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Fichamento 02 Nogueira

fichamento de texto. material para ensino de leitura de textos filosófico-científicos
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Fichamento de leitura

NOGUEIRA, Marco Aurélio. As várias faces do poder. In: Potência, limites e


seduções do poder. São Paulo: Editora UNESP, 2008. (p. 12-25)

(I)

Primeiro passo – delimitação da unidade de leitura

1. Unidade de leitura: Capítulo de livro

2. Numeração dos parágrafos:

[Introdução] – 06 parágrafos (uma seção)

[Desenvolvimento] – 17 parágrafos (duas seções)

[Conclusão] – 14 parágrafos (uma seção)

( II )

Segundo passo – análise textual ou preparação para a compreensão do


texto

1. Levantamento dos elementos necessários à compreensão do texto

1.1. Dados sobre o autor

Bacharel em Ciências Políticas e Sociais pela Escola de Sociologia e Política


de São Paulo (1972) e Doutor em Ciência Política pela Universidade de São
Paulo (1983). Pós-doutorado na Universidade de Roma, Itália (1984-1985).
Livre-docente e Professor Titular pela Universidade Estadual Paulista-UNESP.
É colunista do jornal O Estado de S Paulo. Tem experiência na área de Ciência
Política e de Gestão Pública, trabalhando principalmente com os temas: teoria
política, reforma do Estado, democracia, sociedade civil, globalização e
modernidade. Professor Titular (Aposentado) da Universidade Estadual
Paulista-UNESP, professor do Programa de Pós-Graduação em Relações
Internacionais San Tiago Dantas (Unesp, Puc, Unicamp).

1.2. Vocabulário

Unívoco, lei, coerção, inquirir, dissimulação, exacerbar, paradoxo, virtude


cívica, desnível, submissão, relacional, desigualdade, vinculatória, controle,
coerção, etc.

1
1.3. Conceitos

Potência, poder efetivo, Match, Herrschaft, força, poder, Estado, taxa de juros,
ditadura, democracia, poliarquia, tirania, oligarquia, aristocracia, globalização,
etc.

1.4. Autores mencionados

Thomas Hobbes [Leviatã], Maquiavel [Comentários sobre a primeira década de


Tito Lívio], Max Weber [A política como vocação], Elias Canetti [Massa e
poder], Cícero, Jean-Jacques Rousseau [Discurso sobre a origem da
desigualdade], Norberto Bobbio, Robert Dahl, etc.

1.5. Esquema da estrutura redacional do texto

- Introdução – primeira seção (06 parágrafos) – Apresenta o objetivo do autor


de refletir sobre a questão do poder, considerado como uma característica
essencial da sociedade humana.

.- Desenvolvimento – segunda e terceira seções (17 parágrafos) – A partir da


discussão dos conceitos de força e potência, o autor identifica os diversos tipos
de poderes sociais [econômico, ideológico, militar, etc.]. Além disto, identifica a
fonte do poder em geral no desnível que caracteriza a relação entre os seres
humanos.

- Conclusão – quarta seção (14 parágrafos) – Com base na discussão prévia


de força, potência e poder efetivo o autor conclui a introdução apresentando a
definição de poder político como o poder soberano. Ou seja, o poder político se
caracteriza como o poder concentrado da sociedade, detendo assim a
legitimidade do exercício da violência.

( III )

Terceiro passo – análise temática ou compreensão da mensagem global


da unidade de leitura

1. Leitura atenta da unidade, levantando os elementos para a compreensão


efetiva da mensagem veiculada pelo texto:

2
1.1. Identificar e sublinhar a ideia principal contida em cada parágrafo:

1. [Introdução]

[Primeira Seção]

1. Os homens sofrem de uma tendência natural para a busca e a concentração


do poder.

1.1. Citação de Hobbes [O Leviatã].

2. Na sociedade humana impera o choque entre os detentores do poder e


aqueles que buscam o poder.

2.1. Citação de Maquiavel [Comentários...].

3. A busca do poder [ou seja, o envolvimento com a luta política] implica um


“pacto com potências diabólicas”.

3.1. Citação de Max Weber [A política como vocação].

4. Os autores clássicos pensavam o poder como concentrado no Estado, mas


também reconheciam seu caráter geral, próprio da vida em sociedade.

4.1. Distinção entre potência e poder efetivo.

5. A transformação da potência em poder efetivo exige mediações ou


“condições de efetivação”.

6. Definição de poder, segundo Weber: “o poder (Macht) existe quando uma


potência, valendo-se de determinados recursos, consegue afirmar-se como
dominação (Herrschaft) e ver suas ordens serem cumpridas” (p. 13-4).

6.1. O poder utiliza-se tanto da lei quanto da coerção.

3
2. Desenvolvimento

[Segunda Seção]

Força, potência, poder

1. Distinção entre poder e força, segundo o escritor búlgaro Elias Canetti


[Massa e poder]:

i) força – “A força (Gewalt) é mais coercitiva e imediata que o poder (Macht)”;

ii) poder - Já o “(...) poder associa-se à capacidade, não a atos imediatos de


fazer” (p. 14).

2. Pode-se estar livre da força, mas submetido ao poder.

3. Analogia de Canetti do poder como uma “ampliação da boca”: “quem detém


poder dispõe de tempo e de espaço para triturar sua presa” (p. 15).

4. O poder é constituído por algo mais além da força [poder = coerção +


consenso].

5. Formas de atuação política:

i) “pela força e pela fraude” – condutas “bestiais” [Cícero] (p. 15);

ii) “pelo uso da razão, da inteligência, do diálogo e das leis” – conduta humana
(p. 15).

5.1. Na realidade concreta do exercício do poder, as duas condutas se


misturam – metáfora maquiaveliana do “Centauro”.

6. O segredo é um elemento central do poder: “Quem detém poder é levado a


espreitar e a inquirir” (p. 15).

7. O segredo serve para aumentar a potência do poder ou para ocultar práticas


não consensuais: “Oculta-se para ser eficiente e oculta para não ser acusado
ou atacado” (p. 16).

4
8. Os diversos níveis do segredo no exercício do poder: i) ditadura –
exacerbação/concentração do segredo; ii) democracia – transparência e
diluição do segredo.

9. O que é poder? “Falamos em poder quando pensamos naquelas operações


que conseguem fazer com que alguma coisa ou alguém produza um resultado
esperado” (p. 16).

[Terceira Seção]

Poderes

1. Constatação da distinção entre líderes e liderados – Os seres humanos


relacionam-se “a partir de algum desnível” (p. 17).

1.1. Este desnível está presente inclusive no jogo amoroso/relacionamentos.

2. Fontes de poder – posse dos meios de produção, uso da publicidade,


organização sindical ou política, etc.

3. A questão do poder pode ser desdobrada em duas subquestões: i) “quem


detém o poder”, ii) “quais questões estão submetidas a decisão de alguém” (p.
18).

4. O poder é um elemento essencial da vida em sociedade: “Uma vez que a


vida em sociedade é sempre relacional e supõe interações constantes, não há
como pensá-la sem o poder” (p. 18).

4.1. Duas fontes principais do poder do homem sobre o homem, segundo


Rousseau: i) “desigualdade natural ou física” – poder do mais forte/superior
sobre o mais fraco/inferior; ii) “desigualdade moral ou política” – depende da
convenção social, manifestando-se nas diversas formas de privilégios de
castas, classes, estamentos, etc.

5. As várias faces ou níveis do poder: família (poder patriarcal), trabalho (poder


patronal), forças armadas (poder hierárquico) e poder político (governantes
legítimos ou ilegítimos).

5
6. Os meios ou condições para o exercício das várias faces do poder: poder
militar (armas e aparato bélico), poder ideológico (instrumentos ideológicos),
poder econômico (posse dos meios de produção), etc.

6.1. Distinção do poder político – “O poder político (...), como poder supremo,
distingue-se por reivindicar com êxito a exclusividade do uso da força, com a
qual garante que decisões obrigatórias sejam acatadas e cumpridas pelos
diversos membros de uma comunidade” (p. 19).

7. A própria existência do poder implica na existência (pelo menos em


potencial) de um contrapoder.

7.1. Exemplo do poder social [Estado x Sociedade Civil].

3. Conclusão

[Quarta Seção]

Poder e poder político

1. O poder ocupa o centro das preocupações da sociologia, da antropologia e,


principalmente, da ciência política.

2. O que é o poder político? É o poder “(...) que, autorizado por uma


coletividade, vale-se da lei e da força para tomar decisões e impô-las a todos”
(p. 20).

3. “Toda política se faz a partir do poder, tendo em vista o poder, contra o


poder ou em direção ao poder (...)” (p. 20) → Norberto Bobbio.

3.1. Mas a política não é apenas desejo de poder, apesar de buscar


inquestionavelmente o poder e a salvaguarda dos interesses dos grupos,
frações de classes ou classes sociais que compõem a sociedade.

3.2. Uma definição mais acurada – “A política é luta de ideias e de valores,


esforço para estabelecer e para fazer que prevaleçam projetos de sociedade,
modos de organizar a convivência e de resolver conflitos” (p. 21).

4. A característica mais importante do poder político é que ele se vale da


mediação do “Estado” para cumprir sua função.

6
4.1. O Estado pode ser definido, considerando-se sua forma
instrumental/operacional, como “um aparato organizacional e de procedimentos
legais que autorizam alguém a exercer a autoridade e a coagir” (p. 21).

4.2. O Estado é o ente que detém o poder soberano.

4.3. Características do poder político – “O poder político admite que se faça


oposição a ele, mas não que se aja para destruí-lo ou desrespeitá-lo, nem
muito menos que não se cumpram suas determinações” (p. 21).

5. O Estado é dotado de um poder consciente, fundamentado na equação de


meios e fins. Mas, mesmo assim, não está imune à ingerência de variáveis não
controladas.

6.1. Exemplos de variáveis não controladas diretamente pelo Estado [ou seja,
fora da alçada do “controle social”] – forças de mercado, sobreposição de
instâncias supranacionais, crises econômicas do sistema capitalista mundial,
difusão maciça de fake news, etc.

7. O crescimento econômico também pode ser ““extraído” da espontaneidade


social e alojado na esfera do Estado, do governo, da política” (p. 22).

8. Contudo, na realidade concreta, as decisões estatais podem ser


influenciadas por “(...) decisões tomadas por outros protagonistas ou em outras
sedes que não as governamentais” (p. 23).

9. Estrutura geral de exercício do poder político: i) ditadura – concentração de


poder; ii) democracia – algum tipo de controle social do poder.

10. Neste caso, “(...) as decisões costumam nascer de consensos que se


formam a partir de múltiplos acordos e negociações (...)”(p. 23).

11. Tipologia das formas de governo – i) tirania – poder absoluto de um


déspota ou tirano; ii) oligarquia – governo de poucos ou dos mais ricos; iii)
aristocracia – governo dos melhores ou de uma estirpe e iiii) democracia –
poder do demos, do conjunto do povo [a poliarquia é uma forma de
democracia na qual estão presentes múltiplos focos de domínio ou de governo
concorrendo entre si]

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12. A “desconcentração” do poder político pode ocorrer em virtude da
constituição de estruturas supranacionais de decisões.

12.1. “Rede de poderes cruzados”

13. Diminuição crescente das “virtudes cívicas” – negação da vida político-


estatal e valorização do individualismo extremado [consumismo hedonista].

14. “A época atual assiste ao cruzamento potencializado destes processos.


Temos ao mesmo tempo mais democracia e mais individualização, mais
conectividade e mais “deslocalização”” (p. 25).

14.1. [Globalização ou mundialização do capital?].

1.7. Compreensão da mensagem veiculada no texto:

2.1. Qual é o tema ou assunto de que fala o texto?

O texto aborda o conceito de poder, distinguindo-o dos conceitos de potência e


força.

2.2. Como o tema é problematizado? Qual é o problema que o autor do texto


visa solucionar?

O que significa poder? Qual é a relação existente entre os conceitos de


potência e de força com o conceito de poder? O que significa poder político? O
que distingue o poder político das outras esferas de poder?

2.3. Qual é a ideia central ou tese defendida pelo autor?

Existe uma diferença crucial entre potência e poder; a potência é o poder em


sua virtualidade, mas para se tornar poder efetivo, a potência precisa ser
dotada das “condições de sua efetivação”. Ou seja, a potência transforma-se
em poder quando dispõe dos recursos econômicos, sociais, ideológicos,
militares, simbólicos ou políticos que assegurem o cumprimento de seus
intentos. Contudo, o poder político distingue-se de todas as demais formas de
poder por seu caráter soberano. Ao articular consenso e coerção o poder
político apresenta-se como a instância máxima de domínio sobre um
determinado território, assegurando a si o uso legítimo da violência.

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2.4. Qual é a argumentação utilizada pelo autor para defender a sua tese?
Como o autor demonstra sua tese?

1. Todos os homens são dotados naturalmente de potência [poder enquanto


virtualidade];

1.1. Entretanto, existe uma distinção/diferença entre potência e poder efetivo.

2. A transformação da potência em poder efetivo exige mediações ou


“condições de efetivação” [estruturas para o exercício do poder].

2.1. Ou seja, são estas mediações ou condições de efetivação que permitem


transformar o poder potencial em dominação;

3. Consequentemente, o poder é constituído por algo mais além da força,


incluindo também a necessidade da busca do consenso ativo ou passivo por
parte dos dominados [poder = coerção + consenso].

5. O poder político destaca-se de todas as outras formas de poder [econômico,


militar, simbólico, etc.] por sua soberania: “O poder político (...), como poder
supremo, distingue-se por reivindicar com êxito a exclusividade do uso da
força, com a qual garante que decisões obrigatórias sejam acatadas e
cumpridas pelos diversos membros de uma comunidade” (p. 19).

6. A característica mais importante do poder político é que ele se vale da


mediação do “Estado” para cumprir sua função.

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