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- GEOLOGIA
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No NIVALDO JOSE CHIOS:
N.Cham. $50 C539 Zed.
Autor: Chiossi, Nivaldo José
Titulo: Geologia aplicada 4 engenharia -
47171
169079
(CEFET-PR BIBCE N* Pat.:1221111779UNIVERSIDADE DE SAO PAULO
escola politécnica
GEOLOGIA APLICADA
a
pror. NIVALDO JOSE CHIOSS!
f Grémio Politécnico26 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
So exemplos de rochas compostax os gronitos, constituidos de quartz, feldspato
{ortoclasio. on albita) e micas; diahdsios, formados por feldspato (plagivctasio),
Piroxénio € miagnelita, etc. As rochas simples recebem também o nome de
uniminerdlicas, enquanto as compostas so conhecidas pela denominagdo de rochas
pluriminerdlicas.
Sob o ponto de vista mineralégico, pode-ge dizer que as rochas existentes
na Crosta se constituem, praticamente, de somente vinte minerais. Entre cles,
os feldspatos sio os mais importantes ¢ mais abundantes. Enquadram-se neste
grupo © ortoclasio e o microclinio ¢ os varies mincrais denominados plagioclasios.
Seguemsse-thes os feldspatoides (nefelina, leucita, analeita); os minerais do grupo
das micas (muscovita, biotita, sericita, clorita); os minerais ferromagnesianos
{piroxénios € anfibélios); ax ofivinar © serpentinas; os mincrais da familia da
silica, os silicatos (granadas, epidoto, andaluzita, cianita, sillimanita), os oxidos
(magnetita, hematita, ilmenita); 08 carbonaros (calcita, dolomiita, magnesita);
0s fosfaros (apatita), ete.
4.2. CLASSIFICAGAO DAS ROCHAS
As rochas que ocorrem tanto na superficie da terra, como no seu subsolo
slo divididas, em fungao de sua gonese, em trés. tipos distintos:
a) rochas magmuiticas, que sao aquelas formadas a partir do resfriamento ¢ conso-
lidagdo do magma, que ¢ um material ent estado de fusdo no interior da terra.
Por esse motivo as rochas magmiticas sdo também chamadas enddgenas,
b) rochas sedimentares, aquelas formadas por materials derivades da decomposig’o
e desintegragio de qualquer rocha. Estes materiais s4o transportados, deposit
dose acumulados nas regides de topografia mais baixa, como bacias, vale e
depressGes. Posteriormente, pelo peso das camadus superiores ou pela agdo
cimentante da 4gua subterranea, consolidam-se, formando uma rocha sedimentar.
As rochas sedimentares sido também chamadas exdgenas. por se formarem na
superficie da terra; estratificadas, pot apresentarem normalmente camadas.
©) rochas metamérficas, aquelas originadas pela ago da pressdo da temperatura
e de solugSes quimicas em outra rocha qualquer, Através daqueles fatores, as
rochas podem sofrer dois tipos de alteragGes bdsicas: primeira, na sua estrutura,
principalmente pela agdo da presso que ird orientar os minerais ou pela aydo
da temperatura que ird recristaliza-los; segunda, na sua composigdo mineraldgica
pela aco conjunta daqueles dois fatores, e de solugdes quimicas.
O mapa geolégico a seguir mostra esquematicamente a distrihuigdo. no Brasil,
dos trés tipos de rochas descritos.NUCLEO GUIANENSE OU DO NORTE
BACIA AMAZONICA
NUCLEG CENTRAL
BACIA PIAUI MARANHAD
FAIXA SEDIMENTAR DO NORDE
Locolizos¥o dos grandes nuciaos de réchas mogmaticos & metomdrficns
doa principsis bacios sedimentores.
LEGENDA
Rochos mogmaticos
Rochas metamorficos
Rochas sedimentores
7ROCHAS MAGMATICAS
5.1. MAGMA
E considerado o material em fusio existente no interior da Terra ¢ consti-
tufdo por uma mistura complexa de silicatos, 6xidos, fosfatose titanatos liquidos,
que, por solidificagiio, formam as rochas. Agua pode ocorrer na proporcdo de 5
a 6%.
O magma seria assim a rocha no estado de fusdo. A lava, que é o material
vertido nos vulcdes em muitas regides da Terra, constitui um 6timo exemplo de
magma. Lava é o nome que se di ao magma que atinge a superficie da Terra,
vindo de certas profundidades (regiGes superaquecidas), e que se esparrama pelas
encostas dos vulcGes ou nas depressdes proximas. O magma contém, via de regra,
cristais em suspensdo e bolhas de gds.
Os gases encontrades nos magmas nas regides vulcanicas sf0, predominan-
temente, igua, CO,, CO, HF, HCl, SO,, H,BO;, S, H,S, NH;, CHy, Cl, F,
HeN,
5.2. NATUREZA DOS MAGMAS
As lavas sio os magmas que atingem a superficie da Terra. Usualmente, por
resfriamento, ou se vitrificam ou se solidificam. A safda do magma se faz pelos30 GEQLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
vulcdes. A expulsdo da lava pode ocorrer de maneira absolutamente calma, com
‘0 magma escorrendo pelos flancos do vulcio, ou pode ser acompanhado de
explosdes, como aconteceu na erupeo do Vesivio, no ano de 79 D.C. Em qualquer
dos casos, ocorre usualmente emissio de gases aquecidos. Quando estes ocupam
volume considerdvel da lava e ocorrem explosGes, o magma se divide em parti-
culas finfssimas denominadas, “cinzas vulednicas”.
© homem ja teve oportunidade de assistir ao nascimento de vuleées. O mais
recente deles ¢ 0 Paracutim, no México, que teve seu inicio no dia 20 de fevereiro
de 1943, em uma regio plana ¢ cultivada. Houve, inicialmente, sucessio de
explosdes acompanhadas pelo langamento de.blocos incandescentes ¢ particulas
menores, que formaram um cone ¢ uma cratera. Dois ou trés dias depois, surgiu
a lava liquida que se infiltrou pelas fendas abertas nas rochas circunjacentes.
Pelo ano de 1946, a estrutura vuleanica jd atingua cerca de 450 m de altura.
Fato curioso aconteceu com © vulrdo Monte Nuovo, no ano de 1538, nas
proximidades da cidade de Népoles, Itésia. Ap6s violentas explosdes, em poucos
dias formou-se um cone de detritos de cerca de 150.m. Dias depois, a erupsio
cessava sem ter sido expelido qualquer tipo de lava. Até hoje 0 vulcéo Monte Nuovo
nao mostrou sinais de atividade. Contudo, isso nao significa que este vuledo esteja
extinto. O proprio Vestivio, seu vizinho, permaneceu cerca de 500 anos (1139-1631)
em perfodo de repouso, para reviver violentamente. Este vulcdo, que ja se tornou
famoso em todo o mundo, originou-se no ano de 79 D-C., dentro das ruinas do
vulcdo Monte Somma. Este, por sua vez, parece ter tido uma longa histéria, pois
podem ser contados nada menos de quatorze perfodos de erupcda e dois longos
intervalos de repouso.
A titulo de ilustragdo, lembramos que o magma existente no interior da
Terra, e que atinge a superficie através das aberturas vulednicas, tem exercido
elevado efeito destruidor. Assim é que, nos tiltimas 2000 anos, cerca de um milhao
de pessoas morrem em conseqiiéncia de vulcanismo, sendo de se destacar
dezesseis mil pessoas pelo Vestivio, no ano de 79 D.C.; quarenta e sere mil pelo
Tambaroa, em Java (1815); trinta mil na ha da Martinica, pelo Monte Pelée,
em 1902. Digna de registro foi a atividade exercida pelo vulcdo Krakatoa, entre
Sumatra e Java, no ano de 1883, que explodiu violentamente, fazendo uma
montanha de 2700-m de altura transformar-se em uma de 1500 m. O namero de
vitimas foi estimado em trinta e seis mil e cerca de 18km? de rocha foram
pulverizados @ atirados ao redor. O estouro do vuledo pdde ser ouvido a cerca de
5000 km de disténcia, e muros foram fendilhados a 160 km.
A velocidade com que as lavas dos vuledes escorrem pode variar de 100 m
por dia, a 50 km por hora.
A determinagdo da temperatura das lavas é operagdo dificil. Um dos métodos
usados é o de se atirar varetas de metais no interior da lava, para se verificar quais
as que se fundem, quais as que permanecem intactas. A temperatura das lavas,
nas crateras ou depressdes dos yuleGes, nfo ¢ a mesma na superficie ¢ no seu interior.
Nas partes superiores, dada a queima dos gases libertados, a temperatura é mais alta
do que a verificada na parte interna.ROCHAS MAGMATICAS 31
Valores de temperatura encontrados em diversas lavas estudadas variaram
entre 900 e 1.200°C.
No Brasil, felizmente, nao existem vulgdes. Ocorrem somente estruturas
vulednicas muito antigas e as mais conhecidas so as da Ilha de Fernando de
Noronha (antigo vuledo) o planalto de Pogos de Caldas (restos erodidos de uma
cratera vulcinica). Atualmente tem se comentado 0 encortro de chaminés vulei-
nicas nos Estados de Goids, Rio Grande do Sul e no Roraima.
5.3. MODOS DE OCORRENCIA DAS ROCHAS MAGMATICAS
AAs rochas magmiticas podem ocorrer na Crosta de duas maneiras diferentes,
ou seja, segundo se formem na sua superficie ou internamente. No primeiro caso,
sio chamadas extrusivas e no segundo, intrusivas,
5.3.1. ROCHAS EXTRUSIVAS
Quando o magma, vindo de regiées profundas da Crosta, atinge a superficie
da Terra, esparramando-se, forma-se através de répido resfriamento um corpo
extrusivo de rocha magmitica chamado derreme, Ex.: os derrames de basalte
do sul do Brasil.
Derrames so, portanto, corpos magmiticos de forma tabular que cobrem
extensas areas. A forma e as dimensdes dos derrames sdo conseqiéncia da fluidez
do magma. A fluidez, por sua vez, depende da composigao quimica. Magmas pobres
de silica e ricos de ferro e magnésio (por exernplo, basalto), so geralmente mais
méveis ¢ podem, a0 se derramar na superficie da Crosta, atingir grandes distancias
a partir do local de extravasamento (fig. a seguir). Os magmas ditos dcidos, ricos
~~ GRANITOS
SEDIMENTOS32 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
de silica e pobres de ferro ¢ magnésio, so viscosos ¢ por essa razZo no formam
derrames. Ao contrdrio, acumulam-se nas proximidades do orificio de extravasa-
mento, constituindo edificios ou estruturas vulednicas.
5.3.2. ROCHAS INTRUSIVAS
Quando o magma nao consegue romper as camadas superiores da Crosta, sua
consolidagio ocorre internamente, formando as rochas intrusivas. As rochas
intrusivas, consolidadas no interior da crosta, possuem formas que dependem
da estrutura geolégica ¢ da natureza das rochas que elas penetram. Se o magma,
a0 penetrar uma rocha pré-existente, se orienta segundo os seus planos de estrati-
ficagdo ou xistosidade, produziré uma forma dita concordante. Por outro lado,
se © magma atravessar determinada rocha, seguindo diregdes ou planos que nao
correspondem aos de estratificagdo ou xistosidade, produziré uma forma denomi-
nada transgressiva ou discordante, Formas concordantes e discordantes s6 podem
ser distinguidas umas das outras, quando as intrusdes se deram em rochas de
estrutura estratificada, mais ou menos horizontais,
As formas intrusivas mais comuns nas formagoes geoldgicas brasileiras sio:
a) Sills — Sdo camadas de rocha de forma tabular, relativamente pouco espessas,
Provenientes da consolidagdo de um magma que penetrou as camadas da rocha
eneaixante, em posigfo aproximadamente horizontal. Possuem superficies
paralelas, ,
SILL EM SEDIMENTOS
EX: SALTO DE PIRACICABA
Os sills possuem, as vezes, forma ligeiramente lenticular. Sua espessura Varia de
alguns centfmetros a muitas centenas de metros. A distanci itingida por uma
camada de sill ¢ sua espessura dependem da forca com que © magma é injetado,
da sua temperatura, do seu grau de fluidez e do peso das camadas queomagma
deve levantar para produzir 0 espago necessirio a sua acomodaefo (fig. acima).
Sendo os magmas basicos pobres de silica e também os mais fluidos, sao eles
93 que produzem, mais comumente, os sills. No sul do Brasil (Estados de Sio44 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
2. Congelamento da dgua
A 4gua, ao se congelar, aumenta seu volume de 10%, exercendo uma certa
pressdo. Assim, se as fendas e aberturas de uma rocha estiverem preenchidas por
4gua, esta, ao se congelar forgard suas paredes.
Tensdes internas poderdo ser causadas por esse processo, que sera mais efi-
ciente quanto maior o mimero de vezes que for repetido.
A agao do congelamento tem maior importdncia em regiées de climas mode-
rados, onde a gua se congela ¢ se descongela muitas yezes, num tempo relativa-
mente curto. Na Europa chega a constituir grave problema na construgao de
ediffeios.
Esse tipo de problema nao ocorre no Brasil.
6. Cristalizagao de sais
Consideremos uma cuba com uma Solugdo saturada de um sal qualquer
(um sulfate, por exemplo). Colocando nela um gérmen cristalino ¢ sobre este uma
limina pequena com um peso em cima, o cristal lentamente cresce por todos 08
lados, ¢ acaba levantando a limina com 0 peso, que em alguns casos chega a 1 ow
2 quilos. A forga que levanta este peso é chamada forpa de eristalizagdo.
Certas aguas circulantes que contém em solugfo sais dissolvidos, podem se
infiltrar nas rochas. Com a evaporagio, os sais se precipitam, cristalizando-se ¢
exercendo uma ¢erta pressdo, que pode desagregar as rochas.
Esta age é comum nas regides costeiras, onde .as aberturas das rochas sf0
Preenchidas pela 4gua do mar, rica em sais, durante as ressacas marinhas.
4. Apdo fisica dos vegetais
Muitas rochas podem se desintegrar pelo crescimento de ra(zes ao longo
de suas fraturas.
6.3.3.2. Intemperismo quimico
A gua pura 6 relativamente inerte em relago A maioria dos minerais.
Porgém, ela sempre carrega da atmosfera substAncias dissolvidas, como por exemplo,
0;, CO, e as vezes, nitratos ¢ nitritos, produzidos por descargas elétricas.
Esta 4gua, ao penetrar no subsolo, pode se impregnar de dcidos, sais e produtos
orginicos. Todas essas substancias tém a capacidade de iniciar um ataque as
rochas, através de processos como a hidrélise, hidratagao, oxidargo, etc., descritos
a seguir,
L. Hidrélise 7
Normalmente, o mais importante agente quimico é a hidrélise, em que os
ions da égua combinam-se com os compostos, com a formagifo de novas substiincias.
Os minerais sfio dotados de finfssimos capilares. A 4gua penetra nesses
capilares e, combinando com os ions do mineral, forma novas substancias. Os felds-
patos sao relativamente pouco estaveis ¢ sofrem com facilidade a ago desse
ataque. No caso do feldspato, temos qué:ROCHAS SEDIMENTARES 45
KAL Sij03 + H,0 —> HAISij0, + KOH
(feldspato)
(ortoclésio)
2. Hidratagdo
Certos minerais podern adicionar moléculas de gua 4 sua composi¢ao, forman-
do novos compostos. Um exemplo é o caso da anidrita (CaSO,) e da hematita
(Fe.03), que, hidratando-se, formam respectivamente, 0 gipso (CaSO. « 2H; 0) e
a limonita (Fe,05 - nH,0).
Como conseqiéncia da hidratagio, osminerais tém os seus volumes aumen-
tados, tensionando-se mutuamente, o que lhes diminui a coesio, causando a desin-
‘tepragao das rochas.
Esta ago € mais intensa nos vértices do que nas arestas, ¢ mais nestas que nas
faces, produzindo em conseqiéncia um arredondamento das rochas, com a separa¢io-
de blocos concéntricos hidratados das partes pouco ou ainda no afetadas, a ma-
neira de uma cebola. Este fendmeno € conhecido como decomposigdo esferoidal.
3. Oxidagdo
Um processo muito comum de decomposicao ¢ © da oxidagdo, pelo qual os
minerais se decompdem facilmente pela agZo oxidante do O, ¢ 0 CO, dissolvidos
na dgua, dando hidratos, 6xidos, carbonatos, etc.
Minerais que possuem ions como o Fe'* na sua composigéo, como por
exemplo, pirita (FeS;), micas, olivinas, etc., so mais susceptiveis 4 oxidagdo
devido ao Fe** ter grande afinidade com © oxigénio.
Quando a pirita ¢ oxidada, o Fe'* passa a Fe’** , que se hidrata com relativa
facilidade formando a limonita e libertando enxofre que se combina com a agua,
para produzir uma solugHo fraca de dcido sulfirico. Este deido dissolve os sais
de Ca, Mg, K, Na, que sfo transportados pelos rios até os mares, sob a forma de
sulfatos.
4. Carbonatagdo — (Decomposiedo por CO,)
Outro processo de decomposi¢do é a carbonatagdo, na qual o CO, contido
na dgua forma pequena quantidade de dcido carbénico.
Umi caledrio ¢ mais facilmente lixiviado se 0 CO, estd presente na agua.
Juntos (H, 0 ¢ CO,) formam o H;COs que € um poderoso agente quimico, em
minerais como caloita (CaCO,).
CaCO, + H,CO; —> Ca(HCO;);
(calcita + ac. carb —> bicarbonato de cAlcio)
O bicarbonato de céleio é sohivel e é transportado em solugio. Calcdrios,
dolomitos, gipso so particularmente susceptiveis de lixiviagfo.
Quando as condigdes do meio variarem de tal forma que o CO; dissolvido
na agua escape, 0 bicarbonato de cilcio tornard a precipitar, formando as estalac-
tites, estalagmites ¢ as rochas caledrias em geral.
O écido carbénico decompde também os feldspatos, micas, etc.46 GEQLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
5. Decomposigdo quimito-biologiea
A ac&o quimica dos organismos ¢ muito variada. Os ourigos do mar, por
exemplo, por secregZo quimica fazem buracos nas rochas dos litorais; algas, liquens
musgos, a0 se fixarem nas superficies das rochas, provocam a formagdo de uma
fina camada de solo, que com o tempo ird’ aumentando até permitir a fixagdo de
certas plantas.
O produto de decomposigio microbiana e quimica dos dettitos orginicos
€ 0 hiimus, que se transforma dando o dcido hiimico, que, como outros dcidos,
acelera grandemente a decomposicao das rochas e dos solos.
‘0 acido himico torna os solos dcidos. A agua das chuvas, ao atravessar estes
solos, carrega este dcido que, reagindo semelhantemente 4 hidrdlise, provoca a
decomposiggo das rochas.
6.4. DECOMPOSIGAO DAS ROCHAS
Examinemos um corte longitudinal num terreno. No caso da figura seguinte,
0 corte foi além de 7 m. Este corte mostra um solo proveniente da decomposigao
de uma rocha granitica encontrada inalterada a uma profundidade de 7 m (D).
No campo, seria observado que: em C a rocha torna-se de cor cada vez mais
branea, pois comega a haver alteragdo dos feldspatos que yao se tornando pulvu-
rentos, formando caolim.
Em 8 jd encontramos solo onde progressivamente a rocha atinge o maximo
de decomposig#0. Finalmente em A temos o solo residual, com matéria orginica.
SOLO
oRGanICO
SOLO OF
ALTERAGAO.
DE ROCHA
ROCHA
DECOMPOSTA
ROCHA
8A
+
+ebteete:
SEES eet
‘Como exemplo mais concreto ainda, descreveremos a seguir a decomposigdo
de um granito, rocha composta de quartzo, feldspatos, micas (biotita e muscovita)
e tendo como minerais acessérios 0 zircio e a apatita.ROCHAS SEDIMENTARES 47
Silicato de
Ale K material solavel
Silicato de
Alt K+H,0
icato de ‘ Argilae
material solve!
Placas de mica
Cristais de zircdo
nom se altera
Do que foi exposto, verifica-se que da decomposi¢ao de um granito resultam
substincias diversas, que podem ser agrupadas em:
a) Minerais inalterdveis — quartzo, ziredo e muscovita.
b) Residuos insoliveis — argilas, substancias corantes.
¢) Substdncias sohiveis — sais de potassio, sodio, cdlcio, ferro, magnésio e silica.
© material soliivel geralmente ¢ transportado para o mar, contribuindo para
4 salinidade dos oceanos. Nas regiGes em que a evaporagdo é muito intensa os sais
transportados podem se depositar. A silica é usualmente depositada em fraturas
¢ como material de cimentagdo das rochas.
Os produtos insoliveis ¢ os minerais inalterveis podem permanecer “‘in situ”
por um largo espago de tempo, formando parte do solo. Os gros de quartzo se
depositam logo © formam camadas de areia; as particulas de argila, mais finas, ¢
as particulas de silte sfo transportadas e, apés sedimentago, irfo constituir as
camadas de lama. As palhetas de mica podem se depositar em qualquer dos depo-
sitos descritos.
No Brasil, a importancia da decomposigfo é colossal. Em Séo Paulo, por
exemplo, foram abservados os seguintes valores:
intemperizada até ume
profundidade maxima de:
15m
25m
40m
60m
Em varias regides do Brasil, como no Rio de Janeiro, a decomposigao atinge
grandes profundidades: na demoligao dos morros do Castelo ¢ de Santo Antonio,
a profundidade de decomposigao era de mais ou menos 100 m.48 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
6.5. CLASSIFICACAO DAS ROCHAS SEDIMENTARES
A origem das rochas sedimentates difere fundamentalmente das rochas mag-
méticas, pois enquanto estas sfo de génese interna, ou seja, formadas por material
origindrio do interior da Terra, as sedimentares, a0 contrdrio, séo de origem
externa, sendo formadas ou nas bacias sedimentares (lagos ¢ mares) ou mesmo
sobre a superficie terrestre.
Em virtude de sua prépria origem, a sua composiga0 mineralégica € muito
variada, pois rochas sedimentares formadas nas mesmas condigSes genéticas podem
apresentar composigao mineralégica diferente, dependendo da rocha matriz, que
forneceu os sedimentos.
Essas cirounstincias fazem com que a classificagZlo destas rochas seja muito
complexa. Na maioria dos autores prevalece o critério genético.
Classificago resumida das rochas sedimentares
A classificagao a seguir estd baseada principalmente no tipo de agente que
transportou os sedimentos para a bacia de deposigio. Nesse aspecto, as rochas
sedimentares podem ser classificadas em trés tipos:
Rochas de origem mecinica:
1, Grosseiras: Conglomerados, Brechas
2. Arenosas: Arenitos, Siltitos
3. Argilosas: Argilas, Argilitos, Folhelhos
Rochas de origem orginica:
1. Galedrias: Calcarios, Dolomitos
2. Silicosas: Sex
3, Ferruginosas: Depésitos ferruginosos
4. Carbonosas: Turfas, Carvées
Rochas de origem quimica:
1. Calcarias: Estalactites estalagmites, Marmores travertinos
2. Ferruginosas: Minérios de ferro
3. Salinas: Cloretos, Nitratos, Sulfatos
4. Silicosas: Silex
6.5.1. ROCHAS DE ORIGEM MECANICA
Sao também denominadas rochas cldsticas ou detriticas.
Essas rochas so originadas pelo transporte através da ago separada ou
conjunta da gravidade, vento, 4gua e gelo, com subseqilente deposigéo.
O cardter predominante do material é inicialmente o estado inconsolidado.
O tamanho das particulas varia desde dimensdes ultramicroscépicas ou coloidais,
até grios centimétricos e blocos maiores. Esses materiais ainda ndo cimentadosROCHAS SEDIMENTARES 49
constituem 0 sedimento. Depois da compactag3o pelo proprio peso das camadas
superiores sobre as inferiores e/ou cimentacao, os sedimentos passaréo a constituir
a rocha sedimentar ou rocha estratificada. As substancias mais comuns que atuam
como material cimentante sio a silica, carbonato de calcio, limonita, gipso,
barita, ete. A cimentagao, feita por substancias minerais ou orginicas existentes em
solugio, ocorre durante e/ou apés a fase de deposig&o.
‘As rochas de origem mecanica podem ser subdivididas em trés grupos, de
acordo com o didmetro médio das suas particulas predominantes:
1. Rochas grosseiras;
2. Rochas arenosas;
3. Rochas argilosas.
1. Rochas grossetras :
Essas rochas sfo formadas por particulas com diametro superior a 2mm
na sua maioria, ou seja, a particulas predominantes possuem difimetro superior
a 2mm. Depésitos coluviais de télus e os de aluvido dio origem a essa cate-
goria de rochas, nas quais podemos distinguir dois tipos caracteristicos: conglo-
merados © brechas.
Conglomerados — Sao rochas sedimentares formadas de fragmentos arredon-
dados, com didmetro superior a 2mm, originados de rochas pré-existentes ©
posterior transporte e deposigdo. O tamanho dos fragmentos varia de seixos até
matagSes (blocos maiores).
Brechas — So rochas sedimentares de origem mecanica formadas por frag-
mentos de didmetro superior a 2 mm, mas ndo arredondados como os componentes
dos conglomerados, e sim angulosos e cimentados por sflica, carbonato de calcio,
etc. A angulosidade dos grios demonstra que 0 transporte do material nio foi
muito grande.
2. Rochas arenosas
As rochas arenosas sao as mais representativas ¢ comuns entre as rochas sedi-
mentares, ¢ 03 fragmentos predominantes possuem didmetro situado entre 0,01 mm
e 2mm. Alguns autores admitem que o limite inferior esteja ao redor de 0,1 mm.
Nessas rochas distinguimos dois tipos principais: arenifos e siltitos.
Arenito — S80 rochas constituidas substancialmente por particulas ou
grinulos de quarizo detritico, subangulares ou arredondados, com diametro
variando de 0,01 mm (ou 0,1) a 2mm. O cimento pode ser silica, carbonato de
cdloio, substincias ferruginosas, etc.
Silrito — B uma rocha arenosa de granulagdo finissima (granulos ao redor de
0,01 mm) e & formada principalmente por produtos de erosdo fluvial, lacustre ou
glacial. Alguns siltitos apresentam camadas muito finas identificadas por diferentes
faixas coloridas formadas principalmente por peliculas de dxidos de ferro. A
espessura de tais peliculas depende do grau de impregnagdo desenvolvido em cada
plano.INTRODUCAO
E A POSICAO DA
GEOLOGIA APLICADA
1.1. INTRODUGAO
Durante a realizagdo do II Congreso de Geologia de Engenharia, em agosto
de 1974, erm Sio Paulo, um dos temas discutidos foi o do ensino dessa especia:
lidade. Ficou demonstrado, na ocasiéo, a necessidade de ser desenvolvida uma
linguagem comum entre 0 Gedlogo e o Engenheiro, .
Dentro desse espirito publiquei em 1971 uma apostila na qual se baseia o
presente livro. A sua filosofia era a de apresentar em uma linguagem simples ¢
objetiva, ao-estudante de engenharia ¢ ao engenheiro, as: numerosas aplicagdes
da Geologia em projetos de Engenharia Civil.
Na ocasiao, surgiram pedidos da obra de praticamente todas as Escolas de
Engenharia de Brasil.
Esse fato me leva a agradecer, profunda ¢ sinceramente, a todos 0s profes:
sores, profissionais ¢ estudantes que prestigiaram a obra.
Foram publicadas trés edigdes da referida apostila. Esse fato levou-me a
proceder a uma revisdéo do texto inicial, para publicéto agora na forma de um
livro-texto,
Foi mantido © mesmo espirito de dar a obra uma onientagdo onde 3 quase
tolalidade dos exemplos sejam nacionais, tanto as fendmenos geoldgicos, como
as obras de-engenharia. Assim, foram ampliados € atualizados varies capitulos,
bem como o niimero de ilustrages fotogrificas existentes na Gltima edigae em
forma de apostila86 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
Com base na origemn dos seus constituintes, os solos podem ser divididos em
dois grandes grupos: solo residual, se os produtos da rocha intemperizada perma-
necem ainda no local em que se deu a transformagao; solo transportado, quando
© produtos de alteragao foram transportados por um agente qualquer, para local
diferente ao da transformagao. No capitulo referente 4s rochas sedimentares, foram
abordados us tipos de transformagSes que us rochas sofrem, através da devompo-
sigdo (intemperismo quimico) ¢ da desintegragdo (intemperismo fisico), bem como
Seus respectivos agentes.
9.2.1. SOLOS RESIDUAIS
Qs solos residuais séo bastante comuns no Brasil, principalmente na regido
Centro-Sul, em fungdo do préprio clima.
Todos os tipos de rocha formam solo residual. A sua composigdo vai depender
do tipo ¢ da composic¢go mineralégica da rocha original que Ihe deu origem.
Por exemplo, a decomposiggo de basaltos forma um solo tipico conhecido
como “terra-roxa”, com cor marrom-chocolate e composigao argilo-arenosa.
Possui elevada plasticidade. De outro lado, a desintegragdo e a decomposigio
de arenitos ou quartzitos irao formar um solo 100% arenoso, constituido de
quartzo. Rochas metamo6rficas do tipo filito (constituido.de micas) irdo formar um
solo de composigao arpilosa e bastante pldstico. A tabela dd um resumo dos
exemplos:
Plagioct asio: argiloso.
as piroxénios louse areia}
quartzito quartzo arenoso:
We (soricital
quartzo
feldspato
mica
Nao existe um contato ou limite direto e brusco entre o solo e a racha que 0
originou. A passagem entre eles é gradativa e permite a separagdo de pelo menes
duas faixas distintas: aquela logo abaixo do solo propriamente dito, que é chamada
de solo de aiteragdo de rocha, ¢ uma outra acima da rocha, chamada de rocha alte-
rada ou rocha decomposta.ELEMENTOS SOBRE SOLOS 87
Em resumo teriamos:
soo
RESIDUAL
SOLO DE
ALTERAGAO
DE ROGHA
Rocha
ALTERADA
ROCHA
SA
O solo residual é subdividido em maduro e jovem, segundo o grau de decom-
posigdo dos minerais.
O solo residual é um material que nado mostra nenhuma relagdo com a rocha
que lhe deu origem. Nao se consegue observar restos da estrutura da rocha nem
de seus minerais.
O solo de alteragao de rocha j& mostra alguns elementos da rocha-matriz,
come linhas incipientes de estruturas ou minerais nio decompostos.
A rocha alterada é um material que “lembra” a rocha no aspecto, preservando
parte da sua estrutura ¢ de seus minerais, porém com um estagio de dureza ou
resisténcia inferior ao da rocha.
A rocha-s@ representa a rocha inalterada.
AS espessuras das quatro faixas descritas sfo varidveis e dependem das
condigdes climaticas e do tipo de rocha. Exemplo:
No Estado de Sido Paulo, em granitos, 0 conjunto solo + solo de alteragao
de rocha + rocha alterada, atingiu até 80 m numa barragem no Rio Pardo.
Em arenitos da Formag3o Bauru, esse conjunto atingiu apenas 14m na
Darragem de Promissdo, no Rio Tieté.
SOLO ARENO
ARGILOSO
TERRA ROXA
SOLQ_ DE ALTERA-
GAO DE ROCHA88 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA.
A acdo intensa do intemperismo quimico fias areas de climas quentes e
timidos provoca a decomposigéo profunda das rochas com a formagio de solos
residuais, cujas propriedades dependem fundamentalmente da composig3o e tipo
de rocha existente na drea. Basicamente, numa regido de granito e gnaisse distin-
guem-se trés zonas distintas de material decomposto. Préximo 4 superficie,
ocorre um horizonte argiloso plistico, resultante de profundo intemperismo;
segue-se um horizonte de caracter{sticas silto-arenosas 6 finalmente aparece uma
faixa de rocha parcialmente decomposta (também chamada de: solo de alteragéo
de rocha), na qual se pode distinguir ainda a textura e estrutura da rocha original.
Esse horizonte corresponde a um estagio intermedidrio entre solo e rocha. Abaixo
desta faixa, a rocha aparece ligeiramente decomposta ou fraturada, com transigdes
para rocha-si.
O perfil a seguir exemplifica um solo residual formado em drea de gnaisses.
SUPERFICIE
ARGILA ARENOSA DE COR
AVERMELHADA COM PLAGAS
OCASIONAIS DE MICA,
GRAOS DE QUARTZO SAO
NORMALMENTE ANGULOSOS
QUARTZO
SILTE ARENOSO ROSEO,
MICACEO MOLE A MEDIO
SOLO DE ALTERAGAO
DE ROCHA
SILTE ARENOSO MOLE
MICACEO
ROCHA ALTERADA
ROCHA LIGEIRAMENTE AL-
TERADA OU FRATURADA
ROCHA SA - GNAISSEELEMENTOS SOBRE SOLOS 89
Nao se deve imaginar que ocorra sempre uma decomposigio contfnua,
hhomogénea e total na faixa do solo (regolito). Isso porque em certas dreas das
rochas pode haver minerais mais resistentes 4 decomposigao, fazendo com que
essas areas permane¢am como blocos isolados, englobados no solo, Esses blocos, as
vezes de grandes dimensées, sio conhecidos como matacdes ¢ si0 bastante comuns
nas dreas de granitos, gnaisses ¢ basaltos. Exemplos dessas ocorténcias aparecem na
Rodovia Castelo Branco, Serra do Mar, em Sao Paulo.
9.2.2, SOLOS TRANSPORTADOS:
Os solos transportados formam geralmente depésitos mais inconsolidados
e fofos que os residuais, ¢ profundidade varidvel. Nos solos transportados,
devemos distinguir uma variedade especial que ¢ 0 solo orgdnico, no qual o material
transportado est4 misturado com quantidades varidveis de matéria organica decom-
posta, que em quantidades aprecifiveis, forma as turfeiras. Ex.: leito da Via
Dutra, préximo a Jacarei, em Sio Paulo, apresentando sempre danos no pavi-
mento.
De um modo geral, o solo residual é mais homogéneo do que o transportado
no modo de ocorrer, principalmente se a rocha matriz for homogénea. Por exemplo,
uma area de granito dard um solo de composigao areno-siltosa, enquanto uma drea
de: gnaisses ¢ xistos poderd exibir solos areno-siltosos ¢ argilo-siltosos, respectiva-
mente. 0 solo transportado, de acorde com a capacidade do agente transportador,
pode exibir grandes variagdes laterais ¢ verticais na sua composi¢go. Bx.: um riacho
que carregue areia fina e argila para uma bacia poderd, em perfodos de enxurrada,
transportar também cascalho, provocando a presenga desses materiais intercalados
no depésito. Em esquema, terfamos:
LOCAL DE SOLOS TRANSPORTADOS
Uma investiga¢do no ponto A daria resultado completamente diferente do que uma na ponto &.90 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
Entre os solos transportados, ¢ necessdrio destacarmos, de acordo com o
agente transportador, os seguintes tipos ainda: coluviais, de aluvido, edlicos (dunas
costeiras). Nao consideraremos os glaciais, t§o comuns na Europa, América do
Norte, etc. ¢ a variagdo edlica (loess), uma vez que ambos nfo ocorrem no Brasil.
© solo residual é mais comum ¢ de ocorrénicia gencralizada, enquanto que
© transportado ocorre somente em dreas mais restritas.
9.2.2.1. Tipos de solos transportados
1. Solos de aluvito-
Os materiais s6lidos que sie transportados e arrastados pelas dguas & deposi-
tados nos momentos cm que a corrente sofre uma diminuicdo na sua velocidade
constituem os solos aluvionares ou aluvides. E claro que ocorre, 20 longo de um
curso d’égua qualquer, uma selegdo natural do material, segundo a sua granulo-
metria ¢ dessa manecira deve ser encontrado, préximo as cabeceiras de um curso
d'égua, material grosseiro, na forma de blocos e fragmentos, sendo que o material
mais fino, como as argilas, s40 levados a grandes disténcias, mesmo apés a dimi-
nuigfo da capacidade de transporte do curso d’égua. Porém, de acordo coma
variagdo do regime do rio, hd a possibilidade de os depésitos de aluvides aparecerem
bastante heterogéneos, no que diz respeito 4 granulometria do material.
Os depésitos de aluvido podem aparecer de duas formas distintas: em
terragos, 20 longo do préprio vale do rio, ou na forma de depésitos mais extensos,
constituinde as planicies de inundagao. Estas iltimas séo bastante freqientes ao
longo dos rios. Séo exemplos dos rios Tieté, Parand, etc. Séo os banhados, virzeas
e baixadas de inundacao.
Come exemplos de depésitos de aluvido, citamos os depésitos a argila
cerfimica nos banhados da drea de Avanhandava, Rio Tieté em Sao Paulo, e os
de cascalho, usados como agregado natural para concreto, encontrados na desem-
ESQUEMA DO LOCAL DA BARRAGEM DE PROMISSAO, RIO TIETE,
ESTADO DE SAO PAULOELEMENTOS SOBRE SOLOS a1
bocadura do Rio Sucuriu com o Parand, e sendo intensamente utilizados como
agregado para concreto na barragem de Jupid. A melhor fonte de indicagao de
Areas de aluvido, de vérzeas ¢ planicies de inundacdo é a fotografia a¢rea. Embora
os solos que constituem os aluvides sejam, via de regra, fonte de materiaisde
construgdes, s40, por outro lado, péssimos materiais de fundagoes. Exemplo ¢ 0
local da barragem de Promissao, onde na margem esquerda os extensos depdsitos
de argila existentes foram escavados, pois nao suporturiam o peso da barragem
2, Solos orgdnicos
Os locais de ocorréneia de solos orgdnicos se di em dreas topogrifica e
geograficamente bem caracterizadas: em bacias e depressbes continentais, nas
baixadas marginais dos rios e nas baixadas litoraneas. Como exemplo dessas ocor-
réncias, temog no Estado de Sio Paulo a faixa ao longo dos rios Ticté ¢ Pinheiros,
dentro da cidade de Sao Paulo. Neste caso, a urbanizacao da cidade mascarou parte
da extensa faixa de solo de aluvido organico. Exempla de ocorréncia de solos de
origem organica em baixadas litoraneas sio encontrados nas cidades de Santos e do
Rio de Janeiro e na Baixada do Rio Ribeira, em Sdo Paulo. Uma sondagem na Av.
Pres, Vargas, no Rio de Janeiro, mostra a partir da superficie 10 m de areia média
a fina, compacta, seguida de 8 m de argila organica marinha mole, seguida de 5 m de
argila muito arenosa dura e rija. Essa descrigo simboliza genericamente a situagdo
de ambas as cidades.
RODOVIA PIACA@UERA — GUARUJA
art
fener
carom bane aeGEOLOGIA Al
JOADA A PRGINHARLA
E mew dosejo, pois, que ests nova ediggo venha contribuir para o desen
volvimento e afirmagio do ensine dy Geoteenia ¢ da Geologia de Engenharia,
dentro de uma jinha que atenda fundamentalmente as necessidades nacionais,
Alguns capitulo poderao parecer wos gedlogos coma extremamente simpli-
ficados, porém © abjetive for o de se tentar um meto de conmnicagaa simples
pritico, entre gedlogos e engenheires, }
essa mancira, toram abandonados cers eapitulas até entio tradicional
mente desenvolvides nos Cursos de Geolugia de muitas Escolas de Engenharia,
como: Mincralogia: Fenémenos de dinamica interna da Terra, como vuleanismo,
ferromolos ¢ epirogenese, Fendmenos de dingmica externa como, por exemplo,
esiudo da atividade do gelo; ¢ em certos cases extremos onde chegavam a ser
minisiradas até Nogées sobre Paleontologia.
© presente texty, foi ainda desenvolvido denne de um esquema no qual a
Geologia Aplicada estd curricularmente ligada 4 Mecanica dos Solos. Dessa manéira,
alguns aspectox que podem uparecer com tendéneias exsencialmente deseritivas
deverdo ser mis profundamente analisados no Curso ou nos jivrostextos de
Mecdnica dos Solos, Fundagées ¢ Obras de Terra,
Acreditamos também que certos capitulos como, por exemplo, Mecanica
das Rochas, devam ser somente desenvolvides em Cursos de POs-Graduigae ow
com a inclusdo de mais um semesie no Curso de Geologia Aplicada.
1.2, POSICAO DA GEOLOGIA APLICADA
No Brasil, s6 recentemente, on seja, na altima década, é que » Geologia
cada sofreu um grande impulso de desenvolvimento ¢ afirmagao,
A Geologia ¢ definids como a ciéncia que trata da origem, evolugiiu ¢ extra
(ura da Terra, através do estudio das rochas.
‘Compreende um vaso Gimpo, que pode ser dividido em duis gmupés gorais
que constituemn, a Geologia Tedrica ou Natural e a Geologia Aplicada, e um
grande niimero de subdivisdes, como exposto a seguir:
AY
Mineralogia
Peirografia
Geologia Fisica Sedimentologia
re Estrutural
Natural Geomorfologia
Geotogia Historiga 4 P2Sentotoaia
. eo fi
Geotogia iat WA) esteatigrafin
Mineragdo.
Econdmiea
Petrdteo
Aplicaila Problemus de’ Engenharia Civil: 1i-
Engenburia > eis. barragens, estradas, gua sub-
Terraneay fundagoes, eteMatacao de granito em
solo residual. Rodovia
Castelo Branca — Estado
de So Paulo.
Solo pedregaso em clima
érido. Barra dos Mendes —
Estado da Bahia
Solo coluvial de rocha
granitica. Serre do Mar —
Estado de S80 Paulo.Matacao de granito em
solo residual. Rodovia
Castelo Branca — Estado
de So Paulo.
Solo pedregaso em clima
érido. Barra dos Mendes —
Estado da Bahia
Solo coluvial de rocha
granitica. Serre do Mar —
Estado de S80 Paulo.B_
INVESTIGAGAO DO SUBSOLO
'
13.1, OBJETIVO
Os trabalhos de investigagdo subterriinea so destinados a esclarecer as
condigdes geolégicas de subsuperficie, ou seja, quais os tipos de rochas existentes
© quais os seus elementos estruturais (linhas de contatos, fraturas, falhas, dobras,
ete.), Por outro lado, a investigagdo subterrinea é também importante na definicdo
de jazidas minerais.
13.2, METODOS
A investigagao das condigdes geolégicas de subsuperficie pode ser realizada
através de dois métodes principais:
a) Indiretos ow geofisicos — baseados na interpretagéo de certas medidas fi-
sicas,
b) Diretos ou mecénicos — através da execugdo de perfuragdes ou sondagens
do subsolo.
\ 13.3. METODOS GEOFisicos
Os métodos geofisicos constituem a@ Geofisica aplicada, ciéncia que tem
por objetivo procurar as estruturas geolégicas que s40 ou podem ser favordveis150 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA é
para a acumulacgdo de petrdleo, de agua subterrinea e de depdsito de minérios,
bem como definir os tipos de rochas ¢ as estruturas geoldgicas presentes no subsolo,
para fins de projetos de engenharia civil.
‘A pesquisa geofisica é feita, observando-se na superficie do terreno ou
mesmo no ar, por meio de instrumentos, cer‘os campos de forga que podem ser
tanto naturais, como produzidos artificialmente, A existéncia de certas anomalias
no campo de forga sob investigag#o indica irregularidades relativas a certas
propriedades fisicas do material. Porém, deve-se salientar que n&o € possivel
identificarem-se rochas e formagées litolégicas com base apenas em propriedades
fisicas. Juntam-se, aos dados geofisicos, informag6es geolégicas.
ya. APLICACAO DOS METODOS GEOFISICOS
Os ‘campos de atividade que mais se utilizam da geofisica aplicada, em
ordem de importancia, sido:
1. exploragdo de petrdleo, principalmente pelos métodos gravimétricos e sismicos.
2. prospecgdo de minérios, pelos métodos elétricos, magnéticos e radioativos.
3. estudos pera prospecgdo de dgua subterrdnea e investigagdes em projeto
de engenharia civil sio um terceiro campo de aplicagao continuamente cres-
cente, onde os métedos mais usados so os de resistividade (elétrica) © 0
sismico.
13.3.2. PROCEDIMENTO
x)
" k aplicabilidade dos métodos geofisicos depende de um certo niimero de
requisitos, considerados fundamentais;
1. © objetivo da investigago geofisica ¢ o estudo das diferentes propriedades
fisicas das rochas.
2, Essas propriedades afetam em diferentes graus os campos de forcas naturais
ou criados artificialmente (elétricos ¢ magnéticos).
3. © quanto esses campos de forga sio afetados depende do tamanho, da massa
e do arranjo dos materiais do subsolo.
4. Os dados: obtidos nas leituras geofisicas so interpretados, ¢ suas variaghes
so referidas como anomalias, que sido interpretadas em termos de provaveis
estruturas geolégicas.
Em resumo, 0 procedimento ¢ o seguinte:
1. Medir na superficie do terreno campos de forga, de acorde com o método usado,
com © objetivo de detectar anomalias nesses campos.
2. Predizer a configuragio dos materiais ¢ das estrucuras geoldgicas subterraneas,
causadores das anomalias.INVESTIGACAO DO SUBSOLO 151
13.3.3. FATORES QUE AFETAM A PRECISAO DOS RESULTADOS DOS
mMETODOS GEOFIsIcos
Na préxima tabela estiio resumidos alguns fatores que interferem na preciso
dos resultados dos métodos geofisicos. Uns aumentam e outros diminuem a preciséo.
1. Contrastes marcantes nas propriedsdes
fisicas des rochas © solos presentes.
Ex.: sluvilio recobrindo granitos. A
velocidad. da onda sismica nos gra-
nites § de 12.000 pés/teg comparada
com 2 500 pés/seg dos sluviden
Uniformidade © isotropia das forms:
Ber geolégicas. Ex.: arenitos @ fo-
ihethos. A interpretacSo ¢ bessede
supande-ss condi¢ées uniformas.
‘3. Tepoprafie cs superticie relativamento
uniforme, com encostas suaves.
» Paquena diferenca entre as proprie-
dades fisicas das diferentes comadat
do subsolo. Ex.! a resistividade em
certes talus (colivias) 4 em torna de
60 ohm @ 75 ohm. pé enquanto om
fothethos 6 de 30 ohm a 60 ohm. pé.
Hererogencidade vertical ¢ lateral das
camadet. Ex.: Aluvises lenticulares.
Candigtes no uniformes poder inva:
fidar 08 resultados.
‘Topogratia scidentada. Escarpas @
vales protundos.
4. Superficia horizontal do topo da
camada.
1. Superticie irregular do topo da ca
mada.
13.4, DESCRIGAO RESUMIDA DOS METODOS GEOFIsiCcos
Na tabela que se segue, damos uma classificagio dos métodos geofisicos,
de acordo com os campos de forga de que fazem uso, e das propriedades fisicas
utilizadas.
Estd também relacionado 0 campo de aplicagio de cada método.
Campos Principais
de AplicagioINVESTIGACAO DO SUBSOLO 151
13.3.3. FATORES QUE AFETAM A PRECISAO DOS RESULTADOS DOS
mMETODOS GEOFIsIcos
Na préxima tabela estiio resumidos alguns fatores que interferem na preciso
dos resultados dos métodos geofisicos. Uns aumentam e outros diminuem a preciséo.
1. Contrastes marcantes nas propriedsdes
fisicas des rochas © solos presentes.
Ex.: sluvilio recobrindo granitos. A
velocidad. da onda sismica nos gra-
nites § de 12.000 pés/teg comparada
com 2 500 pés/seg dos sluviden
Uniformidade © isotropia das forms:
Ber geolégicas. Ex.: arenitos @ fo-
ihethos. A interpretacSo ¢ bessede
supande-ss condi¢ées uniformas.
‘3. Tepoprafie cs superticie relativamento
uniforme, com encostas suaves.
» Paquena diferenca entre as proprie-
dades fisicas das diferentes comadat
do subsolo. Ex.! a resistividade em
certes talus (colivias) 4 em torna de
60 ohm @ 75 ohm. pé enquanto om
fothethos 6 de 30 ohm a 60 ohm. pé.
Hererogencidade vertical ¢ lateral das
camadet. Ex.: Aluvises lenticulares.
Candigtes no uniformes poder inva:
fidar 08 resultados.
‘Topogratia scidentada. Escarpas @
vales protundos.
4. Superficia horizontal do topo da
camada.
1. Superticie irregular do topo da ca
mada.
13.4, DESCRIGAO RESUMIDA DOS METODOS GEOFIsiCcos
Na tabela que se segue, damos uma classificagio dos métodos geofisicos,
de acordo com os campos de forga de que fazem uso, e das propriedades fisicas
utilizadas.
Estd também relacionado 0 campo de aplicagio de cada método.
Campos Principais
de Aplicagio152 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
13.4.1, METODOS GRAVIMETRICOS
a
Dé-se 0 nome de prospecgo gravimétrica ou gravimetria ao método de
investigagio das estruturas geolégicas, através do conhecimento dos pormenores
do campo gravitacional de uma dada regifo ou local. Quando as estruturas
geoldgicas apresentam irregularidades na distribuicHo lateral das densidades, criam-se
distorgbes na forma da gravidade, as quais podem acusar sua presen¢a.
Em todos os Jevantamentos gravimétricos, ¢ necessdrio conhecer as densidades
dos corpos naturais. A densidade é uma propriedade caracteristica da matéria ¢
indica a quantidade de massa contida na unidade de volume. Nas rochas igneas, a
densidade depende essencialmente de sua composi¢0 mineralégica: quanto mais
ricas em silica, tanto menos densas. Na prdtica, a densidade das rochas igneas
varia de 2,30 a 3,40. Nas rochas metamérficas, a densidade varia entre 2,40 a 3,55,
sendo os valores mais clevados os das rochas bésicas, ¢ os mais baixos, os das rochas
mais silicosas e xistosas. Finalmente, em relagZo 4s rochas sedimentares, vale
assinalar que as de origem quimica apresentam densidades que variam pouco;
nos calcdrios e dolomitos, de 2,70 a 2,90. Nas rochas sedimentares clisticas, a
variagdo ¢ muito maior, pois a porosidade, o grau de cimentago ¢ a compactagio
alteram profundamente o valor da densidade.~~
)/ Prinefpios ffsicos fundamentais. A teoria da prospeceo gravimétrica baseia-se
na Lei de Newton, que expressa a forca de atragdo entre duas particulas (de
massas m, ¢ mm;) a uma distincia ry uma da outra:
=gmm
Anca
onde G ¢ a constante universal da gravidade; no sistema C.G.S., seu valor
€ 6,670 x 10°.
A aceleragto a, adquirida pela massa m, por causa da aio exercida pela
massa rm, 6:
A aceleragao, sendo a forga que atua na unidade de massa, tem as dimensSes
do campo de forca gravitacional. A unidade de aceleragdo da gravidade, entre os
geofisicos, é denominada gal (em homenagem a Galileu); corresponde a 1 cm/seg*.
‘Na pritica, usa-se o miligal (mgal) = 1/1 000 gal.
‘Campo gravitacional da Terra. © campo gravitacional da Terra varia de
lugar para lugar. Seu valor depende dos seguintes fatores: da latinude, da elevapdo,
dos efeitos das marés (efeitos lunissolar), da topografia ao redor ¢ da distribuigdo
das densidades na Crosta. O interesse da prospec¢So gravimétrica reside justamente
nesse ultimo item.INTRODUGAD FA POSIQAG DA GEOLOGIA APLICADA \
A seguir. definiremos sucintamente casa uma das divisGes € subdivisoes da
Geoligia anteriormente assinglados:
| Geologie natural on tedricu: é subdividida em 2 partes: a fisica ea historica,
11. Porte srsice. trata do estudo dos tipos de materiats ¢ seu modo de ocorrencia,
beny como de estudio de certas estruturas. Engloba as seguintes especialidades:
a) Méincralager — trata das propricdades cristalogrificas (formas e estritturas),
Hisivas © quimicas dos mmerais, bem como da sus classificagio,
b) Perrografia — procura descrever 08 catacteres intrinseeds da rocha, anali-
salio Std origem, Assim, desereve as rachas sob o ponto de vista de sua
composigéo quimica, dos minerais que as compder, do arranjo dos virios
granulos minerais, do sew estado de alterugiio, ete.
¢) Sedimentologie — € 6 estuido dos sedimentos. Diz respeito 4 orlgem, trans-
porte, deposigao, bem como ao modo de ocoréneia, na natureza, de sedi-
mentos consolidados © ineonsolidsdos.
Wd estrciurat ~=—-€ © vamo da Geologia que se interessa pela investigagio dos
elementos estruturais presentes nas rochas ¢ causados por esforgos, Esses
elementos sid: orientagdo des minerais, fraturas, falhas, dobras, ete.
©) Geomorfologia —& definida core sendo a ciéneia que estuda a maneira
como as formas da superficie da Terra sdo. criadas e destruidas.
12. Marte Iistérica’ die respeito a0 estudo da evolugdo dos acontecimentas ¢
fendmenos ocorrides no passtdo, Esté baseuda em duas especialidades:
ab Paleoutologia — estuda os seres que viveram em épocas anteriores: A Epon
Atual, ¢ que séo conhecidos através de seus restos ou vestigios encantrados
nas rochas.
b) Evtrutigrafie trata do estudo da seqiéneia das camadas. Investig ai eon
digdes de sua formacdo ¢ a correlagio entre a» diferentes estratos. ou
eamadas
2. Geologic apilicada: esta ligada av estudo da ocorrencia, exploragdo de minerais
© rochas sob 0 panto de vista econdmice, bem como 4 aplicagso dos conhe-
cimentos geolégicas aos projetos ¢ as construgées de obras de Engeriharia,
A Geologia Aplicada envolve, pois, dois campos de aplicagao
2a. A Eeonomia; trata do esiudo dos materiais do reino mineral que o liomem extrai
da Terra, para a sua sobrevivéncia ¢ evolugdo. Inclui tunto substincias organicas
(carvdo, petroleo) como inorganicas (Fe, Al, Mn, Pb, Cu, Zn, Au, ete.).
Lb A. Engentaria: entendese por Geologia Aplicada 4 Engenharia, ou Geologin
de Engentatia, 0 emprego dos conbecimentos geoldgicos para a solugdo de
verivs problemas de Engenhana Civil, principalmente nos setores de construgao
de ferrovias © rodovius, implantagdo de barragens. uberiuras de Hines & canals,
ohtengdo de agus subjerrinea, projetos de fundaydes, etcINVESTIGACAO DO SUBSOLO 161
— estruturas ¢ heterogeneidades da rocha;
— % de figua;
— % de sais dissolvidos;
— grau de alteragao da rocha;
— grau de compactagZo do solo;
— porosidade ¢ permeabilidade.
b) Principais procedimentos e arranjos do método
(Os procedimentos mais utilizados sio a “Sondagem Elétrica” ¢ o “Perfil de
Resistividade”.
Na Sondagem Elétrica, procede-se As medig6es no centro do arranjo, que &
a estagdo de observacdo, & medida que se aumenta o espagamento entre os ele-
trodos, A profundidade investigada é fungdo desse espacamento.
No Perfil de Resistividade, conserva-se © espacamento entre 03 eletrodos,
sendo o arranjo movido de estagio a estagso. Em cada estado ou local de leitura,
mede-se a resistividade para uma profundidade praticamente constante.
Conforme representado na figura, existe o arranjo “Wenner” e@ o
“Schulumberger”, que utilizam 4 eletrodos em linha, dispostos simetricamente em
relagio a um ponto que é o centro de observagfo elétrica. Em ambos os casos,
aumentando a distancia entre os eletrodos, aumenta-se a profundidade de inves-
tigacdo. No arranjo “Wenner”, os 4 eletrodos mantém-se equidistantes; no arranjo
“Schlumberger”, os eletrodos Laterais se deslocam, ¢ os eletrodos centrais perma-
necem muito préximos do centro.
a
ARRANJO WENNER
Mm fo WN e
ARRANJO SCHLUMBERGER
FIGURA 3162 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
©) Utilisagdo ¢ limitagbes do método da eletrorresistividade
O método tem larga aplicabilidade nos campos de Engenharia Civil, Hidrologia
e Mineragao. Podemos resumir suas aplicagGes mais importantes como as seguintcs:
— Estudo geolégico de tregados rodoviirios ¢ ferrovidrios;
— Resolugdo de problemas estratigrdficos e estruturuis;
— Determinagio da espestura e profundidade de aluvides: agilfferas;
— Pesquisas de dreas de material de empréstimo;
— Determinagao da espessura de solo em pedreiras;
— Prospecgo de corpos de minérios;
— Problemas de fundagdes em geral;
— Determinagio do contacto agua doce-dgua salgada, em zonas de praia.
A condig#o essencial para que uma camada seja detectada pelo método da
eletrorresistividade é que ela possua espessura considerdvel ¢ bom contraste de
resistividade em. relagiio as camadas vizinhas.
As camadas, para serem detectadas, deve possuir espessuras crescendo em
progressfio geométrica com 0 aumento da profundidade. Isso ¢ devido ds caracter
risticas proprias dos gréficos bilogaritmos onde sfo plotados os dados de campo ¢
construidas as curvas de resistividade aparente. Assim, as camadas delgadas super-
ficiais podem ser detalhadas, enquanto camadas profundas relativamente mais
espessas podem nio ser detectadas.
Sucessdes de camadas de resistividade sempre crescentes ou sempre decres-
centes niio sdo favordveis & aplicaggo do método.
Camadas finas, eletricamente resistentes, colocadas entre camadas condutoras.
mesmo apresentando bom contraste de resistividade, podem nio ser detectadas,
dependendo da sua profundidade. O mesmo ocorre para camada condutora delgada,
entre camadas eletricamente resistentes,
Em regides estratificadas horizontalmente, em que a anisotropia elétrica das
camadas aumenta progressivamente, se ocorrer um estrato espesso e resistente
abaixo dessas camadas, ele bloqueard a passagem da corrente elétrica. Nesse caso,
© método determinard apenas o topo desse estrato, niio penetrando até a sua base.
A preciiiio dos resultados de um levantamento clétrico dependerd da quali-
dade dos dados geolégicos de superficie subsuperficie, de que se disponha para
correlacionar as medipdes efetuadas,
U métedo de eletrorresistividade, como qualquer método geofisico, no
prescinde do apoio da geologia nem elimina a necessidade de sondagens dos
tipos percussio ¢ rotativa, Deve ser encarado como um auxiliar eficaz e eco-
némico, na resolugdo de problemas especificos, permitindo reduzir bastante o
niimero de sondagens diretas, mais caras ¢ demoradas.
A seguir, um exemplo de aplicagdo da geofisica na Rodovia dos Imigranres,
que tiga Sdo Paulo a Sanios, uma das mais modernas do Brasil. Seu tragado inclui
numerosos tineis e viadutos, por atravessar a Serra do Mar.INVESTIGACAO DO SUBSOLO: 163
De acordo com o geélogo J. G. Machado Filho, foram executados testes
de campo, visando a éstabelecer © método geofisico mais indicado as condigbes
geoldgicas da regiiio.
O método sismico foi eliminado, apés teste efetuado com o “MD-1
Engeneering Seismograph”, da “Soiltest”, por nifo ter apresentado resultado satis-
fatério. Isso ocorreu devido a ma relagdo sinal-rufdo existente na drea, ou seja,
o-sinal da percussio do martelo era fraco e o rufdo devido a corredeiras, ventos e
outros era alto, mascarando o registro. Para aumentar o sinal ¢ tentar melhor
resultado, seria necesséria o uso de explosives.
Resolveu-se optar pela eletrorresistividade apés uma experiéncia com este
método. A extrema umidade da regido facilitava a propagagao da corrente elétrica,
nio influindo os fatores negativos que afetam o método s{smico.
d) Aparefhagem utilizada
Resistivimetro “Terrameter" — fabricado na Suécia pela “ABEM Geophysical
Instrument”.
Caracterfsticas gerais:
— Uma unidade geradora de corrente alternada de muito baixa freqiléncia,
pesando 8,2 kg e com dimensdes de 36 cm = 21 cm x 15 cm;
— Uma unidade provida de potenciémetro para medir resisténcia elétrica,
pesando 6 kg ec com dimensdes de 36 cm x 21 cm = 15 cm;
~ Tensio de safda do gerador até 400 V;
— Fonte de alimentagSo: 12 pilhas comuns de 1,5 V;
~ Leituras de 0 ohm a 10 000 ohm;
— Sensibilidade melhor que 3% até 0,01 ohm:
— Alcance maximo de investigagdo, da ordem de 600 m de profundidade.
Resistivimetro “R-50" — fabricado nos E.U.A, pela “SOILTEST Inc.”’.
Caracteristicas gerais:
— Uma caixa pesando 14 kg, com dimensdes de 50cm x 26cm x 24cm,
contendo a unidade geradora, de corrente continua e um milivoltimetro
numa unidade destacavel;
— Tensio de safda do gerador até 750 V;
‘— Corrente normal para operagdo: 100 mA. Méxima de 150 mA;
= Fonte de alimentagio; 2 conjuntos de baterias recarregaveis totalizando
— Leituras até 100 mV,
— Sensibilidade melhor que 3% até 0,5 mV;
— Alcance maximo de investigacdo, da ordem de 300 m de profundidade.164 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
Foram ainda testados os resistivimetros americanos “K-30 Soiltest” e “Vibro-
Ground Associated Research”. Esses aparelhos, de baixa poténcia ¢ sem compen-
sador de correntes parasitas, mostraram-se inadequados para o trabalho em questio.
As resistividades aparentes médias, encontradas na drea estudada, situaram-se
geralmente entre os seguintes valores:
— Solo residuo-coluvial. ......... 400 a 1 200 ohm + m
— Talus de gnaisse............55 1700 a 2500 ohm - m
— Solo de alteragdio de gnaisse 1200.2 2600 ohm + m
— Solo de alteragao de xisto 1000 a 1 800 chm + m
— Kisto .. 2.000 a 2400 ohm - m
— Gnaisse . 3.000 ohm +m
Observa-se que, para cada formagio, existe uma gama de variagio para os
valores de resistividade aparente. Esses valores sofrem ainda maior variacao, depen-
dendo da umidade da formagio considerada. Assim, © xisto cuja resistividade
aparente varia de 2 000 ohm a 2 400 ohm - m quando seco, atinge, quando saturado
d’dgua, valores inferiores a 1000chm-m, podendo chegar a 3000ohm ou
200 ohm + m, De mancira igualmente notdvel, o tdlus de gnaisse, quando saturado,
atinge valores inferiores a 1 800 ohm - m. O mesmo fendmeno de queda de resisti-
‘vidade ocorre para os solos de alteragdo, com o aumento da umidade ¢, de maneira
‘menos acentuada, com o aumento da porcentagem de material argiloso.INVESTIGAGAO DO SUBSOLO 165
Do exposto acima, devemos concinir que uma sondagem elétrica isolada tem
pouco significado, pois um mesmo valor de resistividade pode corresponder
a vérias formagSes geolégicas. A interpretagio das sondagens elétricas deve ser
feita em conjunto.
© trabatho de prospecgao elétrica, ao longo do trecho de serra, permitiu
obter dados suficientes para a elaboragdo de secgiies geoldgicas, mostrando os
diversos tipos de solos assentados sobre o embasamento cristalino rochoso.
© grifico da pagina 164 (segundo A. Davino) mostra curvas tipicas de
tesistividade nos seguintes materiais: (1) aluvilio sobre gnaisse, (2) gnaisse e (3) xisto.
13.4.4, METODOS sismMicos
“desenvolvimento desses métodos comegou em 1761 com Mitchell, que
achava que as ondas sismicas caminham através da Terra como ondas eldsticas.
Tentou determinar, por gréfico representando tempo x distincia, o local de origem
de terremotos. Na guerra de 1914-1918, os ingleses desenvolveram métodos baseados
Na propagagZo de ondas eldsticas no ar e os alemfes, de propagagdo na terra, na
‘tentativa de localizar os grandes canhdes. Em 1923 o método ¢ aprimorado por
Mintrop, ¢ € iniciada a pesquisa de petrolco no Texas, USA.
Os métodos sismicos so amplamente empregados na investigagdo de estruturas
subterrineas (dobras-falhas), nos projetos de barragens, cstradas, etc. Os métodos
sismicos utilizam duas coracteristicas importantes das formacées rochosas: |
1. A velocidade de propagacdo de ondas eldsticas, que varia de acordo com o tipo.
de rocha. A velocidade depende das propriedades eldsticas do material.
Exemplos de velocidade de propagepio em rochas:
[some [0s Tomi
2,300 s 3600 miseg
. Os limires (contatos) que separam fipos diferentes de rochas refletem ©
refratam parte da energia das ondas eldsticas. A velocidade de propagagdo das
ondas eldsticas é afetada por certos fatores, de acordo com a litologia estudada,
ou seja, de acordo com a origem da rocha. Por exemplo:
a) Ein rocha magmética
a;) A vyelocidade decresce com o aumento em silica na rocha ¢ assim, a
velocidade é menor em granitos do que em hasaltos.
n
b) Em rocha sedimentar
b,) A porosidade ¢ o grau de decomposiggo diminuem a velocidade.
‘b;) A compactagiio ¢ a cimentag¢io aumentam a velocidade.166 GEQLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
b) Sedimentos elisticus (urenitos, conglomerades) tém velocidade menor du
que sedimentos quimicos (calcario).
¢) Rocha metamorfica
Apresenta, o fendmeno da anisotropia eldstica, onde a velocidade de propa-
gagdo nao ¢ a mesma em todas as diregdes. A velocidade é maior na diregio da
xistosidade.
ROCHA METAMORFICA
Instrumentagao utilizada
O método sfsmico tem o seguinte desenvolvimento; criagdo de uma fonte
de ondas elasticas por meia de explosGes ou choques mecanicos, Essas ondas se
propagam através das rochas, até sofrerem reflexdo ¢ refra¢o num horizonte que
separa 2 tipos de rocha, As ondas voltam em sentido contrério até a superficie do
solo. As ondas sismicas podem s¢r comparadas em muitos aspectos 4s ondas lumi-
nosas, pois sofrem propagagdo, reflexdo ¢ refragao.
Os instrumentos cmpregados no método sismico so, resumidamente, os
seguintes:
a) Geofone: € um pequeno dispositive de 10cm de comprimento e Sem dé
didmetro, destinado a transformar a energia mecanica refletida no subsolo em
energia elétrica.
b) Amplificador elerrénico: & destinado a ampliar as fracas correntes elétricas
geradas pelos geofoncs.
c) Camara com papel fotogrdfico: tem o objetivo de registrar as correntes
elétricas amplificadas. Uma faixa de papel super-sensivel desfila diante de um
raio luminosg, ¢ as ondas séo registradas.A CROSTA DA
TERRA
2.1. DEFINICAG
A estrutura interna da Terra pode set representada por trés camiadas distintas:
@ primeira, conhecida como Litosfera ou Crosta e com espessura atingindo até
120 km, a segunda, conhecida como Manto & com espessura a0 redor de 2900 km e
finalmente a dltima camada, conhecida como Nticleo e com espessura de cerca
de 3300 km ¢ teoricamente constituida principalmente de Niquel e Ferro,
—~CROSTA
| see
©
we wet] ea
INVESTIGACAO DO SUBSOLO 77
Certos tipos de sondagens rotativas nao permitem a extragdo de testemunho.
Esse tipo é também chamada sondagem “rotary”, As hastes sdo giradas ¢ com-
primidas contra o fundo do furo sem o bartilete. As brocas nfo sio em forma
de anel mas podem ter formas variadas ¢ so dotadas de um furo para passagem
de agua. A fungdo da agua ¢ remover os detritos, esfriar a coroa, evitar o desmo-
fonamento das paredes, etc. _
ESQUEMA DE UMA SONDA_ ROTATIVA
13 GuINcHO
1 = MOTOR a
17 - MANGUEIRA DE PRESSAO
BOMBA DE LAMA
GOROA
ALARGADOR:
TESTEMUNHO
CARECA 00 BARALETE
TUBO DE LAMA
HASTE
REVESTIMENTO:
REVESTIMENTO
DE ALIMENTACAO
CABESOTE DE CIRCULAGAO:
cABO
rervewa
TRIPE OU TORRE178 GEOLOGIA APLICADA.A ENGENHARIA
Nas sondagens rotativas, além da determinagZo dos tipos de rochas ¢ de
seus contatos e dos elementos estruturais presentes (xistosidade, falhas, fraturas,
dobras, etc.), 4 importante a determinagdo do estado da rocha, i.é,, do seu grau
de fraturamento e de altera¢io ou decomposicio.
© grau de fraturamento de uma rocha € representado pelo nimero de
fraturas por metro linear em sondagens. ou mesmo em paredes de escavacdo
ao longo de uma dada direcdo.
Entende-se por fratura qualquer descontinuidade que, num macigo rochoso,
separe blocos, com distribuigdo espacial caética. As superficies formadas pela
fratura apresentam-se, via de regra, rugosas ¢ irregulares. Por didclase, uma descon-
tinuidade com distribuigio espacial regular. As superficies formadas pela didclase
so, via de regra, relativamente planas. Tendem a formar sistemas, par ex.,
ortogonais, etc.
Consideram-se logicamente apenas as fraturas originais ¢ nfo as provocadas
pela propria perfuragZo ou escavagdo. Ndo sfo por outro lado consideradas as
fraturas soldadas por materiais altamente coesivos.
A tabela sugerida'pela ABGE mostra os diferentes graus de fraturamento:
Extremamente fratucade
Em fragmentos torres ou pedsges de diversos tomanhos
caaticamente dispostos
© grau de decomposi¢%o ou alteragio das rochas é dado de forma ainda
subjetiva e empirica, segundo a seguinte relaggo:
Grau de alterecéo Estado da socha
Nilo so percebidas sequer sinais de alteragéo: do material.
© materiel mosira “manchas™ de slterecSo. Ex.: os feids-
patos dos granitos.
As “faixas” ce alteracéo te iguaiam as de material sido.
Muito atteredo © material toma especto pulvurulento ou fridvel, fragmen-
‘tando-se entre os dedos.
Este estado pode se confundir com o “solo de alteragio
de rocha”.INVESTIGAGAO DO SUBSOLO 179
13.7.2. EQUIPAMENTOS MAIS COMUNS PARA SONDAGEM ROTATIVA
13.7.2.1. Tipos de coroas
O “corpo” das coroas é sempre de ago, porém a parte cortante pode ser
de diamante, agos especiais, carbeto de tungsténio, mistas, etc.
Quanto @ forma, podem ser:
8) oeas, em forma de ane! para permitir a entrada do testemunho no barrilete.
b) compactes — somente com fungo de triturar, sem produzir o testemunho.
Entre as compactas pode ser citada a coroa-pilote, que possui um degrau
na ponta e é comumente usada em rochas fraturadas ou de consisténcia muito
variada e sobretudo se a perfuragéo faz um dngulo pequeno com o acamamento
das rochas. Sua funcao é dirigir a perfuracio, evitando desvics.
A coroa em forma de cauda de peixe tripla possui as facas de carbeto de
tungsténio e 36 tritura. A coroa tricone possui trés cones denteados com didmetros
diferentes, voltados para o centro da coroa. Emprega-se para petréleo.
As coroas a diamante classificam-se pelo seu didmetro e pelo mimero de
pedras por quilate. Diamantes grandes podem se fraturar, dio maior desgaste ¢
possuem menor nimero de arestas, em relacdo a muitas pedras de tamanho pequeno.
Em rochas pouco abrasivas, usam-se coroas com pedras grandes. Para rochas
resistentes com minério de ferro, usam-se pedras pequenas em grande nimero.
O ntimero de pedras pode variar de 4 a 40 pedras por quilate.
Os diamantes podem ser restaurados, adicionando-se novas pedras aos lugares
vazios ou mudando todas as pedras de posigdio.
Quando um diamante se desprende da coroa no fundo do furo, causa o
perigo de desgastar as outras pedras.
Para evitar esse problema, hé coroas impregnadas que so fabricadas mis-
turando-se pé de diamante ¢ pé de ferro com ligas especiais, de modo que, no
aquecimento, o ferro chegue a fundir-se parcialmente, fixando 0 pé de diamante.
TiPOS DE COROAS
Lo] TEN
DIAMANTE WiDIA180 GEQLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
SEM OBTENGAO DE TESTEMUNHO COM DIAMANTE
= Barriletes
Classificam-se em simples, duplos e duplos livres. Os simples constam de um
tubo cilindrico oco, onde o testemunho penetra ¢ fica preso por molas em bisel.
A dgua passa através do testemunho ¢ sai por fora da coroa, ¢ o barrilete gira
juntamente com a haste.
Ha desgaste mecanico pelo giro do barrilete e desgaste-mecanico e de disso-
lugao, pela dgua que passa através do testemunho. Os duplos possuem dois tubos
concéntricos, evitando o desgaste pela dgua, porém, continua o desgaste mecanico,
porque os dois tubos giram com a haste.
Os duplos livres possuem dois tubos concéntricos com rolamentos de mancais
deixando parado © tubo interno que guarda o testemunho. Evitam todos os tipos
de desgaste.
13.7.2.3. Tabela de didmetro de coroas e hastes
13.7.3, CICLOS DE OPERACOES DA SONDA
, Locagdo - Deve ser feita por engenheiro, gedlogo ou topografo, de modo
que a cota do ponto seja bem determinada.
2. Instalag@o - Faz-se de uma plataforma de cimento, para instalarsm-se os
equipamentes de perfurago. Os motores sio instulados sobre trilhos, de
maneira que essa providéncia nem sempre 4 necessdria; consirdi-se uma pequena
plataforma de cimento de mais ou menos 30cm =< 30cm ¢ 20cm a 30cm
de altura, com uma canaleta (sua finalidade é ser a boca do furo € a canaletu
serve para canalizar a lama proveniente do furo).INVESTIGACAO DO SUBSOLO. 181
3. Selécionamento de brocas é hastes — A escolha depende de fatores geolégicos
e técnicos ¢ da profundidade a ser atingida. Hastes muito finas sofrem grande
torgao 4° grande profundidade em rochas resistentes. Quanto maior o diimetro
menor a profundidade aleangada.
4. Revestimento — Um revestimento superficial de poucos metros serve pira
apontar a sondagem, fixando sua diregdo e para proteger a boca do furo de
desmoronamentos.
Quase toda sondagem comega em rocha alterada, e o revestimento evita que a
lama possa desmoronar 4 boca do furo e que também a lama seja perdida.
‘© revestimento é colocado com a sonda rotativa sem coroa, quando o ter-
reno nfo é compacto. Pée-se a bomba d’dgua a funcionar e escavando o
oriffcio simplesmente pelo jato d’igua. Pode ser também batido como bate-
estacas, até encontrar resisténcia suficiente para comegar a sondagem.
Ai entdo essas hastes sfo deixadas no furo, ¢ hastes de menor didmetro serio
usadas para o prosseguimento da sondagem.
5. Avango — O avanco depende do cabegote escolhido. Se for, por exemplo,
de 2,10.m, permite avango de 2,10m. Af o barrilete deve estar preenchido;
deve-se manobrar para o seu rompimento ¢ extrai-se toda a tubulago, desatar-
rachando-se todas as hastes ou no miximo de 6 mem 6 m.
6. Retirada do testemunho — Quando o barrilete tem molas em bisel, é s6 puxar
para cima, que o testemunho se rompe. Se o testemunho esti, em parte, gasto,
a cunha nfo o rompe ¢ para fazé-lo, o sondador imprime a maxima rotagao
na sonda, de maneira que a trepidagdo vai ser tdo grande que permite a quebra
do testemunho no fundo do furo,
Retirado o testemunho, ¢ colocadd em caixas especiais com separagio, obede-
cendo-se a ordem de avanco da perfuragio.
A lama correspondente ao avango da retirada de um testemunho é colocada
sobre umachapa para sécar ¢ depois guardada e numerada segundo seu teste-
munho,
Se de antemfo se souber que a recuperagio do testemunho nfo vai ser total,
usa-se entZo um avango maior. Por exemplo, se o avango é de 2,10 me 0 teste-
munho costuma sair com 1,50 m, pode-se aumentar o avango para 2,70 m,
de maneira a se economizar tempo com a retirada das hastes e da perfuragio
em geral.
13.7.4. Precaugdes nas operagdes de sondagem
1. Do contrato
© empreiteiro ganha por metro perfurado ¢ conseqientemente quer avangar
quanto mais ripido, no s¢ preocupando com o téstemunho ¢ a lama: Ao gedlogo
ou engenheiro interessam as andlises dos testemunhos ¢ lamas ¢ sua mixima
recuperagio. No contrato deve estipular-se um minimo de recuperagio consi-
derada aceitdvel.182 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA
2. Pressdo e rotagdo das hastes
A grande pressio nas hastes pode provocar desgaste mais ripido da coroa
© desvio do furo,
Pressio pequena dard vida mais longa 4 coroa e menor desvio nos furos.
O excesso de rotagHo provoca irregularidades do diimetro, fazendo a coroa
¢ © barrilete oscilarem, destruindo parcialmente o testemunho.
3. Pressfo da lama
Excesso de pressiio significa circulagio muito répida da lama, o desgaste
do testemunho, a erosio das paredes e, conseqiientemente, seu desmoronamento.
Falta de press¥o significa ma lubrificagdo da coroa e seu desgaste, ¢ as particulas
niio do levadas para cima em trechos correspondentes. Alguns cinco ¢ dez minutos
de nfo funcionamento de 4gua ou lama produzem muito aquecimento na coroa, ¢
as pedras podem se desprender ¢ desgastariam outra coroa nova que fosse intro-
duzida.
4. Desvios dos furos
‘Todos os furos so planejados como linhas retas. Os furos verticais geral-
mente se aproximam de linhas retas. Furos inclinados e furos verticais que atra-
vessam contatos gealégicos sofrem desvios. Regras de desvios de furos:
a) Todo furo inclinado desvia para cima e tanto mais quanto mais proximo da
horizontal estiver.
A haste tem tendéncia de tocar na parede iriferior do furo, levantando a coroa.
'b) Se a sonda encontra rocha mais dura no contato, tem tendéncia a escorregar,
permanecendo na rocha mais mole, se o angulo entre contato ¢ direcdo da sonda
for pequeno, ¢ atingindo no maximo 45°,4 GEOLOGTA APLICADA A ENGENHARIA
Damos o nome de Crosta ou Litosfera & parte mais extema da Terra, parcial
‘ou totalmente consolidada. A crostaé constituida fundamentalmente de duas partes
distintas; o Sial, que € a parte mais externa, composto principalmente de silfcio
¢ aliamiiio, representado por rochas de constituigdo granitica, e pelo Sima, que &
4 camada subjacente a0 Sial ¢ cuja composigao basica € silicia ¢ magnésio, repre-
sentada por rochas do tipo hasditice. A espessura do Sial € variivel, podendo atingir
SO km nas dreas continentais, ¢ praticamente zero sob os mares e oceanos
2.2. CONSTITUICAO
A parte mais superficial da Crosta esté representada por rochas, que sio
agregados naturais de um ou mais minerais. (Mineral & definido como toda a
substineia inorganics natural de composigao quimica e estruturas definidas.) As
tochas so divididas em trés tipos principais, de acordo com sua génese: magmdticas
(ow tgneas), seidimentares e metamédrficas.
CONTINENTE
-
+
+.
$5555)
+++:
eee
peters’
ocEAND
+
$F
tt
+:
+:
prt
+t
+
A composigdo da crosta da Terra € aproximadamente a mesma das ro-
chas magnuiticas, pois a quantidade de rochas sedimentares presentes na Crosta
€ insignificante, quando comparada com # daquelas. Em volume, oii seja,
em profundidade, predominam na Crosta as rochas magmiiticas, com uma
porcentagem de 95% do seu volume tatal, sendo o restante coberto pelas
rochas sedimentares. Em rea ocorre o inverso, isto é, as rochas sedimen-
fares so mais abundantes do que as magméticas, numa proporgao de 75%
para 25°INVESTIGACAO DO SUBSOLO 193
camadas. Correlatamente, a dgua deve ser analisada quimicamente, pois poderé
conter elementos reativos com o concreto das fundagdes. A posigdo do lengol
fredtico nfo 4 necessariamente aquela profundidade na qual a sondagem atinja
agua, sendo necessdrio pelo menos uma hora de observagdo para a estabilizagiio do
nivel fredtico. Dessa maneira, ¢ possivel estabelecer um gréfico tempo x profun-
didade (ou elevagio) do N.A.
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