O TAPETE DO RITO SCHRÖDER
O Tapete originou-se do costume dos antigos maçons especulativos de traçar com giz ou
carvão no chão dos locais de reunião as ferramentas do ofício de construtor. Estes
desenhos eram apagados após o encerramento da Loja e refeitos antes da próxima
sessão. Posteriormente, para facilitar os trabalhos, foram utilizados tecidos pintados que
eram estendidos no chão, tal qual um tapete. O Irmão Schröder conservou este costume,
que outros Ritos substituíram pelos Painéis dos Três Graus.
É importante lembrar que o Templo do Rito Schröder é despojado de símbolos, os quais
ficam concentrados no Tapete. As exceções são o Delta ou o Compasso e o Esquadro com a
letra G no seu centro, que fica acima da cabeça do V.M. e a Bíblia, o Compasso e o
Esquadro - As Três Grandes Luzes da Maçonaria - que estão sobre o Altar.
Para entendermos a importância do Tapete, é preciso que analisemos os significados dos
objetos nele representados de acordo com a ótica humanista, com forte característica
Ética e Moral, resgatadas por Schröder:
A) Alvião: pequena ferramenta de cabeça dupla, com um malho (ou martelo) em um dos
lados e uma picareta (ou cinzel) no outro. É utilizado pelo A.M. do Rito Schröder para
desbastar a Pedra Bruta permitindo a correta fixação do Esquadro da Verdade. Simboliza
a força de vontade atuando para transformar o caráter do homem.
B) Céu: limpo (claro) no Oriente, de onde veio a "Luz", as Artes, a Ciência. Nublado
(escuro) no Ocidente, onde o Sol se põe e onde, simbolicamente, estão os que ainda não
alcançaram o conhecimento maçônico pleno.
C) Colher de Pedreiro (chamada equivocadamente de "trolha"): para proteger a obra
contra as más influências; Também, a união, pois com ela, mistura-se a massa de forma
homogênea, ligando os Irmãos que são as pedras da Obra espiritual da Maçonaria.
D) Esquadro: o Dever, a Justiça, a eqüidade e a retidão de caráter. Lembra a igualdade
de todos os maçons perante a Lei e o limite moral das nossas ações perante nossos
semelhantes. É a ferramenta e a jóia do V.M., que deve ser um modelo inflexível no
cumprimento do dever, na correção moral e na aplicação da Justiça.
E) Nível: a igualdade entre os Irmãos e o emprego correto dos conhecimentos. Lembra ao
maçom que todas as coisas devem ser avaliadas com igual serenidade, imparcialidade e
tolerância. É a ferramenta e a jóia do 1° Vig.
F) Pavimento Mosaico: a diversidade de raças, crenças, opiniões e a estreita união que
deve existir entre todos os Irmãos na Ordem. Mosaico é adjetivo de Moisés que, segundo
a lenda, decorou o piso do Tabernáculo - templo sagrado portátil dos Judeus - com
pequenas pedras coloridas.
G) Pedra Bruta: é a imagem da alma sem instrução e em estado natural. Representa o
Aprendiz, iniciando sua caminhada. Estudando, adquirindo os conhecimentos do seu grau
e a sua aplicação e interpretação filosófica.
H) Pedra Cúbica: é a obra prima que o Aprendiz entrega ao Companheiro (ele mesmo,
em outro estágio evolutivo). O Trabalho do C.M. (“polir a Pedra” ou seja, buscar a
perfeição espiritual e intelectual) inicia do ponto em que simbolicamente parou o A.M.
I) Porta do Oriente - V.M. Representam as portas do Templo de
Salomão do qual historicamente derivam
J) Porta do Ocidente - 1° Vig. os templos das igrejas e da Maçonaria e,
também, o V.M. e os VVig. que protegem
L) Porta do Sul - 2° Vig. a Loja.
M) Prumo: o sentido reto que deve ter o nosso julgamento baseado no Direito e na
Verdade; a pesquisa em profundidade, a base, o equilíbrio, a justiça, a perfeição que
devemos buscar na nossa Obra. É a ferramenta e a jóia do 2° Vig.
N) Régua de 24 polegadas: a divisão do tempo com sabedoria; a verdadeira
dimensão das coisas; a busca da própria convicção; a precisão na execução, a
retidão de conduta. É uma das mais importantes ferramentas de trabalho do
maçom pois, o Mestre a utiliza para a elaboração do projeto da Obra; o
Companheiro para medir, concluindo o trabalho de polir a Pedra Cúbica; o
Aprendiz a utiliza, em conjunto com o Alvião, para traçar e marcar a Pedra
Bruta para o desbaste.
O) Representação gráfica do 47° Problema de Euclides, conhecido como “O
Teorema de Pitágoras”, cuja demonstração é: em um triângulo retângulo a
soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. É a jóia do
Past Master (Ex-Venerável). Representa a perfeição das Leis do G. A. D. U. por
que, sejam quais forem as dimensões do triângulo, a Verdade Matemática que
o Teorema traduz é imutável em todo o Cosmo.
Conclusão:
O escritor e Ex-Grão-Mestre, Albert Pike (EUA - 1809-1891), declarou ser “um
privilégio inalienável do maçom interpretar os símbolos da Maçonaria para si próprio”.
No sentido amplo, símbolo é um sinal ou objeto ao qual se dá uma significação moral.
Para a Psicologia, símbolo é uma idéia consciente que representa e encerra a
significação de uma outra idéia inconsciente.
Assim, nós devemos analisar cada objeto, ferramenta ou sinal para os quais existem e
podemos atribuir muitos significados. A abrangência destas interpretações dependerá
do nosso estágio individual de conhecimento e percepção, representado pelos Três
Graus maçônicos.
Os conhecimentos que obtivermos devem ser aplicados em nosso dia-a-dia, fazendo-
nos crescer como seres humanos e cidadãos. Melhorar a nós mesmos e, por
decorrência, tornar a Sociedade mais justa e fraterna é a finalidade e Grande Obra da
Maçonaria Simbólica.
Bibliografia:
- G.L.M.E.R.G.S. - Rituais do Rito Schröder;
- Irm. Hans Adolf Ruy Sailer - Desenho e explicações sobre o Tapete;
- Irm. José Castellani - Dicionário de Termos Maçônicos;
- Irm. José Sílvio Mendes Brum - Peça de arquitetura "O Tapete";
- Irm. Kurt Max Hauser - Peça de arquitetura "O Simbolismo na Maçonaria";
- Irm. Nicola Aslan - Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia;
- MEC - Dicionário Escolar da Língua Portuguesa.
Irm. Rui Jung Neto, M. I.
e-mail: [email protected]
Ben. Aug. e Resp. Loja Simbólica “Concordia et Humanitas” N° 56
Fundada em 24 de junho de 1958 - Rito Schröder
Jurisdicionada a M. R. G. L. M. E. R. G. S.