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Resumo Do Livro (Negrinha)

Negrinha é uma narrativa emocional sobre uma órfã de sete anos que vive em condições de extrema crueldade e abandono sob a tutela de D. Inácia, uma mulher sem compaixão. A história retrata a epifania de Negrinha ao experimentar breves momentos de alegria ao brincar com bonecas, mas sua felicidade é efêmera, levando-a a uma profunda tristeza e à morte. O conto explora temas como a caridade perversa e a revelação da beleza da vida, que, quando experimentada, se torna insuportável em meio à opressão.

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Resumo Do Livro (Negrinha)

Negrinha é uma narrativa emocional sobre uma órfã de sete anos que vive em condições de extrema crueldade e abandono sob a tutela de D. Inácia, uma mulher sem compaixão. A história retrata a epifania de Negrinha ao experimentar breves momentos de alegria ao brincar com bonecas, mas sua felicidade é efêmera, levando-a a uma profunda tristeza e à morte. O conto explora temas como a caridade perversa e a revelação da beleza da vida, que, quando experimentada, se torna insuportável em meio à opressão.

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Resumo do Livro:

Negrinha é narrativa em terceira pessoa, impregnada de uma carga emocional muito


forte. Sem dúvida alguma é conto invejável:"Negrinha era uma pobre órfã de sete anos.
Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na
senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da
cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não
gostava de crianças."

D. Inácia era viúva sem filhos e não suportava choro de crianças. Se Negrinha,
bebezinho, chorava nos braços da mãe, a mulher gritava: "Quem é a peste que está
chorando aí?" A mãe, desesperada, abafava o choro do bebê, e afastando-se com ela
para os fundos da casa, torcia-lhe beliscões desesperados. O choro não era sem razão:
era fome, era frio: "Assim cresceu Negrinha magra, atrofiada, com os olhos
eternamente assustados. Órfã aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono, levada
a pontapés. Não compreendia a idéia dos grandes.

Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma
palavra, provocava ora risadas, ora castigos. Aprendeu a andar, mas quase não andava.
Com pretexto de que às soltas reinaria no quintal, estragando as plantas, a boa senhora
punha-a na sala, ao pé de si, num desvão da porta. - Sentadinha aí e bico, hein?" Ela
ficava imóvel, a coitadinha. Seu único divertimento era ver o cuco sair do relógio, de
hora em hora.

Ensinaram Negrinha a fazer crochê e lá ficava ela espichando trancinhas sem fim...
Nunca tivera uma palavra sequer de carinho e os apelidos que lhe davam eram os mais
diversos: pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata choca, pinto gorado,
mosca morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa ruim, lixo. Foi chamada bubônica,
por causa da peste que grassava... "O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes,
vergões. Batiam nele todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo. Sua pobre carne
exercia para os cascudos, cocres e beliscões a mesma atração que o ímã exerce para o
aço. Mãos em cujos nós de dedos comichasse um cocre, era mão que se descarregaria
dos fluidos em sua cabeça. De passagem. Coisa de rir e ver a careta..."

D. Inácia era má demais e apesar da Abolição já ter sido proclamada, conservava em


casa Negrinha para aliviar-se com "uma boa roda de cocres bem fincados!..." Uma
criada furtou um pedaço de carne ao prato de Negrinha e a menina xingou-a com os
mesmos nomes com os quais a xingavam todos os dias. Sabendo do caso, D. Inácia
tomou providências: mandou cozinhar um ovo e, tirando-o da água fervente, colocou-o
na boca da menina. Não bastasse isso, amordaçou-a com as mãos, o urro abafado da
menina saindo pelo nariz... O padre chegava naquele instante e D. Inácia fala com ele
sobre o quanto cansa ser caridosa...

Em um certo dezembro, vieram passar as férias na fazenda duas sobrinhas de D. Inácia:


lindas, rechonchudas, louras, "criadas em ninho de plumas." E negrinha viu-as
irromperem pela sala, saltitantes e felizes, viu também Inácia sorrir quando as via
brincar. Negrinha arregalava os olhos: havia um cavalinho de pau, uma boneca loura, de
louça. Interrogada se nunca havia visto uma boneca, a menina disse que não... e pôde,
então, pegar aquele serzinho angelical : "E muito sem jeito, como quem pega o Senhor
Menino, sorria para ela e para as meninas, com assustados relanços d'olhos para a porta.
Fora de si, literalmente..." Teve medo quando viu a patroa, mas D. Inácia, diante da
surpresa das meninas que mal acreditavam que Negrinha nunca tivesse visto uma
boneca, deixou-a em paz, permitiu que ela brincasse também no jardim.

Negrinha tomou consciência do mundo e da alegria, deixara de ser uma coisa humana,
vibrava e sentia. Mas se foram as meninas , a boneca também se foi e a casa caiu na
mesmice de sempre. Sabedora do que tinha sido a vida, a alma desabrochada, Negrinha
caiu em tristeza profunda e morreu, assim, de repente: "Morreu na esteirinha rota,
abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais, entretanto, ninguém morreu
com maior beleza. O delírio rodeou-a de bonecas, todas louras, de olhos azuis. E de
anjos..."

No final da narrativa, o narrador nos alerta: "E de Negrinha ficaram no mundo apenas
duas impressões. Uma cômica, na memória das meninas ricas. - "Lembras-te daquela
bobinha da titia, que nunca vira boneca?" Outra de saudade, no nó dos dedos de dona
Inácia: - "Como era boa para um cocre!..."

É interessante considerar aqui algumas coisas: em primeiro lugar o tema da caridade


azeda e má, que cria infortúnio para os dela protegidos, um dos temas recorrentes de
Monteiro Lobato; o segundo aspecto que poderia ser observado é o fenômeno da
epifania, a revelação que, inesperadamente, atinge os seres, mostrando-lhes o mundo e
seu esplendor. A partir daí, tais criaturas sucumbem, tal qual Negrinha o fez. Ter estado
anos a fio a desconhecer o riso e a graça da existência, sentada ao pé da patroa má, das
criaturas perversas, nos cantos da cozinha ou da sala, deram a Negrinha a condição de
bicho-gente que suportava beliscões e palavrórios, mas a partir do instante em que a
boneca aparece, sua vida muda. É a epifania que se realiza, mostrando-lhe o mundo do
riso e das brincadeiras infantis das quais Negrinha poderia fazer parte, se não houvesse
a perversidade das criaturas. É aí que adoece e morre, preferindo ausentar-se do mundo
a continuar seus dias sem esperança.

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