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Caderno - Arbitragem Uni 2

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Harmonia com demais cláusulas do instrumento;


Sistematização: Cada ideia é uma cláusula diferente, devendo-se prever problemas
futuros e colocar a solução no contrato;
Utilização de temas definidos: Muitos contratos evitam trazer glossários;
Check-list dos componentes da cláusula compromissória;

5. Exemplos:

CCI (Paris): Todos os litígios oriundos do presente contrato ou com ele relacionados
serão definitivamente resolvidos de acordo com o Regulamento da CCI, por um ou
mais árbitros nomeados desse regulamento.
AAA (Nova York);
CCBC (São Paulo);
ACB (Salvador);

III cláusula compromissória específica

Investigação da vontade das partes

Investigação das circunstâncias fáticas

Respeito às diferenças culturais ex: franceses geralmente copiam e colam a cláusula da


CCI.

AULA 10 OFICINA DE REDAÇÃO


Sem anotações. Aula opcional com exemplos para quem quer seguir a carreira de
arbitragem. Não cai na avaliação.

AULA 11 ARBITRABILIDADE

1. Arbitrabilidade:

Arbitrabilidade consiste na possibilidade de se submetermos um litígio a uma decisão por via


arbitral.

A arbitrabilidade pode ser:

Thiago Coelho (@taj_studies)


61

Objetiva: Diz respeito ao objeto (qual tipo de relação jurídica pode ser levada para
uma arbitragem);
Subjetiva: Concerne aos sujeitos (quem são as pessoas físicas ou jurídicas que podem
ser partes de um processo arbitral);

Art. 1º - LA: As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir
litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

Haverá arbitrabilidade subjetiva quando as partes apresentam capacidade de contratar

Para ter arbitrabilidade objetiva é necessário que o litígio se refira a direitos patrimoniais
disponíveis (de cunho econômico e que podem ser negociados).

2. A arbitrabilidade objetiva:

Disputas sobre direitos patrimoniais disponíveis.

Os recursos devem ser associados a direitos de conteúdo econômico, mas não


necessariamente. Ex: Uma fiscalização da condição sanitária de determinado produto
comercializado (conteúdo de saúde pública e não econômico).

É preciso, também, que o direito seja disponível. O direito é dito disponível quando passível
de

Alienação, venda, doação: Possível de transferência;


Renúncia (ex: crédito): Extinto mediante a mera vontade do titular; ou
Transação: Não é sinônimo jurídico de operação econômica, mas um contrato típico
regido pelo art. 840 e s. do Código Civil. Extingue-se conflitos mediante concessões
mútuas (acordo). Ex: A resolve pagar B e B resolve tirar a ação contra A sobre danos
reais.

As fontes de direitos patrimoniais disponíveis são as mais variadas: negócios jurídicos, atos
jurídicos não negociais (atos jurídicos stricto sensu, atos ilícitos, eventos de natureza, fatos
materiais...).

São disputas excluídas da arbitragem aquelas sobre:

Atos de jus imperii (atos administrativos de império) Ex: Apreensão de armas na


fronteira entre Brasil e Paraguai;
Estado pessoal. Ex: O direito a filiação entre aluno e faculdade;
Direitos de personalidade
Os reflexos dos direitos de personalidade podem ser levados a arbitragem. Ex:
Danos morais. A honra pode ser objetiva (reputação social) ou subjetiva
(autoestima do sujeito) ambas gozam de proteção constitucional. A honra
Thiago Coelho (@taj_studies)
62

em si não é objeto de arbitragem, mas o direito à indenização por danos à


honra objetiva (ex: a inclusão indevida no Serasa) pode ser objeto de
arbitragem.

3. Questões polêmicas:

a) Disputas trabalhistas.

Dissídios coletivos (há, em um dos polos, um sindicato) não há discussão,


admitindo-se expressamente a arbitrabilidade (art. 114, § 1º, CF)

Art. 114, § 1º - CF/88: Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

Dissídios individuais: Divergência doutrinária


Parte da doutrina afirma que sim, é possível submeter dissídios individuais ao
juízo arbitral. A CF foi omissa, mas não proibiu;
Parte da doutrina afirma que não, uma vez que a arbitragem se restringe a
questões civis e comerciais. Ademais, a CF, no art. 114, § 1º quis proibir tal
arbitrabilidade. Existe, também como argumento, a hipossuficiência do
empregado perante o empregador (não haveria paridade de armas em uma
possível arbitragem);
Surgiu uma corrente intermediária: Há a possibilidade, todavia, somente para
alguns dissídios individuais trabalhistas só para auto empregados (aqueles
que exercem funções executivas, têm remuneração elevada, são ouvidos
diretamente pelo empregador >> hipossuficiência reduzida...);
Jurisprudência do TST: Proibição da arbitragem no que tange aos dissídios
trabalhistas individuais;

Thiago Coelho (@taj_studies)


63

Veto parcial à Lei n. 13.129/2015, a qual adotou a corrente intermediária (art.


4º, § 4º): manutenção da proibição;
A reforma trabalhista (Lei n. 13.467/2017) do Governo Temer:

Art. 1º. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de
1º de maio de 1943, passa a vigorar com as seguintes alterações:

Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas
vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência
Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa
do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei no
9.307, de 23

Para Gabriel Seijo, o legislador foi feliz na inclusão do art. 507-A, contudo, o valor fixado foi
muito baixo para concretizar uma efetiva liberdade no que tange à cláusula compromissória.

b) Disputas consumeristas (relativas ao Direito do Consumidor):

Ineficácia da convenção de arbitragem (CDC, art. 51, VIII).

Veto parcial à Lei n. 13.129/2015, estando ainda em vigor o referido artigo do CDC.

É permitida a inclusão de cláusula arbitral nos contratos de consumo, desde que o


consumidor inicie ou concorde com o fornecedor começar o processo arbitral. Não basta,
portanto, o consentimento na cláusula compromissória é necessária a concordância,
expressa ou tácita, por parte do consumidor.

Thiago Coelho (@taj_studies)


64

Gabriel Seijo
permitiria amplamente a arbitragem em disputas consumeristas.

c) Disputas societárias:

Disputas que mais demandam a intervenção de árbitros.

Aplicação a litígios entre sócios ou entre sócios e sociedade


Aplicação a litígios envolvendo sócios fundadores;
Aplicação a disputas envolvendo novos sócios;

A cláusula compromissória em estatutos e contratos sociais pode ser inserida


posteriormente.

Não há arbitragem sem consenso. Se um sócio aparece na assembleia e vota contra (não se
abstendo) à arbitrabilidade, o que acontece?

Parte da doutrina afirma que tal sócio não está vinculando à convenção de
arbitragem;
Por outro lado, parte da doutrina afirma que ingressar em uma sociedade significa se
vincular à decisão tomada pela maioria, mesmo que contra seu voto (consentimento
indireto/prévio);

O legislador foi feliz ao alterar a LSA:

Quórum de aprovação: maioria simples (art. 136, LSA);


Vacatio de 30 dias (art. 136-A, § 1º, LSA) prazo para início da vigência da convenção
de arbitragem;
Direito de retirada do acionista dissidente (art. 136-A, LSA) a lei confere opção ao
sócio, podendo o que votar contra sair da sociedade ou continuar na sociedade
(consentindo com a arbitragem preserva-se o consensualismo: ninguém é obrigado
a ficar, mas se ficar, está consentindo);
Há, entretanto, dois casos que esse direito de retirada do acionista dissidente não se
aplica:
Caso a inserção seja condição para que os valores mobiliários da
companhia sejam negociados em segmento de listagem de bolsa de
valores ou de mercado de balcão e organizado que exija dispersão
acionária mínima de 25% das ações de cada espécie ou classe;
Inaplicabilidade caso as ações da companhia tenham liquidez e

Thiago Coelho (@taj_studies)


65

d) Disputas sobre insolvência:

Se um sociedade vem a falir, isso não afeta a cláusula compromissória.

Cláusula compromissória em plano de recuperação judicial: Principal mecanismo de


proteção jurídica das empresas. Um devedor empresário pode dar início a um
processo judicial que acarretará a suspensão da maioria das execuções que ele tem
contra si, propondo aos credores medidas em prol da saúde financeira da empresa. A
dúvida diz respeito ao credor que votou contra será que ele se vincula mesmo
tendo se posicionado desfavoravelmente à arbitragem? Gabriel Seijo entende que
ele não está vinculado (consentiu por força de lei e a lei não poderá subtrair da
apreciação do Judiciário ameaça ou lesão a direito art. 5º, XXXV, CF/88).

e) Disputas de família e sucessões:

Depende se for em relação a uma questão de direito patrimonial disponível.

Ex: A e B resolvem se divorciar, mas não chegam a um consenso acerca da partilha dos bens.
É plenamente possível o ingresso no juízo arbitral.

Não se pode ter arbitragem, por exemplo, no caso de verificação da paternidade (não
envolve direitos patrimoniais).

A condição de herdeiro pode ser definida por arbitragem, assim como quais bens e como
dividir os bens.

Partilha nas sucessões testamentárias (CPC, art. 610)

Art. 610 CPC: Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário


judicial.

A lei disse menos do que queria, não havendo proibição da arbitragem.

f) Disputas ambientais:

É possível, desde que envolva questões patrimoniais.

Ex: A investigação do responsável pelo derramamento de petróleo nas praias do Nordeste


entre 2019 e 2020. O prejuízo a quem sofreu os impactos do petróleo, por exemplo, é uma
questão que pode ser submetida à arbitragem.

g) Disputas desportivas:

Thiago Coelho (@taj_studies)


66

Os estatutos de diversas organizações esportivas preveem que a jurisdição apropriada para


questionar as decisões administrativas é a arbitragem.

A CBF está criando uma câmara de arbitragem.

A FIFA prevê que as decisões que toma em relação aos seus associados podem ser revistas
por um tribunal arbitral perante CAS (Corte Arbitragem de Arbitragem).

h) Disputas administrativas:

É possível arbitragem desde que sobre atos de gestão e não atos de império.

Ex: A locação de uma sala pelo estado da Bahia.

Os contratos administrativos no geral como uma licitação admitem arbitragem.

i) Disputas tributárias:

Depende de uma mudança na lei no que tange à disponibilidade.

4. A arbitrabilidade subjetiva:

Se refere aos sujeitos da arbitragem.

Os sujeitos devem ser capazes, a qual deve ser verificada no tempo em que o ato é praticado
e de acordo com a lei do local do domicílio das partes.

Situações polêmicas:

a) Entes da Administração Pública: Podem ser partes da arbitragem, tanto entidades da


Administração Pública Direta (estados, DF), como da Indireta (autarquias, fundações
públicas, empresas públicas...).

O problema da indisponibilidade do interesse púbico: Solucionada através da distinção entre


atos de império (não admitem arbitragem) e atos de gestão.

No acórdão 2345, o TCU reconheceu a decisão do STJ, admitindo a arbitragem em contratos


administrativos.

Thiago Coelho (@taj_studies)


67

Em 2015 a Lei de Arbitragem foi alterada pela Lei n. 13.129/2015, incluindo os parágrafos 1º
e 2º no art. 1º.

Art. 1º - LA:

§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir


conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. (Incluído pela Lei nº 13.129,
de 2015) (Vigência)

§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração


de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou
transações. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)

Hoje, a Administração Pública (Direta e Indireta) tem arbitrabilidade subjetiva e não se


discute isso.

b) Entes despersonalizados:

subjetiva. Seria isso uma proibição à arbitrabilidade subjetiva dos entes despersonalizados?

Para Gabriel Seijo, não. Os entes despersonalizados como os condomínios, embora não
tenham personalidade, celebram contrato e, portanto, não são excluídos pelo referido
artigo.

Condomínio edilício (áreas privadas e áreas comuns);


Espólio: Partilha do patrimônio (massa de bens e obrigações) do morto;
Massa falida: Quando o empresário tem a sua falência decretada, os direitos e
obrigações desse empresário passam a formar a massa falida.

Todos os entes despersonalizados supracitados são detentores de arbitrabilidade subjetiva.

No que tange à massa falida tem-se um enunciado do CJF (natureza doutrinária, não são leis
e nem jurisprudência).

Thiago Coelho (@taj_studies)


68

AULA 12 PODERES DO ÁRBITRO

1. Poderes do árbitro e tutela jurisdicional:

Tutela de conhecimento (arts. 18 e 31 LA): Visa à declaração de um direito;

Art. 18 LA: O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a
recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.

Art. 31 LA: A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos
efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória,
constitui título executivo.

Tutela cautelar (art. 22-B LA): Visa à proteção de um direito. Possibilidade do


árbitro de emergência;

Art. 22-B LA: Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a
medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário. (Incluído pela
Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)

Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência será


requerida diretamente aos árbitros. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)

Tutela de execução: Serve para satisfazer o direito. Envolve o monopólio estatal da


força, portanto, os árbitros não apresentam tutela de execução.

2. O princípio competência-competência:

Thiago Coelho (@taj_studies)


69

Durante a tramitação do processo arbitral, não cabe interferência do Poder


Judiciário;
Poder do árbitro de julgar a priori a própria jurisdição. Se uma das partes disser que o
árbitro não é competente, quem vai julgar a competência é o árbitro;
Poder de julgar a priori a existência, validade e eficácia da convenção arbitral (art. 8º,
p. único LA). Quem julga a existência, validade e eficácia da convenção arbitral é o
árbitro e não o Judiciário;

Art. 8º, Parágrafo único LA: Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das
partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e
do contrato que contenha a cláusula compromissória.

Poder de julgar a priori a arbitrabilidade (art. 20 - LA). Arbitrabilidade consiste na


possibilidade de se submetermos um litígio a uma decisão por via arbitral.
Poder de julgar a priori os próprios impedimentos e suspeições (art. 15 LA):
Semelhante aos demais;
Controle judicial a posteriori (arts. 20, § 2º, 32 e 33 LA);

Art. 20, § 2º - LA: Não sendo acolhida a argüição, terá normal prosseguimento a arbitragem,
sem prejuízo de vir a ser examinada a decisão pelo órgão do Poder Judiciário competente,
quando da eventual propositura da demanda de que trata o art. 33 desta Lei.

Art. 32 LA: É nula a sentença arbitral se:

I - for nula a convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 13.129, de


2015) (Vigência)

II - emanou de quem não podia ser árbitro;

III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;

IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;

V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; (Revogado pela Lei nº


13.129, de 2015) (Vigência)

VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva;

VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e

Thiago Coelho (@taj_studies)


70

VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.

Art. 33 LA: A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a
declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)

Uma parte que considere que a arbitragem está lhe prejudicando deve permanecer calada
até a conclusão do processo arbitral. O Poder Judiciário só pode interferir após concluído o
processo arbitral. Essa contenção se faz plausível a fim de assegurar a eficácia e a duração
razoável do processo arbitral.

O número de processos arbitrais anulados é baixíssimo. Logo, o Poder Judiciário tende a


concordar com as decisões arbitrais.

3. Natureza jurídica do árbitro:

O árbitro é juiz de fato e de direito (art. 18 LA). A letra da lei é questionada por parte da
doutrina, mas a expressão se fez plausível para reafirmar e consolidar o cunho jurisdicional
da arbitragem.

Equiparação a funcionário público para fins penais (art. 17 LA). Os árbitros, portanto,
podem cometer crimes relativos ao cargo de funcionário público (ex: corrupção passiva,
prevaricação, etc).

Arbitro presidente (art. 13, § 4º - LA):

Presente, obviamente, quando há tribunal arbitral;


Dirige os trabalhos da audiência;
Faz a interface da comunicação com os co-árbitros;
Redige as primeiras minutas da decisão;
Havendo empate, prevalece o voto do presidente;
Método de escolha: autonomia privada;

Secretário:

Auxilia no trabalho do tribunal arbitral;


Método de escolha: autonomia privada
Thiago Coelho (@taj_studies)
71

Pode ser um árbitro ou terceiro;


Geralmente é um advogado mais jovem;

4. Nomeação do árbitro:

Número de árbitros:

Número ímpar (art. 13 LA) geralmente um ou três árbitros. É melhor o colegiado


para ter dialética e contraposição na hora de decidir em comparação ao arbítrio de
um único indivíduo;
Juízo arbitral singular (art. 13, § 1º);
Tribunal arbitral (art. 13, § 1º);

Definição do método de indicação pelas partes:

Autonomia privada e ordem pública: A ordem pública deve ser respeitada, apesar de
ser um termo amplo;
Definição de método específico para nomeação (art. 13, § 3º - LA): Há uma maneira
específica para nomear o árbitro;
Adesão às regras de instituição arbitral (art. 13, § 3º - LA) como a CCI, por exemplo;
Podem as partes indicar (embora seja raro se chegar a um consenso);
Pode ocorrer a indicação pela instituição arbitral;
Pode ocorrer a indicação por terceiro;
Pode ocorrer a indicação pelo Poder Judiciário (cláusula vazia);

Muitas instituições arbitrais publicam listas de árbitro que podem ser abertas ou fechadas,
sendo que nas abertas é permitida a nomeação de um árbitro fora do rol. As listas fechadas
são vistas como uma má prática de mercado.

Confirmação: Controle pela instituição arbitral (art. 13, § 4º - LA):

5. A arbitragem multiparte (art. 13, § 4º LA):

Assemelha-se ao litisconsórcio: tem-se mais de uma parte em um dos polos ou em ambos


requerente/requerido).

Quando se tem várias partes em um mesmo polo, as partes de um mesmo polo indicam um
único árbitro deve ocorrer um consenso.

Thiago Coelho (@taj_studies)


72

Pode ser que não haja um consenso em um dos polos (caso Paranapanema). Daí admite a
interferência da instituição arbitral na escolha, ou até mesmo, do Judiciário.

O árbitro deve ser imparcial (paridade de armas), mantendo-se equidistante das partes,
contudo, a neutralidade é uma utopia. Dessa forma, a escolha de um árbitro sobretudo
quando há um estudo prévio acerca da sua postura acerca de determinada seara é um
poder de influenciar a decisão arbitral.

6. Qualificação do árbitro:

Capacidade e confiança (art. 13 - LA) + Previsão de qualificação adicional na cláusula arbitral

O árbitro é capaz e deve ter a confiança das partes. Confiança aqui é objetivamente
constatada pela independência, imparcialidade e pelo conhecimento da matéria a ser
decidida.

7. Imparcialidade (art. 13, § 6º - LA):

Imparcialidade: O árbitro deve ser imparcial (art. 13, § 6º - LA);


Independência (art. 13, § 6º - LA): Imparcialidade não significa independência,
embora caminhem juntas e estão expressas no parágrafo 6º do art. 13 da Lei de
Arbitragem;
Habilidade (competência) (art. 13, § 6º - LA): O árbitro deve ter habilidade, ou seja,
conhecimento da matéria;
Diligência (art. 13, § 6º - LA): Atuar com zelo
Discrição: Não pode comentar, nem falar do seu caso;
Revelação (art. 14, § 1º - LA): O árbitro deve fazer o disclosure, ou seja, impedir que
as partes influenciem na sua independência e imparcialidade;

A Lei 9.307 (LA) traz uma imparcialidade legal mínima, estando o árbitro submetido às
mesmas regras de impedimento e suspeição presentes no CPC/15. Aqui é uma exceção
aplicação do CPC porque há disposição expressa na Lei de Arbitragem.

Imparcialidade legal mínima:

Equiparação a juiz estatal (art. 14 LA);


Ausência das garantias constitucionais da magistratura;

Thiago Coelho (@taj_studies)


73

Criação de normas adicionais;

Arguição de impedimento ou suspeição:

Primeira oportunidade para falar nos autos (arts. 15 e 20 - LA); Acolhimento:


substituição (arts. 15, p. único, 16 e 20 § 1º - LA). Rejeição: prosseguimento e
possível anulação (arts. 20, § 2o, 32, II e 33).
Podemos ter normas de imparcialidade nos regulamentos de arbitragem e nos
códigos de ética dos árbitros pelas instituições arbitrais.

Diretrizes da IBA relativas a Conflitos de Interesses em Arbitragem Internacional: traz várias


recomendações, as quais variam de gravidade.

LISTA VERDE Inexistência de dever de revelação;


Impossibilidade de recusa pelo interessado;

Ex: Um árbitro leciona na faculdade de um


dos advogados;
LISTA LARANJA Zona limítrofe tem-se o dever de revelar,
mas caso não haja impugnação, o árbitro
permanece;

Dever de revelação;
Aceitação pelo interessado: permanência do
árbitro;
Recusa pelo interessado: investigação dos
fatos;
Ex: O árbitro e o advogado de uma das
partes integram mas não integram mais
o mesmo escritório de advocacia.
LISTA VERMELHA RENUNCIÁVEL Dever de revelação;
Aceitação pelo interessado: permanência do
árbitro;
Recusa pelo interessado: substituição do
árbitro;

Ex: Um árbitro, bastante qualificado, foi


casado com uma das partes, mas já se
separou faz tempo.
LISTA VERMELHA IRRENUNCIÁVEL Situações mais graves;

Thiago Coelho (@taj_studies)


74

Dever de revelação;
Impossibilidade de aceitação pelo
interessado;

Ex: O árbitro é parente ou representante de


uma das partes ou, até mesmo, uma das
partes;

8. Responsabilidade civil do árbitro:

Responsabilidade subjetiva: Exige a prova de dolo/culpa;


Quanto à responsabilidade penal, o árbitro é equiparado a funcionário público,
podendo responder pelos crimes a ele inerentes (ex: prevaricação e corrupção
passiva).

Próxima aula: Procedimento arbitral.

AULA 13 PROCEDIMENTO ARBITRAL

1. Inexistência de procedimento previsto em lei:

Procedimento significa como esses atos são praticados e como se organizam em uma
sequência. O procedimento carrega consigo a ideia de rito. O passo a passo que o processo
percorre é o que chamamos de procedimento.

A lei de arbitragem, não querendo a arbitragem engessada, deseja que a arbitragem seja
definida através das circunstâncias de cada caso e, por isso, não há procedimento previsto
no diploma. Tem-se o que chamamos de flexibilidade do procedimento arbitral. Conforme
as necessidades de determinada disputa, molda-se o caminho até a decisão arbitral. As
partes, no exercício da autonomia privada, podem modelar os procedimentos previstos em
lei.

Como a autonomia privada é um direito/poder garantido por lei, este direito é limitado
também pelo próprio ordenamento jurídico. A arbitragem, sendo exercício de jurisdição,
deve respeitar as garantias processuais fundamentais, entre as quais pode-se destacar o
devido processo legal, contraditório, ampla defesa, paridade de armas, fundamentação das
decisões e assim por diante.

Não havendo acordo entre as partes, cabe ao(s) árbitro(s) escolher os procedimentos.

Thiago Coelho (@taj_studies)


75

2. Técnicas para a definição do procedimento:

Adesão a procedimento de instituição (art. 21 LA): Pode-se aderir aos


procedimentos presentes no regulamento de uma instituição como a CAMARB, por
exemplo.

Problemas da modificação do procedimento em arbitragem institucional:


Pode-se alterar os procedimentos, desde que tal mudança não atente contra
um aspecto fundante/estruturante do regulamento uma vez que a câmara
não aceitará celebrar o procedimento. Ex: A CCI tem previsão de uma análise
da sentença para dar sugestões aos árbitros antes que a sentença seja
assinada pelas partes (controle de qualidade). Ora, se as partes dispõem que
não haverá tal análise, a CCI se negará a realizar a arbitragem;

Problemas da adoção de procedimento de instituição em arbitragem ad hoc:


Outro exemplo trata-se da arbitragem ad hoc, sob pena de se constatar o
mesmo problema no que tange à modificação de regulamentos institucionais.

3. Fases do procedimento arbitral:

Quod Plerumque accidit: Aquilo que geralmente acontece.

Fase de instauração:
Fase de organização;
Fase de desenvolvimento:
Bifurcação;
Sequenciamento;

4. A fase de instauração:

Fase inicial do procedimento arbitral.

Critério da lei:
Investidura dos árbitros (art. 19 LA);
Retroatividade à data do requerimento (art. 19, §1º - LA);

Critério de regulamento. Ex: CCI 2017 art. 4(2): A data do recebimento do


Requerimento pela Secretaria deverá ser considerada, para todos os efeitos, como
a data do início da arbitragem.

Thiago Coelho (@taj_studies)


76

Principais marcos.

a) Requerimento de instauração de arbitragem:

Conteúdo - ex: art. 4(3) do Regulamento CCI: O Requerimento deverá conter as seguintes
informações (...)

A fase de instauração não se confunde com uma petição inicial, uma vez que nesta (petição
inicial) deve conter todos os pedidos das partes. Na arbitragem, na fase de desenvolvimento
teremos a oportunidade de fazermos o desenvolvimento das nossas alegações.

b) Resposta do requerido:

Resposta do requerido x contestação;


Pedido contraposto (reconvenção);
Cross claims;

c) Indicação dos árbitros;

d) Verificação da imparcialidade e independência dos árbitros: Cabe às partes realizar a


impugnação da possível parcialidade ou dependência dos árbitros, que será
analisada. Caso indeferida ou caso não haja a manifestação de qualquer das partes, o
processo arbitral seguirá;
e) Investidura dos árbitros: A confirmação do árbitro, sendo depositado de confiança
desde a nomeação até o final do processo arbitral, com a elaboração da sentença;
f) Estratégias para a fase de instauração: Os procedimentos trazidos pelos
regulamentos não são muito detalhados;

5. Fase de organização:

É nessa fase de organização em que se fixa de modo definitivo qual é o pedido do


requerente.

Etapas: Termo de arbitragem, decisão dos árbitros sobre o procedimento e cronograma


provisório.

Principais marcos:
Thiago Coelho (@taj_studies)
77

Eventual adendo à convenção de arbitragem (art. 19, § 2º - LA);


Ato de missão, termo de arbitragem ou termos de referência;

Termo de arbitragem não se confunde com compromisso arbitral. O compromisso arbitral é


uma espécie de convenção de arbitragem que apresenta o litígio já configurado. O termo
arbitral põe ordem e método no processo arbitral.

Possibilidade de dispensa para regulamento: casos de arbitragem expedita

Tem-se também um cronograma provisório o que de certa forma permite uma maior
previsibilidade ao longo do processo arbitral.

6. Fase de desenvolvimento:

Subfase postulatória:

Envolve alegações iniciais, respostas, réplicas e tréplicas. As partes, aqui, devem dizer o que
realmente têm em mão, tudo o que querem expor.

Pode haver revelia caso uma parte não se defenda.

Parte da doutrina considera existir uma subfase de produção de documentos. As partes


solicitam os documentos que os interessam e que estão na posse da outra parte.

Subfase de saneamento:

A princípio não há pois o problema em tese já foi resolvido, mas podem existir questões a
serem resolvidas mediante bifurcação.

Subfase instrutória:

Voltada para a produção de provas.

A maioria dos regulamentos é omissa acerca de como as provas serão feitas. Desse modo, as
partes e caso não haja consenso, os árbitros serão os encarregados de tal missão.

Daí emerge a importância do Soft law (IBA Rules on the Taking of Evidence in International
Arbitration e Regras de Praga).

Thiago Coelho (@taj_studies)


78

Método de produção das principais espécies de prova:

a) Documentos:

Apresentação de documentos pela parte;


Exibição de documentos pela parte contrária e terceiros;
Redfern Schedule;
Discovery e e-discovery: deve-se tomar bastante cuidado. Caso o advogado entregue
os documentos, isso não será objeto de discovery;

b) Depoimento pessoal inquirição direta, inquirição pelo próprio advogado da parte


ou influência da ausência sem justa causa sobre a sentença (art. 22, § 2º - LA).

c) Testemunhas: Também podem participar do processo arbitral.

Condução coercitiva (art. 22, § 2º - LA) contudo, o árbitro necessita da


colaboração do Judiciário uma vez que não possui tutela executória.
A inquirição pode acontecer pelos árbitros, de forma direta pelos advogados ou
com o intermédio dos advogados.
São vedados procedimentos fustigatórios (que provoquem um constrangimento
nas testemunhas).

Subfase decisória: Proferida a sentença e demonstradas as possíveis soluções.

AULA 14 SENTENÇA ARBITRAL

1. Correção e esclarecimentos da sentença arbitral Hipóteses de cabimento:

Erro material (art. 30, I, LA) ex: Colocou o valor da causa em dólares ao invés de
real;
Obscuridade (art. 30, II, LA) ex: Falta de clareza;
Contradição (art. 30, II, LA) ex: Um trecho contradiz o que foi anteriormente dito;
Omissão (art. 30, II, LA) ex: Falta de determinada informação;
Dúvida (art. 30, II, LA) ex: Necessidade de se sanar eventuais dúvidas existentes;

Thiago Coelho (@taj_studies)


79

Prazo (art. 30, LA): No prazo de 5 (cinco) dias, a contar do recebimento da notificação ou da
ciência pessoal da sentença arbitral, salvo se outro prazo for acordado entre as partes, a
parte interessada, mediante comunicação à outra parte, poderá solicitar ao árbitro ou ao
tribunal arbitral que (...)

Efeito modificativo: É o efeito que certas medidas processuais têm de modificar uma decisão
anteriormente proferida.

Ex: A interpõe um recurso de apelação, o qual foi deferido. O tribunal contempla a


apelação com efeitos modificativos;
Ex: Descobre-se o alcance de um prazo prescricional, o que modifica os efeitos da
sentença;

2. Decisão:

Aditamento à sentença (art. 30, p. único, LA).

Art. 30, Parágrafo único LA: O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá no prazo de 10 (dez)
dias ou em prazo acordado com as partes, aditará a sentença arbitral e notificará as partes
na forma do art. 29. (Redação dada pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)

3. Impugnação da sentença arbitral:

O direito brasileiro veda as medidas anti-arbitragem o Judiciário não pode proferir


decisões com o intuito de impedir a instauração ou a continuação da arbitragem.

Durante a tramitação do processo arbitral, não é possível ingressar no Judiciário. É


necessário aguardar o término do processo arbitral, pode-se pleitear a anulação da sentença
arbitral com base nos incisos do art. 32 da Lei n. 9.307/96. Se houve, por exemplo, violação
à ampla defesa, é necessário aguardar o final do processo arbitral, sendo aconselhada a
realização de uma petição para ressalvar os direitos.

Ação de impugnação da sentença arbitral e recurso;


Ação de impugnação da sentença arbitral e rescisória;
o Os fundamentos devem ser pautados no art. 32 da LA, na ordem pública ou
no art. 966 do CPC;

Via processual de invalidação modos:


o Processo autônomo (art. 33, § 1º - LA): Concluída arbitragem, se instaura um
novo processo;

Thiago Coelho (@taj_studies)


80

o Impugnação ao cumprimento da sentença (art. 33, § 3º - LA): Em prol da


economia processual e da eficiência não se instaura um novo processo. A
impugnação é feita dentro da defesa, desde que respeitado os 90 dias.

Prazo para impugnação da sentença arbitral: 90 dias (art. 33, § 1º - LA) contados a
partir do recebimento da impugnação.

o Pretensão condenatória = prazo prescricional;


o Pretensão desconstitutiva = prazo decadencial;
o Pretensão meramente declaratória = não há prazo;

É permitido discussão no que tange à prorrogação do prazo. Deve-se ter cautela para pedir
na sexta e não na segunda, por exemplo, a avaliação de um prazo que cai no domingo.

A impugnação da sentença parcial deve ser feita nos 90 dias da sua notificação e não nos 90
dias do processo como um todo.

Competência: A competência, como regra, é da justiça federal. A competência


residual é da justiça estadual.

Hipóteses de cabimento (art. 32 LA):

Rol taxativo (Numerus clausus): deve-se adequar a um dos fundamentos previstos em lei.

O simples inconformismo não gera o direito à impugnação arbitral (não é uma via recursal).

Além dos incisos do art. 32 contempla-


que impedir decisões que confrontam a ordem pública

Art. 32 LA: É nula a sentença arbitral se:

I - for nula a convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 13.129, de


2015) (Vigência)

Trata-se da inexistência, invalidade ou ineficácia da convenção de arbitragem. O árbitro tem


o poder a priori de julgar tais planos (art. 8º, p. único), havendo um controle a posteriori do
Judiciário.

Thiago Coelho (@taj_studies)


81

II - emanou de quem não podia ser árbitro;

Trata-se dos casos de impedimento, suspeição ou incapacidade do árbitro.

III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;

Trata-se da falta de relatório, fundamentação ou dispositivo.

IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;

Aqui há relação com o alcance subjetivo (em relação aos sujeitos) e objetivo (em relação ao
objeto) da convenção de arbitragem.

VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva;

Pelo art. 17 da Lei de Arbitragem, o árbitro é equiparado a funcionário público para fins
penais. Todos os crimes expressos no inciso VI são crimes que só podem ser praticados por
funcionário público. Fredie Didier Jr. e Gabriel Seijo consideram que os 90 dias decorrem a
partir da descoberta do delito.

VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e

Há também a hipótese do excesso de prazo (art. 12, III c/c 32, VII, LA). Na prática, isso não
ocorre muito, uma vez que o prazo de 6 meses (quase nunca cumprido)

VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.

Violação ao devido processo legal (contraditório, igualdade das partes, imparcialidade e


independência do árbitro ou livre convencimento motivado). O árbitro deve fundamentar
muito bem a sua decisão para impedir uma futura impugnação.

Violação à ordem pública: Não há previsão legal.


Thiago Coelho (@taj_studies)
82

4. Efeitos da impugnação:

Sentença citra petita: Sentença que não examina todas as situações postas para
julgamento do árbitro. Nesse caso não temos nenhuma nulidade (art. 33, § 2º, LA),
mas a parte pode pedir ao Judiciário que ordene os árbitros para proferir uma
sentença complementar (art. 33, § 2º, LA). Ex: A pediu a condenação de B por danos
morais e materiais. Se os árbitros deferirem somente a condenação por danos morais,
sem examinar os danos materiais, A pode pedir uma sentença complementar acerca
dos danos materiais a qual pode deferir ou indeferir.

Demais casos: Invalidação do processo a partir do surgimento do vício. Inexistência,


invalidade e ineficácia da convenção de arbitragem não permite a volta do processo
arbitral, mas a anulação de todo o processo.

5. Formação de coisa julgada material:

Se o título executivo é extrajudicial, o devedor pode apresentar qualquer matéria de defesa,


ao passo que se o título é judicial, a defesa deve se limitar às hipóteses previstas no CPC.

Para Gabriel Seijo, os árbitros são dotados de coerção indireta.

A competência para a execução da sentença arbitral depende se a sentença é brasileira ou


estrangeira.

6. Competência:

Critério para definição da nacionalidade: O local da assinatura ou sede da


arbitragem? (art. 34, p. único LA): Para Gabriel Seijo, a segunda teoria (critério da
sede) é a mais plausível em prol da segurança jurídica e do respeito à autonomia
privada. Todavia, parcela doutrinária caminha para a aplicação estrita do art. 34, p.
único da Lei de Arbitragem.

Se for brasileira:

Competência pautada no nosso ordenamento jurídico;

Thiago Coelho (@taj_studies)


83

Procedimento: citação pessoal do executado;


Impugnação do devedor: Restrição do conteúdo (art. 525, CPC) + pedido de
invalidade da sentença arbitral;

Se for estrangeira:

Qualquer ato normativo proveniente do exterior necessita de um reconhecimento da


autoridade competente para ingressar no ordenamento jurídico brasileiro;
Competência originária: STJ (art. 105, I, i, CF): o STJ deve homologar a sentença;
Leva-se de um a dois anos para homologar;
O STJ não pode modificar o mérito da sentença, deve homologar ou recusar a
homologação;
Legislação aplicável: LA, CNY (a Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras feita em
Nova York em 1958, promulgada pelo Decreto 4.311/2002), CPC, RISTJ;
Se o direito interno for mais favorável à homologação, aplica-se o direito interno;

Hipóteses de denegação instrução do pedido:

Falta da sentença original ou cópia autenticada, com tradução juramentada (CNY,


art. IV, 1, a; LA, art. 37, I; RISTJ, art. 216-C);
Falta da convenção de arbitragem original ou cópia autenticada, com tradução
juramentada (CNY, art. IV, 1, b; LA, art. 37, II; RISTJ, art. 216-C);

Hipóteses de denegação mérito da sentença:

Ofensa à ordem pública brasileira (CNY, art. V, 2, b; LA, art. 39, II; RISTJ, art. 216-
F);
Ofensa à soberania brasileira (RISTJ, art. 216-F);
Ofensa à dignidade da pessoa humana (RISTJ, art. 216-F);

Hipótese de denegação arbitrabilidade:

Falta de arbitrabilidade segundo a lei brasileira (CNY, art. V, 2, a; LA, art. 39, I;
RISTJ, art. 216-C);
Se as partes da convenção de arbitragem estavam, conforme a lei, de algum
modo incapacitadas (CNY, art. V, 1, a; LA, art. 38, I);

Thiago Coelho (@taj_studies)


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Hipótese de denegação convenção de arbitragem:

Se a convenção de arbitragem não é válida segundo a lei escolhida pelas partes,


ou, em sua falta, a do país onde a sentença foi proferida (CNY, art. V, 1, a; ; LA,
art. 38, II; RISTJ, art. 216-D, III);
Se a sentença se refere a uma divergência que não está prevista ou que não se
enquadra na convenção de arbitragem (CNY, art. V, 1, c);
Se a sentença contém decisões sobre matérias que extrapolam a convenção de
arbitragem, permitida a separação das matérias alcançadas pela convenção (CNY,
art. V, 1, c ; LA, art. 38, IV);

Hipótese de denegação processo e procedimento arbitrais:

Se a parte vencida não recebeu notificação apropriada acerca da designação do


árbitro ou do processo arbitral, ou lhe foi impossível, por outras razões,
apresentar seus argumentos (CNY, art. V, 1, b; LA, art. 38, III);
Se a composição da autoridade arbitral ou o procedimento arbitral não se deu
conforme o acordado pelas partes, ou, na falta de tal acordo, a lei do país em que
a arbitragem ocorreu (CNY, art. V, 1, d; LA, art. 38, V);

Hipótese de denegação validade e eficácia da sentença:

Se a sentença arbitral ainda não transitou em julgado (RISTJ, art. 216-D, III);
Se a sentença ainda não se tornou obrigatória para as partes (CNY, art. V, 1, e;
LA, art. 38, VI);
Se a sentença foi anulada ou suspensa por autoridade competente do país em
que, ou conforme a lei do qual, foi proferida (CNY, art. V, 1, e; LA, art. 38, VI);

A competência da execução de sentenças estrangeiras sejam arbitrais ou judiciárias é da


justiça federal, já que a representação do Brasil nas relações internacionais cabe à União. O
procedimento é próprio e específico.

Thiago Coelho (@taj_studies)


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2ª MONITORIA ARBITRAGEM 26.11.2022


OBSERVAÇÕES GERAIS 4 questões;
2 questões de argumentar verdadeiro ou falso;
2 questões práticas;
1 questão de extensão subjetiva e objetiva;
1 questão sobre arbitrabilidade;
Provavelmente terá uma atividade extra valendo
1,0;
Questões mais importantes: arbitrabilidade
objetiva dos dissídios trabalhistas e
consumeristas;
REQUISITOS DE VALIDADE DA Sujeito capaz;
CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM Objeto lícito, possível, determinado ou
determinável;
Forma prevista ou não defesa em lei. No geral há
o princípio da liberdade da forma, todavia, há
determinadas exceções em que a lei impõe uma
determinada forma que, caso não seja seguida, a
convenção de arbitragem é nula;
A Lei de Arbitragem exige a forma escrita
(reduzida a termo ou digitação). Isso gera um
debate doutrinário e jurisprudencial acerca de
que se o consentimento deve ser expresso ou
tácito;
ALCANCE SUBJETIVO DA Aqui se analisa as pessoas (as partes) que fazem
CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM parte da convenção de arbitragem;
Geralmente é alegado pela parte que pretende
inserir outra na disputa arbitral;
Sucessores a título inter vivos: As partes firmam
um contrato e cedem uma posição contratual a
terceiro (sub-rogação);
Sucessores a título causa mortis: Os herdeiros de
uma parte que faleceu estão submetidos à
convenção de arbitragem. Há uma substituição
em razão da morte (fato jurídico stricto sensu);
Estipulação em favor de terceiro: Raro de se
constatar na prática (como na doação ou
contratos envolvendo sociedades). Ex: Supondo
que uma empresa A faça um contrato com a

Thiago Coelho (@taj_studies)


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empresa B e faça um contrato paralelo com os


sócios da empresa B para que esses injetem
dinheiro em B para impedir a sua insolvência.
Extensão a integrantes do grupo
econômico/societário: Estar em um mesmo grupo
econômico por si só não implica na submissão à
convenção de arbitragem. É necessário o
cumprimento de determinados pressupostos
adicionais, entre os quais pode-se destacar:

Participação ativa ou passiva na negociação


do contrato;
Estar envolvido na execução do contrato
(direta ou indiretamente);
Estar representada no negócio jurídico;

Caso Dow Chemichal: Quando o conflito foi para


a arbitragem, houve o interesse em inserir outra
sociedade na arbitragem. Arguiu-se a teoria da
extensão a integrantes do grupo econômico
através do consentimento tácito por condutas
reiteradas. A sociedade que foi inserida acabou
sendo condenada, sendo a razão anteriormente
apresentada bem importante;
Caso Telleborg (artigo do Gustavo Tepedino): Por
participar de toda relação contratual, por ter
aparentado ser parte da relação e por ter
participado na negociação, não foi dado
deferimento ao pedido da empresa sueca;

Desconsideração da personalidade jurídica: O


direito brasileiro permite, que no casos de abuso
de direito (confusão patrimonial, fraude ou desvio
de finalidade), haja a desconsideração da
personalidade jurídica da sociedade para que os
sócios sejam responsabilizados;
ALCANCE OBJETIVO DA Análise das matérias que podem ser submetidas à
CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM arbitragem;
Compreende-se quais os substratos jurídicos para
as partes (trata de negócios jurídicos e de

Thiago Coelho (@taj_studies)


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matéria);
Em casos mais complexos, é provável que haja um
grupo de contratos: contrato principal e contratos
acessórios. Emergem, nesse cenário, algumas
discussões:
Havendo cláusula compromissória no principal, já
expressando que essa se estende a futuros
contratos;
Havendo cláusula compromissória no contrato
principal e todos os demais são omissos: Há

STJ);
Caso as partes tenham dado indícios de que a
cláusula compromissória só se aplica ao contrato-
mãe, as chances de se apresentar tal argumento
diminui;
ARBITRABILIDADE Arbitrabilidade consiste na possibilidade de se
submetermos um litígio a uma decisão por via
arbitral;
Pode ser objetiva ou subjetiva;

Objetiva: Diz respeito ao objeto (qual tipo de


relação jurídica pode ser levada para uma
arbitragem);
Subjetiva: Concerne aos sujeitos (quem são as
pessoas físicas ou jurídicas que podem ser partes
de um processo arbitral);
ARBITRABILIDADE OBJETIVA Somente se aplica a direitos patrimoniais e
disponíveis;
Os direitos patrimoniais, no geral, apresentam
valor econômico;
Válida a arbitragem para dissídios trabalhistas
coletivos (paridade de armas);
No que tange à arbitrabilidade de dissídios
trabalhistas individuais: Antes da reforma
trabalhista, existia uma divergência doutrinária:
Parcela da doutrina afirmava que não
cabia em nenhuma hipótese;
Parcela da doutrina afirmava que sempre

Thiago Coelho (@taj_studies)


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cabia;
Uma parcela mais moderada afirmava que
cabia somente para os alto-empregados
(redução da hipossuficiência perante o
empregador);
Com a reforma trabalhista de 2017 (art. 507-A,
CLT), pode-se ter arbitrabilidade em relação a
dissídios trabalhistas individuais, desde que
preenchidos os requisitos trazidos pelo diploma.
Deve ter iniciativa e consentimento expresso do
empregado, bem como respeitar o valor mínimo
de remuneração;
Art. 507-A CLT: Nos contratos individuais de trabalho
cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite
máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral
de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula
compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa
do empregado ou mediante a sua concordância expressa,
nos termos previstos na Lei no 9.307.

No que tange às disputas consumeristas, admite-


se a arbitrabilidade desde que haja iniciativa ou
consentimento expresso do consumidor
(proibição da arbitragem imposta, até porque
isso iria de encontro ao consensualismo enraizado
na natureza da arbitragem);
Veto parcial à Lei n. 13.129/2015, que alteraria o
Código de Defesa do Consumidor, estando ainda
em vigor o art. 51, VII, do CDC;

Disputas societárias:
A cláusula compromissória inserida em
um contrato antes de a sociedade existir
vincula todos os sócios;
Caso a cláusula compromissória seja
inserida com a sociedade já existente,
tem um debate interessante no que
tange àqueles que recusam. O
pensamento preponderante é de que os
sócios, mesmo votando contra, são

Thiago Coelho (@taj_studies)


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vinculados pela cláusula compromissória.


O art. 136 da LSA (Lei das Sociedades
Anônimas) dá a faculdade de retirada aos

As empresas em falência podem participar do


processo de recuperação judicial. Dentro do
processo judicial, cria-se um contrato para regular
a relação entre credor e devedor para conceder a
oportunidade da sociedade de reabilitar
economicamente;
Disputas de família: Apenas em relação a direitos
patrimoniais e disponíveis. No caso de inventários
com testamento, não se pode aplicar (direito não
disponível):
Disputas ambientais: Possível, desde que seja
sobre direitos patrimoniais;
Disputas desportivas: Permitida, inclusive
valendo ressaltar o CAS, tribunal arbitral
vinculado à FIFA;
Disputas administrativas: Possível, desde que
seja sobre atos de gestão e não sobre atos de
império. Nos atos de império, o Estado atua com
base na sua força;
ARBITRABILIDADE SUBJETIVA A Administração Pública Direta e Indireta pode
ser sujeito de arbitragem desde que para
direitos patrimoniais disponíveis e respeitando o
princípio da publicidade;
Os interesses primários são indisponíveis
(relacionados ao Ius imperii);
Permite-se a arbitragem em relação aos
interesses secundários (disponíveis = Ius
gestionis);
Entes despersonalizados condomínios, espólio e
massa falida podem se submeter à arbitragem.
ÁRBITROS O árbitro é juiz de fato e de direito e a sua decisão
constitui título executivo judicial (arts. 18 e 31
LA);
O árbitro apresenta tutela de conhecimento (arts.
18 e 31 LA), tutela cautelar e de urgência (art.

Thiago Coelho (@taj_studies)


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22-B LA);
O Judiciário pode interferir caso o tribunal arbitral
ainda não tenha sido constituído;
O árbitro não pode conceder tutela antecipada;
O árbitro não apresenta tutela de execução, papel
que será exercido pelo Judiciário;
Poder competência-competência: O árbitro é o
competente para julgar a sua própria
competência. Ademais, consoante o parágrafo
único do art. 8º, LA, o árbitro julgará a existência,
validade e eficácia da convenção de arbitragem;
Esses poderes do árbitro são a priori, em virtude
da possibilidade a posteriori de ação anulatória
do Judiciário;

O árbitro, para fins penais, será equiparado a


funcionário público no exercício da sua função de
árbitro (ex: peculato, corrupção passiva,...);
A indicação do árbitro pode acontecer pelas
partes (desde que garantida a paridade de
armas), por terceiro, pela instituição arbitral ou
pelo Judiciário (cláusula vazia);
A escolha de um árbitro sobretudo quando há
um estudo prévio acerca da sua postura acerca de
determinada seara é um poder de influenciar a
decisão arbitral;
O árbitro pode ser afastado nos casos de
suspeição ou impedimento (aplicação das regras
do CPC/15 art. 14 LA);
A arbitragem multiparte se assemelha ao
litisconsórcio: tem-se mais de uma parte em um
dos polos ou em ambos requerente/requerido)
vide o caso Paranapanema. As partes são
obrigadas a chegar a um consenso para a
indicação dos árbitros. Caso isso não aconteça os
árbitros serão nomeados pela câmara, por
terceiro ou pelo Judiciário;
O árbitro é um particular (art. 16 LA) e tem o
direito de escusa (de não julgar);
O árbitro deve ter a confiança das partes e ser

Thiago Coelho (@taj_studies)


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qualificado na matéria em questão;

Deveres dos árbitros:


Imparcialidade;
Independência;
Habilidade: Conhecimento da matéria;
Diligência: Atuar com zelo e ser proativo;
Discrição: O árbitro deve ser discreto (só se aplica
caso seja expresso na cláusula). Isso não se
confunde com confidencialidade (nem sempre a
arbitragem no Brasil é confidencial);
Revelação: O árbitro deve fazer o disclosure, ou
seja, impedir que as partes influenciem na sua
independência e imparcialidade;
CRITÉRIOS DE Soft law: Não vinculantes que podem ser
IMPARCIALIDADE (SOFT LAW) aplicadas ao procedimento arbitral;
Destaque para o IBA;

Lista verde: Não precisa revelar;


Lista laranja: É importante revelar. O árbitro pode
continuar com aceitação da parte;
Lista vermelha renunciável: Dever de revelação
(situações mais graves), sendo recomendado que
o árbitro seja excluído;
Lista vermelha irrenunciável: Dever de revelar e
ser imposta independentemente da vontade das
partes (casos extremamente graves). O árbitro
deve ser excluído;

Thiago Coelho T4A 2022.2

@taj_studies

Thiago Coelho (@taj_studies)

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