0% acharam este documento útil (0 voto)
7 visualizações3 páginas

Artigo 004 - Perenidade de Empresas Familiares - Genética Ou Circunstância

O documento analisa a longevidade das empresas familiares, destacando que apenas uma em cada dez sobrevive até a quarta geração. O estudo do Dr. Fritz B. Simon sugere que a relação entre família e empresa é complexa, com valores familiares influenciando práticas empresariais e a sustentabilidade a longo prazo. Além disso, Simon propõe uma ampliação do conceito de família, considerando laços afetivos entre sócios como fundamentais para o sucesso empresarial.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOC, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
7 visualizações3 páginas

Artigo 004 - Perenidade de Empresas Familiares - Genética Ou Circunstância

O documento analisa a longevidade das empresas familiares, destacando que apenas uma em cada dez sobrevive até a quarta geração. O estudo do Dr. Fritz B. Simon sugere que a relação entre família e empresa é complexa, com valores familiares influenciando práticas empresariais e a sustentabilidade a longo prazo. Além disso, Simon propõe uma ampliação do conceito de família, considerando laços afetivos entre sócios como fundamentais para o sucesso empresarial.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOC, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 3

EMPRESAS FAMILIARES PERENDES: GENÉTICA OU

CIRCUNSTÂNCIA?
Há certo fascínio nas empresas familiares com longevidade. Elas parecem contradizer a lógica
dos mercados de capitais.

Abraham Shapiro
Apenas uma em cada dez empresas de propriedade familiar permanece nas mãos da família na
quarta geração.

Por que isso acontece?

A resposta talvez esteja na busca dos pontos em comum entre conhecidas empresas
tradicionais, como Oetker, Samsung, Haniel, que permanecem nas mãos de suas famílias por
um tempo raramente encontrado em empresas brasileiras. A Merck, por exemplo, já está nas
mãos da família há doze gerações.

Um estudo que foi desenvolvido por um psiquiatra alemão, o Dr Fritz B. Simon, da


Universidade de Witten-Herdecke, levantou situações de grande contribuição para o
entendimento de alguns segredos da perenidade das empresas familiares.

Eu li este estudo e fiz uma resenha dos principais pontos apresentados a seguir.

O Estudo Simon

De acordo com o Dr Simon, a primeira geração de proprietários das empresas familiares está
preocupada com o trabalho de construção da empresa. A segunda geração é dominada pelas
exigências e expectativas de seus pais, que em muitos casos também demoram muito a
entregar o controle aos filhos. Apenas os netos são um pouco mais livres para tomar suas
próprias decisões.

Se o negócio prosperou até a terceira geração e se mantiver, o gene da sustentabilidade em


muitos casos será forte o suficiente para perdurar às gerações posteriores. Mais
frequentemente, no entanto, a dinastia termina da mesma forma como Thomas Mann,
ganhador do Prêmio Nobel, descreve em sua novela entitulada Buddenbrooks.

O romance de Mann tem início em uma espécie de reunião familiar em que os personagens
centrais estão presentes e são descritos de modo muito preciso. Em cada um deles é possível
encontrar um correspondente em uma família de qualquer lugar e época. A Consulesa
Buddenbrook, como a matriarca que cuida de todos, inclusive dos que não são seus filhos, com
cuidado e preocupação. O Cônsul, velho Johann Buddenbrook, dono e administrador
competente dos negócios da família. Os filhos Thomas (Tom), Christian e a irresistível Antonie
(Tony), além é claro de vários tios, sobrinhos e outros agregados.
A princípio, os Buddenbrooks encontram-se no auge de seu poder político, financeiro e
comercial. Aos poucos o autor nos leva a identificar os personagens mais significativos do
romance: Tony, ao redor da qual gira praticamente a primeira metade do livro, e Tom, no
restante.

Tom, sempre retratado como o mais responsável, disposto a aprender ao máximo o papel a
desempenhar na empresa da família, se mostra de certa forma melancólico e taciturno. É
debaixo de sua gestão que ocorre a decadência da família, culminando com a liquidação da
empresa – motivada por incompetência administrativa, excesso de gastos, etc. – pouco depois
de essa completar cem anos de atividade.

O Dr Simon tem uma forma muito franca de estabelecer a relação entre empresa e família. Ele
diz: "A família é um recurso para a empresa, e a empresa por sua vez, é um recurso para a
família". Esta relação recíproca abriga oportunidades, mas também pode causar dificuldades.

É certo que as empresas familiares são caracterizadas por perspectivas de longo prazo. Seu
desenvolvimento não é limitado nem determinado por relatórios ou balanços trimestrais. Bens
da família que são investidos numa empresa não são abstratos, mas concretos para todo o clã.
Isto inclui a sensação de que estes bens devem ser gerenciados de forma responsável.

O exemplo que confirma esta regra pode ser visto na situação inversa, isto é, na venda de uma
empresa familiar. "Em alguns casos, isso leva ao colapso de casamentos longos, porque agora
os parceiros podem usar o dinheiro para comprar sua liberdade", diz o Dr Simon. Ele
acrescenta que até agora quase todo mundo tem superestimado o papel libertador
desempenhado pelo dinheiro e que algumas pessoas nesta situação têm caído em depressão
clínica, quando não na desgraça de sua perda total.

Onde entra a responsabilidade?

Mas o que exatamente faz o dinheiro investido em uma empresa familiar ser diferente?

Jon Baumhauer, Presidente do Conselho Familiar da Merck, que é psicólogo, responde a esta
pergunta da seguinte forma: "Os valores da família são os mesmos valores da empresa." Ele
acrescenta que o respeito é o centro desse sistema de valores. Simon também tem confirmado
um fenômeno semelhante ao longo de sua pesquisa: "É muito comum ver empresas familiares
que se recusam a se envolver em práticas de negócios eticamente questionáveis em favor da
manutenção de valores familiares herdados de gerações anteriores."

As empresas familiares atuam como uma pessoa que se posiciona na função de elo de uma
cadeia de responsabilidade conectando as gerações passadas e futuras. No entanto, elas são
absolutamente competitivas dentro de um mercado que é principalmente regido pelo capital e
por resultados.

Desde o ponto de vista de Simon como psiquiatra, essas empresas conseguem resolver vários
"paradoxos fundamentais" que separam as empresas de propriedade familiar das meramente
comerciais. Por exemplo, a comunicação no seio da família é orientada para pessoas, enquanto
nas empresas comerciais é voltada para fatos objetivos. Além disso, tradição é um ideal
salvaguardado para a sobrevivência da família, ao passo que a empresa comercial deve a sua
longevidade à inovação.

"As empresas familiares bem-sucedidas resolvem esses paradoxos dentro da própria unidade
familiar, em um processo que às vezes dura décadas", observa Simon. Não há receita para o
sucesso neste processo. As empresas, os segmentos de negócios e as famílias são muito
diversificadas para se buscar um padrão. Só uma coisa é certa: o sucesso das empresas de
propriedade familiar é sempre medido no longo prazo.

Família e Estado

Padrões éticos e de sustentabilidade. Serão estes os padrões que garantes a perenidade da


empresa de propriedade familiar?

Para responder a essa pergunta, o professor Simon começa defendendo uma ampliação do
conceito de família, no caso dasw empresas que se estabelecem por meio de sócios e que são
ligados por laços afetivos. "Por exemplo, tome a famosa garagem em Palo Alto, onde William
R. Hewlett e David Packard lançaram a pedra fundamental, em 1939, para o que, finalmente,
tornou-se o Vale do Silício", diz ele. "Microsoft, Apple e Google começaram de uma maneira
similar, e alcançaram o sucesso".

Olhando para um futuro distante, Simon especula que os cidadãos poderão um dia se
considerar uma "família" e gerir empresas estatais em conformidade com este modelo. Esta é
uma idéia que reúne conceitos contraditórios, porém, que podem fundir-se num ponto do
futuro ainda invisível e solucionar a questão deficiência de empresas estatais em muitos
países.

Você também pode gostar