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Kalunga Ngombe

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MITOLOGIA BANTU kALUNGA-NGOMBE

Capítulo do livro: África, mitos y leyendas - Alice Webner

Traduzido por Kota Mutarerê

1. Todos os grupos bantus crêm na sobrevivência da alma depois da morte. Além disso,
crêm que o espírito do morto pode influenciar nos assuntos dos vivos. Se alguém fica doente,
supõe-se que algum espírito foi ofendido e vinga-se mandando a doença, ou então que a pessoa
se aborreceu com alguém provocando a inimizade e a
vingança. Em qualquer dessas situações o Adivinho deve consultar os Espíritos para saber
quem é o responsável e qual o remédio que deve ser recomendado.

2. Em toda região bantu, de Angola e parte do sul do Zaire, acreditam-se que KALUNGA-
NGOMBE é o Senhor da Morte. Está presente na Kimbanda brasileira com as mesmas funções e
culto como fazem os Quimbandeiros africanos há muito tempo.

3. Atualmente na África, o culto a Kalunga pelos Quimbandas se denomina Quimbanguismo


ou Quimbandismo. Na realidade a Quimbanda brasileira surgiu da Kimbanda africana que é
um culto primitivo, ancestral. Todos os Ngangas e Kimbandas africanos realizam rituais de
sacrifícios de animais, entre eles: búfalos, bodes, galos, gatos e galinhas.

4. A grande maioria dos grupos bantus, acredita nos fantasmas familiares ou ancestrais
divinizados (avós, mãe, tio etc.) aos quais chamam KUNGU (no singular) e MAKUNGU (no
plural). Estes Espíritos perdem a sua individualidade com o tempo e entram para uma das
classes de Espíritos chamada VINYAMBELA e MWENE MBAGO. Os Vinyambela são os espíritos
das crianças e os Mwene Mbago são os dos adultos (Senhor e Senhora do bosque), sendo que
estes espíritos têm mais poder do que os da corrente dos Makungu.

5. È fácil notar que a Umbanda tem a mesma base, acreditam nos Makungo, no Kungo de cuja
palavra se originou a palavra CONGO que cognominou os “PRETOS VELHOS”. Daí em diante os
pretos velhos (fantasmas familiares ou Makungo), foram chamados de “avô avó”,tio”, “pai”, etc .
e logo perderam sua individualidade para fundir-se a um grupo que não tem nomes próprios e
de uma maneira geral são chamados de “arranca toco”, “ogum”, “xangô”dependendo da linha
prevista na organização umbandista.

6. Na África bantu os Espíritos vivem geralmente no monte sagrado, lugar onde são enterrados
os mortos. As árvores desse monte nunca apodrecem e se protegem o quanto possível, pois
dentro dessas árvores habitam espíritos poderosos. Ao pé das mesmas se encontram pontas
de flechas, louças quebradas, enxadas velhas, etc. É assim desta forma que se marcam a
tumba.

7. Segundo eles, os vivos não podem comer a comida dos mortos. Várias lendas bantas
contam que a pessoa que entra no reino dos mortos, por acaso ou intencionalmente (para
fazer algum ritual) é proibida de tocar em qualquer alimento que ali se encontre sob pena de
ficar aprisionada alí para sempre. Isto é também uma regra dentro dos cultos afro brasileiros
da Quimbanda; nunca se reparte a comida de uma mesa até não haver passado o Reino de
Kalunga.
8. Grande parte das tribos é formada por clãs, que são associados a determinado Nkisi, e dizem
pertencer à família deste Nkisi, para tanto, cada clã tem uma determinada proibição ou tabu que
os bantus chamam de NZIO, MWIDZILO, KIZILA ou NZILA, de acordo com os dialetos. Pode ser
uma proibição alimentícia com inclusão de algo
relacionado com a natureza: a água de chuva, a madeira, o fogo etc.

9. Na Quimbanda brasileira uma das kizilas é a água de chuva; nenhum quimbandeiro


incorporado pode molhar-se com a água que cai do céu; segundo o mito bantu poderia até
morrer.
A kizila de água de chuva é para o clã UWINGU (do céu), acreditam que a maioria dos Espíritos
de Kimbanda pertenceria a esse clã.

10.Os Ngangas (chefes feiticeiros) são manifestados por deuses e espíritos de ancestrais
poderosos e através destes, interpretam oráculos, curam, bebem, fumam e desta
maneira, voltam momentaneamente à vida. Eles são os doutores de seu povo e
segundo os dialetos são chamados: SINGÁNGA, NGANGA ou MGANGA; INYANGA; WANGA.

11. Para que alguém se torne Nganga, deve ser formado por um Nganga profissional para
quem trabalhará primeiro como aprendiz e assistente até que o seu mestre lhe considere
devidamente qualificado.

12. Para tanto existem certos rituais de iniciação que devem ser seguidos.
Primeiramente devem passar por um período de isolamento no bosque (mato), em busca da
manifestação por um determinado Espírito.

13.Acredita-se que no bosque vivem certos duendes que têm meio corpo e vão em grupos
dando saltos em um pé só, outros têm apenas um olho, ou uma perna ou um braço. Conforme
diz a cantiga:

"Eu fui no mato, oh nganga!


Cortar cipó, oh nganga!
Eu vi um bicho, oh nganga!
De um olho só, oh nganga!"

14. As vezes a pessoa pode ser manifestada por algum espírito, então adoece e tem visões.
Esta pessoa deve ser tratada por ágüem já iniciado. Assim, a pessoa que teve contato com
esses espíritos, é capaz de ver sempre duendes com apenas uma perna enquanto para outras
pessoas eles são invisíveis; tais pessoas se transformam em
grande artista ou dançarino ou grandes compositores de canções especiais. São chamadas
para cantar e dançar em funerais e outras cerimônias e quando são pagos, aí é que se esmeram
no seu desempenho.

15. O transe é um fenômeno familiar entre os bantus. Os Ngangas (doutores) possuem essa
capacidade e usando métodos que somente eles conhecem também o provocam em outras
pessoas.

16. Atualmente em quase toda a África há uma crença muito fortemente arraigada de que as
bruxas se divertem nas tumbas daqueles que acabam de morrer, desenterrando e reanimando
o cadáver para depois matá-lo de novo, comer sua carne e alguns pedaços para usá-los como
ingredientes de seus poderosos feitiços.

17. A famosa “gargalhada” que dão os Exus de Kimbanda, dentro da cultura banta eles se
expressam com um longo grito durante as cerimônias ritualísticas.

18. As mulheres bantus podem chegar a ser rainhas, princesas ou feiticeiras, enfim todos
os títulos importantes dentro da sociedade, e aquelas que os possuem gozam de certos
privilégios, como, por exemplo, ter vários maridos, os quais , neste caso passam a ser escravos.

19. Isto está muito claro na Kimbanda, onde Pambonjila tem um papel importante como
feiticeira e rainha tendo ainda o privilégio de ter 7 maridos. No Brasil, esse costume foi mal
interpretado e confundido com outros grupos de escravos de nações nas quais a mulher não
podia desempenhar papeis importantes. Mais tarde, isto
acabaria equiparando Pambonjila a uma prostituta e não com uma rainha que possui um harém,
coisa que para muitos inclusive hoje em dia é impossível.

20. Os bantus cultuam uma Entidade comparável ao Exu dos nagôs que se chama Aluvaiá, e
pode apresentar-se como homem ou mulher, porque na realidade não tem sexo e se chama
segundo as nações bantus: ALUVAIÁ, NKUVU-UNANA, JINI, CHIRUWI; MANGABAGABANA;
KITUNUSI.

21. No Brasil o sincretismo entre nagôs e bantus, comparou o Exu dos nagôs a
Aluvaiá dando-lhe uma dualidade sob o nome feminino de Pombagira e o nome masculino
de Bombogira, sendo que para os bantus ele pode ter um desses nomes de acordo com
a identidade masculina ou feminina que se apresenta.

22. Os pontos riscados com pemba e o uso de pólvora nos rituais, é de origem bantu, assim
como também a utilização de álcool, querosene, bebidas destiladas; perfumes; todos esses
elementos familiares para os bantus, foram trazidos pelos árabes para a África.

23. Quando na Kimbanda vemos o bom gosto pelo luxo pelos bons quadros, as jóias, adornos,
etc. estamos vendo o que os negros apreciavam quando viviam em liberdade na África.

24. Apesar de muitos dizerem que os bantús não crêm nas forças da natureza, devemos
esclarecer que eles crêem sim, porém acontece que estas não são incorporadas através
do transe, e sim através dos Nkisis que por sua vez no dá suas mensagens através de seus
mensageiros, os (ngangas).

25. A palavra Nkisi, literalmente significa "raiz", e é usada para designar grande parte das forças
da natureza.

26. Na África encontramos sobre as forças da natureza, o seguinte:

• O RAIO e o TROVÃO são associados geralmente a dois gêmeos. Em algumas regiões o Raio
tem a forma de um cachorro mágico que pode ser negro ou vermelho e se chama NZAZI.
Quando cai na terra emite um latido - tá! - e com o segundo latido sobe novamente ao céu.
• Em outras partes o TROVÃO e a CHUVA se associam a um menino e uma menina, cujo nome
é BULUNGWANA, se escuta trovões quando chove, e as pessoas dizem: “Os bulungwana estão
jogando lá em cima”.

- O ARCO IRIS, é adorado sob a forma de uma grande SERPENTE que segundo os povos bantus,
Luango, Bakimba e Mayombe, “surge das águas e se encarama na árvore mais alta quando quer
parar a chuva”.

- O MAR é chamado NZAMBI KALUNGA e é também o maior Nkisi na hierarquia dos terreiros.

- A MORTE é associada ao BOSQUE e ao MAR. Ao bosque porque é o lugar onde se enterra o


morto; e o mar porque para os povos bantus é uma imensidão desconhecida e aterradora. Além
disso, durante muitos séculos eles viram desaparecer nele, os barcos carregados de escravos
que nunca mais regressaram. A morte
personificada em KALUNGA NGOMBE significa literalmente “morte do gado”, isto é também
devido as doenças e seqüelas trazidas por este personagem sinistro. Rei do mundo
subterrâneo dos mortos, é equivalente a Xapanã , Obaluaié e Omolu dos nagôs.

- RYANG´OMBE é um personagem associado aos vulcões, guerreiro feroz, que porta uma
espada sendo, entretanto muito justo e benfeitor!

TATA GONGOFILA

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