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2023.1 CAM382 Os Povos Indígenas No Brasil Contemporâneo

O documento discute a identidade indígena contemporânea no Brasil, destacando a necessidade de respeitar a diversidade cultural e a autoidentificação dos povos indígenas, que frequentemente enfrentam estereótipos e preconceitos. A narrativa inclui o testemunho de Anna Terra Yawalapiti, que reflete sobre a luta de seu pai e a importância do diálogo na resistência indígena. O texto enfatiza que os indígenas são cidadãos ativos, com direitos garantidos, e que sua conexão com a terra e a cultura é fundamental para o futuro do planeta.

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O documento discute a identidade indígena contemporânea no Brasil, destacando a necessidade de respeitar a diversidade cultural e a autoidentificação dos povos indígenas, que frequentemente enfrentam estereótipos e preconceitos. A narrativa inclui o testemunho de Anna Terra Yawalapiti, que reflete sobre a luta de seu pai e a importância do diálogo na resistência indígena. O texto enfatiza que os indígenas são cidadãos ativos, com direitos garantidos, e que sua conexão com a terra e a cultura é fundamental para o futuro do planeta.

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LÍNGUA PORTUGUESA / LITERATURA BRASILEIRA

Profª: Tátia Áquila


NOME:_______________________________________________
Nº:_________ TURMA: CAM382 1ºSEMESTRE 2023

OS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

TEXTO 1

Indígenas para além das aparências

Por Aline Rochedo Pachamama-Puri

É muito importante que as pessoas tenham conhecimento e consciência sobre quem é o indígena na
atualidade. Infelizmente existe muito desrespeito com a identidade indígena. Esclarecemos que não é o
raion (não-indígena) que define quem é indígena. Mas é com frequência que escutamos frases como: “Você
é índio de verdade?”, “Mas não tem cara de índio!”, “onde está a tua aldeia”, “ o que faz na cidade?” dentre
outras. Querem que o indígena se enquadre dentro de uma imagem estereotipada, pautada em um
padrão que nunca existiu. Tal padrão sustenta a ideia de que os indígenas são todos iguais, tanto
fisicamente quanto culturalmente.

Faz-se necessário conhecer como é o indígena real e respeita-lo, seja qual for sua aparência,
sua cultura, morando na floresta, no campo ou na cidade

Desde o inicio da colonização nos estereotipam: ora o índio é considerado um “selvagem”, sem alma; ora
como “não indígena”. Faz-se necessário conhecer como é o indígena real e respeita-lo, seja qual for sua
aparência, sua cultura, morando na floresta, no campo ou na cidade.

Indígenas em contexto urbano

O preconceito que nós, indígenas em situação urbana, sofremos por estarmos na cidade também ocorre. E
se estamos na cidade não foi porque sonhávamos em estar aqui. Preferimos viver na floresta, na aldeia, em
um contexto mais propício para a prática plena de nossa cultura e ao respeito à natureza. Mas onde e como
está a floresta, os rios, as serras? Como estão nossas terras tradicionais? Muitas vezes já totalmente
devastadas pelo raion ( lê-se aqui os herdeiros dos barões do café e senhores de engenho, agronegociantes)
ou extremamente reduzidas, sem condições de subsistência para o modo tradicional indígena. Nossas terras
viraram pasto para o gado, cafezal, plantação de soja, eucalipto, etc.

O indígena atual rompe de várias formas com estereótipos

Não existe uma única cultura indígena. Somos uma diversidade de culturas, um universo com milhares de
formas. Não somos seres do passado, mitológicos ou figuras referenciadas em livros didáticos que apenas
nos minimizam. Somos Povos do Presente e fundamentais para o futuro do nosso planeta. A Terra é nossa
mãe, praticamos e valorizamos o respeito para com ela e os seres que nela habitam. Se “os que se dizem
civilizados” não aprendem com os povos originários esse respeito, não haverá futuro para ninguém.
O indígena atual rompe de várias formas com o estereótipo do senso comum. Ele é cidadão. Estamos em
todos os lugares. Milhares estão nas cidades e também no campo. Estudam, fazem faculdade e exercem
várias profissões.

Este é o momento de findarem os julgamentos. Somos o que transmitimos, praticamos e valorizamos.


Que seja respeitada a auto determinação dos povos, conforme garantida pela convenção 169 da OIT sobre
Povos Indígenas e Tribais, promulgada pelo decreto nº 5.051/2004, em seu artigo 1º, que afirma que “a
consciência de identidade indígena ou tribal deverá ser considerada como critério fundamental para
determinar os grupos aos que se aplicam as disposições da presente Convenção” e conforme o Estatuto do
Índio (Lei 6.001/73) que, em seu artigo 3º, define indígena como “…todo indivíduo de origem e
ascendência pré-colombiana que se identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico
cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional”.

ABHICHÔGUÊH! BHITANAH PUKY!

Aline Rochedo Pachamama–Puri– da etnia puri- é poeta-escritora, editora e


historiadora. Idealizadora e Diretora da Pachamama Editora, mestre em História
Social pela UFFe doutoranda em História Cultural pela UFRRJ. Participa do
Movimento dos Povos Originários, no Rio de Janeiro, elaborando projetos em prol
da Divulgação da Cultura Indígena. Em julho de 2016 lançou o projeto “Literatura
Indígena Bilíngue”, da Pachamama Editora, publicando o primeiro livro bilíngue
do Tronco Macro-Jê.

In: http://www.pachamamaeditora.com/2017/01/23/indigenas-para-alem-das-aparencias/ - acesso em


novembro de 2018.

TEXTO 2

UMA FOTO, UMA HISTÓRIA: Anna Terra Yawalapiti


A imagem de uma mulher indígena fazendo frente a um cordão policial durante o 14º Acampamento Terra
Livre, em frente ao Congresso Nacional, viralizou nas redes sociais em abril de 2017: foram mais de 6000
compartilhamentos no Facebook, alcançando mais de 100 mil pessoas. A mulher em questão era Anna Terra
Yawalapiti.
Filha do chefe Pirakumã Yawalapiti, que faleceu em 2016 e é lembrado como uma das prestigiosas
lideranças do Parque Indígena do Xingu (TIX), Anna Terra repetiu, inconscientemente, o gesto de seu pai
durante a Mobilização Nacional Indígena de 2013, clicado pelo fotógrafo André D’Elia.

Neste depoimento sobre a fotografia de Pirakumã, ela conta o que viveu em 2013, quando o líder pedia
calma aos policiais após ter sido agredido com cassetetes e spray de pimenta, revela o que a moveu na
direção dos policiais na mobilização de 2017 e explica a importância do diálogo para a política xinguana.

Anna Terra Yawalapiti segura imagem de seu pai, Pirakumã Yawalapiti, no ano de 2013. Foto: Mario de Brunoro/ISA, 2017
“A única arma que eu tenho é a minha boca”
por Anna Terra Yawalapiti

A gente sempre foi parceiro em todos os lugares: na cidade, na aldeia. Eu estou nessa por causa dele; ele que
me puxou por esse caminho. Aqui foi o dia que ele levou também spray de pimenta, mas ele era muito
guerreiro, ele não fugiu. Ele levou spray, mas ficou ali. E essa imagem, ela... penso nesse dia... Ali deixou
de ser somente pai para mim. A partir dali, comecei a ver ele como meu guerreiro, meu protetor, meu
cacique. O nosso embaixador do Xingu.

Eu estava junto, porque se for para ele morrer, eu também vou morrer junto do meu pai. Eu não vou fugir e
deixar ele sozinho. Uma vez, também, aconteceu na aldeia que nossa casa pegou fogo e ele foi salvando as
coisas. Ele queria ser o último, a última pessoa a sair. Eu fiquei com ele e ele me mandava embora: ‘Vai
embora, vai embora!’. E eu: ‘Não pai, eu vou ficar aqui. Só vou embora se você sair’. Quando ele viu que a
casa estava desabando e que eu não ia embora, ele saiu. Mas a gente sempre foi companheiro. Quando ele
era vivo, sempre fomos. Essa imagem marcou muito para a gente, para a família, até agora. A gente tem
esse banner até hoje, e com ele que eu carrego toda a esperança. Eu sinto que ele está comigo através desse
banner.

Essa imagem pra mim significa a força indígena: a gente nunca vai desistir. Que nem ontem... Eu fui, não
porque eu queria aparecer. Se for pra morrer, eu vou. Quando eu percebi que uma das meninas do nosso
grupo não tinha voltado do local, a responsabilidade estava na minha mão e eu voltei. Foi um momento tão
rápido, que eu não estava com aquela ideia de ir lá e parar aquilo. Aquilo tudo veio do desespero de pensar
que uma das meninas do nosso grupo estava ali. Ou estava na água, ou então tinha sido levada para dentro.
Assim aconteceu. Quando vi, já estava ali conversando com eles. Nem parei pra pensar que eles poderiam
jogar gás de pimenta, bomba, sei lá… [fazer] qualquer coisa comigo. Não parei. Eu só fui chegando, fui
gritando, pedindo para eles pararem. Quando fui ver eu já tava lá.

Nós, os povos do Alto Xingu, entre nós, não temos essa cultura de guerrear. Somos nove etnias. A nossa
governança sempre foi através de diálogo. A gente nunca anda com arco e flecha, com faca... a gente não faz
isso. A gente vai na mata, assim, só se for para caçar. Se for para pegar algum remédio, a gente leva um
facão só para tirar um remedinho mesmo. Mas a gente nunca andou armado, nem nada disso. Então, a gente
geralmente usa só o diálogo para poder resolver as coisas.

Ele e o Raoni [Metuktire] sempre fizeram um diálogo com policiais, com autoridades, para permitirem que
todos os índios entrassem naquele local. Então, é o que eu usei também. Eu falei: ‘A única arma que eu
tenho é a minha boca’. Agora... a gente já teve vários diálogos com eles. Até nós, que somos mansinhos,
também já estamos começando a ficar com raiva. Então, se for pra gente guerrear, a gente não vai desistir
não! Não é uma pimentinha no olho que vai fazer a gente desistir”.

O depoimento acima é parte da série “Uma foto, uma história” e foi registrado em 2017 durante o 14º
Acampamento Terra Livre, em Brasília (DF), por Letícia Leite, Mario Brunoro e Rafael Monteiro Tannus.

In: https://pib.socioambiental.org/pt/Uma_foto,_uma_hist%C3%B3ria/Anna_Terra_Yawalapiti - acesso em


novembro de 2018.

TEXTO 3

https://www.youtube.com/watch?v=x3QNjgwpzRM

https://www.youtube.com/watch?v=jeJbHQuSZfM

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