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Linha Do Tempo - Evolução Histórica Da Didática

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COORD.

DO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS INGLÊS

IDENTIFICAÇÃO
Curso Licenciatura Plena em Letras Inglês
Disciplina Didática
Professor
Aluno(a) Matrícula: Data: 24/07/2025

A Evolução Histórica da Didática

A didática, enquanto campo de estudo e prática pedagógica, tem uma rica história que
se entrelaça com as transformações sociais, filosóficas e psicológicas da humanidade. Desde
suas raízes etimológicas no grego didaktiké (arte de ensinar) e didáskein (instruir), ela evoluiu
de um conjunto de preceitos para uma ciência da educação, buscando compreender o processo
de ensino-aprendizagem em sua complexidade.

Linha do Tempo da Evolução da Didática

1. RAÍZES ANTIGAS E MEDIEVAIS: O MESTRE SÁBIO


(ANTIGUIDADE AO SÉCULO XV)
Principal Característica: Ênfase na transmissão oral do conhecimento e na figura do mestre
como detentor da sabedoria. A aprendizagem é predominantemente por repetição e
memorização.
Autores/Ideias:
Sócrates (470-399 a.C.): Embora não fosse um didata no sentido moderno, sua maiêutica
(arte de fazer perguntas para levar ao conhecimento) é um precursor do ensino ativo e da
descoberta.
Platão (428-348 a.C.): Defendia uma educação para a formação do cidadão ideal, com ênfase
na razão e na busca pela verdade.
Aristóteles (384-322 a.C.): Valorizava a observação e a experiência, e sua lógica influenciou
a organização do pensamento.
Educação Medieval: Dominada pela Igreja, focada na moral e na teologia. Métodos
escolásticos baseados na leitura, comentário e debate de textos.
Influências: Filosofia clássica, retórica, teologia cristã.
2. O NASCIMENTO DA DIDÁTICA MODERNA: SISTEMATIZAÇÃO DO ENSINO
(SÉCULOS XVI-XVII)
Principal Característica: Busca por um método universal e sistemático de ensino, visando a
eficiência e a universalização da instrução.

Autores/Ideias:
João Amós Comênio (1592-1670): Considerado o "pai da didática moderna". Sua obra
"Didática Magna" (1632) propôs um método para "ensinar tudo a todos". Defendia o ensino
intuitivo (partindo da experiência), gradual, e o uso de materiais visuais. Ele enfatizou a
necessidade de uma escola organizada, com horários, currículos e classes, e a importância da
língua materna.
Influências: Humanismo renascentista, Reforma Protestante (necessidade de alfabetização
para leitura da Bíblia), ascensão da ciência moderna.

3. A DIDÁTICA ILUMINISTA E NATURALISTA: EDUCAÇÃO PARA A RAZÃO E


LIBERDADE (SÉCULO XVIII)
Principal Característica: Valorização da razão, da experiência individual e do
desenvolvimento natural da criança.

Autores/Ideias
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): Em "Emílio, ou Da Educação" (1762), defendeu uma
educação "negativa", que não impusesse conhecimentos, mas que permitisse o
desenvolvimento natural da criança, longe das corrupções sociais. Ênfase na experiência
direta e na autoaprendizagem.
Influências: Iluminismo, valorização da infância, ideais de liberdade e igualdade.

4. A DIDÁTICA DO SÉCULO XIX: FORMALISMO E PSICOLOGIA (SÉCULO XIX)


Principal Característica: Desenvolvimento de métodos mais formais e científicos, com o
início da influência da psicologia no estudo da aprendizagem.

Autores/Ideias
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827): Inspirado em Rousseau, buscou uma educação
baseada na intuição e na experiência, mas de forma mais organizada. Defendia a educação
integral (cabeça, coração e mãos) e o amor como base da relação pedagógica.
Johann Friedrich Herbart (1776-1841): Considerado o pai da pedagogia científica.
Desenvolveu os "passos formais" da aula (clareza, associação, sistema, método),
influenciando a didática por décadas. Tentou cientificar o processo de ensino através da
psicologia.
Influências: Romanticismo, idealismo alemão, início da psicologia como ciência.

5. A ESCOLA NOVA E A DIDÁTICA ATIVA: CRIANÇA NO CENTRO (FINAL DO


SÉCULO XIX - METADE DO SÉCULO XX)
Principal Característica: Ruptura com o ensino tradicional. O aluno passa a ser o centro do
processo de aprendizagem, valorizando-se a atividade, a experiência e os interesses da
criança.

Autores/Ideias:
John Dewey (1859-1952): Defensor da aprendizagem pela experiência e da escola como um
laboratório social, onde se aprende fazendo e resolvendo problemas reais. Contribuiu para a
ideia de currículo integrado.
Maria Montessori (1870-1952): Criou um método que valoriza a autoeducação em um
ambiente preparado, com materiais didáticos específicos que estimulam a autonomia e a
descoberta.
Jean Piaget (1896-1980): Sua teoria do desenvolvimento cognitivo revolucionou a
compreensão de como as crianças aprendem, influenciando a didática a respeitar as fases de
desenvolvimento.
Lev Vygotsky (1896-1934): Sua teoria sociocultural enfatizou o papel da interação social e
da cultura no desenvolvimento cognitivo, introduzindo conceitos como a Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP), que valoriza a mediação do professor e a aprendizagem
colaborativa.
Influências: Pragmatismo americano, psicologia do desenvolvimento, movimentos sociais e
democráticos.

6. A DIDÁTICA CRÍTICA E CONTEMPORÂNEA: DESAFIOS E REFLEXÕES


(METADE DO SÉCULO XX - ATUALMENTE)
Principal Característica: A didática se aprofunda na relação ensino-sociedade, buscando
uma educação que forme cidadãos críticos e transformadores, além de incorporar os avanços
tecnológicos e as neurociências.

Autores/Ideias:
Paulo Freire (1921-1997): Sua Pedagogia do Oprimido propôs uma didática dialógica e
problematizadora, que rompe com a "educação bancária" (depósito de conhecimento) e
promove a conscientização e a ação transformadora.
Dermeval Saviani (1943-): No Brasil, contribuiu com a Didática Crítico-Social dos
Conteúdos, defendendo que a escola deve socializar o saber historicamente produzido para
que os alunos compreendam e transformem a realidade.
Philippe Perrenoud (1944-): Foco no desenvolvimento de competências para enfrentar a
complexidade do mundo, influenciando o planejamento curricular e as práticas avaliativas.
Abordagens Atuais: Didática inclusiva, neurodidática (aplicação da neurociência na
educação), uso de tecnologias digitais (TDIC), metodologias ativas (ABP, gamificação, sala
de aula invertida), ensino híbrido.
Influências: Teorias críticas, sociologia da educação, avanços da psicologia cognitiva e
neurociências, globalização, era digital.

Relação com Práticas Escolares Atuais: Persistências e Mudanças

A evolução da didática não é linear; ela se manifesta como um processo de


acumulação, ressignificação e, por vezes, retorno a ideias antigas sob novas roupagens.

O Que Ainda Persiste?

A Figura do Professor Centralizador: Apesar de todo o discurso sobre o aluno como


centro, a prática docente em muitas escolas ainda é marcada pela exposição oral e pelo
professor como o principal transmissor de conteúdo, reminiscência do "magister" medieval e
da didática herbartiana (Saviani, 2013).

Ênfase na Memorização e Repetição: Em muitos contextos, a avaliação ainda prioriza a


capacidade de reproduzir informações, perpetuando a aprendizagem mecânica em detrimento
da compreensão profunda, ecoando métodos mais antigos (Luckesi, 1994).
Currículos Fragmentados: A organização do conhecimento em disciplinas isoladas, sem
conexão com a realidade ou entre si, é uma herança do século XIX que ainda resiste em
diversas grades curriculares.
Uso Limitado de Recursos Didáticos: Embora a tecnologia seja onipresente, seu uso em sala
de aula muitas vezes se restringe a ferramentas de apresentação, e não a plataformas que
promovam interação e construção ativa de conhecimento.
A Busca por um "Método Mágico": Assim como Comênio buscou a "Didática Magna",
ainda hoje existe a ilusão de que uma única metodologia resolverá todos os problemas da
educação, ignorando a complexidade dos contextos.

O Que Mudou?
Valorização do Aluno Ativo: Há um reconhecimento crescente da importância do
engajamento do aluno, com a proliferação de metodologias ativas (ABP, gamificação, peer
instruction, sala de aula invertida) que buscam colocar o estudante como protagonista de sua
aprendizagem (Bacich & Moran, 2018).
Inclusão e Diversidade: A didática contemporânea busca estratégias para atender à
diversidade de ritmos, estilos e necessidades de aprendizagem dos alunos, refletindo os
princípios da didática inclusiva e o legado de Pestalozzi e Montessori na valorização do
indivíduo.
Tecnologia como Ferramenta Didática: A integração das Tecnologias Digitais de
Informação e Comunicação (TDIC) transformou as possibilidades de acesso ao conhecimento,
personalização da aprendizagem e criação de ambientes virtuais de colaboração (Moran,
2015).
Ênfase em Competências e Habilidades: O foco passou do "o que ensinar" (conteúdos) para
o "o que o aluno deve ser capaz de fazer" (competências), influenciado por autores como
Perrenoud, visando a formação integral e a aplicabilidade do conhecimento.
O Professor como Mediador e Pesquisador: A figura do professor evolui de mero
transmissor para mediador, curador de conteúdo, facilitador e pesquisador de sua própria
prática, buscando aprimorar suas estratégias didáticas e refletir criticamente sobre elas
(Schön, 1983; Tardif, 2002).

Contextualização e Problematização: Há um esforço crescente para conectar o conteúdo à


realidade dos alunos e aos problemas do mundo, ecoando Dewey e Freire, buscando uma
aprendizagem mais significativa e engajadora.
Em síntese, a didática atual é um campo dinâmico que busca equilibrar a tradição com
a inovação. Embora resquícios de práticas mais antigas persistam, a tendência é clara: a busca
por um ensino mais significativo, inclusivo, dialógico e que prepare os indivíduos para os
desafios de um mundo em constante transformação. A didática, hoje, é vista como uma área
de constante reflexão e experimentação, essencial para a formação de professores capazes de
inovar e transformar a realidade educacional.

Referências

ARROYO, Miguel G. Pedagogia da didática: por uma didática humanizadora e crítica.


Petrópolis, RJ: Vozes, 2018.
BACICH, Lilian; MORAN, José (orgs.). Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora:
Uma Abordagem Teórico-Prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
BARROS, Valéria. Comênio: A Didática Magna. São Paulo: FTD, 1996.
BROWN, H. Douglas. Teaching by Principles: An Interactive Approach to Language
Pedagogy. White Plains, NY: Pearson Education, 2001.
COMÊNIO, João Amós. Didática Magna. Tradução de Joaquim Ferreira Gomes. São Paulo:
Martins Fontes, 1997. (Obra original de 1632).
DEWEY, John. Experiência e Educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979.
(Obra original de 1938).
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. (Obra original de
1970).
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São
Paulo: Cortez, 1994.
MORAN, José. Metodologias ativas e modelos híbridos na educação. In: BACICH, L.;
MORAN, J. (Org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem
teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. Campinas, SP:
Autores Associados, 2013.
SCHÖN, Donald A. The Reflective Practitioner: How Professionals Think In Action. New
York: Basic Books, 1983.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1987. (Obra original de 1934).
WIGGINS, Grant; MCTIGHE, Jay. Understanding by Design. Alexandria, VA: ASCD, 2005.

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