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Incapacidade

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Quando cessa a incapacidade dos inabilitados

I-A incapacidade só deixa de existir quando for levantada a inabilitação.

O artigo 155. contém, acerca do levantamento da inabilitação, um regime particular.


Estabelece-se que, quando a inabilitação tiver por causa a prodigalidade ou o abuso de bebidas
alcoólicas ou de estupefacientes, o seu levantamento exige as condições seguintes:

a) Prova de cessação daquelas causas de inabilitação;

b) Decurso de um prazo de 5 anos sobre o trânsito em julgado da sentença da inabilitação ou


da sentença que desatendeu um pedido anterior de levantamento.

Qual a razão da exigência deste prazo e da sua limitação às refe- ridas causas de inabilitação,
não se exigindo o mesmo para o levanta- mento das interdições ou da inabilitação por
anomalia psíquica? Pretende-se sujeitar o inabilitado a um período de prova, para evi- tar o
risco de dissimulação ou fingimento, acerca da sua regeneração. Tal risco não existe, dadas as
causas respectivas, nas interdições e na ina- bilitação por anomalia psíquica (270)

II- No regime do Código de 1867 discutia-se se a interdição por prodigalidade cessava quando o
pródigo deixasse de ser casado ou de ter herdeiros legitimários, pois a interdição pressupunha
essa situação. Hoje o problema não tem cabimento, dado que não se exige para a inabilita- ção
que o pródigo seja casado ou tenha herdeiros forçosos.

Incapacidades (ilegitimidades) conjugais

I- As restrições à livre actuação jurídica derivadas do casamento são tradicionalmente


designadas por incapacidades. Integram-se na categoria que a doutrina francesa denomina
«incapacités de deflances

II-A aplicação do princípio da igualdade dos cônjuges (arts. 13.° e 36.º, n.° 3, da Constituição),
no domínio da administração e da alienação dos bens do casal, alterou profundamente as
soluções do direito anterior, pondo termo à distinção ilegitimidade marital-ilegitimidade
uxória, para colocar em plena igualdade de situação marido e mulher.
Com a Reforma de 1977, a regra da administração dos bens do casal passou a ser esta: cada um
dos cônjuges tem a administração dos seus bens próprios (art. 1678.º, n.º 1), pertencendo a
ambos (em conjunto) a administração dos bens comuns (art. 1678.º, n.º 3. 2.ª parte).

Esta regra tem, contudo, algumas exceções.

Assim, quanto à administração dos bens próprios, cada um dos cônjuges tem a administração:

1) dos bens próprios do outro cônjuge, por ele exclusivamente utilizados como instrumento de
trabalho (art. 1678.°, al. e));

2) dos bens próprios do outro cônjuge, se este se encontrar impossibilitado de exercer a


administração por se achar num lugar remoto ou não sabido, ou por qualquer outro motivo
(art. 1678.9, al. f)):

3) dos bens próprios do outro cônjuge, se este lhe conferir por mandato esse poder.

Quanto à administração dos bens comuns, à regra (administração conjunta) opõem-se as


seguintes exceções:

1) cada um dos cônjuges tem legitimidade para a prática de actos de administração ordinária
(art. 1678.º, n.º 3. 1.ª parte);

2) cada um dos cônjuges tem a administração:

a) dos proventos que receba pelo seu trabalho (art. 1678.°. n.º 2, al. a));

b) dos seus direitos de autor (art. 1678.º, n.º 2, al. b));

c) dos bens comuns por ele levados para o casamento ou adquiridos a título gratuito depois do
casamento, bem como dos sub-rogados em lugar deles (art. 1678.º, n.º 2, al. c));

d) dos bens que tenham sido doados ou deixados a ambos os


cônjuges com exclusão da administração do outro cônjuge, salvo se se tratar de bens doados
ou deixados por conta da legítima desse outro cônjuge (art. 1678.º, n.º 2, al. d));

e) dos bens móveis comuns por ele exclusivamente utilizados como instrumento de trabalho
(art. 1678.º, n.º 2, al. e));

f) dos bens comuns se o outro cônjuge se encontrar ausente ou impossibilitado (art. 1678.º, n.º
2, al. f), a fortiori);

g) dos bens comuns se o outro cônjuge lhe conferir por man- dato esse poder (art. 1678.º, n.º
2, al. g), a fortiori).

As regras de administração dos bens do casal (art. 1678.°) são de ordem pública e, como tal,
inderrogáveis por convenção antenupcial (art. 1699., n.º 1, al. c)).

Apesar destas profundas alterações, o casamento continua a ser fonte de ilegitimidades


conjugais, só que agora em condições de plena igualdade de situação do marido e da mulher.
Tais ilegitimidades (para negócios entre vivos (272)) constam dos artigos 1682., 1682.-A, 1682.-
B e 1683.

Assim, carecem do consentimento de ambos os cônjuges, em qual- quer regime de bens,


inclusive no regime de separação:

a) a alienação ou oneração de móveis (próprios ou comuns) utilizados conjuntamente por


ambos os cônjuges na vida do lar ou como instrumento comum de trabalho (art. 1682.º, n.º 3.
al. a));

b) a alienação ou oneração dos móveis próprios ou comuns de que não tenha a administração
(art. 1682.º, n.º 2 e n.º 3. al. b));

c) a alienação, oneração, arrendamento ou constituição de outros direitos pessoais de gozo


sobre a casa de morada da família (art. 1682.°-A, n.º 2

d) a disposição do direito ao arrendamento da casa de morada da família (art. 1682.°-B).


Carecem do consentimento de ambos os cônjuges, apenas nos regimes de comunhão (geral ou
de adquiridos), mas não já no regime de separação de bens:

a) a alienação, oneração, arrendamento ou constituição de outros direitos pessoais de gozo


sobre imóveis próprios ou comuns (art. 1682.-A, n.º 1, al. a));

b) a alienação, oneração ou locação do estabelecimento comercial, próprio ou comum (art.


1682.°-A, n.º 1, al. b)):

c) o repúdio de heranças ou legados (art. 1683.º, n.° 2).

III- Como se supre a llegitimidade conjugal. A ilegitimidade conjugal supre-se pelo


consentimento do outro cônjuge (arts. 1682.°. n.05 1 e 3. 1682. A e 1682.°-B). O consentimento
conjugal, que deve ser especial para cada acto, está sujeito à forma exigida para a procura- ção
(273) e pode ser judicialmente suprido (274), havendo injusta recusa, ou impossibilidade, por
qualquer causa, de o prestar (art. 1684.°).

IV Sanções da ilegitimidade conjugal. De acordo com o artigo 1687.°, os actos praticados contra
o disposto nos n.ºs 1 e 3 do artigo 1682., nos artigos 1682.°-A e 1682°-B e c no n.º 2 do artigo
1683.°, são anuláveis a requerimento do cônjuge que não deu o consentimento ou dos seus
herdeiros (n. 1), nos seis meses subsequentes à data em que o requererite teve conhecimento
do acto, mas nunca depois de decorridos três anos sobre a sua celebração (n.º 2) (275).

À alienação ou oneração de bens (móveis ou imóveis) próprios do outro cônjuge, feita sem
legitimidade, são aplicáveis as regras relativas à alienação de coisa alheia isto é, são nulas nos
termos dos arti- gos 892.° e segs.

De notar a protecção do terceiro adquirente de boa fé, em caso de alienação ou oneração de


móvel não sujeito a registo feita apenas por um dos cônjuges, quando é exigido o
consentimento de ambos, através da inoponibilidade da respectiva anulabilidade (art. 1687.º,
n.º 3).

Incapacidades acidentais

As incapacidades ocasionais ou transitórias eram previstas e reguladas no artigo 353.º do


Código de Seabra. Não se exigia o conheci- mento ou cognoscibilidade pelo declaratário da
încapacidade (276) mas, por outro lado, protegiam-se os interesses da contraparte,
estabelecendo um prazo curtíssimo para a anulação.
O actual Código não inclui a regulamentação da incapacidade acidental (art. 257.)

Qual a hipótese do artigo 257.9

Abrange todos os casos em que a declaração negocial é feita por quem, devido a qualquer
causa (embriaguez, estado hipnótico, intoxicação, delírio, ira, etc.), estiver transitoriamente
incapacitado de representar o sentido dela ou não tenha o livre exercício da sua vontade (277).

Qual a estatuição respectiva? (278)

Os actos referidos são anuláveis desde que o facto seja notório (cognoscível) ou conhecido do
declaratório. A anulação está sujeita ao regime geral das anulabilidades (arts. 287.° e segs.),
pois não se prescreve qualquer regime especial designadamente o direito de invocar a
anulabilidade caduca, estando o negócio cumprido, se não for exercido dentro do ano
subsequente à cessação da incapacidade acidental.

65. Valor dos negócios jurídicos indevidamente realizados pelos incapazes

1- Tratando-se de uma incapacidade jurídica (ou de gozo de direitos). Os negócios feridos duma
incapacidade jurídica negocial (incapacidade de gozo) são nulos (279).

A lei não o diz de uma forma genérica, mas é essa a solução geral- mente defendida e a que se
impõe, dada a natureza dos interesses que determinam as incapacidades de gozo. Poderá
encontrar-se-lhe, funda- mento legal no artigo 294.°, do qual resulta ser a anulabilidade uma
forma de invalidade excepcional.

Para alguns negócios a lei resolve expressamente o problema. Assim, para o testamento, o
artigo 2190.° prescreve a nulidade. Para o casamento, o artigo 1631.", alínea a), estatui a
solução da anulabilidade é o mesmo se determina no artigo 1861.° para a perfilhação, mas este
regime não contraria decisivamente a regra geral atrás indicada, pois estes dois negócios
pessoais têm, normalmente, nas várias legislações. um regime especial, em matéria de
invalidades.

II-Tratando-se de incapacidades de exercício. Nesta hipótese tem lugar a anulabilidade dos


actos praticados pelos incapazes.
Na incapacidade dos menores, dos interditos ou dos inabilitados, a anulabilidade tem as
características enunciadas no artigo 125.°, aplicável por força dos artigos 139. e 156. A
invalidade só pode ser requerida pelas pessoas indicadas naquela disposição, dentro dos
prazos aí referi- dos, variáveis consoante o autor da acção de anulação, e pode ser sanada por
confirmação das pessoas com legitimidade para a invocar (280).

Nas incapacidades (ou melhor, ilegitimidades) conjugais, as sanções dos actos indevidamente
praticados constam do artigo 1687.°, já refe- rido e interpretado na sede própria.

Acentue-se, porém, que os prazos para a invocação da anulabilidade só funcionam se o


negócio estiver cumprido, isto é, se tiver sido ope- rada a modificação da situação factual
correspondente ao negócio anulável, pois, no caso contrário, isto é, se a situação de facto não
foi alterada, a anulabilidade pode ser arguida, sem dependência de prazo, tanto por via de
acção como por via de exceção (art. 287.º, n.º 2).

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