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Este documento foi elaborado com o objetivo de apresentar, de forma clara e organizada, informações relevantes sobre o tema em estudo. Estruturado em tópicos, o conteúdo busca combinar fundamentação teórica e prática, oferecendo ao leitor uma visão ampla e acessível

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Luís Ernesto Rodrigues

Análise do Nível de Cobertura da Segurança Social Obrigatória em Moçambique:


Caso de Trabalhadores por Conta Própria do Ramo Comercial no mercado Waresta
(2021-2022).
(Curso de Licenciatura em Estatística e Gestão de Informação com Habilitações em
Desenvolvimento de sistemas Informáticos).

Universidade Rovuma
Nampula
2025

1
Luís Ernesto Rodrigues

Análise do Nível de Cobertura da Segurança Social Obrigatória em Moçambique:


Caso de Trabalhadores por Conta Própria do Ramo Comercial no mercado Waresta
(2021-2022).

(Curso de Licenciatura em Estatística e Gestão de Informação com Habilitações em


Desenvolvimento de sistemas Informáticos).

Monografia Científica apresentada na


Faculdade de ciências da Universidade
Rovuma como requisito para a obtenção
do grau de licenciatura em Estatística e
Gestão de Informação.

Supervisor: Mestre Dionísio Diamantino


Estevão Júlio Marques

Universidade Rovuma

Nampula

2025

2
Índice
LISTA DE ILUSTRAÇÕES..................................................................................................V
DECLARAÇÃO...................................................................................................................VI
DEDICATÓRIA..................................................................................................................VII
AGRADECIMENTOS......................................................................................................VIII
EPÍGRAFE...........................................................................................................................IX
Abstract..................................................................................................................................X
LISTA DE ABREVIATURAS.............................................................................................XI
CAPíTULO I: INTRODUCAO............................................................................................14
1.1. Contextualização do estudo.......................................................................................14
1.2.1. Objectivo geral............................................................................................................19
1.2.2. Objectivo específicos..................................................................................................19
1.5. Delimitação do tema em estudo.....................................................................................20
CAPíTULO II: REVISÃO DA LITERATURA...................................................................21
2.1. Protecção social.............................................................................................................21
2.1.1. Segurança Social.........................................................................................................22
2.1.2. Conceito e Importância da Segurança Social Obrigatória..........................................23
2.1.2.1. Importância da Protecção Social para Trabalhadores por Conta Própria................23
2.1.3. Objectivos e Benefícios da Segurança Social.............................................................24
2.1.3 A Segurança Social como Direito Humano Fundamental...........................................24
2.2. Enquadramento Legal da Segurança Social Obrigatória em Moçambique...................25
2.2.1. Obrigações e Direitos dos Contribuintes....................................................................25
2.2.2. Papel do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS)...........................................26
2.2.3. Regime de trabalhadores.............................................................................................27
2.3. Perfil dos Trabalhadores por Conta Própria no Sector Comercial do Mercado Waresta
..............................................................................................................................................28
2.3.1. Características Demográficas e Socioeconómicas......................................................28
2.3.2. Tipo de Actividades Exercidas...................................................................................28
2.3.3. Grau de Formalização dos Negócios..........................................................................29
2.4. Cobertura da Segurança Social Obrigatória para Trabalhadores Autónomos...............30
2.4.1. Percentual de Adesão dos Trabalhadores...................................................................30
2.4.2. Factores que Influenciam a Adesão e a Participação..................................................30
2.4.3. Comparação com Outros Sectores e Grupos Profissionais.........................................31

3
2.5. Desafios para a Adesão à Segurança Social Obrigatória...............................................31
2.5.1. Falta de Informação....................................................................................................32
2.5.2. Barreiras Financeiras e Custos de Contribuição.........................................................32
2.5.3. Desconfiança na Gestão do Fundo de Segurança Social............................................33
2.5.4. Burocracia e Dificuldades no Processo de Inscrição..................................................33
2.6. Facilitadores e Estratégias param Ampliar a Cobertura................................................33
2.6.1. Campanhas de Sensibilização e Educação Financeira................................................33
2.6.2. Políticas de Incentivo e Redução de Custos...............................................................34
2.6.3. Parcerias com Associações e Cooperativas................................................................34
2.6.4. Melhoria na Transparência e Gestão do Sistema........................................................34
2.7. Impactos da Baixa Cobertura na Protecção Social dos Trabalhadores..........................35
2.7.1. Vulnerabilidade Económica e Falta de Protecção......................................................35
2.7.2. Consequência para a Sustentabilidade do Sector Comercial Informal.......................36
2.7.3. Desafios do Desenvolvimento do Sistema Previdenciário.........................................37
CAPÍTULO III: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................37
3. Procedimentos Metodológicos..........................................................................................37
3.1. Métodos de Pesquisa......................................................................................................37
3.2. Tipo de Pesquisa............................................................................................................37
3.2.1. Quanto a forma de abordagem....................................................................................37
3.2.2. Quanto aos Objectivos................................................................................................38
3.2.3. Quanto aos procedimentos técnicos............................................................................38
3.2.3.1. Estudo Bibliográfico................................................................................................38
3.2.4. Estudo de Campo........................................................................................................38
3.3. Instrumentos de colecta de dados..................................................................................39
3.4. Universo/Amostra..........................................................................................................39
3.4.1. Universo......................................................................................................................39
3.4.2. Amostra.......................................................................................................................39
CAPíTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS......40
4.1. Informações Demográficas............................................................................................40
Esta seção fornece uma visão geral das características demográficas dos Trabalhadores por
Conta Própria no Mercado Waresta, Nampula com base nas respostas ao questionário......40
4.1.1. Interpretação da Idade dos Trabalhadores por Conta Própria no Mercado Waresta,
Nampula................................................................................................................................40

4
4.1.2. Interpretação do Nível de Escolaridade dos Vendedores por Conta Própria no
Mercado Waresta..................................................................................................................41
4.2.3. Interpretação do Tempo Trabalhando por Conta Própria no Mercado Waresta.........42
4.2.4. Interpretação da Actividade Exercida no Mercado Waresta.......................................43
4.2.5. Interpretação sobre a Inscrição na Segurança Social Obrigatória..............................44
4.2.6. Interpretação sobre os Benefícios Percebidos da Segurança Social Obrigatória........45
4.2.7. Interpretação dos Motivos para Não Estar Inscrito na Segurança Social Obrigatória46
4.2.8. Interpretação do Nível de Informação sobre a Segurança Social Obrigatória............47
4.2.9.Impacto da Falta de Conhecimento na Adesão ao Sistema de Segurança Social
Obrigatória............................................................................................................................48
4.2.10. Desafios param Adesão à Segurança Social Obrigatória..........................................49
2.2.11. Medidas Facilitadoras para Adesão à Segurança Social Obrigatória.......................50
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES...............................................................51
5.1. Conclusões.....................................................................................................................51
5.2. Sugestões.......................................................................................................................53
APÊNDICES........................................................................................................................59

5
V

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico1: Idade dos participantes40


Gráfico 2: Distribuição do Nível de Escolaridade
4.2.3. Interpretação do Tempo Trabalhando por Conta Própria no Mercado Waresta
Gráfico 3: Distribuição do Tempo Trabalhando por Conta Própria
Gráfico 4: Distribuição das Actividades Exercidas pelos Vendedores
Gráfico 5: Distribuição de Inscrição na Segurança Social Obrigatória
Gráfico 6: Distribuição sobre os Benefícios Percebidos da Segurança Social Obrigatória
Gráfico 7: Distribuição dos Motivos para Não Estar Inscrito na Segurança Social
Obrigatória
4.2.9.Impacto da Falta de Conhecimento na Adesão ao Sistema de Segurança Social
Obrigatória
Gráfico 10: Desafios da não Adesão à Segurança Social Obrigatória……………………

6
VI

DECLARAÇÃO

Eu, abaixo assinado, declaro que este trabalho científico é fruto da minha pesquisa pessoal,
conduzida sob a orientação do meu supervisor. As informações apresentadas são originais,
e todas as fontes utilizadas estão devidamente citadas no corpo do texto e na bibliografia
final.

Adicionalmente, afirmo que este trabalho não foi submetido anteriormente a nenhuma outra
instituição para fins de obtenção de qualquer grau académico.

Nampula, Julho de 2025

O Autor:
_________________________________________________

(Luís Ernesto Rodrigues)

7
VII

Dedico este trabalho aos meus amados pais, Ernesto Luís e Henriqueta Evaristo dos Santos
Rodrigues, cuja dedicação, amor e valores foram essenciais para o meu desenvolvimento
pessoal e profissional. Esta obra representa minha profunda gratidão por todo o apoio e
carinho que sempre me proporcionaram.

DEDICATÓRIA

8
VII

AGRADECIMENTOS
Gostaria de manifestar meus mais sinceros agradecimentos a todas as pessoas que tiveram
um papel essencial na realização deste trabalho. Este projecto foi fruto de um esforço
colectivo e contou com o apoio generoso e a colaboração de muitos.

Em primeiro lugar, expresso minha profunda gratidão ao meu orientador, Mestre Dionísio
Estevão Júlio Marques, cuja orientação sábia, apoio incansável e valiosas sugestões foram
indispensáveis para o desenvolvimento deste estudo. Sua dedicação e conhecimento foram
uma fonte constante de inspiração.

Agradeço, igualmente, aos professores e funcionários da Universidade Rovuma, que


proporcionaram um ambiente enriquecedor para o aprendizado e a pesquisa.

Estendo minha sincera gratidão aos participantes desta pesquisa, cujas contribuições foram
imprescindíveis para a obtenção dos dados necessários. Suas perspectivas e experiências
deram grande valor a este trabalho.

À minha família, incluindo meus queridos pais, Ernesto Luís e Henriqueta Evaristo dos
Santos Rodrigues, e meu irmão, Victorino dos Santos Adolfo Chiruca, deixo um
agradecimento especial. Seu apoio incondicional, amor e incentivo ao longo de toda esta
jornada académica foram fundamentais para que eu alcançasse este marco.

Por fim, mas não menos importante, agradeço a todos os amigos e colegas que, directa ou
indirectamente, contribuíram para a realização deste projecto. Seu suporte foi de
inestimável valor.

A todos, o meu mais sincero agradecimento.

9
VIII

" A segurança social é um direito fundamental que assegura a dignidade humana e o bem-
estar social, sendo a sua cobertura um reflexo do compromisso de uma sociedade com a
protecção e O Desenvolvimento De Seus cidadãos."

(adaptado).

EPÍGRAFE

10
IX

RESUMO
Este estudo teve como objectivo analisar a adesão dos trabalhadores autónomos no sector
comercial de Nampula à segurança social obrigatória, identificando desafios e facilitadores
à adesão, além de explorar as percepções sobre os benefícios do sistema. Os objectivos
específicos incluíram descrever as características dos trabalhadores autónomos,
compreender suas percepções sobre a segurança social e identificar os factores que
impactam sua adesão. A pesquisa revelou que os trabalhadores são, em sua maioria, jovens
e de meia-idade, com escolaridade básica e actuando principalmente no comércio informal,
como vendas de alimentos e vestuário. A experiência profissional é significativa, mas há
lacunas em capacitação formal. Embora haja uma percepção positiva sobre os benefícios da
segurança social, muitos trabalhadores demonstraram desconhecimento sobre o sistema e
os passos necessários para a adesão. Os principais desafios encontrados incluem a falta de
informação, custos elevados e desconfiança no sistema. Facilitadores sugeridos foram
maior disseminação de informações e redução dos custos. As hipóteses formuladas foram
validadas: a falta de conhecimento impacta negativamente a adesão, e a cobertura da
segurança social é limitada, com lacunas significativas nos benefícios. As conclusões
sugerem que a adesão pode ser aumentada através de acções de sensibilização, redução de
custos e transparência no sistema de gestão.

Palavras-chave: Segurança social obrigatória, Trabalhadores autónomos, Adesão ao


sistema.

11
X

Abstract
This study aimed to analyze the adherence of self-employed workers in the commercial
sector of Nampula to mandatory social security, identifying challenges and facilitators to
adherence, as well as exploring perceptions of the system's benefits. Specific objectives
included describing the workers' characteristics, understanding their perceptions of social
security, and identifying factors affecting adherence. The research revealed that most
workers are young and middle-aged, with basic education, mainly working in informal
commerce such as food and clothing sales. While professional experience is significant,
formal training is lacking. Although there is a positive perception of social security
benefits, many workers showed ignorance about the system and the steps for enrollment.
Main challenges included lack of information, high costs, and distrust in the system.
Suggested facilitators were increased information dissemination and cost reduction. The
hypotheses were validated: lack of knowledge negatively affects adherence, and social
security coverage is limited with significant gaps in benefits. The conclusions suggest that
adherence could be improved through awareness campaigns, cost reduction, and increased
transparency in fund management.

Keywords: Mandatory social security, Self-employed workers, System adherence.

12
XI

LISTA DE ABREVIATURAS
ANOVA: Análise de Regressão, Análise de Variância

BM – Banco Mundial

CNS – Contribuição Nacional para a Segurança Social

FMI – Fundo Monetário Internacional

GDP – Produto Interno Bruto (Gross Domestic Product)

H0: Hipótese Nula.

INSS – Instituto Nacional de Segurança Social

MTESS – Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social

OIT – Organização Internacional do Trabalho

ONU – Organização das Nações Unidas

PCA: Análise de Componentes Principais

RSO – Regime de Segurança Social Obrigatório

RSP – Regime de Segurança Social Privado

SPP – Sistema de Previdência Pública

SST – Segurança e Saúde no Trabalho

TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação

13
CAPíTULO I: INTRODUCAO
1.1. Contextualização do estudo
A segurança social obrigatória desempenha um papel crucial na protecção dos direitos e no
bem-estar dos trabalhadores em todo o mundo. Segundo Esping-Andersen (1990), os
sistemas de segurança social são fundamentais para mitigar os riscos sociais associados a
eventos como doença, invalidez e velhice. Esses sistemas, ao garantir uma rede de
protecção social, promovem a justiça social e a redução das desigualdades económicas,
especialmente em economias emergentes. Em Moçambique, como em muitos outros países,
a implementação de um sistema de segurança social abrangente visa assegurar a protecção
social dos trabalhadores, particularmente em casos de doença, acidentes de trabalho,
invalidez, velhice e morte. Conforme destacado por Barr (2001), a efectividade e a
extensão da cobertura desses sistemas continuam a ser desafios significativos,
especialmente em relação aos grupos marginalizados ou trabalhadores informais.

No contexto moçambicano, os trabalhadores por conta própria representam uma parcela


substancial da força de trabalho, desempenhando um papel fundamental no sector
comercial em diferentes regiões do país. De acordo com Devereux & Sabates-Wheeler
(2004), a informalidade laboral nos países em desenvolvimento é um dos maiores
obstáculos na implementação eficaz da protecção social. Essa realidade é evidente em
Moçambique, onde muitos trabalhadores autónomos enfrentam dificuldades para acessar a
segurança social obrigatória devido à natureza de sua ocupação e à ausência de vínculo
formal com empregadores.

Este estudo tem como objectivo analisar o nível de cobertura da segurança social
obrigatória para os trabalhadores por conta própria do sector comercial na cidade de
Nampula, Moçambique. Segundo o Instituto Nacional de Estatística de Moçambique (INE,
2020), Nampula é uma das principais regiões económicas do país, com um elevado número
de trabalhadores autónomos no comércio local. Esses trabalhadores desempenham um
papel crucial no fornecimento de bens e serviços essenciais, mas frequentemente enfrentam
desafios relacionados à inclusão em sistemas formais de protecção social, conforme
apontado por Holzmann e Jørgensen (2001), que destacam que a falta de regulamentação é
uma barreira significativa à inclusão dos trabalhadores informais.

14
Para atingir esse objectivo, este estudo examinará as políticas e regulamentos
governamentais relevantes, com destaque para a Lei n.º 4/2007, que estabelece as
directrizes do sistema de segurança social obrigatória em Moçambique. Essa lei, essencial
no panorama jurídico do país, é a base para a organização, funcionamento e abrangência da
segurança social, regulamentando os direitos e deveres tanto dos empregadores quanto dos
trabalhadores. O sistema legal moçambicano, conforme apontado por Silva (2019), ainda
enfrenta desafios relacionados à implementação e fiscalização dessas políticas,
especialmente no que diz respeito à inclusão de trabalhadores autónomos, que muitas vezes
não possuem vínculos formais de trabalho. Portanto, a análise dessas políticas permitirá
uma compreensão detalhada das lacunas e dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores por
conta própria na adesão e acesso ao sistema de segurança social obrigatória.

Além da análise dos regulamentos governamentais, será realizada uma ampla revisão da
literatura académica e técnica para contextualizar a situação actual da cobertura da
segurança social destinada aos trabalhadores por conta própria em Moçambique. Essa
revisão incluirá estudos nacionais e internacionais sobre os desafios enfrentados por
trabalhadores informais em sua inclusão em sistemas de protecção social. De acordo com
Lund (2009), compreender as limitações estruturais e legais que impedem a plena
integração dos trabalhadores informais em sistemas de segurança social é um passo
essencial para a formulação de estratégias eficazes e inclusivas. Autores como Holzmann e
Jørgensen (2001) destacam que a protecção social nos países em desenvolvimento deve
considerar as especificidades culturais, económicas e sociais de cada grupo-alvo, adaptando
as políticas às necessidades locais para garantir maior eficiência.
Adicionalmente, este estudo adoptará uma abordagem metodológica empírica, combinando
múltiplos métodos de colecta e análise de dados. Essa abordagem incluirá entrevistas
semiestruturadas com representantes de instituições responsáveis pela gestão da segurança
social em Moçambique, questionários aplicados a trabalhadores por conta própria do sector
comercial em Nampula e a análise de dados secundários, como relatórios oficiais,
estatísticas do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) e outros documentos
relevantes. Segundo Creswell (2014), a triangulação de métodos qualitativos e quantitativos
permite obter uma visão mais abrangente e confiável sobre os fenómenos estudados,
reduzindo viesses e aumentando a validade das conclusões.

15
As entrevistas fornecerão insights sobre os desafios administrativos e institucionais
enfrentados na implementação da segurança social obrigatória para trabalhadores por conta
própria. Por outro lado, os questionários buscarão captar a percepção, conhecimento e
experiência desses trabalhadores em relação ao sistema de segurança social, avaliando
factores como acesso, adesão, benefícios percebidos e barreiras enfrentadas. Já a análise de
dados secundários permitirá contextualizar a pesquisa em um panorama mais amplo,
utilizando informações já colectadas e publicadas para complementar os dados primários.
Segundo Flick (2018), a análise de dados secundários é uma estratégia valiosa em
pesquisas sociais, pois possibilita economizar recursos, ampliar a base de dados e
corroborar informações colectadas por outros métodos.

Por meio dessa abordagem metodológica abrangente, este estudo buscará obter
informações detalhadas e actualizadas sobre o acesso e a eficácia da segurança social
obrigatória para os trabalhadores por conta própria do sector comercial em Nampula. Essa
cidade foi escolhida não apenas por sua relevância económica, mas também pelo
significativo número de trabalhadores autónomos, que desempenham um papel central na
dinâmica comercial local. A análise desses dados permitirá identificar lacunas existentes na
cobertura e efectividade do sistema, além de subsidiar propostas para aprimorar a inclusão
desse grupo no sistema de protecção social. Conforme argumentado por Devereux e
Sabates-Wheeler (2004), sistemas de protecção social eficazes devem ser desenhados para
atender às necessidades dos mais vulneráveis, adaptando suas estruturas para superar as
barreiras económicas, sociais e institucionais que limitam o acesso de grupos
marginalizados.

Os resultados dessa análise serão fundamentais para compreender o panorama actual da


protecção social dos trabalhadores autónomos em Moçambique. Segundo Midgley e Tang
(2001), a identificação de lacunas no sistema de protecção social é crucial para desenvolver
políticas inclusivas que respondam às necessidades específicas de grupos vulneráveis.
Além disso, espera-se que este estudo contribua para a formulação de políticas públicas
mais eficazes, que ampliem a cobertura da segurança social obrigatória e promovam um
ambiente de trabalho mais seguro e protegido para os trabalhadores por conta própria, tanto
em Nampula quanto em outras regiões do país.

16
1.1.2. Problematização e Problema da Pesquisa
A segurança social obrigatória desempenha um papel fundamental na promoção da
protecção social e do bem-estar dos trabalhadores, sendo um elemento crucial para garantir
condições dignas de trabalho e suporte em situações de risco. Para os trabalhadores por
conta própria, em particular, a segurança social apresenta-se como uma ferramenta
indispensável para assegurar direitos básicos, como aposentadoria, assistência em casos de
incapacidade e acesso a outros benefícios previstos no sistema. No entanto, a efectividade e
a abrangência desse sistema para os trabalhadores por conta própria do sector comercial
ainda são questões que suscitam debates e preocupações.

Um dos principais desafios enfrentados nesse contexto é o baixo nível de cobertura e


efectividade da segurança social para esse grupo específico de trabalhadores. Muitos
trabalhadores por conta própria desconhecem os procedimentos de adesão, os benefícios
oferecidos pelo sistema ou mesmo a obrigatoriedade de sua participação. Soma-se a isso a
existência de barreiras estruturais, como processos burocráticos complexos, falta de canais
de comunicação eficazes e ausência de incentivos para inclusão desses trabalhadores no
sistema. Conforme argumentam autores como Holzmann e Jørgensen (2001), o alcance de
sistemas de segurança social em contextos de economias em desenvolvimento é
frequentemente limitado pela predominância de trabalho informal e pela ausência de
estratégias adaptadas às necessidades desse público.

No caso específico do mercado municipal do Waresta, na cidade de Nampula, essas


questões tornam-se ainda mais evidentes. Esse mercado, caracterizado pela significativa
presença de trabalhadores autónomos no sector comercial, reflecte um cenário em que a
falta de informações claras, a desarticulação entre as políticas públicas e a realidade local,
bem como as dificuldades de acesso, comprometem a adesão e a efectiva protecção social
desse grupo. Tais limitações não apenas fragilizam a segurança económica e social desses
trabalhadores, mas também revelam um desafio maior para o sistema de segurança social
em Moçambique: como assegurar que todos os cidadãos, independentemente de seu status
de emprego, tenham acesso a uma rede de protecção social inclusiva e eficiente?

Diante desse contexto, este estudo parte do interesse do autor em compreender o nível de
conhecimento, adesão e protecção proporcionados pelo sistema de segurança social
obrigatória aos trabalhadores por conta própria no mercado municipal do Waresta. A

17
pesquisa buscará explorar até que ponto esses trabalhadores estão integrados ao sistema, os
principais obstáculos enfrentados e as possíveis lacunas que dificultam sua inclusão.

Por tanto, foi definida a seguinte questão de pesquisa: Como se caracteriza o nível de
cobertura da segurança social obrigatória entre os trabalhadores por conta própria no
mercado municipal do Waresta, em Nampula?

1.1. Justificativa
Dentre os vários temam relacionados à segurança social, a análise do nível de cobertura da
segurança social obrigatória em Moçambique, no caso de trabalhadores por conta própria
do sector comercial em Nampula, destaca-se como uma área de pesquisa relevante e
necessária.

A segurança social obrigatória desempenha um papel fundamental na protecção e no bem-


estar dos trabalhadores, fornecendo uma rede de segurança para situações de doença,
acidentes de trabalho, invalidez e velhice. No entanto, a cobertura efectiva e adequada
desse sistema para os trabalhadores por conta própria do sector comercial em Nampula em
Moçambique é uma preocupação significativa. Portanto, é essencial realizar uma análise
aprofundada desse tema para compreender o status actual da cobertura da segurança social
obrigatória e identificar as lacunas e os desafios existentes.

A compreensão do nível de cobertura da segurança social obrigatória para os trabalhadores


por conta própria do sector comercial em Nampula é crucial para avaliar a eficácia do
sistema em proporcionar protecção social adequada a esse grupo vulnerável de
trabalhadores. A falta de cobertura adequada pode resultar em dificuldades financeiras e
falta de suporte social em momentos críticos, como doenças ou aposentadoria.

Além disso, a realização dessa pesquisa também contribuirá para o debate e a formulação
de políticas públicas eficazes. Com base nos resultados, serão propostas medidas e
recomendações para melhorar a cobertura da segurança social obrigatória para os
trabalhadores por conta própria do sector comercial em Nampula, visando a inclusão social
e a protecção adequada desses trabalhadores.

18
Por fim, essa pesquisa também preenche uma lacuna de conhecimento no contexto
moçambicano, especificamente em relação aos trabalhadores por conta própria do sector
comercial em Nampula. As evidências geradas serão valiosas para os formuladores de
políticas, académicos e outros atores relevantes interessados em promover a protecção
social e o desenvolvimento sustentável dessa categoria de trabalhadores em Moçambique.

Dessa forma, a análise do nível de cobertura da segurança social obrigatória em


Moçambique, no caso de trabalhadores por conta própria do sector comercial em Nampula,
é justificada pela importância de compreender a situação actual, identificar lacunas e
desafios, e propor medidas para melhorar a inclusão e a protecção social desses
trabalhadores.

1.2. Objectivos
A definição dos objectivos cumpre a função de esclarecer p ara que se produz um
determinado conhecimento e quais dos seus pressupostos, SEBRAE (2001: 51); nesta
perspectiva, o projecto comporta dois tipos de objectivos: gerais e específicos.

1.2.1. Objectivo geral


 Analisar o nível de cobertura dos trabalhadores por conta própria do sector comercial
em do mercado Waresta, cidade de Nampula.

1.2.2. Objectivo específicos


 Descrever as características dos trabalhadores autónomos no sector comercial em
Nampula, considerando elementos como perfil demográfico, actividades exercidas e
experiência profissional.
 Explorar a percepção dos trabalhadores autónomos sobre os benefícios associados à
participação na segurança social obrigatória.
 Identificar desafios e facilitadores que impactam a adesão dos trabalhadores por conta
própria aos programas de segurança social obrigatória no sector comercial de Nampula.

19
1.3. Hipóteses
No pensamento de LAKATOS e MARCONI (1999: 28), “hipótese é uma proposição que
se faz na tentativa de verificar a validade de resposta existente para um problema”.
Tendo em conta a essência do próprio conceito, desta feita, avança-se com as seguintes
hipóteses, senão vejamos:

 (H0): Afirmação - Não há diferença significativa no nível de conhecimento sobre a


segurança social obrigatória e seus benefícios entre os trabalhadores por conta própria
do sector comercial em Nampula, e essa falta de conhecimento não impacta
significativamente sua adesão e cobertura no sistema.
 (H1): Contra afirmação - A cobertura da segurança social obrigatória para os
trabalhadores por conta própria do sector comercial em Nampula é limitada, com
lacunas significativas nos benefícios oferecidos, especialmente em relação a doenças,
acidentes de trabalho, invalidez e aposentadoria, e essa limitação impacta
negativamente na adesão e cobertura desses trabalhadores no sistema.

1.5. Delimitação do tema em estudo


No âmbito da melhor inserção e domínio da pesquisa sobre o conhecimento dos desafios do
administrador público na gestão e promoção do funcionário público, foi feita a delimitação
espacial, cósmica, temática e temporal. Entretanto, quanto à delimitação espacial, a
pesquisa foi realizada no centro de saúde de Napipine, localizada no bairro Napipine,
cidade de Nampula, distrito de Nampula e província do mesmo nome, O Mercado Waresta
está localizado em Nampula, Moçambique. O endereço exacto é Estrada Nacional nr 08,
Cidade de Nampula. As coordenadas geográficas são latitude -15.1034427 e longitude
39.22084071. O mercado funciona das 5:00 às 19:30, de segunda a domingo.

No âmbito da delimitação temática, Análise do Nível de Cobertura da Segurança Social


Obrigatória em Moçambique: Caso de Trabalhadores por Conta Própria do Sector
Comercial em Nampula. no mercado Waresta. E quanto a delimitação temporal, o estudo
foi realizado no período ininterrupto dos meados de 2022 a finais de 2023, no Mercado
Waresta.

20
CAPíTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
A revisão de literatura é a parte de uma pesquisa onde o autor desenvolve o panorama do
conhecimento global sobre o assunto em estudo, até ao presente, usando a sua própria
forma de expressão, na qual encaixa as referências às publicações mais recentes e
relevantes sobre o tema (Barreto e Honorato 2009, p.97).

Em síntese, o presente capítulo apresenta comentários breves e objectivos, favoráveis ou


desfavoráveis às referências nacionais (literatura focalizada) sobre conceitos de liderança e
mudança nas organizações.

2.1. Protecção social


De acordo com a OIT o termo “protecção social” refere-se ao conjunto de medidas públicas
que uma sociedade oferece aos seus membros, para os proteger de dificuldades económicas
e sociais que sejam causadas pela ausência ou uma redução substancial do rendimento do
trabalho como resultado de várias contingências (doença, maternidade, acidentes de
trabalho,
Desemprego, invalidez, velhice e morte do ganha-pão); fornecimento de cuidados de saúde;
e o fornecimento de benefícios para famílias com crianças. Portanto, no geral, segundo esta
Organização internacional, a protecção social deverá ser associada a instituições públicas,
Regime regulamentar e iniciativas destinadas a proteger indivíduos, agregados familiares e
quaisquer outras unidades de relevância.
Para Quive (2007), “A protecção social é parte integrante dos direitos sociais veiculados
pela Política Social de cada país”.
A protecção social pode ser melhor compreendida se for classificada em
duas dimensões, uma de natureza ampla e a outra restrita. A dimensão ampla
diz respeito aos direitos de todos cidadãos, visando uma protecção social
condigna e facilitadora de iniciativas e mecanismos numa vasta e efectiva
rede de elos interligados, dispositivos e ramificações institucionais; a
segunda dimensão é relativa aos direitos restritos, consagrados a grupos
sociais particulares, nesta destaca-se os grupos carenciados e vulneráveis,
serviços públicos e privados de segurança social a trabalhadores por conta
de outrem ou por conta própria, seguros diversos, poupanças, crédito, fundos
solidários, mutualidades, prevenções de riscos (QUIVE, 2007).

21
A protecção social é definida também como o conjunto de mecanismos, iniciativas e
programas com o objectivo de garantir uma segurança humana digna, libertando os
cidadãos de dois medos cruciais no ciclo da vida humana: 1) Medo da carência, sobretudo
alimentar e profissional, seja acidental, crónica ou estrutural; 2) Medo da agressão e
desprotecção física e psicológica (FRANCISCO, 2010: 39).

2.1.1. Segurança Social


A Segurança Social é um sistema de protecção social voltado para garantir o bem-estar dos
indivíduos frente a riscos sociais, como doenças, invalidez, velhice e desemprego (Barr,
2001). Este sistema visa proporcionar a redistribuição de recursos com o objectivo de
proteger as pessoas contra contingências que podem afectar sua capacidade de gerar renda.
A segurança social, portanto, não se limita a um conjunto de transferências financeiras, mas
envolve um sistema abrangente de benefícios, acessíveis à população em situação de
vulnerabilidade.

A definição e os princípios da segurança social têm sido discutidos amplamente, sendo


considerados parte essencial do contrato social entre o Estado e os cidadãos (Kohler &
Witte, 2014). A segurança social deve ser vista como um mecanismo que visa promover a
justiça social e a equidade entre os membros da sociedade. Em sistemas de economia
capitalista, onde as desigualdades sociais são recorrentes, a segurança social oferece uma
rede de protecção mínima, que visa mitigar os efeitos dessas desigualdades.

A categoria de “sistemas de segurança social” contempla os mecanismos


estruturantes, parcial ou integralmente inseridos no sistema formal de
administração pública ou matrizes privadas (como seguros específicos, de
saúde, trabalho, acidentes, viagem ou de vida); ou ainda mecanismos de
ajuda mútua, redes comunitárias e esquemas informais (FRANCISCO,
2010: 43).
Segundo este autor “A classificação dos sistemas de segurança social, entre formais e
informais, é um assunto que deveria merecer melhor qualificação e debate. Neste âmbito,
esta classificação serve para realçar dois dos principais domínios, para a protecção social.
Existem outros, como os mecanismos privados ou das famílias”.

22
2.1.2. Conceito e Importância da Segurança Social Obrigatória
A segurança social obrigatória é um sistema de protecção colectiva que tem como objectivo
garantir cobertura contra riscos sociais, tais como doença, invalidez, desemprego,
aposentadoria e morte, por meio da contribuição compulsória de empregadores e
trabalhadores. Trata-se de um mecanismo fundamental para assegurar o bem-estar social e
a dignidade dos cidadãos, proporcionando-lhes um suporte financeiro em momentos de
vulnerabilidade (Barr, 2001; Holzmann & Jørgensen, 2001).
De acordo com Esping-Andersen (1990), os regimes de seguridade social desempenham
um papel central na estruturação dos sistemas de bem-estar, sendo um dos pilares das
políticas públicas voltadas para a protecção da força de trabalho. A obrigatoriedade da
segurança social visa garantir a universalidade da cobertura, prevenindo situações de
exclusão e desamparo.

2.1.2.1. Importância da Protecção Social para Trabalhadores por Conta Própria


A protecção social é especialmente relevante para os trabalhadores por conta própria, que
muitas vezes atuam em condições de informalidade e instabilidade económica. Esses
trabalhadores não possuem contratos formais nem garantias trabalhistas, o que os expõe a
riscos sociais significativos, como a perda de renda devido a doença, acidentes ou
aposentadoria sem um suporte financeiro adequado (Devereux & Sabates-Wheeler, 2004;
Kohler & Witte, 2014).
No contexto dos trabalhadores autónomos, a segurança social obrigatória possibilita a
redução da vulnerabilidade económica e contribui para a estabilidade financeira desses
indivíduos. Segundo Holzmann, Robalino e Takayama (2009), a inclusão desses
trabalhadores nos sistemas de seguridade social amplia sua protecção a longo prazo e
favorece a mobilidade económica. Além disso, contribui para a formalização de pequenos
negócios, pois estimula a adesão a um sistema regulamentado de contribuições e
benefícios.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2017) destaca que a ausência de protecção
social para trabalhadores informais agrava as desigualdades socioeconómicas, perpetuando
ciclos de pobreza e exclusão. Portanto, garantir a inclusão desse grupo no sistema de

23
seguridade social é uma estratégia essencial para o desenvolvimento sustentável e para a
construção de uma sociedade mais equitativa.

2.1.3. Objectivos e Benefícios da Segurança Social


Os objectivos da segurança social, segundo Barr (2001), estão centrados em garantir a
dignidade humana e a equidade social, proporcionando uma fonte de renda para os
cidadãos quando estes não podem trabalhar devido a riscos de saúde, velhice ou outras
situações adversas. Além disso, a segurança social tem como um de seus objectivos a
promoção da estabilidade social, ao reduzir o risco de pobreza extrema em casos de
incapacidade de gerar rendimento.
Os benefícios oferecidos pelo sistema de segurança social incluem pensões de
aposentadoria, benefícios por invalidez, seguro-desemprego, assistência médica e outros
apoios relacionados (Kohler & Witte, 2014). Em países em desenvolvimento, como
Moçambique, a segurança social também tem um papel importante na promoção da
inclusão social, visto que muitos trabalhadores estão no sector informal e, portanto, não têm
acesso a outras formas de protecção (Holzmann & Jørgensen, 2001).

2.1.3 A Segurança Social como Direito Humano Fundamental


A segurança social é reconhecida como um direito humano fundamental, conforme
estabelecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU (1948), que enuncia
em seu Artigo 25 que todos os indivíduos têm o direito a um nível de vida adequado,
incluindo alimentação, vestuário, cuidados médicos e os serviços sociais necessários. A
OIT (2014) reitera esse entendimento, afirmando que a segurança social é um meio
essencial para promover o bem-estar social e garantir uma qualidade de vida digna para
todos os cidadãos.
De acordo com Devereux e Sabates-Wheeler (2004), a segurança social deve ser vista não
apenas como um mecanismo de protecção contra a pobreza, mas como uma ferramenta de
promoção da justiça social e inclusão. Ela desempenha um papel crucial no fortalecimento
da coesão social, especialmente em países onde grandes segmentos da população enfrentam
desigualdades estruturais, como é o caso de muitos países da África, incluindo
Moçambique. Neste sentido, a implementação de um sistema de segurança social eficiente
é um passo fundamental para assegurar que todos os cidadãos, independentemente de sua
condição económica, tenham acesso à dignidade humana e à justiça social. O conceito de

24
segurança social, portanto, não deve ser apenas entendido como uma resposta às
necessidades económicas individuais, mas também como uma estratégia para promover
uma sociedade mais igualitária e justa (Kohler & Witte, 2014).
2.2. Enquadramento Legal da Segurança Social Obrigatória em Moçambique
A segurança social obrigatória em Moçambique é regulamentada por um conjunto de leis e
decretos que estabelecem as directrizes para a inclusão dos trabalhadores formais e,
progressivamente, dos trabalhadores informais no sistema. A Lei nº 4/2007, de 23 de
Fevereiro, é o principal marco legal, determinando os princípios fundamentais da segurança
social e as categorias de trabalhadores abrangidas pelo regime obrigatório (Lei nº 4/2007,
2007).
Além dessa legislação, outros regulamentos complementam e operacionalizam o
funcionamento do sistema, como o Decreto nº 53/2007, de 3 de Dezembro, que define os
mecanismos de inscrição, contribuição e atribuição de benefícios aos segurados. O quadro
normativo também estabelece a ampliação da cobertura da segurança social para
trabalhadores por conta própria e do sector informal, com foco na inclusão progressiva e na
redução da vulnerabilidade social desses grupos (OIT, 2017).
A Constituição da República de Moçambique (2004) também reforça o direito à segurança
social no seu artigo 95, estabelecendo que "todos os cidadãos têm direito à segurança
social, nos termos da lei", e atribuindo ao Estado a responsabilidade de garantir a sua
efetivação. Dessa forma, a legislação moçambicana busca assegurar um sistema que proteja
os trabalhadores contra riscos sociais e promova a inclusão económica e social.

2.2.1. Obrigações e Direitos dos Contribuintes


A legislação moçambicana impõe obrigações tanto para os trabalhadores quanto para os
empregadores, visando garantir a sustentabilidade do sistema de segurança social. Entre as
principais responsabilidades estabelecidas, destacam-se:
Obrigatoriedade de inscrição e contribuição: Todos os trabalhadores abrangidos pelo
regime devem estar inscritos no sistema e efectuar contribuições periódicas, conforme
estipulado pela lei (Lei nº 4/2007, 2007).
Encargos dos empregadores: As empresas e entidades empregadoras devem registar seus
funcionários no sistema de segurança social, recolher e repassar as contribuições ao
Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), além de garantir que os trabalhadores
conheçam seus direitos previdenciais (Decreto nº 53/2007, 2007).

25
Direitos dos segurados: Os trabalhadores contribuintes têm direito a benefícios como
subsídios de doença, maternidade, pensões de invalidez e velhice, e apoio para dependentes
em caso de falecimento do segurado (INSS, 2020).
2.2.2. Papel do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS)
O Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) é o órgão responsável pela administração
do sistema de segurança social obrigatória em Moçambique. Criado para gerir a inscrição
dos trabalhadores, recolher contribuições e distribuir benefícios, o INSS desempenha um
papel essencial na operacionalização e sustentabilidade do sistema (INSS, 2020).
As suas principais funções incluem:
Gestão e fiscalização: Monitoramento do cumprimento das obrigações providenciarias por
parte de trabalhadores e empregadores, além de garantir a arrecadação eficiente dos fundos.
Processamento e pagamento de benefícios: Administração dos subsídios e pensões de
acordo com os critérios estabelecidos na legislação.
Expansão da cobertura: Desenvolvimento de estratégias para integrar trabalhadores do
sector informal ao sistema de segurança social, promovendo campanhas de sensibilização e
parcerias com associações profissionais (OIT, 2014).
Garantia da sustentabilidade financeira do sistema: Implementação de medidas que
assegurem a arrecadação contínua e equilibrada, garantindo que o fundo providenciario
possa cobrir os benefícios a longo prazo (INSS, 2020).
A eficácia do INSS é um factor determinante para o sucesso da segurança social em
Moçambique, pois sua actuação impacta directamente a confiança dos trabalhadores no
sistema e a taxa de adesão, especialmente no sector informal (Holzmann, Robalino &
Takayama, 2009).
Dessa forma, o enquadramento legal da segurança social obrigatória em Moçambique é um
elemento essencial para garantir a protecção dos trabalhadores, assegurando direitos
fundamentais e promovendo maior equidade social no país.

2.2.3. Regime de trabalhadores


A Lei nº 4/2007, de 23 de Fevereiro, que regula o Sistema de Segurança Social Obrigatória
em Moçambique, define claramente as categorias de trabalhadores que são
obrigatoriamente abrangidas pelo regime de segurança social. Essa lei estabelece a
obrigatoriedade da cobertura para diversos grupos, incluindo trabalhadores por conta de

26
outrem, e define os benefícios a que esses trabalhadores têm direito em diversas situações
de risco social.

a) Regime dos Trabalhadores Por Conta de Outrem


O Artigo 3 da Lei nº 4/2007 define as categorias de trabalhadores por conta de outrem que
estão obrigatoriamente incluídos no regime de segurança social. De acordo com a lei, são
abrangidos os trabalhadores por conta de outrem, nacionais e estrangeiros,
independentemente do sector económico em que atuam, mesmo que o trabalho seja a tempo
parcial, incluindo os períodos probatórios e de estágio laboral remunerado.

b) Benefício da Segurança Social para Trabalhadores por Conta de Outrem


De acordo com o Artigo 5 da Lei nº 4/2007, o regime de segurança social obrigatória para
trabalhadores por conta de outrem contempla diversas prestações sociais, que têm como
objectivo garantir a protecção dos trabalhadores em momentos de vulnerabilidade. Essas
prestações incluem (Lei nº 4/2007, Artigo 5):

 Na doença: Subsídio por doença e subsídio por internamento hospitalar.


 Na maternidade: Subsídio por maternidade.
 Na invalidez: Pensão por invalidez.
 Na velhice: Pensão por velhice (aposentadoria).
 Na morte: Subsídio por morte, subsídio de funeral e pensão de sobrevivência.

O regime de trabalhadores por conta de outrem, conforme estabelecido pela Lei nº 4/2007,
de 23 de Fevereiro, visa assegurar uma cobertura ampla e eficaz, garantindo que a maioria
dos trabalhadores moçambicanos tenha acesso a benefícios de segurança social. Contudo, a
implementação desse sistema enfrenta desafios, principalmente no que diz respeito ao
cumprimento das obrigações por parte dos empregadores e à inclusão dos trabalhadores
informais, que muitas vezes não estão cientes dos seus direitos ou não têm acesso adequado
à informação e aos mecanismos necessários para aderir ao sistema.

2.3. Perfil dos Trabalhadores por Conta Própria no Sector Comercial do Mercado
Waresta
O mercado Waresta, situado em Nampula, é um dos principais centros comerciais da
cidade, caracterizando-se por uma forte presença de trabalhadores por conta própria que
27
atuam no sector informal. Esses trabalhadores desempenham um papel essencial na
economia local, fornecendo bens e serviços acessíveis à população e contribuindo para a
dinâmica comercial da região. No entanto, enfrentam desafios significativos relacionados à
formalização, acesso a crédito e protecção social.

2.3.1. Características Demográficas e Socioeconómicas


Os trabalhadores por conta própria no sector comercial do mercado Waresta são
predominantemente jovens e adultos de meia-idade, reflectindo a tendência geral de um
mercado de trabalho onde grande parte da força de trabalho activa busca alternativas
económicas fora do sector formal (Silva et al., 2020). Esse perfil etário está relacionado à
falta de oportunidades de emprego formal e ao crescimento da economia informal como
alternativa viável para subsistência.

Em termos de nível educacional, a maioria dos trabalhadores possui escolaridade básica ou


incompleta, o que limita o acesso a oportunidades mais qualificadas no mercado formal.
Esse factor impacta directamente a capacidade de gestão e expansão dos negócios
informais, uma vez que conhecimentos em áreas como contabilidade, marketing e
administração são limitados entre esses comerciantes (Carvalho, 2022).

Além disso, a pesquisa aponta que há uma forte participação de mulheres no comércio
informal, especialmente em sectores como a venda de produtos alimentícios e vestuário.
Essa predominância feminina reflecte a busca por alternativas económicas diante das
dificuldades de inserção no mercado formal, além do papel crucial desempenhado pelas
mulheres no sustento familiar (Devereux & Sabates-Wheeler, 2004).

2.3.2. Tipo de Actividades Exercidas


Os trabalhadores por conta própria no mercado Waresta atuam em um conjunto
diversificado de actividades, que incluem:

Venda de produtos alimentícios: frutas, legumes, grãos, carnes e alimentos processados,


atendendo às demandas diárias da população local.

Comércio de vestuário e calçados: incluindo roupas novas e usadas, muitas vezes


importadas de países vizinhos, reflectindo o impacto do comércio transfronteiriço na
economia local.

28
Venda de utensílios domésticos e electrónicos: itens de cozinha, electrodomésticos de
pequeno portem, celulares e acessórios, demonstrando a adaptação do mercado às
necessidades tecnológicas da população. Essa diversidade de actividades demonstra a
flexibilidade e adaptabilidade do comércio informal, que responde rapidamente às
flutuações da demanda e às mudanças no poder de compra da população (Carvalho, 2022).

2.3.3. Grau de Formalização dos Negócios


Apesar da importância económica e social desses trabalhadores, a grande maioria opera
sem Registro formal e sem acesso a mecanismos de protecção social. Os principais desafios
para a formalização incluem:

Baixo acesso a informação e capacitação: muitos trabalhadores desconhecem os processos


para registar seus negócios e os benefícios da formalização (Devereux & Sabates-Wheeler,
2004).

Falta de acesso a crédito e financiamento: sem garantias formais, os comerciantes informais


enfrentam dificuldades em obter empréstimos para expandir seus negócios.

Embora muitos desses trabalhadores possuam longa experiência no sector comercial, a


ausência de treinamentos formais limita o desenvolvimento de suas competências e impede
um crescimento sustentável de seus negócios. Programas de capacitação e políticas de
incentivo à formalização poderiam contribuir significativamente para a melhoria das
condições de trabalho e a inclusão desses trabalhadores na economia formal (Silva et al.,
2020). Dessa forma, compreender o perfil dos trabalhadores por conta própria no mercado
Waresta é fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas que promovam a
formalização e a inclusão social desses profissionais, garantindo maior estabilidade
económica e protecção social para essa parcela da população.

2.4. Cobertura da Segurança Social Obrigatória para Trabalhadores Autónomos


A inclusão dos trabalhadores autónomos no sistema de Segurança Social Obrigatória em
Moçambique tem sido um desafio, devido a múltiplos factores socioeconómicos e
estruturais. Embora o sistema tenha sido desenhado para garantir protecção social a todos
os trabalhadores, a realidade mostra que a adesão dos autónomos ainda é baixa, reflectindo
a necessidade de ajustes institucionais e políticas mais inclusivas.

29
2.4.1. Percentual de Adesão dos Trabalhadores
Os dados indicam que a taxa de adesão dos trabalhadores autónomos ao sistema de
segurança social em Moçambique continua baixa. Um número significativo de
trabalhadores não está registado no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), o que os
deixa vulneráveis a riscos como acidentes de trabalho, doenças e aposentadoria sem
assistência financeira (Organização Internacional do Trabalho [OIT], 2014).

Essa baixa adesão reflecte uma lacuna estrutural no alcance da segurança social, que tem
sido mais eficaz na cobertura de trabalhadores formais, enquanto os autónomos e informais
permanecem desprotegidos. Além disso, a informalidade do mercado de trabalho em
Moçambique, que representa uma parte substancial da economia, dificulta a ampliação da
cobertura providenciaria.

2.4.2. Factores que Influenciam a Adesão e a Participação


A decisão de um trabalhador autónomo em aderir ao sistema de segurança social é
influenciada por diversos factores, que podem ser classificados em económicos,
institucionais e culturais:
Falta de informação e desconhecimento do sistema: Muitos trabalhadores não
compreendem os benefícios da segurança social, desconhecem os processos de inscrição e
as contribuições obrigatórias, o que reduz a adesão ao sistema (Fernandes, Lynch, &
Niemeyer, 2014).
Custos elevados das contribuições: O custo da contribuição providenciaria pode ser
considerado alto para trabalhadores de baixa renda, principalmente aqueles que operam em
actividades instáveis e sem receitas fixas. Esse factor faz com que muitos optem por não
contribuir.
Desconfiança na gestão do sistema: Alguns trabalhadores não confiam na capacidade do
Estado de garantir o retorno de suas contribuições, seja por experiências negativas, atrasos
nos pagamentos de benefícios ou falta de transparência na administração dos recursos
(Holzmann & Jørgensen, 2001).

Burocracia no processo de Registro: O processo de inscrição no sistema pode ser


considerado complicado para trabalhadores com pouca escolaridade ou sem acesso a
suporte técnico, dificultando sua formalização no INSS.

30
Ausência de fiscalização e incentivo: Diferentemente dos trabalhadores formais, cuja
adesão ao sistema é exigida por lei e fiscalizada pelas empresas, os autónomos não sofrem
fiscalização rígida, tornando opcional a sua contribuição e reduzindo a adesão voluntária.

Esses factores evidenciam a necessidade de políticas públicas voltadas para a inclusão


providenciaria, por meio de campanhas de conscientização, flexibilização de taxas de
contribuição e mecanismos que tornem o sistema mais acessível aos trabalhadores
autónomos.

2.4.3. Comparação com Outros Sectores e Grupos Profissionais


Quando comparado a outros grupos de trabalhadores, percebe-se que a adesão dos
autónomos ao sistema de segurança social é significativamente menor:

Trabalhadores formais: Possuem uma taxa de adesão elevada, pois sua participação no
sistema é compulsória, sendo as contribuições recolhidas directamente pelo empregador.
Além disso, esses trabalhadores têm maior acesso à informação sobre seus direitos
previdenciais.

Trabalhadores informais: Enfrentam desafios semelhantes aos autónomos, mas, por não
possuírem vínculos fixos, a adesão tende a ser ainda menor. A falta de fiscalização e a
ausência de incentivos para formalização agravam essa situação.

Funcionários públicos: Geralmente estão vinculados a regimes próprios de previdência,


que garantem maior protecção social e estabilidade na aposentadoria, diferenciando-se dos
trabalhadores autónomos e informais.

2.5. Desafios para a Adesão à Segurança Social Obrigatória


A adesão dos trabalhadores ao sistema de Segurança Social Obrigatória enfrenta diversos
desafios estruturais e socioeconómicos. A ausência de políticas eficazes, aliados à falta de
conhecimento sobre o sistema e dificuldades financeiras, são factores que dificultam a
inclusão de trabalhadores, especialmente os autónomos e informais, ao sistema de
protecção social. A seguir, são detalhados os principais obstáculos para uma adesão
efectiva.

2.5.1. Falta de Informação


A falta de informações claras e acessíveis sobre o sistema de Segurança Social é um dos
maiores obstáculos para a adesão dos trabalhadores. Muitos trabalhadores desconhecem os
31
benefícios que poderiam obter com a contribuição para o sistema, como aposentadoria,
cobertura em caso de doença ou acidentes de trabalho e outros benefícios sociais. De
acordo com Kohler e Witte (2014), a insuficiência de informações adequadas é um dos
maiores obstáculos à adesão ao sistema de segurança social. A ausência de campanhas
educativas eficazes e a falta de esclarecimentos sobre os processos de inscrição e
contribuição tornam difícil para os trabalhadores tomarem decisões informadas.

Além disso, a informação disponível é frequentemente limitada ou técnica demais, o que


dificulta a compreensão, especialmente para os trabalhadores com baixo nível de
escolaridade ou que não têm acesso fácil a fontes de informação. Isso impede que muitos
entendam a importância de sua participação no sistema, o que reduz ainda mais o
engajamento. A melhoria da comunicação e a disponibilização de informações claras e
acessíveis, por meio de campanhas de conscientização, são medidas essenciais para
aumentar a adesão ao sistema de segurança social.

2.5.2. Barreiras Financeiras e Custos de Contribuição


Outro desafio significativo para a adesão dos trabalhadores ao sistema de segurança social
é a questão dos custos de contribuição. Muitos trabalhadores, especialmente os autónomos
e aqueles com rendimentos instáveis, enfrentam dificuldades para pagar as contribuições
obrigatórias, que podem ser elevadas em comparação com sua renda (Santos, 2009). Para
trabalhadores que não têm um salário fixo ou que operam em mercados informais e
imprevisíveis, os custos de contribuição podem representar uma carga financeira difícil de
suportar.

O sistema de contribuições não é flexível o suficiente para acomodar a variabilidade de


rendimentos dos trabalhadores autónomos, o que gera uma resistência à adesão. A falta de
adaptação do sistema às condições financeiras dos trabalhadores informais é um dos
principais factores que limitam a expansão da cobertura providenciaria no país. A criação
de um sistema de contribuições progressivas ou mais acessíveis poderia reduzir as barreiras
financeiras e aumentar a participação no sistema de segurança social.

2.5.3. Desconfiança na Gestão do Fundo de Segurança Social


A desconfiança na administração do fundo de segurança social é outro factor crítico para a
baixa adesão dos trabalhadores ao sistema. Muitos trabalhadores têm uma percepção
negativa sobre a gestão dos recursos da segurança social, com base em experiências

32
passadas de atrasos nos pagamentos de benefícios ou a falta de transparência na
administração dos fundos (De Haan, Mazzucato, & Resnick, 2020). Essa falta de confiança
enfraquece a motivação para contribuir para um sistema que muitos acreditam não ser
eficiente ou seguro. A desconfiança também pode ser exacerbada por práticas de corrupção
ou má gestão, que ocorrem em algumas áreas do sector público, minando a confiança dos
trabalhadores no sistema.

2.5.4. Burocracia e Dificuldades no Processo de Inscrição


A complexidade e a burocracia envolvidas no processo de inscrição também dificultam a
adesão de muitos trabalhadores. O processo de formalização para a segurança social pode
ser complicado e exigir uma série de documentos e procedimentos administrativos, o que
cria barreiras para trabalhadores com menos acesso a recursos ou suporte técnico
(Figueiredo et al., 2020). Muitos trabalhadores, especialmente os autónomos, não têm
acesso fácil a informações sobre como realizar o cadastro ou a assistência necessária para
completar os processos. A simplificação dos processos administrativos e a criação de
centros de atendimento acessíveis e eficientes poderiam facilitar a adesão dos trabalhadores
ao sistema, especialmente aqueles em regiões mais afastadas.

2.6. Facilitadores e Estratégias param Ampliar a Cobertura


A ampliação da cobertura do sistema de Segurança Social Obrigatória enfrenta vários
desafios, mas também existem estratégias eficazes que podem facilitar a inclusão de um
maior número de trabalhadores, especialmente os autónomos, informais e de baixa renda.

2.6.1. Campanhas de Sensibilização e Educação Financeira


Uma das estratégias mais eficazes para aumentar a adesão ao sistema de Segurança Social é
a realização de campanhas de sensibilização que expliquem de maneira clara os benefícios
e o funcionamento do sistema. Segundo Pereira (2021), as campanhas de comunicação são
essenciais para aumentar a conscientização dos trabalhadores, especialmente aqueles de
baixa renda e trabalhadores informais que têm menor acesso à informação. Essas
campanhas devem ser direccionadas para grupos específicos e adaptar as mensagens
conforme as características de cada público-alvo, seja por meio de rádio, televisão, redes
sociais ou outros meios de comunicação de fácil acesso.

33
2.6.2. Políticas de Incentivo e Redução de Custos
Outro factor crucial para aumentar a adesão ao sistema de segurança social é a introdução
de políticas de incentivo e redução de custos. A adopção de contribuições escalonadas pode
ser uma solução viável para tornar o sistema mais acessível, especialmente para
trabalhadores com baixos rendimentos. De acordo com Santos (2020), as contribuições
escalonadas permitem que os trabalhadores paguem valores proporcionais aos seus
rendimentos, facilitando a adesão de trabalhadores informais ou de baixa renda. Isso não
apenas torna as contribuições mais justas, mas também ajuda a evitar a sobrecarga
financeira dos trabalhadores, tornando o sistema mais inclusivo.

2.6.3. Parcerias com Associações e Cooperativas


Estabelecer parcerias com associações e cooperativas que representam os trabalhadores
autónomos e informais pode ser uma estratégia eficaz para facilitar o acesso à informação e
o processo de inscrição. Devereux (2020) destaca que as associações e cooperativas
desempenham um papel importante na disseminação de informações sobre o sistema de
segurança social e na facilitação do processo de adesão. Por meio dessas parcerias, é
possível fornecer aos trabalhadores autónomos e informais apoios técnico, orientações
práticas sobre como se inscrever no sistema, além de criar canais de comunicação mais
eficientes.

2.6.4. Melhoria na Transparência e Gestão do Sistema


A transparência e a boa gestão do sistema de segurança social são fundamentais para
aumentar a confiança dos trabalhadores e garantir a sua adesão. De Haan et al. (2020)
afirmam que a implementação de práticas de gestão transparente, como auditorias
regulares, divulgação de resultados e relatórios claros sobre a alocação e uso dos recursos,
pode melhorar significativamente a confiança do público no sistema. Quando os
trabalhadores percebem que os recursos do sistema de segurança social são administrados
de maneira eficiente e responsável, há uma maior disposição para contribuir, pois acreditam
que o dinheiro arrecadado será utilizado adequadamente.

A criação de uma estrutura de governança eficaz, que envolva a sociedade civil, os


trabalhadores e os gestores do sistema de segurança social, também pode contribuir para a
melhoria da transparência. A utilização de tecnologias de informação e comunicação
(TICs) para monitoramento e prestação de contas é uma estratégia eficaz para garantir que

34
os recursos sejam bem geridos e que o público tenha acesso fácil a informações sobre o
desempenho do sistema.

Além disso, a divulgação pública dos resultados de auditorias, incluindo como os fundos
são investidos e quais benefícios estão sendo distribuídos, pode aumentar a confiança da
população no sistema. Garantir que o sistema de segurança social seja percebido como
eficaz e transparente incentivará os trabalhadores a se envolverem, sabendo que o sistema
funciona de maneira justa e acessível.

2.7. Impactos da Baixa Cobertura na Protecção Social dos Trabalhadores


A baixa cobertura do sistema de Segurança Social Obrigatória tem implicações
significativas tanto para os trabalhadores quanto para a economia como um todo. Quando
uma parte considerável da população de trabalhadores, principalmente aqueles do sector
informal, não está inserida no sistema, isso resulta em uma série de vulnerabilidades
económicas e sociais que comprometem o bem-estar individual, a estabilidade dos negócios
e o próprio desenvolvimento do sistema previdenciário. A seguir, detalhamos os impactos
dessa baixa adesão e as consequências para a protecção social dos trabalhadores.

2.7.1. Vulnerabilidade Económica e Falta de Protecção


A principal consequência da baixa adesão ao sistema de segurança social é a
vulnerabilidade económica dos trabalhadores que não estão protegidos por um sistema
formal de previdência social. A falta de cobertura providenciaria impede que os
trabalhadores tenham acesso a benefícios essenciais que poderiam aliviar as dificuldades
financeiras em momentos de necessidade, como em caso de doença, acidente ou
aposentadoria. A ausência de uma rede de protecção social eficaz expõe os trabalhadores a
riscos financeiros consideráveis, uma vez que, sem um sistema de seguridade, eles ficam
desprovidos de fontes de renda alternativas quando não podem mais trabalhar devido a uma
incapacidade temporária ou permanente (Fernandes, Lynch, & Netemeyer, 2014).

Em situações de doença ou acidente, por exemplo, os trabalhadores que não são


beneficiários do sistema de segurança social podem não ter acesso a benefícios de saúde ou
auxílios por invalidez, deixando-os sem a capacidade de cuidar da própria saúde ou de
sustentar a sua família. Da mesma forma, a aposentadoria se torna um risco iminente, pois,
sem uma contribuição regular ao sistema de previdência social, muitos trabalhadores

35
informais ou autónomos não possuem uma renda garantida após a velhice, o que pode levá-
los a uma vida de pobreza ou dependência de familiares.

Além disso, a falta de uma rede de segurança financeira implica uma ineficiência
económica, uma vez que trabalhadores vulneráveis, ao enfrentarem tais situações sem o
respaldo de uma rede social, tornam-se menos produtivos e mais dependentes de outras
formas de assistência, seja familiar ou comunitária, o que limita o seu potencial de
crescimento e de contribuição para a economia formal (Fernandes et al., 2014).

2.7.2. Consequência para a Sustentabilidade do Sector Comercial Informal


A economia informal desempenha um papel fundamental na geração de empregos e na
produção de bens e serviços essenciais para muitas comunidades, especialmente em países
em desenvolvimento. No entanto, a ausência de uma rede de protecção social acessível para
os trabalhadores desse sector pode prejudicar gravemente a estabilidade e a sustentabilidade
dos próprios negócios informais. Os trabalhadores do sector informal, que em grande parte
não têm acesso ao sistema de segurança social, enfrentam uma situação de instabilidade
económica contínua. Sem um sistema formal de apoio, esses trabalhadores ficam expostos
a riscos elevados, como a perda de renda devido a doenças ou acidentes, o que pode
inviabilizar a continuidade de suas actividades comerciais (Carvalho, 2022).

A baixa cobertura previdenciária também impede que esses trabalhadores acumulem


recursos suficientes para enfrentar a aposentadoria ou um eventual fechamento do seu
negócio, forçando-os a continuar trabalhando indefinidamente, mesmo em idade avançada
ou em condições de saúde comprometidas (Carvalho, 2022).

Além disso, a falta de protecção social no sector informal resulta em uma maior
dependência do estado ou de ajudas comunitárias, o que pode levar a uma sobrecarga nos
sistemas de assistência social pública e à redução de recursos para outras áreas da
economia, prejudicando o crescimento do sector informal e sua capacidade de reinvestir e
expandir (Carvalho, 2022).

2.7.3. Desafios do Desenvolvimento do Sistema Previdenciário


A baixa adesão ao sistema de segurança social também apresenta sérios desafios para o
desenvolvimento e a evolução do sistema previdenciário. A limitação da cobertura
evidencia a necessidade urgente de reformas no sistema de previdência, para que ele possa
atender de maneira mais inclusiva as demandas dos trabalhadores informais. A exclusão de
36
uma parte significativa da população do sistema de segurança social compromete a
sustentabilidade do próprio sistema, uma vez que ele depende de um número crescente de
contribuintes para garantir a redistribuição dos recursos e a manutenção do fundo
previdenciário (Holzmann & Jørgensen, 2001).

CAPÍTULO III: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS


3. Procedimentos Metodológicos
GIL (1999), expõe que os métodos que esclarecem acerca dos procedimentos técnicos a
serem utilizados, proporcionariam ao investigador os meios adequados para garantir
objectividade e a precisão no estudo de ciências sociais.

3.1. Métodos de Pesquisa


No que diz respeito ao método, para a pesquisa a realizar, optou-se pelo Método Indutivo, e
a preferência por este, está na razão de que o autor irá partir de um estudo particularizado
para as inferências mais gerais, ou seja, é bem provável que, o que está acontecendo numa
família esteja acontecendo numa outra família. Tal como aponta LAKATOS e MARCONI
(2007:86), Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não
contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos é levar a
conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se
basearam.
3.2. Tipo de Pesquisa
A pesquisa é caracterizada como aplicada, pois busca solucionar problemas específicos. No
contexto deste estudo, seus resultados visam compreender os motivos da baixa cobertura
dos trabalhadores autónomos no sector comercial (Gil, 1999).

3.2.1. Quanto a forma de abordagem


No que diz respeito à forma de abordagem, este estudo utiliza uma abordagem mista,
combinando métodos quantitativos e qualitativos. Essa combinação metodológica segue a
orientação de Creswell e Plano Clark (2018), que defendem a utilização de métodos mistos
quando se pretende obter uma compreensão mais ampla de um fenómeno, unindo o rigor
estatístico da abordagem quantitativa à profundidade interpretativa da abordagem
qualitativa.

37
3.2.2. Quanto aos Objectivos
Quanto aos objectivos, a presente pesquisa é do tipo Descritiva, dado que vai se cingir mais
no envolvimento do pesquisador em situação real para apurar a veracidade do facto em
ocorrência, estas pesquisas têm como objectivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. GIL, (1999: 143).

3.2.3. Quanto aos procedimentos técnicos


Os procedimentos técnicos adoptados nesta pesquisa foram planejados para garantir a
precisão e a validade dos dados colectados, assegurando que as conclusões pudessem ser
aplicadas de forma consistente ao universo dos trabalhadores por conta própria no sector
comercial de Nampula.

3.2.3.1. Estudo Bibliográfico


Em termos de procedimentos, a futura pesquisa, prevê o uso do estudo bibliográfico,
portanto, analisar-se-á obras já existentes que fazem abordagem em relação ao tema que se
pretende pesquisar.
Tal como reitera GIL (1996, 132), A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em
material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em
quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas
desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos
exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas

3.2.4. Estudo de Campo


No estudo de campo, o pesquisador realiza a maior parte do trabalho pessoalmente, pois é
enfatizada importância de o pesquisador ter tido ele mesmo uma experiência directa com a
situação de estudo, visto que o autor também vai poder usar a observação.
Tipicamente, o estudo de campo focaliza uma comunidade, que não é necessariamente
geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada
para qualquer outra actividade humana. Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio
da observação directa das actividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes
para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo. Esses procedimentos
são geralmente conjugados com muitos outros, tais como a análise de documentos,
filmagem e fotografias, (GIL, 1999).

38
3.3. Instrumentos de colecta de dados
Tratando – se de uma pesquisa de cunho qualitativo, ela irá valer-se de instrumentos tais
como: a observação directa do fenómeno e vamos privilegiar mais a entrevista para ganhar
mais confiança e para colher mais dados credíveis sobre o assunto em estudo. A primeira
vai ter umas questões que o autor vai utilizar para servir como guião no acto da observação
do fenómeno e a entrevista terá uma lista de questões, mas estes não seguirão uma ordem,
serão de forma aleatória.

3.4. Universo/Amostra
A escolha do universo e da amostra para esta pesquisa foi feita de forma cuidadosa,
levando em consideração a diversidade dos trabalhadores por conta própria no sector
comercial de Nampula, especialmente no mercado de Waresta.

3.4.1. Universo
Segundo Richardson (1999:157), o universo é o conjunto de elementos que possuem
determinadas características. Deste modo, a pesquisa contará com o seu universo
Trabalhadores por conta própria no mercado Waresta na Cidade de Nampula para dar mais
credibilidade ao estudo, como sendo estes o nosso grupo-alvo.

3.4.2. Amostra
Uma amostra segundo Lakatos e Marconi (1999:43), uma parte representativa possível da
população, dentro de todo universo.

Neste caso, para fazer face a realização da pesquisa, o autor conta com uma amostragem
composta por 30 pessoas trabalhadoras por conta própria escolhidas aleatoriamente no
Mercado Waresta, o estudo será realizado no ano 2022-2023.

2
Z × p ×(1− p)× N
n=
E ×( N−1)+ Z 2 × p ×(1− p)
2

 Z = 1.96 (para um nível de confiança de 95%),


 p = 0.5 (máxima variabilidade),
 E = 0.05 (margem de erro de 5%),
 n = 30 (tamanho da amostra desejado).

No entanto, percebemos que a fórmula não é aplicável nesse caso, neste caso não há
necessidade de amostragem, pois temos acesso a todos os trabalhadores por conta
própria do mercado Waresta.

39
CAPíTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
Este capítulo apresenta e analisa os dados colectados sobre o nível de cobertura da
segurança social obrigatória entre os trabalhadores por conta própria do ramo comercial no
mercado Waresta, em Nampula. Os resultados, obtidos por meio de entrevistas
estruturadas, foram organizados e representados graficamente para facilitar a sua
interpretação.
4.1. Informações Demográficas
Esta seção fornece uma visão geral das características demográficas dos Trabalhadores por
Conta Própria no Mercado Waresta, Nampula com base nas respostas ao questionário.

4.1.1. Interpretação da Idade dos Trabalhadores por Conta Própria no Mercado


Waresta, Nampula
Para analisar a distribuição etária dos trabalhadores por conta própria do ramo comercial no
mercado Waresta, foi levantada a seguinte questão:
a) Qual é a sua idade?

Gráfico1: Idade dos participantes

Idade dos Trabalhadores por Conta


Própria no Mercado Waresta
4; 13% 20-30 anos
8; 27% 31-40 anos
41-50 anos
8; 27% Mais de 50 anos

10; 33%

Fonte: autor

Com base nos resultados obtidos, verifica-se que A maioria dos trabalhadores por conta
própria no mercado Waresta está nas faixas etárias de 20 a 40 anos (60%), reflectindo a
tendência do sector informal de atrair jovens em idade. A baixa presença de pessoas com
mais de 50 anos (13,3%) pode ser explicada pelas exigências físicas e limitações da idade ,
embora a faixa entre 41 e 50 anos (26,7%) indique que a experiência ainda tem espaço e
valor. Jovens impulsionam a inovação por meio de novas tecnologias mas enfrentam

40
barreiras à inclusão na segurança social. Por sua vez, trabalhadores mais velhos lidam com
discriminação e dificuldades de adaptação (Walker, 2018).

4.1.2. Interpretação do Nível de Escolaridade dos Vendedores por Conta Própria no


Mercado Waresta
O estudo sobre o nível de cobertura da Segurança Social Obrigatória em Moçambique,
focando nos vendedores por conta própria no mercado Waresta, revela a distribuição do
nível de escolaridade entre os participantes. Para determinar a escolaridade dos vendedores,
foi levantada a seguinte questão:

b) Qual é o seu nível de escolaridade?

A distribuição do nível de escolaridade entre os vendedores por conta própria no mercado


Waresta revela os seguintes resultados: Apenas 6,7% dos participantes não possuem
qualquer tipo de formação. A maior parte dos vendedores (46,7%) completou o ensino
básico. 20% Dos vendedores concluíram o ensino médio. 26,7% dos vendedores possuem
formação superior.

Gráfico 2: Distribuição do Nível de Escolaridade

Distribuição do Nível de
Escolaridade Básico
8
27% Médio
14
47% Sem
nenhuma
6 formação
2
7% 20% Superior

Fonte: Autor (2024).

A análise do nível de escolaridade dos trabalhadores por conta própria no mercado Waresta
revela um perfil educacional diversificado. A maioria dos participantes concluiu o ensino
básico (46,7%), seguido pelo ensino superior (26,7%) e ensino médio (20%). Apenas 6,7%
não possuem qualquer formação escolar. A predominância do ensino básico reforça a tese
de que esse nível é fundamental para o ingresso no sector informal, fornecendo
competências essenciais como leitura, escrita e cálculo, conforme destaca Gouveia (2020).

41
quanto a presença de indivíduos mais qualificados que vêem no trabalho autónomo uma
oportunidade de aplicar seus conhecimentos e alcançar autonomia profissional.

4.2.3. Interpretação do Tempo Trabalhando por Conta Própria no Mercado Waresta


O estudo sobre o nível de cobertura da Segurança Social Obrigatória em Moçambique,
focando nos vendedores por conta própria no mercado Waresta, também analisou o tempo
de experiência dos participantes no ramo de actividade. A questão levantada para entender
essa variável foi:
c) Há quanto tempo você trabalha por conta própria?
A distribuição do tempo de trabalho dos vendedores por conta própria no mercado Waresta
revela uma variedade de níveis de experiência, conforme apresentado abaixo: Menos de 1
ano: Apenas 6,7% dos vendedores têm menos de um ano de experiência no mercado. 1 a 5
anos: 30,0% dos vendedores estão no mercado entre 1 e 5 anos. 6 a 10 anos: A maior parte
dos vendedores (33,3%) tem entre 6 e 10 anos de experiência. Mais de 10 anos: 30,0% dos
vendedores possuem mais de 10 anos de experiência.

Gráfico 3: Distribuição do Tempo Trabalhando por Conta Própria

Distribuição do Tempo Trabalhando por Conta


Própria
2; 7%
9; 30% 1-5 anos
9; 30% 6-10 anos
Mais de 10 anos
Menos de 1 ano
10; 33%

Fonte: Autor (2024).

A maioria dos vendedores por conta própria no mercado Waresta possui entre 1 e 10 anos
de experiência (63,3%), o que sugere um estágio de adaptação com relativa estabilidade
(Gouveia, 2018). A experiência é vista como factor determinante na percepção da
importância da segurança social (Afonso, 2019). Apenas 6,7% estão no primeiro ano de
actividade, o que pode dificultar sua adesão à protecção formal (Gomes, 2017). Já 30% têm
mais de 10 anos de experiência, o que pode indicar maior consciência sobre a necessidade
de benefícios sociais, apesar das limitações financeiras comuns ao sector informal (Silva,
2020; Miranda & Pereira, 2018). Assim, o tempo de actividade influencia directamente a
propensão à inclusão na segurança social.
42
4.2.4. Interpretação da Actividade Exercida no Mercado Waresta
O estudo sobre as actividades exercidas pelos vendedores no mercado Waresta revela as
diferentes funções desempenhadas pelos participantes no contexto do trabalho autónomo. A
questão levantada para identificar essas funções foi:

d) Qual actividade você exerce no mercado Waresta?

A distribuição das actividades exercidas pelos vendedores do mercado Waresta revela uma
diversidade de funções. A principal actividade é o comércio, representando 40,0% dos
participantes, destacando-se como a ocupação predominante. Além disso, 30,0% dos
vendedores atuam como agentes de serviços de transferência móvel, evidenciando a
importância desse sector no mercado. Outros 30,0% trabalham como armazenistas e
distribuidores, demonstrando a relevância da logística e distribuição dentro do ambiente
comercial. Esses dados indicam que o mercado Waresta abriga diferentes tipos de
actividades, com um equilíbrio entre funções comerciais e serviços de suporte.

Gráfico 4: Distribuição das Actividades Exercidas pelos Vendedores

Distribuição das Actividades Exercidas


pelos Vendedores

Agente de serviços de
9; 30% transferência móvel
12; 40%
Armazenista e dis-
tribuidor
Comerciante
9; 30%

Fonte: Autor (2024).

A predominância de comerciantes (40%) no mercado Waresta confirma a centralidade do


comércio na economia informal africana (Rakowski, 2018), enquanto a presença de agentes
de serviços de transferência móvel (30%) evidencia o avanço da digitalização financeira no
continente (Jack & Suri, 2016). Armazenistas e distribuidores (30%) reflectem uma
segmentação funcional que fortalece a resiliência do sector informal (Chen, 2012). Essa
estrutura ocupacional demonstra a relevância do comércio, da inovação tecnológica e da
logística como pilares da economia informal local (De Soto, 2001).

43
4.2.5. Interpretação sobre a Inscrição na Segurança Social Obrigatória
O estudo de caso sobre a situação da segurança social entre os trabalhadores autónomos
revela informações sobre a adesão à segurança social obrigatória, uma questão importante
no contexto da protecção social e da estabilidade financeira dos trabalhadores.
A questão levantada para identificar a adesão à segurança social foi:
e) Você está inscrito na segurança social obrigatória?
Com base nos dados colectados, a distribuição dos participantes em relação à inscrição na
segurança social obrigatória mostra que: 36,7% Dos participantes estão inscritos na
segurança social obrigatória. 60,0% Dos participantes não estão inscritos. E 3,3% dos
participantes não responderam a essa questão.
Gráfico 5: Distribuição de Inscrição na Segurança Social Obrigatória

Distribuição de Inscrição na Segurança


Social Obrigatória
11; 37%
Não
Não Respondeu
Sim
18; 60%

1; 3%

Fonte: Autor (2024).

A ocupação predominante no mercado Waresta é o comércio (40%), reflectindo uma


tendência comum nos mercados informais africanos, onde essa actividade é vital para a
subsistência (Rakowski, 2018; De Soto, 2001). Além disso, destaca-se a presença de
agentes de transferência móvel (30%), evidenciando o avanço das fintechs e da
digitalização financeira (Jack & Suri, 2016). Armazenistas e distribuidores também
representam 30%, indicando uma segmentação funcional que fortalece a resiliência
económica (Chen, 2012). Portanto, a estrutura ocupacional do mercado Waresta reflecte
tanto a centralidade do comércio como a crescente digitalização dos serviços financeiros e a
necessidade de suporte logístico, reforçando a importância da economia informal na
dinâmica socioeconómica local.

44
4.2.6. Interpretação sobre os Benefícios Percebidos da Segurança Social Obrigatória
A questão relacionada aos benefícios percebidos pelos trabalhadores que estão inscritos na
segurança social obrigatória visa avaliar a percepção dos participantes sobre a eficácia e
importância desse sistema de protecção social. A questão levantada foi:
f) Quais benefícios você percebe da segurança social obrigatória?
Com base nos dados colectados, a distribuição das respostas dos participantes em relação
aos benefícios percebidos da segurança social obrigatória é a seguinte: 36,7% Dos
participantes percebem benefícios significativos. 33,3% Consideram benefícios moderados
ou limitados. 26,7% Percebem benefícios mínimos ou nenhum benefício da segurança
social obrigatória. 3,3% Não têm uma opinião clara ou não especificaram a resposta.
Gráfico 6: Distribuição sobre os Benefícios Percebidos da Segurança Social
Obrigatória

Distribuição sobre os Benefícios


Percebidos da Segurança Social
Obrigatória Benefícios Altamente
Percebidos
8; 28% Benefícios Moderados
11; 38% ou Limitados
Benefícios Não
Percebidos ou Míni-
10; 34% mos
Benefícios Significa-
tivos ou Relevantes

Fonte: Autor (2024).

A percepção dos trabalhadores autónomos do mercado Waresta sobre a Segurança Social


Obrigatória revela desafios relacionados à confiança e eficácia do sistema. Embora 36,7%
reconheçam benefícios, alinhando-se à ideia de que a protecção social pode reduzir
vulnerabilidades (Barrientos, 2008), muitos têm dúvidas: 33,3% vêem benefícios limitados,
reflectindo incertezas quanto à cobertura e à acessibilidade (Devereux & Sabates-Wheeler,
2004). Já 26,7% percebem quase nenhum benefício, o que pode estar ligado à falta de
informação e à ausência de vantagens visíveis a curto prazo (ILO, 2015; Holzmann et al.,
2009). Esses dados sugerem que o sistema ainda enfrenta barreiras para atingir
efectivamente os trabalhadores informais.

45
4.2.7. Interpretação dos Motivos para Não Estar Inscrito na Segurança Social
Obrigatória
Para compreender as razões que levam os trabalhadores a não se inscreverem na segurança
social obrigatória, foi formulada a seguinte questão:
g) Qual é o principal motivo para não estar inscrito na segurança social obrigatória?
Com base nos dados colectados, os principais motivos identificados pelos participantes
foram distribuídos da seguinte forma: 36,7% Dos participantes não mencionaram ou não
indicaram um motivo específico para não estarem inscritos na segurança social obrigatória.
20,0% Dos participantes apontaram custos elevados como a principal barreira para
inscrição. 16,7% Indicaram falta de informação sobre o processo de inscrição. 10,0%
Relataram desconfiança na eficácia do sistema. Outros 16,7% mencionaram falta de
confiança na gestão do fundo de segurança social.

Gráfico 7: Distribuição dos Motivos para Não Estar Inscrito na Segurança Social
Obrigatória

Distribuição dos Motivos para Não Estar


Inscrito na Segurança Social Obrigatória
6; 20%
11; 37%
3; 10% Custos elevados
Desconfiança na eficácia
do sistema
5; 17% 5; 17% Falta de confiança na
gestão do fundo
Falta de informação sobre
o processo de inscrição
Não mencionou motivo

Fonte: Autor (2024).

Os principais desafios para a inscrição na segurança social obrigatória incluem barreiras


financeiras, falta de informação e desconfiança no sistema. A dificuldade financeira é um
dos maiores entraves, especialmente para trabalhadores informais, já que a falta de modelos
flexíveis de contribuição pode reduzir a cobertura previdenciária. Além disso, a falta de
informação adequada prejudica a adesão, pois 16,7% dos participantes desconhecem o
processo de inscrição, reflectindo falhas na comunicação. A desconfiança na gestão do
sistema também desmotiva a adesão, devido à percepção negativa sobre transparência e
eficiência (Holzmann & Jørgensen, 2001; Barrientos & Hulme, 2009).

46
4.2.8. Interpretação do Nível de Informação sobre a Segurança Social Obrigatória
Para avaliar o nível de conhecimento dos participantes sobre a segurança social obrigatória,
foi formulada a seguinte questão:

h) Qual é o seu nível de informação sobre segurança social obrigatória?

Os dados revelam que há uma grande disparidade no nível de informação dos participantes
em relação à segurança social obrigatória, conforme descrito a seguir: 20,0% dos
participantes se consideram muito bem informados sobre o tema. Outros 20,0% relataram
estar bem informados. Entretanto, 43,3% dos entrevistados declararam estar pouco
informados. Por fim, 16,7% dos participantes afirmaram não estar informados sobre a
segurança social obrigatória.

Gráfico 8: Nível de Informação sobre Segurança Social Obrigatória

Nível de Informação sobre Segurança Social


Obrigatória

Bem informado
6; 20% Muito bem informado
13; 43% Não informado
Pouco informado
6; 20%
5; 17%

Fonte: Autor (2024).

Os resultados mostram que apenas 40,0% dos participantes possuem um nível satisfatório
de informação sobre a segurança social obrigatória, enquanto 60,0% apresentam baixo ou
nenhum conhecimento sobre o tema, dificultando a adesão ao sistema. A predominância de
indivíduos pouco informados (43,3%) sugere um deficit na disseminação de informações
acessíveis, enquanto os 16,7% completamente desinformados podem indicar falhas nas
iniciativas de comunicação ou dificuldades de acesso à informação, a capacitação de
agentes comunitários pode fortalecer a disseminação de informações e auxiliar os
trabalhadores no processo de adesão (Holzmann, Robalino & Takayama, 2009). Essas
estratégias são fundamentais para reduzir a desinformação e fortalecer a participação no
sistema de segurança social obrigatória.
47
4.2.9.Impacto da Falta de Conhecimento na Adesão ao Sistema de Segurança Social
Obrigatória

Para entender a percepção dos participantes sobre a influência do conhecimento (ou a falta
dele) na adesão ao sistema de segurança social obrigatória, a questão investigada foi:

i) Você acredita que a falta de conhecimento sobre a segurança social obrigatória


impacta na sua adesão ao sistema?

Os resultados demonstram uma tendência significativa de associação entre a falta de


conhecimento e a dificuldade de adesão, conforme descrito a seguir: 56,7% dos
participantes acreditam que a falta de conhecimento impacta directamente sua adesão ao
sistema. Apenas 20,0% dos entrevistados afirmaram que a falta de conhecimento não afecta
sua adesão, o que sugere que outros factores. Por outro lado, 23,3% dos participantes não
têm certeza se a falta de conhecimento interfere em sua adesão.

Tabela 9: Impacto da Falta de Conhecimento na Adesão ao Sistema de Segurança


Social Obrigatória

Impacto da Falta de Conhecimento na


Adesão ao Sistema de Segurança Social
Obrigatória
Não
6; 20% Não tenho certeza
Sim
17; 57%
7; 23%

Fonte: Autor (2024).

A maioria dos participantes (56,7%) reconhece que a falta de conhecimento é um obstáculo


significativo para sua adesão ao sistema de segurança social obrigatória, reforçando a ideia
de que a desinformação é uma barreira prática à participação. Outros 23,3% não têm
certeza sobre essa influência, destacando a necessidade de acções que esclareçam o
funcionamento e os impactos do sistema na vida dos cidadãos. Já os 20,0% que negaram
essa influência podem considerar outros factores mais relevantes, como dificuldades
financeiras, desconfiança na gestão ou a percepção de que a participação não traz
benefícios directos.
48
4.2.10. Desafios param Adesão à Segurança Social Obrigatória
Para compreender os obstáculos enfrentados pelos participantes no processo de adesão ao
sistema de segurança social obrigatória, foi apresentada a questão:
c) Quais desafios você enfrenta para aderir à segurança social obrigatória?
Os dados mostram uma distribuição variada de desafios, com destaque para aspectos
financeiros, informacionais e de confiança. Os resultados estão descritos a seguir: A
maioria dos entrevistados (36,7%) não relatou dificuldades em aderir à segurança social
obrigatória. Os principais obstáculos identificados incluem os custos elevados (20,0%), a
falta de informação sobre o processo de inscrição (16,7%) e a desconfiança na gestão do
fundo (16,7%). Além disso, 10,0% dos participantes demonstraram falta de confiança na
eficácia do sistema.
Gráfico 10: Desafios da não Adesão à Segurança Social Obrigatória

Desafios para Adesão à Segurança Social


Obrigatória
6; 20% Custos elevados
11; 37% Desconfiança na eficácia
do sistema
3; 10%
Falta de confiança na
gestão do fundo
Falta de informação sobre
5; 17% 5; 17% o processo
Nenhum desafio

Fonte: Autor (2024).

A análise revela que 63,3% dos entrevistados enfrentam obstáculos para aderir à segurança
social obrigatória, sobretudo por questões financeiras (20,0%) e falta de confiança na
gestão (16,7%) e eficácia do sistema (10,0%). A carência de informação (16,7%) também
se destaca como barreira, apontando para a necessidade de campanhas educativas eficazes.
Por outro lado, 36,7% afirmaram não enfrentar dificuldades, indicando algum progresso na
sensibilização. Para melhorar a adesão, recomendam-se medidas como taxas progressivas,
subsídios, maior transparência na gestão e estratégias de comunicação acessíveis
(Barrientos, 2008; Devereux & Sabates-Wheeler, 2004; Holzmann & Jørgensen, 2001;
ILO, 2015).

49
2.2.11. Medidas Facilitadoras para Adesão à Segurança Social Obrigatória
Para identificar possíveis soluções que possam aumentar a adesão à segurança social
obrigatória, foi apresentada a seguinte questão aos entrevistados:
d) Quais medidas você acredita que poderiam facilitar a adesão à segurança social
obrigatória?
Os resultados mostram que as principais sugestões incluem o fornecimento de mais
informações sobre o sistema e a redução dos custos associados à inscrição. Esses dados
revelam a necessidade de intervenções práticas tanto no aspecto informativo quanto
financeiro.

Gráfico 11: Medidas Facilitadoras para Adesão à Segurança Social Obrigatória

Medidas Facilitadoras para Adesão à


Segurança Social Obrigatória

15; 25% Maior informação

29; 49% Redução dos custos


associados à inscrição

14; 24% Sistema (Ausente)

Total (Válido)
1; 2%

Fonte: Autor (2024).

A análise dos dados revela que os principais factores para melhorar a adesão à segurança
social obrigatória são o aumento da informação (51,7%) e a redução dos custos de inscrição
(48,3%). A insuficiência de conhecimento sobre o funcionamento do sistema e seus
benefícios evidencia a necessidade de campanhas educativas mais eficazes (Barrientos,
2008; Devereux & Sabates-Wheeler, 2004). Paralelamente, os custos elevados representam
uma barreira significativa, o que sugere a adoção de políticas de contribuição mais
flexíveis, como taxas progressivas e subsídios (ILO, 2015). Apenas 3,3% não apresentaram
sugestões, possivelmente por desconhecimento. Conclui-se que ampliar o acesso à
informação e reduzir os encargos financeiros são medidas essenciais para fortalecer a
protecção social dos trabalhadores (Holzmann & Jørgensen, 2001).
50
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES
5.1. Conclusões
A pesquisa revelou que a maioria dos trabalhadores por conta própria no sector comercial
de Nampula é composta por indivíduos jovens, com idades geralmente variando entre 20 e
40 anos, e uma considerável proporção de adultos de meia-idade, com idades entre 40 e 55
anos. Essa faixa etária predominante indica que o sector comercial é uma fonte de renda
significativa tanto para jovens em busca de sua independência financeira quanto para
indivíduos que, muitas vezes, têm responsabilidades familiares e buscam sustentar suas
famílias através dessas actividades.
Em termos de escolaridade, a maioria dos trabalhadores possui níveis básicos de educação
formal, geralmente não ultrapassando o ensino primário ou secundário incompleto. Esse
perfil educacional reflecte as limitações de acesso à educação que afectam grande parte da
população em contextos socioeconómicos mais vulneráveis, o que, por sua vez, influencia
directamente as oportunidades disponíveis no mercado formal de trabalho. A baixa
escolaridade também impacta a capacidade desses trabalhadores de compreender, acessar e
aderir a sistemas como a segurança social obrigatória, devido a barreiras relacionadas à
alfabetização financeira e funcional. As actividades exercidas por esses trabalhadores por
conta própria variam amplamente e abrangem, principalmente, a venda de produtos
alimentícios, como frutas, legumes e produtos enlatados; vestuário, incluindo roupas e
calçados; e utensílios domésticos, como panelas, copos e pequenos electrodomésticos.
Essas actividades são características do comércio informal, que predomina na cidade de
Nampula e atende às necessidades quotidianas da população local. Esse tipo de comércio é
frequentemente realizado em bancas improvisadas, carrinhos ou directamente nas ruas,
reforçando a natureza informal e, muitas vezes, precária das condições de trabalho nesse
sector. Quanto à experiência profissional, muitos trabalhadores autónomos atuam no sector
há vários anos, com alguns relatando mais de uma década de dedicação ao comércio
informal. Essa longa experiência reflecte a resiliência desses indivíduos em enfrentar as
dificuldades do mercado informal e encontrar formas de sustento diante da ausência de
emprego formal. No entanto, apesar da experiência acumulada, grande parte desses
trabalhadores enfrenta sérias limitações no que diz respeito ao acesso a treinamentos ou
capacitações formais que poderiam aprimorar suas habilidades ou expandir suas
oportunidades. A falta de capacitação também impede que esses trabalhadores
desenvolvam competências relacionadas à gestão de negócios, planeamento financeiro ou

51
formalização de suas actividades, o que acaba restringindo o crescimento e a
sustentabilidade de seus empreendimentos. Além disso, o estudo identificou que muitos
trabalhadores autónomos dependem exclusivamente de suas actividades no sector informal
para subsistência, o que os torna particularmente vulneráveis a riscos económicos, como
períodos de baixa demanda ou crises económicas. Essa dependência acentua a importância
de políticas públicas que promovam não apenas a formalização desses trabalhadores, mas
também a inclusão em sistemas de protecção social que garantam maior segurança e
estabilidade financeira.
Os resultados da pesquisa indicaram uma percepção geralmente positiva em relação aos
benefícios potenciais proporcionados pela segurança social obrigatória. Entre os benefícios
mais valorizados estão a protecção financeira em casos de doenças, acidentes de trabalho,
invalidez e aposentadoria. Esses aspectos são vistos como fundamentais para oferecer
maior estabilidade e segurança económica aos trabalhadores por conta própria,
especialmente em um sector marcado por instabilidade e ausência de garantias formais. A
ideia de contar com um sistema de apoio em situações adversas é amplamente reconhecida
como um ponto positivo, evidenciando o potencial impacto positivo da segurança social na
vida desses trabalhadores. No entanto, apesar dessa percepção positiva, a maioria dos
trabalhadores revelou um conhecimento limitado e superficial sobre o funcionamento do
sistema de segurança social obrigatória. Muitos não compreendem claramente os passos
necessários para se inscrever, as condições de participação ou os benefícios que poderiam
efectivamente acessar. Essa falta de entendimento sobre o sistema sugere a necessidade de
maior esforço na comunicação e divulgação por parte das instituições responsáveis pela
segurança social, bem como estratégias para tornar o sistema mais acessível e
compreensível aos trabalhadores do sector informal.
Os desafios que dificultam a adesão dos trabalhadores por conta própria à segurança social
obrigatória foram destacados de maneira clara na pesquisa, apontando barreiras tanto
estruturais quanto comportamentais que limitam a inclusão desses trabalhadores no
sistema. Entre os principais desafios estão: A ausência de informações claras sobre os
procedimentos de inscrição, os critérios de elegibilidade e os benefícios oferecidos foi
apontada como o maior obstáculo para a adesão. Muitos trabalhadores relataram não saber
a quem recorrer para obter informações confiáveis ou como iniciar o processo de inscrição.
Essa barreira é particularmente crítica no contexto do sector informal, onde há pouca
interacção com instituições formais.

52
Com base nos dados colectados e analisados, foi possível avaliar as hipóteses estabelecidas
no início da pesquisa: A hipótese de que a falta de conhecimento não impacta
significativamente a adesão e a cobertura dos trabalhadores por conta própria foi rejeitada.
Os resultados da pesquisa demonstraram que o nível de conhecimento dos trabalhadores
sobre a segurança social obrigatória tem um impacto directo e significativo na adesão. A
ausência de informações claras e acessíveis é uma das principais razões para a baixa
participação desses trabalhadores no sistema.
A hipótese de que a cobertura da segurança social obrigatória é limitada e afecta
negativamente os trabalhadores foi confirmada. Os dados revelaram lacunas importantes na
cobertura e no alcance dos benefícios, especialmente no sector informal, onde os
trabalhadores enfrentam desafios únicos. Além disso, as barreiras estruturais e
comportamentais identificadas contribuem para a exclusão de muitos trabalhadores por
conta própria, limitando o impacto positivo que o sistema poderia proporcionar.
Esses resultados reforçam a necessidade de reformas e melhorias no sistema de segurança
social obrigatória, com foco na ampliação da cobertura, na redução de barreiras e na
construção de confiança entre os trabalhadores autónomos. Estratégias específicas de
inclusão, voltadas para as particularidades do sector informal, são indispensáveis para
garantir a efectividade do sistema e promover maior segurança e estabilidade para essa
parcela significativa da força de trabalho.

5.2. Sugestões
Com base nos dados analisados e nas percepções recolhidas junto aos trabalhadores por
conta própria do sector comercial em Nampula, constata-se a existência de diversos
obstáculos que dificultam a sua inclusão no sistema de Segurança Social Obrigatória
(SSO), com destaque para a escassez de informação adequada, limitações económicas,
desconfiança nas instituições públicas e complexidade nos procedimentos de inscrição e
contribuição. Para promover uma maior adesão e assegurar a protecção social destes
trabalhadores, recomenda-se a implementação de um conjunto de medidas integradas.

Em primeiro lugar, destaca-se a necessidade de reforçar as estratégias de informação e


sensibilização, uma vez que a falta de conhecimento sobre o funcionamento da SSO, seus
benefícios e exigências ainda constitui uma das principais barreiras identificadas. Propõe-
se, portanto, a realização de campanhas educativas e de sensibilização em massa, através de
rádios comunitárias, redes sociais, panfletos, teatro comunitário e actividades nos mercados
locais. Paralelamente, recomenda-se a criação de centros fixos e móveis de informação nos
bairros periféricos e em áreas comerciais estratégicas, bem como a realização de sessões
formativas em parceria com associações de comerciantes, sindicatos e autoridades locais.

53
Em segundo lugar, é fundamental flexibilizar as condições económicas de acesso ao
sistema. Muitos trabalhadores informais enfrentam dificuldades financeiras que
comprometem a regularidade das suas contribuições. Neste sentido, recomenda-se a criação
de modelos contributivos proporcionais à renda, evitando valores fixos que penalizem os
que auferem menos rendimentos. Além disso, sugere-se a implementação de regimes
contributivos alternativos, como pagamentos trimestrais ou semestrais, e a introdução de
incentivos fiscais e subsídios para os mais vulneráveis. Parcerias com cooperativas de
crédito e instituições de microfinanças também podem facilitar a regularização da situação
contributiva dos trabalhadores autónomos.

Outro ponto crítico identificado é a falta de confiança no sistema de protecção social. Para
enfrentar esta questão, torna-se essencial garantir maior transparência e responsabilização
das entidades gestoras, através da publicação regular de relatórios financeiros e da
promoção de audiências públicas. Recomenda-se igualmente a divulgação de testemunhos
reais de beneficiários e a criação de comissões locais de acompanhamento, compostas por
representantes do sector informal, com o intuito de reforçar a participação e o controlo
social.

No que diz respeito à adequação dos benefícios, observa-se que muitos trabalhadores
consideram que as coberturas actuais não reflectem a sua realidade laboral. Assim, é
importante que os benefícios da SSO sejam ajustados ao contexto do trabalho informal,
incluindo protecção em caso de acidente de trabalho, doença, invalidez temporária e
assistência familiar. Recomenda-se ainda a expansão de programas relacionados à
maternidade, paternidade e velhice, bem como a criação de serviços complementares, como
cuidados de saúde básicos, formação profissional e apoio em períodos de baixa actividade
económica.

Por fim, a simplificação dos procedimentos administrativos é igualmente crucial. A


burocracia e a dificuldade de acesso aos serviços constituem barreiras significativas à
adesão. Para mitigar este problema, propõe-se o desenvolvimento de plataformas digitais
simples e intuitivas, compatíveis com dispositivos móveis, que permitam inscrição,
pagamento e consulta de informações. A criação de balcões de atendimento móvel em
mercados e centros comerciais, a padronização dos documentos exigidos e a capacitação de
agentes comunitários para actuar como facilitadores locais também são medidas que
poderão contribuir decisivamente para aumentar a adesão ao sistema.

Em suma, a combinação destas estratégias poderá tornar o sistema de segurança social mais
inclusivo, acessível e funcional, promovendo uma maior justiça social e garantindo a
protecção de uma parcela significativa e vulnerável da força de trabalho moçambicana.

54
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58
APÊNDICES

59
Luís Ernesto Rodrigues, estudante da Faculdade de Ciências Naturais Matemática e
Estatística, Universidade Rovuma. Frequentando o curso de Licenciatura em Estatística e
Gestão de Informação com Habilitações em Desenvolvimento de Sistemas Informáticos. Este
questionário tem como objectivo principal fazer o levantamento de informações para a
elaboração do meu Trabalho de Culminação do Curso, com o tema: Análise do Nível de
Cobertura da Segurança Social Obrigatória em Moçambique: Caso de Trabalhadores
por Conta Própria do Ramo Comercial no mercado Waresta, Nampula. A sua
participação é voluntária, e suas respostas serão tratadas com confidencialidade. Por favor,
responda às perguntas com base na sua experiência e conhecimento.

Questionário sobre Segurança Social Obrigatória para Trabalhadores por Conta


Própria no Sector Comercial em Nampula
1. Informações Pessoais:
1.1. Sexo:

Masculino Feminino
1.2. Faixa Etária:
Menos de 20 anos 41-50 anos
20-30 anos Mais de 50 ano
31-40 anos
1.3. Nível de Escolaridade:
Sem nenhuma formação Médio
Básico Superior
1.4. Tempo Trabalhando por Conta Própria:
Menos de 1 ano
1-5 anos 6-10 anos Mais de 10 anos
2. Atividade Exercida:
Agente de serviços de transferência Armazenista e distribuidor
móvel Comerciante
3. Segurança Social Obrigatória:

60
3.1. Você está inscrito na segurança social obrigatória?
Sim Não
3.2. Quais benefícios você percebe da segurança social obrigatória? (Marque todas as
opções aplicáveis)
Aposentadoria Doenças Acidentes
3.3. Qual é o principal motivo para não estar inscrito na segurança social obrigatória?
(Marque apenas uma opção)
Custos elevados
Falta de informação sobre o processo de inscrição
Desconfiança na eficácia do sistema
Falta de confiança na gestão do fundo de segurança social
3.4. Qual é o seu nível de informação sobre segurança social obrigatória?
Muito bem informado Pouco informado
Bem informado Não informado
3.5. Você acredita que a falta de conhecimento sobre a segurança social obrigatória
impacta na sua adesão ao sistema?
Sim Não Não tenho certeza
4. Desafios e Facilitadores:
4.1. Quais desafios você enfrenta para aderir à segurança social obrigatória?
Custos elevados
Falta de informação sobre o processo de inscrição
Desconfiança na eficácia do sistema
Falta de confiança na gestão do fundo de segurança social
4.2. Quais medidas ou recursos poderiam facilitar a sua adesão à segurança social
obrigatória?
Maior informação Redução dos custos associados à
inscrição
5. Disposição para Participar de Entrevista Mais Detalhada:
Sim Não

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