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Winni

WINICOT E SUA TEORIA

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Jéssica Galdino
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Propostas winnicottianas

Winnicott amplia a concepção de holding para incluir também a relação mantida por
uma determinada instituição com aquele que é acolhido por ela, e também dá uma
ênfase especial ao papel da família no tratamento dos pacientes.
Esse posicionamento abre perspectivas para a ampliação do enquadre analítico, no
esteio das contribuições mais gerais que alguns psicanalistas do grupo intermediário
deram para a inserção da psicanálise nas instituições de saúde.
Essa proposta está assentada no trabalho pediátrico e de assistência social que o
psicanalista desenvolveu, com destaque para algumas estratégias de interação (o jogo da
espátula e o do rabisco), bem como modulações de enquadre que ele propôs na
forma das consultas terapêuticas.
AMPLIAÇÃO DO ENQUADRE
a técnica winni propostas winnicottianas Winnicott amplia a concepção de holding
para incluir também a relação mantida por uma determinada instituição com aquele que
é
acolhido por ela, e também dá uma ênfase especial ao papel da família no tratamento
dos pacientes. Esse posicionamento abre perspectivas para a ampliação do
enquadre analítico, no esteio das contribuições mais gerais que alguns psicanalistas do
grupo intermediário deram para a inserção da psicanálise nas instituições de saúde.
Essa proposta está assentada no trabalho pediátrico e de assistência social que o
psicanalista desenvolveu, com destaque para algumas estratégias de interação (o jogo da
espátula e o do rabisco), bem como modulações de enquadre que ele propôs na
forma das consultas terapêuticas.
AMPLIAÇÃO DO ENQUADRE
a técnica winnicottiana
Winnicott foi um autor constantemente comprometido com a reavaliação dos princípios
básicos da técnica psicanalítica, assim como dos diversos elementos abordados pela
técnica clássica.A teoria da técnica em Winnicott é a de que o self sempre está em
processo de constituição e isto só se dá em presença do outro. Uma criança inicia o seu
desenvolvimento emocional muito cedo. Necessita de cuidados fornecidos por uma mãe
que se adapte às suas necessidades, que seja capaz de "viver no mundo do bebê, e
se adapte às suas necessidades de um modo fértil dando a base para que possa
estabelecer relações ricas com o mundo".
OBJETIVOS DA PSICOTERAPIA
Winnicott se refere ao processo psicoterápico considerando que uma análise nada mais é
do que uma anamnese prolongada feita pelo próprio paciente, uma relação humana
simplificada, uma provisão ambiental para que o paciente possa encontrar a sustentação
ambiental para retomar seu processo de amadurecimento. A psicoterapia se efetua na
sobreposição de duas áreas do brincar: a do paciente e a do terapeuta. Se o paciente não
pode brincar /falar, estar no discurso o trabalho do analista é ajudá-lo a sair desta
impossibilidade para ser aquele que brinca.
A tarefa do analista é acompanhar o paciente na retomada do amadurecimento
emocional, respeitando o rumo e o ritmo do paciente, permanecendo vivo, presente, o
processo analítico winnicottiano, ocorre a regressão do paciente a um
estado de dependência, acompanhada da sensação de risco inerente a essa
experiência. Esse retorno permite a emergência de um novo sentido do self,
anteriormente oculto, que se rende frente a um ego total. A partir desse
ponto, há uma progressão dos processos individuais que haviam sido
interrompidos, promovendo um descongelamento da situação de fracasso
ambiental, frequentemente projetado na transferência como um fracasso do
analista. Com um ego fortalecido, o paciente passa a se permitir sentir e
expressar ira em relação ao fracasso ambiental precoce, revivendo essa
experiência no presente. Essa etapa marca o retorno da regressão à
dependência, possibilitando um progresso ordenado rumo à independência.
No contexto das etapas do processo analítico, as necessidades e desejos pulsionais
tornam-se realizáveis, manifestando-se com vitalidade e vigor autêntico. Segundo a
técnica winnicottiana, para que a saúde mental se estabeleça, é essencial que o
nascimento do ser ocorra na presença de um outro que reconheça a humanidade do
recém-nascido e o introduza no mundo. A constituição da subjetividade depende da
presença desse outro, que desempenha um papel fundamental no desenvolvimento
emocional do indivíduo.
O diagnóstico realizado pelo psicoterapeuta winnicottiano baseia-se na avaliação das
necessidades do paciente, buscando identificar em qual estágio seu processo
maturacional foi interrompido. A partir dessa análise, o terapeuta adapta o setting
terapêutico de forma a fornecer as funções essenciais para que o paciente possa retomar
seu desenvolvimento. Dessa maneira, a terapia se propõe a acolher e tratar aqueles que
sofrem de um ou mais distúrbios maturacionais, proporcionando um ambiente
facilitador para a retomada do amadurecimento emocional.

desperto, preparado para participar profundamente nesse processo, com a sua história e
seu modo de ser, permanecendo aberto para poder modificar não só o que ele precisa
fazer (o seu método), mas a si mesmo, para que esse tipo de encontro possa ocorrer.
alguns elementos importantes do caso.
Na psicoterapia winnicottiana, o oferecimento de um referencial que inspire confiança é
essencial. O paciente winnicottiano, diante do sofrimento, envia sinais ao ambiente
pedindo ajuda. Winnicott compreende o paciente sempre a partir do ambiente,
reconhecendo-o como uma pessoa imatura, com tarefas inacabadas que urgem a
comunicar.
Há diferentes tipos de pacientes: (a) pessoas inteiras, cujas dificuldades estão
localizadas nos relacionamentos interpessoais e que já passaram pelo estágio do
concernimento, sendo indicadas para a técnica da livre associação; (b) pessoas recém-
integradas, que se encontram na análise do estágio do concernimento ou da posição
depressiva, sofrendo de depressões reativas (não psicóticas), para as quais a técnica
envolve a sobrevivência do analista, combinando livre associação e manejo
diferenciado; (c) pessoas não-integradas, que estão nos estágios iniciais do
desenvolvimento emocional e não alcançaram um sentido unitário do self ("Eu Sou"),
exigindo um manejo adaptado onde a interpretação é deixada de lado, caracterizando
um trabalho que "não é psicanálise".
Os pacientes que necessitam de interpretação, ou seja, da verbalização do inconsciente
reprimido, também requerem um tipo de cuidado. Na clínica, o paciente sempre estará
lidando com questões relacionadas ao existir e à construção de sua identidade. Cabe ao
terapeuta perguntar-se: "Como o meu paciente está existindo?". Os sintomas surgem
como formas de comunicação, organizando defesas contra a ansiedade. O papel do
analista é organizar os cuidados necessários para que o paciente possa retomar seu
amadurecimento, sem ser hipervalorizado, pois o grande trabalho é do paciente à
medida que faz suas próprias descobertas.
O objetivo do tratamento é desvendar o inconsciente reprimido e compreender a história
de vida e as problemáticas existenciais do paciente, criando meios para que ele alcance
uma compreensão criativa de suas questões. Isso permite restabelecer sua autonomia e
enfrentar seus problemas, evitando "falsas existências" e "falsas soluções" por meio da
organização de um falso self (Fulgencio, 2011). Winnicott (1970/1999) destaca que a
cura se dá pelo cuidado. Ele afirma que, na prática clínica, a questão não é "quanto se
deve fazer", mas sim "quão pouco é necessário ser feito".
O papel do analista consiste em oferecer, de acordo com suas capacidades e com os
recursos do setting, as provisões necessárias para que o paciente possa recomeçar ou até
mesmo iniciar seu processo de amadurecimento. O foco não está no tratamento dos
sintomas, mas na correção de atrasos e distorções do processo maturacional, garantindo
a estabilidade e o fortalecimento do ego do paciente. Para isso, faz-se necessário o uso
de identificações cruzadas e empatia. Winnicott (1970/1999) enfatiza a importância dos
mecanismos de projeção e introjeção, fundamentais para o processo de identificação e
para a construção de um espaço terapêutico acolhedor.
O setting analítico, conforme Marion Milner (1952), estabelece limites e delimita uma
realidade especial dentro da sessão psicanalítica. Zimerman (2008) destaca que esse
espaço singular permite ao paciente reviver experiências emocionais mal resolvidas no
passado. Durante muito tempo, predominou na psicanálise a ideia de um setting rígido.
Na perspectiva winnicottiana, o setting deve ser adaptado às necessidades de cada
paciente, inspirado no modelo da relação mãe-bebê. Ele funciona como um ambiente
facilitador, onde o paciente encontra as condições necessárias para integrar partes do seu
self.
M. Khan (1969) define o setting como a ambiência física que o analista proporciona,
incluindo aspectos como luz, mobília, divã e presença pessoal. O setting oferece espaço
e tempo para o processo clínico, sendo sua principal função proporcionar um ambiente
de holding. É o lugar onde o self pode emergir, possibilitando a adaptação adequada às
necessidades do paciente, algo que não foi viabilizado em seus estágios iniciais de
desenvolvimento. Para tanto, o analista deve garantir um espaço adequado, um tempo
estruturado e uma presença sensível e constante.
A manutenção do setting é crucial para assegurar a fluidez do processo analítico. O
terapeuta deve ser confiável, verdadeiro, previsível e presente. Deve proporcionar
cuidado e permitir a dependência no sentido winnicottiano. Winnicott (1965b/1994)
adverte que o terapeuta deve oferecer um setting humano, sem distorcer o curso dos
acontecimentos por conta de suas próprias ansiedades, culpas ou necessidade de
sucesso. Dessa forma, na perspectiva winnicottiana, a direção do tratamento
psicoterápico depende de um diagnóstico que considere as necessidades e o estágio
maturacional do paciente.

O paciente regressivo transita por um estado de desintegração do ego, o que dificulta


estruturar uma
neurose de transferência. Em compensação, revive como se fossem atuais as relações
emocionais
primitivas.
Nestas condições, o manejo do enquadre psicanalítico é mais importante do que a
interpretação, poiscumpre a função de holding.
A contratransferência também se torna um norteador importante do processo analítico,
acionada
privilegiadamente em sua dimensão intuitiva e pré-verbal.
Nesse contexto, Winnicott sugere que o analista deve sustentar sua posição como objeto
real,
implicando-se com sua mente e seu corpo na dinâmica da transferência.
O oferecimento de um referencial que inspire confiança é essencial na psicoterapia. No
contexto winnicottiano, o sofrimento do paciente o faz enviar sinais ao ambiente
pedindo ajuda. O paciente é compreendido sempre a partir do ambiente, sendo uma
pessoa imatura, com tarefas inacabadas que urgem a comunicar.
Os pacientes podem ser classificados em três categorias. As pessoas inteiras, nas quais
as dificuldades localizam-se nos relacionamentos interpessoais e que já passaram pelo
estágio de concernimento, sendo tratadas com a técnica da livre associação. As pessoas
recém-integradas, que estão no estágio do concernimento ou posição depressiva e
apresentam depressões reativas, necessitando de uma técnica que inclui a sobrevivência
do analista e um manejo diferenciado. E as pessoas não-integradas, que estão nos
estágios iniciais do desenvolvimento emocional e ainda não alcançaram um eu unitário,
para as quais o manejo substitui a interpretação, não sendo considerado psicanálise no
sentido clássico.
Os pacientes que necessitam de interpretação, ou seja, a verbalização do inconsciente
reprimido, também recebem um tipo de cuidado. Na clínica, o paciente sempre lida com
questões relacionadas ao existir, à identidade e à sua realidade psíquica. Cabe ao
terapeuta a pergunta: como meu paciente está existindo? Os sintomas são formas de
comunicação organizadas como defesas contra a ansiedade, e o papel do analista é
organizar os cuidados necessários para que o paciente possa retomar seu
amadurecimento. O analista ocupa um lugar de cuidado, mas não deve ser
hipervalorizado, pois o grande trabalho é do paciente, na medida em que faz suas
próprias descobertas.
O objetivo do tratamento é desvendar o inconsciente reprimido e compreender a história
de vida e as problemáticas existenciais do paciente, criando meios para que ele alcance
uma compreensão criativa sobre suas questões. Dessa forma, restabelece sua autonomia
e enfrenta seus problemas, evitando falsas existências e soluções que levem a um falso
self (Fulgencio, 2011). O analista só assume esse papel se for necessário ao paciente,
pois a cura é entendida como cuidado. Segundo Winnicott (1970/1999), a cura significa
essencialmente cuidado, e a mudança no trabalho clínico passou da repressão dos
instintos para a continuidade do ser. Para ele, a análise deve ser feita apenas se for
necessária ao paciente, e caso contrário, deve-se buscar outras abordagens. Ele
questiona: quanto se deve fazer em uma análise? E contrapõe com sua perspectiva
clínica: quão pouco é necessário ser feito?
O papel do analista é oferecer, dentro de suas capacidades e do setting disponível, as
provisões necessárias para que o paciente possa reiniciar ou iniciar seu processo de
amadurecimento. O tratamento não se foca nos sintomas, mas nos atrasos e distorções
desse processo, facilitando a estabilidade e o fortalecimento do ego. Identificações
cruzadas e empatia são essenciais nesse processo. Winnicott (1970/1999) enfatiza os
mecanismos de projeção e introjeção, indicando que algumas pessoas não podem usá-
los, outras o fazem de forma compulsiva, e outras podem utilizá-los conforme
necessário. Isso se relaciona com a capacidade de calçar os sapatos de outra pessoa e
desenvolver simpatia e empatia.
Marion Milner (1952) define o setting analítico como uma moldura que estabelece
limites e cria uma realidade especial dentro da sessão psicanalítica. Zimerman (2008)
destaca que o setting é um espaço singular onde o paciente reexperimenta experiências
emocionais mal resolvidas. Antes, predominava um setting rígido, mas a perspectiva
winnicottiana baseia-se no modelo da relação mãe-bebê, que deve ser adaptado às
necessidades do paciente. Um setting adequado funciona como um ambiente facilitador,
fornecendo as funções necessárias para a integração do eu.
M. Khan (1969) descreve o setting como a ambiência física proporcionada pelo analista,
incluindo luz, mobília, divã e presença pessoal. O setting cria um espaço, um tempo e a
presença do analista, proporcionando ao paciente uma experiência de holding. Ele deve
garantir a emergência do self, oferecendo um ambiente confiável para compensar as
falhas ocorridas nos estágios iniciais do desenvolvimento. Para isso, o analista deve ser
confiável, verdadeiro, previsível, presente e permitir a dependência, nos termos de
Winnicott. A previsibilidade protege o paciente do caos e do ambiente hostil (Fulgencio,
2011). O setting deve ser humano e evitar que o terapeuta aja movido por ansiedade,
culpa ou necessidade de sucesso (Winnicott, 1965b/1994).
O diagnóstico winnicottiano consiste em avaliar a gênese da psicopatologia (momento
da falha) e a dinâmica (comportamento decorrente da instalação dos sintomas). A
condução do tratamento ocorre conforme as necessidades e o grau de maturidade
emocional do paciente, podendo ser realizada por meio de análise padrão ou análise
modificada.
As categorias diagnósticas de Winnicott incluem pacientes integrados (neuróticos), nos
quais as dificuldades situam-se nas relações interpessoais, recém-integrados
(borderlines), que ainda não conquistaram plena estabilidade na unidade do self e
precisam testar a si e ao ambiente, e não-integrados ou desintegrados (psicóticos), que
sofreram falhas precoces no desenvolvimento e necessitam de uma sustentação
ambiental análoga à que a mãe oferece ao bebê. Há ainda pacientes com sintomas
psicossomáticos, buscando unidade e diferenciação, e pacientes com sintomas
antissociais, cujos comportamentos refletem um SOS esperançoso pela recuperação da
confiabilidade ambiental.
A análise padrão se aplica a casos neuróticos, conduzindo o paciente ao entendimento
da posição depressiva, ajudando-o a compreender suas relações interpessoais e
processos transferenciais. Segundo Winnicott (1970/1999), a análise padrão ocorre em
três momentos: adaptação do analista às necessidades do paciente, fortalecimento do
ego e retomada da continuidade do ser; conquista da confiança no processo analítico e
realização de testes; e êxito das vivências exploratórias, reconhecimento dos atributos
individuais e sentimento de existência por si mesmo.
Já a análise modificada é indicada para casos não neuróticos (borderline e psicóticos),
pois esses pacientes não podem ser analisados pela técnica padrão. O terapeuta constrói
a confiabilidade, maneja a transferência, tolera testes e ataques, pondera interpretações e
ajuda o paciente a ser antes de fazer. O setting tradicional é ampliado com sessões
estendidas, comunicação para crises, suporte emocional e tolerância a faltas e atrasos.
Na psicose de transferência, o analista não representa a mãe, ele é a mãe. Além disso,
ele traduz a realidade interna do paciente para a realidade compartilhada.
O manejo, na concepção winnicottiana, significa oferecer uma forma especializada de
cuidar, baseada nas necessidades individuais do paciente e sua história pessoal e social.
Segundo Khan (1958/2000), envolve um enquadre protegido de invasões, adaptações do
analista às necessidades do paciente e suporte oferecido em outros contextos além do
setting. O manejo é o provimento da adaptação ambiental que faltou ao paciente no
desenvolvimento, impedindo que ele viva reativamente pelos mecanismos de defesa. O
analista oferece uma escuta sensível, compreende empaticamente as necessidades e se
disponibiliza como ambiente para atendê-las. Assim como a mãe oferece holding ao
bebê, o analista cria as condições para o desenvolvimento do paciente. Quando o
manejo é eficaz, o trabalho interpretativo adquire valor clínico, pois ambos se apoiam
mutuamente na experiência total do paciente. Diante da regressão, a teoria winnicottiana
modifica o conceito de transferência, trazendo novas perspectivas para o tratamento
psicanalítico.

TRANSFERÊNCIA E MANEJO
O analista deve sobreviver aos ataques e também se apresentar de forma viva e
autêntica, o que implica, inclusive, explicitar para o paciente os sentimentos que suscita
no analista: “Em outras palavras, o que sugere é que o analista explicite ao paciente os
sentimentos
adversos que suscita. Se não o fizer, tampouco será possível que o paciente creia no
amor
que o analista sente por ele. A expressão ‘ódio objetivo’ se refere aos sentimentos que o
analisado desperta em seu terapeuta, já depurados dos conflitos neuróticos que este pode
estar depositando no vínculo”. (BLEICHMAR e BLEICHMAR, 1989, p. 239)
TRANSFERÊNCIA E MANEJO
A noção de transferência na perspectiva freudiana: diz respeito a um modo de
deslocamento do afeto de
uma representação a outra, ou uma realidade que se reproduz na mente como
representação. Na origem,
a transferência seria um modo particular de deslocamento de afeto.
Segundo Winnicott, para compreendermos a transferência como repetição de protótipos
infantis, temos
que considerar as primeiras relações da criança com o seu meio ambiente, as
experiências fundantes do
self . Para Winnicott, transferência significa "comunicar-se com o paciente da posição
em que a neurose
(ou psicose) de transferência me coloca" (Winnicott, 1962c, p. 152).
O autor manteve a conceituação de transferência como aplicável aos pacientes que, em
seu
amadurecimento, já haviam atingido o estado de integração, já habitavam o próprio
corpo, tinham um
limite separando o eu do não-eu e já podiam se relacionar como pessoas totais com
outras pessoas
totais; neles já se constituía um consciente e um inconsciente dinâmico, com a censura e
a repressão.
Nesses pacientes, o passado recalcado viria ao presente na relação analítica.
TRANSFERÊNCIA
Reformulação winnicottiana da transferência: é uma experiencia corretiva, que traz a
possibilidade de o paciente viver uma experiencia que não lhe foi permitida viver em
uma etapa primitiva de seu processo de desenvolvimento. No exemplo mais simples
possível, uma pessoa que está sendo analisada consegue corrigir uma experiência
passada, ou uma experiência imaginária, ao revivê-la em condições simplificadas nas
quais a
dor pode ser tolerada porque está sendo distribuída ao longo do período de tempo;
tomada, por assim dizer, em pequenas doses, num meio ambiente emocional controlado
(WINNICOTT, 1954h/ p.36).
O analista precisa ter muita sensibilidade para compreender as necessidades do paciente
e oferecer um setting adequado. Ao mesmo tempo, sempre que surgir a resistência, deve
interrogar-se sobre seus erros, que sempre existirão.
TRANSFERÊNCIA
Na análise, o analista terá as pistas para interpretar não só a transferência de sentimentos
da mãe para o analista, mas também os elementos instintuais inconscientes que
subjazem a isso, os conflitos que são despertados e as defesas que se organizam.
Dessa forma, o inconsciente começa a ter um equivalente consciente e a se tornar um
processo vivo envolvendo pessoas, e a ser um fenômeno aceitável para o paciente.
Eu serei melhor lembrado como alguém que afirma que, entre o paciente e o analista
está a sua atitude profissional, a sua técnica, o trabalho que ele realiza com a sua mente.
Ideias e sentimentos vêm à tona, mas são examinados e peneirados antes que a
interpretação se faça. Isso não quer dizer que os
sentimentos não estejam envolvidos. Atentar-se para: o que digo, como digo e quando
digo (Winnicott 1960/19990).
NEUROSE DE TRANSFERÊNCIA
Tudo o que emerge na experiência analítica tem de ser considerado, mas deve ser
devidamente selecionado, para que a interpretação compreenda a complexidade
transferencial de uma forma curta e
simples, já que Winnicott procurava ser econômico nas suas interpretações.
Ele nos diz: A verbalização, quando feita exatamente no momento propício, mobiliza
forças intelectuais. Somente é ruim mobilizar processos intelectuais quando eles se
tornaram seriamente dissociados do psicossoma. As minhas interpretações são
econômicas, eu espero. Uma interpretação por sessão satisfaz-me, se levou
em consideração o material produzido pela cooperação inconsciente do paciente. Digo
uma coisa, ou uma coisa em duas ou três partes. Nunca uso sentenças longas, a não ser
que esteja muito cansado. Se estiver próximo do ponto de exaustão, começo e ensinar.
Nesse sentido, no meu ponto de vista, uma interpretação contendo a palavra “além do
mais” já é uma sessão de ensino (Winnicott 1962/1990).
NEUROSE DE TRANSFERÊNCIA
A interpretação é um processo intelectual (mental) do analista, destinado a mobilizar
processos intelectuais no paciente, e que ela é funcional desde que não estejam em
questão dissociações sérias entre mente e psique, no âmbito psicossomático.
Mobilizar processos intelectuais significa, nesse contexto: acioná-los para a tradução
dos processos inconscientes no formato daquilo que a mente já realiza no âmbito do
processo secundário, ou seja, do pensamento consciente. Isso faz com que o “o
inconsciente comece a ter um equivalente consciente”.
Para Winnicott, a mente diferencia-se, primeiramente, para dar ao bebê alguma
previsibilidade dos acontecimentos ambientais, portan- to, como uma zona diretamente
em contato com o mundo exterior, cabendo a ela: transformar a temporalidade subjetiva
em Cronos, mensurar espaço, analisar e cate- gorizar eventos, armazenar e classificar
memórias, traçar relações de causalidade e para o processo secundário.
NEUROSE DE TRANSFERÊNCIA
Winnicott era totalmente contrário à proposta de interpretações feitas fora do timing de
elaboração própriado paciente, ou seja, à revelia de qualquer cooperação inconsciente
por parte do mesmo, privilegiando o conhecimento técnico do analista em detrimento
das pistas dadas pelo processo analítico em curso.
Todas as regressões espontâneas e necessárias ao processo psíquico do paciente serão
bem-vindas,menos aquelas criadas pelo analista, ao menosprezar e desconsiderar as
capacidades daquele que está tratando.
Para Winnicott, é sempre da cooperação inconsciente do paciente que deve surgir a
condução da análise,
quer se trate de pacientes neuróticos, borderline ou psicóticos.
NEUROSE DE TRANSFERÊNCIA PSICOSE DE TRANSFERÊNCIA
A psicose de transferência emerge em pacientes em estado de intensa regressão à
dependência e difere da neurose de transferência por eclipsar totalmente a figura real do
analista. O analista é experimentado apenas como objeto subjetivo, e a interpretação
torna-se desnecessária, pois não há nada a ser discriminado ou diferenciado. O
necessário é sustentar a transferência, permitindo que o paciente reviva situações
traumáticas em um ambiente acolhedor, possibilitando a retomada de experiências que
ficaram truncadas. Nesse tipo de transferência, o presente retorna ao passado, e o
analista se depara com os processos primários do paciente no ambiente original em que
foram confirmados. Como não há mistura de tempos cronológicos nem de tipos de
objeto, a psicose de transferência não requer interpretação, apenas sustentação.

PSICOSE DE TRANSFERÊNCIA
A psicose de transferência emerge em pacientes em estado de intensa regressão à
dependência e difere da neurose de transferência por eclipsar totalmente a figura real do
analista. O analista é experimentado apenas como objeto subjetivo, e a interpretação
torna-se desnecessária, pois não há nada a ser discriminado ou diferenciado. O
necessário é sustentar a transferência, permitindo que a paciente reviva situações
traumáticas em um ambiente acolhedor, possibilitando a retomada de experiências que
ficaram truncadas. Nesse tipo de transferência, o presente retorna ao passado, e o
analista se depara com os processos primários do paciente no ambiente original em que
foram confirmados. Como não há mistura de tempos cronológicos nem de tipos de
objeto, a psicose de transferência não requer interpretação, apenas sustentação.

Na análise modificada, há uma nova visão sobre o papel da transferência, considerando


a regressão à dependência como uma forma de relembrar o colapso. O paciente precisa
experienciar o passado pela primeira vez no presente, dentro da transferência, e para
isso o analista deve oferecer uma sustentação emocional que funcione como um holding
seguro e confiável. A resistência ao tratamento é vista de maneira diferente, pois o
paciente pode ainda não estar pronto para relembrar o colapso e precisa estabelecer um
vínculo de confiança antes de acessar conteúdos traumáticos. A interpretação, nesse
contexto, assume um papel secundário, e o foco está na construção de um ambiente
acolhedor e estável, fortalecendo o ego frágil do paciente. O analista deve reconhecer
suas próprias falhas e manejar a contratransferência, resistindo aos ataques do paciente
sem retaliar com interpretações precipitadas. O enquadre do setting tradicional é
ampliado, permitindo sessões estendidas, comunicação em momentos de crise, suporte
emocional até a próxima sessão e um ambiente físico e temporal regular. Além disso, é
necessário mobilizar a rede de apoio do paciente, como família, escola e amigos, para
garantir um acolhimento contínuo e vigilância em casos de risco de automutilação ou
suicídio.

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