ora, pelo teorema 3, trata-se da série geométrica com razão igual a 1/5:

4 4 2
+ + +⋯
5 25 125
𝑎1

4/5
= = 1.
1
1−
5
e)
∞ 𝑛
1
4
𝑛=1

Ora, pelo teorema 3, trata-se da série geométrica:

1 1 𝑎1
+ +⋯= =
4 16 1−𝑞
𝑎1

44
1
4 1 4 1
= = .
1 4 3 3
1−4

f)
∞ 𝑛
1

2
𝑛=1

1
Ora, pelo teorema 3, trata-se da série geométrica de razão − 2:

1 1 1 𝑎
− + − +⋯= =
2 4 8 1−𝑞

1
−2 1 2 1
=− =− .
1 2 3 3
1+2

g)
∞ 𝑛
1
3 −
2
𝑛=1

Ora, pelo teorema 3, trata-se da série geométrica de razão −1/2:

3 3 3
− + − +⋯=
2 4 8
3
−2 3 2
=− = −1.
1 2 3
1+2

Exemplo 5. Use os teoremas 7 e 8 para ver se a série abaixo converge ou


diverge.

a)
∞ 𝑛
1 6
− +
2 𝑛
𝑛=1

Pelo teorema 8, diverge.

b)

5 2
𝑛

7 𝑛+9
𝑛=0

45
Pelo teorema 8, diverge.

c)

9
+ 0,8𝑛
𝑛
𝑛=0

Pelo teorema 8, diverge.

d)

7𝑛 + 0,8𝑛
𝑛=0

Pelo teorema 8, diverge.

e)
∞ 𝑛
𝑛
1
3 ∙ 0,1 + 7 ∙
3
𝑛=0

Pelo teorema 7, converge para:

3 7 30 21 10 21 83
+ = + = + = .
1 − 0,1 1 − 1 9 2 3 2 6
3
f)

3 + 0,1𝑛
𝑛=0

Pelo teorema 8, diverge.

Exemplo 6. Uma bola cai de 12 metros de altura, e cada vez que bate no chão
sobe ¾ da altura anterior. Qtos metros ela percorre até parar?

Ora,

3 3 3 3 3 3
𝑠𝑛 = 12 + 12 + 12 + 12 + (12) + ⋯
4 4 4 4 4 4
3 3 3
= 12 + 24 + +⋯ =
4 4 4
3
= 12 + 24 4 =
3
1−4

46
12 + 24 3 = 12 + 72 = 84 m.

Ou seja,
𝑛 −1
6
𝑢𝑛 = 12 e
4
∞ 𝑛 −1
6
12 =
4
𝑛 =1

∞ 𝑛
6 12
12 = = 48.
4 3
𝑛=0 1−4

Exemplo 7. Tranforme 5,81111... em fração, usando séries.

5,81111 … =

5,8 + 0,01 + 0,001 + 0,0001 + 0,00001 + ⋯

58 1 1 1 1
+ + + + … =
10 100 1000 10000 100000
1
58 100
+ =
10 1 − 1
10
58 1 10
+ =
10 100 9
58 1
+ =
10 90
522 + 1
=
90
523
.
90

Exercícios.
Exercício 1. Verifique se as séries abaixo convergem ou divergem. As que
convergem, encontre o valor para o qual convergem.

a)

11𝑛
𝑛=1

b)

47

𝑛2
4𝑛 + 1
𝑛=1

c)

5𝑛
8𝑛 − 1
𝑛=1

d)

1
𝑛
𝑛=1

e)

1
𝑛+3
𝑛=1

f)

1
𝑛 + 12
𝑛=1

g)

4
𝑛
𝑛=1

h)

−5
3𝑛
𝑛 =1

i)
∞ 𝑛
1
3
𝑛=0

j)
∞ 𝑛
1

4
𝑛=0

k)

48

2
3𝑛
𝑛=0

l)

2
3𝑛
𝑛=1

m)
∞ 𝑛
1
3
𝑛=1

n)
∞ 𝑛
1

3
𝑛=1

o)
∞ 𝑛
1

3
𝑛=0

p)
∞ 𝑛
1 11
− +
3 𝑛
𝑛=1

q)

6 3
𝑛

5 𝑛+7
𝑛=0

r)

3
+ 0,6𝑛
𝑛
𝑛=0

s)

𝑒 𝑛 + 0,1𝑛
𝑛=0

t)

49
∞ 𝑛
𝑛
1
2 ∙ 0,2 + 2 ∙
2
𝑛=0

u)

𝜋 + 0,01𝑛
𝑛=0

v)

cosh 𝑛
𝑛=0

w)
∞ 𝑛
𝑛 1
+2∙
𝑛+1 2
𝑛=0

x)

𝑛2
−1
𝑛(𝑛 + 1)
𝑛=0

Exercício 2. Uma bola cai de 10 metros de altura, e cada vez que bate no chão
sobe 1/5 da altura anterior. Qtos metros ela percorre até parar?

Exercício 3. Transforme 8,33333 … em uma fração de inteiros, usando séries.

Exercício 4. Quanto vale a soma abaixo:

7 7 7
𝑎) 7 + + + +⋯
100 10000 1000000
2 2 2
𝑏) 2 + + + +⋯
10 100 1000

50
6 Testes de Comparação entre séries, a 𝒑-série e o teste da
Integral

Neste capítulo, veremos mais cinco testes para convergência ou divergência de


séries, mas desta vez para séries que possuem apenas termos 𝑢𝑛 positivos. Os
primeiros três teoremas são denominados testes da comparação. O penúltimo
teorema, a 𝑝-série. O quinto e último, teste da integral.
∞ ∞
Teorema 1. Se 0 < 𝑢𝑛 ≤ 𝑣𝑛 , e se 𝑛=1 𝑣𝑛 converge, então 𝑛=1 𝑢𝑛 também
converge.
∞ ∞
Da mesma forma, se 0 < 𝑢𝑛 ≤ 𝑣𝑛 , e se 𝑛=1 𝑢𝑛 diverge, então 𝑛=1 𝑣𝑛
também diverge.

Exemplo 1. Verifique se a série abaixo converge ou diverge.

a)

2
4𝑛 + 6
𝑛=1

Observe que
𝑛
2 2 1
𝑛
≤ 𝑛 =2 .
4 +6 4 4
2
E sabemos que a série de termo 4 𝑛 converge, por ser uma geométrica de razão
1
𝑞 = 4. Logo, a série dada também converge, pelo teorema 1.

b)

1

𝑛=1
𝑛

1 1 1
Observe que ≥ 𝑛 . E sabemos que a série de termo 𝑛 diverge, por ser a série
𝑛
harmônica. Logo, a série dada também diverge, pelo teorema 1.

c)

3
6𝑛 +1
𝑛=1

51
3 3 1 𝑛 3
Observe que 6𝑛 +1 ≤ 6𝑛 = 3 . E sabemos que a série de termo 6𝑛 converge,
6
1
por ser uma geométrica de razão 𝑞 = 6. Logo, a série dada também converge, pelo
teorema 1.

b)

3

𝑛 =1
5 𝑛

3 3 3
Observe que 5 ≥ 5𝑛 . E sabemos que a série de termo 5𝑛 diverge, por ser um
𝑛
múltiplo da série harmônica. Logo, a série dada também diverge, pelo teorema 1.

c)

1
𝑛!
𝑛=1

Ora:

1 1 1 1
1+ + + + +⋯≤
2 3∙2 4∙3∙2 5∙4∙3∙2
1 1 1 1
1+ + + + + ⋯ = (geométrica)
2 2∙2 2∙2∙2 2∙2∙2∙2

1
= = 2.
1
1−2

Logo, a série dada converge, e converge para um valor menor ou igual do que

2.

d)


7
𝑛
𝑛=1

7 1 1
Ora, > 𝑛 e a série de termo é divergente, logo, a série dada na questão
𝑛 𝑛
diverge também.

52

Teorema 2. Tome 𝑢𝑛 > 0 e 𝑣𝑛 > 0, com 𝑛=1 𝑣𝑛 convergente. Então, se
𝑢𝑛
→ 𝑐 ≥ 0 número real ,
𝑣𝑛

então a série

𝑢𝑛
𝑛=1

𝑢
também converge. Obs: nesse caso, se 𝑣 𝑛 → ∞, nada se afirma.
𝑛


Teorema 3. Tome 𝑢𝑛 > 0 e 𝑣𝑛 > 0, com 𝑛=1 𝑣𝑛 divergente. Então, se
𝑢𝑛 𝑢𝑛
→ 𝑐 > 0 número real positivo ou →∞
𝑣𝑛 𝑣𝑛

então a série

𝑢𝑛
𝑛=1

𝑢
também diverge. Obs: nesse caso, se 𝑣 𝑛 → 0, nada se afirma.
𝑛

Teorema 4. A 𝑝-série. A série



1
𝑛𝑝
𝑛=1

converge se 𝑝 > 1 e diverge se 0 ≤ 𝑝 ≤ 1. Observe que se 𝑝 = 1, temos aí a série


harmônica, divergente.

Exemplo 2. Verifique se a série abaixo converge ou diverge:



𝑛2
𝑛4 + 1
𝑛=1

1
Dica: compare com a série de termo 𝑣𝑛 = 𝑛 𝑑 , cujo expoente 𝑑 é a diferença
entre os graus do numerador e denominador. No nosso exemplo, 𝑑 = 4 − 2 = 2.
Logo, vamos comparar com a série

1
𝑛2
𝑛 =1

1
que converge pelo teorema 4, a série de termo 𝑛 2 é a 𝑝-série com 𝑝 = 2 > 1. Então:

53
𝑛2
𝑢𝑛 4
= 𝑛 +1 =
𝑣𝑛 1
𝑛2
𝑛4
→ 1.
𝑛4 + 1

Como o limite deu um número real maior ou igual do que zero, logo, a série
dada também converge pelo teorema 2.

Exemplo 3. Verifique se a série abaixo converge ou diverge:



𝑛3
𝑛4 + 1
𝑛=1

1
Dica: compare com a série de termo 𝑣𝑛 = 𝑛 𝑑 , cujo expoente 𝑑 é a diferença
entre os graus do numerador e denominador. No nosso exemplo, 𝑑 = 4 − 3 = 1.
Logo, vamos comparar com a série

1
𝑛
𝑛=1

que diverge, por ser harmônica. Então:

𝑛3
𝑢𝑛 4
= 𝑛 +1 =
𝑣𝑛 1
𝑛
𝑛4
→ 1.
𝑛4 + 1

Como o limite deu um número real positivo (ou infinito), logo, a série dada
também diverge pelo teorema 3.

Exemplo 4. Verifique se a série abaixo converge ou diverge:



2𝑛3 + 𝑛 + 5
𝑛7 + 6𝑛6 + 𝑛2 + 88
𝑛 =1

1
Dica: compare com a série de termo 𝑣𝑛 = 𝑛 𝑑 , cujo expoente 𝑑 é a diferença
entre os graus do numerador e denominador. No nosso exemplo, 𝑑 = 7 − 3 = 4.
Logo, vamos comparar com a série

54

1
𝑛4
𝑛 =1

que converge, por ser uma 𝑝-série de 𝑝 = 4 > 1. Então:

2𝑛3 + 𝑛 + 5
𝑢𝑛 7 6 2
= 𝑛 + 6𝑛 + 𝑛 + 88 =
𝑣𝑛 1
𝑛4

2𝑛7 + 𝑛5 + 5𝑛4
→ 2.
𝑛7 + 6𝑛6 + 𝑛2 + 88
Como o limite deu um número real maior ou igual do que zero, logo, a série
dada também converge pelo teorema 2.

Exemplo 5. Verifique se a série abaixo converge ou diverge:



𝑛

𝑛=1
𝑛3 + 1

3 1
Ora, 2 − 2 = 1.

Comparemos com a série



1
𝑛
𝑛=1

que diverge, por ser harmônica. Então:

𝑛
𝑢𝑛 𝑛3 +1 =
=
𝑣𝑛 1
𝑛
3
𝑛2 𝑛3
= → 1.
𝑛3 + 1 𝑛3 + 1

Como o limite deu um número real positivo (ou infinito), logo, a série dada
também diverge pelo teorema 3.

Teorema 5. Teste da integral. Dada a sequência básica 𝑢𝑛 = 𝑢(𝑛) decrescente,


de valores positivos, na qual 𝑢(𝑥) é uma função contínua de 𝑥 ≥ 1. Então:

Se

55

𝑢(𝑥) 𝑑𝑥
1


existe, então a série 𝑛=1 𝑢𝑛 converge, mas não necessariamente para o valor da
integral.

Se

𝑢(𝑥) 𝑑𝑥 = ∞
1


então a série 𝑛=1 𝑢𝑛 diverge.

Exemplo 6. Verifique se as séries abaixo convergem ou divergem pelo teste da integral:

a)

1
𝑛
𝑛=1

Trata-se da série harmônica (ou a 𝑝-série com 𝑝 = 1). Logo, diverge. Mas o
problema pediu pelo teste da integral:

1
𝑑𝑥 =
𝑥
1

𝑏
1
lim 𝑑𝑥 =
𝑏→∞ 𝑥
1

𝑥=𝑏
lim ln 𝑥 =
𝑏→∞ 𝑥=1

lim ln 𝑏 − ln 1 =
𝑏→∞

∞ − 0 = ∞.

Logo, a série diverge.

b)

1
𝑛2
𝑛 =1

É a 𝑝-série, converge, pois 𝑝 = 2 > 1.

56
Porém, pelo teste da integral:

1
𝑑𝑥 =
𝑥2
1

∞ 𝑏

𝑥 −2 𝑑𝑥 = lim 𝑥 −2 𝑑𝑥 =
𝑏→∞
1 1

𝑥=𝑏
𝑥 −2+1
lim =
𝑏→∞ −2 + 1
𝑥=1

𝑏 −2+1 1−2+1
lim − =
𝑏→∞ −2 + 1 −2 + 1

1 1
lim − − = 0 + 1 = 1.
𝑏→∞ 𝑏 −1

Logo, a série converge, não necessariamente para o valor desta integral 1.

c)

𝑛𝑒 −𝑛
𝑛=1

Como

𝑥𝑒 −𝑥 ′
= 𝑒 −𝑥 + 𝑥𝑒 −𝑥 −1 = 𝑒 −𝑥 − 𝑥𝑒 −𝑥 = 𝑒 −𝑥 1 − 𝑥 < 0

para todo 𝑥 > 1, então 𝑠 𝑛 = 𝑛𝑒 −𝑛 é decrescente. Além disto, 𝑛𝑒 −𝑛 > 0. Então,


podemos usar o teste da integral:
∞ 𝑏
𝑏 𝑏
𝑥𝑒 −𝑥 𝑑𝑥 = lim −𝑏𝑒 −𝑏 − (−1𝑒 −1 ) − −𝑒 −𝑥 𝑑𝑥 = lim − + 𝑒 −1 −𝑒 −𝑥 1 =
𝑏→∞ 𝑏→∞ 𝑒𝑏
1 1

𝑏
lim − + 𝑒 −1 − 𝑒 −𝑏 − 𝑒 −1 =
𝑏→∞ 𝑒𝑏

= 2𝑒 −1 .

Logo, como a integral convergiu, então a série dada converge, mas não
necessariamente para o valor da integral 2𝑒 −1 .

d)

57

1

𝑛=2
𝑛 ln 𝑛

1
Bem, a função é decrescente e positiva, então podemos usar o teste da
𝑥 ln 𝑥
integral:

1
𝑑𝑥 =
𝑥 ln 𝑥
2

∞ 1

2 1
ln 𝑥 ∙ 𝑑𝑥 =
𝑢
𝑥
2 𝑑𝑢

1 𝑏
𝑢−2+1
lim =
𝑏→∞ 1
− +1
2 2

1 𝑏
ln 𝑥 2 1 1
lim = lim 2 ln 𝑏 2 − 2 ln 2 2 = ∞ − 2 ln 2 = ∞.
𝑏→∞ 1 𝑏→∞
2 2

Como a integral diverge, então a série dada também diverge.

e)

1
𝑝
, nos casos 𝑝 > 1, 𝑝 = 1, 𝑝 < 1
𝑛 ln 𝑛 ln ln 𝑛
𝑛=3

1
Bem, a função é decrescente e positiva, então podemos usar o
𝑛 ln 𝑛 ln ln 𝑛 𝑝
teste da integral:

1
𝑝
𝑑𝑥 =
𝑥 ln 𝑥 ln ln 𝑥
3

𝑝
∞ ∞ −𝑝
1 1 1 1 1
∙ ∙ 𝑑𝑥 = ln ln 𝑥 ∙ ∙ 𝑑𝑥 =
ln ln 𝑥 ln 𝑥 𝑥 ln 𝑥 𝑥
3 3 𝑢
𝑢 𝑑𝑢 𝑑𝑢

𝑢−𝑝 𝑑𝑢
3

𝑑𝑢 ′ 1 1 1 1
Obs: 𝑑𝑥 = ln ln 𝑥 = ln 𝑥 ∙ 𝑥 → 𝑑𝑢 = ln 𝑥 ∙ 𝑥 𝑑𝑥

58
𝑏
𝑢−𝑝+1
lim =
𝑏→∞ −𝑝 + 1
3

𝑏
[ln ln 𝑥 ]1−𝑝 [ln ln 𝑏 ]1−𝑝 [ln ln 3 ]1−𝑝
lim = lim −
𝑏→∞ 1−𝑝 3
𝑏→∞ 1−𝑝 1−𝑝

*𝑝 > 1:

∞negativo ln ln 3 1−𝑝
− =
1−𝑝 1−𝑝

1 ln ln 3 1−𝑝 ln ln 3 1−𝑝
− =
∞(1 − 𝑝) 1−𝑝 𝑝−1

Ou seja, a integral converge, então a série converge, não


necessariamente para este valor da integral.

*𝑝 = 1:
𝑏
lim ln 𝑢 = lim ln ln ln 𝑏 − ln ln ln 3 =∞
𝑏→∞ 3 𝑏→∞

A integral diverge, então a série dada diverge.

*𝑝 < 1:

∞ ln ln 3 1−𝑝
− =∞
(1 − 𝑝) 1−𝑝

A integral diverge, então a série dada diverge.

e)

tan−1 𝑛
1 + 𝑛2
𝑛=1

𝑑 tan−1 𝑥 1 2𝑥
2
= + tan−1 𝑥 − =
𝑑𝑥 1 + 𝑥 1 + 𝑥2 2 1 + 𝑥2 2

1
1 −2𝑥tan−1 𝑥
1 + 𝑥2 2

Ora,
𝜋
tan−1 𝑥 ≥ e 𝑥 ≥ 1. Então:
4

59
2𝑥𝜋 𝑥𝜋 𝜋
1 −2𝑥tan−1 𝑥 ≤ 1 − =1− ≤ 1 − = −0,5 < 0,
4 2 2
ou seja, a derivada é negativa, o que indica que a função é decrescente. Também,
temos que tan−1 𝑥 > 0 para 𝑥 ≥ 1. Logo, podemos usar o teste da integral:

tan−1 𝑥
𝑑𝑥 =
1 + 𝑥2
𝑥=1

tan−1 𝑏 2
tan−1 1 2
𝜋 2 𝜋 2 3𝜋 2
lim − = − = .
𝑏→∞ 2 2 8 32 32

Exercícios
Exercício 1. Verifique se a série abaixo converge ou diverge.

a)

1
3𝑛 + 18
𝑛=1

b)

1
3
𝑛=1
𝑛

c)

5
7𝑛 + 𝑒
𝑛=1

d)

2

𝑛 =1
7 𝑛

Exercício 2. Verifique se a série abaixo converge ou diverge:



𝑛3
𝑛5 + 2021
𝑛=1

Exercício 3. Verifique se a série abaixo converge ou diverge:

60

𝑛4
𝑛5 + 𝜋
𝑛=1

Exercício 4. Verifique se a série abaixo converge ou diverge:



2𝑛3 + 𝑛2 + 5𝑛
𝑛4 + 6𝑛3 + 𝑛2 + 88𝑛
𝑛=1

Exercício 5. Verifique se a série abaixo converge ou diverge:



𝑛

𝑛=1
𝑛5 + 1

Exercício 6. Verifique se as séries abaixo convergem ou divergem pelo teste da


integral:

a)

1
𝑛3
𝑛 =1

b)

1
𝑛0,8
𝑛=1

c)

𝑛𝑒 −2𝑛 dica: por partes, 𝑢 = 𝑥, 𝑑𝑣 = 𝑒 −2𝑥


𝑛 =1

d)

1
dica: 𝑢 = ln 𝑥 , por substituição
𝑛 ln 𝑛
𝑛=3

e)

1
𝑛 ln 𝑛 𝑝
𝑛=3

Dica: faça separados os casos: 𝑝 = 1, 𝑝 < 1 e 𝑝 > 1.

61
Exercício 7. Suponha duas séries convergentes de termos positivos 𝑎𝑛 e 𝑏𝑛 . Mostre:

a) a série de termo 𝑎𝑛 𝑏𝑛 converge.

b) a série de termo 𝑎𝑛 𝑏𝑛 não converge necessariamente para o produto dos limites


das séries.

62
7 Demonstrações de alguns teoremas já vistos
Soma dos termos da PA

Considere a PA:

𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 , … 𝑎𝑛−2 , 𝑎𝑛−1 , 𝑎𝑛 .

Por que

𝑎1 + 𝑎𝑛 𝑛
𝑎1 + 𝑎2 + ⋯ + 𝑎𝑛 = ?
2
Sendo a razão 𝑟, estes termos são escritos assim:

𝑎1 + 0𝑟, 𝑎1 + 𝑟, 𝑎1 + 2𝑟, … 𝑎1 + 𝑛 − 3 𝑟, 𝑎1 + 𝑛 − 2 𝑟, 𝑎1 + 𝑛 − 1 𝑟

Observe: se somarmos o primeiro com o último, o segundo com o penúltimo, o


terceiro com o antepenúltimo, sempre dá a mesma expressão 𝑎1 + 𝑎𝑛 :

𝑎1 + 𝑎𝑛 = 𝑎1 + 𝑎𝑛

𝑎2 + 𝑎𝑛−1 =

𝑎1 + 𝑟 + 𝑎1 + 𝑛 − 2 𝑟 = 𝑎1 + 𝑎1 + 𝑛 − 1 𝑟 = 𝑎1 + 𝑎𝑛

𝑎3 + 𝑎𝑛−2 =

𝑎1 + 2𝑟 + 𝑎1 + 𝑛 − 3 𝑟 = 𝑎1 + 𝑎1 + 𝑛 − 1 𝑟 = 𝑎1 + 𝑎𝑛

Agora, vamos à soma dos termos da PA:

Somando, nosso objetivo é encontrar uma fórmula fechada para 𝑆:

𝑆 = 𝑎1 + 𝑎2 + 𝑎3 + ⋯ + 𝑎𝑛−2 + 𝑎𝑛−1 + 𝑎𝑛

Somando novamente, invertendo os termos:

𝑆 = 𝑎𝑛 + 𝑎𝑛−1 + 𝑎𝑛−2 + ⋯ + 𝑎3 + 𝑎2 + 𝑎1

Somando estas duas igualdades:

2𝑆 = 𝑛 𝑎1 + 𝑎𝑛

Logo,

𝑎1 + 𝑎𝑛 𝑛
𝑆=
2

Teorema 1 do capítulo 5: se 𝒖𝒏 não tende a zero, então {𝒔𝒏 } diverge

63
Demonstração. Suponha que 𝑢𝑛 não tende a zero, mas que a série convirja, isto
é, lim𝑛 →∞ 𝑠𝑛 = 𝐿 (𝑠𝑛 tende a um número real 𝐿, quando 𝑛 tende a infinito). Então,
também, lim𝑛→∞ 𝑠𝑛+1 = 𝐿. Logo, como sabemos do capítulo anterior que

𝑠𝑛+1 = 𝑠𝑛 + 𝑢𝑛+1 , 𝑛 ≥ 1.

então, isolando 𝑢𝑛 +1 :

𝑢𝑛 +1 = 𝑠𝑛+1 − 𝑠𝑛

Portanto, aplicando o limite em 𝑢𝑛 :

lim 𝑢𝑛 = lim 𝑢𝑛+1 = lim 𝑠𝑛+1 − 𝑠𝑛


𝑛→∞ 𝑛→∞ 𝑛→∞

lim 𝑢𝑛 = 𝐿 − 𝐿 = 0,
𝑛→∞

uma contradição da suposição inicial de que 𝑢𝑛 não tende a zero, logo é falso que
lim𝑛→∞ 𝑠𝑛 = 𝐿. Assim, 𝑠𝑛 diverge.

A série harmônica

1 1 1
= 1+ + +⋯
𝑛 2 3
𝑛=1

Pelo teste da integral,



1
𝑑𝑥 = lim ln 𝑏 − ln 1 = ln ∞ − 0 = ln ∞ = ∞.
𝑥 𝑏→∞
1

De novo o teorema 1 do capítulo 5: se 𝒖𝒏 não tende a zero, então {𝒔𝒏 } diverge!

Vamos precisar de 5 lemas, primeiro:

Lema 1. Para todo 𝑥 real, 𝑥 ≤ 𝑥 . Basta considerar os 3 casos: 𝑥 = 0, 𝑥 positivo


e 𝑥 negativo.

Lema 2. − 𝑥 ≤ 𝑥 para todo 𝑥 real.

Demonstração.

𝑖) Tome um 𝑥 > 0 real positivo. Então, como −|𝑥| é um número negativo, é


claro que

−𝑥 <𝑥

𝑖𝑖) Agora, tome 𝑥 = 0. Então, nesse caso, − 𝑥 = 𝑥 = 0.

Agora, tome 𝑥 negativo. Como 𝑥 é negativo, então, − 𝑥 = 𝑥.

64
Logo, para todo 𝑥 real, temos que

−𝑥 ≤𝑥

Lema 3. Observe que, dos lemas 1 e 2, temos a seguinte relação para todo 𝑥
real:

− 𝑥 ≤ 𝑥 ≤ |𝑥|.

Lema 4. Se −𝑥 ≤ 𝑦 ≤ 𝑥, então, 𝑦 ≤ |𝑥|. Vale a volta.

Demonstração.

𝑖) Se 𝑦 > 0, então, por ser 𝑥 ≥ 𝑦, então 𝑥 também é positivo, isto é, 𝑥 = |𝑥| e


𝑦 = 𝑦 . Logo, por ser 𝑦 ≤ 𝑥, então 𝑦 ≤ 𝑥 .

𝑖𝑖) Se 𝑦 < 0, por ser −𝑥 ≤ 𝑦, então – 𝑥 < 0, ou seja, 𝑥 > 0, ou seja, 𝑥 = 𝑥 .


Mas como 𝑦 < 0, então 𝑦 = −𝑦. Assim: 𝑦 = −𝑦 ≤ 𝑥 = 𝑥 .

𝑖𝑖𝑖) Se 𝑦 = 0, então 𝑦 = 0 ≤ |𝑥| qualquer que seja 𝑥 real.

Lema 5. Desigualdade Triangular. 𝑎 + 𝑏 ≤ 𝑎 + |𝑏| para todos 𝑎, 𝑏 reais.

Demonstração: Ora, do lema 3, temos:

− 𝑎 ≤ 𝑎 ≤ |𝑎|

− 𝑏 ≤ 𝑏 ≤ |𝑏|

Somando membro a membro, temos:

− 𝑎 − 𝑏 ≤ 𝑎 + 𝑏 ≤ 𝑎 + |𝑏|

Isto é,

− 𝑎 + 𝑏 ≤ 𝑎 + 𝑏 ≤ 𝑎 + |𝑏|

Agora, pelo lema 4, temos:

𝑎 + 𝑏 ≤ 𝑎 + |𝑏|

O teorema 1 do capítulo 5: se 𝑠𝑛 converge, então 𝑢𝑛 tende a zero. Suponha que


𝜀
{𝑠𝑛 } converge para 𝐿. Então, para todo 2 > 0, existe um 𝑁 tal que, para todo 𝑛 > 𝑁,
temos
𝜀
𝑠𝑛 − 𝐿 <
2
Também temos, então:

65
𝜀
𝑠𝑛+1 − 𝐿 <
2
Agora, lembre que

𝑠𝑛+1 = 𝑠𝑛 + 𝑢𝑛 +1

Logo, temos:

𝑢𝑛 +1 = 𝑠𝑛+1 − 𝑠𝑛

Logo,

𝑢𝑛+1 − 0 = 𝑠𝑛+1 − 𝑠𝑛 = 𝑠𝑛+1 − 𝐿 − 𝑠𝑛 + 𝐿 =

𝑠𝑛+1 − 𝐿 + (−𝑠𝑛 + 𝐿) ≤ (veja lema 5, Desigualdade triangular)

𝑠𝑛+1 − 𝐿| + | − 𝑠𝑛 + 𝐿 =
𝜀 𝜀
𝑠𝑛+1 − 𝐿 + 𝑠𝑛 − 𝐿 < + = 𝜀.
2 2
Ou seja, para todo 𝜀 > 0, existiu um 𝑁 tal que, para todo 𝑛 > 𝑁, valeu

𝑢𝑛 +1 − 0 < 𝜀.

Logo, 𝑢𝑛 → 0, conforme queríamos provar.


𝑛→∞

De novo a série harmônica, usando a Desigualdade Triangular

Lema 6. Se {𝑎𝑛 } converge, então, para todo 𝜀 > 0, existe um 𝑁 > 0 tal que
para todo 𝑛1 , 𝑛2 > 𝑁, temos:

𝑎𝑛 1 − 𝑎𝑛 2 < 𝜀

Demonstração.

Ora, considere que 𝑎𝑛 → 𝐿. Então, para todo 𝜀 > 0, existe 𝑁 tal que, para
𝑛1 , 𝑛2 > 𝑁, então valem:
𝜀
𝑎𝑛 1 − 𝐿 <
2
𝜀
𝑎𝑛 2 − 𝐿 <
2
Logo,

𝑎𝑛 1 − 𝑎𝑛 2 = 𝑎𝑛 1 − 𝐿 + −𝑎𝑛 2 + 𝐿 ≤
𝜀 𝜀
𝑎𝑛 1 − 𝐿 + −𝑎𝑛 2 + 𝐿 = 𝑎𝑛 1 − 𝐿 + 𝑎𝑛 2 − 𝐿 < + =𝜀
2 2
66
Logo,

𝑎𝑛 1 − 𝑎𝑛 2 < 𝜀,

Como queríamos provar.

Teorema 2. A série harmônica



1 1 1
= 1+ + +⋯
𝑛 2 3
𝑛=1

1
é divergente, apesar de 𝑢𝑛 = 𝑛 → 0.

Demonstração. Tome 𝑛 > 1 e

1 1 1
𝑠𝑛 = 1 + + + ⋯+
2 3 𝑛
Também,

1 1 1 1
𝑠2𝑛 = 1 + + ⋯ + + + ⋯+
2 𝑛 𝑛+1 2𝑛
1 1 1 1 1 1 1
Desta forma, 𝑠2𝑛 − 𝑠𝑛 = 𝑛+1 + 𝑛+2 + ⋯ + 2𝑛 > 2𝑛 + 2𝑛 + ⋯ + 2𝑛 = 2

para todo 𝑛 > 1.

Suponha que a séria harmônica 𝑠𝑛 convirja.

Então, pelo lema 6, para todo 𝜀 > 0, existe um 𝑁 > 0 tal que para todo
𝑛1 , 𝑛2 > 𝑁, temos:

𝑠𝑛 1 − 𝑠𝑛 2 < 𝜀
1
Tomando 𝜀 = 2, existe 𝑁 > 0 tal que para todo 𝑛1 , 𝑛2 = 2𝑛1 > 𝑁,

1
𝑠𝑛 1 − 𝑠2𝑛 1 <
2
1
Mas isso contradiz o fato que 𝑠2𝑛 − 𝑠𝑛 > 2 para todo 𝑛 > 1. Logo, a série não
pode convergir conforme havíamos suposto. Logo, a série harmônica diverge.

A Série geométrica

𝑎𝑞 𝑛 = 𝑎 + 𝑎𝑞 + 𝑎𝑞 2 + 𝑎𝑞 3 + ⋯ , 𝑎 ≠ 0, 𝑞 ≠ 0.
𝑛=0

Para −1 < 𝑞 < 1.

67
Primeiro, vamos achar uma fórmula fechada para 𝑠𝑛 :

𝑠𝑛 = 𝑎 + 𝑎𝑞 + 𝑎𝑞 2 + ⋯ + 𝑎𝑞 𝑛−1

Multiplicando por 𝑞:

𝑞𝑠𝑛 = 𝑎𝑞 + 𝑎𝑞 2 + 𝑎𝑞 3 + ⋯ + 𝑎𝑞 𝑛

Subtraindo as duas equações, a de cima menos a de baixo, no membro direito


só restarão dois temos:

𝑠𝑛 − 𝑞𝑠𝑛 = 𝑎 − 𝑎𝑞 𝑛

𝑠𝑛 (1 − 𝑞) = 𝑎 − 𝑎𝑞 𝑛

Isolando 𝑠𝑛 , aproveitando que 𝑞 ≠ 1 neste primeiro caso, temos:

𝑎 − 𝑎𝑞 𝑛
𝑠𝑛 =
1−𝑞

𝑎 1 − 𝑞𝑛
𝑠𝑛 =
1−𝑞

Agora, como −1 < 𝑞 < 1, já sabemos do capítulo de sequências, que

lim 𝑞 𝑛 = 0.
𝑛→∞

Então:

𝑎 1 − 𝑞𝑛
lim 𝑠𝑛 = lim =
𝑛→∞ 𝑛→∞ 1−𝑞

𝑎 1−0 𝑎
= .
1−𝑞 1−𝑞

Isto é,
𝑎
𝑠𝑛 → .
1−𝑞

Ou seja:
∞ ∞
𝑛−1
𝑎
lim 𝑠𝑛 = 𝑎𝑟 = 𝑎𝑟 𝑛 = .
𝑛→∞ 1−𝑞
𝑛=1 𝑛=0

Agora, se 𝑞 = 1,
∞ ∞

𝑎𝑞 𝑛 = 𝑎
𝑛=0 𝑛=0

68
Mas, como 𝑎 ≠ 0, então o termo da série, a sequência básica 𝑢𝑛 = 𝑎, é uma
constante, não tende a zero, logo, a série geométrica não converge.

Se 𝑞 = −1, então:
∞ ∞

𝑎𝑞 𝑛 = 𝑎 −1 𝑛 .
𝑛 =0 𝑛 =0

Novamente, a sequência básica 𝑢𝑛 = {𝑎 −1 𝑛 } é a sequência


– 𝑎, 𝑎, −𝑎, 𝑎, −𝑎, 𝑎, … que também não tende a zero, logo, a série geométrica não
converge também neste caso.

O teste da integral

Considere 𝑓(𝑛) uma sequência decrescente de termos positivos, 𝑛 = 1,2, …, a


sequência básica da série ∞
𝑛=1 𝑓(𝑛). A função 𝑓(𝑥) é contínua, decrescente e positiva
para todo 𝑥 ≥ 1.

Podemos escrever a série por meio do somatório:

𝑓 1 +𝑓 2 +𝑓 3 +𝑓 4 +⋯

*Caso 1. Se a integral 1
𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 converge, então a área sob o gráfico da
função 𝑓, de 1 a infinito, é igual a um certo valor real 𝐿:

𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 = 𝐿.
1

A figura mostra o gráfico da função decrescente 𝑓 𝑥 e também retângulos de


altura 𝑓 𝑛 , 𝑛 ≥ 2, de base 1. Observe que a área 𝐿 sob o gráfico da função 𝑓 é maior
do que a soma das áreas dos retângulos: 𝑓 2 , 𝑓 3 , 𝑓 4 , …

69
Logo,

𝑓 2 +𝑓 3 +𝑓 4 +⋯< 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 = 𝐿.
1

Logo somando 𝑓(1) dos dois lados, temos:

𝑓 1 +𝑓 2 +𝑓 3 +𝑓 4 +⋯< 𝐿+𝑓 1 .

Isto é, a soma infinita 𝑓 1 + 𝑓 2 + 𝑓 3 + 𝑓 4 + ⋯ é menor do que um


número real, 𝐿 + 𝑓(1). Desta forma, a série converge.

*Caso 2. Agora, considere que a integral diverge, e considere os retângulos


abaixo:

Neste caso, podemos ver que a soma das áreas dos retângulos é maior do que a
área sob o gráfico da função 𝑓, ou seja:

𝑓 1 +𝑓 2 +𝑓 3 +𝑓 4 +⋯ > 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 = ∞.
1

Isto é, a série diverge.


𝒖
Os testes da comparação por limite 𝒗𝒏
𝒏


Teorema 1. Tome 𝑢𝑛 > 0 e 𝑣𝑛 > 0, com 𝑛=1 𝑣𝑛 convergente. Então, se
𝑢𝑛
→ 𝑐 ≥ 0 número real ,
𝑣𝑛

então a série

70

𝑢𝑛
𝑛=1

também converge.

Demonstração.

Ora, para 𝜀 > 0, existe 𝑁 > 0 tal que, para todo 𝑛 > 𝑁,
𝑢𝑛
−𝑐 <𝜀
𝑣𝑛

Ou seja, pelos lemas demonstrados neste capítulo,


𝑢𝑛
−𝜀 < −𝑐 <𝜀
𝑣𝑛

Logo, isolando 𝑢𝑛 na segunda desigualdade, temos:

𝑢𝑛 < (𝜀 + 𝑐)𝑣𝑛

para todo 𝑛 > 𝑁.

Como por hipótese a série 𝑣𝑛 de termo 𝑣𝑛 converge, a série


(𝜀 + 𝑐)𝑣𝑛 também converge, e portanto a série 𝑢𝑛 também converge, pelo
teste da comparação.

Teorema 2. Tome 𝑢𝑛 > 0 e 𝑣𝑛 > 0, com 𝑛=1 𝑣𝑛 divergente. Então, se
𝑢𝑛
→ 𝑐 > 0 número real ou infinito ,
𝑣𝑛

então a série

𝑢𝑛
𝑛=1

também diverge.

Demonstração.
𝑐
*Caso 𝑐 > 0: ora, para 𝜀 = 2, existe 𝑁 > 0 tal que, para todo 𝑛 > 𝑁,

𝑢𝑛 𝑐
−𝑐 <
𝑣𝑛 2

Ou seja,

71
𝑐 𝑢𝑛 𝑐
− < −𝑐 <
2 𝑣𝑛 2
𝑐 𝑢𝑛 𝑐
𝑐− < <𝑐+
2 𝑣𝑛 2

Logo, olhando a primeira desigualdade,


𝑐 𝑢𝑛
<
2 𝑣𝑛

Isolando 𝑢𝑛 , temos:
𝑐𝑣𝑛
𝑢𝑛 >
2
para todo 𝑛 > 𝑁.
𝑐𝑣𝑛
Como por hipótese a série 𝑣𝑛 de termo 𝑣𝑛 diverge, a série 2
também diverge, e portanto a série 𝑢𝑛 também diverge, pelo teste da
comparação.

*Caso 𝑐 = ∞: ora, para todo 𝑀 > 0, existe 𝑁 > 0 tal que, para todo 𝑛 > 𝑁,
𝑢𝑛
>𝑀
𝑣𝑛

Ou seja,

𝑢𝑛 > 𝑀𝑣𝑛

para todo 𝑛 > 𝑁.

Como por hipótese a série 𝑣𝑛 de termo 𝑣𝑛 diverge, a série 𝑀𝑣𝑛


também diverge, e portanto a série 𝑢𝑛 também diverge, pelo teste da
comparação.

Exercícios

1- Prove que, se 𝑛=1 𝑢𝑛 converge, então 𝑢𝑛 → 0.

∞ 1
2- Prove que a série harmônica 𝑛=1 𝑛 diverge.

∞ 𝑛
3- Prove que a série geométrica 𝑛=0 𝑎𝑞 converge se e somente se −1 < 𝑞 < 1.

4- Prove o teste da integral.

5- Prove a soma dos termos de uma PA finita.


𝑢
6- Prove o teorema da comparação por limite 𝑣 𝑛 .
𝑛

72
73
8 Séries alternadas; séries absolutamente convergentes

8.1 Séries alternadas

Definição 1. Uma série é dita alternada com fator positivo 𝑎𝑛 se for do tipo

−1 𝑛 𝑎𝑛 , onde 𝑎𝑛 > 0
𝑛=1

ou então:

𝑛+1
−1 𝑎𝑛 , onde 𝑎𝑛 > 0
𝑛=1

Teorema 1. Se o fator positivo 𝑎𝑛 → 0 e 𝑎𝑛 é decrescente, então a série


alternada da definição 1 é convergente.

Exemplo 1. Prove que a série abaixo converge:

a)

1 1 1 1
−1 + − + − +⋯=
2 3 4 5
∞ 𝑛
−1
𝑛
𝑛=1

1
Ora, trata-se de uma série alternada com fator positivo 𝑎𝑛 = 𝑛 → 0 e 𝑎𝑛 é
decrescente, logo, a série dada converge.

b)

3 3 3 3
−3 + − + − +⋯=
2 3 4 5
∞ 𝑛
3 ∙ −1
𝑛
𝑛=1

3
Ora, trata-se de uma série alternada com fator 𝑎𝑛 positivo → 0 e 𝑎𝑛 é
𝑛
decrescente, logo, a série dada converge.

c)

74
8 8 8 8
8− + − + +⋯=
4 9 16 25
∞ 𝑛+1
8 ∙ −1
𝑛2
𝑛=1

8
Ora, trata-se de uma série alternada com fator 𝑎𝑛 positivo → 0 e 𝑎𝑛 é
𝑛2
decrescente, logo, a série dada converge.

8.2 Séries absolutamente convergentes



Definição 2. Uma série 𝑛=1 𝑢𝑛 é dita absolutamente convergente se

𝑢𝑛
𝑛=1

for convergente.

Definição 3. Uma série convergente que não é absolutamente convergente é


chamada de condicionalmente convergente.

Exemplo 2. Verifique se a série abaixo é absolutamente convergente e também


se é condicionalmente convergente:

a)

1 1 1 1
−1 + − + − +⋯=
2 3 4 5
∞ 𝑛
−1
𝑛
𝑛=1

Pegando o módulo de 𝑢𝑛 :
∞ 𝑛
−1
=
𝑛
𝑛=1

∞ 1
𝑛=1 𝑛 . Harmônica, divergente.

Logo, a série dada não é absolutamente convergente. Mas, é condicionalmente


convergente, pois a série dada converge (pelo teste da série alternada), mas não é
absolutamente convergente (com o módulo, não converge).

b)

2 2 2 2
−2 + − + − +⋯=
2 3 4 5

75
∞ 𝑛
2 ∙ −1
𝑛
𝑛=1

Pegando o módulo de 𝑢𝑛 :
∞ 𝑛
2 ∙ −1
=
𝑛
𝑛=1

∞ 2
𝑛=1 𝑛 . Divergente.

Logo, a série dada não é absolutamente convergente. Mas, é condicionalmente


convergente, pois a série dada converge (pelo teste da série alternada), mas não é
absolutamente convergente (com o módulo, não converge).

c)
∞ 𝑛
−1
𝑛2
𝑛=1

Pegando o módulo de 𝑢𝑛 :
∞ 𝑛
−1
=
𝑛2
𝑛=1

∞ 1
𝑛=1 𝑛 2 . 𝑝-série, com 𝑝 = 2 > 1, convergente.

Logo, a série dada é sim absolutamente convergente. Logo, ela não é


condicionalmente convergente.

d)

𝑛
−1
𝑛=1

Pegando o módulo de 𝑢𝑛 :

1
𝑛=1

Divergente. Logo, a série dada não é absolutamente convergente. Como a série


dada também não é convergente, logo, ela não é condicionalmente convergente.

76
Teorema 2. Se uma série é absolutamente convergente, então ela também é
convergente. Isto é, se ∞ ∞
𝑛=1 𝑢𝑛 converge, então 𝑛=1 𝑢𝑛 converge por conseqüência.
O inverso não ocorre necessariamente.

Observe nos exemplos anteriores que todas as que foram absolutamente


convergentes também convergem (e deveriam).

Resumo do capítulo 8:

1) toda série alternada com fator 𝑎𝑛 positivo decrescente tal que 𝑎𝑛 → 0, é


uma série convergente.

2) toda série ∞𝑛=1 𝑢𝑛 tal que



𝑛=1 𝑢𝑛 converge, é chamada de série
absolutamente convergente.

3) nem toda série convergente é absolutamente convergente, por ex:


−1 𝑛 1
converge (teste da alternada), mas não converge (harmônica).
𝑛 𝑛

4) toda série absolutamente convergente também é convergente.

Exercícios
Exercício 1. Verifique se a série abaixo converge, converge absolutamente,
diverge ou é condicionalmente convergente.

a)
∞ 𝑛
8 ∙ −1
𝑛
𝑛=1

b)
∞ 𝑛
5 ∙ −1
𝑛2
𝑛=1

c)

−1 𝑛+1
𝑛
𝑛=1

d)
∞ 𝑛
3 ∙ −1
5𝑛
𝑛=1

77
e)
∞ 𝑛
−1
7𝑛
𝑛=1

f)

−1 𝑛+1
7𝑛
𝑛=1

78
9 Teste da razão e da raiz para convergência absoluta

9.1 Lembrando
Lembremos do teorema 2 do capítulo anterior que toda série absolutamente
convergente é convergente. Por exemplo, a série a seguir é convergente?

a)

cos(𝑛𝜋)
𝑒𝑛
𝑛 =1

Para saber, peguemos a série do módulo:



cos(𝑛𝜋)
𝑒𝑛
𝑛=1

cos (𝑛𝜋 ) 1 1 𝑛
Observe que ≤ 𝑒𝑛 = …
𝑒𝑛 2,71828

1
Sabemos que é o termo de uma série geométrica convergente, logo, pelo
𝑒𝑛
∞ cos (𝑛𝜋 )
teste da comparação, a série 𝑛=1 também será convergente.
𝑒𝑛

∞ cos (𝑛𝜋 )
Assim, a série dada 𝑛=1 é absolutamente convergente, e portanto, é
4𝑛
convergente.

b)

sen(𝑛𝜋/2)
𝑛6
𝑛=1

Vejamos primeiro se é absolutamente convergente: peguemos a série do


módulo:

sen(𝑛𝜋/2)
𝑛6
𝑛 =1

sen (𝑛𝜋 /2) 1


Observe que ≤ 𝑛6.
𝑛6

1
Sabemos que é o termo de uma 𝑝-série convergente (𝑝 > 1), logo, pelo
𝑛6
∞ sen (𝑛𝜋 /2)
teste da comparação, a série 𝑛=1 também é convergente. Assim, a série
𝑛6
∞ sen (𝑛𝜋 /2)
dada 𝑛 =1 é absolutamente convergente, e portanto, é convergente.
𝑛6

c)

79
∞ 𝑛
−1 cos 𝑛𝜋
𝑛!
𝑛=1

Ora, peguemos a série do módulo:



cos 𝑛𝜋
𝑛!
𝑛=1

cos 𝑛𝜋 1
Observe que ≤ 𝑛!.
𝑛!

1
Sabemos que 𝑛! é o termo de uma série convergente (provamos em exemplos
∞ cos (𝑛𝜋 )
de capítulos anteriores), logo, pelo teste da comparação, a série 𝑛=1 𝑛!
também é convergente.

∞ −1 𝑛 co s(𝑛𝜋 )
Assim, a série dada 𝑛=1 é absolutamente convergente, e portanto,
𝑛!
é convergente.

Os testes a seguir servirão para decidirmos se uma série é absolutamente


convergente ou divergente.

9.2 Teste da razão e teste da raiz para convergência absoluta



Teorema 1. Considere 𝑢𝑛 ≠ 0 os termos da série 𝑛=1 𝑢𝑛 . Considere o limite
abaixo:
𝑢𝑛+1
lim =𝐿
𝑛→∞ 𝑢𝑛

Então, se:

* 𝐿 < 1, a série é absolutamente convergente (e portanto convergente) pelo


teste da razão, não necessariamente para o valor de L.

* 𝐿 > 1 ou 𝐿 = ∞, a série diverge pelo teste da razão (logo, também não é


absolutamente convergente, senão ela convergiria)

* 𝐿 = 1, nada se conclui pelo teste da razão



Teorema 2. Considere 𝑢𝑛 ≠ 0 os termos da série 𝑛=1 𝑢𝑛 . Considere o limite
abaixo:
𝑛
lim 𝑢𝑛 = 𝐿
𝑛→∞

Então, se (mesmas conclusões do teorema 1):

80
* 𝐿 < 1, a série é absolutamente convergente (e portanto convergente) pelo
teste da raiz, não necessariamente para o valor de L.

* 𝐿 > 1 ou 𝐿 = ∞, a série diverge pelo teste da raiz (logo, também não é


absolutamente convergente, senão ela convergiria)

* 𝐿 = 1, nada se conclui pelo teste da raiz

Exemplo. Verifique se as séries abaixo convergem absolutamente:

a)

−1 𝑛 𝑛
2𝑛
𝑛=1

Aplicando o teste da razão, temos:

−1 𝑛 𝑛
𝑢𝑛 =
2𝑛
𝑛+1
−1 (𝑛 + 1)
𝑢𝑛 +1 =
2𝑛+1
𝑛+1
−1 𝑛+1
𝑢𝑛 +1 2𝑛+1
lim = lim =
𝑛 →∞ 𝑢𝑛 𝑛→∞ −1 𝑛 𝑛
2𝑛
𝑛+1
𝑛 +1
lim 2 𝑛 =
𝑛→∞
2𝑛
𝑛 + 1 2𝑛
lim ∙ =
𝑛→∞ 2𝑛 +1 𝑛
1 𝑛+1 1 1
∙ lim = ∙ 1 = < 1.
2 𝑛 →∞ 𝑛 2 2

Logo, pelo teste da razão, a série é absolutamente convergente. Por


consequência, também é convergente.

b)
∞ 𝑛+1 𝑛
−1 3
𝑛!
𝑛=1

Aplicando o teste da razão, temos:

81
𝑛+1 𝑛
−1 3
𝑢𝑛 =
𝑛!
−1 𝑛+2 3𝑛+1
𝑢𝑛+1 =
(𝑛 + 1)!

−1 𝑛+2 3𝑛 +1
𝑢𝑛 +1 (𝑛 + 1)!
lim = lim =
𝑛→∞ 𝑢𝑛 𝑛→∞ −1 𝑛+1 3𝑛
𝑛!

3𝑛+1
(𝑛 + 1)!
lim =
𝑛→∞ 3𝑛
𝑛!

3𝑛 +1 𝑛!
lim ∙ 𝑛 =
𝑛→∞ (𝑛 + 1)! 3

3 ∙ 3𝑛 𝑛!
lim ∙ 𝑛 =
𝑛→∞ (𝑛 + 1) ∙ 𝑛! 3

1
3 ∙ lim = 3 ∙ 0 = 0 < 1.
𝑛→∞ 𝑛 + 1

Logo, pelo teste da razão, a série é absolutamente convergente. Por


consequência, também é convergente.

c)

1
ln 𝑛 𝑛
𝑛=2

Aplicando o teste da raiz, temos:

1
𝑢𝑛 = 𝑛
ln 𝑛
𝑛
lim 𝑢𝑛 =
𝑛→∞

𝑛 1
lim 𝑛
=
𝑛→∞ ln 𝑛

1 1
lim = =0<1
𝑛→∞ ln 𝑛 ∞
Logo, pelo teste da raiz, a série é absolutamente convergente. Por
consequência, também é convergente.

82
d)

1
𝑛
𝑛=1

Aplicando o teste da razão, temos:

1
𝑢𝑛 =
𝑛
1
𝑢𝑛 +1 =
𝑛+1
1
𝑛 + 1 = lim 1 𝑛
lim ∙ =
𝑛→∞ 1 𝑛→∞ 𝑛 + 1 1
𝑛
𝑛
lim =1
𝑛→∞ 𝑛 + 1

O teste da razão é inconclusivo nesta situação. Porém, sabemos dos capítulos


anteriores que esta série é divergente, pois trata-se da série harmônica.

e)

𝑛 𝑛
𝑛
−1 ∙
ln 𝑛
𝑛=1

𝑛 𝑛
𝑛
𝑢𝑛 = −1 ∙
ln 𝑛
𝑛
lim 𝑢𝑛 =
𝑛→∞

𝑛 𝑛 𝑛
lim −1 𝑛 ∙ =
𝑛 →∞ ln 𝑛

𝑛 ∞ 1
lim = = lim = lim 𝑥 = ∞.
𝑛 →∞ ln 𝑛 ∞ 𝑥→∞ 1/𝑥 𝑥→∞

Logo, pelo teste da raiz, a série é divergente (logo, também não é


absolutamente convergente, senão ela convergiria).

Exercícios
1- Verifique se a série abaixo é absolutamente convergente, condicionalmente
convergente ou divergente:

83
a)
∞ 𝑛
−1 cos(𝑛𝜋)
𝑛5
𝑛=1

b)

∞ 𝑛 𝑛𝜋
−1 sen 2
𝑛2 + 3
𝑛 =1

c)

∞ 𝑛 𝑛𝜋
−1 sen 2
6𝑛
𝑛 =1

2- Use o teste da razão ou da raiz para verificar se a série converge absolutamente ou


diverge.

a)

−1 𝑛 𝑒 𝑛
𝑛+2
𝑛=0

b)

−1 𝑛+1 3𝑛
𝑛+2
𝑛=1

c)
∞ 𝑛+1 𝑛
−1 3
𝑛!
𝑛=1

d)

−1 𝑛+1 𝑛!
6𝑛
𝑛=1

e)
∞ 𝑛
𝑛
ln 𝑛
−1 ∙
𝑛
𝑛=1

84
f)

𝑛−1
23𝑛
−1 ∙ 𝑛
𝑛
𝑛=1

g)

𝜋
cos 𝑛
3
𝑛=1

h)

𝑛+1
𝑛!
𝑛=1

i)

1
𝑛𝑛
𝑛=1

j)

3𝑛𝑛
𝑒𝑛
𝑛=1

3- DESAFIO: verifique se a série abaixo é absolutamente convergente,


condicionalmente convergente ou divergente.

𝑛
𝑛
−1
ln 𝑛
𝑛=1

85
10 Séries de Potências e suas derivadas

10.1 Séries de potências


Uma série do tipo

𝑛
𝑐𝑛 𝑥 − 𝑎 =
𝑛=0

1 2 3
𝑐0 + 𝑐1 𝑥 − 𝑎 + 𝑐2 𝑥 − 𝑎 + 𝑐3 𝑥 − 𝑎 +⋯

é chamada de série de potências: potências enésimas de 𝑥 − 𝑎.

Observação: sabemos que 00 é uma indeterminação, porém, aqui, vamos


considerar, para efeitos de definição de uma série de potências, que no caso em que
𝑥 = 𝑎, então:
0
𝑐0 𝑥 − 𝑎 =
0
𝑐0 𝑎 − 𝑎 =

𝑐0 ∙ 00 = 𝑐0 .

Exemplo. Verifique para quais valores de 𝑥 a série de potências abaixo converge (isto
é, encontre o intervalo de convergência da série):

a)
∞ 𝑛
𝑥−3
5𝑛
𝑛=1

Aplicando o teste da razão, temos:


𝑢𝑛 +1
lim =
𝑛→∞ 𝑢𝑛

𝑥 − 3 𝑛+1 5𝑛
lim ∙ 𝑛
=
𝑛→∞ 5(𝑛 + 1) 𝑥−3

𝑥 − 3 𝑛 (𝑥 − 3) 5𝑛
lim ∙ 𝑛
=
𝑛→∞ 5𝑛 + 5 𝑥−3

𝑥 − 3 5𝑛
lim ∙ =
𝑛→∞ 5𝑛 + 5 1
5𝑛
𝑥 − 3 ∙ lim = 𝑥−3 .
𝑛→∞ 5𝑛 + 1

86
Pelo teste da razão, sabemos que se 𝑥 − 3 < 1, então a série converge
absolutamente, isto é, a série é absolutamente convergente no intervalo:

−1 < 𝑥 − 3 < 1

−1 + 3 < 𝑥 < 1 + 3

2 < 𝑥 < 4.

Agora, falta verificar se ela converge nos extremos do intervalo 𝑥 = 2 e 𝑥 = 4,


é o que faremos agora:

A) Se 𝑥 = 2,
∞ 𝑛 ∞ 𝑛 ∞
𝑥−3 2−3 −1 𝑛
= = ,
5𝑛 5𝑛 5𝑛
𝑛=1 𝑛 =1 𝑛 =1

que converge condicionalmente pelo teste da série alternada.

B) Se 𝑥 = 4,
∞ 𝑛 ∞ 𝑛 ∞
𝑥−3 4−3 1
= = ,
5𝑛 5𝑛 5𝑛
𝑛=1 𝑛 =1 𝑛 =1

que diverge pelo teste da série harmônica.

Enfim, a série converge no intervalo 2 ≤ 𝑥 < 4, é condicionalmente


convergente em 𝑥 = 2, e também divergente fora deste intervalo.
2+4 6
Observação 1: a média = 2 = 3 = 𝑎 é chamada de centro do intervalo de
2
convergência.

Observação 2: na desigualdade 𝑥 − 3 < 1, o valor 1 é o raio de convergência


da série de potências.

b) Encontre também o centro e o raio do intervalo de convergência:


∞ 𝑛
𝑥−3
5𝑛
𝑛=1

Aplicando o teste da raiz, temos:

𝑛 𝑥−3 𝑛
lim =
𝑛→∞ 5𝑛

𝑥−3
lim
𝑛 →∞ 5
87
𝑥−3
Se < 1 a série converge absolutamente, isto é, a série é absolutamente
5
convergente no intervalo:

𝑥−3
<1
5
𝑥 − 3 < 5  daqui tiramos o centro: 3 e o raio: 5

−5 < 𝑥 − 3 < 5

−5 + 3 < 𝑥 < 5 + 3

−2 < 𝑥 < 8.

Agora, falta verificar se ela converge nos extremos do intervalo 𝑥 = −2 e 𝑥 =


8, é o que faremos agora:

A) Se 𝑥 = −2,
∞ 𝑛 ∞ 𝑛
−2 − 3 −5
= =
5𝑛 5𝑛
𝑛=1 𝑛=1

∞ 𝑛 ∞
5
− = −1 𝑛 ,
5
𝑛=1 𝑛=1

𝑛
que diverge pois −1 não tende a zero.

B) Se 𝑥 = 8,
∞ 𝑛 ∞
8−3 5 𝑛
= =
5𝑛 5𝑛
𝑛=1 𝑛=1

∞ 𝑛 ∞ ∞
5 𝑛
= 1 = 1,
5
𝑛=1 𝑛=1 𝑛 =1

que diverge pois 1 não tende a zero.

c) O curioso caso da série geométrica


𝑥𝑛
𝑛 =0

Nesse caso, já sabemos pelo teste da série geométrica que (confira pelo teste
da raiz):

a série é absolutamente convergente no intervalo

88
−1 < 𝑥 < 1.

e é divergente fora deste intervalo.


−1+1 0
Observação 1: a média = 2 = 0 = 𝑎 é chamada de centro do intervalo de
2
convergência.

Observação 2: o raio 𝑅 de convergência é sempre a distância de um extremo ao


centro, nesse caso, 𝑅 = 1 − 0 = 1.

Observação 3. Neste exemplo, observe que sabemos o valor para o qual


converge a série:

1
𝑥𝑛 = 1 + 𝑥 + 𝑥2 + 𝑥3 + 𝑥4 + ⋯ = , se 𝑥 < 1.
1−𝑥
𝑛=0

Observação 4. Por conseqüência, podemos obter também:



1
A) (−𝑥)𝑛 = 1 − 𝑥 + 𝑥 2 − 𝑥 3 + 𝑥 4 + ⋯ = , se −𝑥 < 1, 𝑥 < 1.
1+𝑥
𝑛=0


1 1
B) (3𝑥)𝑛 = 1 + 3𝑥 + 9𝑥 2 + 27𝑥 3 + 34 𝑥 4 + ⋯ = , se 3𝑥 < 1, 𝑥 < .
1 − 3𝑥 3
𝑛=0

Derivando a série da Observação 3, temos, também:



2 3 4 ′
1
C) 1 + 𝑥 + 𝑥 + 𝑥 + 𝑥 + ⋯ =
1−𝑥

2
0 1−𝑥 −1 1−𝑥
3
1 + 2𝑥 + 3𝑥 + 4𝑥 + ⋯ =
1−𝑥 2

1
1 + 2𝑥 + 3𝑥 2 + 4𝑥 3 + ⋯ = 2
, 𝑥 <1
1−𝑥

1
2
= 𝑛𝑥 𝑛 −1 , 𝑥 < 1.
1−𝑥
𝑛 =1

d)

𝑥𝑛
𝑛!
𝑛 =1

89
𝑢𝑛 +1
lim =
𝑛→∞ 𝑢𝑛

𝑥 𝑛 +1 𝑛!
lim ∙ 𝑛 =
𝑛 →∞ 𝑛 + 1 𝑛! 𝑥

𝑥
lim =0<1
𝑛→∞ 𝑛 + 1

Logo, pelo teste da razão, a série é absolutamente convergente para todos os


valores de 𝑥, isto é, o intervalo de convergência absoluta é:

−∞, ∞ .

e)

𝑛! 𝑥 𝑛
𝑛=1

𝑢𝑛 +1
lim =
𝑛→∞ 𝑢𝑛

𝑛 + 1 𝑛! 𝑥 𝑛 +1
lim =
𝑛 →∞ 𝑛! 𝑥 𝑛

lim 𝑛 + 1 𝑥
𝑛→∞

Esse limite é infinito para qualquer valor de 𝑥 diferente de zero, e o limite será
zero quando 𝑥 for zero. Logo, a série é absolutamente convergente apenas em 𝑥 = 0.

f)
∞ 𝑛
𝑥−4
3𝑛
𝑛=1

𝑢𝑛 +1
lim =
𝑛→∞ 𝑢𝑛

𝑥−4 𝑛 𝑥−4 3𝑛
lim ∙ 𝑛
= 𝑥−4 <1
𝑛→∞ 3𝑛 + 3 𝑥−4

Logo, a série é absolutamente convergente em:

−1 < 𝑥 − 4 < 1

3<𝑥<5

Em 𝑥 = 3:

90
∞ 𝑛 ∞
𝑥−4 −1 𝑛
=
3𝑛 3𝑛
𝑛 =1 𝑛=1

que converge pelo teste da série alternada.

Em 𝑥 = 5:
∞ 𝑛 ∞
𝑥−4 1
=
3𝑛 3𝑛
𝑛 =1 𝑛=1

que diverge pelo teste da série harmônica. Enfim, o intervalo de convergência da série
é:

[3, 5)

onde o ‘colchete’ indica o intervalo fechado em 𝑥 = 3.


Teorema 1. Dada uma série de potências 𝑛=0 𝑐𝑛 𝑥 − 𝑎 𝑛 , uma das três
opções ocorre:

1) ela converge absolutamente (e portanto converge) em toda a reta real

2) ela converge absolutamente (e portanto converge) apenas em 𝑥 = 𝑎

3) ela converge absolutamente no intervalo (𝑎 − 𝑅, 𝑎 + 𝑅) e diverge nos intervalos


−∞, 𝑎 − 𝑅 ∪ (𝑎 + 𝑅, ∞), onde, nos extremos do intervalo 𝑎 − 𝑅 e 𝑎 + 𝑅, deve-se
verificar individualmente cada caso e em cada extremo.

10.2 Derivadas de séries de potências


Ache o intervalo e o raio 𝑅 de convergência da derivada da série abaixo:

𝑥𝑛 𝑥 𝑥2 𝑥3 𝑥4
= + + + +⋯
2𝑛 2 4 6 8
𝑛=1

A derivada (cuidado com o índice, confira com a derivada da soma infinita!!):



𝑥 𝑛 −1 1 𝑥 𝑥 2 𝑥 3
= + + + +⋯
2 2 2 2 2
𝑛=1

Aplicando o teste da razão na função, temos:

91
𝑥 𝑛+1−1
lim 2 =
𝑛→∞ 𝑥 𝑛−1
2

lim 𝑥 𝑛−(𝑛−1) =
𝑛→∞

|𝑥| lim 1 =
𝑛→∞

𝑥 = |𝑥 − 0|

Pelo teste da razão, sabemos que se 𝑥 − 0 < 1, então a série converge


absolutamente, isto é, a série é absolutamente convergente no intervalo:

−1 < 𝑥 − 0 < 1

−1 < 𝑥 < 1

Agora, falta verificar se ela converge nos extremos do intervalo 𝑥 = −1 e 𝑥 =


1, é o que faremos agora:

A) Se 𝑥 = −1,

(−1)𝑛−1
,
2
𝑛=1

que diverge

B) Se 𝑥 = 1,

1
,
2
𝑛=1

que diverge.

Enfim, a série converge absolutamente no intervalo −1 < 𝑥 < 1, é divergente


fora deste intervalo.
−1+1
Observação 1: a média = 0 = 𝑎 é chamada de centro do intervalo de
2
convergência.

Observação 2: na desigualdade 𝑥 − 0 < 1, o valor 1 é o raio de convergência


da série de potências.

Teorema 2. O raio 𝑅 de convergência de uma série é o mesmo da sua derivada.

92
Os intervalos de convergência de uma série e de sua derivada diferenciam
apenas nos extremos do intervalo.

EXEMPLO SURPREENDENTE 1: Encontre o raio 𝑅 e o intervalo de convergência


da série

𝑥𝑛 𝑥2 𝑥3 𝑥4 𝑥5
=1+𝑥+ + + + +⋯
𝑛! 2! 3! 4! 5!
𝑛=0

e de sua derivada.

Primeiro, da própria série:

𝑥 𝑛 +1
(𝑛 + 1)!
lim =
𝑥→∞ 𝑥𝑛
𝑛!

𝑥𝑛 𝑥 𝑛!
lim ∙ 𝑛 =
𝑥→∞ 𝑛 + 1 𝑛! 𝑥
𝑥
lim = 0 < 1 para todo 𝑥.
𝑥→∞ 𝑛+1
Logo, a série converge para todo 𝑥 real, o intervalo de convergência é a reta
real (−∞, ∞).

Agora, da sua derivada: pelo teorema 2, o intervalo de convergência é o


mesmo, a reta real. Derivando, temos (cuidado com o índice, nesse caso, começa do
𝑛 = 1):

𝑛𝑥 𝑛 −1 𝑥2 𝑥3 𝑥4 𝑥5
= 1+𝑥+ + + + +⋯=
𝑛! 2! 3! 4! 5!
𝑛=1


𝑥𝑛
𝑛!
𝑛 =0

Ou seja, as duas séries coincidem, a original e a da derivada!


𝑛
∞ 𝑥
Logo, se 𝑓 𝑥 = 𝑛=0 𝑛! , então 𝑓 ′ 𝑥 = 𝑓(𝑥).

Isto é, a função 𝑓(𝑥) é a sua própria derivada, logo, 𝑓 𝑥 = 𝐶𝑒 𝑥 para alguma


constante 𝐶.

Para encontrarmos 𝐶, substituímos 𝑥 por 0 primeiro na soma infinita:

93
02 03
𝑓 0 =1+0+ + + ⋯, então 𝑓 0 = 1, logo, substituindo em
2! 6
𝑓 𝑥 = 𝐶𝑒 𝑥 :

𝑓 0 = 𝐶𝑒 0 = 1

𝐶=1

Assim, 𝑓 𝑥 = 𝑒 𝑥 . Isto é surpreendente, pois então:

𝑥2 𝑥3 𝑥4
𝑒𝑥 = 1 + 𝑥 + + + +⋯
2! 3! 4!
para todo 𝑥 real!!

Isto nos possibilita encontrar um valor aproximado de 𝑒 3 , por exemplo, apenas


usando adição, potenciação, divisão e fatorial:

32 33 34 35 36
𝑒3 ≅ 1 + 3 + + + + + =
2! 3! 4! 5! 6!
9 9 27 81 81
4+ + + + + = 19,4125.
2 2 8 40 80
O valor obtido na calculadora científica é 𝑒 3 = 20,09.

EXEMPLO SURPREENDENTE 2: Para qual valor converge a série abaixo?



1 1 1 1 1
=1+1+ + + + +⋯
𝑛! 2! 3! 4! 5!
𝑛=0

Ora, sabemos agora que



𝑥
𝑥𝑛 𝑥2 𝑥3 𝑥4 𝑥5
𝑒 = = 1 + 𝑥 + + + + + ⋯ para todo 𝑥.
𝑛! 2! 3! 4! 5!
𝑛=0

Então:

1
1 12 13 14 15
𝑒 = =1+1+ + + + +⋯
𝑛! 2! 3! 4! 5!
𝑛=0

∞ 1
Logo, 𝑛=0 𝑛 ! converge para 𝑒 = 2,71828 …

Exercícios
1- Encontre o intervalo de convergência da série e da sua derivada:

a)

94
∞ 𝑛
𝑥−2
7𝑛
𝑛=1

b)

𝑛
𝑛 𝑥−5
𝑛 =0

c)

𝑛𝑥 𝑛
𝑒𝑛
𝑛=0

d)

3𝑛 𝑥 + 1 𝑛

7𝑛
𝑛=1

e)

𝑛! 𝑛
𝑥
5𝑛
𝑛=1

f)

𝑥𝑛

𝑛=1
𝑛

2- Encontre uma série de potências para a função


2
a) 𝑓 𝑥 = , 𝑥 < 1. Dica: derive a série geométrica duas vezes.
1−𝑥 3

2
b) 𝑓 𝑥 = 𝑒 𝑥 , ∀𝑥

3- Calcule 𝑒 2 aproximadamente, utilizando 8 termos da série de 𝑒 𝑥 , e compare com o


valor obtido da calculadora.

95
11 Integral de séries de potências

Teorema. Dada a função em forma de série de potências


𝑓 𝑥 = 𝑐𝑛 𝑥 𝑛 = 𝑐0 + 𝑐1 𝑥 + 𝑐2 𝑥 2 + 𝑐3 𝑥 3 + 𝑐4 𝑥 4 + ⋯,
𝑛=0

cujo intervalo de convergência é (−𝑅, 𝑅), então, para todo 𝑥 ∈ (−𝑅, 𝑅), vale:
𝑥 𝑥 ∞ 𝑥

𝑓 𝑡 𝑑𝑡 = 𝑐𝑛 𝑡 𝑛 𝑑𝑡 = 𝑐0 + 𝑐1 𝑡 + 𝑐2 𝑡 2 + 𝑐3 𝑡 3 + ⋯ 𝑑𝑡 =
0 0 𝑛=0 0

𝑥 𝑥 𝑥 𝑥
2
𝑐0 𝑑𝑡 + 𝑐1 𝑡𝑑𝑡 + 𝑐2 𝑡 𝑑𝑡 + 𝑐3 𝑡 3 𝑑𝑡 + ⋯ =
0 0 0 0

𝑐1 𝑥 2 𝑐2 𝑥 3 𝑐 3 𝑥 4
𝑐0 𝑥 + + + + ⋯.
2 3 4
Isto é, para todo 𝑥 pertencente ao intervalo de convergência da série, a integral
definida, de 0 a 𝑥, da série, é igual à soma infinita da integral definida de 0 a 𝑥. Em
outras palavras, podemos passar a integral definida de 0 a 𝑥 para dentro do somatório.

Além disto, o raio 𝑅 de convergência é o mesmo da série original.

Este teorema nos permite obter integrais definidas de funções cuja integração
algébrica não seria possível, por exemplo:
2 −𝑥 2
Exemplo 1. Encontre a integral 0
𝑒 𝑑𝑥

Ora, sabemos que

𝑥2 𝑥3 𝑥4
𝑒𝑥 = 1 + 𝑥 + + + + ⋯ , ∀𝑥 real.
2! 3! 4!
Logo,

2 𝑥4 𝑥6 𝑥8
𝑒 −𝑥 = 1 − 𝑥 2 + − + −⋯
2! 3! 4!
Assim, pelo teorema acima, temos:
2 2
−𝑡 2
𝑡4 𝑡6 𝑡8
2
𝑒 𝑑𝑡 = 1 − 𝑡 + − + − ⋯ 𝑑𝑡 =
2! 3! 4!
0 0

96
23 25 27 29
2− + − + −⋯=
3 5 ∙ 2! 7 ∙ 3! 9 ∙ 4!

−1 𝑛 22𝑛+1
2𝑛 + 1 ∙ 𝑛!
𝑛=0

O teorema também é útil para a determinação de identidades interessantes,


como os abaixo.
1
Exemplo 2. Encontre uma série de potências para e determine ln 3/2 por
1+𝑥
meio de uma série.

Ora, sabemos que, da série geométrica:


𝑥𝑛 = 1 + 𝑥 + 𝑥2 + 𝑥3 + ⋯ =
𝑛 =0

1
, 𝑥 < 1.
1−𝑥

Então, trocando 𝑥 por – 𝑥, temos:

1 − 𝑥 + 𝑥2 − 𝑥3 + ⋯ =

1
, −𝑥 < 1, 𝑥 < 1.
1+𝑥
Agora, integrando esta última identidade:
1/2 1/2
1
𝑑𝑡 = 1 − 𝑡 + 𝑡 2 − 𝑡 3 + ⋯ 𝑑𝑡 =
1+𝑡
0 0

𝑡=1/2 𝑡2 𝑡3 𝑡4 𝑡5 𝑡6 𝑡=1/2
ln 1 + 𝑡 |𝑡=0 = 𝑡 − + − + − + ⋯ |𝑡=0
2 3 4 5 6

1 1 1 1 1 1 1
ln 1 + − ln 1 + 0 = − + − + − +⋯
2 2 2 ∙ 22 3 ∙ 23 4 ∙ 24 5 ∙ 25 6 ∙ 26

3 1 1 1 1 1 1 −1 𝑛+1
ln = − + − + − +⋯=
2 2 8 24 64 160 384 𝑛 ∙ 2𝑛
𝑛=1

Exemplo 3. Encontre uma série para atan 𝑥 = tan−1 𝑥. Depois, encontre uma
representação em série para 𝜋.

Ora, sabemos que, da série geométrica, trocando 𝑥 por −𝑥 2 :

97
1 − 𝑥2 + 𝑥4 − 𝑥6 + 𝑥8 + ⋯ =

1
2
, 𝑥 2 < 1, 𝑥 < 1.
1+𝑥
Agora, integrando esta última identidade:
𝑥 𝑥
1
𝑑𝑡 = 1 − 𝑡 2 + 𝑡 4 − 𝑡 6 + ⋯ 𝑑𝑡 =
1 + 𝑡2
0 0

𝑡3 𝑡5 𝑡7 𝑡9
atan 𝑡 |𝑡=𝑥
𝑡=0 = 𝑡 − + − + − ⋯ |𝑡=𝑥
𝑡=0
3 5 7 9

𝑥3 𝑥5 𝑥7
atan 𝑥 − atan 0 = 𝑥 − + − +⋯
3 5 7

−1 𝑛 𝑥 2𝑛+1
atan 𝑥 =
2𝑛 + 1
𝑛=0

3 1
Logo, se 𝑥 = = , então:
3 3

∞ 𝑛 −1 2𝑛+1
𝜋 −1 3
= =
6 2𝑛 + 1
𝑛=0

1 1 1 1
− 3 + 5 − 7 +⋯
3 3 3 5 3 7 3

Enfim:

1 1 1 1
𝜋=6 − 3 + 5 − 7 +⋯
3 3 3 5 3 7 3

Exercícios

1. Escreva a integral definida em forma de série de potências.


1 −𝑥 2
a) 0
𝑒 𝑑𝑥

1 𝑥2
b) 0
𝑒 𝑑𝑥

1 −𝑥
c) 0
𝑒 𝑑𝑥

1
2. Encontre uma série de potências para 1+𝑥 para determinar ln 4/3 por meio de uma
série.

98
1/4 1
3. Encontre uma série de potências para a integral definida 0
𝑑𝑥
1−3𝑥

99
12 Série de Taylor e de Maclaurin
Vimos que existem ao menos duas funções que podem ser escritas como uma
série de potências:

𝑥2 𝑥3 𝑥4
𝑒𝑥 = 1 + 𝑥 + + + + ⋯ para todo 𝑥
2! 3! 4!
e

1
= 1 + 𝑥 + 𝑥 2 + 𝑥 3 + 𝑥 4 + ⋯ , −1 < 𝑥 < 1.
1−𝑥
Mas, e quanto a outras funções, como seriam as séries que as representam?

Em verdade, várias outras funções elementares (trigonométricas, exponenciais,


polinomiais, logarítmicas, irracionais, racionais, etc) também podem ser escritas como
séries de potências, nos respectivos intervalos de convergência das mesmas:

Teorema 1: Se uma função 𝑓 𝑥 pode ser escrita como sendo igual a uma série
de potências no intervalo (𝑎 − 𝑅, 𝑎 + 𝑅), então a série será a série de Taylor:
∞ 𝑛 𝑛
𝑓 𝑎 𝑥−𝑎
𝑓 𝑥 = =
𝑛!
𝑛=0

𝑓 ′′ 𝑎 (𝑥 − 𝑎)2 𝑓 ′′′ 𝑎 (𝑥 − 𝑎)3 𝑓 𝑖𝑣 𝑎 (𝑥 − 𝑎)4


𝑓 𝑎 + 𝑓 ′ 𝑎 (𝑥 − 𝑎) + + + +⋯
2! 3! 4!

𝑓 (𝑛) 𝑎 (𝑥 − 𝑎)𝑛
+⋯
𝑛!
𝑛
A expressão 𝑓 (𝑎) indica a derivada enésima da função 𝑓, no ponto 𝑎.

Esta série é chamada Série de Taylor da função 𝑓(𝑥) em torno do ponto 𝑎.

Se 𝑎 = 0, então
∞ 𝑛
𝑓 0 𝑥𝑛
𝑓 𝑥 = =
𝑛!
𝑛=0

𝑓 ′′ 0 𝑥 2 𝑓 ′′′ 0 𝑥 3 𝑓 𝑖𝑣 0 𝑥 4
𝑓 0 + 𝑓′ 0 𝑥 + + + +⋯
2! 3! 4!
é a série de Maclaurin da função 𝑓(𝑥), isto é, a série de Taylor de 𝑓 em torno do ponto
𝑎 = 0.

Teorema 2. As funções abaixo são representadas pelas suas séries de Taylor (as
duas primeiras já tínhamos visto antes):

100
𝑥2 𝑥3 𝑥4
𝑒𝑥 = 1 + 𝑥 + + + + ⋯ para todo 𝑥
2! 3! 4!
1
= 1 + 𝑥 + 𝑥 2 + 𝑥 3 + 𝑥 4 + ⋯ , para 𝑥 < 1
1−𝑥

cos (𝑛) 0 𝑥 𝑛
cos 𝑥 = para todo 𝑥 real, em radianos
𝑛!
𝑛=0


sen(𝑛) 0 𝑥 𝑛
sen 𝑥 = para todo 𝑥 em radianos
𝑛!
𝑛 =0

Vamos estabelecer os termos destas duas últimas séries, do cosseno e


do seno:

Ora, sabemos que:

cos ′ 𝑥 = −sen 𝑥

cos′′ 𝑥 = −cos 𝑥

cos ′′′ 𝑥 = sen 𝑥

cos 𝑖𝑣 𝑥 = cos 𝑥

cos 𝑣 𝑥 = − sen 𝑥 …

Então:

cos 0 𝑥 2 sen 0 𝑥 3 cos 0 𝑥 4


cos 𝑥 = cos 0 − sen 0 𝑥 − + + +⋯
2! 3! 4!

𝑥2 𝑥4 𝑥6 𝑥8 −1 𝑛 𝑥 2𝑛
cos 𝑥 = 1 − + − + − ⋯ =
2! 4! 6! 8! 2𝑛 !
𝑛=0

Analogamente,

sen 0 𝑥 2 cos 0 𝑥 3 sen 0 𝑥 4


sen 𝑥 = sen 0 + cos 0 𝑥 − − + +⋯
2! 3! 4!

𝑥3 𝑥5 𝑥7 𝑥9 −1 𝑛 𝑥 2𝑛+1
sen 𝑥 = 𝑥 − + − + − ⋯ =
3! 5! 7! 9! 2𝑛 + 1 !
𝑛 =0

Teorema 3. O erro ou resto 𝑅𝑛 de cálculo de uma função que é representada


pela sua série de Taylor é dado por:

𝑓 (𝑛+1) 𝑥𝑛 𝑥 − 𝑎 𝑛+1
𝑅𝑛 (𝑥) = ,
(𝑛 + 1)!
101
onde 𝑥𝑛 é um número entre 𝑥 e 𝑎.

Quanto mais próximo o valor de 𝑎 estiver de 𝑥, menor será o erro de cálculo.


Por isso, nem sempre é vantagem trabalhar com a série de Maclaurin, onde 𝑎 = 0, às
vezes é bom pegarmos valores de 𝑎 próximos de 𝑥 para obtermos valores mais
aproximados.

Antes dos exemplos, vamos a algumas observações importantes:

Observação 1: Uma identidade surpreendente – a Identidade de Euler

Vamos ver agora uma identidade surpreendente no mundo da Matemática!


Lembre-se primeiro do que é o número complexo 𝑖 = −1. Sabemos também que

𝑖 1 = 𝑖, 𝑖 2 = −1, 𝑖 3 = −𝑖, 𝑖 4 = 1, 𝑖5 = 𝑖 …

Lembremos também das séries seguintes já estabelecidas:

𝑥
𝑥2 𝑥3 𝑥4
𝑒 = 1 + 𝑥 + + + + ⋯ para todo 𝑥 real
2! 3! 4!
𝑥2 𝑥4 𝑥6 𝑥8
cos 𝑥 = 1 − + − + − ⋯ para todo 𝑥 real em radianos
2! 4! 6! 8!
𝑥3 𝑥5 𝑥7 𝑥9
sen 𝑥 = 𝑥 − + − + − ⋯ para todo 𝑥 real em radianos
3! 5! 7! 9!
Agora, calculemos a expressão abaixo, assumindo que a série de Taylor vale
também para os números complexos:

𝑒 𝐴+𝑖𝐵 = 𝑒 𝐴 𝑒 𝑖𝐵 =

𝐴
𝐵 2 𝑖𝐵 3 𝐵 4 𝑖𝐵 5 𝐵 6
𝑒 1 + 𝑖𝐵 − − + + − −⋯
2! 3! 4! 5! 6!

𝐵2 𝐵4 𝐵6 𝐵3 𝐵5 𝐵7
= 𝑒𝐴 1− + − +⋯ +𝑖 𝐵− + − +⋯
2! 4! 6! 3! 5! 7!

= 𝑒 𝐴 cos 𝐵 + 𝑖sen 𝐵 .

Logo,

𝑒 𝐴+𝑖𝐵 = 𝑒 𝐴 cos 𝐵 + 𝑖 sen 𝐵 .

Substituindo 𝐴 = 0 e 𝐵 = 𝜋, temos:

𝑒 0+𝑖𝜋 = 𝑒 0 cos 𝜋 + 𝑖 sen 𝜋 =

𝑒 𝑖𝜋 = −1

102
𝑒 𝑖𝜋 + 1 = 0.

Eis aí uma identidade que agrupa os cinco mais importantes números da


Matemática, a Identidade de Euler!!!:

 𝑒 = 2,71828 …, a base da função exponencial 𝑒 𝑥 que é a única cuja


derivada é ela própria,
 𝑖 = −1 a unidade imaginária do conjunto dos números complexos,
 𝜋 = 3,14 …, a razão entre o comprimento e o diâmetro do círculo,
 1, a base de todo número natural
 0, o elemento neutro da adição e a origem da Reta Real.

Juntos, numa única igualdade! Ufa!

Observação 2. A soma até o enésimo termo da série de Taylor é chamada de


Polinômio de Taylor:
𝑛
𝑗
𝑓 𝑎 (𝑥 − 𝑎)𝑗
𝑃𝑛 𝑥 = =
𝑗!
𝑗 =0


𝑓 ′′ 𝑎 𝑥 − 𝑎 2
𝑓 (𝑛) 𝑎 (𝑥 − 𝑎)𝑛
𝑓 𝑎 +𝑓 𝑎 𝑥−𝑎 + +⋯+ .
2! 𝑛!
Além disto, vale:

𝑓 𝑥 = 𝑃𝑛 𝑥 + 𝑅𝑛 𝑥 .

Isto significa que qualquer função elementar pode ser calculada de


forma aproximada por um polinômio, como já tínhamos visto para a função
exponencial, no capítulo passado!

Observação 3. A demonstração da série de Taylor. Nesta última


observação antes dos exemplos, vamos explicar porque a série de Taylor tem a
cara abaixo:


𝑓 ′′ 𝑎 (𝑥 − 𝑎)2 𝑓 ′′′ 𝑎 (𝑥 − 𝑎)3
𝑓 𝑥 = 𝑓 𝑎 + 𝑓 𝑎 (𝑥 − 𝑎) + + +⋯
2! 3!
𝑓 𝑛 𝑎 (𝑥 − 𝑎)𝑛
+⋯
𝑛!
Ora, considere que 𝑓(𝑥) seja igual a uma série de potências num
intervalo de convergência:
2 3
𝑓 𝑥 = 𝑐0 + 𝑐1 𝑥 − 𝑎 + 𝑐2 𝑥 − 𝑎 + 𝑐3 𝑥 − 𝑎 +⋯

Então, se 𝑥 = 𝑎, temos:

103
𝑓 𝑎 = 𝑐0

Derivando 𝑓(𝑥) e depois trocando 𝑥 por 𝑎:


1 2
𝑓′ 𝑥 = 𝑐1 + 𝑐2 2 𝑥 − 𝑎 + 𝑐3 3 𝑥 − 𝑎 +⋯

𝑓′ 𝑎 = 𝑐1

Derivando novamente e trocando novamente:


1
𝑓′′ 𝑥 = 2𝑐2 + 𝑐3 3(2) 𝑥 − 𝑎 +⋯

𝑓 ′′ 𝑎
= 𝑐2
2
𝑓′′′ 𝑥 = 𝑐3 3! + ⋯

𝑓 ′′ 𝑎
= 𝑐3
3!
Logo, a série de potências será:

𝑓 ′′ (𝑎) 𝑥 − 𝑎 2
𝑓 ′′′ (𝑎) 𝑥 − 𝑎 3
𝑓 𝑥 = 𝑓(𝑎) + 𝑓 ′ (𝑎) 𝑥 − 𝑎 + + +⋯=
2! 3!
∞ 𝑛
𝑓 𝑎 𝑥−𝑎 𝑛
.
𝑛!
𝑛=0

Agora sim, aos exemplos:

Exemplo 1. Calcule a série de Maclaurin da função 𝑓 𝑥 = cos 2𝑥.

𝑥2 𝑥4 𝑥6 𝑥8
cos 𝑥 = 1 − + − + − ⋯
2! 4! 6! 8!
22 𝑥 2 24 𝑥 4 26 𝑥 6 28 𝑥 8
cos 2𝑥 = 1 − + − + −⋯=
2! 4! 6! 8!

−1 𝑛 22𝑛 𝑥 2𝑛
2𝑛 !
𝑛 =0

Exemplo 2. Obtenha a série de Maclaurin para a função


sen 𝑥
𝑓 𝑥 =
𝑥
Ora,

𝑥3 𝑥5 𝑥7 𝑥9
sen 𝑥 = 𝑥 − + − + −⋯
3! 5! 7! 9!

104
Então:

sen 𝑥 𝑥2 𝑥4 𝑥6 𝑥8
= 1− + − + −⋯ =
𝑥 3! 5! 7! 9!

−1 𝑛 𝑥 2𝑛
(2𝑛 + 1)!
𝑛=0

Exercícios
1. Calcule a série de Maclaurin da função

a) 𝑓 𝑥 = sen 2𝑥

b) 𝑓 𝑥 = 𝑥 cos 𝑥

c) 𝑓 𝑥 = 𝑥𝑒 𝑥
𝑥
d) 𝑓 𝑥 = 1−𝑥 , 𝑥 < 1

2. Use a série de Maclaurin de cos 𝑥 para calcular cos 0,2, usando 5 termos da
série.
1 sen 𝑥
3. Calcule a integral 1/2 𝑥
𝑑𝑥, usando 7 termos da série de Maclaurin da
sen 𝑥
função .
𝑥

𝜋
4. Encontre a integral 0
𝑥 2 cos 𝑥 𝑑𝑥, usando os primeiros 6 termos da série de
Maclaurin da função integrando.

5. Dada a série abaixo, faça:

𝑥3 𝑥5 𝑥7
𝑥− + − +⋯
3! 5! 7!
a) Identifique a função que é representada por esta série.

b) Derive termo a termo desta série e identifique a função que é representada por ela.

c) Prove que ambas as séries possuem como intervalo de convergência toda a Reta
Real (−∞, ∞), pelo teste da razão.

6. Dada a série abaixo, faça:

𝑥2 𝑥4 𝑥6
1− + − +⋯
2! 4! 6!
a) Identifique a função que é representada por esta série.

b) Derive termo a termo desta série e identifique a função que é representada por ela.

105
c) Prove que ambas as séries possuem como intervalo de convergência toda a Reta
Real (−∞, ∞), pelo teste da razão.

7. Encontre a série de Maclaurin de cos 𝑥 2 .

106
13 Equações Diferenciais Ordinárias – definição, EDO linear de
primeira ordem, EDO separável

Neste capítulo, vamos dar uma pausa no assunto de sequências e séries e


vamos estudar as chamadas Equações Diferenciais Ordinárias – EDO’s. Lê-se: e-d-ó,
com acento agudo no ‘o’.

Uma EDO é uma equação cuja incógnita é uma função 𝑦(𝑥), ou 𝑦(𝑡), ou 𝑥(𝑡) e
tal que, na equação, aparece alguma derivada dela. Por exemplo, a EDO:

𝑦 ′ 𝑥 + 𝑦 𝑥 = 𝑥 − 1.

Observe que resolver a EDO acima é encontrar a função incógnita 𝑦(𝑥) que
satisfaz esta identidade, esta equação.

*O termo “Ordinária” significa que a função incógnita 𝑦 depende de uma única


variável (de 𝑥 ou de 𝑡 …)

*A função incógnita 𝑦 é a variável dependente, e a variável 𝑥 (ou 𝑡) é a


independente.

* Se a EDO vier acompanhada da condição 𝑦 𝑎 = 𝑏, então esta condição será


chamada de Condição Inicial da Equação Diferencial Ordinária dada e, além disto, a
equação diferencial junto com a condição inicial chama-se problema de valor inicial.
Ou seja, por exemplo:

𝑦′ 𝑥 + 𝑦 𝑥 = 𝑥 − 1

é simplesmente uma EDO, mas

𝑦 ′ 𝑥 + 𝑦 𝑥 = 𝑥 − 1, 𝑦 3 = 14

é um problema de valor inicial PVI, pois a EDO vem acompanhada da condição inicial
𝑦 3 = 14.

Vamos ver, neste capítulo, três métodos de se resolver uma EDO:

1) Integração Direta.

Este método é apropriado quando a equação diferencial é da forma

𝑦′ 𝑥 = 𝑓(𝑥)

Basta integrar ambos os lados, em relação a 𝑥:

𝑦 ′ 𝑥 𝑑𝑥 = 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 →

107
𝑦 𝑥 = 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥.

Exemplo 1: resolver o problema de valor inicial PVI (EDO mais a condição inicial)
seguinte, e verificar a solução:

𝑦 ′ 𝑥 = 4𝑥, sabendo que 𝑦 0 = 0.

Ora, basta integrar em relação a 𝑥:

𝑦 ′ 𝑥 𝑑𝑥 = 4𝑥 𝑑𝑥

𝑦 𝑥 = 2𝑥 2 + 𝐶

é a solução geral da EDO, geral porque depende da constante 𝐶.

Neste caso, como foi dado 𝑦 0 = 0, então podemos e devemos encontrar 𝐶:


2
0=2 0 + 𝐶 → 𝐶 = 0. Por fim, então:

𝑦 𝑥 = 2𝑥 2 é a solução da Equação Diferencial Ordinária dada, não é geral


porque 𝐶 foi encontrado.

Para verificação, substituímos a solução da EDO:

𝑦 ′ 𝑥 = 4𝑥

2𝑥 2 ′
= 4𝑥

4𝑥 = 4𝑥 ok.

2) EDO linear de primeira ordem: fator integrante que transforma o primeiro


membro numa derivada do produto.

Este método é apropriado quando a Equação Diferencial Ordinária é do tipo

𝑦 ′ 𝑡 + 𝑝 𝑡 ∙ 𝑦 𝑡 = 𝑞(𝑡)

É de primeira ordem, pois a maior derivada é a primeira. É linear pois,


informalmente falando, 𝑦 e suas derivadas não aparecem multiplicando entre si numa
mesma parcela, 𝑦 e suas derivadas estão em parcelas separadas, na EDO dada.

O método de resolver uma EDO linear consiste em multiplicar toda a equação


pelo fator integrante 𝑒 𝑝 𝑡 𝑑𝑡 e depois reescrever o primeiro membro como a derivada
de um produto, e por fim integrar os dois lados para então isolar a função incógnita
𝑦(𝑡).

Exemplo 2: resolver a EDO abaixo e verificar a solução:

108
a) 𝑦 ′ 𝑥 + 4𝑦 𝑥 = 1.

*Observação: não foi dada a condição inicial, logo, não podemos chamar esta EDO de
problema de valor inicial (PVI).

Bem, vamos calcular o fator integrante “fi”:

𝑝(𝑥)𝑑𝑥 4𝑑𝑥
𝑒 =𝑒 = 𝑒 4𝑥

Observe que no cálculo do fator integrante “fi”, a constante de integração C é


irrelevante, então, multiplicando os dois lados da EDO pelo fator integrante, temos:

𝑒 4𝑥 𝑦 ′ 𝑥 + 4𝑦 𝑥 = 1 ∙ 𝑒 4𝑥

𝑒 4𝑥 𝑦 ′ 𝑥 + 4𝑦 𝑥 = 𝑒 4𝑥

O primeiro membro sempre será, neste método, a derivada do produto de 𝑦(𝑥)


pelo fator integrante. O primeiro membro será, portanto, 𝑓𝑖. 𝑦(𝑥) ′ , então:

𝑒 4𝑥 𝑦 𝑥 ′
= 𝑒 4𝑥

Por fim, integramos os dois lados da equação e isolamos 𝑦(𝑥):

𝑒 4𝑥
𝑒 4𝑥 𝑦 𝑥 = +𝐶
4
𝑒 4𝑥 𝐶
𝑦 𝑥 = 4𝑥
+ 4𝑥
4𝑒 𝑒
1 𝐶
𝑦 𝑥 = + 4𝑥
4 𝑒
é a solução geral da EDO dada.

Para verificação, substituímos a solução da EDO:

𝑦 ′ 𝑥 + 4𝑦 𝑥 = 1

1 1 𝐶
+ 𝐶𝑒 −4𝑥 +4 + 4𝑥 = 1
4 4 𝑒
1
0 − 4𝐶𝑒 −4𝑥 + 4 ∙ + 4𝐶𝑒 −4𝑥 = 1
4
1 = 1, ok.
2
b) 𝑦 ′ 𝑥 − 4𝑥𝑦 𝑥 = 𝑒 2𝑥 .

*Observação: não foi dada a condição inicial, logo, não podemos chamar esta EDO de
problema de valor inicial.

109
Bem, vamos calcular o fator integrante f.i.:

𝑝(𝑥)𝑑𝑥 −4𝑥𝑑𝑥 2
𝑒 =𝑒 = 𝑒 −2𝑥

Observe que no cálculo do fator integrante f.i., a constante de integração C é


irrelevante, então, multiplicando os dois lados da EDO pelo fator integrante, temos:
2 2 2
𝑒 −2𝑥 𝑦 ′ 𝑥 − 4𝑥𝑦 𝑥 = 𝑒 −𝑥 𝑒 2𝑥
2 2
𝑒 −2𝑥 𝑦 ′ 𝑥 − 4𝑥𝑒 −2𝑥 𝑦 𝑥 = 𝑒 0

O primeiro membro sempre será, neste método, a derivada do produto de 𝑦(𝑥)


pelo fator integrante. O primeiro membro será 𝑓. 𝑖. 𝑦(𝑥) ′ , então:
2 ′
𝑒 −2𝑥 𝑦 𝑥 = 𝑒0
2 ′
𝑒 −2𝑥 𝑦 𝑥 =1

Por fim, integramos e isolamos 𝑦(𝑥):


2
𝑒 −2𝑥 𝑦 𝑥 = 𝑥 + 𝐶
2 2
𝑦 𝑥 = 𝑥𝑒 2𝑥 + 𝐶𝑒 2𝑥
2
𝑦 𝑥 = 𝑒 2𝑥 (𝑥 + 𝐶)

é a solução geral da EDO dada.

Para verificação, substituímos a solução da EDO:


2
𝑦 ′ 𝑥 − 4𝑥𝑦 𝑥 = 𝑒 2𝑥
2 2 2 2 2
(𝑥𝑒 2𝑥 + 𝐶𝑒 2𝑥 )′ − 4𝑥(𝑥𝑒 2𝑥 + 𝐶𝑒 2𝑥 ) = 𝑒 2𝑥
2 2 ′ 2 2 2
𝑥𝑒 2𝑥 + 𝐶𝑒 2𝑥 − 4𝑥 2 𝑒 2𝑥 − 4𝑥𝐶𝑒 2𝑥 = 𝑒 2𝑥
2 ′ 2 ′ 2 2 2
𝑥𝑒 2𝑥 + 𝐶𝑒 2𝑥 − 4𝑥 2 𝑒 2𝑥 − 4𝑥𝐶𝑒 2𝑥 = 𝑒 2𝑥
2 2 2 2 2 2
𝑒 2𝑥 + 𝑥𝑒 2𝑥 4𝑥 + 𝐶𝑒 2𝑥 4𝑥 − 4𝑥 2 𝑒 2𝑥 − 4𝑥𝐶𝑒 2𝑥 = 𝑒 2𝑥
2 2 2 2 2 2
𝑒 2𝑥 + 4𝑥 2 𝑒 2𝑥 + 4𝑥𝐶𝑒 2𝑥 − 4𝑥 2 𝑒 2𝑥 − 4𝑥𝐶𝑒 2𝑥 = 𝑒 2𝑥
2 2
𝑒 2𝑥 = 𝑒 2𝑥 , ok.

3) Equação Separável. Este método é apropriado quando a equação diferencial


é da forma

𝑦 ′ 𝑥 ∙ 𝑔(𝑦) = 𝑓(𝑥)

110
Ou seja, variável dependente 𝑦 de um lado, e independente 𝑥 do outro, por
isso, equação separável.
𝑑𝑦
Método: escreva 𝑦 ′ = 𝑑𝑥 . Deixe 𝑑𝑥 do lado direito e depois integre, para isolar
𝑦.

Exemplo 3. Resolva o PVI ou EDO abaixo:

a) 𝑦 ′ 𝑡 𝑦 2 (𝑡) = 5𝑡,

É Separável, então:

𝑑𝑦 2
∙ 𝑦 𝑡 = 5𝑡
𝑑𝑡
𝑦 2 𝑑𝑦 = 5𝑡𝑑𝑡

𝑦 2 𝑑𝑦 = 5𝑡 𝑑𝑡

𝑦 3 5𝑡 2
= +𝐶
3 2
5𝑡 2
𝑦3 = 3 +𝐶
2

3
15𝑡 2
𝑦 = +𝐶
2

3 15𝑡 2
𝑦= +𝐶
2

é a solução da EDO. Verificando:

3 15𝑡 2
𝑦 ′ 𝑡 𝑦 2 𝑡 = 5𝑡 → 𝑦 = +𝐶
2

′ 2
3 15𝑡 2 3 15𝑡 2
+𝐶 +𝐶 = 5𝑡
2 2

1 ′ 2
2
15𝑡 3 3 15𝑡 2
+𝐶 +𝐶 = 5𝑡
2 2

111
1 2
2 −1
1 15𝑡 3 30𝑡 3 15𝑡 2
+𝐶 +𝐶 = 5𝑡
3 2 2 2

−2/3 2/3
15𝑡 2 15𝑡 2
5𝑡 +𝐶 +𝐶 = 5𝑡
2 2

0
15𝑡 2
5𝑡 +𝐶 = 5𝑡
2

5𝑡 = 5𝑡, ok.

b) 𝑦 ′ 𝑥 𝑦(𝑥) + 1 = 𝑥 − 4, 𝑦 0 = 0

É Separável, então:

𝑑𝑦
𝑦+1 =𝑥−4
𝑑𝑥
𝑦 + 1 𝑑𝑦 = 𝑥 − 4 𝑑𝑥

𝑦 + 1 𝑑𝑦 = 𝑥 − 4 𝑑𝑥

𝑦2 𝑥2
+𝑦 = − 4𝑥 + 𝐶
2 2
Como 𝑦 0 = 0,

02 02
+0= − 4(0) + 𝐶
2 2
𝐶=0

𝑦2 𝑥2
+𝑦= − 4𝑥
2 2
𝑦 2 + 2𝑦 = 𝑥 2 − 8𝑥

𝑦 2 + 2𝑦 + 8𝑥 − 𝑥 2 = 0

Isolando 𝑦, neste caso, por Báskhara:

−2 ± 4 − 32𝑥 + 4𝑥 2
𝑦=
2
Como 𝑦 0 = 0, então:

112
−2 ± 2 −2 + 2
𝑦 0 = =0= =0
2 2
Logo,

−2 + 4 − 32𝑥 + 4𝑥 2
𝑦=
2
Simplificando:

𝑦 = −1 + 𝑥 2 − 8𝑥 + 1

é a solução do PVI dado.

Exercícios
1- Resolva a EDO ou PVI abaixo, por integração direta, e verifique sua resposta:

a) 𝑦 ′ 𝑥 = 2𝑥

b) 𝑦 ′ 𝑥 = 𝑒 𝑥 , 𝑦 0 = 1
1
c) 𝑦 ′ 𝑡
=𝑡, 𝑡>0

d) 𝑦 ′ 𝑡 = 1 + cos 7𝑡

2- Resolva a EDO linear ou PVI abaixo, pelo fator integrante f.i.:

a) 𝑦 ′ 𝑥 + 2𝑦 𝑥 = 𝑒 −2𝑥

b) 𝑦 ′ 𝑥 = 2𝑥. Observe que, nesta questão 𝑝 𝑥 = 0. Compare a sua resposta com o


item a) da questão 1.
1
c) 𝑥 ′ 𝑡 + 𝑥(𝑡) = 2 , 𝑥 0 = 3

3- Resolva a EDO ou PVI abaixo, pelo método da equação diferencial separável:


1
a) 𝑥 ′ 𝑡 ∙ 𝑥 = 3𝑡 + 2 , 𝑥 0 = 3

b) 𝑦 ′ 𝑥 = 2𝑥

c) 𝑦 ′ 𝑡 ∙ cos 𝑦 = 𝑒 𝑡 + 1

113
14 Equações homogêneas que se tornam separáveis

Algumas equações podem se tornar separáveis, por meio da mudança de


variável seguinte:

𝑦 𝑡 =𝑢 𝑡 ∙𝑡

ou seja:

𝑦 𝑡
𝑢 𝑡 =
𝑡
As EDO’s que admitem tal mudança de variável para se tornarem separáveis
são chamadas de homogêneas.

Exemplo 1. Resolva a EDO homogênea

a)

𝑡2 + 𝑦2 𝑡
𝑦′ 𝑡 = , 𝑡 > 0.
𝑡∙𝑦 𝑡

Reescrevendo a EDO:

𝑡2 + 𝑦2
𝑦′ =
𝑡∙𝑦

Fazendo 𝑦 = 𝑢 ∙ 𝑡, temos, pela regra do produto, 𝑦 ′ = 𝑢′ ∙ 𝑡 + 𝑢. Substituindo


na EDO dada:

𝑡 2 + 𝑢2 ∙ 𝑡 2
𝑢′ ∙ 𝑡 + 𝑢 =
𝑡∙𝑢∙𝑡
𝑡 2 + 𝑢2 ∙ 𝑡 2
𝑢′ ∙ 𝑡 + 𝑢 =
𝑢 ∙ 𝑡2


𝑡 2 1 + 𝑢2
𝑢 ∙𝑡+𝑢 =
𝑢 ∙ 𝑡2
1 + 𝑢2
𝑢′ ∙ 𝑡 + 𝑢 =
𝑢
1 + 𝑢2
𝑢′ ∙ 𝑡 = −𝑢
𝑢
1 + 𝑢2 − 𝑢2
𝑢′ ∙ 𝑡 =
𝑢

114
1
𝑢′ ∙ 𝑡 =
𝑢
Agora, tornando-a separável:

1
𝑢′ ∙ 𝑢 =
𝑡
𝑑𝑢 1
𝑢 =
𝑑𝑡 𝑡
1
𝑢𝑑𝑢 = 𝑑𝑡
𝑡
Integrando ambos os lados:

1
𝑢 𝑑𝑢 = 𝑑𝑡
𝑡

𝑢2
= ln 𝑡 + 𝐶
2
𝑦 𝑡
Voltando para a variável original 𝑦: 𝑢 𝑡 = 𝑡

𝑦 2
𝑡 = ln 𝑡 + 𝐶
2
𝑦2
= 2 ln |𝑡| + 2𝐶
𝑡2
𝑦2
= 2 ln |𝑡| + 𝐶
𝑡2
𝑦 2 = 2𝑡 2 ln |𝑡| + 𝑡 2 𝐶

é a solução da EDO dada.

b)

2𝑥𝑦 ′ + 𝑥 − 2𝑦 = 0

Fazendo 𝑦 = 𝑢 ∙ 𝑥, temos, pela regra do produto, 𝑦 ′ = 𝑢′ ∙ 𝑥 + 𝑢. Substituindo


na EDO dada:

2𝑥 𝑢′ 𝑥 + 𝑢 + 𝑥 − 2𝑢𝑥 = 0

2𝑥 2 𝑢′ + 2𝑥𝑢 + 𝑥 − 2𝑢𝑥 = 0

2𝑥 2 𝑢′ + 𝑥 = 0

115
−𝑥
𝑢′ =
2𝑥 2
𝑑𝑢 −1
=
𝑑𝑥 2𝑥
−1
𝑑𝑢 = 𝑑𝑥
2𝑥
−1
1 𝑑𝑢 = 𝑑𝑥
2𝑥

ln 𝑥
𝑢=− +𝐶
2
𝑦 𝑥
Voltando para a variável original 𝑦: 𝑢 𝑥 = 𝑥

𝑦 ln 𝑥
=− +𝐶
𝑥 2
𝑥 ln 𝑥
𝑦(𝑥) = − + 𝐶𝑥
2
é a solução da EDO dada.

c)
𝑥𝑦
𝑦′ =
𝑥2 + 𝑦2
𝑦
𝑦 = 𝑢𝑥, 𝑦 ′ = 𝑢′ 𝑥 + 𝑢𝑥 ′ = 𝑢′ 𝑥 + 𝑢, 𝑢 =
𝑥
𝑥𝑢𝑥
𝑢′ 𝑥 + 𝑢 =
𝑥2 + 𝑢2 𝑥 2

𝑢𝑥 2
𝑢′ 𝑥 + 𝑢 =
𝑥 2 1 + 𝑢2
𝑢
𝑢′ 𝑥 + 𝑢 =
1 + 𝑢2
𝑢
𝑢′ 𝑥 = −𝑢
1 + 𝑢2


𝑢 − 𝑢 − 𝑢3
𝑢𝑥=
1 + 𝑢2


−𝑢3
𝑢𝑥=
1 + 𝑢2

116
𝑢′ 1 + 𝑢2 1
3
=
−𝑢 𝑥
1 1
−𝑢−3 − 𝑢′ =
𝑢 𝑥
1 𝑑𝑢 1
−𝑢−3 − =
𝑢 𝑑𝑥 𝑥
1 1
−𝑢−3 − 𝑑𝑢 = 𝑑𝑥
𝑢 𝑥

𝑢−2
− − ln 𝑢 = ln 𝑥 + 𝐶
−2
1
− ln 𝑢 = ln 𝑥 + 𝐶
2𝑢2
1 𝑦
2 − ln = ln 𝑥 + 𝐶
𝑦 𝑥
2 𝑥

𝑥2 𝑦
− ln = ln 𝑥 + 𝐶
2𝑦 2 𝑥

Exercícios
Resolva a EDO homogênea

a)
𝑦 2 + 𝑥𝑦
PVI: 𝑦 ′ = , 𝑦 1 = 2.
𝑥2
b)
𝑡+𝑦 𝑡
𝑦′ 𝑡 = , 𝑡 > 0.
𝑡
c)
𝑥
4𝑦 ′ + =0
𝑦

d)

𝑦𝑥 + 𝑦 2 + 𝑥 2
𝑦′ =
𝑥2
e)

117
𝑦2
𝑦′ =
𝑡𝑦 + 𝑡 2

118
15 EDO de Bernoulli e primeiros problemas contextualizados de
EDO’s
Equação Diferencial Ordinária de Bernoulli
Neste capítulo, veremos mais um tipo de Equação Diferencial Ordinária, o seu
método de resolução, e os primeiros problemas contextualizados sobre as Equações
Diferenciais.

Uma equação do tipo

𝑦′ 𝑡 + 𝑝 𝑡 𝑦 𝑡 = 𝑞 𝑡 𝑦𝑚 𝑡

é chamada equação de Bernoulli.

Observação Importante: 𝑦 𝑚 não é derivada m-ésima, é simplesmente uma


potência de 𝑦, 𝑦 elevado a 𝑚.

Seu método se baseia na seguinte substituição, que tornará a EDO numa EDO
linear de primeira ordem:

1
𝑘= , 𝑦 𝑡 = 𝑥𝑘 𝑡
1−𝑚
Exemplo.

Resolver a EDO de Bernoulli abaixo.

𝑦 ′ + 𝑦 = 7𝑦 2

𝑚=2
1 1 1
Ora, 𝑘 = 1−𝑚 = 1−2 = −1 = −1.

𝑦 = 𝑥 𝑘 = 𝑥 −1

𝑦 = 𝑥 −1

𝑥 −1 ′ + 𝑥 −1 = 7 𝑥 −1 2

−1𝑥 −1−1 𝑥 ′ + 𝑥 −1 = 7𝑥 −2

−𝑥 −2 𝑥 ′ + 𝑥 −1 = 7𝑥 −2

: −𝑥 −2


𝑥 −1 7𝑥 −2
1𝑥 + =
−𝑥 −2 −𝑥 −2

𝑥 ′ − 𝑥 −1−(−2) = −7

119
𝑥 ′ − 𝑥 = −7

A partir daqui, a EDO é linear de primeira ordem.

−1𝑑𝑡
𝑓𝑖 = 𝑒 = 𝑒 −𝑡

𝑒 −𝑡 𝑥 ′ − 𝑥 = 𝑒 −𝑡 ∙ (−7)

𝑒 −𝑡 ∙ 𝑥 ′ = −7𝑒 −𝑡

−𝑡
7𝑒 −𝑡
𝑥𝑒 =− +𝐶
−1
7𝑒 −𝑡 𝐶
𝑥 = −𝑡 + −𝑡
𝑒 𝑒
𝑥 = 7 + 𝐶𝑒 𝑡

Agora, voltando para a variável dependente 𝑦:

𝑦 = 𝑥 −1

𝑦 = 7 + 𝐶𝑒 𝑡 −1

1
𝑦(𝑡) =
7 + 𝐶𝑒 𝑡

é a solução da Equação diferencial.

Primeiros problemas contextualizados – Propagação de doença


Para que possamos entender os problemas contextualizados em Equações
Diferencias, devemos saber que:

*Duas variáveis 𝐹 e 𝐺 são proporcionais quando 𝐹 = 𝑟 ∙ 𝐺 para algum 𝑟 real


não nulo.

Vamos então ver os primeiros problemas contextualizados de Equações


Diferenciais:

1) Numa população existem 1000 pessoas. Suponha que, nesta população, a


taxa de variação do número de infectados por certa doença seja proporcional ao
número de contatos entre os infectados e os não-infectados, onde a constante de
proporcionalidade é positiva. Encontre o número de infectados em um instante
qualquer.

Depois, encontre o número de infectados após um longo período de tempo.

Pelos dados do problema:

𝑦(𝑡) = número de infectados no instante 𝑡. Então:

120
𝑦′ =𝑟∙ 𝑦 ∙ 1000 − 𝑦
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑜 𝑛ú𝑚 .𝑑𝑒 𝑛ú𝑚 .𝑑𝑒 𝑛ã𝑜
𝑛ú𝑚 .𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑐𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑐𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠
𝑖𝑛𝑓𝑒𝑐𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠

𝑦 ′ = 𝑟 ∙ 𝑦 ∙ 1000 − 𝑦

𝑦 ′ = 1000𝑟𝑦 − 𝑟𝑦 2

𝑦 ′ − 1000𝑟𝑦 = −𝑟𝑦 2 → Bernoulli

1 1 1
𝑘= = = = −1
1 − 𝑚 1 − 2 −1

𝑦 = 𝑥 𝑘 → 𝑦 = 𝑥 −1

𝑥 −1 ′ − 1000𝑟(𝑥 −1 ) = −𝑟(𝑥 −1 )2

−𝑥 −2 𝑥 ′ − 1000𝑟𝑥 −1 = −𝑟𝑥 −2

: −𝑥 −2

1𝑥 ′ + 1000𝑟𝑥 −1− −2 = 𝑟

𝑥 ′ + 1000𝑟𝑥 −1+2 = 𝑟

𝑥 ′ + 1000𝑟𝑥 = 𝑟 →

linear de primeira ordem (fator integrante)

𝑓𝑖 = 𝑒 1000 𝑟𝑡

𝑒 1000 𝑟𝑡 𝑥 ′ + 1000𝑟𝑥 = 𝑟𝑒 1000 𝑟𝑡

𝑒 1000 𝑟𝑡 𝑥 ′ = 𝑟𝑒 1000 𝑟𝑡

𝑟𝑒 1000 𝑟𝑡
𝑒 1000 𝑟𝑡 𝑥 = +𝐶
1000𝑟
𝑟𝑒 1000 𝑟𝑡 𝐶
𝑥= +
1000𝑟𝑒 1000 𝑟𝑡 𝑒 1000 𝑟𝑡
1 𝐶
𝑥= + 1000 𝑟𝑡
1000 𝑒
𝑦 = 𝑥 −1
−1
1 𝐶
𝑦= + 1000 𝑟𝑡
1000 𝑒

121
−1
𝑒 1000 𝑟𝑡 + 1000𝐶
𝑦=
1000𝑒 1000 𝑟𝑡

1000𝑒 1000 𝑟𝑡
𝑦= = n. de infectados
𝐶 + 𝑒 1000 𝑟𝑡
1000𝑒 1000𝑟𝑡
lim 𝑦 = lim =
𝑡→∞ 𝑡→∞ 𝐶 + 𝑒 1000 𝑟𝑡

: 𝑒 1000 𝑟𝑡

1000
lim =
𝑡→∞ 𝐶
1000 𝑟𝑡 + 1
𝑒
como 𝑟 > 0,

1000
=
0+1
1000.

2) Numa população existem 500 animais, dos quais, 40 estão infectados


inicialmente. Suponha que, nesta população, a taxa de variação do número de
infectados por certa doença seja proporcional ao número de contatos entre os
infectados e os não-infectados, com constante de proporcionalidade igual a 0,4.
Encontre o número de infectados em um instante qualquer. Depois, encontre o
número de infectados após um longo período de tempo.

Pelos dados do problema:

𝑦(𝑡) = número de infectados no instante 𝑡. Então, temos o PVI:

𝑦′ =𝑟∙ 𝑦 ∙ 500 − 𝑦
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑜 𝑛ú𝑚 .𝑑𝑒 𝑛ú𝑚 .𝑑𝑒 𝑛ã𝑜
𝑛ú𝑚 .𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑐𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑐𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠
𝑖𝑛𝑓𝑒𝑐𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠

𝑦 0 = 40.

Resolvendo o PVI:

𝑦 ′ = 0,4 ∙ 𝑦 ∙ 500 − 𝑦

𝑦 ′ = 500𝑟𝑦 − 𝑟𝑦 2

𝑦 ′ − 500𝑟𝑦 = −𝑟𝑦 2 → Bernoulli

1 1 1
𝑘= = = = −1
1 − 𝑚 1 − 2 −1
122
𝑦 = 𝑥 𝑘 → 𝑦 = 𝑥 −1

𝑥 −1 ′ − 500𝑟(𝑥 −1 ) = −𝑟(𝑥 −1 )2

−𝑥 −2 𝑥 ′ − 500𝑟𝑥 −1 = −𝑟𝑥 −2

𝑥 ′ + 500𝑟𝑥 −1− −2 = 𝑟

𝑥 ′ + 500𝑟𝑥 −1+2 = 𝑟

𝑥 ′ + 500𝑟𝑥 = 𝑟

𝑓𝑖 = 𝑒 500𝑟𝑡

𝑒 500𝑟𝑡 𝑥 ′ + 500𝑟𝑥 = 𝑟𝑒 500𝑟𝑡

𝑒 500𝑟𝑡 𝑥 ′ = 𝑟𝑒 500𝑟𝑡

𝑟𝑒 500𝑟𝑡
𝑒 500𝑟𝑡 𝑥 = +𝐶
500𝑟
𝑟𝑒 500𝑟𝑡 𝐶
𝑥= 500𝑟𝑡
+ 500𝑟𝑡
500𝑟𝑒 𝑒
1 𝐶
𝑥= + 500𝑟𝑡
500 𝑒
𝑦 = 𝑥 −1
−1
1 𝐶
𝑦= + 500𝑟𝑡
500 𝑒
−1
𝑒 500𝑟𝑡 + 500𝐶
𝑦=
500𝑒 500𝑟𝑡

500𝑒 500∙0,4𝑡
𝑦=
𝐶 + 𝑒 500∙0,4𝑡
𝑦 0 = 40

500𝑒 0
40 =
𝐶 + 𝑒0
460 23
40𝐶 + 40 = 500 → 𝐶 = =
40 2
500𝑒 200𝑡
𝑦= →
23 200𝑡
2 +𝑒
n. de infectados em cada instante 𝑡

123
500𝑒 200𝑡
lim 𝑦 = lim =
𝑡→∞ 𝑡→∞ 23/2 + 𝑒 200𝑡

500
lim = 500
𝑡→∞ 23
+ 1
2𝑒 200𝑡
3) Numa população existem 500 animais, dos quais, 40 estão infectados
inicialmente. Suponha que, nesta população, a taxa de variação do número de
infectados por certa doença seja proporcional ao número de contatos entre os
infectados e os não-infectados, com constante de proporcionalidade igual a −0,4.
Encontre o número de infectados em um instante qualquer. Depois, encontre o
número de infectados após um longo período de tempo.

Pelos dados do problema:

𝑦(𝑡) = número de infectados no instante 𝑡. Então, temos o PVI:

𝑦′ =𝑟∙ 𝑦 ∙ 500 − 𝑦
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑜 𝑛ú𝑚 .𝑑𝑒 𝑛ú𝑚 .𝑑𝑒 𝑛ã𝑜
𝑛ú𝑚 .𝑑𝑒 𝑖𝑛 𝑓𝑒𝑐𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑐𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠
𝑖𝑛𝑓𝑒𝑐𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠

𝑦 0 = 40.

Resolvendo:

𝑦 ′ = −0,4 ∙ 𝑦 ∙ 500 − 𝑦

𝑦 ′ = −500𝑟𝑦 + 𝑟𝑦 2

𝑦 ′ + 500𝑟𝑦 = 𝑟𝑦 2 → Bernoulli

1 1 1
𝑘= = = = −1
1 − 𝑚 1 − 2 −1

𝑦 = 𝑥 𝑘 → 𝑦 = 𝑥 −1

𝑥 −1 ′ + 500𝑟(𝑥 −1 ) = 𝑟(𝑥 −1 )2

−𝑥 −2 𝑥 ′ + 500𝑟𝑥 −1 = 𝑟𝑥 −2

𝑥 ′ − 500𝑟𝑥 −1− −2 = −𝑟

𝑥 ′ − 500𝑟𝑥 −1+2 = −𝑟

𝑥 ′ − 500𝑟𝑥 = −𝑟

𝑓𝑖 = 𝑒 −500𝑟𝑡

124
𝑒 −500𝑟𝑡 𝑥 ′ − 500𝑟𝑥 = −𝑟𝑒 −500𝑟𝑡

𝑒 −500𝑟𝑡 𝑥 ′ = −𝑟𝑒 −500𝑟𝑡

−500𝑟𝑡
−𝑟𝑒 −500𝑟𝑡
𝑒 𝑥= +𝐶
−500𝑟
𝑟𝑒 −500𝑟𝑡 𝐶
𝑥= −500𝑟𝑡
+ −500𝑟𝑡
500𝑟𝑒 𝑒
1
𝑥= + 𝐶𝑒 500𝑟𝑡
500
𝑦 = 𝑥 −1
−1
1
𝑦= + 𝐶𝑒 500𝑟𝑡
500
−1
1 + 500𝐶𝑒 500𝑟𝑡
𝑦=
500

500
𝑦=
1 + 𝐶𝑒 500∙0,4𝑡

𝑦 0 = 40

500
40 =
1+𝐶
460 23
40𝐶 + 40 = 500 → 𝐶 = =
40 2
500
𝑦=
23
1 + 2 𝑒 200𝑡

500
𝑦=
2 + 23𝑒 200𝑡
2
1000
𝑦=
2 + 23𝑒 200𝑡
1000
lim 𝑦 = lim =
𝑡→∞ 𝑡→∞ 2 + 23𝑒 200𝑡

0.

Exercícios
1- Resolver a EDO de Bernoulli abaixo.

125
a)

𝑦 ′ + 𝑦 = 3𝑦 2

b)

𝑦 ′ − 2𝑦 = 𝑦 2

c)

1
𝑦′ = − 𝑦 − 𝑡𝑦 2
𝑡
d)

𝑦 ′ = −𝑦 + 𝑦 3

2- Numa população existem 900 animais. Suponha que, nesta população, a taxa
de variação do número de infectados por certa doença seja proporcional ao número
de contatos entre os infectados e os não-infectados, com constante de
proporcionalidade igual a 3. Encontre o número de infectados em um instante
qualquer. Depois, encontre o número de infectados após um longo período de tempo.

3- Numa população existem 2000 animais. Suponha que, nesta população, a


taxa de variação do número de infectados por certa doença seja proporcional ao
número de contatos entre os infectados e os não-infectados, com constante de
proporcionalidade igual a −0,5. Encontre o número de infectados em um instante
qualquer. Depois, encontre o número de infectados após um longo período de tempo.

4- Resolva a questão 3, supondo que, inicialmente, tenham 50 animais


inicialmente infectados.

5- Considere 𝐿(𝑡) a aprendizagem de uma pessoa, e 𝐿𝑚𝑎𝑥 a aprendizagem


máxima dele, uma constante. A velocidade de aprendizagem de um indivíduo é
proporcional ao que não foi aprendido. Encontre a função aprendizagem, sabendo que
inicialmente a aprendizagem é 𝑀. Encontre a aprendizagem após um longo período de
tempo.

6- O problema da fofoca. Seja 𝑦(𝑡) o número de pessoas que sabem de


determinada notícia no instante 𝑡, numa certa comunidade. A velocidade 𝑦 ′ (𝑡) com
que a notícia se espalha é proporcional ao número de contatos entre os que sabem e
os que não sabem da notícia. Encontre o número de pessoas que sabem da notícia em
qualquer instante 𝑡, numa comunidade de 1.000 pessoas, sabendo que, inicialmente,
havia 40 pessoas que sabiam da notícia e que, após 30 minutos, 100 pessoas ao todo
estavam sabendo.

126
127
16 Campo de Direções e Solução de Equilíbrio, problemas de
Meia-Vida
Campo de Direções
O campo de Direções de uma EDO é a análise gráfica, feita por pequenas setas
que mostram a inclinação da reta tangente ao gráfico da função solução em cada
ponto do plano, das seguintes situações:

𝑦′ > 0

𝑦′ < 0

𝑦 ′ = 0, que é a solução de Equilíbrio da EDO

lim 𝑦′
𝑦→∞

lim 𝑦′
𝑦 →−∞

Exemplo 1. Encontre o campo de direções da EDO

a) 𝑦 ′ = 2𝑦 − 8 , 𝑦 = 𝑦(𝑥)

𝑦′ > 0 →

2𝑦 − 8 > 0

𝑦>4

𝑦′ < 0 →

2𝑦 − 8 < 0

𝑦<4

𝑦 ′ = 0 → solução de equilíbrio

2𝑦 − 8 = 0

𝑦=4

lim 𝑦′ = lim 2𝑦 − 8 = ∞
𝑦 →∞ 𝑦 →∞

lim 𝑦′ = lim 2𝑦 − 8 = −∞
𝑦 →−∞ 𝑦→−∞

Campo de direções:

128
Observe que as soluções se afastam da solução de equilíbrio, quando 𝑥 tende a
infinito, e se aproximam, quando 𝑥 tende a menos infinito.

b) 𝑦 ′ = −𝑦 + 7

𝑦′ > 0 →

−𝑦 + 7 > 0

𝑦<7

𝑦′ < 0 →

−𝑦 + 7 < 0

𝑦>7

𝑦 ′ = 0 → solução de equilíbrio

−𝑦 + 7 = 0

𝑦=7

lim 𝑦′ = lim −𝑦 + 7 = −∞
𝑦 →∞ 𝑦 →∞

lim 𝑦′ = lim −𝑦 + 7 = ∞
𝑦 →−∞ 𝑦→−∞

Campo de direções:

129
y



x

        


Observe que as soluções se aproximam da solução de equilíbrio, quando 𝑥


tende a infinito, e se afastam, quando 𝑥 tende a menos infinito.

Vamos resolver o PVI 𝑦 ′ = −𝑦 + 7, 𝑦 0 = 1 e identificar o gráfico no campo


de direções.

𝑦′ + 𝑦 = 7

𝑒 𝑥 𝑦 ′ = 7𝑒 𝑥

𝑒 𝑥 𝑦 = 7𝑒 𝑥 + 𝐶

𝐶
𝑦=7+
𝑒𝑥
𝐶
1=7+ → 𝐶 = −6
𝑒0
6
𝑦 𝑥 = 7−
𝑒𝑥

Meia-Vida de material radioativo


A meia-vida de um material radioativo é o tempo de desintegração de um
material radioativo (carbono ou outros) que leva para a massa chegar à metade.
130
Exemplo 2. Encontre a meia-vida de um material radioativo, sabendo que a taxa
de variação de sua massa é proporcional a sua massa e que, no início, sua massa é 𝑀0 .

𝑦 𝑡 = massa no instante 𝑡

𝑦 ′ = 𝑟𝑦

𝑦 0 = 𝑀0

Temos um PVI. A constante de proporcionalidade 𝑟 depende de cada material


radioativo.

𝑦′
=𝑟
𝑦

1 𝑑𝑦
=𝑟
𝑦 𝑑𝑡

1
𝑑𝑦 = 𝑟𝑑𝑡
𝑦

ln 𝑦 = 𝑟𝑡 + 𝐶

𝑒 ln 𝑦 = 𝑒 𝑟𝑡 +𝐶

𝑦 = 𝑒 𝑟𝑡 𝑒 𝐶

𝑦 𝑡 = 𝐶𝑒 𝑟𝑡

𝑦 0 = 𝑀0

𝑀0 = 𝐶𝑒 𝑟∙0

𝑀0
𝐶= = 𝑀0
𝑒0
𝑦 𝑡 = 𝑀0 𝑒 𝑟𝑡 , 𝑡 > 0 (tempo)

Agora, o que o problema pediu:

𝑀0
= 𝑀0 𝑒 𝑟𝑡0
2
1
= 𝑒 𝑟𝑡0
2
1
ln = ln 𝑒 𝑟𝑡0
2
1
ln = 𝑟𝑡0
2

131
1
𝑟𝑡0 = ln
2
1
ln 2
𝑡0 =
𝑟
Exemplo 3. Encontre a meia-vida de um material radioativo, sabendo que a taxa
de variação de sua massa é proporcional a sua massa, que, no início, sua massa é 𝑀0 e
que a massa atinge 10% de sua massa inicial em 20 décadas.

𝑦 𝑡 = massa no instante 𝑡, 𝑡 em décadas.

𝑦 ′ = 𝑟𝑦

𝑦 0 = 𝑀0

Temos um PVI.

𝑦′
=𝑟
𝑦

1 𝑑𝑦
=𝑟
𝑦 𝑑𝑡

1
𝑑𝑦 = 𝑟𝑑𝑡
𝑦

ln 𝑦 = 𝑟𝑡 + 𝐶

𝑒 ln 𝑦 = 𝑒 𝑟𝑡 +𝐶

𝑦 = 𝑒 𝑟𝑡 𝑒 𝐶

𝑦 𝑡 = 𝐶𝑒 𝑟𝑡 , onde 𝐶 = 𝑒 𝐶 > 0

𝑦 0 = 𝑀0

𝑀0 = 𝐶𝑒 𝑟∙0

𝑀0
𝐶= = 𝑀0
𝑒0
𝑦 𝑡 = 𝑀0 𝑒 𝑟𝑡 , 𝑡 > 0 (tempo)

Sabemos que 𝑦 20 = 10%𝑀0 ,

10%𝑀0 = 𝑀0 𝑒 𝑟∙20

0,1𝑀0 = 𝑀0 𝑒 20𝑟

0,1 = 𝑒 20𝑟
132
ln 0,1 = 20𝑟

ln 0,1 1
𝑟= = ln 0,120
20
𝑦 𝑡 = 𝑀0 𝑒 𝑟𝑡 , 𝑡 > 0 (tempo)
1
ln 0,120 ∙𝑡
𝑦 𝑡 = 𝑀0 𝑒
1
𝑡 ln 0,120
𝑦 𝑡 = 𝑀0 𝑒
1 𝑡
ln 0,120
𝑦 𝑡 = 𝑀0 𝑒
𝑡
ln 0,120
𝑦 𝑡 = 𝑀0 𝑒
𝑡
𝑦 𝑡 = 𝑀0 0,120

Agora, o que o problema pediu:

𝑀0 𝑡0
= 𝑀0 0,120
2
1 𝑡0
= 0,120
2
1 𝑡0
ln = ln 0,120
2
1 𝑡0
ln = ln 0,1
2 20
1
20 ln 2
𝑡0 = = 6,02 décadas.
ln 0,1

Exercícios
1- Faça o campo de direções da EDO:

a) 𝑦 ′ = 3𝑦 + 9

b) 𝑦 ′ = −5𝑦 − 25

2- Encontre a meia-vida de um material radioativo, sabendo que a taxa de


variação de sua massa é proporcional a sua massa, que, no início, sua massa é 𝑀0 e
que a massa atinge 20% de sua massa inicial em 100 décadas.

133
3- Encontre a meia-vida de um material radioativo, sabendo que a taxa de
variação de sua massa é proporcional a sua massa, que, no início, sua massa é 𝑀0 e
que a massa atinge 90% de sua massa inicial em 200 décadas.

134
17 Problemas: Lei do Resfriamento de Newton e outras aplicações
das EDO’s
Lei do Resfriamento de Newton
A Lei do Resfriamento de Newton diz que a taxa de variação de temperatura de
um objeto é proporcional à diferença entre as temperaturas do próprio objeto e a
temperatura ambiente 𝑦𝑎 , constante. Isto é:

𝑦 𝑡 = temperatura do corpo,

𝑦 ′ 𝑡 = 𝑘 𝑦 𝑡 − 𝑦𝑎 .

A constante 𝑘 depende do material do objeto.

Exemplo 1. Uma pessoa falecida foi encontrada em um ambiente cuja


temperatura é constante, de 20 graus. Sabendo que ela foi encontrada às 7 horas da
manhã com 28 graus de temperatura e, às 14 horas ela estava com 25 graus, sem ser
retirada do ambiente, encontre o instante que ela faleceu.

Depois, explique o que ocorre com o corpo após um longo período de tempo.

Temos, pela Lei do Resfriamento de Newton:

𝑦 ′ 𝑡 = 𝑘 𝑦 𝑡 − 𝑦𝑎 ,

𝑦𝑎 = 20,

𝑦 7 = 28,

𝑦 14 = 25,

𝑦(𝑡0 ) = 36

𝑦 ′ = 𝑘𝑦 − 𝑘𝑦𝑎

𝑦 ′ = 𝑘𝑦 − 20𝑘

𝑦 ′ (𝑡) − 𝑘𝑦(𝑡) = −20𝑘

EDO linear de primeira ordem: fator integrante:

𝑓𝑖 = 𝑒 −𝑘𝑡 →

𝑒 −𝑘𝑡 𝑦 ′ = −20𝑘𝑒 −𝑘𝑡

Integrando em relação à 𝑡:

−𝑘𝑡
20𝑘𝑒 −𝑘𝑡
𝑒 𝑦=− +𝐶
−𝑘

135
𝑦 = 20 + 𝐶𝑒 𝑘𝑡

Pelos dados do problema,

𝑦 7 = 28 →→ 28 = 20 + 𝐶𝑒 7𝑘

𝑦 14 = 25 →→ 25 = 20 + 𝐶𝑒 14𝑘

Vamos encontrar 𝐶 e 𝑘:

Isolando 𝐶 na primeira:

28 = 20 + 𝐶𝑒 7𝑘

28 − 20 8
𝐶= =
𝑒 7𝑘 𝑒 7𝑘
Substituindo na segunda:

25 = 20 + 𝐶𝑒 14𝑘

8
25 = 20 + 𝑒 14𝑘
𝑒 7𝑘

25 = 20 + 8𝑒 7𝑘

5 5
𝑒 7𝑘 = → ln 𝑒 7𝑘 = ln →
8 8
5
7𝑘 = ln
8
5 1
ln 8 5 7
𝑘= = ln
7 8

Assim,

8
𝐶= 1
5 7
7 ln
𝑒 8

8 8 8 64
𝐶= 5 = =8 =
5 5 5
𝑒 ln 8 8
Substituindo 𝑘 e 𝐶 na função temperatura:

𝑦 𝑡 = 20 + 𝐶𝑒 𝑘𝑡

136
1
64 5 7
𝐶= , 𝑘 = ln →
5 8

1
5 7
64 ln 8
𝑡
𝑦 = 20 + 𝑒
5
1
5 7
𝑡 ln
64 8
𝑦 = 20 + 𝑒
5
𝑡
5 7
ln
64 8
𝑦 = 20 + 𝑒
5
𝑡
64 5 7
𝑦 = 20 +
5 8

Esta é a temperatura do corpo em qualquer instante 𝑡.

Pausa para verificação das duas condições dadas:


1
64 5
𝑦 7 = 20 + = 28, ok.
5 8
2
64 5
𝑦 14 = 20 + = 25, ok.
5 8

Agora sim, o que foi pedido no problema: 𝑦 𝑡0 = 36


𝑡0
64 5 7
36 = 20 +
5 8
𝑡0
5 5 7
16 =
64 8
𝑡0
5 5 7
=
4 8
5 𝑡0 5
ln = ln
4 7 8
5
7 ln 4 > 0
𝑡0 = = −3,3 horas
5
ln 8 < 0

137
Isto é, 3,3 horas antes da zero hora, ou seja 3 horas e 0,3 × 60 = 18
minutos antes das zero horas (antes da meia noite). Logo, faleceu às:

00h00 menos 3 horas e 18 minutos, que é às 20h42 min do dia anterior.

Verificando:
−3,3
64 5 7
𝑦 −3,3 = 20 + = 36 graus.
5 8

Agora, após um longo período de tempo:


𝑡
64 5 7 5
lim 𝑦 = lim 20 + = como <1
𝑡→∞ 𝑡→∞ 5 8 8

20 + 0 = 20 = 𝑦𝑎 .

Ou seja, o corpo tende à temperatura ambiente, 20 graus, como poderíamos


imaginar.

Obs: poderíamos ter feito, no início, 𝑦 0 = 28 e 𝑦 7 = 25, isto é, às 7 da


manhã nós consideraríamos como sendo 𝑡 = 0 e às 14 horas como sendo 𝑡 = 7, a
resposta seria 𝑡0 = −10,3, ou seja, a mesma: 20h42 min do dia anterior.

Movimento uniforme, Juros, Misturas e outros problemas


Exemplo 2. Deduzindo as fórmulas do Movimento Uniformemente Variado
(acel. = constante) da Física. Suponha que um móvel se desloca a uma aceleração “𝑎”
constante em linha reta. Sabendo que a aceleração é a derivada da velocidade
instantânea 𝑣(𝑡), e sabendo que a velocidade instantânea é a derivada da posição 𝑠(𝑡)
do móvel em cada instante 𝑡, faça:

a) Monte uma equação diferencial envolvendo 𝑎 e 𝑣(𝑡) ache 𝑣(𝑡) resolvendo


esta equação diferencial. Sabendo que o móvel inicia o movimento com velocidade de
𝑣0 m/s e ache a constante 𝐶.

Ora: 𝑎 = 𝑣 ′ 𝑡 , 𝑣 0 = 𝑣0 →

𝑣′ = 𝑎

Integrando em relação à 𝑡:

𝑣 = 𝑎𝑡 + 𝐶

𝑣 0 = 𝑣0 →

𝑣0 = 𝑎 ∙ 0 + 𝐶 →

𝐶 = 𝑣0

138
Então:

𝑣 𝑡 = 𝑎𝑡 + 𝑣0

𝑣 = 𝑣0 + 𝑎𝑡

b) Com a resposta do item a), monte uma equação diferencial envolvendo 𝑣(𝑡)
e 𝑠(𝑡), e ache 𝑠(𝑡) resolvendo a equação diferencial. Sabendo que o móvel parte da
posição 𝑠 0 = 𝑠0 , ache a constante 𝐶.

𝑠 ′ 𝑡 = 𝑣(𝑡)

𝑠 ′ (𝑡) = 𝑎𝑡 + 𝑣0

Integrando em relação à 𝑡:

𝑎𝑡 2
𝑠 𝑡 = + 𝑣0 𝑡 + 𝐶
2
𝑠 0 = 𝑠0

𝑠0 = 0 + 0 + 𝐶 →

𝐶 = 𝑠0

Logo,

𝑎𝑡 2
𝑠 𝑡 = + 𝑣0 𝑡 + 𝑠0
2
𝑎𝑡 2
𝑠 𝑡 = 𝑠0 + 𝑣0 𝑡 +
2
c) Isole 𝑡 na resposta do item a), substitua na solução do item b), e deduza a
fórmula de Torricelli 𝑣 2 𝑡 = 𝑣02 + 2𝑎∆𝑠.

𝑣 𝑡 = 𝑎𝑡 + 𝑣0

𝑣 − 𝑣0
𝑡=
𝑎
𝑣 − 𝑣0 2
𝑣0 𝑣 − 𝑣0 𝑎
𝑠 = 𝑠0 + + 𝑎
𝑎 2
𝑎2 𝑣 − 𝑣0 2
2𝑎𝑠 = 2𝑎𝑠0 + 2𝑣0 𝑣 − 𝑣0 +
𝑎2
2
2𝑎𝑠 = 2𝑎𝑠0 + 2𝑣0 𝑣 − 𝑣0 + 𝑣 − 𝑣0

2𝑎𝑠 = 2𝑎𝑠0 + 2𝑣0 𝑣 − 2𝑣02 + 𝑣 2 − 2𝑣𝑣0 + 𝑣02

139
2𝑎𝑠 = 2𝑎𝑠0 − 𝑣02 + 𝑣 2

2𝑎𝑠0 − 𝑣02 + 𝑣 2 = 2𝑎𝑠

𝑣 2 = 2𝑎𝑠 − 2𝑎𝑠0 + 𝑣02

𝑣 2 = 𝑣02 + 2𝑎(𝑠 − 𝑠0 )

𝑣 2 = 𝑣02 + 2𝑎∆𝑠

é a equação de Torricelli.

Exemplo 3. A quantidade de ratos em determinado território varia no tempo a


uma taxa proporcional à quantidade de ratos presentes, com constante de
proporcionalidade igual a 0,2. Encontre a quantidade de ratos em qualquer instante 𝑡
em dias. Depois, sabendo que inicialmente havia 50 ratos, encontre a quantidade de
ratos após 4 dias.

𝑦 𝑡 = quantidade de ratos no instante 𝑡

𝑦 ′ = 𝑘𝑦

𝑦 ′ = 0,2𝑦

Separável:

𝑦′
= 0,2
𝑦

1 𝑑𝑦
= 0,2
𝑦 𝑑𝑡

Integrando:

1
𝑑𝑦 = 0,2𝑑𝑡
𝑦

ln 𝑦 = 0,2𝑡 + 𝐶

𝑦 = 𝑒 0,2𝑡+𝐶

𝑦 = 𝑒 0,2𝑡 𝑒 𝐶

𝑦 = 𝐶𝑒 0,2𝑡 , onde 𝐶 = 𝑒 𝐶 > 0

Mas, 𝑦 0 = 50, então:

50 = 𝐶𝑒 0,2∙0

𝐶 = 50

140
Substituindo na função quantidade de ratos:

𝑦 = 50𝑒 0,2𝑡

A quantidade de ratos em 4 dias será:

𝑦 4 = 50𝑒 0,8 = 111 ratos.

Exemplo 4. A velocidade de queda do meu saldo bancário, a partir do primeiro


dia do mês (dia zero), é proporcional aos dias passados, com constante de
proporcionalidade igual a −3 (menos, porque é uma queda). Sabendo que,
inicialmente, eu tenho R$ 6.000,00, quanto eu terei em 10 dias? Em qual dia meu saldo
será nulo?

𝑦 𝑡 = saldo bancário no dia 𝑡

𝑦 ′ 𝑡 = velocidade de queda do saldo bancário, no dia 𝑡

𝑦 ′ (𝑡) = 𝑘𝑡

𝑦 ′ = −3𝑡

Integrando em relação à 𝑡:

−3𝑡 2
𝑦= +𝐶
2
Mas, 𝑦(0) = 6000, então:

6000 = 0 + 𝐶 →

𝐶 = 6000

E então:

3𝑡 2
𝑦 𝑡 =− + 6000
2
Finalmente:

3 102
𝑦 10 = − + 6000
2
𝑦 10 = 6000 − 150 = 5850.

O saldo será nulo quando:

3𝑡0 2
0=− + 6000
2

141
3𝑡0 2
= 6000
2
𝑡02 = 4000

𝑡0 = 63,2 dias. Nesse dia, o saldo será zero. Depois disso, negativo.

Exemplo 5.

Resolva a EDO 𝑦 ′′ (𝑥) − 𝑦 ′ (𝑥) = 0, substituindo 𝑦 ′ (𝑥) por 𝑣(𝑥).

Resolvendo:

𝑦′ ′
− 𝑦′ = 0

(𝑣)′ − 𝑣 = 0

𝑣′ = 𝑣

Separável:

𝑣′
=1
𝑣
1 𝑑𝑣
=1
𝑣 𝑑𝑥
1
𝑑𝑣 = 1𝑑𝑥
𝑣
Integrando:

ln 𝑣 = 𝑥 + 𝐶

𝑣 = 𝐶𝑒 𝑥

Substituindo 𝑣 por 𝑦′:

𝑦 ′ = 𝐶𝑒 𝑥

É uma nova EDO.

Integrando:

𝑦 = 𝐶𝑒 𝑥 + 𝐾

Apareceram duas constantes, pois a EDO é de segunda ordem, ou seja, a maior


derivada que aparece na EDO é uma derivada segunda.

6- A razão entre a taxa de variação de 𝑦(𝑥) e 𝑥 é igual ao seno de 𝑥. Encontre


𝑦(𝑥).

142
𝑦′
= sen 𝑥
𝑥
𝑑𝑦
= 𝑥 sen 𝑥
𝑑𝑥
Integrando em relação à 𝑥:

𝑦= 𝑥 sen 𝑥𝑑𝑥
𝑢 𝑑𝑣

𝑦 = 𝑢𝑣 − 𝑣𝑑𝑢

𝑦 = 𝑥 − cos 𝑥 − − cos 𝑥 𝑑𝑥

𝑦 = −𝑥 cos 𝑥 + sen 𝑥 + 𝐶

7- O coeficiente angular da reta tangente ao gráfico da função 𝑔(𝑥) é igual a


5𝑥 + 1 21 . Encontre a função 𝑔(𝑥).

𝑔′ = 5𝑥 + 1 21

Integrando em relação à 𝑥:
21
𝑔 𝑥 = 5𝑥 + 1 𝑑𝑥
𝑢

22
1 5𝑥 + 1
𝑔 𝑥 = ∙ +𝐶
5 22
22
5𝑥 + 1
𝑔 𝑥 = +𝐶
110
8- A taxa de variação de 𝑓(𝑡) é igual à diferença entre 𝑓(𝑡) e 2𝑡. Encontre
𝑓(𝑡).

𝑓 ′ = 𝑓 − 2𝑡

𝑓 ′ − 𝑓 = −2𝑡

Linear de primeira ordem:

𝑒 −𝑡 𝑓 ′ = −2𝑡 𝑒 −𝑡
𝑢 𝑑𝑣

Integrando em relação à 𝑡:

𝑒 −𝑡 𝑓 = 𝑢𝑣 − 𝑣𝑑𝑢 =

143
2𝑡𝑒 −𝑡 𝑒 −𝑡
− − (−2)𝑑𝑡
−1 −1

Então:

−𝑡 −𝑡
2𝑒 −𝑡
𝑒 𝑓 = 2𝑡𝑒 − +𝐶
−1
𝑓 = 2𝑡 + 2 + 𝐶𝑒 𝑡

9- Montante a Juros Compostos. Imagine que a taxa de juros de uma aplicação


financeira seja 𝑖 aa (ao ano). Se uma pessoa aplica 𝐶 reais, em um ano ela terá:
1
𝑀 = 𝐶 1+𝑖

Em 𝑡 anos, ela terá


𝑡
𝑀 = 𝐶 1+𝑖

Agora, se a taxa é capitalizada ao semestre, então, da Matemática Financeira,


temos, em 2 semestres:
2
𝑖
𝑀 =𝐶 1+
2

E, em 𝑡 anos, com a taxa 𝑖 ao ano, capitalizada semestralmente, teremos o


montante:
2𝑡
𝑖
𝑀 =𝐶 1+
2

Se a taxa anual 𝑖 é capitalizada em 𝑛 períodos em cada ano, então, em 𝑡 anos:


𝑛𝑡
𝑖
𝑀 =𝐶 1+
𝑛

Agora, se a taxa anual é capitalizada infinitas vezes dentro de um ano, isto é, se


𝑛 tende a infinito, então, em 𝑡 anos, temos:
𝑡𝑛
𝑖
𝑀 = lim 𝐶 1 +
𝑛 →∞ 𝑛
𝑛 𝑡
𝑖
𝑀 = lim 𝐶 1+
𝑛→∞ 𝑛

Agora, temos de descobrir o valor de


𝑛
𝑖
lim 1 +
𝑛 →∞ 𝑛

144
Ora, do Cálculo 1, sabemos que esse limite é
𝑛
𝑖
lim 1 + = 𝑒 𝑖 = 2,71828 …𝑖
𝑛→∞ 𝑛

Então, se os juros são capitalizados continuamente, isto é, infinitas vezes ao


ano, o montante será:
𝑛 𝑡
𝑖
𝑀 = lim 𝐶 1+
𝑛→∞ 𝑛

𝑀 = 𝐶𝑒 𝑖𝑡

Obs:
𝑛
1
𝑒 = lim 1 +
𝑛 →∞ 𝑛

Esta fórmula poderia ter sido obtida de outra forma: se a taxa de variação do
Montante de uma aplicação financeira com capitalização contínua é proporcional ao
montante, então, se 𝐶 é o capital inicialmente investido, temos:

𝑀′ 𝑡 = 𝑘𝑀 𝑡

Separável:

𝑀′
=𝑘
𝑀
1
𝑑𝑀 = 𝑘𝑑𝑡
𝑀
Integrando:

ln 𝑀 = 𝑘𝑡 + 𝐶1

𝑀 = 𝑒 𝑘𝑡 +𝐶1

𝑀 = 𝑒 𝑘𝑡 𝑒 𝐶1

𝑀 = 𝐶1 𝑒 𝑘𝑡

Mas:

𝑀 0 =𝐶

Então:

𝐶 = 𝐶1 𝑒 0𝑘 → 𝐶1 = 𝐶

𝑀 = 𝐶𝑒 𝑘𝑡
145
Comparando com a fórmula anterior, 𝑀 = 𝐶𝑒 𝑖𝑡 , 𝑘 = 𝑖.

10- Problema de misturas.

Num tanque, há 100 L de água, sem sal. Uma certa quantidade de água com sal
entra e a mesma quantidade de água, após misturada, sai. Vamos determinar a
quantidade de sal em cada instante 𝑡 no tanque, em horas.

Se 5L/h de água caem no tanque que contém 100 litros de água, com
concentração de sal igual 1g/L, e, após bem misturada, a água com vazão de 5L/h, e
sabendo que a taxa de variação da quantidade de sal no tanque é taxa de variação de
entrada menos a taxa de variação de saída, encontre:

a) A quantidade de sal em um instante qualquer, sabendo que, inicialmente,


não há sal no tanque.

b) A concentração do sal em cada instante.

Ora, a taxa de variação de sal na entrada será igual a vazão vezes a


concentração da entrada, idem para a saída:

a)

𝑦 𝑡 = qtdde de sal em gramas no tanque

𝑑𝑦
𝑔/𝑕 = 𝑔/𝑕(entrada) − 𝑔/𝑕(saída)
𝑑𝑡
5𝐿 1𝑔 5𝐿 𝑦 𝑡 𝑔
𝑦′ 𝑡 = −
𝑕 𝐿 𝑕 100 𝐿
5𝑦
PVI: 𝑦 ′ = 5 − , 𝑦 0 = 0.
100
5
𝑦′ + 𝑦=5
100
Linear de primeira ordem:
5𝑡
𝑓𝑖 = 𝑒 100

Multiplicando por 𝑓𝑖 nos dois lados da EDO:

5𝑡 ′ 5𝑡
𝑦𝑒 100 = 5𝑒 100

Integrando:

146
5𝑒 0,05𝑡
𝑦𝑒 0,05𝑡 = +𝐶
0,05
𝐶
𝑦 = 100 +
𝑒 0,05𝑡
Usando a condição inicial de que o tanque, inicialmente não continha sal, 𝑦 0 = 0:

𝐶
0 = 100 + → 𝐶 = −100
𝑒0
100
𝑦 = 100 −
𝑒 0,05𝑡
Observe que, no limite, a quantidade de sal tende a 100 gramas, no tanque.
𝑦 𝑡 1
b) 𝑐 𝑡 (𝑔/𝐿) = = 1 − 𝑒 0,05 𝑡 .
100

No limite, 𝑐 tende a ser 1 g/L, isto é, a mesma concentração da água que entra,
1 grama por litro.

Exercícios
1- A Lei do resfriamento de Newton diz que a temperatura de um objeto varia
no tempo a uma taxa proporcional á diferença entre sua temperatura e a do ambiente
que o rodeia (esta última supostamente constante). Suponha que a temperatura de
uma xícara de café obedece à lei do resfriamento de Newton. Se o café estava a uma
temperatura de 100 graus inicialmente e, um minuto depois, esfriou para 90 graus em
uma sala a 20 graus, determine quando o café atinge 38 graus.

2- Resolva a EDO de segunda ordem 𝑦 ′′ 𝑥 + 2𝑦 ′ (𝑥) = 0, substituindo 𝑦 ′ (𝑥)


por 𝑣(𝑥).

3- A velocidade de crescimento (taxa de variação) de uma certa população é


proporcional à própria população, com constante de proporcionalidade igual a 0,2
(positiva, pois é crescimento). Sabendo que, inicialmente, há 5000 pessoas, encontre a
quantidade de pessoas após 10 anos.

4- Um certo corredor, após atingir sua velocidade máxima numa maratona,


começa a diminuir sua velocidade em uma taxa proporcional ao tempo, com constante
de proporcionalidade igual a −0,8 (negativa, pois a velocidade cai a partir deste
instante). Se a velocidade máxima atingida é de 8 km/h, encontre sua velocidade 3
horas depois de ter atingido este ápice. (Considere que 𝑡 = 0 é o instante que ele
atinge a velocidade máxima e que, a partir daí, a velocidade começa a diminuir.)

147
5- Se a taxa de variação de uma grandeza, no tempo, é proporcional à soma da
própria grandeza com o tempo, encontre a grandeza.

6- Se a taxa de variação de uma grandeza é proporcional à ela própria,


encontre-a.

7- Se a taxa de variação de uma grandeza é igual ao dobro dela, encontre-a.

8- Se a taxa de variação de uma grandeza com relação ao tempo é igual ao


triplo do tempo, encontre a grandeza.

9- A razão entre a taxa de variação de 𝑦(𝑥) e 𝑦(𝑥) é igual ao cosseno de 𝑥.


Encontre 𝑦(𝑥).

10- A taxa de variação de 𝑓(𝑡) é igual à soma entre 𝑓(𝑡) e 3𝑡. Encontre 𝑓(𝑡).

11- Se 7L/h de água caem no tanque que contém 90 litros de água, com
concentração de sal igual 1g/L, e, após bem misturada, a água com vazão de 7L/h, e
sabendo que a taxa de variação da quantidade de sal no tanque é taxa de variação de
entrada menos a taxa de variação de saída, encontre:

a) A quantidade de sal em um instante qualquer, sabendo que, inicialmente,


não há sal no tanque. E qual a quantidade após um longo tempo?

b) A concentração do sal em cada instante. E qual a concentração de sal no


tanque após um longo tempo?

12- Se a taxa de variação do Montante de uma aplicação financeira com


capitalização contínua é proporcional ao montante, e se eu aplico 200 reais
inicialmente, quanto terei após 10 anos, sabendo que a taxa de juro é de 𝑖 = 12% =
12
aa?
100

13- Prove que, se 𝑓1 é solução da EDO 𝑦 ′ (𝑡) + 𝑝 𝑡 𝑦(𝑡) = 0, então 𝑓2 = 𝐶𝑓1


também é solução.

148
18 Equações Diferenciais lineares de segunda ordem homogêneas
com coeficientes constantes
Dadas constantes 𝑎 ≠ 0, 𝑏, 𝑐, uma EDO do tipo 𝑎𝑦 ′′ (𝑡) + 𝑏𝑦 ′ (𝑡) + 𝑐𝑦(𝑡) = 0 é
chamada EDO de segunda ordem linear homogênea, com coeficientes constantes.

Homogênea pelo fato do segundo membro ser nulo, não tem relação com as
homogêneas de primeira ordem dos capítulos anteriores. De segunda ordem, pois a
maior derivada é a derivada segunda. Linear, informalmente explicando, pelo fato de 𝑦
e suas derivadas não estarem em mesmas parcelas da equação.

Observamos inicialmente que se 𝑓1 (𝑡) e 𝑓2 (𝑡) são duas soluções de uma EDO
linear homogênea de segunda ordem, então a soma delas 𝑠 𝑡 = 𝑓1 𝑡 + 𝑓2 (𝑡)
também será uma solução, veja:

Ora, sabemos que

𝑎𝑓1′′ + 𝑏𝑓1′ + 𝑐𝑓1 = 0 e 𝑎𝑓2′′ + 𝑏𝑓2′ + 𝑐𝑓2 = 0,

logo,

𝑎𝑠 ′′ 𝑡 + 𝑏𝑠 ′ 𝑡 + 𝑐𝑠 𝑡 =
′′
𝑎 𝑓1 + 𝑓2 + 𝑏 𝑓1 + 𝑓2 ′ + 𝑐 𝑓1 + 𝑓2 =

𝑎 𝑓1′′ + 𝑓2′′ + 𝑏 𝑓1′ + 𝑓2′ + 𝑐 𝑓1 + 𝑓2 =

𝑎𝑓1′′ + 𝑎𝑓2′′ + 𝑏𝑓1′ + 𝑏𝑓2′ + 𝑐𝑓1 + 𝑐𝑓2 =

𝑎𝑓1′′ + 𝑏𝑓1′ + 𝑐𝑓1 + 𝑎𝑓2′′ + 𝑏𝑓2′ + 𝑐𝑓2 = 0 + 0 = 0

Enfim, se duas funções são soluções, então a soma delas também é solução da
EDO linear de segunda ordem homogênea 𝑎𝑦 ′′ + 𝑏𝑦 ′ + 𝑐𝑦 = 0. Da mesma forma,
prova-se que a diferença também será solução da EDO linear de segunda ordem
homogênea.

Outra observação é que se uma função 𝑓1 (𝑡) é solução da EDO 𝑎𝑦 ′′ + 𝑏𝑦 ′ +


𝑐𝑦 = 0, então 𝑓2 𝑡 = 𝐶𝑓1 (𝑡) também será solução, porque:
′′
𝑎 𝐶𝑓1 + 𝑏 𝐶𝑓1 ′ + 𝑐 𝐶𝑓1 =

𝑎𝐶𝑓1′′ + 𝑏𝐶𝑓1′ + 𝑐𝐶𝑓1 =

𝐶 𝑎𝑓1′′ + 𝑏𝑓1′ + 𝑐𝑓1 = 𝐶 0 = 0.

Isto é, 𝑓2 = 𝐶𝑓1 também é solução da EDO homogênea, caso 𝑓1 seja.

Resumindo estas duas observações, temos que, se 𝑓1 e 𝑓2 são duas soluções da


EDO linear de segunda ordem homogênea com coeficientes constantes

149
𝑎𝑦 ′′ + 𝑏𝑦 ′ + 𝑐𝑦 = 0,

então, a função combinação linear das duas soluções

𝑓 = 𝐶1 𝑓1 + 𝐶2 𝑓2

também será uma solução da EDO homogênea 𝑎𝑦 ′′ + 𝑏𝑦 ′ + 𝑐𝑦 = 0.

Feitas estas observações, vamos à solução da referida EDO. Para resolver esta
equação diferencial, substituímos 𝑦 por uma possível solução, que achamos ser a
solução natural, 𝑒 𝑟𝑡 (afinal, qual outra função tem suas derivadas somadas e dando
igual a zero, não é mesmo?), e encontramos a constante 𝑟:

𝑎 𝑒 𝑟𝑡 ′′
+ 𝑏 𝑒 𝑟𝑡 ′
+ 𝑐𝑒 𝑟𝑡 = 0

𝑎𝑟 2 𝑒 𝑟𝑡 + 𝑏𝑟𝑒 𝑟𝑡 + 𝑐𝑒 𝑟𝑡 = 0

Como 𝑒 𝑟𝑡 ≠ 0, então podemos dividir os dois lados por 𝑒 𝑟𝑡 :

𝑎𝑟 2 + 𝑏𝑟 + 𝑐 = 0

Esta equação é chamada equação característica.

Resolvendo a equação característica acima para encontrarmos 𝑟, teremos três


possibilidades de soluções da EDO linear de segunda ordem homogênea com
coeficientes constantes:

1) Se as raízes 𝑟1 e 𝑟2 são reais e distintas, então:

teremos duas soluções:

𝑦1 = 𝑒 𝑟1 𝑡 e 𝑦2 = 𝑒 𝑟2 𝑡

e, como vimos mais acima, a combinação linear também será solução. Então, a solução
geral será a combinação linear de 𝑦1 e 𝑦2 :

𝑦 𝑡 = 𝐶1 𝑒 𝑟1 𝑡 + 𝐶2 𝑒 𝑟2 𝑡 ,

−𝑏+ 𝑏 2 −4𝑎𝑐 −𝑏− 𝑏 2 −4𝑎𝑐


onde 𝑟1 = e 𝑟2 = , ou vice-versa.
2𝑎 2𝑎

−𝑏± 𝑏 2 −4𝑎𝑐 𝑏
2) Se as raízes são reais e iguais a 𝑟 = = − 2𝑎 , então a solução geral
2𝑎
será:

𝑦 𝑡 = 𝐶1 𝑒 𝑟𝑡 + 𝐶2 ∙ 𝑡 ∙ 𝑒 𝑟𝑡

Por quê? Ora, se uma solução natural é 𝑦1 = 𝑒 𝑟𝑡 , então uma outra solução
natural seria do tipo: 𝑦2 = 𝑣 𝑡 𝑒 𝑟𝑡 . Vamos provar que 𝑣 𝑡 = 𝑡: substituindo na EDO,
temos:

150
𝑎 𝑣𝑒 𝑟𝑡 ′′
+ 𝑏 𝑣𝑒 𝑟𝑡 ′
+ 𝑐𝑣𝑒 𝑟𝑡 = 0

𝑎 𝑣 ′ 𝑒 𝑟𝑡 + 𝑣𝑟𝑒 𝑟𝑡 ′ + 𝑏 𝑣 ′ 𝑒 𝑟𝑡 + 𝑣𝑟𝑒 𝑟𝑡 + 𝑐𝑣𝑒 𝑟𝑡 = 0

𝑎 𝑣 ′′ 𝑒 𝑟𝑡 + 𝑣 ′ 𝑟𝑒 𝑟𝑡 + 𝑣 ′ 𝑟𝑒 𝑟𝑡 + 𝑣𝑟 2 𝑒 𝑟𝑡 + 𝑏𝑣 ′ 𝑒 𝑟𝑡 + 𝑏𝑣𝑟𝑒 𝑟𝑡 + 𝑐𝑣𝑒 𝑟𝑡 = 0

𝑎𝑣 ′′ + 2𝑎𝑣 ′ 𝑟 + 𝑎𝑣𝑟 2 + 𝑏𝑣 ′ + 𝑏𝑣𝑟 + 𝑐𝑣 = 0

𝑎𝑣 ′′ + 𝑣 ′ 2𝑎𝑟 + 𝑏 + 𝑣 𝑎𝑟 2 + 𝑏𝑟 + 𝑐 = 0

𝑎𝑣 ′′ + 𝑣 ′ 2𝑎𝑟 + 𝑏 = 0
−𝑏±0 𝑏
Mas, 𝑟 = = − 2𝑎 . Logo,
2

𝑏
𝑎𝑣 ′′ + 𝑣 ′ 2𝑎 − +𝑏 =0
2𝑎

𝑎𝑣 ′′ + 𝑣 ′ −𝑏 + 𝑏 = 0

𝑎𝑣 ′′ = 0

𝑣 ′′ = 0

𝑣′ = 𝐶

𝑣(𝑡) = 𝐶𝑡 + 𝐾

Daí, a combinação linear de 𝑦1 = 𝑒 𝑟𝑡 e 𝑦2 = 𝑣 𝑡 𝑒 𝑟𝑡 também será solução:

𝑦 = 𝐶1 𝑒 𝑟𝑡 + 𝐶2 𝑣 𝑡 𝑒 𝑟𝑡

𝑦 = 𝐶1 𝑒 𝑟𝑡 + 𝐶2 𝐶𝑡 + 𝐾 𝑒 𝑟𝑡

𝑦 = 𝐶1 𝑒 𝑟𝑡 + 𝐶2 𝐶𝑡𝑒 𝑟𝑡 + 𝐶2 𝐾𝑒 𝑟𝑡

= 𝐶1 + 𝐶2 𝐾 𝑒 𝑟𝑡 + 𝐶2 𝐶𝑡𝑒 𝑟𝑡

𝑦 = 𝐶1 𝑒 𝑟𝑡 + 𝐶2 𝑡𝑒 𝑟𝑡

é a solução geral, neste caso.

3) Se as raízes são complexas conjugadas

−𝑏 ± 𝑏 2 − 4𝑎𝑐
𝑟= = 𝐴 ± 𝑖𝐵,
2𝑎

onde 𝑖 = −1, então a solução geral será dada apenas em termos de números reais:

𝑦 𝑡 = 𝑒 𝐴𝑡 (𝐶1 cos 𝐵𝑡 + 𝐶2 sen 𝐵𝑡)

Por quê? Ora: temos

151
𝑟 = 𝐴 ± 𝑖𝐵 → 𝑟1 = 𝐴 + 𝑖𝐵 e 𝑟2 = 𝐴 − 𝑖𝐵.

Substituindo na solução 𝑦 = 𝑒 𝑟𝑡 , temos, como vimos no capítulo de série de


Taylor, que 𝑒 𝐴+𝑖𝐵 = 𝑒 𝐴 𝑒 𝑖𝐵 = 𝑒 𝐴 cos 𝐵 + 𝑖 sen 𝐵 , então:
𝐴+𝑖𝐵 𝑡
𝑦1 = 𝑒 = 𝑒 𝐴𝑡 +𝑖𝐵𝑡 = 𝑒 𝐴𝑡 cos 𝐵𝑡 + 𝑖 sen 𝐵𝑡
𝐴−𝑖𝐵 𝑡
𝑦2 = 𝑒 = 𝑒 𝐴𝑡 +𝑖(−𝐵𝑡) = 𝑒 𝐴𝑡 [cos(−𝐵𝑡) + 𝑖 sen(−𝐵𝑡)]

= 𝑒 𝐴𝑡 [cos 𝐵 𝑡 − 𝑖 sen 𝐵𝑡]

Logo, a soma 𝑠(𝑡) e a diferença 𝑑(𝑡) também são soluções:

𝑠 𝑡 = 𝑦1 + 𝑦2 = 2𝑒 𝐴𝑡 cos 𝐵𝑡

𝑑 𝑡 = 𝑦1 − 𝑦2 = 2𝑖𝑒 𝐴𝑡 sen 𝐵𝑡

Daí,

1
𝑠 𝑡 = 𝑒 𝐴𝑡 cos 𝐵𝑡
2
e

1
𝑑 𝑡 = 𝑒 𝐴𝑡 sen 𝐵𝑡
2𝑖
também são soluções. Logo, a solução geral é a combinação linear de 𝑠(𝑡) e de 𝑑(𝑡):

𝑦 𝑡 = 𝐶1 𝑒 𝐴𝑡 cos 𝐵𝑡 + 𝐶2 𝑒 𝐴𝑡 sen 𝐵𝑡, ou seja:

𝑦(𝑡) = 𝑒 𝐴𝑡 (𝐶1 cos 𝐵𝑡 + 𝐶2 sen 𝐵𝑡),

que envolve apenas números reais.

Com isso, analisamos todas as possibilidades de soluções para as equações


diferenciais de segunda ordem, lineares, homogêneas com coeficientes constantes.

Nos três casos acima, as constantes 𝐶1 e 𝐶2 poderão ser encontradas, quando


forem conhecidas as condições iniciais 𝑦 𝑡0 = 𝑦0 e 𝑦 ′ 𝑡0 = 𝑦0′

Exemplo 1: Resolva a EDO 𝑦 ′′ 𝑥 + 4𝑦 ′ 𝑥 + 3𝑦(𝑥) = 0

𝑦 = 𝑒 𝑟𝑥

𝑒 𝑟𝑡 ′′
+ 4 𝑒 𝑟𝑡 ′
+ 3𝑒 𝑟𝑡 = 0

𝑟 2 𝑒 𝑟𝑡 + 4𝑟𝑒 𝑟𝑡 + 3𝑒 𝑟𝑡 = 0

𝑟 2 + 4𝑟 + 3 = 0

152
é a equação característica.

Resolvendo esta equação do segundo grau,

−4 ± 42 − 4 1 (3) −4 ± 2
𝑟= =
2 1 2

𝑟1 = −1, 𝑟2 = −3

Solução geral:

𝑦 𝑥 = 𝐶1 𝑒 −𝑥 + 𝐶2 𝑒 −3𝑥

Exemplo 2: Resolva o PVI 𝑦 ′′ 𝑥 − 4𝑦 ′ 𝑥 + 4𝑦(𝑥) = 0,

𝑦 0 = 0, 𝑦 ′ 0 = 1.

𝑦 = 𝑒 𝑟𝑥

𝑒 𝑟𝑡 ′′
− 4 𝑒 𝑟𝑡 ′
+ 4𝑒 𝑟𝑡 = 0

𝑟 2 𝑒 𝑟𝑡 − 4𝑟𝑒 𝑟𝑡 + 4𝑒 𝑟𝑡 = 0

𝑟 2 − 4𝑟 + 4 = 0

é a equação característica.

Resolvendo esta equação do segundo grau,

−(−4) ± (−4)2 − 4 1 (4) 4 ± 0


𝑟= = =2
2 1 2

𝑟=2

Solução geral:

𝑦 𝑥 = 𝐶1 𝑒 2𝑥 + 𝐶2 𝑥𝑒 2𝑥

Pelas condições iniciais:

𝑦 0 =0

𝑦′ 0 = 1

𝐶1 𝑒 2 0
+ 𝐶2 (0)𝑒 2 0
=0

𝑦 ′ = 2𝐶1 𝑒 2𝑥 + 𝐶2 𝑒 2𝑥 + 𝐶2 𝑥𝑒 2𝑥 2

1 = 2𝐶1 𝑒 2 0
+ 𝐶2 𝑒 2 0
+ 𝐶2 0 𝑒 2 0
2

153
𝐶1 = 0

2𝐶1 + 𝐶2 = 1

𝐶1 = 0, 𝐶2 = 1

Solução:

𝑦 𝑥 = 𝑥𝑒 2𝑥

Exemplo 3: Resolva a EDO 𝑦 ′′ 𝑥 + 4𝑦 ′ 𝑥 + 5𝑦(𝑥) = 0

𝑦 = 𝑒 𝑟𝑥

𝑒 𝑟𝑡 ′′
+ 4 𝑒 𝑟𝑡 ′
+ 5𝑒 𝑟𝑡 = 0

𝑟 2 𝑒 𝑟𝑡 + 4𝑟𝑒 𝑟𝑡 + 5𝑒 𝑟𝑡 = 0

𝑟 2 + 4𝑟 + 5 = 0

Resolvendo esta equação do segundo grau,

−4 ± 42 − 4 1 (5) −4 ± 4 −1 −4 ± 2𝑖
𝑟= = = = −2 ± 𝑖
2 1 2 2

𝐴 = −2, 𝐵 = 1

Solução geral:

𝑦 𝑥 = 𝑒 −2𝑥 (𝐶1 cos 𝑥 + 𝐶2 sen 𝑥)

Exercícios
1- Resolva o exercício 2 do Capítulo 17 por dois métodos: o método indicado no
próprio exercício, e o método apresentado neste capítulo 18. Compare os resultados.

2- Encontre a solução das EDO’s ou PVI’s abaixo:

a) 𝑦 ′′ − 6𝑦 ′ + 8𝑦 = 0

𝑦′ 𝑦
b) 𝑦 ′′ + − 2 = 0, 𝑦 0 = 0, 𝑦 ′ 0 = 1
2

c) 𝑦 ′′ − 14𝑦 ′ + 49𝑦 = 0

d) 𝑦 ′′ − 14𝑦 ′ + 49𝑦 = 0, 𝑦 0 = 1, 𝑦 ′ 0 = 0

e) 𝑦 ′′ + 4𝑦 ′ + 13𝑦 = 0

f) 𝑦 ′′ + 4𝑦 ′ + 13𝑦 = 0, 𝑦 0 = 0, 𝑦 ′ 0 = 1

154
19 EDO’s de segunda ordem lineares não-homogêneas

Método dos coeficientes indeterminados da solução particular


Neste capítulo, estudaremos as equações diferenciais de segunda
ordem lineares, com coeficientes constantes, não-homogêneas, do tipo

𝑎𝑦 ′′ 𝑥 + 𝑏𝑦 ′ 𝑥 + 𝑐𝑦 𝑥 = 𝑔(𝑥)

onde 𝑔 𝑥 não é a função identicamente nula, isto é, não é constante


igual a 0.

Para resolver esta EDO, podemos usar o método dos “coeficientes


indeterminados da solução particular”, descrito a seguir.

Primeiro, resolvemos a EDO homogênea correspondente

𝑎𝑦 ′′ 𝑥 + 𝑏𝑦 ′ 𝑥 + 𝑐𝑦 𝑥 = 0

e obtemos a solução 𝑦𝑕 (𝑥) desta EDO homogênea.

Depois, vamos obter uma solução particular 𝑦𝑝 (𝑥) da EDO não-


homogênea, e a solução geral será a soma da homogênea com a da
particular: 𝑦 𝑥 = 𝑦𝑕 𝑥 + 𝑦𝑝 (𝑥). Mas, por que será a soma? Vamos
demonstrar. Substituindo 𝑦𝑕 + 𝑦𝑝 na EDO 𝑎𝑦 ′′ 𝑥 + 𝑏𝑦 ′ 𝑥 + 𝑐𝑦 𝑥 =
𝑔(𝑥), temos:
′′ ′
𝑎 𝑦𝑕 + 𝑦𝑝 + 𝑏 𝑦𝑕 + 𝑦𝑝 + 𝑐 𝑦𝑕 + 𝑦𝑝 = 𝑔,

Agrupando os termos:

𝑎𝑦𝑕′′ + 𝑏𝑦𝑕′ + 𝑐𝑦𝑕 + 𝑎𝑦𝑝′′ + 𝑏𝑦𝑝′ + 𝑐𝑦𝑝 = 𝑔.

Logo, como 𝑦𝑕 é solução da homogênea, e 𝑦𝑝 é solução particular


da não-homogênea, temos, portanto:

𝑎𝑦𝑕′′ + 𝑏𝑦𝑕′ + 𝑐𝑦𝑕 + 𝑎𝑦𝑝′′ + 𝑏𝑦𝑝′ + 𝑐𝑦𝑝 = 0 + 𝑔 = 𝑔,

como queríamos demonstrar.

Observação: se

𝑎𝑦 ′′ 𝑥 + 𝑏𝑦 ′ 𝑥 + 𝑐𝑦 𝑥 = 𝑔1 𝑥 + 𝑔2 𝑥 ,

155
então devemos resolver separadamente as não-homogêneas:

𝑎𝑦 ′′ 𝑥 + 𝑏𝑦 ′ 𝑥 + 𝑐𝑦 𝑥 = 𝑔1 𝑥 → solução particular 𝑦𝑝1 (𝑥)

𝑎𝑦 ′′ 𝑥 + 𝑏𝑦 ′ 𝑥 + 𝑐𝑦 𝑥 = 𝑔2 𝑥 → solução particular 𝑦𝑝2 (𝑥)

Daí, a solução geral será a soma da homogênea com a soma das


soluções particulares 𝑦 𝑥 = 𝑦𝑕 𝑥 + 𝑦𝑝1 𝑥 + 𝑦𝑝2 𝑥 .

Mas, como obter as soluções particulares? Depende da função


𝑔 𝑥 , naturalmente. Vejamos os casos:

1) Se

𝑎𝑦 ′′ 𝑥 + 𝑏𝑦 ′ 𝑥 + 𝑐𝑦 𝑥 = 𝐷𝑒 𝐴𝑥 ,

então: 𝑦𝑝 𝑥 = 𝐾𝑒 𝐴𝑥 , desde que essa solução, com esse mesmo expoente


𝐴𝑥, não seja já uma solução da homogênea. Caso seja, então 𝑦𝑝 𝑥 =
𝐾𝑥𝑒 𝐴𝑥 . Caso ainda seja, então, 𝑦𝑝 𝑥 = 𝐾𝑥 2 𝑒 𝐴𝑥 .

Daí, devemos substituir esta solução particular na EDO para


encontrarmos o coeficiente 𝐾, por isso o nome do método: método dos
coeficientes indeterminados da solução particular.

2) Se

𝑎𝑦 ′′ + 𝑏𝑦 ′ + 𝑐𝑦 = 𝐷 cos 𝐴𝑥

ou

𝑎𝑦 ′′ + 𝑏𝑦 ′ + 𝑐𝑦 = 𝐸 sen 𝐴𝑥,

então: 𝑦𝑝 𝑥 = 𝐾1 cos 𝐴𝑥 + 𝐾2 sen 𝐴𝑥, desde que essa solução, com esse
mesmo argumento 𝐴𝑥, não seja solução da homogênea. Caso seja, então
𝑦𝑝 𝑥 = 𝑥(𝐾1 cos 𝐴𝑥 + 𝐾2 sen 𝐴𝑥).

Daí, devemos substituir esta solução particular na EDO para


encontrarmos as constantes 𝐾1 e 𝐾2 , por isso novamente o nome do
método: dos coeficientes indeterminados.

3) Se o lado direito for um polinômio de grau 𝑛, isto é, se

156
𝑎𝑦 ′′ + 𝑏𝑦 ′ + 𝑐𝑦 = 𝑔 𝑥 =

𝑝𝑛 𝑥 = 𝑎𝑛 𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛 −1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 ,

então: 𝑦𝑝 𝑥 = 𝐾𝑛 𝑥 𝑛 + 𝐾𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝐾1 𝑥 + 𝐾0 , desde que nenhuma


parcela dessa solução esteja na solução da homogênea. Caso esteja, então
𝑦𝑝 𝑥 = 𝑥 𝐾𝑛 𝑥 𝑛 + 𝐾𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝐾1 𝑥 + 𝐾0 . Se ainda tiver alguma
parcela na solução da homogênea, então:

𝑦𝑝 𝑥 = 𝑥 2 𝐾𝑛 𝑥 𝑛 + 𝐾𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝐾1 𝑥 + 𝐾0 .

Daí, devemos substituir esta solução particular na EDO para


encontrarmos as constantes 𝐾0 , 𝐾1 , 𝐾2 , … , 𝐾𝑛 .

Ainda neste terceiro caso, se 𝑐 = 0 na EDO dada, assim:

𝑎𝑦 ′′ + 𝑏𝑦 ′ = 𝑝𝑛 𝑥 = 𝑎𝑛 𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑥 + 𝑎0 ,

então, nesse caso, 𝑦𝑝 𝑥 = 𝑥 𝐾𝑛 𝑥 𝑛 + 𝐾𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝐾1 𝑥 + 𝐾0 , para


que os graus dos polinômios sejam os mesmos, dos dois lados da EDO
depois da substituição de 𝑦 por 𝑦𝑝 .

Se 𝑏 = 𝑐 = 0, então

𝑦𝑝 𝑥 = 𝑥 2 𝐾𝑛 𝑥 𝑛 + 𝐾𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝐾1 𝑥 + 𝐾0

Vamos exemplificar cada um desses casos:

Exemplos. Resolva a EDO ou PVI abaixo:

a)

2𝑦 ′′ − 𝑦 = 4 sen 2𝑡

Primeiro, a solução da homogênea, conforme capítulo anterior:

2𝑦 ′′ − 𝑦 = 0 →

𝑦𝑕 = 𝑒 𝑟𝑡

2𝑟 2 𝑒 𝑟𝑡 − 𝑒 𝑟𝑡 = 0 →

2𝑟 2 − 1 = 0

157
1 2
𝑟=± =± →
2 2

2 2
𝑦𝑕 𝑡 = 𝐶1 𝑒 − 2 𝑡 + 𝐶2 𝑒 2 𝑡

A solução particular da EDO

2𝑦 ′′ − 𝑦 = 4 sen 2𝑡

será: 𝑦𝑝 𝑡 = 𝐾1 cos 2𝑡 + 𝐾2 sen 2𝑡, que não aparece na homogênea.


Então, substituindo na EDO, vamos encontrar os coeficientes 𝐾1 e 𝐾2 :
′′
2 𝐾1 cos 2𝑡 + 𝐾2 sen 2𝑡 − 𝐾1 cos 2𝑡 + 𝐾2 sen 2𝑡 = 4 sen 2𝑡

2(−4𝐾1 cos 2𝑡 − 4𝐾2 sen 2𝑡) − 𝐾1 cos 2𝑡 − 𝐾2 sen 2𝑡 = 4 sen 2𝑡

−8𝐾1 − 𝐾1 cos 2𝑡 + −8𝐾2 − 𝐾2 sen 2𝑡 = 4 sen 2𝑡

−8𝐾1 − 𝐾1 = 0

−8𝐾2 − 𝐾2 = 4
4
Resolvendo este sistema, temos 𝐾1 = 0 e 𝐾2 = − .
9

Por fim, a solução geral será, portanto:

𝑦(𝑡) = 𝑦𝑕 𝑡 + 𝑦𝑝 𝑡 =

2 2
𝐶1 𝑒 − 2 𝑡 + 𝐶2 𝑒 2 𝑡 + 𝐾1 cos 2𝑡 + 𝐾2 sen 2𝑡,
2 2 4
𝑦 𝑡 = 𝐶1 𝑒 − 2 𝑡 + 𝐶2 𝑒 2 𝑡 − sen 2𝑡.
9
Observe que é sempre na solução da Homogênea que aparecem as
constantes 𝐶1 e 𝐶2 .

b) O PVI

2𝑦 ′′ + 3𝑦 ′ + 𝑦 = 𝑡 2 + 3 sen 𝑡,

𝑦 0 = 0, 𝑦 ′ 0 = −1

Primeiro, a solução da homogênea:

158
2𝑦 ′′ + 3𝑦 ′ + 𝑦 = 0 →

𝑦𝑕 = 𝑒 𝑟𝑡

2𝑟 2 𝑒 𝑟𝑡 + 3𝑟𝑒 𝑟𝑡 + 𝑒 𝑟𝑡 = 0 →

2𝑟 2 + 3𝑟 + 1 = 0
−3 ± 1 1
𝑟= → 𝑟1 = −1, 𝑟2 = −
4 2
𝑡
𝑦𝑕 𝑡 = 𝐶1 𝑒 −𝑡 + 𝐶2 𝑒 −2

Vamos procurar agora a solução particular da EDO

2𝑦 ′′ + 3𝑦 ′ + 𝑦 = 𝑡 2
𝑔1 (𝑡)

A solução particular será o polinômio de segundo grau:

𝑦𝑝 𝑡 = 𝐾0 + 𝐾1 𝑡 + 𝐾2 𝑡 2 .

Observe que, como tem o termo em 𝑦 na EDO (𝑐 = 1 ≠ 0), então


não devemos multiplicar este polinômio por 𝑡.

Observe também que esta solução particular também não aparece


na homogênea, então novamente não precisamos multiplicar por 𝑡. Então,
substituindo na EDO, vamos encontrar os coeficientes 𝐾0 , 𝐾1 e 𝐾2 :

2 𝐾0 + 𝐾1 𝑡 + 𝐾2 𝑡 2 ′′
+ 3 𝐾0 + 𝐾1 𝑡 + 𝐾2 𝑡 2 ′ + 𝐾0 + 𝐾1 𝑡 + 𝐾2 𝑡 2

= 𝑡2

4𝐾2 + 3𝐾1 + 6𝐾2 𝑡 + 𝐾0 + 𝐾1 𝑡 + 𝐾2 𝑡 2 = 𝑡 2

4𝐾2 + 3𝐾1 + 𝐾0 + 𝑡(6𝐾2 + 𝐾1 ) + 𝐾2 𝑡 2 = 𝑡 2

𝐾2 = 1,

6 1 + 𝐾1 = 0 → 𝐾1 = −6

4𝐾2 + 3𝐾1 + 𝐾0 = 0 →

4 − 18 + 𝐾0 = 0 → 𝐾0 = 14
159
Logo, 𝑦𝑝1 𝑡 = 𝐾0 + 𝐾1 𝑡 + 𝐾2 𝑡 2 →

𝑦𝑝1 𝑡 = 14 − 6𝑡 + 𝑡 2

Pesquisando a outra solução particular, da EDO:

2𝑦 ′′ + 3𝑦 ′ + 𝑦 = +3 sen 𝑡
𝑔2 (𝑡)

A solução particular será:

𝑦𝑝2 𝑡 = 𝐾1 cos 1𝑡 + 𝐾2 sen 1𝑡

Observe que esta solução particular também não aparece na


homogênea, então não precisamos multiplicar por 𝑡. Então, substituindo
na EDO, vamos encontrar os coeficientes 𝐾1 e 𝐾2 :
′′
2 𝐾1 cos 𝑡 + 𝐾2 sen 𝑡 + 3 𝐾1 cos 𝑡 + 𝐾2 sen 𝑡 ′ + 𝐾1 cos 𝑡 + 𝐾2 sen 𝑡

= +3 sen 𝑡

2 −𝐾1 cos 𝑡 − 𝐾2 sen 𝑡 + 3 −𝐾1 sen 𝑡 + 𝐾2 cos 𝑡 + 𝐾1 cos 𝑡 + 𝐾2 sen 𝑡

= 3 sen 𝑡

−2𝐾1 + 3𝐾2 + 𝐾1 cos 𝑡 + −2𝐾2 − 3𝐾1 + 𝐾2 sen 𝑡 = 3 sen 𝑡

3𝐾2 − 𝐾1 = 0

−𝐾2 − 3𝐾1 = 3
3 9
Resolvendo este sistema, temos 𝐾2 = − e 𝐾1 = − .
10 10

Logo, 𝑦𝑝2 𝑡 = 𝐾1 cos 1𝑡 + 𝐾2 sen 1𝑡 →

9 3
𝑦𝑝2 𝑡 = − cos 𝑡 − sen 𝑡
10 10
Por fim, a solução geral será, portanto:

𝑦 = 𝑦𝑕 𝑡 + 𝑦𝑝1 𝑡 + 𝑦𝑝2 (𝑡) =


𝑡 9 3
𝐶1 𝑒 −𝑡 + 𝐶2 𝑒 −2 + 14 − 6𝑡 + 𝑡 2 − cos 𝑡 − sen 𝑡
10 10
Mas, como 𝑦 0 = 0, então, substituindo nesta solução geral:
160
9
0 = 𝐶1 + 𝐶2 + 14 −
10
Como 𝑦 ′ (0) = −1, então:

−𝑡 −
𝑡 9 2
3
𝐶1 𝑒 + 𝐶2 𝑒 2 + 14 − 6𝑡 + 𝑡 − cos 𝑡 − sen 𝑡
10 10 𝑡=0

= −1
𝐶2 3
−𝐶1 − −6− = −1
2 10
Então, temos o sistema:
9
0 = 𝐶1 + 𝐶2 + 14 −
10
𝐶2 63
−𝐶1 − − = −1
2 10
Arrumando:
131
𝐶1 + 𝐶2 = −
10
𝐶2 53
−𝐶1 − =
2 10
Somando:
𝐶2 78 78
=− → 𝐶2 = −
2 10 5
131 78 131 156 25 5
𝐶1 = − + =− + = =
10 5 10 10 10 2
Então, a solução será:
5 78 𝑡 9 3
𝑦 𝑡 = 𝑒 −𝑡 − 𝑒 −2 + 14 − 6𝑡 + 𝑡 2 − cos 𝑡 − sen 𝑡
2 5 10 10
c)

𝑦 ′′ + 𝑦 ′ = 𝑥 2 + 2

A homogênea:
161
𝑦 ′′ + 𝑦′ = 0

𝑟 2 𝑒 𝑟𝑥 + 𝑟𝑒 𝑟𝑥 = 0

𝑟2 + 𝑟 = 0

−1 ± 12 − 4 1 0 −1 ± 1
𝑟= = → 𝑟1 = 0, 𝑟2 = −1
2 1 2

𝑦𝑕 𝑥 = 𝐶1 𝑒 0𝑥 + 𝐶2 𝑒 −𝑥

𝑦𝑕 𝑥 = 𝐶1 + 𝐶2 𝑒 −𝑥

Agora, uma solução particular da EDO

𝑦 ′′ + 𝑦 ′ = 𝑥 2 + 2

seria um polinômio de grau 2, mas, nesse caso, 𝑐 = 0, isto é, não tem o


termo em 𝑦 na EDO, então, para o caso dos polinômios, devemos
multiplicar por 𝑥, para que os graus dos polinômios sejam os mesmos dos
dois lados da equação após a substituição:

𝑦𝑝 𝑥 = (𝐾0 + 𝐾1 𝑥 + 𝐾2 𝑥 2 ) × 𝑥

Substituindo na EDO 𝑦 ′′ + 𝑦 ′ = 𝑥 2 + 2,

𝐾0 𝑥 + 𝐾1 𝑥 2 + 𝐾2 𝑥 3 ′′
+ 𝐾0 𝑥 + 𝐾1 𝑥 2 + 𝐾2 𝑥 3 ′
= 𝑥2 + 2

2𝐾1 + 6𝐾2 𝑥 + 𝐾0 + 2𝐾1 𝑥 + 3𝐾2 𝑥 2 = 𝑥 2 + 2

3𝐾2 𝑥 2 + 6𝐾2 + 2𝐾1 𝑥 + 2𝐾1 + 𝐾0 = 𝑥 2 + 2

Daí vemos a importância de termos multiplicado o polinômio por 𝑥,


no início: agora os graus são os mesmos.

3𝐾2 = 1

6𝐾2 + 2𝐾1 = 0

2𝐾1 + 𝐾0 = 2
1
𝐾2 = , 𝐾1 = −1, 𝐾0 = 4
3

162
1
𝑦𝑝 𝑥 = 𝑥 3 − 𝑥 2 + 4𝑥
3
𝑦 𝑥 = 𝑦𝑕 𝑥 + 𝑦𝑝 𝑥 →

1
𝑦 𝑥 = 𝐶1 + 𝐶2 𝑒 −𝑥 + 𝑥 3 − 𝑥 2 + 4𝑥
3
É sempre na solução da Homogênea que aparecem as constantes 𝐶1
e 𝐶2 .

d)

𝑦 ′′ + 2𝑦 ′ + 𝑦 = 2𝑒 −𝑡

𝑦 ′′ + 2𝑦 ′ + 𝑦 = 0

𝑟 2 𝑒 𝑟𝑡 + 2𝑟𝑒 𝑟𝑡 + 𝑒 𝑟𝑡 = 0

𝑟 2 + 2𝑟 + 1 = 0

−2 ± 4 − 4
𝑟= = −1
2 1

𝑦𝑕 𝑡 = 𝐶1 𝑒 −𝑡 + 𝐶2 𝑡𝑒 −𝑡

Uma particular da EDO

𝑦 ′′ + 2𝑦 ′ + 𝑦 = 2𝑒 −𝑡

𝑦𝑝 𝑡 = 𝐾𝑒 −𝑡 , porém, é a mesma exponencial que aparece na


homogênea, com o mesmo expoente −𝑡, então,

𝑦𝑝 𝑡 = 𝐾𝑡𝑒 −𝑡 .

Mas, novamente, 𝑡𝑒 −𝑡 aparece na homogênea, com o mesmo


expoente – 𝑡, então:

𝑦𝑝 𝑡 = 𝐾𝑡 2 𝑒 −𝑡

Substituindo:

𝐾𝑡 2 𝑒 −𝑡 ′′
+ 2 𝐾𝑡 2 𝑒 −𝑡 ′
+ 𝐾𝑡 2 𝑒 −𝑡 = 2𝑒 −𝑡

2𝐾𝑡𝑒 −𝑡 − 𝐾𝑡 2 𝑒 −𝑡 ′
+ 2 2𝐾𝑡𝑒 −𝑡 − 𝐾𝑡 2 𝑒 −𝑡 + 𝐾𝑡 2 𝑒 −𝑡 = 2𝑒 −𝑡

163

2𝐾𝑒 −𝑡 − 2𝐾𝑡𝑒 −𝑡 − 2𝐾𝑡𝑒 −𝑡 + 𝐾𝑡 2 𝑒 −𝑡 + 4𝐾𝑡𝑒 −𝑡 − 2𝐾𝑡 2 𝑒 −𝑡 + 𝐾𝑡 2 𝑒 −𝑡 =

2𝑒 −𝑡

𝑡 2 𝐾 − 2𝐾 + 𝐾 + 𝑡 −4𝐾 + 4𝐾 + 2𝐾 = 2

2𝐾 = 2

𝐾=1

𝑦𝑝 𝑡 = 𝐾𝑡 2 𝑒 −𝑡

𝑦𝑝 𝑡 = 𝑡 2 𝑒 −𝑡

Então, a solução geral final será:

𝑦 𝑡 = 𝑦𝑕 𝑡 + 𝑦𝑝 𝑡

𝑦 𝑡 = 𝐶1 𝑒 −𝑡 + 𝐶2 𝑡𝑒 −𝑡 + 𝑡 2 𝑒 −𝑡

e)

𝑦 ′′ 𝑥 + 4𝑦 ′ 𝑥 + 4𝑦 𝑥 = 𝑥𝑒 −2𝑥

𝑦 ′′ + 4𝑦 ′ + 4𝑦 = 0

Equação característica:

𝑟 2 + 4𝑟 + 4 = 0

∆= 16 − 16 = 0
−4 ± 0
𝑟1 = = −2 = 𝑟2 ,
2
soluções iguais. Logo:

𝑦𝑕 𝑥 = 𝐶1 𝑒 −2𝑥 + 𝐶2 𝑥𝑒 −2𝑥 .

Solução particular:

𝑦𝑝 𝑥 = 𝐴𝑥 + 𝐵 𝑒 −2𝑥

164
Cuidado, aqui! Essa não pode, pois essa é exatamente a solução da
homogênea.

Então, 𝑦𝑝 𝑥 = 𝑥 𝐴𝑥 + 𝐵 𝑒 −2𝑥 = 𝐴𝑥 2 𝑒 −2𝑥 + 𝐵𝑥𝑒 −2𝑥 .

Outro cuidado, aqui! Essa também não pode, pois a parcela 𝐵𝑥𝑒 −2𝑥
já consta na homogênea. Enfim:

𝑦𝑝 𝑥 = 𝐴𝑥 3 𝑒 −2𝑥 + 𝐵𝑥 2 𝑒 −2𝑥 = 𝑒 −2𝑥 𝐴𝑥 3 + 𝐵𝑥 2 .

𝑦𝑝′ = −2𝑒 −2𝑥 𝐴𝑥 3 + 𝐵𝑥 2 + 𝑒 −2𝑥 3𝐴𝑥 2 + 2𝐵𝑥 =

𝑒 −2𝑥 3𝐴𝑥 2 − 2𝐴𝑥 3 + 2𝐵𝑥 − 2𝐵𝑥 2 .

𝑦𝑝′′ = −2𝑒 −2𝑥 3𝐴𝑥 2 − 2𝐴𝑥 3 + 2𝐵𝑥 − 2𝐵𝑥 2 +

𝑒 −2𝑥 6𝐴𝑥 − 6𝐴𝑥 2 + 2𝐵 − 4𝐵𝑥 .

Observo aqui que sempre o máximo que se multiplica uma solução


particular é por 𝑥 2 , nunca passa desse grau.

Substituindo, enfim, na edo não homogênea:

𝑦 ′′ + 4𝑦 ′ + 4𝑦 = 𝑥𝑒 −2𝑥 :

−2𝑒 −2𝑥 3𝐴𝑥 2 − 2𝐴𝑥 3 + 2𝐵𝑥 − 2𝐵𝑥 2 +

𝑒 −2𝑥 6𝐴𝑥 − 6𝐴𝑥 2 + 2𝐵 − 4𝐵𝑥

+4 𝑒 −2𝑥 3𝐴𝑥 2 − 2𝐴𝑥 3 + 2𝐵𝑥 − 2𝐵𝑥 2 +

4 𝐴𝑥 3 𝑒 −2𝑥 + 𝐵𝑥 2 𝑒 −2𝑥 = 𝑥𝑒 −2𝑥 .

Assim, simplificando a exponencial, ficamos com:

4𝐴 − 8𝐴 + 4𝐴 𝑥 3 + (−6𝐴 + 4𝐵 − 6𝐴 + 12𝐴 − 8𝐵 + 4𝐵)𝑥 2

+ −4𝐵 + 6𝐴 − 4𝐵 + 8𝐵 𝑥 + 2𝐵 = 𝑥

6𝐴𝑥 + 2𝐵 = 𝑥,

6𝐴 = 1.
1
Logo, 𝐵 = 0, 𝐴 = .
6

165
Portanto:
1 1
𝑦𝑝 𝑥 = 𝑥 3 𝑒 −2𝑥 + 0𝑥 2 𝑒 −2𝑥 = 𝑥 3 𝑒 −2𝑥 .
6 6
Enfim:
1
𝑦 𝑥 = 𝑦𝑕 𝑥 = 𝐶1 𝑒 −2𝑥 + 𝐶2 𝑥𝑒 −2𝑥 + 𝑥 3 𝑒 −2𝑥 .
6

Observação importante.

Observamos também que 𝑔(𝑥) pode ser o produto de funções


elementares, por exemplo, 𝑒 3𝑥 cos 6𝑥, ou 𝑥 3 + 4𝑥 − 1 sen 𝑥. Nestes
casos, a solução particular será também o produto correspondente:

𝑒 3𝑥 (𝑘1 cos 6𝑥 + 𝑘2 sen 6𝑥)

𝐾3 𝑥 3 + 𝐾2 𝑥 2 + 𝐾1 𝑥 + 𝐾0 cos 𝑥 + 𝐿3 𝑥 3 + 𝐿2 𝑥 2 + 𝐿1 𝑥 + 𝐿0 sen 𝑥

respectivamente.

Exercícios
Resolva a EDO ou PVI abaixo:

a) 𝑦 ′′ 𝑡 − 4𝑦 ′ 𝑡 + 3𝑦 𝑡 = 2 cos 𝑡

b) 𝑦 ′′ 𝑥 − 2𝑦 ′ 𝑥 + 𝑦 𝑥 = 𝑒 7𝑥

c) 𝑦 ′′ 𝑥 − 2𝑦 ′ 𝑥 + 𝑦 𝑥 = 𝑒 𝑥

d) 𝑦 ′′ 𝑥 − 2𝑦 ′ 𝑥 + 𝑦 𝑥 = 𝑥𝑒 𝑥

e) 𝑦 ′′ 𝑥 − 2𝑦 ′ 𝑥 + 𝑦 𝑥 = 𝑥𝑒 𝑥 − 8𝑒 𝑥

f) 𝑦 ′′ 𝑥 − 2𝑦 ′ 𝑥 + 2𝑦 𝑥 = 4𝑥 + 7

g) 𝑦 ′′ 𝑥 − 2𝑦 ′ 𝑥 = 4𝑥 + 7, 𝑦 0 = 0, 𝑦 ′ 0 = 1.

h) 𝑦 ′′ + 4𝑦 ′ + 4𝑦 = 𝑥𝑒 −2𝑥  atenção, nenhuma parcela da não


homogênea pode estar na homogênea!

166
167
20 EDO’s de Segunda Ordem: Método da Variação dos Parâmetros.
Neste capítulo, iremos estudar um método mais geral de resolução
de EDO’s de segunda ordem não homogêneas, o método da Variação dos
Parâmetros.

Seja a EDO

𝑦 ′′ 𝑡 + 𝑝 𝑡 𝑦 ′ 𝑡 + 𝑞 𝑡 𝑦 𝑡 = 𝑔(𝑡)

Consideremos 𝑝(𝑡), 𝑞(𝑡) e 𝑔(𝑡) funções contínuas.

Sejam 𝑦1 (𝑡) e 𝑦2 𝑡 as soluções da homogênea associada


𝑦 + 𝑝𝑦 ′ + 𝑞𝑦 = 0.
′′

Então, vamos procurar as soluções particulares da EDO não


homogênea do tipo

𝑦 = 𝑢1 𝑡 𝑦1 𝑡 + 𝑢2 𝑡 𝑦2 (𝑡)

Derivando,

𝑦 ′ = 𝑢1′ 𝑦1 + 𝑢1 𝑦1′ + 𝑢2′ 𝑦2 + 𝑢2 𝑦2′

Impomos que: 𝑢1′ 𝑦1 + 𝑢2′ 𝑦2 = 0.

𝑦 ′ = 𝑢1 𝑦1′ + 𝑢2 𝑦2′

𝑦 ′′ = 𝑢1′ 𝑦1′ + 𝑢1 𝑦1′′ + 𝑢2′ 𝑦2′ + 𝑢2 𝑦2′′

Substituindo na EDO:

𝑢1′ 𝑦1′ + 𝑢1 𝑦1′′ + 𝑢2′ 𝑦2′ + 𝑢2 𝑦2′′ + 𝑝 𝑢1 𝑦1′ + 𝑢2 𝑦2′ +

𝑞 𝑢1 𝑡 𝑦1 𝑡 + 𝑢2 𝑡 𝑦2 𝑡 =𝑔

𝑢1 𝑦1′′ + 𝑝𝑦1′ + 𝑞𝑦1 + 𝑢2 𝑦2′′ + 𝑝𝑦2′ + 𝑞𝑦2 +

𝑢1′ 𝑦1′ + 𝑢2′ 𝑦2′ = 𝑔

Como 𝑦1 e 𝑦2 são soluções da homogênea, então, nos resta:

168
𝑢1′ 𝑦1 + 𝑢2′ 𝑦2 = 0

𝑢1′ 𝑦1′ + 𝑢2′ 𝑦2′ = 𝑔

REGRA DE CRAMER PARA SISTEMAS LINEARES:

𝐴𝑋 + 𝐵𝑌 = 0

𝐶𝑋 + 𝐷𝑌 = 𝐺
𝐵𝐺 𝐴𝐺
𝑋=− , 𝑌=
𝐴𝐷 − 𝐵𝐶 𝐴𝐷 − 𝐵𝐶
Logo,
𝑦2 𝑔
𝑢1′ = −
𝑦1 𝑦2′ − 𝑦2 𝑦1′
𝑦1 𝑔
𝑢2′ =
𝑦1 𝑦2′− 𝑦2 𝑦1′
−𝑦2 𝑔
𝑢1′ =
𝑊 𝑦1 , 𝑦2
𝑦1 𝑔
𝑢2′ =
𝑊 𝑦1 , 𝑦2

𝑦1 𝑦2′ − 𝑦2 𝑦1′ = 𝑊 𝑦1 , 𝑦2

𝑊 = Wronskiano de 𝑦1 e 𝑦2 .

Integrando para encontrar 𝑢1 e 𝑢2 , temos:


−𝑦2 𝑔
𝑢1 = 𝑑𝑡
𝑊 𝑦1 , 𝑦2
𝑦1 𝑔
𝑢2 = 𝑑𝑡
𝑊 𝑦1 , 𝑦2

Substituindo na solução geral:

𝑦𝑔 = 𝐶1 𝑦1 + 𝐶2 𝑦2 + 𝑢1 𝑦1 + 𝑢2 𝑦2

Vamos considerar, ainda, EDO’s com coeficientes constantes.

169
Exemplo. Resolva:

a)
𝑡
4𝑦 ′′ + 𝑦 = 2 sec
2
1 1 𝑡
𝑦 ′′ + 𝑦 = sec
4 2 2
1
𝑦 ′′ + 𝑦 = 0
4

1 1 1
𝑟2 + =0→𝑟=± −1 = 0 ± 𝑖
4 4 2

1 1
𝑦 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡
2 2
1 1
𝑊 cos 𝑡 , sen 𝑡 =
2 2
1 1
cos 𝑡 sen 𝑡 1 1 1 1 1
2 2 = cos 2 𝑡 + sen2 𝑡 =
1 1 1 1 2 2 2 2 2
− sen 𝑡 cos 𝑡
2 2 2 2
−𝑦2 𝑔
𝑢1 = 𝑑𝑡 =
𝑊 𝑦1 , 𝑦2
1 1
− sen 𝑡 1/2 sec 𝑡
2 2 𝑑𝑡 =
1/2
𝑡
sen
− 2 𝑑𝑡 =
𝑡
cos
2
𝑡 𝑑𝑢 1 𝑡 2𝑑𝑢
𝑢 = cos → = − sen → 𝑑𝑡 = − 𝑡
2 𝑑𝑡 2 2 sen
2
𝑡
sen
− 2 − 2𝑑𝑢 =2
1
𝑑𝑢 = 2 ln cos
𝑡
𝑢 𝑡 𝑢 2
sen
2
170
𝑦1 𝑔
𝑢2 = 𝑑𝑡
𝑊 𝑦1 , 𝑦2
𝑡 1 𝑡
cos sec
𝑢2 = 2 2 2 𝑑𝑡 =
1
2

1𝑑𝑡 = 𝑡

Solução geral =

𝑦 = 𝑦𝑕 + 𝑦𝑝 =
𝑡 𝑡 𝑡 𝑡 𝑡
𝐶1 cos + 𝐶2 sen + 2 cos ln cos + 𝑡 sen
2 2 2 2 2
b)

′′ ′
𝑒𝑡
𝑦 − 2𝑦 + 𝑦 =
1 + 𝑡2
𝑟 2 − 2𝑟 + 1 = 0

𝑟=1

𝑦𝑕 = 𝐶1 𝑒 𝑡 + 𝐶2 𝑡𝑒 𝑡

𝑊 𝑒 𝑡 , 𝑡𝑒 𝑡 =

𝑒𝑡 𝑡𝑒 𝑡 = 𝑒 2𝑡 + 𝑡𝑒 2𝑡 − 𝑡𝑒 2𝑡 = 𝑒 2𝑡
𝑒𝑡 𝑒 𝑡 + 𝑡𝑒 𝑡
−𝑦2 𝑔
𝑢1 = 𝑑𝑡 =
𝑊 𝑦1 , 𝑦2

𝑡 𝑒𝑡
−𝑡𝑒 𝑡
1 + 𝑡2
𝑑𝑡 = − 𝑑𝑡 =
𝑒 2𝑡 1 + 𝑡2
𝑢 = 1 + 𝑡2
𝑑𝑢 𝑑𝑢
= 2𝑡 → 𝑑𝑡 =
𝑑𝑡 2𝑡
171
𝑡 𝑑𝑢 1
− = − ln(1 + 𝑡 2 )
𝑢 2𝑡 2
𝑦1 𝑔
𝑢2 = 𝑑𝑡 =
𝑊 𝑦1 , 𝑦2

𝑡 𝑒𝑡
𝑒
1 + 𝑡2
𝑑𝑡 =
𝑒 2𝑡
1
𝑑𝑡 = atan 𝑡
1 + 𝑡2
1
𝑦 = 𝐶1 𝑒 𝑡 + 𝐶2 𝑡𝑒 𝑡 − ln(1 + 𝑡 2 ) 𝑒 𝑡 + 𝑡𝑒 𝑡 atan 𝑡
2
c)

𝑦 ′′ + 𝑦 = tan 𝑡

𝑟 2 = −1 → 𝑟 = ± −1 = 0 ± 𝑖.

𝑦𝑕 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡

𝑊 = cos 𝑡 cos 𝑡 − sen 𝑡 − sen 𝑡 = 1

𝑢1 = − sen 𝑡 tan 𝑡 𝑑𝑡 =

sen2 𝑡 1
− 𝑑𝑡 = − − cos 𝑡 𝑑𝑡 =
cos 𝑡 cos 𝑡
− ln(tan 𝑡 + sec 𝑡) + sen 𝑡

𝑢2 = cos 𝑡 tan 𝑡 𝑑𝑡 = sen 𝑡 𝑑𝑡 = − cos 𝑡

𝑦 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡 − ln tan 𝑡 + sec 𝑡 cos 𝑡 +

cos 𝑡 sen 𝑡 − cos 𝑡 sen 𝑡 =

𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡 − cos 𝑡 ln(tan 𝑡 + sec 𝑡)

Exercícios. Resolva:

a)

172
𝑦 ′′ + 9𝑦 = 9 sec 2 3𝑡

b)

𝑦 ′′ + 4𝑦 ′ + 4𝑦 = 𝑡 −2 𝑒 −2𝑡

c)

𝑦 ′′ + 4𝑦 = 3 csc 2𝑡

173
21 Aplicações das EDO’s: sistema Massa-Mola – oscilação livre

Veremos, neste capítulo, uma aplicação das EDO’s no sistema


massa-mola. Inicialmente, sem ação de força externa, isto é, estudaremos
as oscilações livres.
Considere uma massa de massa 𝑚 > 0, pendurada por uma mola
de constante 𝑘 > 0. Seja 𝐿 > 0 o alongamento em centímetros da mola
que a massa provoca na mesma, e que, dessa forma, o sistema esteja em
repouso.
Em repouso, as forças que atuam sobre a massa é igual a zero. Mas,
quais são as forças sobre a massa, em repouso?
Pela Lei de Hooke, a força que a mola exerce sobre a massa é
proporcional ao deslocamento 𝐿 da mola, cuja constante de
proporcionalidade é 𝐾 > 0, logo, 𝐹𝑀 = −𝐾𝐿 < 0. É negativa, pois atua no
sentido contrário ao movimento da mola. Outra força é o peso, igual a
𝑃 = 𝑚𝑔 aproximadamente, onde 𝑔 = 10 é uma aproximação da
constante gravitacional.
Logo, em repouso, temos – 𝐾𝐿 + 10𝑚 = 0.
Agora, considere que uma pessoa segure a massa e a puxe para
baixo, causando um deslocamento inicial de alguns centímetros. Se a
pessoa solta a massa dessa nova posição, a massa irá se deslocar a cada
instante, e sua posição 𝑦 em cada instante será 𝑦(𝑡). Logo, a força que a
mola exerce sobre a massa, que é proporcional a sua posição, torna-se,
portanto,
𝐹𝑀 = −𝐾 𝐿 + 𝑦(𝑡) .
Existe também a força de amortecimento do ar, que podemos supor
proporcional à velocidade 𝑣(𝑡) = 𝑦′(𝑡) da massa:
𝐹𝐴 = −𝛾𝑦′ 𝑡 , com 𝛾 > 0,
pois ela atua no sentido contrário do sentido da velocidade.
Com a massa em movimento, também existe, naturalmente, a força
peso 𝑃 = 10𝑚 sobre a massa.
Não há outras forças, pois estamos no caso da oscilação livre. Logo,
por conta da 2ª Lei de Newton, a Força Resultante, isto é, a soma das
forças que atuam sobre a massa, com a mesma em movimento, é igual a
𝐹𝑅 = 𝑚𝑎(𝑡), onde 𝑎 𝑡 = 𝑦′′(𝑡) é a aceleração.
Ou seja,
−𝐾 𝐿 + 𝑦 𝑡 + −𝛾𝑦′ 𝑡 + 10𝑚 = 𝑚𝑦′′ 𝑡 .
Eliminando os parênteses, temos:
−𝐾𝐿 − 𝐾𝑦 − 𝛾𝑦′ + 10𝑚 = 𝑚𝑦′′.
Porém, sabemos que

174
– 𝐾𝐿 + 10𝑚 = 0.
Logo, arrumando a equação,
𝑚𝑦′′ + 𝛾𝑦′ + 𝐾𝑦 = 0.
Essa é uma EDO de segunda ordem, linear, com coeficientes
constantes, homogênea que, juntamente com a equação – 𝐾𝐿 + 10𝑚 = 0
e juntamente com a condições iniciais 𝑦 0 = 𝑦0 e 𝑦′ 0 = 𝑣0 nos ajudará
a encontrar a posição 𝑦(𝑡) da massa em cada momento 𝑡.
Exemplos.
1
1- Uma massa de 2 quilos estica uma mola em 𝐿 = centímetros,
2
em repouso. Uma pessoa puxa a mola 3 centímetros para baixo e a solta.
Suponha que não haja amortecimento do ar. Encontre a posição da mola
em cada instante.
Resolução. Observe que ‘soltar’ significa que a velocidade inicial é
zero. Observe também que não há amortecimento do ar. Além disso, não
1
há força externa. Logo, os dados são: 𝑚 = 2, 𝐿 = , 𝑦 0 = 3, 𝑦′ 0 =
2
0, 𝛾 = 0.
Não foi dada a constante 𝐾 da mola, porém, vamos obtê-la por
meio da fórmula – 𝐾𝐿 = 10𝑚:
1
− 𝐾 + 20 = 0 → 𝐾 = 40.
2
Agora sim, montando a EDO:
𝑚𝑦′′ + 𝛾𝑦′ + 𝐾𝑦 = 0:
2𝑦′′ + 0𝑦′ + 40𝑦 = 0.
Resolvendo:
2𝑦′′ + 40 = 0,
𝑟 2 = −20,
𝑟 = ± 20𝑖
Logo, a solução geral é
𝑦 = 𝑒 0𝑡 𝐶1 cos 20𝑡 + 𝐶2 sen 20𝑡 ,
𝑦 = 𝐶1 cos 20𝑡 + 𝐶2 sen 20𝑡,
𝑦 0 = 3, 𝑦′ 0 = 0.
Aplicando as condições iniciais:
3 = 𝐶1 cos 0 + 𝐶2 sen 0 →
3 = 𝐶1

𝑦′ = 20𝐶1 − sen 20𝑡 + 20𝐶2 cos 20𝑡,


0
0 = 0 + 20𝐶2 → 𝐶2 = = 0.
20

175
Logo,
𝑦 𝑡 = 3 cos 20𝑡.

3 é a amplitude do movimento.

2𝜋
Período: = 1,40
20
Gráfico de 𝑦 por 𝑡:

Conclusão: sem amortecimento do ar, o movimento da massa não


diminui sua amplitude, e, sem força externa, a massa também não
aumenta amplitude do movimento:

5
2- Uma massa de 𝑚 = ½ quilo estica uma mola em 𝐿 =
17
centímetros, em repouso. Uma pessoa puxa a mola 1 centímetro para
baixo e a solta. Suponha que haja amortecimento do ar com constante
igual a 𝛾 = 3. Encontre a posição da mola em cada instante.
Resolução. Observe que ‘soltar’ significa que a velocidade inicial é
zero. Observe também que não há força externa. Logo, os dados são:
1 5
𝑚 = , 𝐿 = , 𝑦 0 = 1, 𝑦′ 0 = 0, 𝛾 = 3.
2 17
Não foi dada a constante 𝐾 da mola, porém, vamos obtê-la por
meio da fórmula – 𝐾𝐿 + 10𝑚 = 0:
5
− 𝐾 + 5 = 0 → 𝐾 = 17.
17
Agora, montando a EDO:
𝑚𝑦′′ + 𝛾𝑦′ + 𝐾𝑦 = 0:

176
1
𝑦′′ + 3𝑦′ + 17𝑦 = 0,
2
𝑦′′ + 6𝑦′ + 34𝑦 = 0.
Resolvendo:
𝑟 2 + 6𝑟 + 34
−6 ± 36 − 136
𝑟=
2
−6 ± −100 −6 ± 10𝑖
𝑟= = = −3 ± 5𝑖
2 2

Logo, a solução geral é


𝑦 = 𝑒 −3𝑡 𝐶1 cos 5𝑡 + 𝐶2 sen 5𝑡 ,
𝑦 = 𝑒 −3𝑡 𝐶1 cos 5𝑡 + 𝐶2 sen 5𝑡 ,
𝑦 0 = 1, 𝑦 ′ 0 = 0.
Aplicando as condições iniciais:

1 = 𝑒 0 𝐶1 cos 0 + 𝐶2 sen 0 →
1 = 𝐶1 .

𝑦′ = −3𝑒 −3𝑡 𝐶1 cos 5𝑡 + 𝐶2 sen 5𝑡 +


𝑒 −3𝑡 −5𝐶1 sen 5𝑡 + 5𝐶2 cos 5𝑡 .
0 = −3𝐶1 + 5𝐶2 ,
3
𝐶2 =
5

Logo,
3
𝑦 𝑡 = 𝑒 −3𝑡 cos 5𝑡 + sen 5𝑡 .
5

Gráfico de 𝑦 por 𝑡:
Primeiro, com o passar do tempo, temos:
lim 𝑦(𝑡) =
𝑡→∞
3
cos 5𝑡 + sen 5𝑡
lim 5 =0
𝑡→∞ 𝑒 3𝑡
pois no numerador, cosseno e seno são funções limitadas entre −1 e 1,
enquanto o denominador 𝑒 3𝑡 tende a infinito, e por isso o limite é zero.
Logo, 𝑦(𝑡) tende a zero quando o tempo tende a infinito, isto é, a
massa tende a voltar a sua posição de origem, antes mesmo de ter sido
puxada, oscilando em torno de 𝑦 = 0:

177
Exercícios.
10
1- Uma massa de 𝑚 = 1 quilo estica uma mola em 𝐿 =
9
centímetros, em repouso. Uma pessoa puxa a mola 2 centímetros para
baixo e a solta. Suponha que não haja amortecimento do ar. Encontre a
posição da mola em cada instante.
10
2- Uma massa de 𝑚 = 1 quilo estica uma mola em 𝐿 =
25
centímetros, em repouso. Uma pessoa puxa a mola 2 centímetros para
baixo e a solta. Suponha que não haja amortecimento do ar. Encontre a
posição da mola em cada instante.
3- Uma massa de 𝑚 = ½ quilo estica uma mola em 𝐿 = 2
centímetros, em repouso. Uma pessoa puxa a mola 2 centímetros para
baixo e a solta. Suponha que haja amortecimento do ar com constante
igual a 𝛾 = 2. Encontre a posição da mola em cada instante.

178
22 Vibrações Forçadas

As soluções forçadas são aquelas nas quais, após a massa começar a


se movimentar, existe uma força externa −𝐹𝐸 , isto é, a EDO do sistema
massa-mola se torna:
𝑚𝑦 ′′ + 𝛾𝑦 ′ + 𝐾𝑦 − 𝐹𝐸 = 0.
Ainda vale, em repouso, a equação – 𝐾𝐿 + 10𝑚 = 0.
Exemplos.
1- Uma massa de 1 kg alonga uma mola em 𝐿 = 10 metros.
Uma pessoa puxa a massa 2 metros para baixo e solta e, nesse
instante, uma força externa 𝐹𝐸 = 3 cos 2𝑡 é aplicada sobre a massa.
Encontre a posição 𝑦(𝑡) da massa em cada instante 𝑡, sabendo que
não há amortecimento do ar.
Encontrando 𝐾:
𝐾𝐿 = 10𝑚,
10𝐾 = 10, 𝐾 = 1.
Montando a EDO, temos:
𝑦 ′′ + 0𝑦 ′ + 𝑦 = 3 cos 2𝑡,
𝑦 ′′ + 𝑦 = 3 cos 2𝑡.
É uma EDO de segunda ordem linear com coeficientes
constantes, não homogênea. Podemos resolver pelo método dos
coeficientes indeterminados ou então pelo método da variação dos
parâmetros.
Resolvendo a homogênea:
𝑟 2 + 1 = 0,
𝑟 = ± −1,
𝑟 = ±𝑖.
Assim,
𝑦𝑕 𝑡 = 𝑒 0𝑡 𝐶1 cos 1𝑡 + 𝐶2 sen 1𝑡 ,
𝑦𝑕 𝑡 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡.
Agora, utilizando o método dos coeficientes indeterminados,
temos a seguinte solução particular:
𝑦𝑃 = 𝐴 cos 2𝑡 + 𝐵 sen 2𝑡,

𝑦𝑃 = −2𝐴 sen 2𝑡 + 2𝐵 cos 2𝑡,
𝑦𝑃′′ = −4𝐴 cos 2𝑡 − 4𝐵 sen 2𝑡.
Substituindo na EDO 𝑦 ′′ + 𝑦 = 3 cos 2𝑡:
−4𝐴 cos 2𝑡 − 4𝐵 sen 2𝑡 + 𝐴 cos 2𝑡 + 𝐵 sen 2𝑡 = 3 cos 2𝑡,
−4𝐴 + 𝐴 cos 2𝑡 + −4𝐵 + 𝐵 sen 2𝑡 = 3 cos 2𝑡,
−3𝐴 = 3, −3𝐵 = 0,

179
𝐴 = −1, 𝐵 = 0.
Logo, 𝑦𝑃 𝑡 = − cos 2𝑡. A solução geral é:
𝑦 𝑡 = 𝑦𝑕 𝑡 + 𝑦𝑃 𝑡 ,
𝑦 𝑡 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡 − cos 2𝑡.
Agora, aplicando as condições iniciais 𝑦 0 = 2, 𝑦 ′ 0 = 0:
2 = 𝐶1 − 1 → 𝐶1 = 3.

𝑦 𝑡 = −𝐶1 sen 𝑡 + 𝐶2 cos 𝑡,
0 = 𝐶2 .
Substituindo na solução, temos:
𝑦 𝑡 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡 − cos 2𝑡,
𝑦 𝑡 = 3 cos 𝑡 − cos 2𝑡.
Gráfico:

2- Exemplo. Uma massa de 1 kg alonga uma mola em 𝐿 = 10


metros. Uma pessoa puxa a massa 1 metro para baixo e solta e,
nesse instante, uma força externa 𝐹𝐸 = 2 é aplicada sobre a massa.
Encontre a posição 𝑦(𝑡) da massa em cada instante 𝑡, sabendo que
10
o amortecimento do ar existe, com coeficiente 𝛾 = . Faça o gráfico.
3
𝐾𝐿 = 10𝑚
10
𝐾= = 1.
10
10
𝑦 ′′ + 𝑦 ′ + 𝑦 = 2
3
Resolvendo a homogênea:
10
𝑟2 + 𝑟 + 1 = 0
3
10 100
− ± −4
3 9
𝑟=
2

180
10 64 10 8
− ± − ± 1
3 9
𝑟= = 3 3 = − ou − 3.
2 2 3
𝑡

𝑦𝑕 𝑡 = 𝐶1 𝑒 3 + 𝐶2 𝑒 −3𝑡 .
Agora, a particular:
10
𝑦 ′′ + 𝑦 ′ + 𝑦 = 2.
3
A solução particular será um polinômio de grau 0, isto é, uma
constante:
𝑦𝑝 𝑡 = 𝐴.
Como os termos em 𝑦 e em 𝑦′ aparecem na EDO, não
precisamos multiplicar 𝐴 por 𝑡.
10
𝐴′′ + 𝐴′ + 𝐴 = 2,
3
0 + 0 + 𝐴 = 2 → 𝐴 = 2.

Enfim, a solução:
𝑦 𝑡 = 𝑦𝑕 𝑡 + 𝑦𝑃 𝑡 =
𝑡
𝐶1 𝑒 −3 + 𝐶2 𝑒 −3𝑡 + 2.
Usando as condições iniciais:
1 = 𝐶1 + 𝐶2 + 2,
𝐶1
0 = − − 3𝐶2 .
3
Resolvendo:
𝐶1
𝐶2 = − ,
9
𝐶1
1 = 𝐶1 − + 2,
9
9 = 8𝐶1 + 18,
9 1
𝐶1 = − , 𝐶2 = .
8 8

Solução:
9 −𝑡 1 −3𝑡
𝑦 𝑡 =− 𝑒 3+ 𝑒 + 2.
8 8
Observe que, nesse caso, quando 𝑡 tende a infinito, 𝑦 tende a
sua posição de equilíbrio, 𝑦 tende a 2.
Gráfico:

181
Exemplo 3. Agora, um exemplo em que o movimento da
massa aumenta sua amplitude para o infinito:
Uma massa de 1 kg alonga uma mola em 𝐿 = 10 metros. Uma
pessoa puxa a massa 1 metro para baixo e solta e, nesse instante,
uma força externa 𝐹𝐸 = 𝑒 𝑡 é aplicada sobre a massa. Encontre a
posição 𝑦(𝑡) da massa em cada instante 𝑡, sabendo que não há
resistência do ar. Faça o gráfico.

𝐾𝐿 = 10𝑚
𝐾 = 1.
A homogênea:
𝑦 ′′ + 𝑦 = 0.
𝑟 2 + 1 = 0, 𝑟 = ±𝑖.
𝑦𝑕 𝑡 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡.

Solução particular: 𝐴𝑒 𝑡 . Substituindo na EDO:


𝑦 ′′ + 𝑦 = 𝑒 𝑡 ,
𝐴𝑒 𝑡 ′′ + 𝐴𝑒 𝑡 = 𝑒 𝑡 ,
1
2𝐴𝑒 𝑡 = 𝑒 𝑡 , 𝐴 = .
2
1 𝑡
Assim, 𝑦𝑃 𝑡 = 𝑒 .
2
Solução:
1
𝑦 𝑡 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡 + 𝑒 𝑡 .
2
Condições iniciais:
1 1
1 = 𝐶1 + , 𝐶1 = .
2 2

182
1 1
0 = 𝐶2 + , 𝐶2 = − .
2 2
Solução:
1 1 1
𝑦 𝑡 = cos 𝑡 − sen 𝑡 + 𝑒 𝑡
2 2 2
Gráfico: observe que a massa se distancia da posição inicial:

Observe que as funções seno e cosseno são limitadas entre −1


e 1, e que a função 𝑒 𝑡 cresce ao infinito quando 𝑡 tende a infinito,
logo, pelo fato de cosseno ser maior do que −1, temos, aplicando o
1 1 1
limite quando 𝑡 cresce na função 𝑦 = cos 𝑡 − sen 𝑡 + 𝑒 𝑡 , o
2 2 2
seguinte:
lim 𝑦 𝑡 =
𝑡→∞
1 1 1
lim cos 𝑡 − sen 𝑡 + 𝑒 𝑡 ≥
𝑡→∞ 2 2 2
1 1 1
lim ∙ (−1) − sen 𝑡 + 𝑒 𝑡 .
𝑡→∞ 2 2 2
E, pelo fato de que sen 𝑡 ≤ 1, temos que – sen 𝑡 ≥ −1, logo,
1 1
− sen 𝑡 ≥ − :
2 2
lim 𝑦 𝑡 ≥
𝑡→∞
1 1 1
lim ∙ (−1) − sen 𝑡 + 𝑒 𝑡 ≥
𝑡→∞ 2 2 2
1 1 1 𝑡
lim ∙ (−1) − + 𝑒 =
𝑡→∞ 2 2 2

183
1 1
lim −1 + 𝑒 𝑡 = −1 + ∙ ∞ = −1 + ∞ = ∞.
𝑡→∞ 2 2
1 1 1
Também, 𝑦 𝑡 = cos 𝑡 − sen 𝑡 + 𝑒 𝑡
2 2 2
1 𝑡
≥ −1 + 𝑒
2
e que, para 𝑡 > 2, temos 𝑒 > 𝑒 2 = 2,71828 …2 > 22 = 4. Isto é,
𝑡
4
𝑦 𝑡 ≥ −1 + = 2 > 0 para todo 𝑡 > 2. Isto é, para 𝑡 > 2, a
2
massa não retorna para a posição de equilíbrio e sempre se afasta
dela, porque, derivando, temos, para 𝑡 > 2 :
1 1 1
𝑦 ′ = − sen 𝑡 + cos 𝑡 + 𝑒 𝑡 .
2 2 2
1
𝑦 ′ 𝑡 ≥ −1 + 𝑒 𝑡 .
2
Para 𝑡 > 2,
1
𝑦 ′ 𝑡 > −1 + 𝑒 2 > −1 + 2 = 1 > 0.
2
Como a derivada é positiva para todo 𝑡 > 2, a função 𝑦 é
crescente para todo 𝑡 > 2, e por isso a massa apenas se distancia
cada vez mais da mola.

Também, que 2,71828 …𝑡 > 1 + 1 𝑡


= 2𝑡 . Bem, para 𝑡 ≥ 2,
temos que

Exemplo 4. Efeito Ressonância:


Uma massa de 1 kg alonga uma mola em 𝐿 = 10 metros. Uma
pessoa puxa a massa 1 metro para baixo e solta e, nesse instante,
uma força externa 𝐹𝐸 = 𝑡 cos 𝑡 é aplicada sobre a massa. Encontre a
posição 𝑦(𝑡) da massa em cada instante 𝑡, sabendo que não há
resistência do ar. Faça o gráfico.

𝐾 = 1,
′′
𝑦 + 𝑦 = 𝑡 cos 𝑡
2
𝑟 + 1 = 0 → 𝑟 = ±𝑖.
𝑦𝑕 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡.
𝑦𝑃 = 𝐴𝑡 + 𝐵 cos 𝑡 + 𝐶𝑡 + 𝐷 sen 𝑡.
Porém, há parcelas aí que já aparecem na solução da
homogênea, portanto, multiplicamos por 𝑡:
184
𝑦𝑃 = 𝐴𝑡 2 + 𝐵𝑡 cos 𝑡 + 𝐶𝑡 2 + 𝐷𝑡 sen 𝑡.
Agora sim, derivando,

𝑦𝑃′ = (2𝐴𝑡 + 𝐵) cos 𝑡 − 𝐴𝑡 2 + 𝐵𝑡 sen 𝑡 +


2𝐶𝑡 + 𝐷 sen 𝑡 + 𝐶𝑡 2 + 𝐷𝑡 cos 𝑡,

𝑦𝑃′′ = 2𝐴 cos 𝑡 − 2𝐴𝑡 + 𝐵 sen 𝑡 − 2𝐴𝑡 + 𝐵 sen 𝑡 −


𝐴𝑡 2 + 𝐵𝑡 cos 𝑡 + 2𝐶 sen 𝑡 + 2𝐶𝑡 + 𝐷 cos 𝑡 +
2𝐶𝑡 + 𝐷 cos 𝑡 − 𝐶𝑡 2 + 𝐷𝑡 sen 𝑡.

Substituindo na EDO, e agrupando, temos:


𝑡 2 cos 𝑡 𝐴 − 𝐴 +
𝑡 2 sen 𝑡 𝐶 − 𝐶 +
𝑡 cos 𝑡 𝐵 + 𝐵 + 2𝐶 + 2𝐶 +
𝑡 sen 𝑡 𝐷 − 2𝐴 − 2𝐴 − 𝐷 +
cos 𝑡 2𝐴 + 𝐷 + 𝐷 +
sen 𝑡 −𝐵 − 𝐵 + 2𝐶 =
𝑡 cos 𝑡.

Resolvendo:
2𝐵 + 2𝐶 = 1
−2𝐴 = 0
2𝐴 + 2𝐷 = 0
−2𝐵 + 2𝐶 = 0
Isto é:
1
𝐵 = 𝐶 = , 𝐴 = 𝐷 = 0.
4
Logo,
1 1
𝑦𝑃 = 𝑡 cos 𝑡 + 𝑡 2 sen 𝑡.
4 4
Solução:
𝑦 = 𝑦𝑕 + 𝑦𝑃
1 1
𝑦 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡 + 𝑡 cos 𝑡 + 𝑡 2 sen 𝑡.
4 4
Aplicando as condições iniciais:
1 = 𝐶1 ,
1 1 2 1
𝑦 ′ = −𝐶1 sen 𝑡 + 𝐶2 cos 𝑡 + cos 𝑡 − 𝑡 sen 𝑡 + 𝑡 sen 𝑡 + 𝑡 2 cos 𝑡
4 4 4 4
1 1
0 = 𝐶2 + , 𝐶2 = − .
4 4
Solução:

185
1 1 1
𝑦 𝑡 = cos 𝑡 − sen 𝑡 + 𝑡 cos 𝑡 + 𝑡 2 sen 𝑡.
4 4 4
𝑡 𝑡2 1
𝑦 𝑡 = + 1 cos 𝑡 + − sen 𝑡.
4 4 4
Gráfico: efeito ressonância:

A massa é solta, oscila a primeira, a segunda, dá um


tchauzinho, e vai embora para voltar bem depois! Ela volta e oscila,
porém com amplitude cada vez maior.
Vamos provar que a amplitude sempre aumenta e diminui, e
que ela sempre volta à posição de origem.
𝑡 𝑡2 1
𝑦 𝑡 = + 1 cos 𝑡 + − sen 𝑡 →
4 4 4

186
Para 𝑡 = 2𝑘𝜋, 𝑘 > 0 inteiro, temos que sen 2𝑘𝜋 = 0 e
cos 2𝑘𝜋 = 1, então:
2𝑘𝜋 2𝑘𝜋 2 1
𝑦 2𝑘𝜋 = + 1 cos 2𝑘𝜋 + − sen 2𝑘𝜋 →
4 4 4
2𝑘𝜋
𝑦 2𝑘𝜋 = + 1,
4
2𝑘𝜋
Isto é, à medida que 𝑘 aumenta para o infinito, 𝑦 = +1=
4
𝑘𝜋
+ 1 também tende a infinito, ou seja, a amplitude tende a infinito.
2
3𝜋 3𝜋
Por outro lado, se 𝑡 = + 2𝑘𝜋, então sen + 2𝑘𝜋 = −1 e
2 2
3𝜋
cos + 2𝑘𝜋 = 0, isto é,
2
2
3𝜋
3𝜋 + 2𝑘𝜋 1
𝑦 + 2𝑘𝜋 = 0 + 2 − ∙ −1 =
2 4 4
2
1 3𝜋
− + 2𝑘𝜋 − 1 .
4 2
Logo, à medida que 𝑘 cresce para infinito,
2
3𝜋 1 3𝜋
𝑦 + 2𝑘𝜋 = − + 2𝑘𝜋 − 1
2 4 2
tende para menos infinito, isto é, a amplitude tende a menos
infinito.
Isso mostra que o movimento cresce e decresce cada vez mais,
de forma oscilatória.

Exercícios.
1- Uma massa de 1 kg alonga uma mola em 𝐿 = 10 metros.
Uma pessoa puxa a massa 3 metros para baixo e solta e, nesse
instante, uma força externa 𝐹𝐸 = 6 cos 7𝑡 é aplicada sobre a massa.
Encontre a posição 𝑦(𝑡) da massa em cada instante 𝑡, sabendo que
não há resistência do ar. Faça o gráfico.
2- Exemplo. Uma massa de 1 kg alonga uma mola em 𝐿 = 10
metros. Uma pessoa puxa a massa 1 metro para baixo e solta e,
nesse instante, uma força externa 𝐹𝐸 = sen 𝑡 é aplicada sobre a

187
massa. Encontre a posição 𝑦(𝑡) da massa em cada instante 𝑡,
sabendo que não há amortecimento do ar. Faça o gráfico.
3- Exemplo. Uma massa de 1 kg alonga uma mola em 𝐿 = 10
metros. Uma pessoa puxa a massa 1 metro para baixo e solta e,
nesse instante, uma força externa 𝐹𝐸 = 2 é aplicada sobre a massa.
Encontre a posição 𝑦(𝑡) da massa em cada instante 𝑡, sabendo que
10
o amortecimento do ar existe, com coeficiente 𝛾 = . Faça o gráfico.
3

188
23 EDO’s lineares de ordem mais alta com coeficientes constantes
homogêneas

Nesta aula, veremos as EDO’s de ordem superior a 2, de


terceira ordem, de quarta ordem, quinta, etc.
As idéias são as mesmas dos capítulos anteriores, isto é, inserir
a solução 𝑒 𝑟𝑡 , chegar na Equação Característica, observar se as raízes
são reais ou complexas, e se há raízes repetidas.
Nos exemplos seguintes, temos os variados casos, com relação
à equação característica correspondente: raízes da equação
característica reais e distintas, raízes reais repetidas, raízes não reais,
isto é, raízes complexas. Vamos ver todos esses casos.
1. A EDO homogênea linear, de terceira ordem, com
coeficientes constantes:
𝑦 ′′′ − 7𝑦 ′ + 6𝑦 = 0.
Como nos casos anteriores, vamos supor que a solução seja do
tipo
𝑦 𝑡 = 𝑒 𝑟𝑡 .
Substituindo e depois simplificando, temos:
𝑟 3 𝑒 𝑟𝑡 − 7𝑟𝑒 𝑟𝑡 + 6𝑒 𝑟𝑡 = 0,
𝑟 3 − 7𝑟 + 6 = 0.
Essa é a equação característica. Vamos nessa apostila sempre
trabalhar com equações características que possuem como raiz pelo
menos um valor fácil de ser encontrado mentalmente, nesse caso,
vemos que 𝑟1 = 1 é uma solução.
Para encontrarmos as outras raízes, fazemos a divisão de
𝑟 3 − 7𝑟 + 6 pelo polinômio 𝑟 − 𝑟1 .
Logo, efetuando a divisão dos polinômios 𝑟 3 − 7𝑟 + 6 por
𝑟 − 1 de forma direta (o leitor deve fazer os cálculos da divisão dos
polinômio em seu caderno), obtemos que
𝑟 3 − 7𝑟 + 6 = 𝑟 2 + 𝑟 − 6 𝑟 − 1 .
Assim, voltando à equação característica, temos:
𝑟 2 + 𝑟 − 6 𝑟 − 1 = 0.
Desta forma é fácil encontrarmos as raízes da equação
característica:
𝑟 2 + 𝑟 − 6 = 0 ou 𝑟 − 1 = 0.
Da primeira, usando Bháskara, temos 𝑟2 = 2 e 𝑟3 = −3. Enfim,
as raízes da equação característica são:
189
𝑟1 = 1, 𝑟2 = 2 e 𝑟3 = −3.
Logo, a solução de nossa EDO, pelo fato de as raízes serem
todas reais e distintas, é, finalizando a resolução do exemplo:
𝑦 𝑡 = 𝐶1 𝑒 𝑡 + 𝐶2 𝑒 2𝑡 + 𝐶3 𝑒 −3𝑡 .
Observe que aparecem três constantes indeterminadas, pois a
EDO é de terceira ordem. Também, todas as três raízes da equação
característica devem ser levadas em conta na montagem da solução
final.
2.
𝑦 ′′′ − 𝑦 ′′ = 0
A equação característica é:
𝑟3 − 𝑟2 = 0
Aqui, um cuidado! Devem-se verificar, sempre, as raízes
duplas!
Temos:
𝑟 3 − 𝑟 2 = 0,
𝑟 2 𝑟 − 1 = 0,
𝑟 − 0 𝑟 − 0 𝑟 − 1 = 0.
Ou seja, 𝑟1 = 0, 𝑟2 = 0 e 𝑟3 = 1, o zero é uma raiz dupla!
Alternativamente, podíamos pensar assim, da equação
𝑟 2 𝑟 − 1 = 0:
𝑟2 = 0 ou 𝑟 − 1 = 0.
Da primeira, temos:
𝑟 2 = 0,
𝑟 = ± 0,
𝑟 = ±0,
𝑟1 = 0, 𝑟2 = 0.
Da segunda, 𝑟 − 1 = 0, 𝑟 = 1, 𝑟3 = 1.
Agora, usamos a mesma idéia de quando há raízes duplas:
multiplicamos a segunda solução por 𝑡 para compor a solução final:
𝑦 𝑡 = 𝐶1 𝑒 0𝑡 + 𝐶2 𝑡𝑒 0𝑡 + 𝐶3 𝑒 1𝑡 ,
𝑦 𝑡 = 𝐶1 + 𝐶2 𝑡 + 𝐶3 𝑒 𝑡 .

3.
𝑦 𝑖𝑣 = 0.
Temos: 𝑦 𝑡 = 𝑒 𝑟𝑡 . Substituindo:
𝑟 4 = 0.
𝑟 − 0 𝑟 − 0 𝑟 − 0 𝑟 − 0 = 0.
O zero é raiz repetida quatro vezes. Assim:
190
𝑦 𝑡 = 𝐶1 𝑒 0𝑡 + 𝐶2 𝑡𝑒 0𝑡 + 𝐶3 𝑡 2 𝑒 0𝑡 + 𝐶3 𝑡 3 𝑒 0𝑡 ,
𝑦 𝑡 = 𝐶1 + 𝐶2 𝑡 + 𝐶3 𝑡 2 + 𝐶3 𝑡 3 .
Naturalmente, nesse caso, poderíamos ter feito mentalmente,
isto é, qual é a função que se for derivada quatro vezes vai resultar
na função nula? Ora, a função polinomial do terceiro grau, então,
pensando assim, já chegaríamos na resposta 𝑦 𝑡 = 𝐶1 + 𝐶2 𝑡 +
𝐶3 𝑡 2 + 𝐶3 𝑡 3 .

3.
𝑦 ′′′ − 2𝑦 ′′ + 𝑦 ′ = 0.
Resolvendo:
𝑟 3 − 2𝑟 2 + 𝑟 = 0.
Nesse caso, é mais fácil colocar 𝑟 em evidência:
𝑟 𝑟 2 − 2𝑟 + 1 = 0.
Resolvendo por Bháskara, temos:
𝑟 𝑟 − 1 𝑟 − 1 = 0.
Daqui, tiramos 𝑟1 = 0, 𝑟2 = 1, 𝑟3 = 1.
Também funcionaria se encontrássemos a solução por
tentativa e erro: 𝑟1 = 1. Dividindo o polinômio 𝑟 3 − 2𝑟 2 + 𝑟 por
𝑟 − 𝑟1 , obtemos (faça em seu caderno a divisão):
𝑟 3 − 2𝑟 2 + 𝑟 = 𝑟 2 − 𝑟 𝑟 − 1 .
Logo,
𝑟 2 − 𝑟 𝑟 − 1 = 0,
Ou seja,
𝑟 2 − 𝑟 = 0 ou 𝑟 − 1 = 0.
Da primeira,
𝑟 𝑟 − 1 = 0, 𝑟1 = 0, 𝑟2 = 1.
Da segunda, 𝑟3 = 1. Nesse caso, 1 é raiz repetida.
Em todo caso, as raízes são as mesmas, e assim temos a
solução final:
𝑦 𝑡 = 𝐶1 + 𝐶2 𝑒 𝑡 + 𝐶3 𝑡𝑒 𝑡 .

4.
𝑦 ′′′ + 𝑦 ′ = 0.

𝑟 3 + 𝑟 = 0,
𝑟 𝑟 2 + 1 = 0,
𝑟 = 0 ou 𝑟 2 = −1, 𝑟 = ± −1.
Então, as raízes da equação característica são:
191
𝑟1 = 0, 𝑟2 = −𝑖, 𝑟3 = 𝑖.
Assim, a raiz real 𝑟1 = 0 corresponde à solução 𝐶1 𝑒 0𝑡 , enquanto
as raízes complexas conjugadas 0 ± 1𝑖 são agrupadas à solução com
senos e cossenos 𝑒 0𝑡 (𝐶2 cos 1𝑡 + 𝐶3 sen 1𝑡), analogamente aos
capítulos anteriores, e a solução fica:
𝑦 𝑡 = 𝐶1 𝑒 0𝑡 + 𝑒 0𝑡 𝐶2 cos 1𝑡 + 𝐶3 sen 1𝑡 ,
𝑦 𝑡 = 𝐶1 + 𝐶2 cos 𝑡 + 𝐶3 sen 𝑡.

5.
𝑦 ′′′ + 2𝑦 ′′ + 3𝑦 ′ + 6 = 0.
𝑟 3 + 2𝑟 2 + 3𝑟 + 6 = 0.
Não é possível colocar 𝑟 em evidência em todas as parcelas.
Por tentativa e erro, encontramos 𝑟1 = −2 como uma raiz, pois
−2 3 + 2 −2 2 + 3 −2 + 6 =
−8 + 8 − 6 + 6 = 0.
Logo, dividindo o polinômio 𝑟 3 + 2𝑟 2 + 3𝑟 + 6 por 𝑟 − (−2),
obtemos:
𝑟 3 + 2𝑟 2 + 3𝑟 + 6 = 𝑟 2 + 3 𝑟 + 2 .
Logo,
𝑟 2 + 3 𝑟 + 2 = 0.
𝑟1 = −2, 𝑟2 = − 3𝑖, 𝑟3 = 3𝑖.
Solução, agrupando as raízes complexas conjugadas:
𝑦 = 𝐶1 𝑒 −2𝑡 + 𝐶2 cos 3𝑡 + 𝐶3 sen 3𝑡.

6.
𝑦 𝑖𝑣 + 2𝑦 ′′ + 𝑦 = 0.
𝑟 4 + 2𝑟 2 + 1 = 0.
Eis uma equação biquadrada, onde colocamos
𝑠 = 𝑟2.
Substituindo:
𝑠 2 + 2𝑠 + 1 = 0.
−2 ± 4 − 4 −2 ± 0
𝑠= ,𝑠 = .
2 2
−2 + 0
𝑠1 = = −1,
2
−2 − 0
𝑠2 = = −1.
2

192
Temos uma raiz dupla igual a −1:
𝑠1 = −1, 𝑠2 = −1.
Vamos encontrar 𝑟. Sabemos que 𝑠 = 𝑟 2 , então, substituindo 𝑠 por
−1:
−1 = 𝑟 2 ,
𝑟 = ± −1,
𝑟 = ±𝑖.
Isso, para o primeiro 𝑠 = −1. Para o segundo 𝑠 = −1, também
teremos 𝑟 = ±𝑖. Logo, as raízes complexas conjugadas ±𝑖 são
duplas!
Portanto, a solução da EDO é:
𝑦 𝑡 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡 + 𝐶3 𝑡 cos 𝑡 + 𝐶4 𝑡 sen 𝑡.
Como a EDO tem ordem 4, a solução tem quatro constantes, e a
equação característica possui quatro soluções, nesse caso, duas a
duas repetidas.

7.
𝑦 𝑖𝑣 + 𝑦 = 0.
𝑟 4 + 1 = 0.
4
𝑟 = −1.
Todas as quatro raízes devem aparecer, logo, temos de encontrar as
raízes usando radiciação de números complexos.
𝑧 = 𝑎 + 𝑏𝑖 = −1 + 0𝑖.
Queremos a raiz quarta de 𝑧. Primeiro, calculamos o módulo de 𝑧:
𝑧 = 𝑎2 + 𝑏 2 = −1 2 + 02
𝑧 = 1.
Agora, calculamos o argumento 𝜃 de 𝑧 por meio de duas equações:
𝑏 𝑎
𝜃 = atan , 𝜃 = acos .
𝑎 𝑧
0
𝜃 = atan = atan 0.
−1
−1
𝜃 = acos = acos −1.
1
Qual é o ângulo cuja tangente é zero e cujo cosseno é −1? O ângulo
de 1800 . Logo, 𝜃 = 1800 .
Finalmente, jogamos na fórmula das raízes complexas, usando a
segunda fórmula de Moivre:

193
4 4 𝜃 + 3600 𝑘 𝜃 + 3600 𝑘
𝑧= 𝑧 cos + 𝑖 sen , 𝑛 = 0,1,2,3.
𝑛 𝑛
Para 𝑘 = 0:
4 4 1800 + 3600 ∙ 0 1800 + 3600 ∙ 0
𝑧= 1 cos + 𝑖 sen
4 4
2 2
cos 450 + 𝑖 sen 450 = + 𝑖.
2 2
Para 𝑘 = 1:
4 4 1800 + 3600 ∙ 1 1800 + 3600 ∙ 1
𝑧 = 1 cos + 𝑖 sen
4 4
0 0
cos 135 + 𝑖 sen 135 =
−cos(180 − 1350 ) + 𝑖 sen(1800 − 1350 ) =
0

− cos 450 + 𝑖 sen 450 =


2 2
− + 𝑖.
2 2
Não precisaríamos continuar, pois as duas próximas serão as
conjugadas dessas. As conjugadas serão agrupadas, na resposta
final. Porém, vamos continuar para treinar:
Para 𝑘 = 2:
4 4 1800 + 3600 ∙ 2 1800 + 3600 ∙ 2
𝑧 = 1 cos + 𝑖 sen
4 4
0 0
cos 225 + 𝑖 sen 225 =
−cos(225 − 1800 ) − 𝑖 sen(2250 − 1800 ) =
0

− cos 450 − 𝑖 sen 450 =


2 2
− − 𝑖.
2 2
Última: para 𝑘 = 3:
4 4 1800 + 3600 ∙ 3 1800 + 3600 ∙ 3
𝑧 = 1 cos + 𝑖 sen
4 4
cos 3150 + 𝑖 sen 3150 =
cos(3600 − 3150 ) − 𝑖 sen(3600 − 3150 ) =
cos 450 − 𝑖 sen 450 =
2 2
− 𝑖.
2 2

Logo, temos quatro raízes complexas e distintas da equação


característica, duas a duas conjugadas:

194
2 2 2 2
𝑟1 = + 𝑖, 𝑟2 = − 𝑖,
2 2 2 2
2 2 2 2
𝑟3 = − + 𝑖, 𝑟4 = − − 𝑖.
2 2 2 2
Agrupando as conjugas para montar a solução, temos, somando:

2 2 2
𝑦 𝑡 = 𝑒 2 𝑡 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 𝑖 sen 𝑡 +
2 2

2 2 2
𝑒 − 2 𝑡 𝐶3 cos 𝑡 + 𝐶4 𝑖 sen 𝑡 .
2 2

Exercícios. Resolver as EDO’s.

1.

𝑦 ′′′ − 𝑦 ′′ − 𝑦 ′ + 𝑦 = 0

2.

𝑦 ′′′ − 3𝑦 ′′ + 3𝑦 ′ − 𝑦 = 0

3.

2𝑦 ′′′ − 4𝑦 ′′ − 2𝑦 ′ + 4𝑦 = 0

4.

𝑦 𝑖𝑣 − 4𝑦 ′′′ + 4𝑦 ′′ = 0

5.

𝑦 𝑖𝑣 − 5𝑦 ′′ + 4𝑦 = 0

6.

𝑦 𝑖𝑣 − 8𝑦 ′ = 0

7.

𝑦 𝑣𝑖 + 𝑦 = 0

195
8.

𝑦 ′′′ + 𝑦 = 0

196
24 EDO’ de ordem mais alta não homogêneas com coeficientes
constantes

Nesta aula, vamos continuar a resolver equações diferenciais


de ordem superior a 2, porém, não homogêneas. O método é o
mesmo: resolver primeiro a homogênea correspondente, e depois
aplicar o método dos coeficientes indeterminados ou da variação
dos parâmetros.
Exemplos. Resolver as EDO’s.
1. 𝑦 ′′′ − 4𝑦 ′ = 𝑡
A homogênea:
𝑦 ′′′ − 4𝑦 ′ = 0,
𝑟 3 − 4𝑟 = 0,
as três soluções tem de aparecer:
𝑟 𝑟 2 − 4 = 0,
𝑟 = 0, 𝑟 = −2, 𝑟 = 2.
𝑦𝑕 𝑡 = 𝐶1 + 𝐶2 𝑒 −2𝑡 + 𝐶3 𝑒 2𝑡 .
Solução particular: 𝐴𝑡 + 𝐵
Porém, como não existe o termo 𝑦 na EDO (ou ainda, 𝐵 já
aparece na solução da homogênea), a solução particular deverá ser
𝑦𝑃 𝑡 = 𝐴𝑡 2 + 𝐵𝑡
Substituindo na EDO 𝑦 ′′′ − 4𝑦 ′ = 𝑡::
𝐴𝑡 2 + 𝐵𝑡 ′′′ − 4 𝐴𝑡 2 + 𝐵𝑡 ′ = 𝑡
0 − 4 2𝐴𝑡 + 𝐵 = 𝑡
−8𝐴 = 1, 𝐵 = 0,
1
𝐴=− .
8
1 2
Logo, 𝑦𝑃 𝑡 = − 𝑡 + 0𝑡.
8
Enfim: 𝑦 𝑡 = 𝑦𝑕 𝑡 + 𝑦𝑃 𝑡 =
1
𝐶1 + 𝐶2 𝑒 −2𝑡 + 𝐶3 𝑒 2𝑡 − 𝑡 2 .
8

Agora, o método da Variação dos Parâmetros para EDO’s de ordem


superior a 2, para a EDO não-homogênea
𝑦 𝑛 𝑡 + 𝑎𝑛 −1 𝑦 𝑛 −1 𝑡 + ⋯ + 𝑎1 𝑦 ′ 𝑡 + 𝑎0 𝑦 𝑡 = 𝑔 𝑡 .
A solução particular será:
𝑦𝑃 𝑡 = 𝑢1 𝑡 𝑦1 𝑡 + 𝑢2 𝑡 𝑦2 𝑡 + ⋯ + 𝑢𝑛 𝑡 𝑦𝑛 𝑡 .
Na qual as 𝑦𝑖 (𝑡) são as soluções da homogênea, e:

197
𝑔 𝑡 ∙ 𝑊𝑖 𝑡
𝑢𝑖 𝑡 = 𝑑𝑡.
𝑊 𝑡
Na qual, ainda:
𝑦1 𝑦2 … 0 … 𝑦𝑛
𝑦1 ′ 𝑦2 ′ … 0 … 𝑦𝑛 ′
𝑊𝑖 𝑡 = … … … 0 … …
(𝑛) 𝑛 𝑛
𝑦1 𝑦2 … 1 … 𝑦𝑛
e 𝑊 será o wronskiano das 𝑦𝑖 (𝑡).

Exemplo 2. 𝑦 ′′′ − 𝑦 ′ = 2𝑡.

A homogênea:
𝑦 ′′′ − 𝑦 ′ = 0,
𝑟 3 − 𝑟 = 0.
As três soluções tem de aparecer:
r r 2 − 1 = 0,
r = 0, r = −1, r = 1.
y1 t = 1, y2 t = e−t , y3 t = et .

0 e−t et
W1 = 0 −e−t et =
1 e−t et
3+1
1 ∙ −1 ∙ e−t+t + e−t+t = 2.

1 0 et
W2 = 0 0 et =
0 1 et
1+1
1 ∙ −1 ∙ 0 − et = −et .

1 e−t 0
W3 = 0 −e−t 0 =
0 e−t 1
1+1
1 ∙ −1 ∙ −e−t − 0 = −e−t .

O Wronskiano:
1 e−t et
𝑊 = 0 −e−t et =
0 e−t et
1+1
1 ∙ −1 ∙ −e−t+t − e−t+t = −2.

198
𝑔 𝑡 ∙ 𝑊1 𝑡
𝑢1 𝑡 = 𝑑𝑡.
𝑊 𝑡
2𝑡 ∙ 2
𝑢1 𝑡 = 𝑑𝑡 =
−2
2𝑡 2
−2 𝑡 𝑑𝑡 = = −𝑡 2 .
2

𝑔 𝑡 ∙ 𝑊2 (𝑡)
𝑢2 𝑡 = 𝑑𝑡.
𝑊 𝑡
2𝑡 ∙ −𝑒 𝑡
𝑢2 𝑡 = 𝑑𝑡 =
−2
𝑡 𝑒 𝑡 𝑑𝑡 = 𝑡𝑒 𝑡 − 𝑒 𝑡 .

𝑔 𝑡 ∙ 𝑊3 𝑡
𝑢3 𝑡 = 𝑑𝑡.
𝑊 𝑡
2𝑡 ∙ −𝑒 −𝑡
𝑢1 𝑡 = 𝑑𝑡 =
−2
− 𝑡𝑒 −𝑡 𝑑𝑡 =
− 𝑡𝑒 −𝑡 — 𝑒 −𝑡 =
−𝑡𝑒 −𝑡 + 𝑒 −𝑡 .

𝑦𝑃 𝑡 = −𝑡 2 + 𝑒 −𝑡 𝑡𝑒 𝑡 − 𝑒 𝑡 + 𝑒 𝑡 (−𝑡𝑒 −𝑡 + 𝑒 −𝑡 )
𝑦 𝑡 = 𝑦𝑕 𝑡 + 𝑦𝑃 𝑡 =
𝐶1 + 𝐶2 𝑒 −𝑡 + 𝐶3 𝑒 𝑡 +
−𝑡 2 + 𝑒 −𝑡 𝑡𝑒 𝑡 − 𝑒 𝑡 + 𝑒 𝑡 −𝑡𝑒 −𝑡 + 𝑒 −𝑡 =

𝐶1 + 𝐶2 𝑒 −𝑡 + 𝐶3 𝑒 𝑡 +
−𝑡 2 + 𝑡 − 1 − 𝑡 + 1 =

𝐶1 + 𝐶2 𝑒 −𝑡 + 𝐶3 𝑒 𝑡 − 𝑡 2 .
Exercícios. Resolver:
a) Coef. Indeterm. 𝑦 ′′′ − 𝑦 ′′ − 𝑦 ′ + 𝑦 = 2𝑒 −𝑡 + 3
b) Coef. Indeterm. 𝑦 𝑖𝑣 − 𝑦 = 3𝑡 + cos 𝑡
c) Coef. Indeterm. 𝑦 ′′′ + 𝑦 ′′ + 𝑦 ′ + 𝑦 = 𝑒 −𝑡 + 4𝑡
d) Coef. Indeterm. 𝑦 ′′′ − 𝑦 ′ = 2 sen 𝑡
e) Coef. Indeterm. 𝑦 𝑖𝑣 + 2𝑦 ′′ + 𝑦 = 3 + cos 2𝑡
f) Variação dos parâmetros: 𝑦 ′′′ − 𝑦 ′ = 𝑡

199
200
25 EDO’s por Séries de Potências

Neste capítulo, veremos um método que nos ajudará a


resolver algumas EDO’s lineares com coeficientes não constantes. É
o método da série de potências.
Definição. 𝑥0 é ponto ordinário da equação diferencial
𝑃 𝑥 𝑦 ′′ 𝑥 + 𝑄 𝑥 𝑦 ′ 𝑥 + 𝑅 𝑥 𝑦 𝑥 = 𝑔(𝑥)
se 𝑃(𝑥0 ) ≠ 0.
Teorema. Se 𝑃, 𝑄, 𝑅 e 𝑔 forem contínuas em um intervalo
𝐼 = (𝑎, 𝑏) e se 𝑥0 ∈ 𝐼 é um ponto ordinário da EDO acima, então a
solução da EDO pode ser escrita da forma

𝑛
𝑐𝑛 𝑥 − 𝑥0
𝑛 =0
para todo 𝑥 no intervalo 𝐼.
A novidade e a vantagem desse método é que agora os
coeficientes 𝑃, 𝑄, e 𝑅 não precisam ser constantes, como em todos
os métodos anteriores.
Exemplos.
1. 𝑦 + 𝑦 = 0
′′

Todo 𝑥0 real é ponto ordinário, pois 𝑃 𝑥 ≡ 1 é diferente de


zero para qualquer valor 𝑥0 real, 𝑃 é constante igual a 1. Obs: o
símbolo ≡ representa ‘é função constante igual a’.
Logo, vamos escolher 𝑥0 = 0.
Antes, porém, vamos resolver essa EDO pelos métodos já
conhecidos, isto é, por meio da equação característica
𝑟 2 + 1 = 0,
𝑟 = 0 ± 𝑖,
𝑦 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡.
Agora, vamos resolver pelo método das séries de potências e
ver que as duas soluções são as mesmas.
Por série de potências, onde escolhemos 𝑥0 = 0, temos:

𝑦= 𝑐𝑛 𝑥 𝑛 =
𝑛=0
𝑐0 + 𝑐1 𝑥 + 𝑐2 𝑥 2 + 𝑐3 𝑥 3 + ⋯
Logo, derivando,
𝑦 ′ = 𝑐1 + 2𝑐2 𝑥 + 3𝑐3 𝑥 2 + 4𝑐4 𝑥 3 + 5𝑐5 𝑥 4 + ⋯.
Derivando novamente,

201
𝑦 ′′ = 2𝑐2 + 3 ∙ 2𝑐3 𝑥 + 4 ∙ 3𝑐4 𝑥 2 + 5 ∙ 4𝑐5 𝑥 3 + ⋯

Substituindo na EDO 𝑦 ′′ + 𝑦 = 0:
2𝑐2 + 3 ∙ 2𝑐3 𝑥 + 4 ∙ 3𝑐4 𝑥 2 + 5 ∙ 4𝑐5 𝑥 3 + ⋯ +
𝑐0 + 𝑐1 𝑥 + 𝑐2 𝑥 2 + 𝑐3 𝑥 3 + ⋯ = 0.
Agrupando os termos semelhantes:
2𝑐2 + 𝑐0 + 3 ∙ 2𝑐3 + 𝑐1 𝑥 + 4 ∙ 3𝑐4 + 𝑐2 𝑥 2 +
5 ∙ 4𝑐5 + 𝑐3 𝑥 3 + ⋯ = 0
Agora, observe o lado direito. O lado direito é um polinômio
identicamente nulo, isto é, os coeficientes do lado direito são todos
nulos: 0 + 0𝑥 + 0𝑥 2 + 0𝑥 3 + 0𝑥 4 + 0𝑥 5 + ⋯.
Assim, igualando os coeficientes dos dois lados da equação,
temos:
𝑐0
2𝑐2 + 𝑐0 = 0 → 𝑐2 = −
2
𝑐1
3 ∙ 2𝑐3 + 𝑐1 = 0 → 𝑐3 = −
3∙2
𝑐
𝑐2 − 0 𝑐0
4 ∙ 3𝑐4 + 𝑐2 = 0 → 𝑐4 = − → 𝑐4 = − 2 → 𝑐4 =
4∙3 4∙3 4∙3∙2
𝑐1
𝑐3 − 𝑐1
5 ∙ 4𝑐5 + 𝑐3 = 0 → 𝑐5 = − → 𝑐5 = − 3 ∙ 2 =
5∙4 5∙4 5∙4∙3∙2

Logo, temos a solução em forma de série de potências:


𝑐0 𝑐1 3 𝑐0 𝑐1
𝑦 𝑡 = 𝑐0 + 𝑐1 𝑥 − 𝑥 2 − 𝑥 + 𝑥4 + 𝑥5 − ⋯
2 3∙2 4∙3∙2 5∙4∙3∙2
Agrupando os temos em 𝑐0 e os termos em 𝑐1 :
𝑥2 𝑥4 𝑥3 𝑥5
𝑦 𝑡 = 𝑐0 1 − + − ⋯ + 𝑐1 𝑥 − + + ⋯ .
2! 4! 3! 5!
Porém, sabemos de aulas passadas que
𝑥2 𝑥4
cos 𝑥 = 1 − + − ⋯ e
2! 4!
𝑥3 𝑥5
sen 𝑥 = 𝑥 − + + ⋯.
3! 5!
Logo, de fato, 𝑦 𝑡 = 𝑐0 cos 𝑥 + 𝑐1 sen 𝑥, a mesma resposta que
já tínhamos!

Agora, o primeiro exemplo de EDO linear de segunda ordem


do curso, cujos coeficientes não são todos constantes:
2.

202
𝑦 ′′ − 𝑥𝑦 ′ − 𝑦 = 0.
Como 𝑃 𝑥 ≡ 1 ≠ 0 para todo 𝑥, podemos considerar o ponto
ordinário 𝑥0 = 0 na série de potências. Assim:

𝑦= 𝑐𝑛 𝑥 𝑛 =
𝑛=0
𝑐0 + 𝑐1 𝑥 + 𝑐2 𝑥 2 + 𝑐3 𝑥 3 + ⋯
Logo, derivando,
𝑦 ′ = 𝑐1 + 2𝑐2 𝑥 + 3𝑐3 𝑥 2 + 4𝑐4 𝑥 3 + 5𝑐5 𝑥 4 + ⋯.
Derivando novamente,
𝑦 ′′ = 2𝑐2 + 3 ∙ 2𝑐3 𝑥 + 4 ∙ 3𝑐4 𝑥 2 + 5 ∙ 4𝑐5 𝑥 3 + ⋯

Substituindo na EDO 𝑦 ′′ − 𝑥𝑦 ′ − 𝑦 = 0, temos:


2𝑐2 + 3 ∙ 2𝑐3 𝑥 + 4 ∙ 3𝑐4 𝑥 2 + 5 ∙ 4𝑐5 𝑥 3 + ⋯ −
𝑥 𝑐1 + 2𝑐2 𝑥 + 3𝑐3 𝑥 2 + 4𝑐4 𝑥 3 + 5𝑐5 𝑥 4 + ⋯ −
𝑐0 + 𝑐1 𝑥 + 𝑐2 𝑥 2 + 𝑐3 𝑥 3 + ⋯ = 0.

Agrupando os termos semelhantes e igualando aos


coeficientes do lado direito, temos:
𝑐0
2𝑐2 − 𝑐0 = 0 → 𝑐2 =
2
𝑐1
3 ∙ 2𝑐3 − 𝑐1 − 𝑐1 = 0 → 3 ∙ 2𝑐3 = 2𝑐1 → 𝑐3 =
3
𝑐2 𝑐0
4 ∙ 3𝑐4 − 2𝑐2 − 𝑐2 → 𝑐4 = =
4 4∙2
𝑐3 𝑐1
5 ∙ 4𝑐5 − 3𝑐3 − 𝑐3 = 0 → 𝑐5 = =
5 5∙3
Continuando a lógica,
𝑐0
𝑐6 = ,
6∙4∙2
𝑐1
𝑐7 = ,…
7∙5∙3
Logo,
𝑐0 𝑐1 𝑐0 4 𝑐1 5
𝑦 𝑥 = 𝑐0 + 𝑐1 𝑥 + 𝑥 2 + 𝑥 3 + 𝑥 + 𝑥 +⋯
2 3 4∙2 5∙3
Agrupando 𝑐0 e 𝑐1 , temos:

𝑦 𝑥 =
2 4 6
𝑥 𝑥 𝑥 𝑥3 𝑥5 𝑥7
𝑐0 1+ + + + ⋯ + 𝑐1 𝑥 + + + +⋯
2 4∙2 6∙4∙2 3 5∙3 7∙5∙3
Colocando no formato de somatórios e produtórios:

203
∞ ∞
𝑥 2𝑛 𝑥 2𝑛+1
𝑦 𝑥 = 𝑐0 ∙ 1 + 𝑛 + 𝑐1 ∙ 𝑥 + 𝑛
𝑖=1 2𝑖 𝑖=1(2𝑖 + 1)
𝑛 =1 𝑛 =1

3.
𝑦 ′′ − 𝑦 ′ = 0
Pelos métodos anteirores:
𝑟 2 − 𝑟 = 0 → 𝑟 = 1, 𝑟 = 0.
𝑦 = 𝐶1 𝑒 0𝑥 + 𝐶2 𝑒 𝑥 ,
𝑦 = 𝐶1 + 𝐶2 𝑒 𝑥 .
Por série de potências. Como 𝑃 ≡ 1 ≠ 0 para todo 𝑥, então
𝑥0 = 0.
Assim,

𝑦= 𝑐𝑛 𝑥 𝑛 =
𝑛=0
𝑐0 + 𝑐1 𝑥 + 𝑐2 𝑥 2 + 𝑐3 𝑥 3 + ⋯
Logo, derivando,
𝑦 ′ = 𝑐1 + 2𝑐2 𝑥 + 3𝑐3 𝑥 2 + 4𝑐4 𝑥 3 + 5𝑐5 𝑥 4 + ⋯.
Derivando novamente,
𝑦 ′′ = 2𝑐2 + 3 ∙ 2𝑐3 𝑥 + 4 ∙ 3𝑐4 𝑥 2 + 5 ∙ 4𝑐5 𝑥 3 + ⋯

Substituindo na EDO 𝑦 ′′ − 𝑦 ′ = 0, temos:


2𝑐2 + 3 ∙ 2𝑐3 𝑥 + 4 ∙ 3𝑐4 𝑥 2 + 5 ∙ 4𝑐5 𝑥 3 + ⋯ −
𝑐1 + 2𝑐2 𝑥 + 3𝑐3 𝑥 2 + 4𝑐4 𝑥 3 + 5𝑐5 𝑥 4 + ⋯ . = 0
Agrupando e igualando os coeficientes:

𝑐1
2𝑐2 − 𝑐1 = 0 → 𝑐2 =
2
𝑐2 𝑐1
3 ∙ 2𝑐3 − 2𝑐2 = 0 → 𝑐3 = =
3 3∙2
𝑐3 𝑐1
4 ∙ 3𝑐4 − 3𝑐3 = 0 → 𝑐4 = =
4 4∙3∙2
𝑐4 𝑐1
5 ∙ 4𝑐5 − 4𝑐4 = 0 → 𝑐5 = =
5 5∙4∙3∙2

Dessa forma:
𝑐1 2 𝑐1 3 𝑐1 𝑐1
𝑦 𝑥 = 𝑐0 + 𝑐1 𝑥 + 𝑥 + 𝑥 + 𝑥4 + 𝑥 5 + ⋯.
2 3∙2 4∙3∙2 5∙4∙3∙2
204
Em forma de somatório:
𝑥2 𝑥3 𝑥4 𝑥5
𝑦 𝑥 = 𝑐0 + 𝑐1 𝑥 + + + + + ⋯ .
2! 3! 4! 5!
Cuidado, o termo em parênteses não é a função exponencial
𝑒 𝑥 , pois
𝑥
𝑥2 𝑥3 𝑥4 𝑥5
𝑒 =1+𝑥+ + + + +⋯
2! 3! 4! 5!
Então, subtraindo 1 dos dois lados para ficar igual à expressão
dos parênteses, temos:
𝑥
𝑥2 𝑥3 𝑥4 𝑥5
𝑒 −1=𝑥+ + + + +⋯
2! 3! 4! 5!
Agora sim, substituindo na solução encontrada, temos:
𝑦 𝑥 = 𝑐0 + 𝑐1 𝑒 𝑥 − 1 ,
𝑦 𝑥 = 𝑐0 + 𝑐1 𝑒 𝑥 − 𝑐1 .
Como 𝑐0 − 𝑐1 é uma constante, podemos chamá-la de 𝑐0 :
𝑦 𝑥 = 𝑐0 + 𝑐1 𝑒 𝑥 ,
que é exatamente a mesma solução encontrada pelos métodos
anteriores.

Exercícios.

1. Resolver, por série de potências, a EDO linear de segunda ordem


homogênea, com coeficientes não constantes:
𝑦′′ − 2𝑥𝑦′ − 2𝑦 = 0.
Por série de potências: 𝑦 = 𝑐0 + 𝑐1 𝑥 + 𝑐2 𝑥 2 + 𝑐3 𝑥 3 + ⋯
𝑦′ =
𝑦 ′′ =

2. Resolver, por dois métodos diferentes, sendo um deles por série


de potências e outro por EDO linear de primeira ordem (fator
integrante), a EDO abaixo, e compare os dois resultados:
𝑦 ′ + 𝑥𝑦 = 𝑥 − 1

205
26 Transformadas de Laplace - introdução

Neste capítulo, vamos resolver EDO’s lineares com coeficientes


constantes, cuja parte não homogênea pode ser uma função
descontínua, pelo método das Transformadas de Laplace.
Definição. Dada uma função 𝑓(𝑡), a sua Transformada de
Laplace é:

ℒ 𝑓 𝑡 = 𝑒 −𝑠𝑡 ∙ 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 =
0
𝐹 𝑠 .
Observe que a transformada é sempre uma função que não
depende de 𝑡, mas pode depender de 𝑠, por isso a denotamos por
𝐹(𝑠).
Exemplos. Calcule a transformada de Laplace das funções
abaixo.
a) 𝑓 𝑡 = 𝑒 𝑎𝑡 , onde 𝑎 < 𝑠.

ℒ 𝑓 𝑡 = 𝑒 −𝑠𝑡 ∙ 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 = 𝐹 𝑠 .
0

𝑎𝑡
ℒ 𝑒 = 𝑒 −𝑠𝑡 ∙ 𝑒 𝑎𝑡 𝑑𝑡 =
0

𝑒 −𝑠𝑡+𝑎𝑡 𝑑𝑡 =
0

𝑒 (−𝑠+𝑎)𝑡 𝑑𝑡 =
0

𝑒 −𝑠+𝑎 𝑡
=
−𝑠 + 𝑎 𝑡=0
− 𝑠−𝑎 𝑡 ∞
𝑒
=
−(𝑠 − 𝑎) 𝑡=0
𝑒 − 𝑠−𝑎 ∙∞ 𝑒 − 𝑠−𝑎 ∙0
− =
− 𝑠−𝑎 − 𝑠−𝑎
1 1
− .
− 𝑠 − 𝑎 𝑒 (𝑠−𝑎)∙∞ −(𝑠 − 𝑎)𝑒 (𝑠−𝑎)∙0

Como 𝑠 > 𝑎 por hipótese, então 𝑠 − 𝑎 > 0 e


1 1
ℒ 𝑒 𝑎𝑡 = − =
− 𝑠 − 𝑎 𝑒 (𝑠−𝑎)∙∞ −(𝑠 − 𝑎)𝑒 (𝑠−𝑎)∙0

206
1 1 1
+ = .
−∞ 𝑠 − 𝑎 𝑠 − 𝑎
Logo, para 𝑠 > 𝑎, temos:
1
ℒ 𝑒 𝑎𝑡 = .
𝑠−𝑎

b) 𝑓 𝑡 ≡ 0, para qualquer 𝑠 real.



ℒ 𝑓 𝑡 = 𝑒 −𝑠𝑡 ∙ 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 = 𝐹 𝑠 .
0

ℒ 0 = 𝑒 −𝑠𝑡 ∙ 0 𝑑𝑡 =
0

0 𝑑𝑡 =
0
𝐶∞0 = 𝐶 − 𝐶 = 0.
Logo, ℒ 0 = 0, para todo 𝑠 real.

c) 𝑓 𝑡 ≡ 1, em que 𝑠 > 0.

ℒ 𝑓 𝑡 = 𝑒 −𝑠𝑡 ∙ 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 = 𝐹 𝑠 .
0

ℒ 1 = 𝑒 −𝑠𝑡 ∙ 1 𝑑𝑡 =
0
−𝑠𝑡 ∞
𝑒
=
−𝑠 𝑡=0
1 ∞ 1 1
= − .
−𝑠𝑒 𝑠𝑡 𝑡=0 −𝑠𝑒 𝑠∙∞ −𝑠𝑒 𝑠∙0
Como 𝑠 > 0, então:
1 1 1 1 1
ℒ 1 = + ∙ 1 = 0 + = . Enfim, ℒ 1 = , 𝑠 > 0.
−∞ 𝑠 𝑠 𝑠 𝑠

d) 𝑓 ′ 𝑡 , 𝑠 > 𝑎, supondo que 𝑓 é de ordem exponencial, isto é,


para 𝑡 ≥ 𝑀, temos que 𝑓 𝑡 ≤ 𝐾𝑒 𝑎𝑡 para certas constantes
𝑀 > 0, 𝐾 > 0, 𝑎.
Nesse caso, observe, primeiro, que
𝑓 𝑡 𝑓 𝑡 𝐾𝑒 𝑎𝑡 𝑎−𝑠 𝑡
𝐾
lim 𝑠𝑡 = lim 𝑠𝑡 ≤ lim = lim 𝐾𝑒 = lim =
𝑡→∞ 𝑒 𝑡→∞ 𝑒 𝑡→∞ 𝑒 𝑠𝑡 𝑡→∞ 𝑡→∞ 𝑒 𝑠−𝑎 𝑡
𝐾 𝑓 𝑡
= 0. Isto é, lim𝑡→∞ = 0. Agora sim, vamos calcular a
∞ 𝑒 𝑠𝑡
transformada da derivada 𝑓 ′ (𝑡):

207

𝑒 −𝑠𝑡 𝑓 ′ 𝑡 𝑑𝑡 =
0

𝑒 −𝑠𝑡 𝑓 ′ (𝑡)𝑑𝑡 = 𝑢𝑣 − 𝑣𝑑𝑢 =
0 𝑢 𝑑𝑣


𝑒 −𝑠𝑡 𝑓 𝑡 0 − 𝑓 𝑡 ∙ 𝑒 −𝑠𝑡 ∙ (−𝑠) 𝑑𝑡 =
0

𝑓 𝑡 −𝑠∙0
lim −𝑒 𝑓 0 +𝑠∙ 𝑒 −𝑠𝑡 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 =
𝑡→∞ 𝑒 𝑠𝑡 0
(pela observação acima) =
0 − 𝑓 0 + 𝑠 ∙ 𝐹(𝑠) =
𝑠𝐹 𝑠 − 𝑓 0 = 𝑠𝐹 𝑠 − 𝑦 0 .
Analogamente se calculam as transformadas de outras
funções. Segue, abaixo, uma tabela das principais transformadas de
Laplace.
Tabela de Transformadas de Laplace.
𝑓(𝑡) ℒ 𝑓 𝑡
0 0
1
1 ,𝑠 > 0
𝑠
𝑒 𝑎𝑡 1
,𝑠 > 𝑎
𝑠−𝑎
𝑡 𝑛 , 𝑛 inteiro positivo 𝑛!
,𝑠 > 0
𝑠 𝑛 +1
sen 𝑎𝑡 𝑎
,𝑠 > 0
𝑠 2 + 𝑎2
cos 𝑎𝑡 𝑠
,𝑠 > 0
𝑠 2 + 𝑎2
senh 𝑎𝑡 𝑎
, 𝑠 > |𝑎|
𝑠 2 − 𝑎2
cosh 𝑎𝑡 𝑠
, 𝑠 > |𝑎|
𝑠 2 − 𝑎2
𝑒 𝑎𝑡 sen 𝑏𝑡 𝑏
,𝑠 > 𝑎
𝑠 − 𝑎 2 + 𝑏2
𝑒 𝑎𝑡 cos 𝑏𝑡 𝑠−𝑎
,𝑠 > 𝑎
𝑠 − 𝑎 2 + 𝑏2
𝑡 𝑛 𝑒 𝑎𝑡 , 𝑛 inteiro positivo 𝑛!
,𝑠 > 𝑎
𝑠 − 𝑎 𝑛+1
𝑢𝑐 (𝑡) (função degrau) – veremos 𝑒 −𝑠𝑐
,𝑠 > 0
no próximo capítulo 𝑠
𝑢𝑐 𝑡 𝑓(𝑡 − 𝑐) 𝑒 −𝑠𝑐 𝐹 𝑠 = 𝑒 −𝑠𝑐 ℒ 𝑓 𝑡
𝑒 𝑐𝑡 𝑓(𝑡) 𝐹(𝑠 − 𝑐), onde 𝐹 é a

208
transformada de 𝑓.

𝑓 (𝑡) 𝑠𝐹 𝑠 − 𝑓 0 =
𝑠𝐹 𝑠 − 𝑦(0), onde 𝐹 é a
transformada de 𝑓
𝑓 ′′ (𝑡) 2
𝑠 𝐹 𝑠 − 𝑠𝑓 0 − 𝑓′(0)=
𝑠 2 𝐹 𝑠 − 𝑠𝑦 0 − 𝑦 ′ (0)
𝑘𝑓 𝑡 + 𝑔(𝑡) 𝑘𝐹 𝑠 + 𝐺(𝑠), onde 𝐹 é a
transformada de 𝑓, e 𝐺 é a
transformada de 𝑔.

Resolução de equações diferenciais por transformada de


Laplace.
Exemplos. Resolver as EDO’s abaixo, por transformadas de
Laplace:

a)
𝑦 ′ + 2𝑦 = 𝑒 𝑡 , 𝑦 0 = 1.

É Linear com coeficientes constantes, isto é, daria para resolver


pelo fator integrante. Porém, vamos usar Transformada de Laplace,
para treinarmos o novo método, que depois será útil quando formos
resolver EDO’s com fatores não contínuos, cujos métodos anteriores
não se aplicam.

A idéia consiste em aplicar a transformada nos dois lados da


EDO, depois, encontrar e isolar 𝐹 𝑠 , e por fim obter a função que
possua a 𝐹(𝑠) obtida.

Aplicando a transformada na EDO, temos:


ℒ 𝑦 ′ + 2𝑦 = ℒ 𝑒 1𝑡 ,
1
ℒ 𝑦 ′ + 2ℒ 𝑦 = .
𝑠−1
Pela tabela de transformadas, temos:
1
𝑠𝐹 𝑠 − 𝑦 0 + 2𝐹 𝑠 = .
𝑠−1
Isolando 𝐹(𝑠), temos:
1
𝐹 𝑠 𝑠+2 = + 𝑦(0)
𝑠−1

209
1 1
𝐹 𝑠 = + .
𝑠−1 𝑠+2 𝑠+2
1 + (𝑠 − 1)
𝐹 𝑠 = ,
𝑠−1 𝑠+2
𝑠
𝐹 𝑠 = .
𝑠−1 𝑠+2
Pela tabela, não encontramos a função que possui essa
transformada, então, vamos usar frações parciais:
𝑠 𝐴 𝐵
= +
𝑠−1 𝑠+2 𝑠−1 𝑠+2
𝑠 = 𝐴 𝑠 + 2 + 𝐵(𝑠 − 1)
𝑠 = 𝐴 + 𝐵 𝑠 + 2𝐴 − 𝐵

1 = 𝐴 + 𝐵,
0 = 2𝐴 − 𝐵

Assim,
1 1 2
1 = 3𝐴, 𝐴 = , 𝐵 = 1 − = .
3 3 3
1 2

Logo, 𝐹 𝑠 = 3
+ 3
.
𝑠−1 𝑠+2
Agora sim, olhando a tabela, temos:
1 1 2 1
𝐹 𝑠 = + ,
3 𝑠 − 1 3 𝑠 − −2
1 2
𝑓 𝑡 = 𝑦 𝑡 = 𝑒 1𝑡 + 𝑒 −2𝑡 .
3 3
Ou seja,
𝑒 𝑡 2𝑒 −2𝑡
𝑓 𝑡 = + .
3 3
Observe que a condição inicial foi aplicada no início da
resolução, não no final como estávamos acostumados.
O leitor é convidado a resolver essa mesma EDO pelo método
do fator integrante, para verificar que o resultado será o mesmo.

b)
𝑦 ′ 𝑡 − 𝑦 𝑡 = 𝑒 𝑡 + 𝑡,

𝑦 0 = 0.

Aplicando a transformada na EDO, temos:


210
1 1!
𝑠𝐹 𝑠 − 𝑦 0 −𝐹 𝑠 = + 1+1 ,
𝑠−1 𝑠
1 1!
𝑠𝐹 𝑠 − 𝐹 𝑠 = + 1+1 ,
𝑠−1 𝑠
1 1
𝑠−1 𝐹 𝑠 = + 2,
𝑠−1 𝑠
1 1
𝐹 𝑠 = 2
+ ,
𝑠−1 𝑠 2 (𝑠 − 1)

Façamos frações parciais na segunda parcela:


1 𝐴 𝐵 𝐶
= + + ,
𝑠2 𝑠 − 1 𝑠 𝑠2 𝑠 − 1
1 𝐴𝑠 + 𝐵 𝐶
= + ,
𝑠2 𝑠 − 1 𝑠2 𝑠−1

1 𝐴𝑠 + 𝐵 (𝑠 − 1) 𝐶𝑠 2
= + 2 ,
𝑠2 𝑠 − 1 𝑠 2 (𝑠 − 1) 𝑠 (𝑠 − 1)

1 = 𝐴𝑠 2 − 𝐴𝑠 + 𝐵𝑠 − 𝐵 + 𝐶𝑠 2 ,

𝐴 + 𝐶 = 0,

𝐵 − 𝐴 = 0,

−𝐵 = 1, 𝐵 = −1,

𝐴 = −1,

𝐶 = 1,
1 𝐴 𝐵 𝐶
𝐹 𝑠 = 2
+ + 2+ =
𝑠−1 𝑠 𝑠 𝑠−1
1 1 1 1
2
− − + .
𝑠−1 𝑠 𝑠1+1 𝑠 − 1

Usando a tabela de transformadas, temos:

𝑦 𝑡 = 𝑡𝑒 𝑐𝑡 − 1 − 𝑡 1 + 𝑒 1𝑡 ,

211
𝑦 𝑡 = 𝑡𝑒 𝑡 − 1 − 𝑡 + 𝑒 𝑡 .

c)

𝑦 ′ + 2𝑦 = 2 cos 𝑡 , 𝑦 0 = 0

Aplicando a transformada, temos:


2𝑠
𝑠𝐹 𝑠 − 𝑦 0 + 2𝐹 𝑠 = ,
𝑠 2 + 12
2𝑠
𝑠+2 𝐹 𝑠 = ,
𝑠2 + 1
2𝑠
𝐹 𝑠 = ,
𝑠 + 2 𝑠2 + 1

Usando frações parciais:


2𝑠 𝐴 𝐵𝑠 + 𝐶
= + ,
𝑠 + 2 𝑠2 + 1 𝑠 + 2 𝑠2 + 1

2𝑠 = 𝑠 2 𝐴 + 𝐵 + 𝑠 2𝐵 + 𝐶 + 𝐴 + 2𝐶,

𝐴 + 𝐵 = 0,

2𝐵 + 𝐶 = 2,

𝐴 + 2𝐶 = 0.

Resolvendo: 𝐴 = −𝐵, 𝐶 = 2 − 2𝐵,

−𝐵 + 2 2 − 2𝐵 = 0,
4
−𝐵 + 4 − 4𝐵 = 0, 𝐵= ,
5
4
𝐴=−
5
8 2
𝐶 = 2− = .
5 5
Logo,

212
𝐴 𝐵𝑠 + 𝐶 4 1 4 𝑠 2 1
𝐹 𝑠 = + 2 =− + 2 + 2 ,
𝑠+2 𝑠 +1 5𝑠 + 2 5𝑠 + 1 5𝑠 + 1
4 4 2
𝑦 𝑡 = − 𝑒 −2𝑡 + cos 𝑡 + sen 𝑡,
5 5 5

c)

𝑦′ − 𝑦 = 𝑒 2𝑥 , 𝑦 0 = 1

Aplicando a transformada, temos:


1
𝑠𝐹 𝑠 − 𝑦 0 −𝐹 𝑠 = ,
𝑠−2
1
𝑠−1 𝐹 𝑠 = + 1,
𝑠−2
1 1
𝐹 𝑠 = + .
𝑠−2 𝑠−1 𝑠−1

A primeira parcela fica:


1 𝐴 𝐵
= + ,
𝑠−1 𝑠−2 𝑠−1 𝑠−2

1 = 𝑠 𝐴 + 𝐵 − 2𝐴 − 𝐵,

𝐴 + 𝐵 = 0,

−2𝐴 − 𝐵 = 1,

𝐵 = 1, 𝐴 = −1,
1 1 1
𝐹 𝑠 =− + + ,
𝑠−1 𝑠−2 𝑠−1
𝑦 𝑥 = 𝑒 2𝑥 .

d)

𝑦 ′′ − 2𝑦 ′ + 𝑦 = 𝑥, 𝑦 0 = 0, 𝑦 ′ 0 = 1

Aplicando a transformada, temos:

213
1!
𝑠 2 𝐹 𝑠 − 𝑠𝑦 0 − 𝑦 ′ 0 − 2 𝑠𝐹 𝑠 − 𝑦 0 +𝐹 𝑠 =
𝑠1+1
1
𝐹 𝑠 𝑠 2 − 2𝑠 + 1 − 1 = ,
𝑠2

2
1
𝐹 𝑠 𝑠−1 = + 1,
𝑠2
1 1
𝐹 𝑠 = + .
𝑠2 𝑠 − 1 2 𝑠−1 2

A primeira parcela fica:


1 𝐴 𝐵 𝐶 𝐷
= + 2+ + ,
𝑠2 𝑠 − 1 2 𝑠 𝑠 𝑠−1 𝑠−1 2
1 𝐴𝑠 + 𝐵 𝐶 𝐷
= + + ,
𝑠2 𝑠 − 1 2 𝑠2 𝑠−1 𝑠−1 2

1 𝐴𝑠 + 𝐵 𝑠 2 − 2𝑠 + 1 𝐶𝑠 2 (𝑠 − 1) 𝐷𝑠 2
= + 2 + ,
𝑠2 𝑠 − 1 2 𝑠2 𝑠 − 1 2 𝑠 𝑠 − 1 2 𝑠2 𝑠 − 1 2

1 = 𝐴𝑠 3 − 2𝐴𝑠 2 + 𝐴𝑠 + 𝐵𝑠 2 − 2𝐵𝑠 + 𝐵 + 𝐶𝑠 3 − 𝐶𝑠 2 + 𝐷𝑠 2 ,

𝐴 + 𝐶 = 0, −2𝐴 + 𝐵 − 𝐶 + 𝐷 = 0, 𝐴 − 2𝐵 = 0, 𝐵 = 1,

𝐵 = 1, 𝐴 = 2, 𝐶 = −2, 𝐷 = 1,
2 1 2 1 1
𝐹 𝑠 = + 2− + 2
+ ,
𝑠 𝑠 𝑠−1 𝑠−1 𝑠−1 2
1 1 2 1
𝐹 𝑠 =2∙ + 1+1 − +2∙ ,
𝑠 𝑠 𝑠−1 𝑠−1 2

𝑦 𝑥 = 2 + 𝑥 − 2𝑒 𝑥 + 2𝑥𝑒 𝑥 .

Exercícios.
1- Demonstre a fórmula da transformada de Laplace da função
𝑦 𝑡 = sen 𝑎𝑡.

214
2- Demonstre a fórmula da transformada de Laplace da função
𝑦 𝑡 = cos 𝑎𝑡.
3- Demonstre a fórmula da transformada de Laplace da
derivada segunda, 𝑦′′ 𝑡 .
4- Resolva as EDO’s abaixo, por transformada de Laplace.
a) 𝑦 ′ − 𝑦 = 1, 𝑦 0 = 0.
b) 𝑦 ′ = 𝑡, 𝑦 0 = 1.
c) 𝑦 ′ − 𝑦 = 𝑒 𝑡 , 𝑦 0 = 0
d) 𝑦 ′′ − 5𝑦 ′ + 6𝑦 = 1, 𝑦 0 = 0, 𝑦 ′ 0 = 1
e) 𝑦 ′′ − 2𝑦 ′ + 𝑦 = 1, 𝑦 0 = 1, 𝑦 ′ 0 = 0
f) 𝑦 ′′ + 𝑦 = 0, 𝑦 0 = 0, 𝑦 ′ 0 = 1

215
27 Transformadas de Laplace – caso descontínuo

Neste capítulo, continuaremos a ver as Trasnformadas de


Laplace, porém, no caso descontínuo, cujas EDO’s possuem na parte
não homogênea funções não contínuas, e por isso, em tais casos, os
métodos anteriores não funcionam.
Definição. Função degrau ou função de Heaviside.
Uma função do tipo
0, se 0 ≤ 𝑡 < 𝑐, e
𝑢𝑐 𝑡 =
1, se 𝑡 ≥ 𝑐
é chamada função degrau ou função de Heaviside. Essa função
consta na tabela de transformadas de Laplace do capítulo anterior.
Gráfico de 𝑓(𝑡) = 𝑢𝑐 (𝑡):

Fonte: Winplot.
Vamos demonstrar a fórmula da transformada de Laplace
desta função, com 𝑠 > 0:

ℒ 𝑢𝑐 𝑡 = 𝑒 −𝑠𝑡 𝑢𝑐 𝑡 𝑑𝑡 =
0
𝑐 ∞
−𝑠𝑡
𝑒 𝑢𝑐 𝑡 𝑑𝑡 + 𝑒 −𝑠𝑡 𝑢𝑐 𝑡 𝑑𝑡 =
0 𝑐

0+ 𝑒 −𝑠𝑡 𝑢𝑐 𝑡 𝑑𝑡 =
𝑐

∞ ∞
−𝑠𝑡
𝑒 ∙ 1𝑑𝑡 = 𝑒 −𝑠𝑡 𝑑𝑡 =
𝑐 𝑐
−𝑠𝑡 𝐴
𝑒 1 𝐴
lim = lim =
𝐴→∞ −𝑠 𝐴→∞ −𝑠𝑒 𝑠𝑡 𝑐
𝑐
1 1 1 1 1 𝑒 −𝑠𝑐
lim − = + = = .
𝐴→∞ −𝑠𝑒 𝑠∙𝐴 −𝑠𝑒 𝑠∙𝑐 −𝑠 ∙ ∞ 𝑠𝑒 𝑠𝑐 𝑠𝑒 𝑠𝑐 𝑠

216
Agora, vamos ver como resolver EDO’s com funções degrau,
por meio das transformadas de Laplace.

Exercícios.
1. Demonstre a fórmula da transformada de Laplace das funções
abaixo:
a)
𝑢𝑐 𝑡 𝑓(𝑡 − 𝑐)

b)
𝑒 𝑐𝑡 𝑓(𝑡)

2. Resolver as EDO’s abaixo:


a)

𝑦 ′ + 6𝑦 = 𝑢2 𝑡 , 𝑦 0 = −1,
0, 0≤𝑡<2
onde 𝑢2 𝑡 = é a função degrau (de Heaviside).
1, 𝑡≥2

Aplicando a transformada na EDO, temos:

𝑒 −2𝑠
𝑠𝐹 𝑠 − 𝑦 0 + 6𝐹 𝑠 =
𝑠
𝑒 −2𝑠
𝐹 𝑠 𝑠+6 = −1
𝑠
𝑒 −2𝑠 1
𝐹 𝑠 = −
𝑠 𝑠+6 𝑠+6
1 𝐴 𝐵
= +
𝑠 𝑠+6 𝑠 𝑠+6

217
1 = 𝑠 𝐴 + 𝐵 + 6𝐴
1 1
𝐴 = ,𝐵 = −
6 6
1 1 1 1
𝐹 𝑠 = 𝑒 −2𝑠 − −
6 𝑠 𝑠+6 𝑠+6
1
𝑦 𝑡 = 1𝑢2 𝑡 − 𝑒 −6(𝑡−2) 𝑢2 𝑡 − 1𝑒 −6𝑡
6
b)

𝑦 ′′ + 𝑦 = 𝑢1 𝑥 , 𝑦 0 = 1, 𝑦 ′ 0 = −1

Aplicando a transformada, temos:

2 ′
𝑒 −𝑠
𝑠 𝐹 𝑠 − 𝑠𝑦 0 − 𝑦 0 + 𝐹 𝑠 =
𝑠

2
𝑒 −𝑠
𝐹 𝑠 𝑠 +1 = +𝑠−1
𝑠
𝑒 −𝑠 𝑠 1
𝐹 𝑠 = + −
𝑠 𝑠2 + 1 𝑠2 + 1 𝑠2 + 1
1 𝐴 𝐵𝑠 + 𝐶
= +
𝑠 𝑠2 + 1 𝑠 𝑠2 + 1

1 = 𝑠 2 𝐴 + 𝐵 + 𝐶𝑠 + 𝐴

𝐶 = 0, 𝐴 = 1, 𝐵 = −1
1 𝑠 𝑠 1
𝐹 𝑠 = 𝑒 −𝑠 − 2 + 2 − 2
𝑠 𝑠 +1 𝑠 +1 𝑠 +1
𝑦 𝑥 = 𝑢1 𝑡 1 − cos 𝑡 − 1 + cos 𝑡 − sen 𝑡

Exercícios.

218
219
28 Sistemas de Equações Diferenciais

Neste capítulo, veremos

2) Resolva o sistema de EDO’s.

a)

𝑥 ′ (𝑡) = 2𝑥(𝑡) − 𝑦(𝑡)

𝑦′ 𝑡 = 𝑥 𝑡

𝑥 0 = 1, 𝑦 0 = 0

𝑠𝐹 𝑠 − 𝑥 0 = 2𝐹 𝑠 − 𝐺(𝑠)

𝑠𝐺 𝑠 − 𝑦 0 = 𝐹(𝑠)

𝑠−2 𝐹 𝑠 +𝐺 𝑠 =1

−𝐹 𝑠 + 𝑠𝐺 𝑠 = 0

𝑠−2 1
𝐷= = 𝑠 2 − 2𝑠 + 1 = 𝑠 − 1 (𝑠 − 1)
−1 𝑠
1 1
𝐷𝐹 = =𝑠
0 𝑠
𝑠−2 1
𝐷𝐺 = =1
−1 0
𝐷𝐹 𝑠 𝐴 𝐵
𝐹 𝑠 = = = + 2
𝐷 𝑠−1 𝑠−1 𝑠−1 𝑠−1

𝑠 = 𝐴𝑠 − 𝐴 + 𝐵

𝐴 = 1,

−𝐴 + 𝐵 = 0

𝐵=1
220
1 1 1 1!
𝐹 𝑠 = + 2
= + 1+1
𝑠−1 𝑠−1 𝑠−1 𝑠−1

𝑥 𝑡 = 𝑒 𝑡 + 𝑡𝑒 𝑡
𝐷𝐺 1
𝐺 𝑠 = = 2
𝐷 𝑠−1

𝑦 𝑡 = 𝑡𝑒 𝑡

Conferindo:

𝑥 ′ (𝑡) = 2𝑥(𝑡) − 𝑦(𝑡)

𝑦′ 𝑡 = 𝑥 𝑡

𝑥 0 = 1, 𝑦 0 = 0

2𝑒 𝑡 + 𝑡𝑒 𝑡 = 2𝑒 𝑡 + 2𝑡𝑒 𝑡 − 𝑡𝑒 𝑡 , ok

b)

𝑥 ′ 𝑡 = −𝑦 𝑡

𝑦 ′ 𝑡 = 𝑥 𝑡 − 3𝑦(𝑡)

𝑥 0 = 0, 𝑦 0 = 1

𝑠𝐹 𝑠 − 𝑥 0 = −𝐺 𝑠

𝑠𝐺 𝑠 − 𝑦 0 = 𝐹 𝑠 − 3𝐺(𝑠)

𝑠𝐹 𝑠 + 𝐺 𝑠 = 0

−𝐹 𝑠 + (𝑠 + 3)𝐺 𝑠 = 1

221
𝑠 1
𝐷= = 𝑠 2 + 3𝑠 + 1
−1 𝑠 + 3
0 1
𝐷𝐹 = = −1
1 𝑠+3
𝑠 0
𝐷𝐺 = =𝑠
−1 1
𝐷𝐹 −1 𝐴 𝐵
𝐹 𝑠 = = 2 = +
𝐷 𝑠 + 3𝑠 + 1 −3 + 5 −3 − 5
𝑠− 𝑠−
2 2
3𝐴 𝐴 5 3𝐵 𝐵 5
−1 = 𝐴𝑠 + + + 𝐵𝑠 + −
2 2 2 2
𝐴 + 𝐵 = 0,

3𝐴 𝐴 5 3(−𝐴) −𝐴 5
+ + − = −1
2 2 2 2
1 1
𝐴=− ,𝐵 =
5 5

−1/ 5 1/ 5
𝐹 𝑠 = +
−3 + 5 −3 − 5
𝑠− 𝑠−
2 2
1 −3+ 5
𝑡 1 −3− 5
𝑡
𝑥 𝑡 =− 𝑒 2 + 𝑒 2
5 5

1 3 − 5 −3+ 5
𝑡 1 −3 − 5 −3− 5
𝑡
𝑥′ 𝑡 = 𝑒 2 + 𝑒 2
5 2 5 2

𝐷𝐺 𝑠 𝐴 𝐵
𝐺 𝑠 = = 2 = +
𝐷 𝑠 + 3𝑠 + 1 −3 + 5 −3 − 5
𝑠− 𝑠−
2 2
3𝐴 𝐴 5 3𝐵 𝐵 5
𝑠 = 𝐴𝑠 + + + 𝐵𝑠 + −
2 2 2 2
𝐴 + 𝐵 = 1,

222
3𝐴 𝐴 5 3(1 − 𝐴) 1−𝐴 5
+ + − =0
2 2 2 2
3 5
𝐴 5+ − =0
2 2
5−3 5−3 5
𝐴= =
2 5 10

10 − 5 + 3 5 5 + 3 5
𝐵= =
10 10
(5 − 3 5)/10 (5 + 3 5)/10
𝐹 𝑠 = +
−3 + 5 −3 − 5
𝑠− 𝑠−
2 2
5 − 3 5 −3+ 5
𝑡 5 + 3 5 −3− 5
𝑡
𝑦 𝑡 = 𝑒 2 + 𝑒 2
10 10

Entregar apenas o item d).

No wolfram alpha:

solve(x'=x-4y,y'=x-3y,x(0)=1,y(0)=0)

Resolva os sistemas de Equações diferenciais:

a)

𝑥′ = 𝑦

𝑦 ′ = 𝑥 + 1,

𝑥 0 = 0, 𝑦 0 = −1

Resposta:

𝑥 𝑡 = 1 − 𝑒 −𝑡

𝑦 𝑡 = 𝑒 −𝑡

223
b)

𝑥′ = 𝑥 + 𝑦

𝑦 ′ = −𝑥 − 𝑦

𝑥 0 = −9

𝑦 0 =0

Resposta:

𝑥 𝑡 = −9𝑡 − 9

𝑦 𝑡 = 9𝑡

c)

𝑥 ′ = 2𝑥 + 4𝑦

𝑦 ′ = 3𝑥 + 3𝑦

𝑥 0 = −3

𝑦 0 =1

Resposta:
5 16
𝑥 𝑡 = − 𝑒 6𝑡 − 𝑒 −𝑡
7 7
12 −𝑡 5 6𝑡
𝑦 𝑡 = 𝑒 − 𝑒
7 7

d)

Para entregar:

𝑥 ′ 𝑡 = 𝑥 𝑡 − 4𝑦 𝑡

224
𝑦 ′ 𝑡 = 𝑥 𝑡 − 3𝑦 𝑡

𝑥 0 = 1, 𝑦 0 = 0

225
GABARITOS dos exercícios
CAPÍTULO 1

1.1 Definição de sequência

Exercícios

Exercício 1. Encontre os primeiros 3 termos da sequência e o termo geral:


5 5 5
a) 5, 2 , 3 . 𝑎𝑛 = 𝑛

b) 0, 0, 0. 𝑎𝑛 = sen 𝑛𝜋
c) 56, 56, 56. 𝑎𝑛 = 56
3 3 3
d) 3, 7 , 49 . 𝑎𝑛 = 7𝑛 −1

e) 2 − 1, 3 − 2, 2 − 3. 𝑎𝑛 = 𝑛 + 1 − 𝑛
f) 0, ln 2 , ln 3. 𝑎𝑛 = ln 𝑛
25 125 5𝑛
g) 5, , . 𝑎𝑛 =
2 6 𝑛!

h) 8, 8, 8. 𝑎𝑛 = 8
i) 1, 2, 3. 𝑎𝑛 = 𝑛

Exercício 2. Encontre uma possível fórmula para o termo geral 𝑎𝑛 da sequência:


a) 𝑎𝑛 = 2𝑛, 𝑛 = 1,2, …
1
b) 𝑎𝑛 = 3𝑛 −1 , 𝑛 = 1,2, …
2
c) 𝑎𝑛 = 𝑛 + 4 − 1, 𝑛 = 1,2, …
ln 𝑛
d) 𝑎𝑛 = , 𝑛 = 1,2, …
𝑛!

e) 𝑎𝑛 = −1 𝑛 , 𝑛 = 1,2, …
f) 𝑎𝑛 = −11, 𝑛 = 1,2, …

1.2 Convergência de sequências

Exercício.

Verifique se a sequência abaixo converge ou não para 𝐿:

99
a) Converge para o 𝐿 dado: 𝑛 > 𝜀

2
b) Converge para o 𝐿 dado: 𝑛 > 𝜀

226
ln 𝜀
c) Converge para o 𝐿 dado: 𝑛 >
ln 0,8

ln 0,1
d) Converge para o 𝐿 dado: 𝑛 > ln 0,8

1−𝜀
e) Converge para o 𝐿 dado: 𝑛 > 𝜀

f) Não converge para o 𝐿 dado:

g) Converge para o 𝐿 dado: 𝑛 ≥ 1

CAPÍTULO 2

2.1 Teoremas sobre sequências.

Exercício.

Verifique se as sequências abaixo convergem ou divergem.

a) Converge para 1

b) Converge para 0

c) Diverge para ∞

d) Diverge para ∞

e) Converge para 0

f) Converge para 0

1
g) Converge para 5

h) Converge para 0

i) Diverge para ∞

j) Diverge para ∞

k) Diverge para ∞

l) Converge para 0

n) Converge para 0

227
m) Diverge para ∞

n) Diverge para ∞

2.2 Sequências monótonas

Exercícios.

Verifique se as sequências abaixo são monótonas crescentes, monótonas


decrescentes ou não monótonas.

a) Monótona decrescente

b) Monótona crescente

c) Monótona crescente

d) Monótona crescente

e) Monótona crescente

f) Monótona crescente

g) Monótona crescente

CAPÍTULO 3

Exercícios.

Exercício 1. Dê outro exemplo de uma sequência limitada que também não


convirja.

R: −1, 1, −1, 1, −1, … , −1 𝑛 , …

Exercício 2. Dê um exemplo de uma sequência limitada, convergente, mas não


monótona.
1 1 1 1 1 1 −1 𝑛
R: −1, 2 , − 3 , 4 , − 5 , 6 , − 7 , … , ,…
𝑛

−1 𝑛
Exercício 3. Prove que a sequência 𝑠 𝑛 = é limitada, convergente, mas
𝑛
não é monótona.

R: Limitada:

228
𝑛
−1
−1 ≤ ≤1
𝑛
Convergente:
𝑛
1 −1 1
− ≤ ≤
𝑛 𝑛 𝑛
Aplicando o limite, pelo teorema do sanduíche, tende a zero.

Não monótona, pois é alternada entre termo negativo e positivo:

1 1 1 1
−1, , − , , − , …
2 3 4 5
Exercício 4. Prove que a sequência abaixo é convergente, usando o teorema 1
ou o teorema 2.

a) Monótona decrescente e limitada inferiormente, logo, convergente.

b) Monótona decrescente e limitada inferiormente, logo, convergente.

c) Monótona crescente e limitada superiormente, logo, convergente.

d) Monótona crescente e limitada superiormente, logo, convergente.

e) Monótona decrescente e limitada inferiormente, logo, convergente.

f) Monótona decrescente e limitada inferiormente, logo, convergente.

g) Monótona decrescente e limitada inferiormente, logo, convergente.

Exercício 5. Prove que a sequência abaixo é limitada e monótona:


3
Limitada: 0 < 1 + 𝑛 < 5. Monótona decrescente.

CAPÍTULO 4

1.

𝑢1 = 3

𝑢𝑛 = 2 ∙ 3𝑛−1 , 𝑛 ≥ 2.

Série:

3+ 2 ∙ 3𝑛−1
𝑛=2

Diverge, pois lim𝑛→∞ 3𝑛 = ∞.

229
2.

𝑢𝑛 = 2, 𝑛 ≥ 1.

Série:

2
𝑛=1

Diverge, pois lim𝑛→∞ 2𝑛 = ∞.

3.

1
𝑢1 =
5
1 1 4
𝑢𝑛 = 𝑛
− 𝑛−1 = − 𝑛 , 𝑛 ≥ 2.
5 5 5
Série:

1 4

5 5𝑛
𝑛 =2

1
Converge para 0, pois lim𝑛 →∞ 5𝑛 = 0.

4.

𝑛2 + 𝑛
𝑠𝑛 =
2
𝑛 2 +𝑛
Diverge, pois lim =∞
2

5.

𝑠𝑛 = 𝑛𝜋

Diverge, pois lim 𝑛𝜋 = ∞

6.

1 1
𝑠𝑛 = −
2 2 4𝑛 + 1
1 1 1 1
Converge, e converge para 2, pois lim 2 − 2 =2
4𝑛 +1

7.

230
1
𝑠𝑛 = −1 +
𝑛+1
1
Converge, e converge para −1, pois lim𝑛 →∞ −1 + 𝑛 +1 = −1.

8.

𝑠𝑛 = − ln 2 + ln(𝑛 + 2)

Diverge, pois lim𝑛→∞ − ln 2 + ln⁡


(𝑛 + 1) = ∞.

9.

É monótona crescente, pois 𝑢𝑛 = 7𝑛 + 6 > 0 para todo 𝑛 ≥ 1, logo,

𝑠𝑛 = 𝑠𝑛−1 + 𝑢𝑛 > 𝑠𝑛−1 .


>0

Além disto, 𝑠𝑛 = 7 + 14 + 21 + ⋯ + 7𝑛 + (6 + 6 + 6 + ⋯ + 6) =

7 + 7𝑛 𝑛 7𝑛2 + 19𝑛
+ 6𝑛 = → ∞
2 2 𝑛→∞

10.
𝑛+6
É monótona crescente, pois 𝑢𝑛 = 𝑛 > 0 para todo 𝑛 ≥ 1, logo,
𝑛 +1

𝑠𝑛 = 𝑠𝑛−1 + 𝑢𝑛 > 𝑠𝑛−1 .


>0

11.
𝑎𝑛
É monótona crescente, pois 𝑢𝑛 = > 0 para todo 𝑛 ≥ 1, logo,
𝑛!

𝑠𝑛 = 𝑠𝑛−1 + 𝑢𝑛 > 𝑠𝑛−1 .


>0

12.

1) ∞ 2)2 3)0 4)∞ 5)𝜋 6)0 7)0 8)0 9)∞ 10)0 11)0

13.

1; 1,5; 1,75; 1,875; 1,9375; 1,96875; 1,984375; 1,9921875; 1,99609375;


1,998046875

14.

6 5
𝑢𝑛 = − , logo:
𝑛 𝑛+1

231
5 6 5 6 5 6 5 6 5
𝑠𝑛 = 6 − + − + − + ⋯+ − + − .
2 2 3 3 4 𝑛−1 𝑛 𝑛 𝑛+1

Os termos não se cancelam, não é telescópica.

15. Não é telescópica:

7 3
−2
𝑢𝑛 = 2 +
𝑛−1 𝑛+1
16. É telescópica. Porém, não converge, pois:

𝑠1 = −2, 𝑠2 = 0, 𝑠3 = −2, 𝑠4 = 0, 𝑠5 = −2, …

17. Sim, é telescópica. 𝑠𝑛 = −𝑒 + 𝑒 𝑛+1 . Diverge.

18.

𝑢𝑛 = 15 ∙ 0,2𝑛 , 𝑛 ≥ 1

Converge, e converge para 3,75.

19. Seja −1 < 𝑞 < 1. Compare com a questão 18.

1 − 𝑞𝑛
𝑠𝑛 = 𝑎 , 𝑛 = 1, …
1−𝑞

Encontre 𝑢𝑛 . Verifique se a série converge ou diverge.

Resolução:

𝑢1 = 𝑎.

Para 𝑛 ≥ 2:

𝑢𝑛 = 𝑠𝑛 − 𝑠𝑛−1

1 − 𝑞𝑛 1 − 𝑞 𝑛−1
𝑢𝑛 = 𝑎 −𝑎
1−𝑞 1−𝑞

𝑎 − 𝑎𝑞 𝑛 − 𝑎 + 𝑎𝑞 𝑛−1
𝑢𝑛 =
1−𝑞

−𝑎𝑞 𝑛 + 𝑎𝑞 𝑛−1
𝑢𝑛 =
1−𝑞

𝑎𝑞 𝑛−1 − 𝑎𝑞 𝑛
𝑢𝑛 = =
1−𝑞

232
𝑎𝑞 𝑛−1 1 − 𝑞
=
1−𝑞

𝑎𝑞 𝑛−1 , 𝑛 ≥ 2.

Porém, 𝑢1 = 𝑎 = 𝑎𝑞 0 = 𝑎𝑞1−1 . Ou seja, 𝑢1 também satisfaz a fórmula 𝑢𝑛 = 𝑎𝑞 𝑛−1 .

Logo, 𝑢𝑛 = 𝑎𝑞 𝑛−1 , 𝑛 = 1,2, …

A série converge?

1 − 𝑞𝑛 𝑎
lim 𝑠𝑛 = lim 𝑎 = .
𝑛→∞ 𝑛→∞ 1−𝑞 1−𝑞
𝑎
Logo, converge e converge para 1−𝑞 .

CAPÍTULO 5

Exercício 1.

a)

Divergente

b)

Divergente

c)

Divergente

d)

Divergente

e)

Divergente

f)

Divergente

g)

Divergente

h)

Divergente

233
i)
3
Convergente, converge para 2.

j)
4
Convergente, converge para 5.

k)

Convergente, converge para 3.

l)

Convergente, converge para 1.

m)
1
Convergente, converge para 2.

n)
1
Convergente, converge para − 4.

o)
3
Convergente, converge para 4.

p)

Divergente

q)

Divergente

r)

Divergente

s)

Divergente

t)
13
Convergente, converge para 2

u)

234
Divergente

v)

Divergente

w)

Divergente

x)
Divergente

Exercício 2.
2
2 2 10 50
10 + 10 + 10 + ⋯ = = = 16,66 m
5 5 2 3
1−
5
Exercício 3.

3 3
8+ + +⋯ =
10 100
3
10 1 25
8+ =8+ =
1 3 3
1 − 10

Exercício 4.
7 700
a) 1 =
1− 99
100

2 20
b) 1 =
1− 9
10

CAPÍTULO 6

Exercício 1.

a) Converge

b) Diverge

c) Converge

d) Diverge

Exercício 2. Converge

235
Exercício 3. Diverge

Exercício 4. Diverge

Exercício 5. Converge

Exercício 6.

a) Converge

b) Diverge
3
c) Converge, pois a integral converge para 4𝑒 2

d) Diverge

e) Para 𝑝 > 1, converge, caso contrário, diverge.

Exercício 7.

a) use o teste da comparação por limites 𝑢𝑛 /𝑣𝑛

b) pegue duas geométricas convergentes e mostre que a série do produto não


converge para o produto dos limites das duas séries.

CAPÍTULO 7

Não há necessidade de gabarito, pois as demonstrações estão no texto do capítulo.

CAPÍTULO 8

a) É convergente (pelo teste da série alternada). Não é absolutamente


convergente (harmônica). É condicionalmente convergente.

b) É convergente (pelo teste da série alternada). É absolutamente convergente


(𝑝-série). Não é condicionalmente convergente.

c) É convergente (pelo teste da série alternada). Não é absolutamente


convergente (harmônica). É condicionalmente convergente.

d) É convergente (pelo teste da série alternada). Não é absolutamente


convergente (harmônica). É condicionalmente convergente.

e) É convergente (pelo teste da série alternada ou então geométrica com


1 1
𝑞 = − 7). É absolutamente convergente (série geométrica com 𝑞 = 7). Não é
condicionalmente convergente.

236
f) É convergente (pelo teste da série alternada ou então geométrica com
1 1
𝑞 = − 7). É absolutamente convergente (série geométrica com 𝑞 = 7). Não é
condicionalmente convergente.

CAPÍTULO 9

1-

a) Absolutamente convergente e portanto convergente

b) Absolutamente convergente e portanto convergente

c) Absolutamente convergente e portanto convergente

2-

a) Divergente pelo teste da razão

b) Divergente pelo teste da razão

c) Absolutamente convergente e portanto convergente, pelo teste da razão

d) Divergente pelo teste da razão

e) Absolutamente convergente e portanto convergente, pelo teste da raiz

f) Absolutamente convergente e portanto convergente, pelo teste da raiz

g) Absolutamente convergente e portanto convergente, pelo teste da raiz

h) Absolutamente convergente e portanto convergente, pelo teste da razão

i) Absolutamente convergente e portanto convergente, pelo teste da raiz

j) Divergente pelo teste da raiz

3- Divergente

CAPÍTULO 10

a) Da série: [1, 3)

Da derivada: (1, 3)

b) Da série: (4, 6)

Da derivada: (4, 6)

237
c) Da série: (−𝑒, 𝑒)

Da derivada: (−𝑒, 𝑒)
4 2
d) Da série: − 3 , − 3

4 2
Da derivada: − 3 , − 3

e) Da série: converge absolutamente apenas em 𝑥 = 0

Da derivada: converge absolutamente apenas em 𝑥 = 0

f) Da série: −1, 1

Da derivada: −1, 1

𝑥𝑛

𝑛=1
𝑛

2-

a) 𝑛=2 𝑛 𝑛 − 1 𝑥 𝑛 −2 , 𝑥 < 1.
2𝑛
∞ 𝑥
b) 𝑛 =0 𝑛! , ∀𝑥

3- 𝑒 2 ≅ 7,38

CAPÍTULO 11

1.
1 1 1 1 ∞ −1 𝑛
a) 1 − 3 + 2!∙5 − 3!∙7 + 4!∙9 − ⋯ = 𝑛=0 𝑛!∙(2𝑛+1)

1 1 1 1 ∞ 1
b) 1 + 3 + 2!∙5 + 3!∙7 + 4!∙9 + ⋯ = 𝑛=0 𝑛!∙(2𝑛+1),

1 1 1 1 1 ∞ −1 𝑛 +1
c) 1 − 2 + 3! − 4! + 5! − 6! + ⋯ = 𝑛=1 𝑛!

2.

1 1 1 1 1 1 −1 𝑛+1
− + − + − +⋯=
31 ∙ 1 32 ∙ 2 33 ∙ 3 34 ∙ 4 35 ∙ 5 36 ∙ 6 𝑛 ∙ 3𝑛
𝑛 =1

3.
238
1 3 32 33
+ + + +⋯=
4 2 ∙ 42 3 ∙ 43 4 ∙ 44

3𝑛 −1
𝑛 ∙ 4𝑛
𝑛=1

CAPÍTULO 12

1. a)

−1 𝑛 22𝑛+1 𝑥 2𝑛+1
2𝑛 + 1 !
𝑛 =0

c)

𝑥 𝑛+1
𝑛!
𝑛=0

3. 0,45298 aproximadamente

5.

a) seno de 𝑥

b) cosseno de 𝑥
𝑢 𝑛 +1
c) o limite de será 0 < 1, logo, a série converge para todo 𝑥 real.
𝑢𝑛

7.

−1 𝑛 𝑥 4𝑛
(2𝑛)!
𝑛=0

CAPÍTULO 13

1-

a) 𝑦 𝑥 = 𝑥 2 + 𝐶

c) 𝑦 𝑡 = ln 𝑡 + 𝐶, 𝑡 > 0

2- Resolva a EDO linear ou PVI abaixo, pelo fator integrante f.i.:

a) 𝑦 𝑥 = 𝑒 −2𝑥 (𝑥 + 𝐶)

5𝑒 −𝑡 +1
c) 𝑥 = 2

239
3-

a) 𝑥 2 = 3𝑡 2 + 𝑡 + 9

c) sen 𝑦 = 𝑒 𝑡 + 𝑡 + 𝐶

CAPÍTULO 14

a)
2𝑥
𝑦=
𝐶 − 2 ln 𝑥

b)

𝑦 = 𝐶𝑡 + 𝑡 ln 𝑡

c)

4𝑦 2 = 𝐶 − 𝑥 2

d)
𝑥
− = ln 𝑥 + 𝐶 ou
𝑦
𝑥
𝑦=−
ln 𝑥 + 𝐶

CAPÍTULO 15

1-

a)

1
𝑦=
𝐶𝑒 𝑡+3
b)

2𝐶𝑒 2𝑡
𝑦 = − 2𝑡
𝐶𝑒 − 1
d)

1
𝑦2 =
𝐶𝑒 2𝑡 +1
2-

240
900𝑒 2700 𝑡
𝑦=
𝐶 + 𝑒 2700 𝑡

lim 𝑦 = 900

3-

2000
𝑦=
𝐶𝑒 1000 𝑡 + 1
lim 𝑦 = 0

4-

2000
𝑦=
39𝑒 1000 𝑡 + 1
lim 𝑦 = 0

CAPÍTULO 16

1-

a)

3-
1
200 ln 2
𝑡0 =
ln 0,9

CAPÍTULO 17

2- 𝑦 = 𝐶1 + 𝐶2 𝑒 −2𝑥

4- 4,4 km/h

6- 𝑦 = 𝐶𝑒 𝑘𝑥

241
3𝑡 2
8- 𝑦 𝑡 = +𝐶
2

10- 𝑓 𝑡 = 𝐶𝑒 𝑡 − 3𝑡 − 3

12- 664 reais, aproximadamente.

CAPÍTULO 18

a) 𝑦 = 𝐶1 𝑒 2𝑥 + 𝐶2 𝑒 4𝑥

c) 𝑦 = 𝐶1 𝑒 7𝑥 + 𝐶2 𝑥𝑒 7𝑥
1
f) 𝑦 = 3 𝑒 −2𝑥 sen 3𝑥

CAPÍTULO 19
2 1
a) 𝑦 𝑡 = 𝐶1 𝑒 𝑡 + 𝐶2 𝑒 3𝑡 − 5 sen 𝑡 + 5 cos 𝑡

1
c) 𝑦 𝑥 = 𝐶1 𝑒 𝑥 + 𝐶2 𝑥𝑒 𝑥 + 2 𝑥 2 𝑒 𝑥

1
e) 𝑦 𝑥 = 𝐶1 𝑒 𝑥 + 𝐶2 𝑥𝑒 𝑥 − 4𝑥 2 𝑒 𝑥 + 6 𝑥 3 𝑒 𝑥

1
g) 𝑦 𝑥 = 4 −4𝑥 2 − 18𝑥 + 11𝑒 2𝑥 − 11

CAPÍTULO 20

a)

𝑦=

𝐶1 cos 3𝑡 + 𝐶2 sen 3𝑡 + ln(tan 3𝑡 + sec 3𝑡) sen 3𝑡 − 1

b)

𝑦 = 𝐶1 𝑒 −2𝑡 + 𝐶2 𝑡𝑒 −2𝑡 − 𝑒 −2𝑡 − ln 𝑡 𝑒 −2𝑡 =

𝐶1 𝑒 −2𝑡 + 𝐶2 𝑡𝑒 −2𝑡 − ln 𝑡 𝑒 −2𝑡

c)

𝑦=

242
3 3
𝐶1 cos 2𝑡 + 𝐶2 sen 2𝑡 + sen 2𝑡 ln sen 2𝑡 − 𝑡 cos 2𝑡
4 2
CAPÍTULO 21

𝑦 𝑡 = 2 cos 5𝑡

2 4
𝑦 𝑡 = 𝑒 −2𝑡 20 cos 𝑡 + sen 𝑡
20 20

CAPÍTULO 22

25 1
𝑦= cos 𝑡 − cos 7𝑡
8 8

243
2

1
𝑦 𝑡 = sen 𝑡 − 𝑡 − 2 cos 𝑡 .
2
Ressonância:

CAPÍTULO 23

1.

𝐶1 𝑒 𝑡 + 𝐶2 𝑡𝑒 𝑡 + 𝐶3 𝑒 −𝑡

2.

𝐶1 𝑒 𝑡 + 𝐶2 𝑡𝑒 𝑡 + 𝐶3 𝑡 2 𝑒 𝑡

3.

𝐶1 𝑒 𝑡 + 𝐶2 𝑒 2𝑡 + 𝐶3 𝑒 −𝑡

4.

𝐶1 + 𝐶2 𝑡 + 𝐶3 𝑒 2𝑡 + 𝐶4 𝑡𝑒 2𝑡

5.

𝐶1 𝑒 𝑡 + 𝐶2 𝑒 −𝑡 + 𝐶3 𝑒 2𝑡 + 𝐶4 𝑒 −2𝑡

6.

𝐶1 + 𝐶2 𝑒 2𝑡 + 𝑒 −𝑡 𝐶3 cos 3𝑡 + 𝐶4 sen 3𝑡

7.

3 𝑡 𝑡
𝑦 = 𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡 + 𝑒 2 𝑡 𝐶3 cos + 𝐶4 sen +
2 2
3 𝑡 𝑡
𝑒 − 2 𝑡 𝐶5 cos + 𝐶6 sen .
2 2

244
CAPÍTULO 24

a)

1
𝑦 = 𝐶1 𝑒 𝑡 + 𝐶2 𝑡𝑒 𝑡 + 𝐶3 𝑒 −𝑡 + 𝑡𝑒 −𝑡 + 3
2
b)

𝑡
𝑦 = 𝐶1 𝑒 𝑡 + 𝐶2 𝑒 −𝑡 + 𝐶3 cos 𝑡 + 𝐶4 sen 𝑡 − 3𝑡 − 𝑡 sen 𝑡
4
c)

𝑡
𝐶1 𝑒 −𝑡 + 𝐶2 cos 𝑡 + 𝐶3 sen 𝑡 + 𝑒 −𝑡 + 4𝑡 − 4
2
d)

𝐶1 + 𝐶2 𝑒 𝑡 + 𝐶3 𝑒 −𝑡 + cos 𝑡

e)

1
𝐶1 cos 𝑡 + 𝐶2 sen 𝑡 + 𝐶3 𝑡 cos 𝑡 + 𝐶4 𝑡 sen 𝑡 + 3 + cos 2𝑡
9
f)

1
𝐶1 + 𝐶2 𝑒 𝑡 + 𝐶3 𝑒 −𝑡 − 𝑡 2
2

CAPÍTULO 25

1.
6 4 10 ∙ 6 6 14 ∙ 10 ∙ 6 8
𝑦 𝑥 = 𝑐0 1 + 𝑥 2 + 2 ∙ 𝑥 +2∙ 𝑥 +2∙ 𝑥 +⋯ +
4! 6! 8!
4 8 ∙ 4 5 12 ∙ 8 ∙ 4 7
𝑐1 𝑥 + 𝑥3 + 𝑥 + 𝑥 +⋯ .
3! 5! 7!

CAPÍTULO 26

1-

𝑒 −𝑠𝑡 sen 𝑎𝑡 𝑑𝑡 = 𝑢𝑑𝑣 = 𝑢𝑣 − 𝑣𝑑𝑢 =
0 𝑑𝑣 𝑢 𝑑𝑣

245
𝐴 ∞
sen 𝑎𝑡 𝑒 −𝑠𝑡 𝑒 −𝑠𝑡
lim − cos 𝑎𝑡 ∙ 𝑎𝑑𝑡 =
𝐴→∞ −𝑠 0 0 −𝑠

𝑎
(0 − 0) + 𝑒 −𝑠𝑡 cos 𝑎𝑡 𝑑𝑡 =
𝑠 0 𝑑𝑣 𝑢 𝑑𝑣

𝐴 ∞
𝑎 cos 𝑎𝑡 𝑒 −𝑠𝑡 𝑒 −𝑠𝑡
lim − ∙ −sen 𝑎𝑡 ∙ 𝑎𝑑𝑡 .
𝑠 𝐴→∞ −𝑠 0 0 −𝑠

𝑎 1 𝑎 ∞
Assim, 𝐼 = −𝑠 0
𝑒 −𝑠𝑡 sen 𝑎𝑡 𝑑𝑡
𝑠 𝑠

𝑎 1 𝑎
= − 𝐼 .
𝑠 𝑠 𝑠
𝑎 1 𝑎
𝐼= − 𝐼 →
𝑠 𝑠 𝑠

𝑎2 𝑎 𝑎
𝐼 1+ = → 𝐼 =
𝑠2 𝑠2 𝑠 2 + 𝑎2

4-

a)

𝑦 𝑡 = −1 + 𝑒 𝑡

c)

𝑦 𝑡 = 𝑡𝑒 𝑡

e)

𝑦 𝑡 =1

246

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