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Bossa Nova A Suave Revolução Da Música Brasileira

A Bossa Nova, surgida no final da década de 1950 no Brasil, foi uma revolução cultural que transformou a música popular brasileira e apresentou uma nova imagem do país ao mundo. Com figuras centrais como Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto, o movimento combinou sofisticação e leveza, culminando em sucessos internacionais como 'Garota de Ipanema'. Seu legado transcende a música, influenciando arquitetura, cinema e design, representando uma mudança profunda na estética brasileira.
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Bossa Nova A Suave Revolução Da Música Brasileira

A Bossa Nova, surgida no final da década de 1950 no Brasil, foi uma revolução cultural que transformou a música popular brasileira e apresentou uma nova imagem do país ao mundo. Com figuras centrais como Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto, o movimento combinou sofisticação e leveza, culminando em sucessos internacionais como 'Garota de Ipanema'. Seu legado transcende a música, influenciando arquitetura, cinema e design, representando uma mudança profunda na estética brasileira.
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Bossa Nova: A Suave Revolução da

Música Brasileira
No final da década de 1950, enquanto o Brasil vivia um período de otimismo e modernização
sem precedentes, um novo som começou a emergir dos apartamentos da Zona Sul do Rio de
Janeiro. Era uma música diferente de tudo o que se tinha ouvido antes: sofisticada mas
contida, complexa mas com uma leveza cativante. Chamava-se Bossa Nova, e não foi apenas
um novo género musical, mas sim uma revolução cultural que mudou para sempre a música
popular brasileira e projetou uma nova imagem do Brasil para o mundo.

O Cenário: Otimismo e Modernidade


A Bossa Nova nasceu num Brasil que sonhava alto. O presidente Juscelino Kubitschek
prometia "cinquenta anos em cinco", e a construção de Brasília simbolizava a confiança do país
num futuro moderno. No Rio de Janeiro, então capital, a juventude universitária de bairros
como Copacabana e Ipanema vivia um clima de efervescência cultural. Cansados do drama
dos sambas-canção e dos vozeirões dos cantores de rádio da época, eles procuravam uma
forma de expressão artística que refletisse o seu estilo de vida mais descontraído e intimista.

A Santíssima Trindade da Bossa Nova


Embora o movimento tenha envolvido muitos talentos, a sua criação é universalmente atribuída
a três figuras centrais:
●​ Antônio Carlos "Tom" Jobim (O Maestro): Um compositor e pianista de formação
clássica, Tom Jobim foi o cérebro harmónico da Bossa Nova. Ele infundiu na música
brasileira a complexidade e a sofisticação do jazz americano e de compositores eruditos
como Debussy e Ravel, criando melodias inesquecíveis e harmonias ricas que se
tornaram a espinha dorsal do género.
●​ Vinicius de Moraes (O Poeta): Já um poeta e diplomata consagrado, Vinicius trouxe
para a Bossa Nova uma poesia que era ao mesmo tempo erudita e coloquial. As suas
letras falavam de amor, da saudade, da beleza do quotidiano, do mar e do sol de
Ipanema, com uma sensibilidade e uma simplicidade que se encaixavam perfeitamente
na nova sonoridade.
●​ João Gilberto (O Mito): Se Jobim foi o cérebro e Vinicius a alma, João Gilberto foi a voz
e o ritmo que deram forma à Bossa Nova. Com o seu violão, ele criou a famosa "batida",
uma forma única e sincopada de tocar samba que era ao mesmo tempo percussiva e
melódica. O seu estilo de cantar era igualmente revolucionário: baixo, quase sussurrado,
com uma afinação impecável e uma emissão sem vibrato, que transmitia uma intimidade
radicalmente nova.

O Marco Zero: "Chega de Saudade"


O ano de 1958 é considerado o marco inicial da Bossa Nova. Foi quando a cantora Elizeth
Cardoso lançou o álbum Canção do Amor Demais, com canções da dupla Tom e Vinicius,
incluindo uma faixa em que se ouvia ao fundo o violão "diferente" de João Gilberto: "Chega de
Saudade". Meses depois, o próprio João Gilberto gravou a sua versão da canção. O impacto foi
imediato e avassalador. A batida do violão, a harmonia moderna e o canto contido de João
definiram o som que o Brasil e o mundo viriam a conhecer como Bossa Nova.

A Conquista do Mundo e a "Garota de Ipanema"


A Bossa Nova não demorou a cruzar fronteiras. Músicos de jazz americanos, como Stan Getz e
Charlie Byrd, ficaram fascinados pelo novo ritmo brasileiro. O auge da sua popularidade
internacional veio em 1964 com o álbum Getz/Gilberto. O disco continha a canção "Garota de
Ipanema" (composta por Tom e Vinicius), que, com a voz de Astrud Gilberto (esposa de João
na época), se tornou um dos maiores sucessos musicais do século XX. O álbum venceu o
Grammy de Álbum do Ano, superando os Beatles, e consolidou a Bossa Nova como um
fenómeno global.

Legado: Uma Revolução Suave


A Bossa Nova foi mais do que música; foi um movimento estético que influenciou a arquitetura,
o cinema e o design brasileiros. Ela ofereceu ao mundo uma imagem do Brasil que não era
exótica ou caricata, mas sim moderna, elegante e cool. O seu legado é imenso, influenciando
gerações de músicos dentro e fora do Brasil, do Tropicalismo ao jazz contemporâneo e à
música eletrónica. Foi, como o seu som sugere, uma revolução suave, que provou que, por
vezes, a mudança mais profunda pode vir no tom de um sussurro.

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