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Desprezada Pelo Melhor Amigo Do Meu Pai o Herdeiro Do Juiz Adriana

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Copyright © 2024 ADRI LUNA

DESPREZADA PELO MELHO AMIGO DO MEU PAI – O


HERDEIRO DO JUIZ

1ª Edição | Criado no Brasil


Edição digital

Autora: Adri Luna


Revisão: Sonia Carvalho
Diagramação: Adri Luna
Leitora beta: S.D Marinho, Carla Santos e Carla Freitas
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL E PARCIAL DESTA OBRA, DE QUALQUER
FORMA OU POR QUALQUER MEIO ELETRÔNICO OU MECÂNICO, INCLUSIVE POR
MEIO DE PROCESSOS XEROGRÁFICOS, INCLUINDO AINDA O USO DA INTERNET,
SEM A PERMISSÃO EXPRESSA DA AUTORA (LEI 9.610 DE 19/02/1998).
ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO. NOMES, PERSONAGENS, LUGARES E
ACONTECIMENTOS DESCRITOS SÃO PRODUTOS DA IMAGINAÇÃO DA AUTORA.
QUALQUER SEMELHANÇA COM ACONTECIMENTOS REAIS É MERA
COINCIDÊNCIA. TODOS OS DIREITOS DESTA EDIÇÃO SÃO RESERVADOS PELA
AUTORA.
Sumário
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
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21
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40
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42
43
44
45
Epílogo
Agradecimentos
A querida Rosy Rosa, nada melhor que uma rosa delicada como você,
para curar as feridas de um homem como Erik, aproveite cada segundo
com esse juiz devasso. Erik Delacroix é todo seu.

A todas as mulheres que já tiveram seus corações partidos, que


enfrentaram tempestades emocionais e emergiram mais fortes. Vocês
são a prova viva de que a dor pode ser transformada em poder, e que
as cicatrizes são apenas marcas de batalhas vencidas.

Que esta história seja um lembrete de que o amor verdadeiro começa


dentro de nós mesmas. Que vocês encontrem em cada página a força
para acreditar novamente, para amar com todo o coração, mas, acima
de tudo, para se amarem incondicionalmente. Pois é no amor-próprio
que reside a verdadeira essência de quem somos e o potencial para
sermos infinitamente felizes.
AGE GAP – GRAVIDEZ INESPERADA – AMOR PROIBIDO – FILHA DO
MELHOR AMIGO – FAST BURN – UMA MOCINHA DIABA

Erik Delacroix é um Juiz arrogante na mesma medida em


que é lindo e irresistível. Sou apaixonado por ele desde dos
meus 17 anos, e as minhas fantasias com ele se
transformam em contos.

Esse homem é tudo que eu não posso ter, ele é o


melhor amigo do meu pai. Ele nunca me notaria, mas é
claro que eu não estava disposta a desistir sem tentar. E eu
consegui! Enfim fui dele, só não imaginei que o homem que
o mesmo que me fez sonhar também seria o mesmo que
me afundaria em um pesadelo. Ele me descartou e me
humilhou da pior maneira e eu prometi que nunca o
perdoaria.

Rebeka Martinez é 19 anos mais nova que eu, filha do


meu melhor amigo ela é simplesmente proibida e
intocável para mim. Mas a diaba irradia sensualidade ao
mesmo tempo que me encanta com sua pureza. Deseja-la
foi a minha destruição, o início do meu tormento um
desejo impossível de resistir. Eu só não esperava que
ela fosse igual a todas as mulheres, falsa e definitivamente
alguém que só serve para usar e descartar.
Você vai encontra aqui um romance quente, não
indicado para menores de 18 anos.
01

Erik Delacroix

Sou um juiz respeitado e reconhecido, e, como tal,


tomo decisões importantes que podem mudar o rumo das
vidas das pessoas. A análise cuidadosa das provas e a
aplicação justa da lei são fundamentais. Foi dessa forma
que construí o respeito que tenho hoje no campo jurídico.
Eu voltava antes do previsto de uma sessão no tribunal,
havia concluído alguns julgamentos promissores, e isso era
algo a se comemorar em grande estilo. Victoria, minha
esposa, costumava me esperar nua, do jeito que gosto. Ela
era o amor da minha vida, a mulher com quem eu planejava
todo um futuro. Entrei sem fazer ruídos, na nossa casa em
Asheville, na Carolina do Norte, segurando um imenso
buquê de flores em uma das mãos e vinho na outra. Eu
planejava beber diretamente do corpo dela, mas, ao me
aproximar do nosso quarto, ouvi gemidos e gritos e minhas
pernas paralisaram na porta que abri de uma vez,
presenciando a minha mulher, montada, fodendo com um
filho da puta, que por ironia, era o nosso jardineiro. Senti o
meu sangue gelar, ao mesmo tempo que um calor tomou
conta de mim.
— Erik? — ela indagou me encarando com espanto.
— Caralho! — exclamei deixando o vinho e as flores
caírem das minhas mãos, enquanto os cacos se espalhavam
pelo chão, onde o vinho traçou um caminho molhando todo
o piso de mármore.
— Senhor! — O filho da puta se levanta, cobrindo-se
com a porra do meu lençol de cama. Um moleque de no
máximo vinte anos, estava de pau duro, na minha frente
fodendo a minha esposa.
— Sai, antes que eu cometa a pior merda da minha
vida — disse com uma voz calma de alguém que arde de
ódio, mas não tem forças para agir. Victoria tinha esse
poder sobre mim, ela fazia os meus demônios parecerem
impotentes, eu a amava mais do que julgava ser possível,
mas, naquele momento, todo o amor se transformou em
ódio, e eu tinha apenas uma certeza: nenhuma outra
mulher me teria nas mãos como ela um dia teve.
— Erik, espera, não é o que você está pensando. —
Ela vem em minha direção e paralisa quando sente os cacos
de vidro da garrafa de vinho perfurarem a pele dos seus
pés.
— Estou de saída, Victoria, quando eu retornar não
quero mais ver as suas coisas aqui nessa casa.
Virei as costas. Eu não bati no desgraçado que fodia a
minha mulher na minha própria cama, e não me senti
menos homem por isso. Pelo contrário, fiquei orgulhoso de
mim, descobrindo um auto-controle que eu nem sabia que
tinha, o mesmo que uso até hoje para foder e ir embora.
Incapaz de me apegar, ou sentir remorso em partir corações
idiotas, como um dia possuí, acredito que essa é a minha
melhor contribuição para a humanidade: mostrar que
vivemos rodeados de demônios e que os anjos sempre são
corrompidos.
Cinco anos depois, Bordeaux, França…

Eu costumo ser convidado para palestras em


universidades e normalmente recuso todas, mas agora
estou em uma, encarando os rostos jovens e esperançosos,
lembrando-me do quanto os menos abastados precisam se
esforçar se quiserem ser alguém na vida. Sempre tive tudo,
admito, bom, acabei me tornando um homem um tanto
arrogante com o passar dos anos, reconheço. Fazer amigos
se tornou ainda mais difícil, e não sou tão acessível como
gostaria de ser. Talvez esse seja o preço do sucesso, uma
vida inteira se esquivando de oportunistas que desejam se
aproveitar daquilo que posso proporcionar.
No fundo do auditório observo uma menina loira, que
me olha fixamente e desvia o olhar assim que os nossos
olhos se encontram, ela fecha o caderno onde rabisca
ferozmente como se algo ilícito estivesse ali. As suas
bochechas coram e ela abaixa a cabeça, mas não posso
deixar de notar um sorriso discreto nos seus lábios.
— Algum problema, senhor? — o meu assistente,
Simon, indaga próximo ao meu ouvido quando me nota
pausar a palestra.
— Não, apenas ansiando que isso acabe — sussurro
enquanto finjo beber água.
— Não precisava ter vindo, senhor, eu disse que
cuidaria de tudo.
— Sim, mas esse foi um convite especial, não tive
como negar.
— Entendo perfeitamente, senhor — ele responde
retomando ao seu lugar um pouco atrás de mim.
Volto minha atenção para a plateia de jovens e
novamente os meus olhos encontram os da jovem que
voltou a escrever enquanto me encara com jeito que eu
diria ser de alguém que deseja muito esfregar a boceta no
meu pau. Uma moleca me arrumando problemas é tudo que
eu menos preciso nesse momento.
— E por hoje é isso, espero que eu tenha inspirado
vocês sobre a importância dos direitos penais e sua
aplicação — enfim, encerro e desço do auditório apressado,
mas ouço o reitor me chamar, fazendo-me recuar.
— Senhor Delacroix — sua voz soou cheia de energia
e sarcasmo, notando a minha intenção de fugir.
— Pois não? — indago retornando.
— Os nossos alunos estão ansiosos para fazer
algumas perguntas.
— Claro, perdão. Fiquem à vontade para perguntar. —
Forço um sorriso após um longo suspiro de tédio.
A jovem loira levanta a mão estufando os peitos
firmes com um sorriso devasso ao mesmo tempo que suas
bochechas coram revelando timidez.
— Pois não, pode perguntar — falo temendo o que
sairá de lá.
— Quais são os maiores desafios que você enfrenta ao
lidar com casos penais complexos, e como você aborda a
questão da justiça e equidade nesses casos?
— Lidar com casos penais complexos exige uma
compreensão profunda da lei, bem como a capacidade de
analisar evidências de forma objetiva. A equidade é
fundamental, e eu sempre busco garantir que todas as
partes envolvidas tenham uma representação justa e que as
decisões sejam baseadas nos fatos e na lei. A justiça é o
objetivo final, e isso requer uma abordagem meticulosa e
equilibrada — respondo, e ela apenas sorri, voltando a
escrever no caderno.
Outro jovem levanta a mão e eu confirmo com a
cabeça para que ele faça a pergunta
— Considerando sua experiência pessoal, como você
vê a evolução das leis de divórcio, especialmente no
contexto de traição? — pergunta com um tom sarcástico
que não passa despercebido.
Sinto uma pontada de irritação, mas mantenho a
compostura.
— A evolução das leis de divórcio tem sido
significativa, com um foco maior na proteção dos direitos de
ambas as partes envolvidas. A traição, embora dolorosa, é
apenas um dos muitos fatores considerados. Minha
experiência pessoal, no entanto, não é relevante para a
aplicação da lei. O sistema legal visa garantir que as
decisões sejam justas e equilibradas, levando em conta o
bem-estar de todos os envolvidos, especialmente quando
há crianças.
O jovem parece surpreso com a firmeza da minha
resposta, e percebo que sua malícia se dissipa rapidamente.
— Acho que é o bastante por hoje. Agradeço a
atenção de todos — falo, me despedindo, mas não resisto
em buscar com meus olhos a loira endiabrada no fim do
auditório e respiro aliviado por não a ver mais lá.
Sigo apressado para o carro que já está aberto, me
esperando para sair dali o quanto antes e voltar para as
minhas atividades do dia.
— Senhor Delacroix. — Ouvi a voz suave
acompanhada por um perfume doce enquanto me dirigia ao
meu carro. Virei-me na direção da voz e a vi colidindo com
força contra meu assistente, que se interpôs rapidamente
para impedir que a jovem se aproximasse.
— Ah, droga! — ela exclama, abaixando-se ao mesmo
tempo que ele, que recolhe os papéis que ele deixou cair na
colisão. Enquanto isso, ela pega os dela, que se misturaram
com os meus.
— Desculpe a pressa, se tiver dúvidas, pode perguntar
ao meu assistente.
— Desculpe incomodar, mas gostaria de dizer que
entendo sua dor. Sei que pode parecer uma piada para
alguns, mas a realidade é que situações de traição podem
causar danos emocionais profundos. É uma experiência
devastadora perder não apenas a confiança, mas também a
segurança emocional. Espero que você encontre alguém
que lhe ofereça muito mais do que já teve.
Um sorriso discreto surge no canto da minha boca, e
eu olho para a garota que não sabe nada sobre a vida me
olhando como se pudesse me dar conselhos amorosos.
— Você deve gostar de sites de fofocas, quantos anos
você deveria ter na época? Doze? Treze? — indago me
aproximando dela que tem a respiração ofegante
respondendo a minha aproximação. — Volte para a sala de
aula, e se concentre em estudar e ter um futuro, isso era o
que eu daria como conselho a uma filha que não tive.
— Você parece gostar de dar conselhos? Que tipo de
conselho daria a uma garota que sabe o que quer e não
descansa até conseguir?
— Eu diria para ela que não brinque com o que não
conhece, mas se resolver brincar que saiba usar muito bem
essa língua afiada para outras coisas mais interessantes —
respondo voltando para o carro. — Viu isso, Simon?
— O que, senhor? — indaga, sentando-se no banco da
frente ao lado do meu motorista.
— Uma fedelha que sequer sabe fazer um boquete,
vindo me dar conselhos amorosos — respondo encostando a
minha cabeça no banco e fechando os olhos, cortando
qualquer tentativa dele de continuar a conversa.
02

Rebeka Martinez

Minutos antes…

Vim para a França por um mês, nas férias da minha


faculdade, para estudar francês e conhecer melhor o país.
O meu pai tem uma editora pequena, e a literatura sempre
foi a minha opção quando resolvi cursar a faculdade. No
entanto, hoje estou me aventurando entre os alunos de
direito assistindo uma palestra com um juiz um tanto
arrogante, mas que chama a minha atenção. Erik Delacroix,
um antigo amigo do meu pai, é pouco provável que ele
lembre quem eu sou, já que assim que se casou, mudou-se
para outra cidade. Sinto meu coração bater mais forte
vendo-o palestrar. Ele é tão é atraente quanto soberbo. Ouvi
dizer que, quando nos apaixonamos, vemos a vida passar
em câmera lenta e que a voz do amado ressoa como a
sinfonia de anjos. Então, devo estar experimentando o mais
louco desejo, já que aqui estou eu, vendo o homem mais
convencido que já conheci na vida se mover como se
estivéssemos em um filme erótico, e sua voz soar como a
de um demônio devasso, prestes a sugar toda a inocência
que guardo como um tesouro.
Eu tento dispersar esses pensamentos, mas fantasio
com ele sem roupa com o mesmo sorriso safado que ele
exibe discretamente enquanto tenta não demonstrar o tédio
que sente ao dar essa palestra.
Eu o ouço atentamente, conforme escrevo algumas
linhas onde somos protagonistas. Pode soar como uma
loucura, mas é quase impossível não criar histórias na
cabeça à medida que faço coisas aleatórias do dia a dia. E
nas minhas palavras já passamos da fase “oi, meu nome é
Rebeka” escrito na folha que antes eram espaços em
branco. Estamos na fase em que ele geme essa mesma
palavra, sim, eu acho que sou capaz de fazer um homem
experiente feito Erik gemer como um louco, embora eu só
tenha lido isso em livros e visto em alguns filmes.
No momento em que o reitor nos dá a oportunidade
de fazer perguntas, ergo a mão. Eu não tenho a menor
vontade de saber a resposta sobre jurisprudência,
precedentes, ou sabe-se lá o que eles estudam, eu só queria
que ele me notasse, assim como segundos atrás, quando os
nossos olhos se encontraram e eu senti as minhas
bochechas queimarem.
Percebo que na segunda pergunta ele franze o cenho
e suspira impaciente, demonstrando o descontentamento
com a pergunta sobre divórcios.
— Não foi ele que foi traído pela esposa e ela recebeu
um bom dinheiro no divórcio? — Ouço alguns cochichos das
meninas ao meu lado.
— Sim, ele não conseguiu prever a péssima escolha
que o deixou alguns milhões mais pobre — outra responde
com um sorriso irônico.
Como as pessoas acham graça na dor dos outros?
Ridículos!
Saio do auditório irritada com tamanha falta de
sensibilidade dessas pessoas.
Vejo-o sair da palestra e o sigo, eu queria dizer o
quanto gostei de ouvi-lo, talvez isso sirva como motivação,
mas pelo contrário, ele só confirmou o que eu já havia
notado, estou diante de um homem amargurado e
arrogante, mas ainda assim muito gostoso.

— Alô — falo atendendo uma chamada do meu pai.


— Acordei você? — indaga ouvindo minha voz
tranquila do outro lado da linha.
— Estou me preparando para dormir, fiquei até tarde
treinando meu francês que parece melhorar a cada dia.
— Tudo bem, vá dormir — diz se despedindo, e eu
volto a me arrumar em frente ao espelho.
Ajusto meu decote comportado, mas que deixa o
suficiente à mostra. Eu não tenho a intenção de dormir,
quero aproveitar os meus dias de liberdade aqui na França.
Desço e pego um táxi em frente ao hotel onde estou
hospedada.
Eu não faço ideia de onde ir, e vasculho no celular por
um lugar interessante até ver o anúncio de uma boate.
— Le Mirage S'il vous plaît! — informo ao taxista que
dá voltas pela cidade enquanto decido aonde ir. Ele faz um
sinal positivo e dirige mais alguns metros até estacionar em
frente à boate.
— Chegamos — ele diz em inglês fluente e eu me
sinto uma idiota em ter falado com ele em um francês com
uma pronúncia deprimente.
Entro na boate olhando tudo ao redor, varrendo cada
espaço e começo a me mover conforme a música agitada.
Se meu pai soubesse que estou aqui, teria um ataque
cardíaco. Ele nunca me permite sair à noite, o que acho um
exagero, especialmente considerando que estou prestes a
completar dezenove anos.
— Um gin com tônica, por favor — peço me
aproximando do bar.
— Eu não sabia que vendiam álcool para crianças. —
Eu me viro reconhecendo a voz de Erik Delacroix e fico sem
reação por alguns segundos.
— Eu não sou uma criança — respondo com um tom
irritado.
— Dezoito? — ele indaga com deboche.
— Isso não é da sua conta. — Torço o nariz. Ele é cego
que não vê que eu já sou uma mulher?
— O que acha de subir? — Ele aponta para o segundo
piso da boate.
— Não, obrigada — respondo tirando o copo de
bebida do balcão e voltando para a pista de dança.
Eu preciso me afastar, é o mais sensato a fazer. Fugir.
Ele é irritantemente atraente e, por mais que eu adorasse
passar horas apenas olhando para ele, isso simplesmente
não é viável.
— Tenho algo que é seu — ele diz me seguindo.
— O quê? — indago tentando disfarçar a curiosidade.
— Na verdade, estou curioso para saber como termina
a história, depois que Erik geme o nome de Rebeka. Onde
ele gozou? Na boca ou na boceta apertada dela? —
Arregalo os meus olhos sentindo as minhas bochechas
queimarem ao mesmo tempo que o meu sangue gela pelo
resto do meu corpo e eu nem sei como isso é possível.
“Não acredito que ele leu isso.”
— Não sei do que está falando. — Afasto-me dele
querendo abrir um buraco no chão para me esconder.
— Volte para casa, criança, com certeza os seus pais
nem sabem que você está aqui exibindo suas pernas para
os homens.
— Eu não sou criança, completo dezenove anos em
alguns dias, agora não tenho culpa de me deparar com um
homem velho e machista feito você. Volte para casa, pegar
friagem a essa hora não é nada bom na sua idade.
Os olhos dele queimam me encarando com fúria, eu
sei que fui longe demais, mas sejamos sinceros, ele está
começando a me irritar me chamando de criança.
— Friagem? — indaga mudando a sua expressão e
mostrando o terrível sorriso safado que vi mais cedo. — Vem
aqui — diz me puxando pela multidão e não adianta eu
tentar me soltar, ele fecha ainda mais os dedos, apertando
o meu pulso e apenas para quando estamos em uma cabine
privada da boate. — Você gosta de escrever contos
eróticos? — ele pergunta, me prendendo entre ele e a mesa
no centro da cabine, o que me faz sentar favorecendo-o,
que se posiciona entre as minhas pernas. — Já se
masturbou enquanto imaginava essas histórias? — pergunta
com o rosto próximo ao meu, e não consigo deixar de
encarar a sua boca, sentindo o meio das minhas pernas
vibrar com sua perna roçando entre elas.
— Não vou lhe responder isso — respondo tentando
fechar as pernas, mas ele me impede.
— Então sinta como estou velho e pegando friagem —
Ele me puxa pela cintura e sinto seu pau duro se encostar
na minha intimidade quente e úmida.
— Me solte — retruco, empurrando-o, minha voz está
ofegante e a minha respiração pesada.
— Vá para casa e se toque, enquanto escreve contos
de como seria esse pau fodendo a sua boceta fogosa. Eu
não curto molecas. — Ele se afasta, me deixando tonta, com
as pernas abertas e o vestido levantado até a minha
cintura. Eu me coloco de pé tentando me recompor.
— Não ache que está com tudo, apenas escrevi meia
dúzia de palavras, nunca ouviu falar que escritores
fantasiam para vender livros? Isso não significa que eu me
masturbaria pensando em você, tenho opções bem
melhores — respondo, virando as costas e tentando manter
o resto da minha dignidade comigo.
03

Erik Delacroix

Acordo com os primeiros raios de sol, sentindo um


peso sobre mim. Com um movimento brusco, tiro de cima
do meu corpo a perna da mulher ruiva que dorme serena ao
meu lado. O cheiro de sexo se espalha pelo quarto. Precisei
foder a noite toda para aliviar a porra do tesão que senti
com aquela garota loira.
Pego o meu celular sobre a mesa e ligo para Simon,
que atende prontamente.
— O meu carro está pronto? — indago assim que ele
atende.
— Sim, senhor.
— Perfeito, pague a conta do hotel e me encontre no
tribunal — digo encerrando a ligação.
Visto-me rapidamente e desço as escadas, evitando
estar no quarto quando a mulher, cujo nome nem sequer
lembro, acordar. Ao chegar ao tribunal, tomo um banho e
me preparo para a minha última audiência nesta jurisdição.
Em breve, retornarei para a Flórida, onde pretendo me
estabelecer após anos longe. Sempre apreciei o clima de
Miami, e a única razão pela qual me vi em Asheville, na
Carolina do Norte, foi porque Victoria preferia cidades
pequenas. Agora eu sei que deve ser porque era mais fácil
para ela esconder as suas escapadas.

Ouço baterem na porta e autorizo a entrada.


— Senhor, todos estão na sala de audiências
esperando — diz a secretária parada na porta entreaberta.
— Perfeito, estou indo agora mesmo.
A sala está cheia com os advogados e todas as partes
envolvidas, e todos param de falar assim que entro. Gosto
dessa sensação de autoridade, eu cresci em um berço de
ouro sentindo isso, ouvindo elogios descabidos, que sei que
nenhum deles era sincero.
— Bom, vamos começar — declaro, assumindo a
condução da audiência.
Faço uma breve pausa esperando que todos se
acomodem e direcionem a atenção exclusivamente para
mim. Depois, volto a falar e apresento os pontos
importantes do caso a serem discutidos, que não são
muitos, porque tudo já foi apontado e discutido nas etapas
preliminares.
Após o final da audiência, volto para o meu gabinete
recolhendo tudo sobre a mesa, quando meu telefone toca.
— Oscar — atendo prontamente.
— Já está retornando para Miami? — ele indaga do
outro lado da linha.
— Não sabia que estava tão ansioso. — Gargalho.
Oscar é um dos poucos amigos com quem ainda tenho
contato da época da faculdade, isso para não dizer que é o
único. Nós nos falamos com certa frequência, mesmo que
as atividades do dia a dia tornem a rotina complicada.
— Ansioso? — Ele também gargalha. — Estou
preocupado, na verdade, já fiz o que me pediu, a respeito
da casa, mas porra, Erik, você deixou tudo se acabar.
— Eu não sabia que precisaria voltar um dia, você
sabe a Victoria odiava o clima de Miami, mas eu tenho um
apego sentimental por essa casa.
— Quando você pretende voltar?
— Depois de amanhã. Conduzi minha última audiência
aqui e meu assistente está resolvendo os últimos assuntos
para a transferência definitiva para Miami.
— A minha casa está aberta, para você ficar até a sua
estar pronta, acredito que uns cinco dias sejam suficientes.
— Não quero incomodar você e a sua família, ficarei
em um hotel.
— Não é incômodo nenhum, a casa não é tão grande,
mas temos um quarto disponível, ficarei ofendido se não
aceitar.
— Se é assim, prepare o quarto, ficarei aí até a casa
ficar pronta.
— Perfeito, agora preciso ir, a minha filha está
voltando do intercâmbio, vamos lhe preparar uma festa de
aniversário, e você já estará aqui para a festa.
— Quantos anos a sua pequena joaninha está
fazendo? — brinco com o apelido que ele deu à coitada da
criança.
— Ela não é mais tão pequena, no entanto, sempre
será uma menina para mim, você um dia saberá, os filhos
nunca crescem. Bom, mas vou te deixar resolvendo as suas
coisas e não se preocupe com a casa, eu resolvo tudo por
aqui.
— Muito obrigado, até breve então — digo encerrando
a ligação.
Volto a recolher meus pertences sobre a mesa e noto
uma pasta que está parcialmente fora da minha gaveta
entreaberta. Pego, me sento e começo a ler novamente.
“Chovia muito lá fora, e ainda assim, eu sentia o meu
corpo incendiar, eu não deveria desejar Erik, mas o que eu
podia fazer se a ideia de tê-lo no quarto ao lado, fazia a
minha boceta latejar de desejo. E se eu for até o seu
quarto? indago com a mão na maçaneta, considerando que
se eu pensar por mais alguns segundos não terei coragem.
Sem ruído, entro na ponta dos pés me despindo pelo
caminho, e lá está ele, apenas de cueca deitado na cama de
solteiro, que fica no único quarto disponível da casa dos
meus pais. Arrasto-me para o seu lado, traçando um
caminho com os meus dedos até alcançar o seu pau duro,
embaixo da cueca.
— Está sonhando comigo, Erik? — sussurro passando
a língua pelo seu pescoço, e ele salta com o susto.
— Que diabos faz aqui?
— Você tem duas opções: escutar o que eu vim fazer
ou sentir — respondo montando nele, que geme baixo
temendo que os meus pais acordem no quarto ao lado. —
Vai começar a me foder agora ou devo me satisfazer
sozinha? — indago esfregando a minha boceta, lambuzando
o seu pau duro como uma pedra.
Ele tira o pau melado de excitação da cueca com um
olhar faminto.
— O que você tem para me oferecer? — pergunta em
um grunhido, mordendo os lábios.
Levanto e dou uma volta mostrando o meu corpo nu,
que entrego a ele.
— Você é inexperiente ainda, vou te mostrar
exatamente como se serve um homem como eu. É isso que
está pedindo? — Ele me joga na cama abrindo as minhas
pernas e me chupando, respiro com dificuldade e sinto que
as minhas pernas tremem, à medida que ele enfia os dedos,
me fodendo com eles.
— Mas já, minha putinha? Já quer gozar na minha
boca? — indaga pondo-se de pé. — Levanta, Ajoelha e
chupa! — ordena autoritário, me abaixando pelo ombro. —
Abre bem essa boquinha, vou foder nela até meu pau inchar
e eu te encher de porra. Mama meu pau gostoso, Rebeka —
ele geme sentindo a minha língua tocar a cabeça do seu
pau. — Caralho! — ele sussurra, contendo o grito enquanto
eu o masturbo chupando o pau dele com loucura. Ele agarra
nos meus cabelos fodendo a minha boca e gemendo o meu
nome. — Eu vou gozar…”
Termino de ler a última palavra escrita com meu pau
latejando, e o pressiono contra a minha mão tentando
aliviar a vontade de ver aquela loira endiabrada fazendo o
que ela escreveu, rendida, ajoelhada sendo fodida gostoso,
e eu gozando não só na boca, mas enchendo aquele
cuzinho de porra e depois sendo engolido por aquela
boceta. Ela despertou em mim um leão, doido para fodê-la
com força. Merda, provavelmente eu nunca mais irei vê-la.
Isso é bom.
04

Rebeka Martinez

— Quero te ver, Beka, liga a câmera — Caio, o irmão


gêmeo da minha melhor amiga July, diz.
— Agora não posso, acordei há poucos minutos, mas é
da forma que eu estou falando, não consegue imaginar meu
bico falando francês? — indago divertida.
— Ver é sempre melhor que imaginar, ainda bem que
você voltará em breve e você prometeu que me ensinaria
algumas palavras.
— Confesso que estou gostando bastante de
Bordeaux, será que consigo transferir meu curso para
terminar de estudar aqui?
— Nem vou levar em consideração essas palavras,
seu pai nunca deixaria você morar longe dele. Estou
surpreso que ele tenha aprovado você estar aí, ele é sempre
tão protetor com você.
“Já chega, Caio, me passa o telefone” ouço a voz
irritada de July do outro lado da linha.
— Amiga, quero saber se achou um francês gato por
aí? — ela pergunta com um tom divertido.
— Você não faz ideia de quem eu achei aqui.
— Então me diz logo, eu quero saber.
— Erik Delacroix — pronuncio o nome dele com
entusiasmo.
— O Juiz amigo do seu pai? — indaga com um tom
desapontado, e eu quase posso vê-la enrugando o nariz.
— Sim, e você não faz ideia do quanto ele é lindo,
ainda mais do que nas fotos, mas… — Pauso, me sentando
na cama.
— Mas o quê?
— Ele é um completo idiota, a decepção do meu
sonho de adolescente.
— Beka, ele tem idade para ser o seu pai. Ele não tem
um filho gato?
— Ele tem trinta e oito anos, July, falando assim,
parece que é um senhor de sessenta anos.
— Ele vai ter exatamente isso quando você ainda tiver
quarenta e um. — Ela gargalha. — Mas enfim, entendo a sua
fantasia, eu já fantasiei com o chefe de segurança do meu
pai, e devo admitir que foi incrível dar para ele no carro,
enquanto ele fazia a minha segurança, sabe? — ela diz com
um tom malicioso.
— Ele me chamou de moleca — confesso irritada.
— E daí, você é mesmo. Que importância tem isso?
— Eu vou embora e nunca mais o verei, a não ser nos
sites de fofocas.
— Deveria ter aproveitado a oportunidade, eu sempre
te falo isso, Beka.
— Vou deixar para lá. Não chore mais, eu chego em
dois dias, agora me deixe ir, que quero fazer umas compras
antes de voltar — digo com um tom animado.
— Estou esperando por você, beijos.
Encerro a ligação e volto a me arrumar, estou ansiosa
para visitar a Place Gambetta, antes de retornar para Miami.
O lugar é cheio de boutiques de luxo, embora eu saiba que
eu não tenho tanto para gastar lá, as coisas na editora do
meu pai não estão mais como antes, mas com o que
economizei consigo levar um presente para os meus pais e
os meus amigos.
Eu certamente vou sentir falta dessa cidade e da
surpresa que tive ao encontrar com Erik aqui. Volto para
casa com o cheiro daquele homem petulante e a certeza de
que se antes eu já o achava charmoso, agora não tenho
mais dúvidas, mas também não quero reencontrá-lo, nem
imagino o que ele diria se soubesse que aquela folha solta
com uma pequena cena erótica é apenas um por cento de
um livro cheio delas e que eu definitivamente não posso
realizá-las com ele.

Dias depois, Miami, Flórida…

— Enfim, em casa. — Suspiro parada no jardim.


— E aí, como foi na França? — meu pai pergunta
tirando as minhas malas do carro.
— Descobri que um mês é pouco para se tornar
fluente.
— Você pode continuar aprendendo em casa, comprei
uns filmes em francês para você.
— Ah… legal, pai. Vou adorar se assistir comigo.
— Podemos fazer isso, nos sábados o que me diz? —
indaga quando atravessamos a porta da sala.
— Eu acho perfeito.
— Aí está a minha princesa — minha mãe diz animada
tirando uma torta do forno.
— É para mim? — pergunto, sentando-me à mesa.
— Vá já tomar um banho, você acabou de chegar da
rua. Tem muito mais de onde saiu essa. — O seu tom é
divertido e o meu pai a abraça beijando levemente a sua
bochecha, os meus pais são a prova de que o amor existe, e
que o casamento não é um investimento ruim, quando
ambos se empenham para dar certo.
— Já estou indo — retruco subindo as escadas.
É bom estar de volta no meu quarto, com as minhas
coisas, senti falta da minha cama e da minha mesa com
meus rabiscos. Sento-me abrindo a gaveta, tirando um dos
cadernos que uso como rascunho para tantas histórias que
teimam em surgir na minha mente.
— Que loucura, Rebeka! — exclamo para mim mesma,
imaginando como seria a cena se tivesse ido aos finalmente
naquela mesa da cabine privada da boate. O meu corpo
esquenta, só de imaginar.
“Fecho os olhos enquanto ele me prende contra a
mesa, a respiração pesada, imaginando o que vem a seguir.
— Abra os olhos — ele ordena com a voz rouca
carregada de tesão. — Sinta como é bom ser tocada. —
Assopra em minha boca e todo o meu corpo fica arrepiado.
Sinto seus dedos brincarem com o cós da minha calcinha,
deslizando os dedos por baixo dela. — Está sentindo a sua
boceta queimar de excitação, minha putinha?
— Sim, eu estou — respondo sem fôlego sentindo
seus dedos invadirem a minha boceta que estremece. Eu já
não ouço a música alta que vem da pista de dança, apenas
a sua respiração pesada no mesmo ritmo da minha.
— Estou louco para sentir essa boceta apertada se
contraindo em volta do meu pau. Vou te encher de porra. —
Ele me vira de frente para a mesa com certa brutalidade,
empinando a minha bunda. Ele fecha os dedos em volta das
minhas coxas e um gemido rouco escapa da minha boca. —
Goza para mim — sua voz soa como uma ordem, ele desliza
as mãos pela minha bunda voltando para o meio das
minhas pernas, passando a distribuir beijos pelo meu
corpo…”
— Beka. — Salto da cadeira assustada, fechando o
caderno e o colocando rapidamente na gaveta.
— O que fazia aí? — July pergunta ainda da porta
entreaberta. Ela me olha curiosa e um sorriso malicioso se
forma em seus lábios.
— Como você entra sem bater? — respondo tentando
me recompor.
— Eu estava com saudades de você, garota ingrata.
— Tomarei um banho rápido e já desço, mas você
pode me esperar aqui se quiser.
— Eu trouxe uma notícia para você — a sua voz soa
carregada de segundas intenções, e eu temo o que sairá
dela.
— Então diz logo — falo ansiosa me sentando ao lado
dela na cama, ela estica a mão colocando o celular na
frente do meu rosto.
“O juiz Erik Delacroix anuncia seu retorno à cidade de
Miami. O respeitado magistrado já tem data para reassumir
suas funções na Flórida.”
Termino de ler com os olhos arregalados, e a
respiração acelerada.
— Acho que você já pode perder a virgindade com o
homem dos seus sonhos — July diz com um tom divertido
— E morrer pelas mãos do meu pai depois.
— Não seja tão inocente, ele não vai nem saber. Você
só precisa fazer o Delacroix ficar trancado no mesmo
espaço que você.
— Vou tomar um banho, July — comunico me
trancando apressada no banheiro. — Eu não esperava
encontrá-lo novamente — pronuncio me arrastando pela
parede. — Mas talvez eu nem o veja, Miami é grande —
volto a falar tentando me convencer disso.
05

Erik Delacroix

Decido voltar para Asheville antes de fazer minha


mudança para Miami. Deixei algumas coisas aqui, detalhes
que precisam ser resolvidos antes que eu possa seguir
adiante. No entanto, uma vez que tenho tudo sob controle,
planejo fazer a viagem direta, sem a necessidade de parar
pelo caminho. Afinal, eu nunca deveria ter vindo para esse
fim de mundo. É como se ouvisse o meu pai falar: “A paixão
nos deixa cego e o amor nos torna um idiota.” Enquanto a
paixão nos envolve em um frenesi de emoções, o amor
muitas vezes nos leva a agir de maneiras que, sob uma luz
mais racional, poderiam parecer completamente absurdas.
É como se esses sentimentos distorcessem nossa percepção
da realidade, nos fazendo cometer erros dos quais só nos
damos conta quando já é tarde demais. Talvez seja essa a
ironia da condição humana: escolher entre viver pela razão
ou se tornar um idiota, facilmente arrastado para o abismo.
— Tudo pronto senhor — Simon fala parando no meio
da sala com uma pequena mala.
— Perfeito, então vamos embora — respondo a
caminho do carro.
Entro no carro, fecho os meus olhos sentindo que o
motorista está dando a partida.
— Simon, coloque a casa à venda — ordeno ainda de
olhos fechados.
— Farei isso, senhor.
— Comprou o presente que eu pedi? — indago,
virando-me para encarar a casa se afastando da minha
visão.
— Sim, comprei um urso de pelúcia, como o senhor
não tem maiores detalhes sobre a garota, achei mais
apropriado, já que se trata de uma adolescente.
— Perfeito — respondo e fico em silêncio durante todo
o caminho até o aeroporto.

A viagem foi tranquila e rápida. Ao chegar em Miami,


vou direto para o tribunal resolver alguns assuntos antes de
enfim tirar uma noite para descansar. Ligo para Oscar no
caminho.
— Alô — ele fala com um tom animado.
— Cheguei a Miami, vou passar no tribunal e de lá
posso encontrar você.
— Ainda não acredito que terei o meu amigo de volta
para beber comigo.
— Trouxe alguns uísques na mala, itens de coleção,
acho que a ocasião pede. Onde você está agora?
— Estou na editora, relendo uns manuscritos. Preciso
de novos talentos, meu amigo.
— Não entendo nada sobre literatura, mas posso
ajudar com conselhos jurídicos ou contatos úteis. Se
precisar, estou à disposição.
— Não quero lhe dar mais trabalho do que você já
tem.
— Nos falamos mais tarde, então.
— Você não vem para a minha casa? — indaga
ansioso.
— Não quero incomodar, Oscar, posso ficar em um
hotel até a casa ficar pronta.
— Sabe que isso me deixa ofendido. A Alessia, deixou
o quarto pronto para recebê-lo.
— Se é dessa maneira, encontro você na editora,
tomamos alguma coisa, e seguimos para a sua casa.
— Perfeito, espero você.
— Até breve, então — digo encerrando a ligação.
— Algum problema, senhor? — Simon pergunta
ouvindo o meu longo suspiro. Essa é a frase favorita dele, e
ele só usa quando sabe que estou incomodado com algo.
— Cancele a reserva no hotel, ficarei uns dias na casa
do Oscar.
— Posso deixar a reserva como está, senhor, e fazer o
check-in caso o senhor queira um pouco de privacidade
durante o período da reforma.
— Faça isso — respondo naturalmente, mas
impressionado como ele pensa em tudo.
A Mercedes-Benz estaciona em frente ao tribunal,
cujos edifícios altos parecem se curvar em respeito à minha
passagem. Preparo-me para sair, ajustando o paletó sob
medida e alinhando a gravata. Meus olhos refletem no vidro
da Mercedes, e estou impecável, como sempre. Sinto os
olhares curiosos e respeitosos dos funcionários sobre mim.
Há muita expectativa pela minha chegada, pois durante
anos apenas me comuniquei remotamente com a equipe
daqui.
— Senhor, o pessoal está aguardando na sala de
conferências — Simon diz, me direcionando para o elevador.
Enfim voltei, de onde eu nunca deveria ter saído.

No fim da tarde sigo para a editora de Oscar, ele me


espera na entrada e me impressiono negativamente com o
local, que parece estar indo à falência, algo nítido para mim
que sinto cheiro de empresas prestes a falir.
— Erik — ele diz me abraçando. Oscar é o único amigo
que me restou do tempo de faculdade, um irmão de quem
fiquei tempo demais afastado.
— Também estou feliz em revê-lo — respondo. — O
que aconteceu por aqui? — indago varrendo com os olhos
tudo ao redor.
— Estamos passando por uma fase complicada, estão
faltando talentos.
— Talentos ou dinheiro para investir nos que você já
tem?
— Não vamos falar sobre isso, vou pegar as minhas
coisas na minha sala, e quero conhecer a coleção de
uísques que você disse que trouxe — ele fala mudando de
assunto, Oscar é orgulhoso demais para admitir que precisa
de ajuda financeira.
— Vou acompanhar você e aproveito para conhecer
melhor a editora — digo o seguindo.
Eu não entendo nada sobre esse ramo de negócio,
mas não descarto um investimento. Tudo é lucrativo desde
que bem administrado, mas ainda não é hora para falar
sobre isso.
— Tudo pronto, podemos ir. Alessia está preparando
um jantar de boas-vindas.
— Boas-vindas? — indago sem jeito.
— Não se preocupe, você não é o principal
homenageado, a nossa filha esteve fora, foi fazer um
intercâmbio curto, aproveitando as férias.
— Perfeito, vamos, então.
De tudo que há nesse mundo, eu sei o quanto Oscar
ama sua família, e a forma como ele fala da esposa e da
filha é como um toque na minha ferida, me fazendo lembrar
a péssima experiência que tive no meu casamento.
Seguimos no carro dele, e relembramos histórias
passadas.
— Agora só tenho olhos para Alissia — ele diz
enquanto relembro as nossas noitadas.
— Fico feliz que tenha dado certo para você —
respondo batendo levemente em seu ombro enquanto ele
está concentrado na estrada à nossa frente.
— Desejo o mesmo para você, embora você tenha se
tornado um predador sem coração.
— Não sou tão ruim assim, nenhuma reclamou até
agora. Era bom ser casado, quando as coisas ainda davam
certo com a Victória, mas confesso que a variedade é bem
mais interessante, é impressionante a quantidade de
mulheres mal comidas loucas para me conhecer. —
Gargalho.
— Um filho da puta, é isso que você é — zomba com
um sorriso divertido. — Chegamos, ainda moro no mesmo
endereço, por enquanto não consegui uma casa no mesmo
condomínio de luxo que você.
— É bem mais fácil quando já se nasce rico, Oscar —
respondo saindo do carro.
Ele abre a porta de casa com um sorriso animado,
chamando pela esposa que vem da cozinha com um sorriso
e ele a beija assim que ela se aproxima. Eu posso ter uma
casa que daria quatro dessas dentro, mas nunca um lar de
verdade, ele é mais afortunado do que eu, e eu sei que ele
sabe disso.
— Seja bem-vindo — Alissia diz com um sorriso
simpático, eu me lembro dela e o Oscar ainda na fase de
paquera, mas nunca fomos próximos.
— Muito obrigado, espero não estar incomodando.
— De forma nenhuma, é um prazer, meu marido o
considera um irmão.
— Eu sinto o mesmo apreço por ele.
— Onde está a Beka, ela não vai descer? — Oscar
pergunta à esposa.
— Ela ligou, disse que está vindo com a July, elas
estavam comprando o material que faltava para as aulas
que logo recomeçam.
— Eu trouxe algo para ela, como presente de
aniversário, vou buscar no carro.
— Você não precisava se incomodar.
— Imagina, vou buscar.
Saio e encontro Simon parado ao lado da Mercedes
esperando as minhas ordens.
— Siga para o Hotel, deixe apenas uma mala pequena
aqui, e me entregue o presente que comprou.
— Perfeitamente, senhor — responde tirando o
embrulho da mala.
— Tão grande? — indago, precisando usar as duas
mãos para pegar o presente e ele dá de ombros.
Retorno para casa e, sem pensar muito, jogo o
embrulho sobre o sofá.
— Onde estão as suas malas? — Oscar pergunta,
olhando em volta com uma expressão de curiosidade.
— Meu assistente está trazendo — respondo e no
mesmo instante, ouço uma batida na porta. É Simon, que
entra com um pedido educado de licença e deposita a mala
próxima à entrada.
— Obrigado, Simon. Esteja amanhã no horário de
sempre na empresa.
Ele assente com a cabeça, demonstrando a habitual
eficiência que eu valorizo tanto.
— Tenha uma boa noite, senhor. — Simon se retira
com um aceno respeitoso.
— Vamos deixar a sua mala no quarto, Erik. Meu
amor, vou mostrar o quarto para ele.
— Sim, podem ir tranquilos, ainda estou terminando o
jantar.
— A casa não é grande, como te falei, o quarto não é
tão confortável como você está acostumado.
— A sua casa é acolhedora, estou feliz em saber que a
nossa amizade continua a mesma, estou satisfeito em poder
revê-lo.
Entro no quarto, com uma cama de solteiro, uma
decoração simples, elegante e de muito bom gosto.
— Vou te deixar à vontade para tomar um banho e
descansar um pouco até o jantar ficar pronto.
— Agradeço a hospitalidade.
Oscar fecha a porta atrás dele. Eu me jogo na cama,
sentindo a minha coluna estalar. Estou exausto da viagem,
e o cansaço começa a pesar ainda mais. Suspiro
profundamente, tentando relaxar os músculos tensos.
— Estou esgotado — digo para mim, fechando os
olhos por um momento, criando coragem para me levantar
e tomar um banho.
Foi um dia longo. A viagem, as reuniões... Parece que
tudo se acumulou de uma vez só. Levanto e me dirijo ao
banheiro, deixando a porta entreaberta. Ouço o som da
água correndo na banheira e fecho os olhos novamente,
aproveitando o silêncio momentâneo. Tiro a roupa e
mergulho na água quente.
A tranquilidade do momento é interrompida pelo som
suave da porta do banheiro se abrindo. Abro os olhos e,
para o meu espanto, ouço uma voz feminina. Antes que eu
possa assimilar, me levanto assustado.
— Oh, desculpe! — ela exclama, recuando
rapidamente, não tenho tempo nem de olhá-la direito. — Eu
não sabia que tinha alguém aqui — diz, já de costas.
Meus olhos percorrem rapidamente a garota que se
encolhe no banheiro, em vez de sair, o que seria mais lógico
nessa situação.
— Erik, está tudo bem aí? — Ouço a voz de Oscar do
lado de fora. Em um movimento rápido, corro quase
escorregando no chão molhado e fecho a porta do banheiro,
deixando o corpo dela entre o meu e o objeto.
Inspiro o seu perfume que por algum motivo causa
uma reação em mim. Deve ser o susto. Adrenalina. Isso é
constrangedor.
— Xi… — falo, ainda sem identificar a pessoa na
minha frente. Ela se vira, os olhos arregalados de surpresa.
Nossos olhares se encontram e, por um momento, ficamos
paralisados.
“Que merda ela faz aqui?”
Oscar bate na porta novamente.
— Erik, está tudo bem aí dentro?
— Sim, sim, está tudo bem. Eu já estou saindo —
respondo rapidamente, tentando manter a calma.
— Tudo bem. Estarei lá embaixo se precisar de mim —
diz Oscar do outro lado da porta.
Ficamos imóveis esperando o som dos passos de
Oscar desaparecer. O cheiro dela invade as minhas narinas,
e os meus olhos ficam presos na sua boca, a mão dela se
ergue tocando o meu peito nu, aliás, essa não é a única
parte descoberta e logo o meu pau reage a ela. Que caralho
de moleca gostosa!
— O que você faz aqui? Está me perseguindo? —
indago.
— Eu acho que é você quem está me perseguindo, já
que essa é a minha casa.
— Sua casa? — questiono imaginando que estou louco
e tendo uma miragem.
— Sai de cima de mim! — ela diz, me empurrando
com força e abrindo a porta apressadamente.
Passo a mão pelo rosto, ainda incrédulo com a
situação.
— Isso não pode estar acontecendo.
06

Rebeka Martinez

Retorno para o meu quarto ofegante, fechando a


porta rapidamente atrás de mim.
— O que houve, Beka? — pergunta July, levantando-se
da cama com uma expressão de espanto.
— Ele está aqui — respondo, gaguejando, enquanto
tento recuperar o fôlego.
— Ele quem? — July pergunta, sua voz cheia de
preocupação e curiosidade.
— O Erik Delacroix — respondo ainda incrédula,
sentando-me na ponta da cama com as duas mãos na boca.
— Ele veio jantar com o seu pai? — pergunta se
aproximando. — E por que você está toda molhada?
— Porque eu entrei no banheiro enquanto ele tomava
banho — respondo me jogando no colchão, batendo as
minhas pernas sobre ele e me enfiando entre os
travesseiros.
— Você viu ele pelado? — Ela gargalha. — Me conta,
ele é bem-dotado?
— July, você acha que olhei para baixo? O meu pai
quase nos viu juntos — quase grito sentindo minha pele
queimar de tanta vergonha.
— Mas o que ele fazia no banheiro da sua casa? —
indaga pensativa. — Caramba, Beka, ele vá dormir aqui! —
ela pronuncia eufórica, se jogando na cama se abanando. —
Você agora pode brincar de seduzir o gostosão. — Ela sorri
com malícia.
— Você é maluca — respondo descartando a
possibilidade.
— E você é idiota, passou todo esse tempo
imaginando, e agora ele está bem aí no quarto ao lado.
— Ao lado do quarto dos meus pais também, não
esqueça.
— É só não fazer barulho. Se bem que é quase
impossível. — Ela gargalha.
— Vamos descer, a minha mãe está esperando para o
jantar.
— E você vai assim?
— Assim como?
— Beka, pelo amor de Deus. Vem, vamos escolher um
vestido.
— Que tal um embrulho para presente? — digo com
sarcasmo enquanto ela passa peça por peça no meu
guarda-roupa.
— No seu caso, não vai precisar de embrulho.
— Chega, July, vamos descer — digo saindo do quarto
e puxando-a pelo corredor.
Erik Delacroix
Fico olhando as escadas, esperando que ela desça, ou
vou começar a achar que estou louco, e que imaginei toda
aquela loucura no banheiro.
— Você parece nervoso — Oscar diz e eu paro de
balançar o pé, que bate no chão sem parar.
— Imagina. O que acha de abrir um uísque?
— Não vou beber muito, mas aceito.
Paraliso no caminho até o minibar que fica na sala,
quando vejo a diaba loira descer as escadas, ocupando
qualquer espaço na minha mente para outro pensamento
que não seja ela.
— Erick, essa é a minha filha Rebeka, lembra dela? —
Oscar pergunta se aproximando das meninas, a minha
mente implora para que a joaninha dele seja a garota de
cabelo rosa e que a loira, seja apenas uma agregada que
ele permite que more na casa dele.
Rebeka acena forçando um sorriso, enquanto ainda
tento processar o fato de ter roçado o meu pau na filha do
meu amigo. Caralho! Eu não posso estar desejando foder
com a filha do meu melhor amigo.
— Oi, tio! — A garota ao lado dela acena com um
sorriso cínico.
E eu nem quero imaginar o que essas duas aprontam
quando estão longe dos pais.
— Desde quando eu sou tio? — indago irritado.
— Desculpa, eu chamo o tio Oscar assim — a amiga
diz com um tom debochado.
— Eu não sou o tio Oscar — deixo clara a minha
insatisfação.
— Relaxa, Erik, nunca te chamaram de tio antes? —
Oscar gargalha. — Erik te trouxe um presente. — Ele aponta
para o urso. Que porra, um urso para uma moleca que anda
escrevendo contos eróticos.
— Talvez eu tenha errado no presente, não percebi
que o tempo passou tão rápido.
— Um urso? — ela indaga abrindo o embrulho e me
olha forçando um entusiasmo. — Muito obrigada, foi muita
gentileza da sua parte — responde colocando o urso de
volta no sofá.
— Posso comprar algo que lhe agrade mais —
respondo imaginando formas de me divertir com ela lhe
dando um vibrador de presente. E balanço a cabeça
rejeitando esses pensamentos.
— Não se preocupe com isso, até ontem a Rebeka
ainda brincava com bonecas — Oscar fala como um pai que
não consegue ver o crescimento da própria filha.
— Jura? Interessante — meu tom soa um pouco
sarcástico.
— Venham comer — Alissia chama da sala de jantar.
— Caio não vem? — Alissia pergunta, estreito os olhos
tentando imaginar quem é.
— Ele está chateado com a Beka, esperou um
presente especial, mas ao invés disso ela trouxe um
chaveiro para nós dois.
— É um chaveiro que se encaixa, isso significa que
sempre estaremos juntos — Rebeka responde com um
sorriso divertido.
Observo em silêncio, é impossível não me lembrar do
conto, e da vontade que eu tenho de saber o final. O jantar
segue agradável. Eu janto sozinho há anos, uma rotina que
se estende desde os tempos em que ainda estava casado.
Às vezes, me pego questionando se realmente aprecio a
solidão ou se é disto aqui que eu gosto.
No fim do jantar, fico na varanda bebendo com Oscar,
conversando sobre assuntos aleatórios até Alissia o chamar
para dormir. Fico admirando o céu de Miami, não sei a
diferença entre este e o de Asheville, mas me agrada muito
mais o que vejo agora.
Entro na casa escura e silenciosa, estou decidido a me
despedir amanhã e ir para um hotel ou ir pessoalmente à
minha casa para apressar a obra. Não posso ficar aqui e
correr o risco de me enfiar entre as pernas daquela garota.
Só de imaginar meus dedos tocando por cima do tecido fino
da calcinha, meu pau dói, muito mais do que a consciência
que estou tentando ter, já que não se trata de qualquer
garota.
— Eu já estava dormindo, Caio. — Ouço o cochicho
vindo da varanda que fica no andar de cima próximo ao
corredor. — Você deveria ter vindo, passou um mês dizendo
que sentia saudades, prometo que te trago um presente
melhor na próxima viagem, é que fiquei com pouco
dinheiro, não sabia que eu gastaria tanto lá.
Subo, aproximando-me sem fazer barulho, e tento
desviar os olhos da diaba mandada do inferno. Não tem
outra explicação para uma menina que sabe que tem visita
em casa sair do quarto vestindo isso, uma camisola
transparente revelando todas as curvas do seu corpo. Viro
as costas sabendo que dormir não será algo fácil, a não ser
que eu bata uma pensando nela.
— Está me espiando? — Ouço a voz irritada atrás de
mim e paraliso os meus passos.
— Eu? — indago voltando a me aproximar.
— Tem mais alguém aqui? — Ela olha para os lados
com deboche.
— Você tem razão, somos apenas nós dois, o que não
é nada seguro.
— Por quê? — Ela dá de ombros e eu sorrio, me
perguntando se ela está mesmo me fazendo essa pergunta.
— Vou para o quarto, tenha uma boa noite, Rebeka. —
Ando com pressa e ouço os seus passos me acompanhando.
— Vai me seguir? — indago parando no meio do corredor.
— O seu quarto é ao lado do meu — ela responde
como se fosse óbvio e eu sorrio me achando um idiota
correndo de uma moleca cheirando a leite.
— Você está certa. Pode passar. — Afasto-me dando
passagem, mesmo com os olhos fixos no nada, sinto meu
pau crescer quando o seu cheiro invade o ar. — Está
tentando me provocar? — indago quando ela para na minha
frente olhando para cima com olhos de diaba louca para ser
fodida.
— Eu consigo? — ela pergunta com uma voz
manhosa, fazendo meu pau ter espasmos.
— Eu poderia agora estar com a minha língua enfiada
na sua boceta molhada, sei que está doida para que eu
enterre o meu pau com força, mas… — Me calo. O “mas”
será esquecido se ela continuar assim, tão próxima.
— Eu sempre tive vontade de fazer uma coisa. — Ela
passa os braços em volta do meu pescoço ficando na ponta
dos pés e passando a língua pela minha boca que está seca.
— Já que não pode enfiar a língua na minha boceta, então
me beija.
07

Erik Delacroix

“Filha da puta” minha mente grita, mas eu não resisto


passando a minha língua na dela, com as minhas duas mãos
na sua bunda, eu a puxo, apertando firme enquanto esfrego
o meu pau nela. Beijo o seu rosto descendo pelo pescoço,
minhas mãos sobem traçando um caminho pela cintura até
alcançar os seus peitos.
— Ah! — ela geme e meu corpo gela, caindo em mim.
— Caralho! — sussurro me afastando.
— Me beija mais — ela implora me tocando.
Fujo, me trancando no quarto, o pau latejando,
melado de excitação.
— Puta que pariu, Erik — resmungo irritado comigo,
por estar traindo a confiança do meu amigo.
Vejo o sol nascer, sem pregar o olho durante toda a
noite. Se eu quiser ter paz, tenho que ir embora. Não sei se
na próxima vez vou conseguir virar as costas sem encher
aquela loira endiabrada de porra. Eu quero chupar aquela
boceta, me enfiar naquela bunda, mamar naqueles peitos
pequenos e naturalmente firmes.
As horas passam e eu preciso sair desse quarto, não
posso ficar trancado aqui o dia inteiro, tenho que dar um
jeito no meu pau que está duro, incapaz de baixar.
Levanto-me sem vontade e entro no chuveiro gelado,
tentando não imaginar aquela boceta rosada, depilada e
aberta para mim. Caralho! Já estou pensando de novo.
Fecho os cinco dedos em volta do meu pau, como um
adolescente na puberdade, se não for assim, eu não vou
conseguir sair desse quarto.
Quando enfim resolvo os meus problemas, coloco uma
roupa e desço, varrendo a sala em busca daquela diaba e
suspiro tranquilo quando não a vejo.
— Bom dia, você parece cansado, não dormiu? —
Oscar pergunta.
— Bebi até tarde, e depois fiquei sem sono. Talvez
seja a cama que eu estou estranhando, estou realmente
cogitando ir para um hotel
— Se isso vai te deixar mais confortável, não vejo por
que não ir — Alissia diz, e eu agradeço, quem sabe assim
Oscar aceite, e me deixe fazer o certo, pelo bem da nossa
amizade.
— Liguei para o chefe da empresa responsável pela
obra da sua casa, ele me garantiu que entregará tudo
pronto até amanhã. Aguente só mais uma noite, eu estou
gostando de ter um amigo para conversar.
— Oscar, a minha casa não fica tão longe, você e a
sua família serão sempre bem-vindos. Bom, só sentirei falta
da comida da Alissia, tenho que admitir que a sua esposa
cozinha melhor que muitos chefes com cinco estrelas —
comento com diversão, trazendo uma fatia de bolo à boca.
— Não seja exagerado — ela responde com um tom
gentil.
— Eu não posso demorar, tenho que ajustar as coisas
no tribunal, mas eu gostaria que fôssemos juntos, Oscar,
tenho uma proposta de negócio para fazer.
— Proposta? — indaga com as sobrancelhas juntas.
— Sim, você sabe que eu gosto de investir e às vezes
faço isso com empresas que necessitam de dinheiro para se
reerguer, quero lhe fazer uma proposta, vejo que a editora
tem potencial, será bom, os dois lados vão sair ganhando.
— Erik, está tudo bem na editora, não se preocupe. —
Vejo o desconforto no seu tom de voz, ele continua
orgulhoso e não que isso seja ruim, mas ele deveria pensar
no futuro da sua família.
— Tudo bem, mas de qualquer forma, quero que você
considere a minha proposta, que no final, será lucrativa
para mim também.

Rebeka Martinez

— Eu não acredito que você fez isso — July diz


incrédula, gargalhando em seguida.
— Pois é, criei coragem.
— Que inveja que eu sinto de você, juro, aquele
homem é um deus grego, eu já imagino o quanto ele mete
forte, até mais que o novo segurança que o meu pai
contratou.
— Você não tem jeito.
— E você é boba, eu entraria pelada no quarto. Queria
ver ele resistir.
— Eu não sei se tenho coragem. E ele não sabe que
sou virgem.
— E desde quando isso é um defeito, Beka? Ele vai
amar saber que será o primeiro, qual homem não gosta?
— O que você acha que eu devo fazer? — pergunto
ansiosa.
— Provocar ele, é claro. Pegue o número dele no
telefone do seu pai, vamos mandar alguns incentivos, será o
mesmo que jogar gasolina no fogo.
— E se ele contar para o meu pai?
— O que ele vai contar para o seu pai? Que se enfiou
no meio das suas pernas esfregando o pau dele ou que ele
quase mamou nos seus peitos?
— Do que vocês estão falando? — Caio se aproxima
sentando-se ao meu lado.
— Assunto de mulher, Caio — July responde torcendo
o nariz.
— Não fique ouvindo as bobagens dela, Beka.
— E que bobagens eu falo? Sai para lá, garoto.
Levanto achando graça a briga dos dois, eu sempre
quis ter um irmão.
— Bom, vou deixá-los, eu preciso passar na editora.
— Vai deixar outro manuscrito? — July pergunta.
— Sim, mas dessa vez é um que eu posso assinar o
meu nome.
Pego um táxi na frente da faculdade que não fica tão
longe da editora, quando chego ao local entro indo direto
para a sala do meu pai, mas ouço a voz de outra pessoa
com ele e fico na porta ouvindo.
— Já disse que não, Erik — ele diz irritado.
— Oscar, eu sei que você nunca foi meu amigo com
interesse no meu dinheiro, e estamos aqui falando de
negócios. Eu compro ações, invisto dinheiro e levantamos a
editora.
— Não vejo onde uma editora pode lhe trazer lucro.
— Um dólar, já é lucro, Oscar e a sua família depende
de você.
— Vou pensar no assunto.
— Pense, estou disposto a ajudar. Eu poderia até vir
um período e trabalhar com você, seria interessante
entender melhor sobre como tudo funciona.
— São livros e mais livros, escolha um, leia e me diga
o que acha.
— Escolher um?
— Todos esses aqui, são manuscritos, recebo muitos
por dia.
— Que tipo de livros vocês publicam?
— Com licença — peço, entrando na sala.
— O que veio fazer aqui? Precisa de alguma coisa? —
meu pai pergunta, olhando por cima dos óculos.
— Não, eu vim deixar algo que escrevi, mas parece
que o senhor não está com muito tempo para ler — digo,
vendo a montanha de manuscritos sobre a mesa.
Ele se inclina para a frente, os olhos brilhando de
curiosidade, parece emocionado.
— Algo que você escreveu? — ele pergunta, a voz
subindo um tom de entusiasmo. — Deixe-me ver isso!
Ele pega da minha mão com cuidado, como se fosse
um tesouro precioso, e começa a folheá-lo rapidamente.
— Espero que goste — digo, sorrindo timidamente.
— Isso é incrível! — ele exclama, sem levantar os
olhos do papel. — Mal comecei a ler e já estou
impressionado. Você realmente tem talento, minha filha!
— Jura, pai?
— Vamos fazer o seguinte — ele diz, levantando-se e
colocando o manuscrito em uma posição de destaque sobre
a mesa. — Vou ler isso com calma hoje à noite e, amanhã,
discutiremos cada detalhe. Estou muito orgulhoso de você,
Rebeka.
De repente ele para e me olha como se tivesse uma
grande ideia.
— Eu não tenho tempo para te passar como
funcionam as análises dos manuscritos, mas Beka pode
fazer isso.
— Não acho uma boa ideia — Erik recusa de imediato.
— Você disse que quer entender mais sobre como a
editora funciona. A Beka cresceu aqui dentro. Se, após
conhecer melhor o trabalho, você ainda estiver interessado,
podemos fechar o negócio — diz meu pai, animado.
08

Erik Delacroix

— Não acho que seja necessário, Oscar, eu confio no


seu trabalho, o que precisamos aqui é de dinheiro, para
levantar a empresa — retruco, a fim de tirar essa ideia da
cabeça dele.
— Filha, eu vou ler seu trabalho, mas agora pode nos
deixar a sós?
— Claro, com licença — ela diz se retirando da sala.
— Vamos deixar as coisas como estão, Erik, aceitar
dinheiro seu é o mesmo que admitir que sou um fracassado.
— Pare de ser cabeça-dura, todos precisam de um
investimento pelo menos uma vez na vida. Vou fazer
algumas pesquisas sobre o assunto. Embora eu não seja um
especialista em finanças, quero entender melhor a situação
da editora, revisar as informações financeiras e identificar
onde podemos melhorar. Me dê uma semana para me
familiarizar com os principais autores do nosso país. Voltarei
com uma proposta coerente para você. Agora preciso ir.
— Nos vemos em casa — ele responde encarando o
mar de manuscritos na sua frente.
— Nos vemos em breve, então.
Saio da sala tirando o celular do bolso e busco no
Google, profissionais que possam me ajudar a entender
melhor o funcionamento de uma editora. Quando chego ao
estacionamento, encontro Rebeka com os olhos fechados e
fones de ouvido com orelhas de gatinho, encostada no meu
carro.
— Esperando por mim? — indago colocando o celular
no bolso do terno e ela coloca os fones em volta do pescoço
me encarando de braços cruzados.
— Com quais intenções você quer ajudar o meu pai?
Pretende vender as suas ações para outras pessoas caso ele
aceite a sua proposta?
— Aonde quer chegar com essa pergunta?
— Podemos conversar em outro lugar? — pergunta
olhando para a entrada da editora.
Suspiro passando os dedos pelos cabelos.
— Entre. — Abro a porta traseira do carro. Ela se senta
e eu entro, acomodando-me ao lado dela.
— Então, o que tem para falar? — questiono assim
que meu motorista dá partida no carro.
— Aquela editora é a vida do meu pai, ele nunca
aceitará dividi-la com outra pessoa.
— Em breve ele não terá nem para ele — respondo
com frieza.
— O meu pai dirige aquele lugar de forma arcaica, as
pessoas mudaram os seus hábitos, hoje elas leem pelo
celular, precisamos de uma presença digital mais forte, de
um e-commerce que funcione, e de talentos atuais, que
escrevam livros mais comerciais, que sigam as tendências
de mercado… — Ela para, talvez imaginando que não estou
lhe dando atenção, e eu dirijo o meu olhar para ela, algo
que eu evito considerando a vontade que eu tenho de tomá-
la para mim. — Me prometa que tem boas intenções.
— Prometo que não vou vender as ações para
ninguém. Faça um relatório com todas as suas ideias e me
entregue.
— O meu pai não aceitará todas essas mudanças tão
facilmente, como eu disse, ele acredita que o tradicional é o
melhor caminho.
— Apenas escreva tudo que eu preciso saber, e deixe
o resto comigo. — Instintivamente olho para as suas pernas
descobertas. — Você não acha essa saia muito curta para
sair por aí? — meu tom é sarcástico e ela abaixa a barra,
como se fosse possível deixar isso mais composto. — Pare o
carro, a garota fica aqui.
— Mas você está indo para a minha casa — ela
protesta.
— Mas não vamos juntos. — Estou tentando ser leal
ao Oscar, mas não sou de ferro. — Desça — ordeno, abrindo
a carteira. — O dinheiro para o táxi.
— Vá se foder — diz irritada, jogando o dinheiro de
volta, batendo a porta com força em seguida.
— Foder essa sua boca suja, era tudo que eu queria,
pequena diaba — resmungo com pesar para mim. — Dirija
— ordeno ao motorista dando uma última olhada e vejo-a
dando o dedo quando me vê olhando para ela pelo
retrovisor.
Rebeka Martinez
— Idiota. — Mostro o dedo do meio para ele antes que
o carro desapareça na curva.
Ele está me dando nos nervos. Quem ele pensa que é
para me insultar dessa forma? Chamo um táxi e sigo para
casa, irritada. No caminho, tento me acalmar, mas a
irritação só aumenta. Ao chegar, vejo que o carro de Erik já
está estacionado na entrada. Saio do táxi e caminho
rapidamente para a porta da frente.
Entro em casa e noto que está silenciosa. Minha mãe
deve ter saído. Subo as escadas e ouço o som de água
corrente vindo do banheiro do quarto de hóspedes.
— Erik? — chamo, mas minha voz sai como um
sussurro.
A porta do banheiro se abre e ele surge, apenas com
uma toalha enrolada na cintura, a água escorrendo pelo
peito definido. Seu olhar desdenhoso encontra os meus e
sinto um arrepio percorrer minha espinha. Ele se aproxima,
a toalha pendendo perigosamente nos quadris.
— O que está fazendo aqui? — indaga com um tom
arrogante
— Eu... queria falar com você — respondo, tentando
manter a compostura. — Sobre o que fez no carro.
Ele dá um passo à frente, encurtando a distância
entre nós. Posso sentir o calor do seu corpo e o cheiro fresco
de sabonete. Minha respiração fica pesada e minha mente,
nublada.
— O carro é meu, levo comigo quem eu quero. É
apenas isso? — responde naturalmente sem me dar
importância.
— Você... — começo, mas minha voz falha. — Você
não tem o direito de me tratar assim.
Ele ergue uma sobrancelha, um sorriso lento se
formando em seus lábios.
— Ah, é? E como você quer que eu te trate, Rebeka?
Minha mão se move por conta própria, tocando o seu
peito, sentindo os músculos definidos sob meus dedos.
— Eu quero... — sussurro, mas minha voz se perde.
Ele se inclina, seus lábios a milímetros dos meus.
— Você quer o quê, Rebeka? — ele murmura, seu
hálito quente contra a minha boca.
Tomo coragem e me aproximo mais, roçando meus
lábios nos dele, apenas um toque leve. Suas mãos seguram
meus ombros, como se tentasse me manter à distância,
mas sua resistência é frágil.
— Rebeka, isso é errado — ele sussurra, fechando os
olhos como se estivesse lutando contra si mesmo.
— Então pare — desafio, pressionando meu corpo
contra o dele, sentindo a tensão em cada músculo do seu
corpo.
— Você não sabe o que está fazendo — ele murmura,
sua voz rouca, mas suas mãos não me afastam.
— Sei exatamente o que estou fazendo — respondo,
deslizando meus dedos para baixo, traçando o caminho da
toalha, mas ele a segura afastando a minha mão.
Ele solta um gemido baixo, enquanto aperta os olhos
fechados, como se tentar resistir fosse uma batalha perdida.
Tento novamente, mas ele se afasta ligeiramente,
respirando pesadamente.
— Você não faz ideia do quanto é perigoso o que está
fazendo, Rebeka. Eu sou um homem, um predador, eu não
sou como os moleques que você conhece. Não sou
sentimental, apenas fodo, e finjo que nada aconteceu no dia
seguinte.
— Então por que está recuando? — pergunto,
segurando seu rosto com minhas mãos, obrigando-o a me
olhar nos olhos. — Você me deseja tanto quanto eu desejo
você e no final queremos o mesmo, apenas sexo.
Com um suspiro pesado, ele se afasta.
— Está achando o jogo divertido? Sabe como ele
termina?
— Como?
— Com você chorando, implorando por mais, e com o
meu melhor amigo me odiando por foder a filha dele.
Depois disso, eu volto para a minha vida promíscua de
sempre, fodendo uma mulher diferente a cada noite. Como
pode ver, boceta por boceta, eu já tenho, o que eu não
posso é perder o único amigo que ainda me resta.
— Tudo bem — sussurro, virando-me para sair,
sentindo as lágrimas queimarem nos meus olhos. — Você
tem toda razão, o que você tem qualquer um pode me
oferecer, e com menos esforço do que estou fazendo agora.
Dou alguns passos, virando as costas e caminhando
para a saída.
Saio do quarto, fecho a porta atrás de mim e caminho
para o meu quarto, onde eu me enterro entre os
travesseiros, me sentido uma pirralha idiota.
09

Rebeka Martinez
Alguns dias depois…

Estou em meu quarto, me arrumando em frente ao


espelho para a minha festa de aniversário. Escolhi um
vestido vermelho provocante que realça minhas curvas, e a
maquiagem impecável destaca meus olhos. Eu quero estar
deslumbrante, quero que Erik veja que as recusas dele não
me afetam em nada.
Enquanto passo o batom, não posso deixar de pensar
nos últimos dias. Erik não é mais hóspede em nossa casa.
Ele está na casa dele agora, e a distância só faz aumentar o
desejo de tê-lo por perto e de provocá-lo.
— Ele parecia bem decidido quando me recusou —
murmuro para mim mesma, dando um último retoque no
cabelo. — Eu deveria resolver a minha vida também, mas é
difícil quando se quer muito uma coisa que não se pode ter.
— Está pronta, Beka? — minha mãe indaga parada na
porta.
— Sim, podemos ir — respondo indo até ela.
O meu pai nos espera no carro e vem na minha
direção quando me vê descer as poucas escadas que me
levam até o estacionamento no jardim.
— Você está linda, mas poderia ter escolhido algo
mais comportado — resmunga encarando o meu vestido.
— Ela está linda, Oscar, pare com os seus ciúmes
bobos — a minha mãe retruca com um sorriso abrindo a
porta do carro e entrando depois de mim.
— Está frio, você deveria usar um casaco — ele insiste
e eu dou um sorriso.
— Pai! — exclamo.
— Está bem, tenho que me conformar que a minha
menina está crescendo.
— Sim, ela já está enorme — minha mãe confirma
com um tom divertido.
Em poucos minutos chegamos ao clube que já está
animado, cheio de amigos e parentes. Quando entro, os
olhares se voltam na minha direção, e eu sorrio, satisfeita
com a atenção.
Vasculho os cantos à procura de Erik, e o encontro
encostado no bar, com um copo de uísque nas mãos. Ele é
amigo do meu pai, claro que não poderia recusar o convite.
Ele me nota e os seus olhos me seguem enquanto eu me
movo pelo espaço, cumprimentando os meus amigos. Um
arrepio toma conta do meu corpo diante da intensidade do
seu olhar.
Aproximo-me de um grupo de amigos, onde estão July
e Caio.
— Veja só quem não tira os olhos de você — diz July,
pegando uma taça com refrigerante da bandeja do garçom,
tira uma pequena garrafa da bolsa, despejando o líquido no
copo, e me entrega em seguida.
— O que você colocou aí dentro?
— Um pouco de álcool para dar coragem.
— Coragem para quê? Eu, hein! Cansei. E se o meu
pai me pega bebendo… Aliás, nem você deve beber — falo
tentando tirar a pequena garrafa da sua mão.
Antes que eu consiga, vejo uma mulher deslumbrante
se aproximando de Erik. Ela para ao lado dele, sorrindo, e
coloca a mão suavemente em seu braço.
Ele se inclina e a beija. Sinto um aperto no peito, me
encho de raiva. O sorriso desaparece do meu rosto
enquanto observo a cena, o encarando com os punhos
cerrados.
— Quem é ela? — indago para July.
— Alguém insignificante, a transa da noite, e que
definitivamente não vai estragar seu aniversário. Caio, Beka
quer dançar, coloque em prática a sua péssima
desenvoltura — fala me empurrando na direção dele que
me segura com os dois braços quando esbarro em seu
peito.
Caio me puxa para a pista de dança. E começamos a
dançar bem próximos, nossos corpos quase se tocando, e
eu posso sentir o calor de sua respiração em minha pele, é
até estranho estar tão próxima assim dele. Olho por cima do
ombro e vejo Erik, conversando com a tal mulher,
parecendo não me notar, o que me deixa irritada.
A música muda para algo mais lento, e Caio aproveita
a oportunidade para me puxar ainda mais perto. Deixo que
ele me segure, mas meus olhos continuam fixos em Erik.
Desgraçado de uma figa!
Erik Delacroix

— Perdeu alguma coisa naquela direção, Erik? —


Isabela, uma mulher que contrato quando me sinto
entediado, pergunta olhando na mesma direção que eu. —
Não me diga que está de olho na menina — ela zomba.
— Não se meta em assuntos que não são da sua
conta.
— Você é um juiz, é famoso, já imaginou o escândalo
caso se envolva com uma menina tão jovem?
— Vá embora, perdi totalmente a vontade de estar
com você — digo, tentando afastar a frustração da minha
voz.
— Só estou fazendo o que me contratou para fazer — ela
diz, sua voz suave e sedutora. — Quer que ela veja você
comigo? — indaga, entendendo o motivo do convite para
uma festa cheia de jovens iniciando a vida sexual ao invés
de tê-la ajoelhada chupando o meu pau.
Ela se inclina na minha direção e eu a contenho com
as mãos em seu ombro.
— Talvez eu tenha mudado de ideia — respondo
vendo Rebeka dando mole para aquele moleque magrelo.
— Vá embora — meu tom é rude dessa vez, e com um
sorriso debochado, ela faz o que ordeno.
Viro o copo de uísque vendo Rebeka com os braços
dados com o pirralho, ele sorri para ela de uma forma que
reconheço. O filho da puta está apaixonado.
Vejo Alissia se afastando de Oscar e me aproximo
dele.
— Está gostando da festa, Erik? — ele indaga
animado.
— Sim, o local foi uma ótima escolha.
— A Beka sempre quis conhecer um lugar assim, mas
deixei claro que apenas dessem bebidas alcoólicas com a
apresentação de identidade.
— Quem é o garoto? — pergunto a Oscar que olha na
mesma direção que eu.
— É o irmão da melhor amiga da Rebeka. São amigos
de infância.
— Deveria tomar cuidado, você é pai de menina,
esses moleques não têm responsabilidade.
— Rebeka é muito madura para a idade dela, confio
plenamente na minha filha e até ficaria tranquilo se ela
namorasse o Caio.
“Está louco, porra?” grito enfurecido na minha mente.
— Se você diz. — Dou de ombros, sentindo o
incômodo me sufocar.
Vejo Rebeka se afastar indo em direção à varanda e a
sigo. Ela não olha para trás mesmo ouvindo meus passos se
aproximando, como se previsse que sou eu.
— Você está se divertindo, Rebeka? — pergunto, com
um toque de ironia na voz.
— Muito, obrigada — ela responde, virando-se para
me encarar. — E você?
— Não tanto quanto gostaria — admito, com um
sorriso irônico.
Dou um passo para mais perto dela, que deixa de
respirar por alguns segundos.
— Você gosta de me provocar, não é? — murmuro,
minha voz baixa e rouca.
— Eu nem sabia que tinha esse poder — ela responde,
com um sorriso malicioso. É claro que ela sabe o quanto é
gostosa.
Seguro seu braço, meus dedos queimando sua pele
com meu toque. Ela não tira os olhos dos meus. A
proximidade entre nós fez o meu pau reagir, crescendo
embaixo da calça. Eu sei que estou à beira de perder o
controle que tanto me esforço para manter.
— Quem é o garoto com quem você estava dançando?
— sussurro em seu ouvido, com um tom desdenhoso.
— É o Caio. Por quê? — ela pergunta, inclinando-se
um pouco mais perto, seu hálito quente acariciando minha
pele.
— É para ele que você pretende se oferecer depois
que eu te recusei? — indago com um sorriso indiferente.
— Isso não é da sua conta. Pensei que você não se
importasse com essas coisas, Erik.
— Eu não me importo. — Dou de ombros. — Apenas
achei curioso você perder seu tempo com um moleque que
nem de longe pode satisfazer os seus desejos por mim.
— Talvez eu esteja apenas procurando alguém que me
queira. Você se diz melhor do que ele, mas é algo que não
faz diferença, eu não tenho como comparar — ela provoca,
me desafiando.
— Ele te quer? — retruco, sorrindo com cinismo. —
Não sabia que estava tão desesperada, apenas esperando
que alguém te queira.
— Por que está aqui? Isso nem te interessa — indaga
com um tom irritado.
— Talvez eu me interesse — respondo, encostando-me
no parapeito da varanda. — Acredito que você só esteja
tentando me provocar para ver até onde eu aguento.
— Não sabia que me recusar estava sendo difícil para
você.
— Você não sabe onde está se metendo, não deveria
me provocar — rujo, me contendo para não a arrastar
comigo e apagar todo esse fogo que ela tem.
— Eu deveria ter medo de você? — ela pergunta
desdenhosa.
“Não, Erik, não caia nas provocações dela” me afasto
passando as mãos pelo rosto. “Seja forte” grito na minha
mente, buscando o ar com dificuldade, sentindo o meu pau
latejar doido para me enterrar nessa boca afrontosa.
— Me espere no banheiro — sugiro, sentindo o
desespero de aliviar esse sofrimento que é desejar estar
dentro dela.
— Onde está a mulher que veio para a festa com
você?
— Eu a dispensei, por sua causa, mas não quero falar
sobre isso.
— Sou a segunda opção?
— Vai ficar fazendo perguntas? Te darei o que você
quer. Entre no banheiro, tire a calcinha e me espere com as
pernas bem abertas. — Minha boca saliva só de imaginar.
— No banheiro? Você está louco? — Ela sorri
balançando a cabeça negativamente.
— Sim, estou louco para me enfiar nessa boceta —
afirmo sentindo o meu pau doer de tanto tesão.
— Não foi assim que planejei perder a minha
virgindade.
“Virgindade?” a palavra ecoa na minha mente.
— Espera que eu acredite que você ainda é virgem? —
murmuro, rindo de nervoso. Considerei ceder a uma menina
que já tivesse sido tocada, mas daí tirar a virgindade dela,
não! Oscar nunca me perdoaria se descobrisse. — Caralho!
— exclamo me afastando.
— Beka, o que está fazendo aí? Vamos dançar mais. —
Ainda de costas, ouço o moleque chamando-a. Aperto a
borda do parapeito da varanda com raiva, querendo recuar
com a mesma intensidade com que me imagino fodendo a
sua boceta apertada.
10

Erik Delacroix
Acordo com a cabeça doendo, com ressaca. A luz do
sol entra pelas frestas da cortina, forçando-me a abrir os
olhos lentamente. O gosto amargo na boca e a lembrança
da noite anterior me atingem como um soco. Sento-me na
cama, esfregando as têmporas na tentativa de aliviar a dor
latejante.
Lentamente, as memórias da festa de aniversário de
Rebeka começam a voltar. A sensação de ciúme, a minha
vontade de tomá-la para mim. Respiro fundo, tentando
ordenar os pensamentos. Eu não posso cruzar a linha com
Rebeka.
Levanto-me com dificuldade e vou até o banheiro,
jogando água fria no rosto. Preciso clarear a mente e pensar
no que fazer a seguir. Não posso me deixar levar por
impulsos. Sou melhor que isso. Sou um juiz respeitado e não
devo me envolver em escândalos.
Tomo um banho rápido e me visto. A água quente
ajuda a aliviar a ressaca. Quando saio do banheiro, encontro
meu telefone vibrando na mesa de cabeceira. É uma ligação
de Oscar.
— Alô, Oscar? — atendo, tentando soar mais desperto
do que estou.
— Erik, bom dia. Analisei a sua proposta, você
aprendeu rápido sobre os negócios da editora, quem te
ajudou com isso?
— Que bom que gostou. Vai me deixar investir na
editora? — indago, torcendo para um sim, quero muito
ajudar esse cabeça-dura.
— Prefiro discutir pessoalmente. Quando puder,
vamos nos encontrar — ele responde, e eu sorrio com a
teimosia dele.
Olho para o relógio e vejo que já são 9h. Tenho tempo
antes de ir trabalhar.
— Posso ir aí, estou com um tempo livre agora pela
manhã.
— Perfeito, então espero por você — responde antes
de encerrar a ligação.
Visto-me rapidamente e saio, encontrando meu
motorista já à espera com o carro. Entro no banco de trás
informando a rota. Ajusto a gravata enquanto ele começa a
dirigir até a editora.
Chego lá em poucos minutos e vejo Oscar me
esperando na entrada, com uma expressão animada.
— Você chegou rápido — ele diz, conduzindo-me até
seu escritório.
— Estou com o tempo contado hoje à tarde, então vim
logo pela manhã.
Entramos na sala e ele fecha a porta, indicando uma
pilha de documentos sobre a mesa.
— Sobre o investimento? Alguma decisão? —
pergunto, focando no que é importante.
— Você quer mesmo isso? Posso te propor uma
sociedade, é o mais justo considerando o valor que
pretende investir — ele diz, observando minha reação
cuidadosamente.
— Se você se sente mais confortável dessa maneira.
— Dou de ombros.
— Eu sei que você não tem tempo para as coisas da
editora, então eu pedi que Rebeka começasse a trabalhar
aqui meio período, como estagiária. Ela vive me contando
tudo que você apresentou na proposta e acho que será
interessante que ela participe das mudanças.
— É uma boa ideia, ela é sua filha e herdará tudo isso
um dia.
— Sim, ela mencionou que estava interessada em
aprender mais sobre o mundo editorial. Achei que seria uma
boa oportunidade para ela — Oscar responde, com um leve
sorriso.
— Então, a partir de hoje seremos sócios — digo com
satisfação em poder ajudá-lo. — Bom, preciso ir agora,
tenho uma audiência em algumas horas.

Rebeka Martinez
É impossível se concentrar na aula de Teoria Literária
II, quem diabos quer saber sobre os simbolismos em "O
Grande Gatsby" quando a imagem soberba de Erik
zombando do fato de eu ser virgem fica retornando à minha
mente por mais que eu não queira pensar mais nele.
— Rebeka, você está bem? — July pergunta,
cutucando-me de leve.
— Sim, só estou... distraída — sussurro.
Olho para o relógio, contando os minutos até o final
da aula. Finalmente, o sinal toca e eu rapidamente guardo
meus materiais.
— Aonde vai com tanta pressa? — Ela para na minha
frente com os braços cruzados e um olhar curioso.
— Tenho um compromisso na editora do meu pai —
respondo, achando graça na curiosidade dela.
— Mas antes, você precisa me dizer o que rolou
naquela varanda. Eu não tirei os olhos de você a noite toda.
Bom, não a noite toda, tive algumas distrações — diz com
um sorriso malicioso.
— Ele cedeu, mas de uma forma rude, me mandando
ir para o banheiro. Quem ele pensa que é? — falo indignada.
— Ele deve achar que você não é mais virgem — ela
murmura acertando.
— Se ele não sabia desse detalhe, agora sabe.
— Ele deve ter recuado. — Ela acerta mais uma vez.
— Mas e você, perdeu o interesse?
— Quem dera, ao mesmo tempo que ele é um babaca,
eu me derreto quando ele cede roçando aquela boca divina
nos meus lábios. Eu devo estar louca.
— Ou apaixonada.
— Não fale bobagens. Vou ter que ir agora, é o meu
primeiro dia de estágio.
— Boa sorte! E tente se concentrar — July responde
com um sorriso debochado.
Saio da faculdade, vou direto para o ponto de táxi e
aceno para o primeiro disponível. Entro rapidamente e dou o
endereço da editora. O motorista, um senhor simpático,
começa a conversar.
Chegamos à editora e eu agradeço o motorista antes
de sair do táxi. Entro e vou até a sala do meu pai, que me
recebe com um sorriso, ele parece bem empolgado com
isso. Ele nunca me disse, para não me forçar a nada, mas
sei o quanto ele fica orgulhoso por eu escolher a literatura e
demonstrar tanto interesse pela editora. Confesso que ver o
olhar feliz dele foi a única coisa que me fez escolher esse
caminho, mas admito que escrever, se tornou a minha
paixão. Ele me guia até uma mesa repleta de papéis.
— Vamos começar com algo simples. Revise esses
manuscritos e veja se encontra algum erro ou sugestão para
melhorá-los — ele diz me dando instruções e voltando para
a mesa dele em seguida.
— Estou muito feliz em estar aqui, pai — digo
voltando a atenção aos manuscritos sobre a mesa.
— Eu aceitei a proposta do Erik, eu não deveria estar
conversando com você sobre isso, mas como você ouviu
tudo naquele dia, eu acho que você deve saber que as
coisas vão melhorar por aqui.
— Eu fico muito feliz, eu vou ajudar com o pouco que
eu sei.
— Obrigado, filha.
A tarde finalmente chega ao fim, sinto que consegui
dar conta do recado. Arrumo minhas coisas e me preparo
para sair. Meu telefone vibra com uma mensagem de July.
"Então, como foi o primeiro dia? Encontrou seu
príncipe encantado por aí?
July”
Dou uma risada e respondo rapidamente.
"Nada de príncipe encantado hoje. Mas
sobrevivi ao primeiro dia!"
Ouço passos no corredor da editora quase vazia. O
cheiro familiar invade a sala, e meu coração acelera.
Paraliso quando Erik entra, seus olhos encontrando os meus
instantaneamente.
11

Erik Delacroix

— Boa noite, seu pai ainda está aqui? — pergunto,


vendo-a paralisada próxima à mesa.
— Não, ele saiu há pouco tempo, tinha um jantar
marcado com a minha mãe. E eu fiquei, tem muitos
manuscritos para revisar, deveríamos parar de receber
assim sem um filtro.
— Tudo bem, obrigado — respondo virando as costas,
mas desisto no caminho e retorno fechando a porta atrás de
mim. — Você deveria ir para casa — digo me aproximando.
— E você? — pergunta, olhando diretamente em meus
olhos. — O que está fazendo aqui tão tarde?
— Eu pretendia chamar Oscar, para beber alguma
coisa — respondo, escaneando seu rosto, descendo
lentamente pelo seu corpo, apreciando cada detalhe.
— Que pena. Eu já estou de saída — responde se
afastando, com a respiração ofegante.
— Eu te dou uma carona — ofereço sabendo que não
é o mais seguro a fazer, mas ignorando todas as questões
que me impedem.
— Resolveu ser gentil? — seu tom é irônico, e eu
sorrio. Estou atraído por essa moleca.
— Aceita a gentileza?
— Talvez, se formos calados todo o caminho.
— Ok, faremos dessa forma. Precisamos conversar
sobre o que houve ontem, mas podemos falar isso fora do
carro se achar melhor.
— Resolveu bancar o engraçado também? — pergunta
caminhando na minha frente.
— E você resolveu bancar a mal-humorada? —
respondo com sarcasmo.
Ela me lança um olhar afiado por cima do ombro, que
a deixa mais linda quando fica irritada. Chegamos ao carro e
eu abro a porta do passageiro para ela, que entra sem dizer
mais nada. Dou a volta e entro no carro, sentando-me ao
lado dela.
— Para a casa do Oscar — aviso ao motorista.
Ele dá partida no carro e saímos do estacionamento
da editora.
— Rebeka... — começo, mas ela levanta a mão, me
interrompendo.
— Você disse que ficaríamos em silêncio — lembra-
me, olhando pela janela.
— Certo, onde gostaria de falar? — indago, a voz
baixa.
— Apenas pare em algum lugar.
— Pare o carro — ordeno ao motorista que encosta no
acostamento. — Eu dirijo daqui — informo saindo do carro e
parando um táxi que passa pelo local.
— Fiz algo errado, senhor? — ele pergunta
preocupado, durante anos ele trabalha para mim e isso
nunca aconteceu.
— Não, eu só quero dirigir hoje, esteja pronto para o
trabalho amanhã no horário de sempre. — Abro a porta
traseira do carro e passo a encarar Rebeka. — Passe para a
frente — falo um pouco impaciente, ela ainda não entendeu
o que eu quero.
— O que está fazendo? — ela pergunta curiosa, mas
fazendo o que eu peço.
— Vou te levar para comer, mas sem ninguém como
testemunha, se desejamos cometer um crime, a melhor
opção é não ter ninguém que possa servir de prova mais
tarde.
— Achei que os seus funcionários já tivessem visto
coisas terríveis suas.
— Sim, eles já viram muitas coisas, mas nenhuma
delas com a filha do meu melhor amigo. — Dou partida no
carro.
— Aonde vai me levar?
— A um lugar onde ninguém nos veja.
— Sente vergonha de mim?
— Eu só não quero ser fofoca amanhã nos sites por
estar saindo com uma menina usando sainha de prega igual
a uma estudante de colegial.
Estaciono o carro em uma praia distante. Ela desce
encostando na porta e faço o mesmo.
— A partir de hoje, o nosso jogo acaba, Rebeka.
— E foi para isso que me trouxe aqui? Que decepção,
não imaginei que o predador do qual todos falam, fosse um
covarde com medo de uma boceta mais nova. — Ela vem
em minha direção e não me movo. — Talvez esteja com
medo de provar e constatar que não sou eu quem vai
implorar por mais. — Gargalho alto, não existe a menor
chance disso acontecer.
— Não seja ingênua, garota, eu jamais vou ficar nas
mãos de uma mulher, muito menos na de uma moleca
como você.
— Então, por que não me dá o que eu quero? — Ela
segura em minha mão, a posiciona em seu peito e contenho
a vontade de apertá-lo.
— O que está fazendo, Rebeka? — Puxo minha mão
rápido, e ela se afasta com uma expressão provocante.
Ela entra no carro, sentando-se no banco do carona,
subindo a saia de forma que suas coxas fiquem expostas.
— Vamos, se não é capaz de me dar o que quero, é
melhor irmos embora.
Sento-me ao volante sentindo meu pau incomodar
duro dentro da calça e ela abre um pouco as pernas
deixando a calcinha vermelha rendada à mostra.
— Pare de me provocar, Rebeka.
— Quanto mais rápido você dirigir, mas depressa isso
acaba.
— Isso um dia terá fim?
— Se você não estivesse desejando isso, não teria me
trazido aqui, e não teria dispensado o motorista. É tão
nítido, só você que não vê.
Aproximei-me dela ficando a centímetros do seu rosto.
— Sexo casual é normal para os homens — falo
encarando as suas pernas, e ela não facilita, abrindo-as um
pouco mais.
— Talvez seja exatamente isso que eu quero.
Encosto os meus dedos em sua coxa, passando a mão
pelo meio das suas pernas, me aproximando da sua boceta
quente e úmida. Eu sempre soube que resistir a ela não
seria algo fácil, o meu pau está duro a ponto de pular para
fora da calça, apenas de olhar para a sua boceta coberta
pelo tecido fino. Respiro fundo, tentando manter o controle,
mas em segundos estou afastando a sua calcinha para o
lado, e passo o dedo em sua abertura, enfio um dos dedos
fazendo movimento de vai e vem e ela geme, melando o
meu dedo. Eu puxo os seus cabelos trazendo o seu rosto
para perto do meu, enfiando o dedo com mais força.
— Caralho! — gemo sentindo o meu pau doer. — Eu
não posso tirar a sua virgindade. — As palavras saem
sofridas, é quase impossível parar agora.
Ela passa a mão pelas minhas calças, e começa a
abrir o zíper. Inclino o banco do carro e fecho os olhos,
gemendo só de imaginar o que ele pretende com esse
movimento.
— Você quer mesmo fazer isso? — indago lhe dando a
opção de parar.
Ela não responde enfiando a mão na calça colocando
o meu pau para fora e eu abaixo um pouco a calça, sentido
que vou gozar só de imaginar essa boca me devorando.
— É a primeira vez que eu faço isso — ela diz abrindo
a boca e engolindo o meu cacete. Ela sobe, desce e para
sugando a cabeça lambuzada de tesão.
Seguro os seus cabelos me enfiando na sua boca
deliciosa.
— Então chupa, essa porra direito, minha diaba loira.
— Ela sobe lambendo toda extensão, e eu fodo com vontade
preenchendo a sua boca. — Caralho! Que gostoso! — Puxo
os seus cabelos trazendo a sua boca para a minha, e a
beijo. Coloco a sua mão sobre o meu pau e ela me masturba
gemendo na minha boca. — Rebeka, desce essa boca
gostosa, eu vou gozar na sua boquinha gulosa e você vai
engolir tudo. — Ela obedece descendo a boca e voltando a
chupar o meu pau. — Isso, assim, minha diaba. Chupa,
chupa gostoso. — Ela lambe com vontade e eu gemo louco,
incapaz de segurar por mais tempo. — Abre bem essa
boquinha, vou encher ela de porra. — Seguro os seus
cabelos fodendo a sua boca sentido o orgasmo vir. — Não
para. Isso! — grito sentindo o orgasmo me arrebatar, eu
cairia se não estivesse deitado. — Engole toda a porra —
meu tom sai como uma ordem e ela obedece chupando
gostoso e me deixando louco. Ela sobe limpando o canto da
boca, lambendo o dedo no processo.
— Foi bom? — ela pergunta esperando a minha
aprovação.
Eu tenho que foder com essa garota uma noite inteira,
estou disposto a sentá-la no meu pau e fazê-la cavalgar, me
enterrar nessa bunda empinada. Mas ela olha assustada o
telefone que toca no chão do carro.
— Que droga! Olha a hora, o meu pai está me ligando.
Ainda ofegante ligo o carro.
— Vou te deixar em casa. Ou o mais perto dela que eu
puder.
“Você é um filho da puta do caralho, Erik, mas
entendo que não é fácil resistir” digo para mim, observando
a expressão satisfeita no rosto dela, e olhe que só eu gozei
hoje.
12

Rebeka Martinez

Depois de me despedir de Erik rapidamente, entro no


táxi que ele chamou para mim. Eu não esperei que os meus
pais fossem voltar tão cedo.
— Cuide-se, Rebeka — ele diz, com um sorriso leve,
enquanto fecha a porta do táxi.
O motorista dá partida, e eu não posso deixar de me
lembrar da expressão de Erik quando o meu pai ligou. Eu
pude ver a culpa em seus olhos, mas torço para que ele não
se arrependa do que fizemos.
Quando chego perto de casa, noto o carro de Erik
parado ao longe, as luzes apagadas. Um sorriso se forma
em meus lábios ao perceber que ele está esperando para se
certificar de que eu chegue em casa em segurança. Desço
do táxi e caminho até o portão de casa. Quando estou
prestes a entrar, viro-me e vejo Erik ainda ali, observando-
me de longe. Aceno para ele, feliz pela sua preocupação. Ele
responde com um aceno e um sorriso que, mesmo à
distância, posso perceber.
Entro em casa e fecho a porta suavemente, tentando
não acordar ninguém. Encosto-me na porta por um
momento, o coração ainda batendo rápido. A lembrança de
Erik esperando por mim do lado de fora faz meu coração
derreter um pouco mais.
— Onde estava? — Sobressalto-me no lugar quando
meu pai acende as luzes. Ele parece irritado.
— Eu saí da editora e fui dar uma volta — respondo
naturalmente, tentando manter a calma.
— Dar uma volta? A essa hora? E com quem? — ele
insiste, franzindo a testa. — Sabe que fico preocupado?
— Deixe a menina descansar, querido — minha mãe
diz, colocando a mão no braço dele. — Ela está em casa
agora, e é isso que importa. Rebeka nunca foi uma
adolescente irresponsável, não entendo por que está agindo
assim.
— Prometo que da próxima vez avisarei — digo,
tentando acalmá-lo.
— Tudo bem. — Ele se aproxima me abraçando. — Vê-
la crescer me assusta. Até ontem você me pedia para te
levar para tomar um sorvete, e agora eu preciso ligar para
saber onde você está.
— Eu amo vocês! Boa noite, pai. Boa noite, mãe —
digo, subindo as escadas.
Entro no meu quarto me jogando na cama com um
suspiro. Encaro o teto vendo borboletas voando em cima de
mim. Pego o celular e mando uma mensagem rápida para
Erik:
"Obrigada por se preocupar. Boa noite, Erik."
Quase imediatamente, o celular vibra com a resposta
dele.
"Sempre. Boa noite, Rebeka."
Sorrio para a tela. Fecho os olhos, abraçando o
travesseiro. Sei que depois de hoje ele não vai mais fugir de
mim.

Erik Delacroix
Na manhã seguinte, acordo cedo, e a imagem daquela
diaba me chupando e gemendo não sai da minha cabeça.
Ela é jovem, cheia de energia, não pensa no amanhã. Eu
não posso ser irresponsável, não com ela, mas me pego me
lembrando do sorriso dela e a mensagem que trocamos me
fez sentir como um adolescente de novo. Tomo um banho
rápido e desço para comer alguma coisa antes de ir para o
tribunal. A campainha toca enquanto estou na cozinha e
Maria vai atender.
— Quem é a essa hora? — pergunto à funcionária
quando ela retorna.
— O senhor Oscar — ela responde e ele surge na
cozinha em seguida.
— Bom dia, Erik. Espero não estar incomodando tão
cedo — ele diz.
— De jeito nenhum. Venha, sente-se, estava
justamente preparando o café — respondo, sentindo o
coração acelerar lembrando-me do que eu e a filha dele
fizemos ontem.
Coloco a chaleira no fogão e pego duas xícaras
enquanto Maria tira alguns pães e croissants do forno.
— Os pães estão frescos. É bom ter você no café
comigo como nos velhos tempos — digo, acomodando-me
na mesa.
— Ótima ideia. Mas não faz tanto tempo desde a
última vez — ele fala, colocando o café nas xícaras. — Você
e seu café, deveria ensinar a forma que gosta.
— A forma que eu gosto é essa, comigo fazendo. —
Dou um sorriso — Mas por que veio tão cedo? Não estou
achando ruim, mas não é algo que você costuma fazer.
— Erik, recebi um convite interessante para a editora
participar de um evento em outra cidade neste fim de
semana — ele começa, parecendo pensativo.
— Amanhã? Que tipo de evento? — pergunto.
— Pois é, amanhã. É uma conferência importante
sobre literatura e novas tendências no mercado editorial.
Seria uma ótima oportunidade para nós — explica ele,
tomando um gole de café.
— Isso parece ótimo, Oscar. Você vai, então? —
indago, querendo saber aonde ele quer chegar, me olhando
como se tivesse com algum problema.
— Bem, aí está o problema. É o meu aniversário de
casamento neste fim de semana, e já tenho planos com
minha esposa. Eu estava pensando se você poderia
acompanhar Rebeka no evento — ele sugere.
Oscar olha para mim com expectativa, e sinto meu
coração acelerar. Engasgo, tendo uma crise de tosse,
tentando processar o pedido.
— Passar o fim de semana com Rebeka em outra
cidade... — começo, ainda tentando recuperar o fôlego. —
Não sei como está o meu fim de semana.
— Este evento é uma oportunidade incrível para a
editora, e Rebeka poderia aprender muito. Além disso, eu
prefiro que ela não vá sozinha. Sei que você não entende
nada de editora, mas sua presença vai me deixar mais
tranquilo agora que somos sócios — ele insiste.
Respiro fundo, lutando com a culpa que sinto por estar
me envolvendo com a filha dele sem que ele saiba, e
certamente ele não me pediria algo assim se suspeitasse de
alguma coisa. A confiança dele em mim me deixa ainda
mais fodido.
— Oscar, eu não sei... — começo a dizer, ainda
hesitante. — Tem certeza de que não pode mudar seus
planos?
Oscar balança a cabeça negativamente.
— Não posso. Já prometi à minha esposa que levaria
ela nesse hotel no nosso aniversário de casamento, fiz a
reserva há três meses. E, sinceramente, Erik, não confio em
mais ninguém para acompanhar Rebeka — ele diz, com um
tom sincero que só aumenta minha culpa.
— Está bem, Oscar, vou acompanhar Rebeka no
evento — murmuro, ainda pensando em alguma forma de
me livrar disso.
— Eu sabia que podia contar com você — ele diz
visivelmente satisfeito.
Conversamos mais sobre os detalhes do evento, ele
fala sem parar das ideias e sugestões sobre como
aproveitar ao máximo a conferência. E olhando o relógio,
ele se levanta apressado como se estivesse atrasado.
— Obrigado pelo café, Erik. Agradeço também por
aceitar acompanhar a minha filha, fico mais tranquilo que
Rebeka vá com você, do que com qualquer outro
funcionário da editora — ele diz, dando-me um tapinha no
ombro.
“Outro funcionário?” Eu nem teria hesitado em aceitar
a proposta se ele tivesse me falado que essa seria a
segunda opção.
— Não se preocupe, Oscar, eu vou cuidar de tudo para
você — respondo, acompanhando-o até a porta.
Ele se despede e entra no carro, acenando uma última
vez antes de partir. Fecho a porta e solto um suspiro, não
sei o que vai acontecer nessa viagem, eu só espero que ele
se lembre depois que foi ele quem insistiu para que eu fosse
junto.
13

Rebeka Martinez

Na manhã seguinte…
— O que meu pai diria se soubesse que tenho
interesse no Erik? — pergunto a July, que está penteando
meus cabelos em frente ao espelho do meu quarto.
July solta uma risadinha, balançando a cabeça.
— Uma coisa é certa, ele não teria sugerido que Erik
te acompanhasse ao evento.
— Não estou falando só nisso, estou me referindo a
ele um dia considerar tê-lo como genro — insisto, meu
coração acelerando só de pensar.
July para de pentear meu cabelo por um momento e
me olha pelo espelho, levantando uma sobrancelha.
— Pare de sonhar, não foi você quem me disse que
ele falou que era sexo casual?
Reviro os olhos, sentindo minhas bochechas corarem.
— Sempre começa com o casual, depois pode ficar
sério — respondo, tentando parecer mais confiante do que
realmente estou.
July ri, voltando a pentear meu cabelo.
— Ah, Rebeka, você é uma romântica incorrigível.
Mas, falando sério, Erik é um juiz renomado e amigo do seu
pai. Isso pode complicar as coisas. Vocês têm uma diferença
enorme na idade.
Suspiro, olhando para meu reflexo no espelho.
— Eu sei, mas não consigo evitar. Quando estou perto
dele, tudo parece diferente, mais... intenso. É muito melhor
que nos meus contos, melhor do que imaginei.
July faz uma pausa e coloca as mãos nos meus
ombros, me encarando com um olhar sério.
— Então talvez você devesse arriscar. Quem sabe?
Aliás, você já está fazendo isso, só tome cuidado para não
se machucar e nem complicar a amizade dele com o seu
pai. Se fosse casual, isso passaria e tudo seria esquecido,
mas com você querendo algo a mais... — Ela suspira,
fazendo uma pausa. — Tenho medo de que você se magoe.
— Eu vou aceitar as coisas da forma que elas
acontecerem, mas eu ainda posso tentar que seja do jeito
que imagino.
— Beka, Erik já chegou! — minha mãe diz batendo na
porta.
— Já vou descer. — Levanto apressada pegando a
pequena bolsa que está sobre a cama. — Estou bonita? —
pergunto a July, ajustando o vestido em frente ao espelho.
— Isso você já é, e ele já notou. — Ela sorria com
malícia.
Eu sei que é uma viagem de negócios, mas eu estou
animada em ter um final de semana inteiro com ele.
Erik Delacroix
A manhã está clara e ensolarada quando estaciono o
carro em frente à casa de Oscar. Respiro fundo, enquanto
espero Rebeka descer. Vai ser uma merda ficar com Rebeka
assim, tão perto.
Olho para o relógio, impaciente, não para ir logo, mas
para que isso acabe, depressa. Levanto os olhos e vejo
Rebeka descendo as escadas. Ela está sexy, como sempre,
usando um vestido leve que marca delicadamente o seu
corpo esculpido para a minha perdição.
Culpa e desejo, travam a minha garganta. Não deveria
estar tão atraído pela filha do meu melhor amigo, mas é
impossível evitar. Rebeka me encara com um sorriso tímido
e um olhar provocante, enquanto se aproxima de mim e ela
sabe exatamente o que fazer para mexer com a minha
mente.
— Então, vamos! — diz parando na minha frente.
— O carro já está pronto, eu estava esperando por
você.
— Beka, foca em aprender, e fazer muitos networks —
Oscar diz para a menina, que confirma rapidamente com a
cabeça.
— Boa comemoração ao casal — digo seguindo
Rebeka em direção à saída.
Abro a porta do passageiro para ela. Rebeka entra no
carro, e por um momento, nossos olhares se encontram. Eu
consigo ler a mente dela, os planos de me tirar do sério, ou
é a minha intuição falando o óbvio. Fecho a porta e vou para
o lado do motorista, tentando afastar os pensamentos
impróprios.
Começamos a viagem em silêncio, o motor do carro e
o som da estrada sendo os únicos ruídos enquanto Rebeka
está com os olhos fechados e o fone de gatinho, o som é tão
alto que posso ouvir a música romântica vindo do objeto.
Tento focar na direção, mas é difícil me concentrar com a
presença de Rebeka ao meu lado. O perfume dela preenche
o carro, me distraindo.
— Estou animada para conhecer Napa Valley — ela diz
finalmente, baixando os fones e quebrando o silêncio.
— É um lugar maravilhoso. Tenho certeza de que vai
adorar — respondo, tentando parecer casual.
— Acha que teremos tempo de conhecer os vinhedos?
— ela pergunta virando o corpo em minha direção.
— Gosta de vinhedos? — pergunto desviando os olhos
da estrada por alguns segundos para encará-la.
— Acho interessante, foge do cenário de praia o
tempo todo.
— Quando chegarmos lá, checamos a programação do
evento e encaixamos uma visita a um.
Ela sorri e então volta a fechar os olhos colocando os
fones no ouvido.
À medida que nos aproximamos de Napa Valley, a
paisagem muda para vinhedos verdejantes e colinas
onduladas.
— Estamos perto — comunico.
Finalmente, chegamos ao hotel. O edifício é aceitável,
com uma fachada rústica e varandas cobertas de flores, o
que faz Rebeka olhar encantada. Estaciono o carro e a ajudo
a pegar as malas.
— Boa tarde. Bem-vindos ao nosso hotel. Em que
posso ajudá-los? — a recepcionista pergunta quando nos
aproximamos, e é nessa hora que sinto falta do meu
assistente, odeio burocracias.
— Boa tarde. Temos uma reserva em nome de Oscar
Martinez — respondo.
O recepcionista digita rapidamente no computador e
então levanta o olhar, sorrindo.
— Sim, aqui está. Um quarto com duas camas de
solteiro para o senhor e sua filha.
Rebeka sufoca uma risada ao meu lado e eu olho
irritado para a moça que não entende a minha mudança de
humor.
— Deve haver um engano. Poderia verificar
novamente? Não somos pai e filha — digo, tentando manter
a calma, mas sentindo minha irritação aumentar.
A recepcionista franze a testa e verifica novamente no
sistema.
— Lamento, senhor, mas parece que foi feita uma
reserva única. E, infelizmente, estamos completamente
lotados devido ao evento.
Suspiro, sentindo a irritação crescer ainda mais.
— Não há absolutamente nenhum outro quarto
disponível? — pergunto, já sabendo a resposta.
— Infelizmente, não, senhor, o organizador do evento
que fez as reservas. Porém, as duas camas de solteiro estão
muito confortáveis — ela diz, tentando ser prestativa.
Rebeka toca meu braço levemente, sem conseguir
conter o sorriso.
— Está tudo bem, Erik. Podemos nos virar com o que
temos — ela diz, com um sorriso malicioso.
Essa moleca está amando a situação.
— Tudo bem. Me entregue a chave — digo, pegando o
cartão do quarto com a recepcionista.
Subimos para o quarto em silêncio. Quando abrimos a
porta, encaro as duas camas de solteiro próximas uma da
outra. Olho para Rebeka, que se diverte, eu também estaria
me divertindo se não fossem as circunstâncias.
— Veja pelo lado bom, pelo menos temos uma bela
vista das vinhas — ela diz, abrindo as cortinas e mostrando
a vista deslumbrante.
Dou um leve sorriso, é impossível resistir ao seu jeito
de menina, mas logo volto para a minha expressão séria.
Que caralho de situação.
— Sim, claro. Vamos desfazer as malas e depois
verificar a programação do evento — respondo, tentando
mudar de assunto.
Ela começa a desfazer suas malas. Tento me
concentrar nisso, mas é difícil não notar cada movimento
dela. Rebeka percebe meu olhar e me encara, com um
brilho travesso nos olhos.
— Acho que vou tomar um banho, você não quer
tomar também? — ela pergunta, maliciosa, enquanto coloca
suas coisas no banheiro.
— Tome o seu banho, eu vou depois de você —
retruco, irritado com a porra do meu pau que me trai,
crescendo dentro da calça.
— Claro, claro — ela responde, baixando a alça do
vestido pelo ombro. — Mas poderíamos tomar juntos
também.
— Vamos focar no evento, ok? — digo, mais para mim
do que para ela.
Ela apenas sorri e dá de ombros, ao passo que eu
mordo o lábio, imaginando o corpo dela sendo tocado pela
água ao invés de mim, explorando-o enquanto a jogo contra
a parede fodendo nessa boceta deliciosamente apertada e
louca para ser fodida por mim. Eu só espero que ela não
pergunte mais nada, não sei até quando vou dizer não.
14

Erik Delacroix

Recebo uma ligação e atendo no corredor enquanto


Rebeka se troca. Descemos juntos e encontramos o local do
evento, uma grande sala de conferências no térreo do hotel.
Rebeka se mistura à multidão, mas logo retorna com os
nossos crachás na mão.
— Parece que teremos uma programação cheia —
Rebeka comenta, examinando o folheto do evento.
— Arrumaremos um tempo para você conhecer a
região — respondo checando os e-mails na minha caixa de
entrada.
O evento começa com uma recepção de boas-vindas,
e as pessoas conversam sobre diversos assuntos.
— Vou pegar suco de uva. Você quer? — ela pergunta.
— Vou me juntar a você daqui a pouco. Preciso
resolver uma coisa antes — respondo, observando-a se
afastar em direção à mesa repleta de lanches.
Afasto-me para a varanda, e começo a responder os
e-mails. Após alguns minutos, termino e vou ao encontro de
Rebeka. Quando chego ao salão principal, vejo-a
conversando com um homem mais jovem, quase da idade
dela. Eles parecem estar se divertindo, e eu fico observando
de longe. Ele está claramente interessado em Rebeka, que
distribui sorrisos.
Tento não me importar pegando uma taça de vinho da
bandeja do garçom que passa por mim.
— Deixe-a, Erik, é o mais certo, eles são jovens, livres
— repito essas palavras tentando acreditar nelas. — Não, eu
não quero deixar — murmuro largando a taça vazia e indo
até eles.
Rebeka olha para mim com um sorriso quando me vê
se aproximando.
— Este é Thomas. Ele é filho do dono de uma das
editoras que está participando do evento — diz Rebeka,
apresentando-nos.
O moleque estende a mão para mim, com um sorriso
amigável.
— Prazer em conhecê-lo, senhor...?
— Delacroix. Erik Delacroix — respondo, apertando a
mão dele com um pouco mais de força do que o necessário.
— Você é o pai dela? — ele pergunta, sem malícia,
mas o comentário atinge meu ego. Sinto minha mandíbula
se apertar.
— Não, não sou o pai dela. Sou apenas um amigo da
família.
— Erik está aqui para me acompanhar no evento, já
que meu pai não pôde vir — ela explica, lançando-me um
olhar travesso.
— Então, Rebeka, você gostaria de dar uma volta pela
vinícola depois das palestras? — ele pergunta tocando no
braço dela, que fica com as bochechas vermelhas.
— Nós já temos alguns compromissos após as
palestras, mas obrigado pelo convite, Thomas — respondo
rápido, antes que Rebeka possa abrir a boca.
— Então, tudo bem, eu já estou te seguindo no
Instagram, falo com você — ele diz se afastando.
Rebeka se vira para mim, com um olhar divertido.
— Está tudo bem, Erik? Você parecia um pouco...
tenso — ela provoca.
— Apenas cuidando de você, Rebeka. Você parecia
que ia aceitar o convite de um desconhecido. Não tem
juízo?
Ela ri suavemente, balançando a cabeça apoiando os
braços sobre o meu.
— Eu sou sua, é você quem não quer.
— Você sabe que isso não é verdade — murmuro em
seu ouvido, inalando o cheiro doce que vem dela.
— Quero que me mostre hoje, quando estivermos a
sós — ela sussurra, mordendo o lábio e fico tenso sentindo
meu pau reagir quando me recordo dessa boquinha me
devorando.

Rebeka Martinez
Fico no evento enquanto Erik sobe para o quarto, ele
parece cansado e impaciente e eu estou amando tudo isso.
— Você escreve? — Ouço a voz de Thomas atrás de
mim e me viro rapidamente.
— Sim, eu escrevo, e você? — indago mostrando um
sorriso simpático.
— Não, eu só leio. O que você escreve? Romances
fofos? — Ele sorri, como se estivesse falando o óbvio.
— Escrevo sobre o que eu quero, não só romances.
— Onde está o amigo da sua família? — ele pergunta
olhando ao redor.
— Ele subiu.
— Que bom, quem sabe agora você aceita o meu
convite para dar uma volta.
— Aonde você quer ir?
— Você conhece a cidade? Eu poderia te levar a
alguns lugares.
— Podemos ver isso amanhã, hoje eu só quero subir,
tomar um banho e cair na cama.
— Está me dando a sua palavra?
— Estou apenas cogitando a ideia. Nos falamos
amanhã, Thomas — digo me despedindo.
Subo as escadas retornando para o quarto. Esperei o
dia todo para poder voltar, embora eu esteja amando o
evento, eu quero ficar a sós com Erik.
— O que eu perdi? — Erik pergunta quando me vê
entrar.
— Não se preocupe, não perdeu muita coisa.
O meu telefone vibra uma notificação no meu
Instagram.
— Nossa, que lugar lindo — falo mostrando a
paisagem para Erik, que levanta os olhos para ver o que
tem na tela.
— Não é longe daqui, você quer ir?
— Não sei, o Thomas me marcou na imagem.
— Está fazendo planos com ele? — sua voz soa
irritada.
— Ele parece ser alguém do bem.
— Já condenei muitos com essa mesma cara de gente
do bem, que mataram e estupraram.
— Você está falando igual ao meu pai. — Sorrio
jogando o telefone na cama.
Sinto a sua aproximação por trás de mim e viro dando
de cara com o seu rosto que fica próximo do meu.
— Você está pedindo para ser castigada, Rebeka —
afirma com um sorriso malicioso, e o meio das minhas
pernas vibra de tesão.
— O que eu fiz para merecer isso? — indago com a
voz manhosa.
Seus olhos se fixam nos meus, e ele puxa os meus
cabelos com uma das mãos, levando a minha cabeça para
trás. Sinto a sua língua traçar um caminho pelo meu
pescoço, enquanto a sua outra mão sobe pela minha cintura
parando no meu peito. Sem pressa, ele abaixa a alça do
meu vestido e os meus peitos saltam para fora. Ele desce os
beijos envolvendo os meus mamilos com a sua boca
chupando e lambendo de um jeito que me faz gemer de tão
excitada. Ele para, sem aviso, me deixando de olhos
fechados e as pernas cruzadas, sentindo a minha entrada
latejar.
— Por que parou? — pergunto com a voz falhando.
— Estou cansado, vou tomar um banho e dormir.
— Você está de brincadeira? — questiono indignada, e
ele não responde, me mostrando um sorriso cínico. — Você
acha que pode fazer isso comigo?
— Rebeka, você quer que eu continue? — a pergunta
dele sai com um tom sombrio. — Se você disser que sim, eu
vou te foder, porque eu não faço amor, eu fodo e fodo forte.
15

Erik Delacroix
— Que porra você quer de mim, Rebeka? — indago
vendo o seu corpo moldado pelo vestido curto.
— Você sabe o que eu quero — responde com um tom
afrontoso jogando os cabelos apenas para um dos lados,
deixando a sua nuca nua, me matando de desejo de chupá-
la e deixar a minha marca nela.
— Quer que eu te foda, é isso que você quer? Quer
que eu te coma minha diaba safada. — Aproximo-me
novamente puxando os seus cabelos trazendo o seu rosto
para perto do meu, minha respiração ofegante e meu pau
quase salta da minha cueca. — Você está me deixando
louco, caralho!
Encarei os seus peitos e não resisti, beijando-os,
voltando a chupá-los até os deixar brilhando com a minha
saliva.
— Vou te foder com tanta força que você certamente
vai se lembrar do meu pau entrando e saindo de você por
vários dias.
— Jura? — ela indaga com um tom safado, mordendo
os lábios, lambendo-os em seguida.
— Você vai se arrepender de ter me provocado dessa
maneira. Tira a roupa — ordeno, me sentando na cadeira
próxima à janela do quarto.
Ela sorri como se não estivesse disposta a obedecer e
eu me levanto caminhando lentamente até ela.
— O que foi? Se arrependeu? — indago puxando a sua
cintura, explorando a sua boca com loucura, e desejo
contido.
Ela desce as alças do vestido que se arrasta pelas
suas curvas, revelando o seu corpo maravilhoso. Afasto as
suas pernas e deslizo a minha mão para a sua boceta
quente e encharcada pronta para receber o meu pau que
pulsa de desejo por ela.
— Ah… — ela geme baixo, rebolando na minha mão
que estimula seu clitóris inchado.
— Isso, minha diaba loira, rebola, quero sentir essa
boceta gostosa.
Abaixo a calça de moletom colocando para fora meu
pau duro e enorme melado de excitação e passo a esfregá-
lo na sua boceta, gemendo como louco.
— Você gosta disso? Gosta de sentir o meu cacete
invadindo a sua boceta? — Puxo os seus cabelos para trás,
chupando os seus peitos um por um. — Deliciosa! Você
gosta quando eu te chamo de puta? Não é assim que eu te
chamo nos seus contos?
— Não para! — sua voz soa rouca de prazer.
— Eu vou tirar a sua virgindade e depois vou te comer
de quatro, e você só vai gozar quando eu disser que pode.
Entendeu? — digo interrompendo os movimentos jogando-a
de frente sobre a cama em que mal cabemos nós dois.
Deixo a sua bunda empinada, e eu passo meu pau na sua
bunda, deliciosa.
Ela desliza o corpo como se fosse sentar, louca para
ser fodida.
— Eu não mandei você se mover. Quer que eu te
foda? Quer que o meu pau entre em você sem dó?
— Sim, eu quero — responde com a voz rouca de
tesão.
— Essa boceta é só minha — sussurro, virando-a de
frente e entrando lentamente, sentindo o seu corpo
estremecer. Contenho meus movimentos, sendo mais
cuidadoso, sem pressa dessa vez, as suas paredes se
encolhem apertando o meu pau. — Caralho! — gemo antes
dela soltar um gemido ainda mais alto. Entro mais um
pouco, empurrando o comprimento pela sua entrada,
quando forço um pouco mais e uma lágrima escorre pelos
seus olhos. Paro sentindo que estou prestes a romper a sua
virgindade e beijo seu rosto onde a lágrima escorreu. —
Quer que eu pare?
— Não — diz com a voz urgente, mostrando o quanto
está decidida a ser minha
— Você vai acabar comigo — admito consciente que
não tem mais volta.
Eu a beijo enquanto entro com mais força, e quando
estou totalmente dentro dela aumento a velocidade. Logo a
expressão de dor se torna de prazer e ela puxa os meus
cabelos, à proporção que entro com tudo.
Ela arqueia as costas, eu saio e entro com mais força,
enlouquecido com essa boceta apertada, molhada e
lambuzando o meu pau.
— Ah! — ela grita
— Goza, minha diaba, lambuza o meu pau.
Ela rebola no meu pau e eu sei que vamos gozar
juntos, meus joelhos tremem enquanto ela desliza o copo
rebolando à medida que eu entro e saio dela com força.
— Vou gozar! — anuncio, puxando-a pela cintura,
entrando com tudo sentindo as pernas dela tremerem.
Explodo enchendo a boceta dela com minha porra. Meu
coração está acelerado, eu estou sem ar encarando o rosto
satisfeito dela, conforme ela alisa meu peito, como se
pedisse por mais.

Rebeka Martinez

Acordo com a luz suave da manhã se infiltrando pelas


cortinas, aquecendo o quarto. Sinto o corpo de Erik ao meu
lado, e a memória da noite anterior me faz sorrir. Nós
juntamos as camas de solteiro, e agora estou aconchegada
contra ele, seu braço me envolvendo de forma protetora.
Abro os olhos devagar e vejo Erik ainda dormindo. Seu
rosto relaxado parece mais jovem e despreocupado.
Aproveito o momento para observar os detalhes: a linha de
seu maxilar, a suavidade de seus lábios, a leveza de sua
respiração.
Com cuidado, deslizo para fora da cama, tentando não
o acordar. Envolvo-me no lençol e me dirijo ao banheiro
para lavar o rosto e arrumar um pouco o cabelo. Ao voltar,
vejo que ele está acordado, me observando com um olhar
curioso.
— Bom dia — digo, sorrindo de forma descontraída.
— Bom dia — responde ele, ainda com aquele olhar
curioso. — Dormiu bem?
— Como uma pedra — respondo, puxando a cadeira e
sentando-me ao lado da cama. — E você?
— Também — ele diz, mas há algo em seu tom que
me faz rir.
— O que foi? — pergunto, levantando uma
sobrancelha.
— Nada, é só que... Você está estranhamente
tranquila — responde ele, com um sorriso irônico.
Dou de ombros, ainda sorrindo.
— Esperava que eu ficasse como? Desesperada por
um anel de compromisso? — brinco, piscando para ele.
Ele ri, balançando a cabeça.
— Não, nada disso. Só pensei que poderia ser...
diferente.
— Bem, desculpe desapontar suas expectativas,
senhor Delacroix — digo, imitando um tom formal e rindo
em seguida. — Você precisa se esforçar bastante se quiser
me ver implorando por mais.
— Você não cansa? — Ele sorri, relaxando sobre a
cama.
— Eu não. Por quê? Você cansa rápido? — Sorrio, com
malícia.
— Se eu me canso rápido? — Ele gargalha. — Que tal
eu te mostrar isso no banheiro?
16

Erik Delacroix
A tarde está perfeita para uma visita à vinícola, com o
sol brilhando e uma brisa suave que traz o aroma das uvas
maduras. Rebeka e eu caminhamos lado a lado, enquanto
seguimos o guia turístico pelas colinas. Ela parece
encantada, mais do que imaginei que ficaria, gosto dessa
sensação de mostrar algo novo para ela, como se lhe
proporcionar coisas novas me tornasse uma memória boa.
— Isso é incrível, não é? — Rebeka comenta, olhando
ao redor com os olhos brilhando de entusiasmo.
— Sim, é uma vista magnífica — respondo, mais
interessado em admirar as suas curvas e os seus peitos
apontados no vestido de tecido fino. É impossível não me
deixar levar pela beleza e sensualidade dela.
— E aqui temos as barricas onde o vinho envelhece —
diz o guia, apontando para uma fileira de barris de carvalho.
— Você é igual a esses vinhos — ela provoca, seu
hálito quente causando um arrepio na minha espinha.
Sorrio, lendo a mente dela.
— Por que você acha isso? — pergunto, olhando
diretamente nos olhos dela, que lambe os lábios de forma
sugestiva.
— Quanto mais velho, mais gostoso fica. — Ela sorri,
mordendo os lábios e eu gargalho.
Rebeka não perde a oportunidade de se aproximar
ainda mais, deslizando a mão pelo meu braço enquanto
examinamos as videiras que ficam mais adiante.
— Gostaria de provar alguns dos nossos vinhos? —
pergunta o guia, nos levando a uma mesa de degustação ao
ar livre, com vista para as colinas onduladas.
— Claro, seria ótimo — Rebeka responde,
entusiasmada.
— Você não pode beber — afirmo acabando com o seu
entusiasmo.
— Mas podemos brindar — rebate me afrontando.
Sentamo-nos à mesa e o guia nos serve várias taças
de vinho. Rebeka pega uma e, com um olhar provocante, a
levanta em um brinde.
— Agora que chegamos ao fim da visita, vou seguir
com o outro grupo, vocês podem circular pelo vinhedo,
fiquem à vontade — diz o guia se afastando e levando o
grupo de visitantes para o lado oposto ao que estamos.
Olho para Rebeka que parece está maquinando algo
ilícito na sua cabeça.
— Eu sempre quis visitar um lugar assim. É tão...
sexy, você não acha? — diz levantando-se com uma das
garrafas de vinho nas mãos, indo em direção às adegas que
ficam mais afastadas e eu a sigo.
— Aonde está indo? — questiono me aproximando
ainda mais, entrando pela adega.
Ela se abaixa, arrastando a sua calcinha pelas pernas
enquanto caminha e me olha por cima dos ombros girando-
a em seu dedo.
— Que porra está fazendo, Rebeka? — Minha voz sai
irritada, mas rouca de tesão.
— Me fode, aqui e agora — me desafia se escondendo
entre os barris de vinho.
—Você enlouqueceu? — questiono procurando por ela.
— Você não vem? — Pauso os passos ouvindo a sua
voz mais no fundo e sigo na direção de onde veio.
E a visão que tenho é a do próprio inferno. Um anjo
caído usado para me fazer perder o controle. Ela está
sentada em um barril e abre as pernas lentamente
colocando-as sobre os outros dois. Os seus olhos queimam
de luxúria. Um gemido ansioso escapa dos meus lábios
entreabertos.
— Foi esse o vinho que você degustou com vontade?
— pergunta, jogando o líquido sobre a sua boceta. — Vem
tomar — diz jogando a cabeça para trás.
Sem pensar em mais nada, me aproximo com pressa,
abaixando-me entre as suas pernas, deslizando beijos pelo
caminho. Passo a massagear seu clitóris, logo após acariciar
a sua boceta com a minha língua. Ela arfa, e a sensação do
vinho misturado ao sabor do seu sexo é enlouquecedora.
Rebeka geme suavemente, seus dedos se enroscando em
meu cabelo enquanto continuo a beber o vinho de sua pele.
— Deliciosa — gemo, dando uma palmada na sua
boceta antes de voltar a chupá-la. — Amo te ouvir gemer —
digo fodendo a boceta dela com a minha língua. Ela rebola
na minha boca gemendo baixo. — Isso, goza minha diaba
safada. — O seu corpo estremece e eu sorrio chupando
cada gota. Eu me ergo, traçando um caminho de beijos até
alcançar os seus lábios com voracidade. — Você está
planejando me foder? Isso que estamos fazendo…. — Tento
protestar, falar que poderíamos ser presos por isso, mas não
tenho tempo.
— Agora é a minha vez de provar o vinho — diz me
interrompendo, abrindo a minha camisa e beijando meu
peitoral. Ela desce invertendo as nossas posições, e abre a
minha calça, jogando o vinho sobre mim, enquanto me
escoro sem força no barril. Ela olha nos meus olhos antes de
abaixar, e começa com lambidas pela cabeça robusta como
se fosse a coisa mais saborosa. Ela desliza a boca por toda a
extensão e engole meu pau.
— Caralho! — exclamo, sentindo as minhas pernas
falharem. — Isso, assim, safada — gemo segurando os seus
cabelos. Fecho os meus olhos sentindo sua boca me
devorar. Aos poucos ela aumenta o ritmo e eu sinto meu
pau atingindo a sua garganta. — Não vou aguentar — digo
segurando a sua cabeça e fodendo a sua boca com vontade.
— Vou gozar, safada, engole tudo — urro, gozando ao passo
que ela lambe tudo sem desperdiçar uma gota. Após engolir
toda a porra, ela ergue os olhos sorrindo e levanta limpando
o canto da boca.
Seguro o seu queixo com força passando a língua pela
sua boca.
— Sua diaba safada, vou te foder com força. É isso
que você quer? — digo, jogando-a contra o barril, erguendo
o seu quadril. Deslizo a mão pelo meu pau, sentindo-o
crescer novamente. —Vou te foder, mas geme baixinho,
para que ninguém nos ouça. — Bato em sua bunda com
força, ela geme e eu a penetro de um jeito bruto, entrando
e saindo com força. As minhas mãos apertam a sua bunda e
eu espalmo deixando meus dedos desenhados sobre ela.
Entro e saio diminuindo o ritmo deslizando meu pau na sua
entrada, sentindo a sua lubrificação se misturar à minha. —
Você é insaciável — afirmo sentindo a sua boceta me
apertar.
— Ah! — ela geme alto e coloco a minha mão na sua
boca.
— Baixinho, minha gostosa.
— Eu vou gozar — ela anuncia entre gemidos, e eu
estou prestes a enchê-la de porra também.
— Caralho! — gemo sentido o orgasmo me arrebatar,
minhas pernas tremem, e eu entro com força, sentindo o
seu corpo estremecer. Caímos no chão nos arrastando entre
os barris.
Ela me encara satisfeita, e eu sinto meu coração
acelerar. Estou fodido, preciso acabar com isso antes que eu
não consiga mais.
17

Rebeka Martinez

No dia seguinte, arrumo minhas malas para voltar


para casa. Separar-me de Erik é como ver um sonho se
dissipando. Cada movimento de dobrar e guardar as roupas
traz uma sensação de melancolia. Eu não queria ter que me
separar dele.
— Sentirei saudades de dormir com você — admito,
observando-o enquanto arruma sua própria mala.
Ele não levanta o olhar, mantendo-se concentrado na
tarefa à sua frente.
— Precisamos voltar à realidade — responde com um
tom distante, quase mecânico.
— Espero que tenha espaço para mim na sua
realidade — falo, e logo me arrependo ao ver sua expressão
mudar instantaneamente.
Ele para por um momento, e fala depois de um longo
suspiro.
— Tínhamos conversado sobre isso, Rebeka. Casual,
sem compromisso — seu tom é frio, cortante, e sinto uma
pontada no coração.
— Ainda assim, é real em algum momento — insisto,
minha voz me traindo, revelando a minha frustração.
— Não sei, talvez a gente não repita isso quando
voltarmos — ele diz, com um tom frio.
— Por quê? — indago, a frustração crescendo. — Por
causa do meu pai? — acrescento, indignada.
— Não só por isso. Eu apenas não quero nada sério
com ninguém — responde ele, e seu tom finaliza a conversa
de forma definitiva.
Eu viro o rosto, rindo nervosa, tentando esconder o
que estou sentindo.
— Não crie caso. Esse foi o nosso acordo — ele diz
ainda frio, fechando a mala e indo em direção à saída.
As palavras dele ecoam na minha mente enquanto eu
o sigo pelos corredores do hotel. Cada passo que dou
parece mais pesado, como se estivesse caminhando para
fora de um sonho e entrando de volta em uma realidade
onde ele volta a me ignorar.
— Você sabia que seria assim, Rebeka. Apenas jogue
o jogo dele — murmuro para mim mesma, tentando reunir
forças para lidar com a frieza de Erik.
O caminho de volta é silencioso. Sento-me ao lado
dele no carro, mas parece que estamos a milhas de
distância. Fecho os olhos e coloco os fones de ouvido,
tentando me perder na música para afastar a tristeza que
sinto.
A paisagem passa pela janela, mas mal percebo,
perdida em pensamentos. Tudo parece tão distante, como
se pertencesse a um outro mundo.
Quando finalmente chegamos, pego minha mala e me
viro para ele, tentando encontrar alguma emoção em seus
olhos, mas só encontro a mesma máscara fria.
— Então, é isso? — pergunto, minha voz carregada de
tristeza.
— É melhor assim, Rebeka. Acredite — responde, sem
desviar o olhar.
— Faremos do seu jeito, então — murmuro, forçando
um sorriso que não chega aos meus olhos.
Encho o peito de ar, antes de entrar em casa com Erik
me acompanhando. Os meus pais nos recebem com
entusiasmo e eu forço o sorriso mais uma vez.

Erik Delacroix

Chego em casa, largando a mala na sala. Encho um


copo de uísque e me jogo no sofá, sentindo o cansaço
emocional me dominar. O gosto forte e amargo da bebida é
uma tentativa inútil de abafar as memórias de Rebeka.
— Seja bem-vindo de volta, senhor — Simon diz, se
aproximando com um sorriso profissional.
— Como está a minha agenda essa semana? —
pergunto, levantando-me e indo até o bar para encher o
copo novamente. Preciso de algo para ocupar a mente.
Simon abre sua pasta e verifica o tablet.
— Está bastante cheia, como de costume. Temos
audiências na segunda e quarta-feira, reuniões com os
advogados da promotoria, e um jantar com o comitê de
ética na sexta-feira. Ah, e não se esqueça da conferência
sobre reforma judicial na quinta-feira — ele responde, lendo
cada um dos itens no tablet.
— Ótimo. Quero todos os arquivos prontos na minha
mesa amanhã cedo — digo, tentando me concentrar no
trabalho, na rotina, em qualquer coisa que não seja o vazio
que sinto.
— Sim, senhor. Algo mais que eu possa fazer pelo
senhor? — Simon pergunta, com a eficiência de sempre.
— Não, só me deixe sozinho por um tempo —
respondo, levando o copo aos lábios e sentindo o calor do
uísque descer pela garganta.
Simon hesita por um momento, parecendo ponderar
algo, antes de se intrometer.
— Senhor, como foi a viagem? — pergunta, tentando
soar casual.
Eu me viro lentamente, segurando o copo de uísque
com força.
— Sente-se, Simon — digo, indicando a cadeira ao
lado.
Simon parece surpreso, mas obedece, sentando-se na
cadeira e aceitando o copo de uísque que lhe ofereço.
— Então, você quer saber como foi a viagem —
começo, meu tom mais amargo do que pretendia.
— Sim, senhor. Quer dizer, parecia um evento
interessante e, com a companhia de Rebeka, imagino que
tenha sido... diferente — diz ele, tentando medir as
palavras.
Dou um gole no uísque e olho para Simon, com um
sorriso amargo.
— Foi... intenso — digo finalmente. — Rebeka é uma
jovem cheia de vida e energia, e isso tornou a viagem...
interessante. Vamos tentar nos concentrar no trabalho,
Simon. É o que faço de melhor.
Simon assente, pondo-se de pé.
— Bem, senhor, se precisar de qualquer coisa, estarei
por aqui.
— Obrigado, Simon. Acho que vou precisar de mais
uísque, por enquanto — digo com um sorriso cansado.
Ele ri suavemente.
— Claro, senhor. Vou deixá-lo sozinho agora.
— Boa noite, Simon — digo, voltando minha atenção
para o copo em minha mão.
— Boa noite, senhor — ele responde, saindo da sala.
Sinto meu telefone vibrar e olho para tela com um
sorriso irônico, vendo o nome de Victoria piscando ali. Jogo o
aparelho sobre a mesa de centro após ignorar a chamada.
18

Rebeka Martinez
Alguns dias depois…

Após dias lamentando a minha derrota, acordo


decidida a seguir em frente, deixando aquele idiota de lado.
Mas, ao me olhar no espelho, suspiro derrotada ao me
lembrar das mãos de Erik sobre o meu corpo.
— Não, Beka! É sempre você quem dá o primeiro
passo — digo para mim encarando o meu reflexo no
espelho.
— Filha, o café da manhã já está na mesa — minha
mãe grita do andar de baixo, interrompendo meus
pensamentos.
— Estou descendo, mãe — respondo, soltando um
último suspiro antes de descer as escadas e me juntar a
eles na sala de jantar. Meus pais já estão sentados à mesa,
envolvidos em uma conversa trivial.
— Rebeka, quando estiver a caminho da editora,
passe na casa de Erik e deixe uns documentos para ele —
meu pai diz de repente, pegando-me de surpresa.
— Eu? — pergunto, insatisfeita. A última coisa que
quero é ver Erik.
— É caminho para você — responde ele, sem perceber
meu desconforto.
— Tudo bem, onde estão os documentos? — pergunto,
sendo obrigada a aceitar.
— Em cima da mesa do escritório. Vou te entregar
antes de você sair — responde ele, voltando sua atenção
para o café.
Continuamos o café da manhã conversando sobre
coisas aleatórias. Meu pai menciona o quanto está gostando
do meu livro, que ele ainda não leu todo, mas eu entendo
que ele esteja dividindo o tempo com outros. Ele então faz
uma promessa que transforma meu dia completamente:
— Rebeka, seu livro está realmente bom. Vou publicá-
lo pela nossa editora. É uma história que merece ser lida
por todos — diz ele, com um sorriso orgulhoso.
A notícia faz meu coração disparar de alegria. Nem
mesmo o idiota do Erik conseguiria estragar meu dia hoje.
— Sério, pai? Isso é incrível! Muito obrigada! —
respondo, entusiasmada.
Ele apenas sorri e acena com a cabeça, satisfeito por
ver minha felicidade.
Após o café da manhã, meu pai me entrega os
documentos. Coloco-os na mochila. Ele me deixa na
faculdade, e vejo July de longe, ao lado de Caio, que sorri
mais do que o normal ao me ver me aproximando.
— Ei, Beka! — July chama, acenando animadamente.
— Como vocês estão? — pergunto me aproximando.
— Não melhor do que você que está com esse sorriso
todo no rosto — Caio fala me abraçando pelo ombro.
— Meu pai vai publicar meu livro! — digo, não
conseguindo conter a felicidade.
— Uau, isso é incrível! Parabéns, Beka! — July
exclama, me abraçando.
— Fico muito feliz por você, Beka — Caio acrescenta
com um sorriso.
Conversamos mais um pouco antes de ir para a aula,
é claro que July nota que eu encaro a bolsa mais que o
normal.
— Qual o problema, Beka? — ela pergunta, franzindo
a testa.
— Vou ter que ir entregar um documento na casa de
Erik, a pedido do meu pai. Ele é a última pessoa que eu
quero ver — respondo, suspirando.
— Apenas entregue os documentos e saia de lá o mais
rápido possível — ela sugere, como se isso não fosse lá
grande coisa e eu estivesse dando muita importância. É
exatamente assim que eu devo encarar. — Trate aquele
idiota como ele merece.
— Vou tentar — respondo, sorrindo.
A aula passa lentamente, minha mente
constantemente voltando para a inevitável visita à casa de
Erik. Quando finalmente acaba, me despeço de July e Caio e
pego um táxi até o endereço dele.
Chego à casa de Erik. A mansão é incrível.
— Vim deixar uns documentos para o senhor
Delacroix — informo ao segurança na entrada.
— O senhor Martinez quem mandou? — ele pergunta.
— Sim, é o meu pai, ele pediu que entregasse, você
pode fazer isso por mim? — pergunto, na esperança de não
me encontrar com Erik.
— Entre, ele está na propriedade.
Caminho até a porta hesitando por um momento.
Respiro fundo, tentando reunir coragem, e toco a
campainha. Ele atende a porta quase imediatamente,
parecendo surpreso ao me ver.
— Rebeka? O que você está fazendo aqui? — ele
pergunta, surpreso. No mínimo acha que vim me atirar em
cima dele novamente.
— Meu pai pediu para entregar esses documentos —
respondo, entregando o envelope.
Ele o pega das minhas mãos, nossos dedos se tocam
brevemente antes que eu o puxe rapidamente.
— Obrigado — ele diz, olhando para mim com uma
expressão que não consigo decifrar.
— Sem problema. Vou indo — digo, me virando para
sair, mas ele segura meu braço suavemente, o que
certamente me faria derreter e me jogar no colo dele se eu
não estivesse determinada a manter a pouca dignidade que
me resta. — O que você quer? — pergunto, puxando meu
braço de volta.
— Aqui diz que eu preciso assinar. Entre, espere um
pouco, eu assino e você leva para a editora.
— Estou bem aqui — respondo, tentando manter a
distância.
— Não seja ridícula, entre, eu não demoro — ele
insiste, com um tom autoritário.
— Tudo bem, mas seja rápido — digo, entrando na
casa e cruzando os braços, me posicionando perto da porta.
— Vou até o escritório, não fique aí parada, me siga.
Erik fala me observando por um momento antes de se
virar e caminhar em direção ao seu escritório. Eu o sigo a
contragosto, minha mente lutando para não ceder às
lembranças e sentimentos que ele desperta. Babaca, não
sei o que estava na minha cabeça quando decidi investir
meu tempo com você.
— Sente-se, vai ser rápido — ele diz, indicando uma
cadeira em frente à sua mesa e faz tudo como um robô,
como se essa boca maldita nunca tivesse se enfiado no
meio das minhas pernas.
— Prefiro ficar de pé — respondo, mantendo meu tom
frio e distante. Distância é isso que eu preciso para não
ceder aos meus desejos de me sentar no colo dele e fazê-lo
repensar no que o fez me desprezar.
Ele suspira, mas não insiste. Começa a revisar os
documentos, e eu tento me concentrar em qualquer coisa
que não seja a forma como seu terno se ajusta
perfeitamente aos seus ombros ou o jeito com que ele
franze a testa enquanto lê.
— Você tem algo para beber? — pergunto, mais para
quebrar o silêncio do que por sede.
— Claro, quer um copo de água ou um suco? — ele
responde, levantando os olhos brevemente.
— Água está bom — respondo, tentando parecer
desinteressada.
Erik se levanta enchendo um copo da jarra que está
na mesa ao lado, e volta a sentar, deixando-o na mesma
mesa onde está a jarra. Sorrio levemente em
agradecimento e tomo um gole, enquanto ele volta a revisar
os documentos.
— Está quase pronto — ele diz, ainda concentrado.
— Ótimo — respondo secamente.
Finalmente, ele assina os papéis e os coloca de volta
no envelope, entregando-o para mim.
— Pronto, aqui está. Pode levar para a editora agora
— diz, estendendo o envelope.
Pego o envelope, nossos dedos se tocando
novamente, mas desta vez eu não recuo tão rápido. Sinto
cada pelo do meu braço se arrepiar.
— Obrigada — digo, lutando para manter meu tom
neutro.
— Rebeka — ele começa, mas eu o interrompo.
— Erik, não precisamos fazer isso. Foi casual, e está
tudo bem — digo, minha voz firme.
— Certo, eu só ia te desejar um bom dia — ele fala,
abrindo a porta para mim.
— Para você também — respondo, saindo da casa
sem olhar para trás.
Caminho rapidamente para longe da propriedade.
Como sou idiota, claro que ele não vai se lamentar. Sinto as
minhas bochechas queimarem de vergonha.
— Você tinha que ter deixado ele falar, sua boba —
resmungo para mim saindo da propriedade.
Quando finalmente chego à editora, entrego os
documentos ao meu pai e me forço a focar no trabalho.
Cada tarefa é uma distração, e cada conversa com meus
colegas ajuda a manter minha mente longe de Erik.
19

Erik Delacroix
Observo Rebeka saindo da minha casa como se
estivesse fugindo, quase tropeçando nos próprios pés. Ela
não faz ideia do quanto precisei resistir à vontade de jogá-la
na minha mesa e sentir o gosto dela na minha boca. Fecho
a porta, sentindo uma mistura de frustração e desejo. Tento
me concentrar em qualquer outra coisa, mas minha mente
insiste em voltar para ela.
— Senhor, sua ex-esposa não está mais em San
Francisco — a voz de Simon interrompe meus pensamentos
enquanto ele entra na sala.
Eu me viro, tentando focar na nova preocupação.
— Onde ela está agora? — pergunto, sentindo a
familiar tensão no estômago.
— Nós rastreamos os últimos movimentos do cartão
de crédito dela até uma cidade pequena no interior de
Idaho. Chama-se Sandpoint. Mas agora o cartão está
desativado, então não temos um local exato — ele
responde, consultando suas anotações.
— Sandpoint? O que ela está fazendo lá? — murmuro
para mim mesmo, pensando em todas as possibilidades.
— Parece que ela está sem dinheiro e provavelmente
este é o motivo das ligações. Nossos contatos informaram
que ela foi vista em um motel barato, mas não temos
certeza de onde ela está agora — Simon continua, sua
expressão séria.
Eu suspiro, com mais essa complicação. Victoria
sempre soube como criar problemas, e mesmo agora,
depois de tudo, ela ainda consegue afetar minha vida.
— Se ela sumiu, ótimo, que desapareça de vez e não
tente vir atrás de mim — digo, tentando manter a calma. —
Bloqueie todos os números que ela ligar tentando contato,
já fiz o mesmo com o meu celular.
— Claro, senhor. Farei isso imediatamente — Simon
responde, saindo da sala.
Encho um copo de uísque e tomo um gole, tentando
encontrar algum alívio no calor da bebida.
Meus pensamentos voltam para Rebeka, lembrando-
me de como ela saiu correndo da minha casa. Tento afastar
a imagem, mas é impossível. Penso que talvez esse retorno
de Victoria seja para me lembrar, de como as mulheres, de
fato são, mesmo sendo Rebeka apenas uma moleca, ela é
uma mulher e todas são iguais.

Na manhã seguinte, acordo para a minha rotina diária


do tribunal. Tomo um banho rápido, visto meu terno e pego
os documentos que Simon preparou.
Meu celular notifica uma mensagem de Oscar me
convidando para um almoço:
Oscar: “Como está a sua agenda hoje? Consegue me
encontrar para um almoço?”
Respondo confirmando:
Erik: “Claro, pode ser no restaurante próximo à sua
casa.”

Oscar: “Pensei em algo no jardim da minha casa.”


Erik: “Tudo bem, te vejo em algumas horas.”
Durante a manhã no tribunal tudo ocorre
normalmente, audiências e reuniões como sempre. Quando
o relógio aponta meio-dia sigo para a casa de Oscar. Ao
chegar lá, meu motorista estaciona o carro e Oscar abre a
porta para me receber. O cheiro de comida faz o meu
estômago revirar de fome, tenho que admitir que Alissia
cozinha muito bem.
— Erik! Que bom que você veio! Entre, entre! — diz
ele, apertando minha mão e me puxando para dentro.
— Obrigado pelo convite, Oscar. É bom sair um pouco
da rotina — respondo.
O dia está ensolarado, e Oscar almoça no jardim como
se fosse um domingo.
— Vem, todos estão no jardim — ele fala caminhando
até lá e eu o sigo.
Chegamos na parte dos fundos da casa e vejo Rebeka
radiante, rindo de algo que o rapaz que Oscar torce para
ser o namorado dela, diz, e a visão deles juntos me faz
sentir um aperto no peito. Um sentimento de posse, como
se só eu tivesse o direito de tocá-la.
— A comida já está quase pronta, vou ajudar Alissia a
trazer as outras coisas — Oscar diz, dirigindo-se à cozinha
para verificar o almoço.
Sento-me à mesa, tentando não olhar muito para
Rebeka e o moleque, que continuam a conversar e rir
juntos.
— Então, Erik, como estão as coisas no tribunal? —
Oscar pergunta retornando com uma travessa de comida.
— Bastante ocupadas, como sempre. Casos
complicados e muitas audiências, mas nada fora do comum
— respondo, dando de ombro.
— Imagino. Deve ser um trabalho muito interessante
— o moleque comenta, entrando na conversa.
— Eu gosto do que faço — respondo, mantendo o tom
neutro.
Alissia chega e se junta a nós. Tento me concentrar na
comida que por sinal está uma delícia como sempre.
— Senhor, meus pais estão organizando uma viagem.
Beka pode ir? Vamos ficar um final de semana na casa de
campo — O moleque pede, vejo a sua mão tocar a de
Rebeka que sorri para ele.
Levanto os olhos para encarar Oscar, torcendo para
que ele não seja esse tipo de pai tão permissivo. Mas que
droga eu estou pensando? Que se dane para onde ela vai ou
deixa de ir.
— Não vejo problemas, Caio. July iria vir aqui me
implorar para a Beka ir de qualquer jeito — Oscar responde,
sorrindo.
Tento manter a compostura, mas sinto que estou à
beira de perder o controle.
— Vou ao sanitário — digo, levantando-me, arrastando
a cadeira sem o menor cuidado e afrouxando a gravata em
seguida.
Caminho rapidamente para o banheiro, me tranco e
lavo o rosto, tentando acalmar meus nervos. Olho para meu
reflexo no espelho, o rosto molhado e os olhos cheios de
uma raiva que eu realmente não entendo o motivo.
— Você não tem nada a ver com isso, Erik. Deixe que
essa moleca dê para quem quiser — murmuro para mim
mesmo, tentando me convencer de que posso
simplesmente deixar isso de lado.
Respiro fundo, tentando me acalmar, e finalmente,
decido voltar para o jardim, mas quando abro a porta, dou
de cara com Rebeka.
— Erik, está tudo bem? — ela pergunta com um tom
neutro.
— Estou bem — respondo tentando me convencer
disso.
— Ok, então! — Ela dá de ombros virando as costas e
me perco nas suas curvas.
“Eu não preciso resistir” Os meus pensamentos são
tão rápidos quanto as minhas mãos que a puxam para a
sala aberta do nosso lado.
— Caralho, escute o que eu vou te dizer, Rebeka, eu
não vou aguentar ver você por aí esfregando essa boceta
nesses moleques da sua faculdade — digo prendendo o seu
corpo entre o meu e a parede.
— Isso não é da sua conta.
— Pirralha dos infernos. Você quer acabar comigo,
Rebeka? — Esmurro a parede ao lado do rosto dela e ela
sorri com malícia. — Por que você está rindo? — indago me
afastando.
— Porque parece que é você quem está vulnerável,
implorando para que eu te dê mais.
— Vocês são todas iguais — as palavras saem com o
tom de frustração.
— Iguais? Com quem está me comparando? — Ela me
encara, me desafiando, mas me mantenho em silêncio, ela
já entendeu o que eu disse. — Você só tem duas opções,
continuar com a ideia de que todas as mulheres são iguais à
sua ex-esposa e foder uma boceta diferente todos os dias
ou… — Ela se cala.
— Ou?
— Me ter na sua cama todos os dias.
Ela se aproxima do meu rosto passando a língua pela
minha boca.
— Você vai acabar comigo — afirmo tomando os seus
lábios com desespero, sentindo meu autocontrole
escorregar ainda mais. Minhas mãos exploram suas curvas,
e cada toque, cada suspiro dela é uma provocação que me
leva mais perto do limite.
— Quero te sentir dentro de mim novamente — diz
entre os beijos
Finalmente, consigo me afastar um pouco, tentando
recuperar o fôlego e algum resquício de controle.
— Precisamos parar... aqui não — digo, com a voz
entrecortada.
Ela olha para mim, os olhos brilhando de desejo, mas
acena com a cabeça.
— Vamos terminar em outro lugar, na sua casa talvez.
Isso ainda não acabou — ela fala, com um sorriso travesso
nos lábios.
— Definitivamente, não acabou — respondo, deixando
ir qualquer vestígio de autocontrole, esquecendo que ela é a
filha do meu amigo, ignorando a nossa diferença de idade,
me jogando por completo no desejo que eu sinto por ela.
Ajusto minha gravata e tento parecer o mais
composto possível antes de voltarmos. Rebeka faz o
mesmo, e voltamos cada um em momentos diferentes como
se nada tivesse acontecido
20

Rebeka Martinez
No dia seguinte…

Releio pela milésima vez a mensagem que Erik me


enviou na noite passada, o coração batendo mais rápido a
cada palavra.
"Te pego amanhã perto da sua faculdade, na
esquina da rua principal. 11h. Não se atrase."
A manhã passa em um borrão de aulas e conversas
triviais. Tento me concentrar, mas minha mente continua
voltando para a mensagem de Erik e o encontro que se
aproxima. Finalmente, quando o relógio marca 10h50, me
apresso saindo da faculdade.
— Você está muito entusiasmada para ir trabalhar —
July diz, levantando as sobrancelhas e adotando um tom
sugestivo.
— Eu disse ao meu pai que chegaria uma hora
atrasada. Vou me encontrar com Erik — respondo, tentando
esconder o sorriso que ameaça aparecer.
— A novela vai recomeçar. Você deveria sair com
outros caras e não levar o amigo do seu pai tão a sério —
diz ela, cruzando os braços e me olhando com o nariz
franzido.
— Acho que dessa vez vai ser diferente — digo, minha
voz cheia de esperança.
— Ah, claro, você vai entrar em um namoro escondido
com ele. Para, Beka — July responde, revirando os olhos. —
Não sei se isso vai acabar bem. Eu estava te apoiando, mas
você está levando isso a sério demais.
— Você pode dizer o que eu pedi, caso o meu pai
ligue? — pergunto, olhando para o relógio e percebendo que
já estou atrasada o suficiente para argumentar.
— Sim, eu faço o que me pediu — ela diz, com uma
expressão carrancuda, mas sei que está apenas preocupada
comigo.
— Obrigada — falo, abraçando-a rapidamente. — Falo
com você mais tarde.
July me observa enquanto saio apressada. Caminho
rapidamente até o ponto de encontro com Erik, me sentindo
feliz demais para ter qualquer preocupação. Assim que viro
a esquina, vejo o carro dele parado discretamente à sombra
de uma árvore. Ele abaixa o vidro do banco traseiro e faz
um gesto para que eu entre. Olho ao redor para ter certeza
de que ninguém está nos observando e rapidamente abro a
porta, entrando e sentando-me ao lado dele.
— Boa tarde! — ele diz me beijando suavemente nos
lábios.
— Boa tarde, Erik — respondo, sentindo um arrepio
com o toque dos lábios dele nos meus.
— Dirija para casa — ordena ao motorista antes de me
puxar pelo ombro para mais perto dele. Há algo diferente na
maneira como ele está agindo hoje, o que só me deixa mais
apaixonada por ele.
O carro começa a se mover, e eu me aconchego no
peito dele, sentindo o ritmo constante de seu coração. Erik
passa os braços ao redor de mim, acariciando levemente
meus cabelos.
Quando o carro finalmente para em frente à casa, o
motorista abre a porta, e Erik sai primeiro, estendendo a
mão para me ajudar a sair. Aceito a sua mão e ele me puxa
suavemente para fora do carro. Entramos na casa, e a porta
se fecha atrás de nós. Erik me guia pela sala, segurando
minha mão, e nos sentamos juntos no sofá. Ele me olha nos
olhos, e sua expressão tranquila muda.
— Eu tentei resistir a você, Rebeka — ele começa,
inclinando-se para mim, os olhos fixos nos meus. — Falhei.
Talvez eu tenha tentado pouco. Vamos começar com calma,
eu estou me abrindo para alguém novamente. Vamos
manter isso entre nós dois, até ver no que vai dar e no que
falaremos para Oscar. Você acha bom dessa forma? Acredita
que podemos fazer isso dar certo?
— Eu acho ótimo dessa forma — respondo, meu
sorriso refletindo a alegria que sinto.
Ele sorri com minha resposta, um sorriso que ilumina
seu rosto e faz meu coração acelerar.
— Você está com fome? — ele pergunta, pondo-se de
pé e indo em direção à cozinha.
— Um pouco — respondo, levantando-me e seguindo-
o.
Erik abre a geladeira e começa a tirar alguns
ingredientes, enquanto eu me encosto no balcão,
observando-o. Ele é sempre tão sério e focado.
— Senhor, eu faço algo para o almoço, o senhor nunca
vem, e não ligou avisando que comeria em casa. — A
senhora de cabelos grisalhos entra na cozinha remexendo
nas panelas com uma expressão preocupada.
— Não se preocupe, Maria, pode continuar o que
estava fazendo — seu tom é sério, mas gentil.
— Você nunca come em casa? — questiono.
— Não, então ela faz apenas o suficiente para os
funcionários, que já devem ter feito as suas refeições.
— O que vamos fazer? — pergunto olhando os
ingredientes que ele põe sobre o balcão.
— Que tal uma omelete? — sugere ele, olhando para
mim com um sorriso. — Não temos muito tempo — ele
completa, olhando a hora no relógio de pulso.
— Parece ótimo — respondo, animada.
Enquanto ele bate os ovos, eu pico os vegetais, e
arranho a ponta do dedo com a faca no processo. Ele segura
minha mão por um momento, e nossos olhos se encontram.
— Você é muito distraída, sabia? — ele diz, seu tom
suave e brincalhão, colocando o meu dedo embaixo da
água.
— Não sou distraída! — protesto, rindo. — Só... é você
que me distrai.
Ele ri, um som baixo e rouco que me faz querer beijá-
lo ali mesmo. Ele se inclina, e eu fecho os olhos, esperando
o beijo. Mas ele apenas roça seus lábios nos meus, um beijo
leve que é tão doce quanto torturante.
— Vamos terminar a omelete primeiro — diz ele,
recuando com um sorriso cínico.
— Você é cruel — murmuro, rindo enquanto volto a
picar os vegetais.
E quando finalmente, a omelete está pronta, nós nos
sentamos à mesa para comer.
— Está delicioso — digo, saboreando um pedaço
generoso.
— Fico feliz que goste. Eu não sei fazer muitas coisas
na cozinha — ele responde, pegando minha mão por cima
da mesa.
Termino de comer e levo o prato para a pia, ele faz o
mesmo com o dele.
— É bom compartilhar uma refeição com alguém que
a gente realmente goste — ele diz com os olhos fixos nos
meus.
Eu estou radiante de felicidade em estar assim com
ele, como se fôssemos um casal de namorados, mas logo
meu semblante cai, olhando a hora avançando e eu tendo
que ir embora
— Preciso ir, obrigada por hoje — digo me afastando.
— Venha aqui — o seu tom é quase uma ordem, que
ele dá sem desviar os olhos dos meus.
Eu me aproximo, e ele me puxa para seus braços,
beijando-me com intensidade. Seus lábios são firmes e
seguros, e eu me derreto em seu beijo.
Ele me levanta e me coloca no balcão da cozinha,
suas mãos segurando minha cintura firmemente, se
posicionando entre as minhas pernas. O beijo se torna mais
profundo, e eu enrosco meus braços ao redor do pescoço
dele, puxando-o para mais perto. Ele desce os beijos pelo
meu pescoço, as suas mãos acariciando os meus seios.
— Eu realmente preciso ir — digo me afastando,
sentindo a intimidade dele crescer e roçar na minha que já
pulsa de desejo por ele.
— Você me transformou em um louco, sabia? — ele
fala distribuindo beijos pelo meu rosto. — Vem, vou te
deixar próximo à editora e de lá vou para o tribunal.
Ele me coloca no chão pela cintura, se inclinando para
me dar mais um beijo, antes de pegar a minha mão e
caminhar comigo ao seu lado até o carro.
21

Erick Delacroix

Alguns dias depois…


Estou com Oscar caminhando pelo centro da cidade,
conversando e rindo como nos velhos tempos, decidimos
tirar uma folga de nossas rotinas e nos encontrar para um
almoço.
— Você parece preocupado — comento, dando um
leve tapa nas suas costas.
— Estou pensando em mandar Rebeka de volta para a
França — ele diz, soltando um suspiro.
Pauso meus passos e me viro para encará-lo. “Que
merda é essa agora?”
— De onde tirou essa ideia? — pergunto, tentando
manter a calma.
— Rebeka sempre quis morar na França. Eu a mandei
para um intercâmbio, mas sei que a vontade dela sempre
foi estudar literatura francesa lá — Oscar responde,
parecendo pensativo.
— Acho que isso é uma decisão que tem que partir
dela. Os jovens mudam de ideia muito rápido — digo,
tentando disfarçar minha preocupação em ter que me
separar de Rebeka.
Oscar balança a cabeça, concordando.
— É verdade. Mas estou apenas pensando no futuro
dela.
Continuamos a caminhar, e meu olhar é atraído por
uma loja de joias. Na vitrine, vejo uma pulseira delicada de
ouro branco, e não consigo evitar imaginar como ficaria
perfeita no pulso de Rebeka. Paro por um momento, perdido
em pensamentos.
Oscar percebe minha distração e para ao meu lado,
seguindo meu olhar.
— Está pensando em comprar alguma coisa, Erik? —
ele pergunta, levantando uma sobrancelha.
— Talvez. Só achei a pulseira bonita — respondo,
tentando parecer indiferente.
Oscar ri, dando-me um leve empurrão.
— Sei, Erik, você sempre foi um pegador. Não me diga
que está enganando mais uma mulher? — ele provoca, com
um sorriso malicioso.
Dou uma risada, mas a verdade das palavras dele me
atinge de forma diferente desta vez, já que estamos falando
da filha dele.
— Não estou enganando ninguém, Oscar. Estou
realmente envolvido com ela — digo esperando que ele se
lembre dessa conversa quando eu apresentar a minha
namorada para ele.
— Tudo bem, vou fingir que acredito em você. Mas
lembre-se, mulheres não gostam de serem enganadas — ele
diz, piscando.
— Nem mesmo os homens gostam — comento com
um sorriso divertido.
De repente, Oscar para e aponta para um café do
outro lado da rua.
— Olha, Rebeka está ali — ele diz, animado.
Meus olhos seguem a direção apontada e vejo Rebeka
sentada em uma mesa, almoçando com um moleque novo.
Que caralhos ela faz com ele?
— Vamos até lá? — Oscar sugere, já atravessando a
rua.
Sigo-o, mas na intenção de que ela me veja, que ela
saiba que eu a vi.
Quando nos aproximamos da mesa, Rebeka nos vê e
sorri, acenando. Que porra ela pensa que está fazendo?
— Papai, Erik! Que surpresa! — ela diz com um
pequeno sorriso. Mais surpreso estou eu.
— Oi, querida. Vejo que você está mostrando a cidade
para o novo estagiário — Oscar diz, olhando para o rapaz ao
lado dela.
— Sim, este é o Lucas. Ele acabou de começar na
editora — Rebeka explica, apresentando-nos.
— Prazer em conhecê-lo, senhor — o moleque diz,
levantando-se para apertar a minha mão.
Aperto a sua mão, forçando um sorriso. Como é que
ela pode estar tão à vontade com ele?
— Erik é sócio na editora — ela completa.
— E você é guia turística da editora? — pergunto com
um tom irônico.
— Eu venho da Carolina do Norte, estou feliz que
Rebeka possa me mostrar a cidade. Ela está me ajudando
com o apartamento também, fomos olhar alguns quando ela
saiu da faculdade.
Rio de nervoso, mordendo os lábios para não deixar
que toda a minha raiva seja expressa em palavras.
— Oscar, estou voltando para o tribunal, foi um prazer
revê-la, Rebeka, até mais — murmuro me afastando da
mesa.
— Erik, obrigado pelo almoço — Oscar diz e eu olho
novamente para os dois sentados à mesa.
“Você deixa a sua filha andando por aí apresentando
apartamentos para um moleque? Ele pode ser jovem, mas
ainda é homem” Penso, mas engulo as palavras.
— Nos vemos outra hora — respondo saindo do café.
“Controle-se, Erik” repito na mente enquanto retorno
para o meu carro.

É fim de tarde, quando retorno do tribunal. Entro em


casa tirando o paletó e a gravata.
— Senhor, tem visita lhe esperando — Maria diz
entrando na sala.
— Onde? — pergunto olhando para os lados de cenho
franzido.
— É a senhorita Rebeka. Ela subiu.
— Obrigado, Maria — subo as escadas apressado,
abro a porta do quarto de uma única vez. Furioso e pronto
para mandá-la embora.
— Você demorou — a sua voz soa manhosa.
— Deveria ter avisado que vinha — respondo tirando a
minha roupa e indo para o banheiro.
— Não gostou da surpresa? — ela pergunta da porta
me observando enquanto tomo banho.
— É melhor você ir para casa — falo de costas para
ela.
Ouço os seus passos se afastando, mas não ouço a
porta do quarto bater. Desligo o chuveiro e saio ainda nu do
banheiro com a água escorrendo pelo meu corpo ao mesmo
tempo que enxugo os cabelos.
— Quer mesmo que eu vá para casa? — Ela se senta
na cama abrindo as pernas antes de cruzá-las.
— Sem calcinha? — meu tom soa indiferente.
— Venha, pegue o que é seu. — Ela abre as pernas
novamente, me aproximo com o pau duro como uma pedra,
babando por ela.
— Essa boceta é minha? — sussurro em seus lábios.
—Você duvida?
— O que a minha mulher faz desfilando com outro por
aí? — rujo com meu rosto colado ao dela.
— Você está com ciúmes? — pergunta, parecendo
satisfeita com isso.
— Não é tão simples quanto você pensa.
— Para de falar e me fode.
— Eu não quero. Vá para casa.
— Não é isso que o seu corpo está dizendo — ela diz
acariciando o meu pau.
— Você já foi fodida por um homem furioso? — É uma
pergunta idiota considerando que apenas eu a possuo.
Seguro os seus cabelos levando a sua cabeça para trás. —
Devo marcar a minha mulher para que todos vejam que ela
tem dono? — Desço a minha boca pelo seu pescoço,
chupando e lambendo. — Eu poderia estar com a minha
língua enfiada na sua boceta agora, ou te fodendo de quatro
como você gosta, mas olho para você e sinto vontade de te
castigar.
— Me castigue, então — ela diz próxima à minha boca
e eu seguro o seu lábio com o dente, chupando-o em
seguida, e ela geme gostoso na minha boca, sentindo os
meus dedos percorrem a sua entrada.
— Você gosta de castigo? — Espalmo a sua boceta
encharcada e ela arqueia as costas gemendo. Afundo dois
dedos sentindo a sua entrada apertada e molhada. — Você
quer que eu te faça gozar? — Levo os dedos à minha boca
sentindo o seu gosto delicioso. — Se quiser vai ter que
implorar.
— Me fode, por favor — implora gemendo e se
contorcendo enquanto brinco com seu clitóris.
— Nunca mais almoce com outro homem, ou visite
apartamentos sozinha com ele, Rebeka. Eu não sou o tipo
de homem que divide o que é meu.
Tiro o seu vestido por cima dos seus ombros, puxo os
seus cabelos roçando a minha boca na dela que geme.
Desço os beijos para os seus peitos, beijando e mordendo
um de cada vez, deixando-os duros.
Enfio-me no meio das suas pernas puxando o seu
clitóris com os meus lábios alternando entre mordidas e
chupões. O seu corpo estremece. Enfio o meu dedo na sua
abertura. Eu sei que não vou aguentar esse jogo por muito
tempo, o meu pau está doendo de tesão, doido para me
afundar nela. Respiro fundo e entro lentamente nela, com
movimentos de vai e vem, conforme ela crava as unhas nas
minhas costas gemendo gostoso, me deixando ainda mais
louco. Eu a puxo pelos cabelos tirando-a da cama e a
jogando contra a parede, e ela geme sentindo a minha mão
bater forte na sua bunda enquanto eu entro com força nela.
— É isso que você merece por ser uma moleca tão
atrevida — digo me afastando para ver a sua bunda
vermelha, marcada pelos meus dedos. Acaricio antes de
apertá-la entre os meus dedos e passo o meu pau duro pela
sua entrada deliciosa. Me afasto, sentando-me na poltrona e
ela me olha ainda escorada na parede. — Vem, senta no
meu cacete e rebola gostoso me fazendo gozar. — Ela anda
lentamente parando na minha frente. — Isso, delícia! —
rujo, quando ela fica de costas para mim e senta-se
lentamente no meu pau, se encaixando como se tivesse
sido moldada para mim. — Rebola — peço sem forças,
respirando com dificuldade, sentindo o orgasmo me
arrebatar. Estimulo o seu clitóris ao passo que ela rebola
subindo e descendo. Seu corpo estremece e eu não me
contenho.
— Eu vou gozar — ela anuncia e eu aumento a
velocidade com os dedos e o meu orgasmo vem forte e
arrebatador. Ela cai sobre o meu corpo cansada, e eu a
abraço beijando o seu corpo suado.
— Rebeka, eu juro que eu tentei. Eu deveria ter
parado quando podia, se é que um dia eu pude. Essa
história já foi longe demais, só que eu não posso mais te
deixar ir. Estou fodido, apaixonado por você. — Ainda
sentada no meu colo, ela sorri com o jeito moleca dela, me
beija e eu sinto o meu coração voltando a bater com vida.
22

Rebeka Martinez

— Você não ouviu errado, Beka, ele disse “apaixonado


por você” — repito as palavras em frente ao espelho do
banheiro da casa de Erik, dando alguns pulinhos, vendo as
borboletas voarem sobre a minha cabeça antes de fazerem
círculos no meu estômago, me deixando tonta de tanta
felicidade.
Saio do banho ainda enrolada na toalha, ele está
sentado na varanda e me olha por cima do ombro antes de
falar:
— Eu vou te deixar em casa — diz, levantando-se e
vindo até mim, depositando um beijo na minha testa antes
de pegar as minhas roupas que estão sobre a cama e me
entregar.
— Eu vou dormir aqui com você — digo e ele paralisa
os movimentos.
— Ficou louca? — ele questiona com um tom
divertido.
— O meu pai acha que vou dormir com a July.
— Isso é uma merda, sabia? — diz seguido de um
longo suspiro. — Me sinto mal por ele.
— Vamos ver no que vai dar. Não foi isso que você me
sugeriu?
— Foi, é isso que estamos fazendo — ele diz me
abraçando. — Comprei uns vinhos sem álcool — ele fala
indo até a adega que fica na varanda do quarto e eu o sigo.
— Suco de uva você quer dizer — comento e ele
gargalha.
— Eu gosto. — Ele dá de ombros abrindo a garrafa e
colocando nas taças.
É uma noite clara e estrelada. O clima perfeito para
uma noite romântica na varanda. A brisa suave traz um leve
aroma das flores que ele tem plantadas no jardim, a pouca
luz que vem das luminárias do jardim contorna o corpo bem
definido dele.
— Esse vinho é maravilhoso — comento, olhando para
Erik com um sorriso. — Você realmente sabe como escolher.
— Ele dá um sorriso divertido enquanto sentamos lado a
lado no sofá.
— Que bom que gostou, comprei especialmente para
tomar com você.
— Não duvido que tenha vinhos melhores por aí para
tomar sozinho, ou na companhia de um adulto — zombo e
ele beija os meus lábios suavemente.
— Evito álcool quando estou com você, seus beijos já
me deixam tonto — ele fala divertido.
Ficamos um tempo em silêncio. Apoio a cabeça no
ombro de Erik, e ele acaricia suavemente meus cabelos. O
silêncio é quebrado apenas pelo som distante dos grilos e
do vento nas árvores.
— Sabe, Erik, às vezes eu gostaria de saber mais
sobre você — digo com a voz suave, mas cheia de
curiosidade.
Erik suspira, olhando para o céu estrelado.
— Há muitas coisas sobre mim que eu gostaria de
nunca ter vivido — ele admite, com um tom sério.
Endireito-me no sofá, olhando para ele com interesse.
— Como o quê? — pergunto, esperando não estar
sendo muito invasiva.
— Minha ex-esposa, Victoria, era uma mulher
complicada. Nosso divórcio foi um dos períodos mais difíceis
da minha vida. Eu a amava, ela tinha tudo de mim. Ela me
acusou de coisas que eu nunca fiz para justificar a traição,
eu me vi querendo acreditar por medo de admitir que eu
precisava seguir em frente — revela ele, com um sorriso
triste.
— Sinto muito que tenha passado por isso —
murmuro, alisando o seu rosto incrivelmente perfeito.
— Aprendi muito sobre mim mesmo e sobre o que
quero em um relacionamento. — Ele dá de ombros. — E
você, Rebeka?
Olho para baixo, mordendo o lábio.
— Quer saber algo sobre mim também? — pergunto
tímida.
— Claro — responde, virando-se para mim.
— Bem, eu não vivi tanto quanto você e só me
apaixonei uma vez na vida — começo sentindo as minhas
bochechas queimarem de vergonha.
— Uma única vez? — indaga com os olhos estreitos. —
Continue, estou ouvindo.
Ele toma um gole do vinho me olhando curioso.
— Quando eu tinha 17 anos, comecei a ver você em
sites de notícias e revistas. No começo, era só curiosidade.
Mas, com o tempo, comecei a me apaixonar por você. Sei
que parece loucura, mas eu me sentia atraída por todos os
seus atributos. — Sorrio olhando o corpo maravilhoso dele.
— E quando te vi pessoalmente, meu coração bateu mais
rápido. Eu tinha que ser sua — confesso vendo-o sorrir com
orgulho.
Ele me puxa para mais perto, e me beija com paixão.
— E você é minha — ele diz me abraçando forte.

Na manhã seguinte, Erik me deixa na faculdade.


Ainda é cedo, mas o campus está começando a se encher
de estudantes. Ele para o carro na entrada e se inclina para
me dar um beijo de despedida.
— Tenha um bom dia, Rebeka — ele diz, sorrindo.
— Você também, Erik. Nos falamos mais tarde —
respondo, sentindo meu coração acelerar com o sorriso
dele.
Saio do carro e caminho em direção ao prédio da
minha aula, mas não consigo evitar dar uma última olhada
para trás. Erik ainda está lá, me observando, e isso faz meu
coração bater mais rápido.
— Olha só, nossa garota apaixonada! — July diz,
aparecendo de repente ao meu lado.
— July! Você me assustou! — exclamo, dando um leve
tapa no ombro dela.
— Desculpe, mas eu tinha que ver esse momento de
despedida. Vocês dois são tão fofos juntos — comenta, com
um sorriso travesso. — Me conte como foi a noite de amor
dos pombinhos.
— O meu pai ligou? — indago antes de contar
qualquer coisa sobre a noite passada.
— Não. Agora começa a falar, porque essa sua cara de
santa não me engana.
— Só posso dizer uma coisa, ele disse que está
apaixonado por mim.
— Amiga, sério, fica com os dois olhos bem abertos,
homens dizem muitas coisas, mas nem sempre é verdade.
Agora vamos, temos uma aula para assistir — diz ela, me
puxando em direção ao prédio.
A manhã passa rapidamente, não consigo parar de
pensar em Erik enquanto desenho corações na folha em
branco do caderno.
Na hora do almoço, recebo uma mensagem dele:
Erik: "Como está indo seu dia? Pensando em você."
Sorrio ao ler a mensagem e rapidamente respondo:
Rebeka: "Meu dia está ótimo. Não vejo a hora de te
ver mais tarde. Pensando em você também."
O resto do dia passa como um borrão, chego em casa
e subo para o meu quarto ansiando pela minha cama.
De repente, ouço uma batida suave na porta.
— Rebeka, posso entrar? — É a voz da minha mãe.
— Claro, mãe — respondo, sentando-me na cama.
Ela entra com uma pequena caixa nas mãos.
— Chegou uma entrega para você — diz entregando a
caixa.
— Obrigada — respondi, pegando a caixa.
Assim que a porta se fecha, pego a caixa e me
ajeito n a cama, abrindo-a. Dentro, tem um envelope. Rasgo-
o cuidadosamente, dentro tem uma foto minha e de Erik,
tirada de longe em um dos passeios secretos que fizemos.
Sorrio considerando que tenha sido Erik quem enviou e
guardo a foto na minha agenda.
23

Erik Delacroix

A manhã no tribunal segue seu curso normal. A


audiência está intensa, mas controlada. Eu estou imerso nos
argumentos e depoimentos, focado em cada detalhe do
caso. É assim que eu funciono melhor, com precisão e
controle absoluto. Assim que ela termina, aproveito para
respirar fundo e rever algumas anotações em meu
escritório.
Enquanto reviso os documentos, meu telefone vibra.
Pego o aparelho e vejo uma mensagem de Rebeka. Um
sorriso involuntário surge em meus lábios, estou apaixonado
por essa diaba loira.
Rebeka: Sinto sua falta. Vamos almoçar juntos?
Erik: Que tal ao meio-dia, vou pedir comida no
restaurante italiano que você adora.
Rebeka: Perfeito! E não precisa comprar sobremesa.
Sorrio com a recomendação final, sabendo o que ela
tem em mente. Estar com Rebeka é um oásis no meio do
caos.
Tento focar nos papéis sobre a mesa enquanto a hora
de ir ver Rebeka se aproxima. Faltando alguns minutos para
o meio-dia começo a recolher as minhas coisas da mesa,
mas ao levantar os olhos, minha paz desaparece. Victoria,
está aqui, parada na porta. Meu sorriso se desfaz no mesmo
instante. Raiva é o que sinto diante dessa surpresa
indesejável.
Ela caminha em minha direção, seus saltos agulha
ecoam pelo piso. Reviro os olhos, tentando manter a calma.
Não é como se ela ainda mexesse comigo, mas vê-la é tudo
que eu menos desejo.
— O que você está fazendo aqui, Victoria? —
pergunto, com um tom desinteressado.
— Você não atendeu minhas chamadas, querido.
Então, decidi vir pessoalmente — ela responde, com um
sorriso frio.
— Talvez porque não queira falar com você. Tenho
coisas mais importantes para fazer — respondo com
desdém, virando as costas para sair.
Mas sua próxima frase me faz parar no meio do
caminho.
— Eu posso ferrar com a sua vida e sua carreira,
querido — ela diz, com um tom cínico.
— Não me faça rir, Victoria. Você não é ninguém —
respondo, ainda de costas.
— Ah, não? Eu mandei um presente para a sua
querida Rebeka. Tenho certeza de que ela vai adorar. Pensei
em mandar um igual para Oscar. Ele não é aquele amigo
que você tinha na época de faculdade? Que feio, hein,
levando a filhinha dele para cama. — Ela sorri enquanto
pronuncia com deboche. Viro-me para encará-la.
— Não se meta comigo, Victoria, ou você vai se
arrepender— digo, apertando o seu braço com força. Mas
logo me recomponho, soltando-a e respirando fundo.
Ela ri, satisfeita.
— Quero falar com você um minuto — ela diz, com um
sorriso vitorioso.
— Volte para o buraco de onde veio — rosno com a
mandíbula contraída.
— Se eu estiver em um buraco, você também precisa
estar. Serei breve, querido marido.
— Não pense que me preocupo com as suas ameaças
de merda. Você tem um minuto para dizer o que quer e
sumir da minha frente — respondo, seco.
— Perfeito! Não preciso de muito tempo.
Saímos do tribunal e caminhamos até um café
próximo. Nos sentamos em uma mesa afastada, e eu
mantenho meu olhar fixo nela.
— Seja breve, Victoria. Tenho um compromisso —
digo, tentando manter a calma e olhando a hora avançar.
— Quero rever os termos do nosso divórcio — ela diz,
olhando diretamente nos meus olhos.
Sorrio, balançando a cabeça.
— Tudo já foi visto, e ambos concordamos. Assinamos
o nosso divórcio há anos.
— Você me pressionou, me ameaçou e eu senti medo
de você, Erik.
— Pare de fingir. De que merda você está falando?
Você gastou tudo em roupas, viagens e homens, Victoria.
Não há mais nada para discutir — respondo, em um tom
frio.
Ela se inclina para a frente, me encarando sem
desviar os olhos.
— Não importa com quantos homens eu me deite.
Você sempre será o homem da minha vida, querido. Quero
você de volta — ela fala, com um sorriso sedutor.
— Você está delirando. Nosso casamento acabou há
muito tempo. Não há nada que você possa fazer para mudar
isso — respondo, tentando manter a compostura enquanto
rejeito uma chamada de Rebeka, que já deve estar me
esperando.
Ela zomba, rindo.
— Devido à sua relação com a pirralha, a filha do seu
amigo? Sério, Erik? Você precisa de uma mulher de verdade,
alguém que sempre te enlouqueceu na cama. Não uma
garotinha que mal sabe o que quer da vida — ela pronuncia,
com desprezo.
Minha paciência está se esgotando. Respiro fundo,
tentando controlar a raiva.
— A minha relação com ela não é da sua conta —
afirmo, minha voz baixa e controlada
Ela sorri, um sorriso frio e calculado.
— Estou pouco me importando para aquela pirralha.
Você enlouqueceu, Erik. O pai dela sabe que tirou a
virgindade da filha dele? Porque imagino que ela era
virgem. Não tenho dúvidas que você enlouqueceu por isso,
virgens sempre foram a sua tentação. Esqueceu da…. — ela
finge puxar na memória —, como é mesmo o nome da
testemunha com quem você ficou na época em que era
apenas um promotor? — Ela gargalha — Não importa o
nome, você sabe de quem estou falando. O caso mais
importante da sua vida, e que você ganhou porque levou a
principal testemunha para cama.
— Não seja ridícula. — Ajeito-me na cadeira,
arrumando a gravata tentando conter a minha raiva. — Eu
não sabia que ela era testemunha, e eu teria ganhado o
caso de qualquer forma, nada do que ela disse foi
combinado, foi apenas a verdade sobre os fatos e você sabe
disso.
— Sei, eu era a sua assistente na época, como eu não
saberia? Mas o seu amigo sabe disso, que você se atrai por
meninas virgens? Que você tirou a virgindade da menina
naquela época? Claro que não, ele sequer notou que você
anda fodendo a filha dele.
— Chega, Victoria! — Espalmo a mesa incapaz de me
controlar. — Eu não me sinto atraído por virgens, você é
louca! Que porra você quer? De quanto precisa para me
deixar em paz?
— Eu quero você, com você eu tenho tudo que
preciso. Termine com ela, ou fique se quiser, mas eu sempre
serei a senhora Delacroix.
— Volte para o buraco de onde veio. Pedirei que
Simon veja de quanto precisa, aceite e suma — respondo
me pondo de pé.
Saio do café olhando a hora, atrasado demais para
encontrar Rebeka, ligo para ela que não me atende. Insisto
até que ouço a voz dela do outro lado da linha.
— Rebeka, onde você está agora?
— Na editora — responde com um tom frio.
— Achei que ia para a minha casa e que comeríamos
juntos, estou uns minutos atrasado, mas chego em breve.
— Não ouviu o que eu disse? Eu já estou na editora. E
não foram alguns minutos, é quase uma hora de atraso. Nós
nos falamos depois.
— Problemas com a adolescente, meu amor? — Olho
para o lado, na direção da voz, Victoria fuma um cigarro
com um sorriso debochado. E é claro que ela deve ter
arrumado uma forma de fazer Rebeka saber desse nosso
encontro.
24

Rebeka Martinez
O dia na editora parecia arrastar-se. Eu estou sentada
à minha mesa, tentando me concentrar no trabalho, mas a
raiva queima dentro de mim. Não consigo me concentrar
quando tenho na cabeça a imagem das fotos que recebi
mais cedo: Erik sentado em um café, conversando com sua
ex-esposa.
— Ei, está tudo bem? Você parece meio... distante
hoje — Lucas diz, com um sorriso simpático.
Ele está ao meu lado, me ajudando com algumas
pesquisas para um novo projeto. Suspiro, esfregando as
têmporas.
— Só estou tendo um dia ruim, Lucas. Nada com o
que você precise se preocupar — respondo, tentando soar
despreocupada, embora por dentro esteja tudo uma
bagunça.
— Se precisar de alguém para conversar, estou aqui.
Sorrio, em resposta.
Tento manter meu foco no trabalho, mas minha
concentração não dura muito. Como Erik pôde me deixar
esperando, sem nem ao menos mandar uma mensagem
para explicar? E o que ele fazia com ela?
Lucas está de pé ao meu lado, olhando para o
monitor. Estamos próximos, discutindo sobre alguns
assuntos.
— Então, se você colocar os títulos aqui e o nome dos
autores aqui, fica bem mais fácil, Beka — Lucas diz,
apontando para a tela.
— Hmm, parece uma boa ideia. Vamos tentar isso —
respondo, tentando me concentrar no trabalho, mas meu
coração está pesado.
Ouço a porta abrir abruptamente e levanto os olhos
vendo Erik na minha frente. Nossos olhares se encontram,
ele parece irritado desviando a atenção de mim para Lucas
que arruma a postura ao meu lado.
— Você deveria bater na porta antes de entrar — digo
com um tom irritado.
— Senhor, é um prazer revê-lo — Lucas fala se
aproximando de Erik para cumprimentá-lo.
— Onde está o Oscar? — questiona com as mãos nos
bolsos, ignorando a mão estendida de Lucas.
— O meu pai foi almoçar com a minha mãe, só volta
daqui a duas horas.
— Rebeka, podemos conversar? — Erik pergunta, e
percebo o seu esforço em se manter calmo.
Cruzo os braços, claramente irritada.
— Estou ocupada agora, Erik. Talvez mais tarde —
respondo fria, mais uma vez tentando manter o pouco que
ainda resta da minha dignidade.
Lucas se afasta discretamente, mas não sem antes
dar um olhar curioso para Erik.
— Isso não pode esperar, Rebeka — Erik insiste, com
um tom autoritário, dando um passo à frente.
Suspiro, me levantando da cadeira.
— Tudo bem. Lucas, você pode continuar com isso? Eu
volto logo — digo, tentando manter a compostura enquanto
minha mente está um caos.
Lucas, assente, parecendo confuso com a situação.
— Claro, Rebeka. Eu cuido disso — respondeu ele,
voltando ao trabalho.
Erik me segue até uma sala de conferências vazia.
Assim que fecho a porta atrás de mim, me viro para ele,
meus olhos cheios de raiva.
— Qual é o assunto importante? — indago de braços
cruzados.
— Me desculpe, por te deixar esperando.
— Onde você estava?
Erik suspira, passando a mão pelos cabelos.
— Eu não posso controlar tudo, Rebeka, Victoria
apareceu de repente.
— E você me deixou te esperando para ir almoçar
com ela?
— Você não precisa sentir ciúmes dela.
— Ciúmes? — Rio tentando parecer indiferente.
Ele caminha lentamente até mim passando a mão
pela minha nuca e segurando o meu rosto contra o dele.
— Um dia eu prometi que nunca mais estaria nas
mãos de uma mulher, mas aqui estou eu, preocupado se
você está chateada comigo — ele diz, sua voz baixa e
rouca.
— Sim, eu estou. O que ela faz aqui, e o que você
estava fazendo com ela? — pergunto, tentando manter meu
tom firme.
— Com ela? Nada que eu gostaria de estar fazendo
agora com você — ele respondeu, passando os lábios
suavemente sobre os meus.
Ele me puxa mais para perto, nossos corpos quase
colados. Seus lábios encontram os meus novamente, desta
vez com mais intensidade, e não consigo resistir.
Correspondo ao beijo, sentindo uma onda de calor percorrer
meu corpo.
— Erik... — murmuro contra seus lábios, tentando
manter um mínimo de controle.
— Shh... — ele sussurra, suas mãos deslizando pelo
meu corpo, cada toque dele me faz gemer.
Ele me pressiona contra a mesa, posso sentir o seu
pau duro contra minha pele. Meu coração bate acelerado
enquanto ele me olha nos olhos, sua respiração pesada. Erik
me beija novamente, suas mãos explorando cada curva do
meu corpo.
Minhas mãos seguram os ombros dele, puxando-o
para mais perto, querendo mais, precisando de mais. Ele me
levanta e me senta na borda da mesa, o meio das minhas
pernas latejando de desejo por ele.
— Erik, alguém pode entrar — sussurro, minha voz
cheia de hesitação e excitação.
— Não me importo. Preciso de você agora — ele
responde, me pressionando ainda mais contra a mesa.
Ele puxa minha calcinha para o lado, enquanto seus
dedos deslizam suavemente entre minhas pernas, fazendo-
me arfar. Minha mente está uma bagunça de emoções e
sensações, mas eu preciso ser forte.
— Chega! — Levanto-me de repente, abaixando o
vestido, meu coração acelerado e a respiração ofegante. —
É melhor você ir embora. Preciso arrumar isso antes que
alguém entre — digo olhando para a bagunça que havíamos
feito na mesa.
— Rebeka, Victoria sabe sobre mim e você, e foi só
por isso que eu a ouvi. Vamos conversar com o Oscar sobre
nós dois — ele cospe as palavras de uma vez, me pegando
de surpresa. — Essa é a única carta que a Victoria tem nas
mãos — conclui com as nossas testas coladas depositando
beijos suaves em meus lábios.
Antes que eu possa responder, meu telefone começa
a vibrar na mesa. Olho para a tela e vejo que é minha mãe.
Atendo rapidamente.
— Rebeka, seu pai, passou mal. Estamos no hospital
do centro — ela diz antes que eu fale qualquer coisa.
— Estou indo agora mesmo — respondo, sentindo as
pernas perderem as forças.
Desligo o telefone e olho para Erik, que me olha
curioso
— Meu pai passou mal. Precisamos ir ao hospital —
digo, a voz trêmula.
— Vamos, eu te levo.
O trajeto parece uma eternidade. O motorista dirige
rapidamente e quando finalmente chegamos ao hospital,
ele estaciona o carro e Erik corre comigo até a recepção. A
atendente nos direciona para a sala de espera, onde minha
mãe está sentada, de cabeça baixa.
— Mãe, como ele está? — pergunto, abraçando-a.
— Os médicos estão com ele agora.
Minutos depois, um médico sai da sala de
atendimento e se aproxima de nós.
— Família do senhor Oscar? — ele pergunta.
— Sim, sou eu. Como ele está, doutor? — minha mãe
pergunta, segurando minha mão com força.
— Ele teve um pequeno infarto. Está estável agora,
mas precisa de repouso absoluto e não pode passar por
nenhum estresse. Vamos mantê-lo em observação por
algumas horas — O médico nos explica.
— Obrigada, doutor. Podemos vê-lo? — minha mãe
pergunta, a voz trêmula.
— Assim que for possível, eu volto para avisar — o
médico responde, antes de nos deixar na sala de espera.
Minha mãe se vira para nós, seus olhos se estreitando
enquanto nos observa atentamente.
— Vocês estavam juntos? — ela pergunta, ainda com
os olhos estreitos.
— Eu estava na editora quando você ligou — Erik
responde rapidamente.
Minha mãe continua a nos olhar com desconfiança.
Seus olhos se fixam em mim, notando os detalhes que
escaparam na correria.
— A sua camisa branca está suja. — Ela aponta para
Erik. — E o seu batom está borrado — afirma virada para
mim.
Erik olha para a camisa e fecha o terno para escondê-
la.
— Posso explicar sobre isso, eu que…
— Agora não é hora de conversar sobre isso, mas é
certo que teremos uma conversa — ela pronuncia o
interrompendo, antes de voltar a sentar e abaixar a cabeça,
visivelmente preocupada com meu pai.
Olho para Erik com o coração pesado, eu sei que a
culpa é tão minha quanto dele. Finalmente, o médico
retorna, com uma expressão mais tranquila.
— Vocês podem vê-lo agora. Apenas mantenham a
calma e evitem falar sobre qualquer coisa que possa causar
estresse — diz ele, gesticulando para que o sigamos.
— Entendeu, Rebeka? Não fale nada que possa causar
estresse no seu pai — minha mãe fala sem me olhar nos
olhos.
25

Erik Delacroix
Entro no quarto onde Oscar está, ele abre um sorriso
para Alissia, que chora o abraçando.
— Eu estou aqui, não precisa chorar — ele diz com um
tom divertido mesmo estando em um quarto de hospital.
— Você me assustou, Oscar — Alissia diz ainda
abraçada a ele.
Rebeka morde os lábios apertando as próprias mãos.
Sei exatamente o que se passa na cabeça dela, só de ver os
seus olhos preocupados, que encontram os meus por breves
segundos.
— Papai, o médico disse que precisa descansar. — Ela
se aproxima se juntando à mãe.
— Se eu descansar, quem vai cuidar de vocês?
— Estamos bem grandinhas — Rebeka retruca com o
mesmo tom divertido que ele usa.
— Erik — ele fala me olhando dessa vez.
— Você me deixou preocupado.
— Vamos comprar café, voltamos logo — Alissia diz
saindo com Rebeka do quarto, nos deixando a sós.
— Oscar, você está com algum problema, além da
saúde? — pergunto quando elas saem do quarto.
— Problemas? Tenho muitos, Erik. Mas nada que eu
não possa lidar — ele responde, tentando sorrir.
— Sério, Oscar. Eu sei que algo está te incomodando.
Você pode me contar — insisto, ainda mais preocupado.
Oscar suspira, fechando os olhos novamente por um
momento antes de falar.
— É o estresse da editora, Erik. As finanças estão
melhorando, mas... Rebeka e Alissia... — ele hesita,
parecendo cansado. — Eu não quero que elas saibam. Elas
já têm tanto com que se preocupar.
Oscar sempre foi um homem orgulhoso, mas tem que
admitir que precisa de ajuda.
— Apenas a editora que te preocupa? — volto a
perguntar e ele suspira.
— A nossa casa está hipotecada.
— Estou aqui para te ajudar. Não hesite em pedir
qualquer coisa — falo, colocando a mão no seu ombro.
— Você já está fazendo muito pela editora que vai
indo bem graças a Deus.
— Onde está a dívida? Vamos quitá-la.
— De jeito nenhum, não vou mais aceitar dinheiro
seu.
— Você me paga com as mesmas prestações que
paga ao banco, vou te dar alguns meses para você respirar
e reerguer a editora.
— Não posso aceitar, Erik.
— Prefere deixar a sua família sem casa? Me passe as
informações que preciso e vou pagar a dívida. Agora relaxa
e se recupera, a sua esposa e filha precisam de você.
Rebeka retorna com a mãe que ainda me olha
atravessada. Olho para ela com um sorriso compreensivo,
me sentindo um adolescente em busca de aprovação para
namorar.
— Vou deixar você descansar, Oscar. Cuide-se bem —
eu digo, levantando-me para sair.
— Obrigado por vir, Erik — ele responde se
despedindo.
Dou uma última olhada para Rebeka que desvia os
olhos e assume o assento que eu estava, ao lado do pai
dela.
Saio do quarto, tirando o celular do bolso e ligando
para Simon que atende prontamente.
— Pois não, senhor? — pergunta ao atender.
— Preciso que verifique uma dívida de uma
propriedade para mim, não sei em qual banco está, vou te
passar o endereço para que você descubra.
— Farei agora mesmo, senhor.
— Obrigado, te mando por mensagem — digo
encerrando a ligação.

Chego em casa me sentindo frustrado, irritado pela


presença de Victoria, e culpado pelo Oscar, mesmo sabendo
que ele não está daquela forma por meu envolvimento com
Rebeka. Caminho até o andar de cima, e me tranco no
quarto, sentindo a minha cabeça latejar de dor e a raiva
fervendo dentro de mim. Jogo-me na cama, tentando pensar
em uma solução para afastar Victoria da minha vida.
Meu telefone vibra, me trazendo de volta à realidade.
Fico feliz em ver que é uma mensagem de Rebeka.
Rebeka: "Como você está? Meu pai está
descansando e parece melhor. E sobre a minha mãe, não se
preocupe, ela não vai contar ao meu pai até que ele se
recupere”
Respiro fundo antes de responder. Rebeka é uma
garota boa, que não faz ideia de tudo que o nosso
envolvimento trará. Se Victoria revelar o que aconteceu
antes, e as pessoas descobrirem o que tenho com a filha do
meu amigo, a minha carreira vai ficar abalada.
Erik: "Estou bem, Rebeka. Fico feliz que seu pai esteja
melhor. Estarei sempre aqui para você e vamos contar ao
Oscar no melhor momento."
Coloco o telefone de lado e fecho os olhos, tentando
encontrar um pouco de paz em meio ao caos. Sei que as
próximas semanas serão difíceis, mas quando que a vida foi
fácil para mim?
Ouço batidas suaves na porta acompanhadas da voz
de Maria do outro lado.
— O senhor tem visita na sala.
— Estou descendo, Maria, obrigado.
Desço rapidamente e encontro Victoria, sentada no
sofá como se fosse a dona do lugar.
— O que você está fazendo aqui, Victoria? Quem
permitiu a sua entrada? — pergunto, a raiva evidente em
minha voz.
— A casa também é minha, Erik. Lembre-se, foi a
única que ficou fora do inventário no divórcio — ela
responde, seu tom frio e calculista, me entregando um copo
de uísque. — Vamos, beba comigo.
Sinto o calor subir ao meu rosto. O cheiro do uísque
me irrita ainda mais. A minha respiração fica pesada,
sentindo a raiva crescer.
— Quanto você quer, Victoria? — pergunto, me
controlando para não fazer nenhuma besteira. — De quanto
dinheiro você precisa para desaparecer da minha vida?
Ela sorri, aproximando-se de mim com a mão sobre o
meu peito, o toque dela me enoja.
— Eu não quero dinheiro, Erik. Eu quero você — ela
sussurra com um sorriso debochado.
Meus pensamentos fervem. Nem que ela fosse a
última mulher restante na terra, eu iria querer.
— Você está muito confiante. Quem está com você?
Por que acha que pode vir aqui na minha casa me ameaçar?
Acha que eu me importo se você divulgar o que sabe?
— Devo contar que você leva a filha do seu amigo
dezenove anos mais nova para cama?
— O que você ganha com isso?
— Nada, mas você perde muito.
Minha paciência está no limite.
— Que diabos você quer, Victoria? Sinto nojo de você.
Eu nunca voltaria para você.
Ela ri, com o deboche de sempre.
— Problema seu, querido. Apenas me devolva meu
cargo de esposa. Estou cansada, quero apenas um marido,
uma casa e uma boa companhia para alguns eventos
sociais. O resto resolveremos com o tempo. Você nunca
resistiu a mim.
— Você está delirando. Nosso casamento acabou há
muito tempo. Não há nada que você possa fazer para mudar
isso.
Ela sorri novamente, um sorriso que não chega aos
olhos.
— Não seja ingênuo, Erik. Eu sei que você ainda sente
algo por mim. E sei que não quer que seus segredos
venham à tona. Vamos, aceite. Vai ser melhor para todos.
— Aceitar o quê, Victoria? Viver uma farsa com você?
Não me faça te jogar para fora desta casa.
Ela dá um passo para trás, ainda sorrindo.
— Você pode se enganar o quanto quiser, Erik. Mas
sabe que eu sempre consigo o que quero. E desta vez, não
será diferente.
— Eu nunca voltarei para você, Victoria. Nunca.
Ela dá de ombros, como se minhas palavras não
tivessem qualquer impacto.
— Veremos, querido. Veremos.
Enquanto ela se afasta, minha raiva só aumenta. Não
sei o que farei para me livrar dela, mas de uma coisa eu
tenho certeza: não vou ceder às suas exigências. Não desta
vez. Ela sai pela porta, deixando para trás o aroma
enjoativo do seu perfume e o som irritante dos seus saltos.
26

Rebeka Martinez

Estou encarando o teto do meu quarto, coberta até o


pescoço, ainda tentando ter coragem para me levantar da
cama e enfrentar mais um dia. A luz suave do sol da manhã
entra pelas frestas da cortina, mas não consegue iluminar a
escuridão dos meus pensamentos.
A porta do quarto se abre suavemente e vejo minha
mãe entrar, com uma expressão preocupada no rosto.
— Rebeka, querida, ainda não se levantou? — ela
pergunta, sentando-se na beirada da cama.
— Estou me sentindo cansada — respondo, tentando
sorrir, mas falhando.
Ela me olha, sabendo que há algo mais por trás da
minha aparente fadiga.
— Seu pai precisa de você na editora. Ele vai ficar uns
dias em casa, mesmo que ele não queira se desligar de lá —
ela diz, tentando manter a voz calma e encorajadora.
— Eu sinto muito que tenha descoberto sobre mim e o
Erik daquela forma — começo, mas ela suspira, levantando-
se. De costas para mim, ela apoia as mãos sobre a
penteadeira, olhando o reflexo no espelho.
— Como isso começou? — pergunta, ainda sem me
encarar.
— Fui eu que comecei — admito, minha voz baixa.
— Você? — ela então se vira, claramente surpresa
pelas minhas palavras.
— Eu gosto dele há bastante tempo, e fui eu que dei o
primeiro passo.
— Até onde isso foi? — sua voz está firme, mas sei
que ela está tentando manter a calma.
— Eu não sou mais virgem, mãe, se é isso que quer
saber, mas eu estou me cuidando, tomando remédio para
evitar uma gravidez.
Ela respira fundo, processando minhas palavras.
— O seu pai vai ter outro infarto se descobrir. Ele vê o
Erik como um irmão, e você é a menininha dele.
— E a senhora, o que acha? — pergunto, minha voz é
quase um sussurro.
— Preciso conversar com Erik e saber o que ele
pretende com você — ela responde, virando-se
completamente para me encarar.
— Estamos namorando, e ele disse que está
apaixonado.
Ela balança a cabeça, com um olhar triste nos olhos.
— Um homem correto assume as coisas, Rebeka, e
não esconde. Você é uma menina perto dele.
Antes que eu consiga falar algo, meu pai entra no
quarto, vindo até mim.
— Aqui estão os amores da minha vida — ele diz me
beijando e para ao lado da minha mãe em seguida. — Sei
que as coisas estão difíceis agora, mas precisamos ser
fortes. Vamos superar isso — ele diz, abraçando-a.

Erik Delacroix
Estou terminando de fazer meu café quando Maria
entra na cozinha, avisando que tenho visita. Com um
suspiro impaciente, vou até a sala, imaginando que seja
Victoria novamente. Mesmo que eu tenha dado ordens para
ela não entrar, sei que ela sempre ignora. Para minha
surpresa, quem está sentada na minha sala é Alissia,
observando tudo ao redor com curiosidade.
— Alissia? — pergunto, aproximando-me.
— Que bom que ainda te encontrei em casa. Espero
que tenha alguns minutos.
— Claro, já tomou café da manhã?
— Sim, comi algo antes de sair de casa, mas aceitaria
uma xícara de café.
— Vou pedir para minha funcionária nos servir. — Vou
até a cozinha e, em seguida, volto e me sento na poltrona
em frente a ela.
— Acho que sabe o motivo da minha visita — ela
começa, com uma voz que carrega mais preocupação do
que acusação.
— Sim, na verdade, eu ia te procurar — respondo,
minha voz falha um pouco por vergonha da situação.
— Não vim aqui te acusar de nada, ou exigir qualquer
coisa, embora eu imagine a decepção de Oscar quando
descobrir.
— Eu não tinha intenção de me envolver com a
Rebeka, simplesmente aconteceu. Pretendo conversar com
Oscar assim que ele estiver em condições para isso.
Ela abaixa a cabeça e toma um fôlego profundo, como
se buscasse forças para continuar a conversa.
— Ele mandou vocês viajarem juntos — ela fala com
decepção.
— Eu sei, e lamento profundamente por isso. Mas
quero que saiba que meus sentimentos pela Rebeka são
sinceros. Estou me abrindo para um relacionamento de
verdade após tanto tempo fechado para isso. Ela significa
muito para mim. Sei que minhas palavras podem não ser
suficientes agora, mas elas são sinceras. E tudo que posso
fazer é pedir desculpas por ter quebrado a confiança que
vocês depositaram em mim.
— Estou aqui como uma mãe que se preocupa
profundamente com a felicidade e segurança da sua filha —
ela responde, olhando nos meus olhos, buscando algum
sinal de verdade nas minhas palavras.
— Eu entendo perfeitamente sua posição — afirmo,
sabendo que com Oscar a conversa terá outro tom.
Depois de uma conversa longa e necessária, eu sigo
para o tribunal, perdido nos meus próprios pensamentos. Lá
vou eu, tentar montar um plano de fuga dessa bagunça que
criei. Como vou me livrar da Victoria sem causar um
desastre ainda maior? E, ainda mais importante, como faço
para manter a amizade com o Oscar depois de tudo isso?
27

Rebeka Martinez
Um mês depois...
Estou vendada e sentada no barco, tentando ignorar a
ansiedade de saber para onde Erik está me levando. Ele
insiste em surpresas, e eu odeio ser surpreendida.
— Erik, aonde estamos indo? Você sabe que eu odeio
surpresas! — pergunto, tentando arrancar alguma
informação dele.
— Odeia? — Ele gargalha — Confia em mim, você vai
adorar.
— Se isso envolver mosquitos, eu vou te matar —
brinco, e ele volta a gargalhar.
Finalmente, o barco para. Sinto Erik me ajudar a
descer, sua mão é firme e segura na minha. Quando ele
finalmente remove a venda dos meus olhos, eu fico
boquiaberta. Diante de mim está uma ilha deslumbrante,
com águas cristalinas e uma praia de areia branca.
— Uau! É lindo aqui! Como você descobriu esse lugar?
— pergunto, maravilhada.
— Tenho meus segredos. Bem-vinda à nossa ilha
secreta, senhorita! — Erik sorri, aquele sorriso encantador
que sempre derrete meu coração.
— Senhorita? Está tentando ser formal agora?
— Por enquanto, até a parte que eu tiro a sua roupa,
arranco a sua calcinha com a boca e te chupo inteirinha —
diz me abraçando e beijando os meus lábios com desejo.
Caminhamos pela praia de mãos dadas, e paramos
diante de uma mesa de piquenique perfeitamente montada
com flores, frutas frescas e uma garrafa de champanhe.
— Me deixe adivinhar, sem álcool — falo, com a
garrafa nas mãos.
— Estamos nos Estados Unidos, você ainda não pode
ingerir álcool. Eu sou um defensor da lei.
— Por favor, me leve a um lugar onde eu possa beber
com você, ou me dê só um pouco e me condene — brinco,
fazendo um biquinho que ele se inclina para beijar.
— Quero beber esse champanhe diretamente do seu
corpo — ele murmura e eu sinto a barba arranhar minha
pele de um jeito que me deixa excitada.
Sentamo-nos à mesa e começamos a desfrutar do
piquenique. Tudo parece perfeito até que ouvimos um som
estranho vindo dos arbustos.
— O que foi isso? — pergunto alarmada.
— Estamos cercados por uma mata, devem ter
muitos bichos por aqui.
— Erik! — meu tom soa histérico e ele ri.
— O único bicho que vai te atacar sou eu, e você nem
vai poder escapar — ele diz, me fazendo rir novamente.
— Sabe, sempre imaginei que um juiz fosse sério e
sisudo — brinco. — Mas você é a pessoa mais engraçada
que conheço.
— Eu guardo meu lado sério para o tribunal. Com
você, posso ser apenas eu mesmo. E quando falo que posso
ser eu mesmo, sou completamente eu. Sem medo de me
abrir, e sentindo que posso voltar a amar.
— Amar? — Sinto as minhas bochechas queimarem e
o meu estômago se revirar de tanto nervosismo.
— O que você sente por mim? — ele pergunta se
aproximando mais, e me abraçando. O vento do fim de
tarde está me fazendo congelar. Ele coloca um cobertor ao
nosso redor, me puxando para mais perto.
— Eu amo você — digo, e vejo os olhos dele
brilharem.
— Lembra do nosso primeiro encontro? — ele
pergunta alisando os meus cabelos.
— Como poderia esquecer? Achei que um homem tão
maduro e bem-sucedido nunca se interessaria por mim.
— Você forçou a barra. — Ele gargalha beijando o meu
rosto.
— E você bem que gostou.
— Você foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu só
espero que a gente possa contar para o Oscar e que fique
tudo bem, eu vejo o seu pai como um irmão.
— Podemos não falar sobre isso agora? A mamãe já
disse que vai nos ajudar, assim que o meu pai estiver com a
saúde estabilizada.
— Você não escreve mais contos? — ele pergunta
mudando de assunto e eu o olho com um sorriso malicioso.
— Devemos acender uma fogueira e em vez de
contar história de terror, contar contos eróticos?
— Vou fazer a fogueira e você fica com os contos, mas
poderíamos nos sentar na sala em frente à lareira daquela
pequena casa ali. — Ele aponta para a mansão mais atrás.
— Eu topo — respondo imaginando quais dos
inúmeros contos que fiz pensando nele eu vou revelar
agora. — Me prometa que irá ouvir a história até o final. —
falo quando estamos caminhando em direção à casa,
magnífica que nos espera. Nunca imaginei que um lugar tão
lindo pudesse existir.

Erik Delacroix
Fico observando Rebeka deitada próxima à lareira,
apenas de calcinha, comendo morangos enquanto bebe o
champanhe. O brilho das chamas dança sobre sua pele,
evidenciando as suas curvas maravilhosas. Eu jurei que
nunca mais amaria de novo, mas é impossível resistir a ela.
Ela é a tentação que me consome.
— Não está mais com frio? — pergunto me deitando
ao lado dela.
— Não, está bem quente por aqui — responde com
malícia.
Ela me olha com aqueles olhos travessos, sabendo
exatamente o quanto sou louco por ela. Rebeka desliza um
morango entre os lábios, mordendo-o lentamente e
deixando um vestígio de suco vermelho escorrer pelo canto
da boca.
— Você vai ficar me observando o tempo todo ou vai
se juntar a mim? — ela provoca, com um sorriso malicioso.
Sou incapaz de resistir. Rebeka se estica, oferecendo
um morango entre os dedos.
— Quer um? — ela pergunta, mas sei que não é o
morango que estou desejando.
Aproximo-me, tomando o morango de seus dedos,
mas em vez de comê-lo, deixo-o cair no chão. Nossos
olhares se encontram e, em um movimento rápido, puxo-a
para mim, aproximando a minha boca dos seus lábios com
um beijo cheio de desejo. O sabor doce do morango ainda
está em sua boca, misturando-se com o sabor do
champanhe.
Ela geme suavemente contra meus lábios, suas mãos
deslizando pelas minhas costas, puxando-me para mais
perto. Minhas mãos exploram seu corpo, sentindo cada
curva, cada linha de sua silhueta. A calcinha fina é uma
barreira mínima entre nós, e a sensação de sua pele contra
a minha é intoxicante.
— Erik... — ela murmura, entre beijos, seu corpo se
arqueando contra o meu.
As minhas mãos deslizam pelas suas coxas e puxam a
lingerie para baixo. Ela treme sob meu toque, seus olhos
fechados, entregando-se completamente ao momento.
Desço meus lábios pelo seu pescoço e sinto o sabor salgado
da sua pele misturado com o doce do champanhe que
acabo de derramar sobre ela. Ela suspira, seus dedos se
enterram nos meus cabelos e puxam-me para mais perto.
Com os meus dedos eu decoro cada parte do seu corpo,
memorizando cada curva. É estranho voltar a me sentir
assim, mas devo admitir que dessa vez é diferente, e eu
não estou com medo de afirmar que a amo. Se é cedo? Eu
não acho, após anos me envolvendo apenas pelo desejo e o
prazer do sexo. Sei exatamente que agora é diferente.
— Você é deliciosa, sabia? Estou louco para te foder
bem gostoso — sussurro, vendo a pele dela se arrepiar sob
meu toque.
— Então me fode — diz ela em um gemido, seus olhos
cheios de desejo.
Um sorriso satisfeito surge nos meus lábios enquanto
eu me movo sobre ela. Minhas mãos percorrem suas coxas,
abrindo-as mais para mim. O meu pau lateja, com os
suspiros e gemidos que escapam de seus lábios.
Minhas mãos encontram seus peitos pequenos e
firmes eu os aperto e acaricio, provocando gemidos ainda
mais altos. Sinto o coração dela bater acelerado, pulsando
com a mesma intensidade do meu desejo.
— Você me enlouquece, Rebeka — afirmo, enfiando
dois dedos dentro dela. Ela geme contraindo o corpo. —
Você é uma diaba deliciosa — pronuncio enfiando os dedos
mais fundo, batendo na sua boceta em seguida. Chupo os
dedos, sentindo o seu gosto antes de tirar as minhas
roupas.
Entro nela lentamente, cada centímetro uma tortura
deliciosa. Rebeka geme alto, suas pernas se entrelaçam ao
redor da minha cintura, enquanto me puxam para mais
perto. Lambo o bico do seu peito até eles ficarem durinhos e
passo a chupá-los, um de cada vez.
— Me fode com mais força, Erik.
— Eu amo quando você fica assim louca e implorando
como uma diaba safada. — Ela sorri mordendo os lábios, e
em seguida volta a gemer gostoso, me deixando ainda mais
louco.
Enterro-me dentro dela com força, entrando de uma
vez.
— Caralho! Que boceta gostosa — rosno alucinado,
meu pau entrando gostoso dentro da sua boceta apertada.
— Você me deixa louca, Erik — ela sussurra, e eu a
puxo pela nuca, beijando a sua boca com loucura e posse.
Ela me vira subindo em mim se encaixando
lentamente no meu pau.
— Porra! Assim eu vou gozar logo. — Ela sorri,
cavalgando gostoso e rebolando a boceta apertada.
— Então goza gostoso.
— Você vai gozar primeiro. — Aperto as minhas mãos
em sua cintura e ela se esfrega em mim rebolando
alucinada, gemendo como uma diaba safada que ela é. —
Goza, minha gostosa. — Sinto o seu corpo estremecer, ela
grita meu nome, e eu não aguento gozando com ela,
sentindo a minha alma ser arrebatada. Ela se joga cansada
sobre mim, nossos corpos suados e o coração acelerado. —
Rebeka, eu te amo! — digo as palavras que ela tanto quer
ouvir de uma forma natural como se elas estivessem presas
implorando para sair. Ela sorri mais uma vez, seus lábios
encontrando os meus e eu não sinto mais medo de amá-la.
28

Erik Delacroix
Após retornar da ilha com Rebeka, onde passamos
apenas uma noite por conta de Oscar, estou aqui em um
evento da editora, tudo está decorado com elegância, luzes
suaves e mesas adornadas com flores frescas. O evento foi
ideia de Rebeka e eu gostei, já que precisamos evidenciar o
nome no mercado editorial. Eu e ela decidimos manter uma
distância segura para não levantar suspeitas sobre nosso
relacionamento, embora isso seja uma merda, a qual eu
quero resolver assim que possível, e mostrar a todos que
ela é minha e eu sou dela. Não suporto mais vê-la ao lado
de Caio, rindo e conversando animadamente. Tento me
concentrar nas conversas ao meu redor, mas meus olhos
sempre voltam para ela.
Oscar se aproxima de mim com uma taça de vinho na
mão, um sorriso descontraído no rosto.
— Erik, você parece perdido em pensamentos — ele
comenta, dando um leve tapa nas minhas costas.
— Apenas apreciando o evento, Oscar — respondo,
forçando um sorriso.
Ele segue meu olhar até Rebeka e Caio. A visão dos
dois juntos me deixa irritado, eu estaria segurando a mão
dela agora se pudesse.
— Sabe, sempre achei que Rebeka e Caio formariam
um ótimo casal — ele diz, casualmente. — Eles sempre
foram próximos, como irmãos. Mas, ultimamente, tenho
percebido algo diferente.
Reviro os olhos com o comentário bebendo de uma só
vez o uísque do meu copo. Que porra de mania de querer
empurrar a menina para esse moleque.
— Ah, é? — pergunto, tentando manter a voz neutra,
mas o ciúme começa a me incomodar.
— Sim. Vejo Rebeka suspirando ao telefone, e sei que
ela gosta de alguém. Ela já está na idade para isso, certo?
— Oscar continua, como se ela ainda fosse uma criança que
ele está lutando para não ver crescer. — E Caio sempre foi
tão bom para ela. Com a chegada de Lucas, notei que ela
ficou próxima dele também. Mas algo me diz que é Caio
quem realmente ocupa os pensamentos dela.
— Caio é um bom rapaz e você o conhece — digo,
tentando soar indiferente — É gratificante quando
entregamos o que mais amamos nas mãos de alguém que
confiamos.
— Ele é, sim. Seria bom vê-los juntos. Rebeka precisa
de alguém que a trate bem, Caio e July sempre foram como
filhos para mim — Oscar continua, sem perceber o quanto
esse assunto me deixa irritado.
Olho para Rebeka, que agora está rindo de algo que
Caio disse. A visão me enfurece, mas tento manter a
compostura.
— E você, Erik? Alguma novidade sobre a mulher que
você queria dar a pulseira? — Oscar pergunta, mudando de
assunto.
— Estamos juntos, eu vou apresentá-la a você assim
que possível.
— Juntos? Mas é sério? — ele pergunta incrédulo.
— Muito sério — respondo pegando outro copo de
uísque tentando desviar a minha atenção de Rebeka.
— E a Victoria? Como as coisas estão com o retorno
dela? — ele pergunta me surpreendendo com a mudança de
assunto.
— Estou ignorando este fato, embora ela esteja
empenhada em se reerguer da lama em que entrou. Não
sou o banco dela. E eu estou, de fato, empenhado em fazer
a mulher com quem estou feliz.
— Estou começando a acreditar que é sério. Ela deve
ser madura para entender a sua relação com a Victoria.
Oscar dá um gole em seu vinho, enquanto acena para
alguns autores que chegam.
— Não existe relação entre mim e Victoria, ela sabe
disse, foi complicado nos primeiros dias, mas aos poucos
fomos nos acertando.
— Preciso falar com alguns dos nossos autores,
marque para me apresentar a sua namorada, vou adorar
conhecê-la — ele diz, antes de se afastar.
Fico ali, sozinho, tentando processar tudo. Rebeka e
Caio continuam conversando, e não consigo tirar os olhos
deles.
Espero um momento oportuno, me aproximo
discretamente de Rebeka e sussurro:
— Está se divertindo?
— Sim, o evento está perfeito
— Oscar acabou de me dizer que acha que você está
apaixonada por Caio — murmuro e ela ri suavemente,
tocando meu braço.
— Isso é bom, não é? É a prova de que ele não
desconfia de nada.
— Mas você está sempre perto dele, rindo,
conversando... — minha voz falha, revelando a insegurança
que tento esconder.
— Eu faço isso porque somos amigos, e porque
precisamos manter as aparências. Mas você sabe que é
você quem eu amo — ela responde, olhando profundamente
nos meus olhos.
— Eu não aguento mais fingir e ter que ficar longe de
você.
— Beka, vem aqui. — Respiro fundo ouvindo o
chamado de Caio e ela sorri para mim se despedindo.

Chego em casa e, com um gesto impaciente, jogo


meu terno de lado e começo a abrir a camisa. Jogo-me no
sofá, encarando a parede enquanto tento processar os
eventos do dia. Meu telefone vibra no bolso, e ao ver o
nome de Victoria na tela, torço o nariz. Ela é irritante e
parece não desistir.
— O que você quer? — pergunto, atendendo a
chamada sem paciência.
— Você está em casa? — O tom dela é mais de
surpresa do que curiosidade.
— Acabei de chegar — respondo, levantando-me e
indo até o bar para pegar uma garrafa de uísque.
— Deixe-me adivinhar, você deve estar jogado no
sofá, bebendo uísque direto da garrafa, enquanto imagina o
que sua garotinha está fazendo com os amigos da mesma
idade que ela — Victoria provoca, com sarcasmo.
Sinto meu sangue ferver com as palavras dela.
Respiro fundo, tentando manter a calma, mas a imagem
que surge na minha mente é insuportável. Dou um gole
longo no uísque, sentindo o líquido quente descer pela
minha garganta.
— O que você quer? — pergunto, irritado.
— Quero você. E se isso significa que preciso eliminar
a concorrência, eu o farei — ela responde, gargalhando do
outro lado.
— Isso não é um jogo para você manipular. Pedi para
o Simon negociar as propriedades que você perdeu, vou
devolver algumas para você. Volte para a Carolina do Norte.
— Você voltará comigo, e voltaremos a ser o que
éramos antes.
Fecho os olhos por um momento, tentando não deixar
a raiva me consumir. Preciso encontrar uma maneira de
lidar com Victoria sem deixar que ela destrua o que tenho
com Rebeka. Contar a Oscar é algo que já percebi que ela
não fará, afinal é a carta coringa que ela tem para jogar e
ela não vai usá-la antes de tentar as outras.
— Preciso desligar, estou cansado Victoria.
— Preparei um presente para você, espero que
aprecie — ela diz encerrando a ligação.
Jogo o telefone de lado. A única coisa que eu preciso é
que Simon ache algo que me dê vantagens sobre ela. Mas a
infeliz não deixa pontas soltas.
29

Rebeka Martinez

Reviro-me na cama, criando coragem para me


levantar. Releio as mensagens que troco com Erik, sentindo
meu coração bater mais rápido como se as lesse pela
primeira vez. Estar apaixonada por ele é como sempre
imaginei que seria: cada minuto ao seu lado passa
lentamente, e cada segundo juntos é precioso. A voz dele
me acalma de uma forma que não consigo explicar,
trazendo uma paz que nunca senti antes.
Finalmente, decido que é hora de me levantar. Tomo
um banho rápido, a água quente me ajuda a despertar
completamente. Escolho uma roupa confortável, já que
tenho um dia cheio pela frente na editora. Enquanto estou
me arrumando, meu telefone vibra com uma mensagem de
Erik.
Erik: Bom dia, dormiu bem?
Rebeka: Não é fácil dormir com você invadindo os
meus sonhos.
Erik: Acho que deveríamos dormir juntos para acabar
com esse problema.
Rebeka: Estou sonhando com esse dia.
Erik: Enquanto ele não chega, podemos tomar café
juntos perto do tribunal?
Um sorriso involuntário surge nos meus lábios. Não
importa quantas vezes nos encontremos, a ideia de vê-lo
sempre me deixa animada.
Rebeka: Claro! Estarei lá em 30 minutos.
Erik: Até logo, minha linda.
Termino de me arrumar e desço para a cozinha,
pegando um pedaço de torrada antes de sair.
— Não vai fazer uma refeição decente? — minha mãe
pergunta quando já estou na porta.
— Vou comer na faculdade, mãe, obrigada —
respondo fechando a porta atrás de mim em seguida.
A caminho do café, meus pensamentos estão em Erik,
na maneira como ele me olha, como me toca, como me faz
sentir segura e desejada. Eu não quero que isso acabe
nunca. Chego ao café e o vejo sentado em uma mesa no
canto, com uma expressão concentrada enquanto revisa
alguns documentos. Ele levanta os olhos e sorri ao me ver.
— Bom dia! — ele diz, levantando-se para me
cumprimentar com um beijo suave na testa.
— Bom dia! Como está? — pergunto, sentando-me à
frente dele, desejando poder enchê-lo de beijos.
— Melhor agora que você está aqui — ele responde,
segurando minha mão por um momento antes de fechar a
pasta com os documentos.
Ficamos conversamos sobre nós dois, sobre a editora
e sobre o tribunal. É um momento tranquilo, apenas nós
dois, aproveitando a companhia um do outro. Raramente
falamos dos nossos obstáculos ou da Victoria, que eu sei
que ainda insiste em voltar para ele. É sempre um momento
nosso como se apenas nós dois existíssemos. Não sei se é
algo bom ou ruim, se estamos apenas ignorando tudo a que
deveríamos estar atentos, ou se apenas fingimos esquecer
tudo pelo menos nos poucos momentos em que
conseguimos ficar juntos. De repente, vejo a expressão de
Erik mudar instantaneamente. Ele fica pálido, quase
petrificado e acompanho o olhar dele que estão fixos em
algo atrás de mim.
— Erik? — Uma mulher se aproxima de nossa mesa. —
Quanto tempo!
A mulher é alta, elegante e tem um sorriso que não
alcança os olhos. Sinto uma pontada de ciúme e
insegurança ao ver a reação de Erik.
— Amanda? — ele pergunta e eu observo a reação
assustada dele.
— Soube que você está no tribunal agora. Estou
trabalhando como advogada, Victoria me indicou para uma
vaga nesse escritório ao lado do café. Nossa, que
coincidência te encontrar aqui.
Coincidência? Será mesmo? Não acho que seja
coincidência se tratando de alguém que conhece a Victoria.
— Sim, estou no tribunal. Bom ver você, Amanda —
ele responde, forçando um sorriso.
— Acho que vamos nos ver com bastante frequência,
tenho alguns casos que serão julgados no tribunal em que
você trabalha. — Ela então desvia os olhos que antes
estavam concentrados em Erik para me olhar. — É sua
sobrinha? — pergunta olhando para mim.
— Não, é a filha de um amigo, ela estuda aqui perto.
Filha de um amigo? Sim, eu sou, mas acho que não
me importo que ela saiba que sou mais que isso.
— Rebeka — falo me apresentando.
— Uma fofa. Muito prazer, querida. — Aceno com a
cabeça sorrindo para ela que olha o relógio no pulso. —
Bom, eu só vim comprar um café, espero te ver novamente
Erik — diz se afastando e assim que ela cruza a porta de
saída, olho para Erik, tentando ler suas emoções. Ele parece
tenso, preocupado.
— Quem era ela? — pergunto, e não tento esconder
minha curiosidade.
— Uma antiga conhecida, nada importante — ele
responde, desviando o olhar.
Seus olhos não encontram os meus, e sinto que ele
está escondendo algo.
— Antiga conhecida? Vocês pareciam bem próximos —
insisto, esperando uma explicação mais convincente.
Erik respira fundo, claramente desconfortável.
— Amanda e eu nos conhecemos quando eu ainda era
promotor e Victoria era a minha assistente. Não nos vemos
há um bom tempo, só isso — ele diz, mas seu tom não é
convincente.
— E Victoria a indicou para uma vaga? Elas devem ser
bem amigas — comento, tentando entender a ligação entre
todos.
Erik franze a testa, parecendo pensativo.
— Não se preocupe com isso, Rebeka. É apenas uma
coincidência — ele afirma, mas minha intuição diz o
contrário.
— Coincidência ou não, parece que ela ainda mexe
com você — digo, desconfiada.
Ele segura minha mão alisando o dorso em seguida.
— Você não tem com o que se preocupar, Rebeka.
Conheço muitas pessoas, nem todas me trazem boas
lembranças, e está tudo bem. Isso não é nada que possa
afetar nós dois.
Termino meu café em silêncio, meus pensamentos
girando em torno da tal Amanda e do desconforto evidente
de Erik.
— Quer que eu te deixe na faculdade? — ele pegunta
me puxando para um abraço apertado já do lado de fora do
café.
— Não precisa.
— Eu amo você, minha diaba — ele sussurra em meu
ouvido
— Eu também te amo — respondo, segurando-o com
força.
Chego à faculdade ainda pensando na tal Amanda e
na reação de Erik. A dúvida de saber quem ela é, de fato,
persiste. Encontro July no corredor, e ela percebe
imediatamente que algo está errado.
— De onde você está vindo? Por que e stá com essa
cara? — ela pergunta se aproximando.
— Eu estava tomando café da manhã com Erik.
— Então, como foi o café com o seu príncipe
encantado? — ela pergunta com um sorriso divertido.
— Foi bom, até uma mulher do passado dele aparecer
— respondo, sentindo a frustração na minha voz.
— Mulher do passado? — ela pergunta, interessada. —
Ela é bonita? Quem era?
— Uma tal de Amanda, e sim, ela é bem bonita e bem
mais nova que ele. Erik disse que é uma antiga conhecida,
mas ele ficou tão estranho... — explico, tentando encontrar
lógica na situação.
— Você acha que ele está escondendo algo? — ela
pergunta, arqueando uma sobrancelha.
— Acho. E ela mencionou que foi indicada por Victoria
para um emprego em um escritório de advocacia perto do
tribunal. Tudo parece muito suspeito.
— Por que você não vai até o escritório onde ela
trabalha e pede conselhos jurídicos? Pode ser uma boa
oportunidade para sondar a situação — ela propõe depois
de uns segundos pensando.
— Você acha que isso funcionaria? — pergunto, um
pouco incerta.
— Não custa tentar. Além disso, se você for esperta,
pode descobrir mais sobre o passado dela com Erik — ela
responde com um sorriso.
A ideia começa a fazer sentido na minha cabeça. Se
eu for cuidadosa, posso conseguir informações sem levantar
suspeitas.
30

Erik Delacroix

Vejo Rebeka ir embora, sentindo uma onda de raiva


crescendo dentro de mim. Não consigo acreditar que
Victoria teve a audácia de envolver Amanda nessa história.
Respiro fundo, tentando manter a compostura enquanto me
dirijo ao tribunal.
Entro no meu escritório e bato a porta com força,
fazendo com que o som ecoe pelas paredes. Aperto os
punhos, tentando controlar a raiva que ameaça me
consumir. Não posso deixar que Victoria destrua tudo o que
construí, muito menos meu relacionamento com Rebeka.
— Simon! — grito, minha voz reverberando pelo
corredor. Meu assistente aparece na porta segundos depois.
— Sim, senhor? — ele pergunta, entrando
rapidamente na sala.
— Já encontrou algo contra a Victoria? — pergunto,
ofegante, tentando manter minha voz sob controle.
Simon hesita por um momento antes de responder.
— Ainda estamos trabalhando nisso, senhor. Ela é
esperta, mas estamos levantando algumas informações que
podem ser úteis — ele diz, tentando manter a calma.
— Isso não é rápido o suficiente, Simon! — grito,
sentindo a minha respiração ficar cada segundo mais
pesada — Victoria quer foder com a minha vida, e eu não
vou permitir isso! Ela está jogando sujo, envolvendo
pessoas do meu passado para me manipular.
— Entendo, senhor. Vamos acelerar o processo. Vamos
encontrar algo que possamos usar contra ela — ele promete
visivelmente desconfortável com a minha explosão, mas
mantém a compostura.
Caminho de um lado para o outro, como se isso
pudesse me acalmar. Minha mente está girando com todos
os possíveis cenários em que Victoria pode tentar me
destruir. Não posso permitir que ela vença. Eu estou bem e
feliz com Rebeka.
— Ela já passou dos limites. Preciso de algo concreto,
algo que a coloque fora de jogo de uma vez por todas —
rosno, minha voz ainda cheia de raiva.
— Vamos focar em todas as áreas possíveis, senhor.
Há sempre algo que alguém como Victoria tenta esconder —
ele diz, anotando algo em seu caderno.
Paro de andar e olho para ele, tentando acalmar a
respiração.
— Ótimo. E mantenha-me informado sobre qualquer
novidade. Não posso perder Rebeka por causa das jogadas
sujas da Victoria.
Dispenso Simon que sai rapidamente, deixando-me
sozinho no escritório. Sento-me à minha mesa, sentindo a
raiva tomar conta de mim. Suspiro, tentando organizar
meus pensamentos. Victoria sempre soube os meus pontos
fracos, mas não vou deixá-la destruir o que tenho com
Rebeka.
Rebeka Martinez

Vou para a editora assim que saio da faculdade e me


surpreendo ao encontrar Erik sentado na sala do meu pai.
— Boa tarde! — ele diz assim que eu entro. Ele tenta
passar tranquilidade na voz, mas de longe os seus olhos
transmitem o que ele deseja. Eles parecem o mar em noite
de tempestade.
— Boa tarde! — respondo com um sorriso. —
Desculpa, pai, não sabia que estava ocupado — falo,
colocando a minha bolsa sobre a minha cadeira.
— Estamos falando sobre a editora, sente-se. O que
você acha da nova proposta para os autores? — meu pai
pergunta, indicando a cadeira ao lado de Erik.
Sento-me, tentando ignorar o calor que sinto ao estar
tão perto dele. Cada vez que ele fala, sua voz grave faz meu
coração bater mais rápido. Ele está claramente tentando
manter a compostura, mas algo nos seus olhos me diz que
ele está desesperado.
Após algum tempo, meu pai recebe uma ligação
importante e precisa sair da sala, deixando-me a sós com
Erik. Assim que a porta se fecha, Erik se levanta parando ao
meu lado, sua expressão tensa e ansiosa.
— Como foi a aula? — ele pergunta, aproximando-se
mais. Seus olhos não desviam dos meus, e posso ver a
preocupação neles.
Levanto-me, ficando de frente para ele, mas recuo
com medo de que o meu pai entre na sala.
— Foi tudo igual, como todos os dias.
— Você disse que não poderia ir me encontrar lá em
casa quando te liguei, fiquei preocupado imaginando que
estivesse acontecendo alguma coisa — diz, tentando
alcançar a minha mão e quando consegue ele a segura com
firmeza. — Vamos conversar com o seu pai sobre nós dois.
— Ele me puxa para mais perto, seus braços envolvendo
minha cintura. — Eu preciso de você, Rebeka. Mais do que
nunca — ele murmura, sua respiração quente contra a
minha pele.
Sinto um arrepio percorrer meu corpo enquanto ele se
inclina e seus lábios encontram os meus. O beijo cheio de
posse, cheio de desespero e paixão. Minhas mãos sobem
até os seus cabelos, puxando-o para mais perto conforme
nos perdemos um no outro.
— Erik... — sussurro entre os beijos, sentindo minha
respiração acelerar. — O meu pai vai voltar — falo, mas ele
parece não se importar, seus beijos descem pelo meu
pescoço, e sinto seu desejo crescer a cada toque.
— Eu não quero mais esconder o que sinto por você —
ele diz, a voz rouca.
Seus beijos se tornam mais urgentes, suas mãos
exploram meu corpo com uma necessidade desesperada.
— Rebeka, você é minha — ele sussurra, mordendo
levemente meu lábio inferior.
— O meu pai vai voltar, Erik — aviso novamente me
afastando arrumando a minha roupa tentando me recompor.
— Vem para a minha casa hoje. Eu preciso de você —
ele murmura, a voz cheia de urgência.
Ele me beija novamente, mais devagar desta vez,
saboreando cada momento e nos afastamos rapidamente
quando a porta se abre de repente.
— Desculpe, eu bati na porta mais acho que… enfim,
eu vim deixar esses documentos, Rebeka. É sobre o projeto
que estamos trabalhando juntos — Lucas fala
desconcertado colocando as pastas sobre a mesa.
— Obrigada, Lucas — digo para ele que sai
rapidamente da sala. — Você acha que ele viu? — pergunto
preocupada.
— Não me importo, é bom que tenha visto, só assim
ele para de olhar para você te cobiçando.
Antes que eu possa responder, o meu pai entra na
sala com um sorriso animado, sequer nota o meu jeito
desconfiado.
— Você e o Lucas receberam um convite, para
apresentar o projeto de vocês em uma feira internacional de
livros — ele diz sentando-se à mesa. — Vocês vão no final
de semana. Já fiz duas reservas no hotel próximo ao evento.
Erik olha para o meu pai e depois para mim, vejo a
insatisfação gritando dentro dele.
31

Rebeka Martinez

Na manhã seguinte acordo ainda com a ideia de ir ao


escritório de advocacia e é isso que eu faço. Decidida a
seguir o conselho de July, vou até o escritório de advocacia
onde Amanda trabalha depois da aula. Entro no edifício
elegante, tentando me acalmar enquanto me aproximo da
recepcionista.
— Boa tarde. Se for possível, gostaria de falar com a
advogada Amanda.
— Quem devo anunciar? — ela pergunta com um
sorriso simpático.
— Rebeka Martinez — respondo com o mesmo sorriso.
Ela pega o telefone e informa sobre a minha presença
e em seguida me pede para esperar. Alguns minutos depois,
Amanda aparece, com um sorriso discreto, tentando
disfarçar a surpresa em seus olhos ao me ver.
— Rebeka, a filha do amigo de Erik, certo? — ela
pergunta, me reconhecendo do café.
— Sim. Gostaria de tirar algumas dúvidas, se você
tiver tempo — respondo, com um sorriso simpático.
Ela me conduz até seu escritório, onde começamos a
conversar.
— Então, Rebeka, como posso ajudá-la? — Amanda
pergunta, cruzando as mãos sobre a mesa.
— Eu estou pensando em mudar o meu curso para
direito e gostaria de alguns conselhos sobre áreas na
advocacia. Estou tentando decidir se realmente vale a pena
— digo, tentando soar natural.
— Ficarei feliz em ajudar. O que você tem em mente?
— ela pergunta, me olhando fixamente nos olhos.
— Estou pensando em direito empresarial ou direito
de família. O que você recomendaria? — pergunto,
observando cada movimento dela.
— Bem, ambos são campos desafiadores e
recompensadores. Eu comecei em direito de família, mas
agora estou mais voltada para o direito empresarial. Tudo
depende do que você mais se identifica — ela responde,
sorrindo.
Enquanto ela fala, tento ler nas entrelinhas. Penso no
que Erik mencionou sobre ela ser uma antiga conhecida e
em como Victoria está envolvida nisso.
— Entendo. E como você conheceu o Erik? Ele
mencionou que vocês se conheceram quando ele era
promotor, vocês foram colegas de trabalho? — pergunto e
ela sorri, sem parecer surpresa com a pergunta.
— Sim, eu o conheci na época em que era promotor,
mas nunca trabalhamos juntos, embora o nosso
envolvimento tenha me feito querer seguir essa carreira.
Eu quero perguntar que envolvimento, mas hesito e
noto o sorriso voltando a surgir em seus lábios.
— Vocês estão juntos? — ela pergunta sem rodeios.
— Sim, estamos — respondo sem cerimônias também.
— Então seja clara, o que quer saber? O tipo de
relação que tivemos? Bom, é exatamente o que você está
imaginando. Eu era jovem assim como você e ele um
promotor em busca de reconhecimento. Me apaixonei, ele
foi o meu primeiro homem. Erik é sedutor, galanteador, ele
sabe usar bem as palavras para envolver uma mulher,
imagina as meninas como você, e como eu era na época. Eu
não me arrependo de nada que vivi com ele, mas como
tudo na vida…. — Ela suspira dando de ombros. — Acabou,
com ele se envolvendo com a Victoria e se casando. No final
eu era uma menina sonhadora com um homem mais
maduro que deixou claro de início que nosso envolvimento
era casual até ir ficando sério, pelo menos na minha
cabeça. — Ela olha o relógio e se põe de pé. — Espero ter
tirado todas as suas dúvidas, agora eu preciso atender um
cliente. Boa sorte, Rebeka.
Fico sentada vendo-a sair com o seu salto ecoando
pelo chão. Erik deveria ter me contado sobre ela, e se não
contou é porque tem algo a esconder.

Erik Delacroix
Estou sentado no sofá, aguardando a chegada de
Rebeka. Ouço a porta se abrir e ela entra, tirando o casaco
colocando-o sobre o sofá próximo à entrada.
Levanto-me para cumprimentá-la. Tento beijá-la, mas
ela recua, me deixando confuso.
— O que aconteceu? — pergunto, esperando pelo pior.
Ela permanece em silêncio, seus olhos fixos no chão. —
Rebeka, por favor, me diga o que está acontecendo.
Ela hesita, mordendo o lábio inferior, lutando
visivelmente com seus pensamentos. Ela respira fundo e
olha para mim.
— Eu encontrei com Amanda — ela diz, com a voz
baixa, quase um sussurro.
Passo as mãos pelo cabelo, nervoso, esperando o que
virá depois.
— O que vocês conversaram? — pergunto, tentando
não parecer tão desesperado quanto me sinto.
— Ela me contou tudo, Erik. Sobre vocês terem ficado
juntos, sobre você ter tirado a virgindade dela dizendo que
seria algo casual, sobre as promessas que você fez para ela
— ela despeja as palavras de uma vez, me encarando com
um olhar que eu não conhecia.
Puxo o ar com força, tentando encontrar as palavras
certas.
— Eu deveria ter te contado sobre ela.
— Sim, no mesmo instante em que ela nos viu no
café.
— Estou me sentindo um adolescente, Rebeka, sem
saber como agir, me sentindo acuado depois de tanto
tempo. Me sentindo inseguro pela nossa diferença de idade.
Eu fico imaginando você acordando e me achando velho
para você, sem graça, e passando a ver as milhares de
opções que você tem.
— O que isso tem a ver com a Amanda?
— Nada, ela não é ninguém, é conosco que eu estou
preocupado.
Tento me aproximar dela, mas ela dá um passo para
trás, mantendo a distância entre nós.
— Parece que vocês viveram algo bem parecido.
— Rebeka, você está insinuando que estou enganando
você? — pergunto, minha voz falhando um pouco. — Onde
está a menina determinada, que estava pronta para tudo?
— Eu não sei o que pensar, Erik. Tudo isso está me
machucando. — Ela levanta os olhos para me encarar. — Eu
achei que conseguiria, mas eu estou apaixonada, e com
medo, de estar amando sozinha.
— Amanda foi testemunha-chave em um caso
importante para a minha carreira, eu não sabia nada sobre
isso até vê-la lá no tribunal sentada, eu não podia ficar com
ela, isso iria destruir a minha carreira — explico, tentando
desesperadamente que Rebeka entenda.
— Acho melhor conversarmos outra hora. Eu fiquei de
organizar algumas coisas para a viagem que vou fazer
amanhã — ela diz, sua voz fria e distante, claramente
querendo fugir da situação.
— Você não vai viajar com aquele moleque — meu
tom é possessivo, e eu seguro o braço dela com mais força
do que planejei.
Rebeka olha para mim, surpresa e um pouco
assustada. Solto seu braço rapidamente, percebendo meu
erro.
— Desculpe, não queria machucar você — digo,
tentando suavizar meu tom, mas ainda sinto a raiva e o
ciúme fervendo dentro de mim.
— Preciso de espaço para pensar. Essa viagem vai me
ajudar a clarear a mente — ela diz, massageando o braço
onde a segurei.
— Clarear a mente? Com Lucas? Você acha que isso
vai ajudar? — pergunto, tentando controlar a raiva, mas
falhando miseravelmente.
— Lucas é apenas um colega de trabalho. Você sabe
disso — ela responde, com um tom calmo.
— Um colega que está claramente interessado em
você! — exclamo, me deixando ser tomado pela raiva
novamente.
— Não vou discutir isso agora, Erik. Preciso ir — ela
diz, virando-se para sair.
Eu quero pará-la, fazê-la ficar, mas me encosto no
sofá assistindo-a sair. Pego o telefone e envio uma
mensagem para Simon.
Erik: Preciso que você faça uma reserva para mim em
um hotel e deixe tudo pronto para a viagem amanhã.
Ele responde rapidamente.
Simon: Amanhã o senhor tem um jantar com alguns
promotores.
Erik: Cancele.
Simon: O senhor cancelou na semana passada para
encontrar a senhorita Rebeka.
Suspiro impaciente antes de responder.
Erik: Deixe tudo pronto, vou assim que esse jantar
acabar.
Simon: Farei como me pede, senhor.
32

Rebeka Martinez
Mesmo com o sol brilhando no alto do céu, tudo
parece nublado. Nunca havia brigado com Erik antes, e a
sensação é horrível. Sinto como se tivesse perdido algo
valioso, e o pior é que me culpo por isso. Já li muito sobre o
assunto, sobre como tendemos a nos culpar pelos erros dos
outros. É algo que eu não posso simplesmente considerar
normal.
Ouço a buzina do carro de Lucas e corro para fora,
meu pai dá mil recomendações enquanto entro no carro e
eu aceno com a janela ainda aberta.
— Pronta para viajar com o melhor piloto de fuga? —
ele brinca dando partida no carro.
— Não se atreva, dirija com segurança — resmungo
torcendo o nariz.
— Calma, Beka, você está parecendo a minha mãe
falando assim. — Ele ri e eu faço uma careta.
Estamos a caminho de Delray Beach, uma cidade
próxima a Miami. Lucas fica em silêncio, o que é bom, já
que ele gosta muito de falar e eu tento manter meus
pensamentos longe da última conversa com Erik. Fecho os
olhos e coloco meus fones de ouvido, tentando me perder
na música. As batidas são altas, quase ensurdecedoras, mas
é exatamente disso que preciso agora.
Sinto o carro desacelerar, e ao abrir os olhos, vejo
Lucas me olhando com um sorriso no rosto.
— Por que parou? — pergunto baixando os fones.
— Eu gosto dessa música. Posso colocar para tocar no
carro? — ele pergunta, apontando para os meus fones.
Assinto, à medida que ele conecta meu telefone ao
sistema de som, e a música preenche o espaço ao nosso
redor. Por um momento, sinto-me relaxada, quase contente.
Mas então as palavras de Erik voltam à minha mente, me
fazendo sentir culpada por esses minutos de felicidade.
"Você é jovem, Rebeka. Um dia você vai perceber que
precisa de alguém da sua idade." Lembro-me das palavras e
olho para Lucas, que está dirigindo com um sorriso imenso
seguindo o ritmo da música, e me pergunto se Erik tem
razão.
— Você parece triste — Lucas comenta, tirando-me
dos meus pensamentos.
— Estou apenas cansada — minto, forçando um
sorriso.
Ele me lança um olhar cético, e sorri em seguida.
— Vocês brigaram? — ele pergunta olhando a
estrada.
— Do que está falando? — Sorrio de nervoso.
— Rebeka, eu sei que você e o Erik têm algo — ele
diz, sua voz suave.
Sinto meu coração acelerar. Penso em negar, mas por
quê? Lucas já sabe.
— É complicado, e também não é da sua conta —
admito, olhando pela janela.
— Calma, parece que estou te ameaçando, estamos
apenas conversando.
— Estou cansada de esconder, como se estivesse
cometendo um crime.
— Bom, crime não é, mas deve ser um saco viver com
um coroa. Vocês gostam das mesmas coisas? — ele zomba.
— Você me disse que eu te fiz lembrar a sua mãe,
então eu com certeza combino mais com ele do que com
um moleque que só fala asneira — respondo com um tom
irritado e ele gargalha.
— Já entendi, você não gosta que fale mal do seu
namorado mais velho.
— Acertou — respondo com um sorriso falso.
Ele não responde, apenas assente. O resto da viagem
é uma mistura de silêncio confortável e conversas leves.
Chegamos ao hotel, e ele estaciona o carro.
— Bem, aqui estamos — Lucas diz, saindo do carro.
Fazemos o check-in e descobrimos que nossos quartos
são um ao lado do outro. Subimos juntos no elevador, e ao
chegar ao andar, ele sorri.
— Se precisar de algo, estou logo ali — ele diz,
apontando para a porta ao lado da minha.
— Obrigada, Lucas — respondo, tentando sorrir de
volta
Entramos em nossos quartos e eu vou conhecer a
vista do meu, que é linda, mas não muito diferente de
Miami. Tomo banho e já fico vestida para o evento,
encarando o relógio esperando a hora passar. Abro a galeria
de fotos do meu celular e fico vendo as minhas imagens
com Erik, se ele estivesse aqui estaríamos aproveitando
melhor esse tempo vago até o horário do evento.
No horário marcado saio do quarto, e encontro o
Lucas bem-arrumado, encostado no parapeito do corredor,
olhando para baixo onde fica a recepção do hotel.
— Já ia bater na porta, você não fez nenhum ruído.
Fiquei preocupado.
— Não seja bobo, que tipo de ruídos você queria
ouvir?
— Não me faça esse tipo de pergunta. — Ele sorri
com malícia e eu dou um tapa leve em seu ombro. — Estou
brincando — diz erguendo os braços em rendição.
Ficamos esperando o momento de apresentar o nosso
projeto, confesso que estou nervosa, mas Lucas sorri
relaxado como se estivesse à vontade em um ambiente
com o qual ele já está acostumado e eu deixo que ele
conduza o início da apresentação até que eu me sinta mais
segura. Nosso projeto é bem recebido, e sinto um orgulho
imenso ao ver o sorriso de satisfação no rosto dele. Ele é
talentoso, e é bom estar trabalhando com ele nisso.
— Parabéns, Rebeka. Fizemos um ótimo trabalho —
ele diz, me puxando para um abraço.
— Sim, fizemos — respondo, me afastando
rapidamente.
— O que vai fazer agora? — ele pergunta com um
sorriso de quem quer aprontar.
— Vou para o meu quarto, estou terminando um livro.
— Mais um romance? Me diga que é um New adult,
por favor — ele fala sorrindo com as duas mãos juntas como
quem reza.
— É uma pena cortar o seu entusiasmo, mas é um
Age Gap. — Faço uma careta enquanto subo até o meu
quarto com ele me seguindo.
Entro batendo a porta com ele ainda parado no
corredor, me olhando como se só ele soubesse aproveitar a
vida e não demora para ouvir batidas na porta e ver Lucas
parado com uma garrafa de champanhe e duas taças.
— Vamos comemorar? — ele sugere, com um sorriso
travesso.
— Suma! — exclamo tentando fechar a porta, mas ele
impede colocando o pé.
— Não seja uma velha chata só por hoje — diz com
um tom divertindo invadindo o quarto e se jogando no sofá,
colocando as taças sobre a mesa de centro. — Devo pedir
sem álcool para você? — Torna a zombar, me deixando
irritada. — Vai me acompanhar ou não? — Ele ergue a taça.
— Por que não? — respondo, aceitando a taça que ele
me entrega.
Sento-me na ponta do sofá, afastada dele, sentindo
que isso é o certo a fazer. Aos poucos, vou ficando à
vontade em meio a conversas triviais e rindo enquanto o
champanhe vai desaparecendo da garrafa. Sinto-me mais
leve, mais livre, mas também um pouco alterada pelo
álcool.
— O amigo do seu pai tem sorte, você é linda — ele
diz, se aproximando.
— Também me sinto sortuda, por ter ele — respondo,
tentando manter o tom leve.
— Você não está acostumada a beber, não é?
— Ainda não posso comprar bebidas livremente.
Levanto-me, sentindo-me um pouco tonta, e me
inclino para pegar a garrafa de champanhe. De repente,
tropeço, derramando a bebida em Lucas.
— Oh, meu Deus, desculpa! — exclamo, tentando
limpar o líquido com uma almofada.
— Tudo bem, vou me limpar no banheiro — ele diz,
rindo e levantando-se.
Lucas entra no banheiro e ouço o som do chuveiro
sendo ligado. Alguns segundos depois, ele grita:
— Rebeka, acho que algo deu errado! Não consigo
fechar o chuveiro!
Corro até o banheiro e vejo Lucas tentando, em vão,
desligar a água. Acabo entrando na ducha também, e em
meio a risos e confusão, ambos terminamos completamente
molhados. A água continua jorrando, até descobrimos um
registro próximo à privada, mas é tarde já estou
encharcada.
— Vamos sair daqui! — digo, rindo, enquanto puxo
Lucas para fora do banheiro.
Ele sai primeiro, deixando rastros de água por todo o
chão. Pego uma toalha e começo a me secar, enquanto
Lucas faz o mesmo.
— Vou me secar no meu quarto — ele diz saindo, mas
logo retorna. — A chave está encharcada, não funciona
mais.
— Vou ligar para a recepção e pedir uma chave nova
para o seu quarto — digo, pegando o telefone.
Enquanto esperamos a recepção, nos secamos com
mais toalhas. Eu coloco um roupão, e Lucas fica sem
camisa, tentando secar os cabelos. Ouço batidas na porta e
corro para atender.
— Deve ser a recepção — digo, indo até lá.
Abro a porta e dou de cara com Erik. Ele está parado
na minha frente, olhando para mim em um roupão, e para
Lucas, que está sem camisa, ainda se enxugando atrás de
mim. A expressão no rosto de Erik muda instantaneamente,
e o seu rosto fica sombrio.
33

Erik Delacroix
Algumas horas antes...

Estou sentado em um jantar com os promotores,


tentando me concentrar na conversa ao meu redor. Mas
minha mente está longe, em Rebeka. A ideia de ela estar
viajando com aquele moleque me deixa inquieto. Olho para
o relógio no meu pulso, contando os minutos até poder sair
daqui. Em seguida, levanto os olhos para encarar Simon,
sentado no lado oposto da mesa. Eu não preciso dizer nada,
ele me conhece bem o suficiente para entender o que estou
pensando.
— Senhores — Simon começa interrompendo a
conversa que já saiu do lado profissional. — O senhor Erik
tem um compromisso amanhã bem cedo.
Agradeço mentalmente a ele por me ajudar a sair
daqui o quanto antes. Levanto-me, forçando um sorriso
enquanto me despeço dos presentes.
— Desculpem, mas preciso me retirar mais cedo hoje.
Foi um prazer — digo, forçando um sorriso.
Saio apressado do restaurante. A viagem até Delray
Beach não é longa, mas parece que cada segundo se
arrasta. Preciso ver Rebeka.
Sigo no carro em silêncio, meu motorista não costuma
puxar conversa, o que é ótimo. Os pensamentos correm
pela minha mente: a vontade de encontrar Rebeka, de
beijá-la, de senti-la. Finalmente, chego ao hotel e ele
estaciona o carro.
Caminho rapidamente até a recepção e pergunto pelo
quarto de Rebeka. A recepcionista me dá o número do
quarto e subo apressado pelo elevador. Quando chego ao
andar dela, bato na porta esperando ver um sorriso
surpreso nos seus lábios, mas a cena que vejo me faz
recuar no mesmo instante. Rebeka está de roupão, ainda
molhada, e Lucas está sem camisa, secando o cabelo. A
raiva e o ciúme tomam conta de mim, e minha expressão
muda instantaneamente.
“Que caralho!” minha mente grita. Não quero
acreditar que estou vivendo essa merda novamente.
— Erik... — Rebeka começa, mas a interrompo com
um tom frio e controlado.
— O que está acontecendo aqui? — pergunto, minha
mente girando, o meu coração acelerado. “Que porra!”
— Nada, foi um acidente — ela tenta explicar, mas
não consigo evitar a sensação de traição.
— Acidente? — repito, olhando fixamente para Lucas.
Por que ele está molhado e ainda sem camisa?
— Erik, não é o que parece. Foi um mal-entendido —
ela diz, tentando tocar meu braço.
Dou um passo para trás, evitando seu toque.
— Erik, você precisa acreditar em mim. Não
aconteceu nada — ela diz, olhando nos meus olhos.
— Você acha que é fácil acreditar nisso, Rebeka? —
respondo, lembrando-me de todas as vezes que eu quis
acreditar em Victoria. — Eu não deveria ter vindo Rebeka.
— Respiro fundo, passando as mãos pelo cabelo, tentando
encontrar onde eu errei de novo.
— Erik, por favor, espera — ela implora, dando um
passo em minha direção.
Dou as costas, começando a andar em direção ao
elevador. Ouço Rebeka tropeçar atrás de mim, e uma parte
de mim quer virar e ajudá-la, mas a dor e a raiva me
mantêm firme.
— Erik! — ela chama, a voz cheia de desespero.
Eu não resisto, virando-me para encará-la de cima.
— Só vou te dizer uma única vez, Rebeka. Estou farto
de vadias iguais a você. — Sorrio com amargura olhando
para ela caída no chão. — Era para ter sido como eu
planejei desde o início, uma foda, uma boceta que eu
comeria e descartaria como todas as outras, aproveitar a
sua boca me chupando, até eu enjoar da sua cara e te
trocar por outra que me chupasse melhor.
Ela se ergue do chão limpando os joelhos ralados e
manca dando um passo em minha direção.
— Vá para o inferno. Eu não sou uma vadia, ou
alguém que você pode usar e descartar — ela pronuncia
com raiva.
— Se realmente acredita no que diz, comece a
repensar antes de sair se oferecendo da mesma forma que
fez comigo.
— Se você for embora, Erik, não tem mais volta. Eu
nunca vou perdoar o que você me disse hoje. Você está me
ouvindo? — ela grita. — Você vai se arrepender do que está
fazendo e eu não vou te perdoar.
— Cuide-se, Rebeka — digo, voltando a virar as
costas.
Entro no elevador e aperto o botão para descer, me
sinto sufocado. Quando as portas se fecham, sinto uma
onda de desespero me atingir. Saio do hotel e entro no
carro, com as mãos tremendo, respiro fundo, tentando não
surtar.
Ao chegar em casa, entro e jogo o paletó no sofá.
Abro a camisa, tentando me livrar dessa sensação de
sufocamento. Vou até o bar e sirvo um copo de uísque,
esperando que o álcool amenize a dor. Mas não funciona. A
imagem de Rebeka com aquele moleque se forma em
minha mente e eu imagino mais do que vi. Sento-me no
sofá, enterrando o rosto nas mãos. Tudo o que posso fazer é
me perguntar onde errei.

Rebeka Martinez

Vejo o elevador fechar, e permito que as lágrimas que


antes queimavam os meus olhos caiam inundando o meu
rosto. Quem ele pensa que é para me humilhar dessa
maneira?
— Vem, Beka — Lucas diz, me segurando pelo ombro
enquanto manco, sentindo meu tornozelo doer.
— Me solta, Lucas — esbravejo entrando no quarto
sozinha mesmo sentindo a dor que queima não só o meu
pé, mas também a minha alma.
— Senhor, aqui está a chave. — Lucas olha para a
porta onde um funcionário está em pé com o cartão de
acesso ao quarto nas mãos.
— Obrigado — ele diz indo até ele, mas não vai
embora, ele fecha a porta atrás dele e retorna para mim,
mas antes pega gelo e enrola em uma toalha. — Vem, eu
vou cuidar disso. — Ele se ajoelha na minha frente apoiando
o meu pé sobre a sua perna e usa o dedo polegar para alisar
ao redor do local machucado. — A culpa foi minha,
desculpa.
— Sua? — Sorrio de forma amarga. — Se existe
alguém culpado aqui, sou eu, por insistir em estar com uma
pessoa que não me merece.
— Vocês podem conversar quando retornarmos
amanhã, posso falar com ele também….
— Lucas, eu vou seguir em frente e esquecer que ele
existe.
— E o seu pai?
— Ele não precisa saber que isso aconteceu.
34

Rebeka Martinez

Dois dias depois…

Revirar na cama esperando que o sono venha se


tornou comum, e isso me faz perder horas em frente ao
espelho, tentando esconder as olheiras. Minha mãe entra no
meu quarto e, para minha surpresa, não toca mais no nome
de Erik. Eu precisei implorar para que ela não contasse para
o meu pai sobre o meu envolvimento com Erik ou sobre a
forma que nós terminamos. Não quero pensar na decepção
que ele sentiria, nem quero vê-lo novamente em um
hospital.
— Se arrume mais rápido, Beka, ou vai se atrasar para
a aula — minha mãe diz, alisando meus cabelos.
— Eu já terminei. — Forço um sorriso, sentindo meu
coração rasgar cada vez que me esforço para erguer os
lábios.
Eu sou forte, eu suporto, vou sobreviver a mais um
dia. Venho repetindo esse mantra com amargura enquanto
encaro meu reflexo no espelho. Que diabos estou fazendo
com minha vida? Tenho 19 anos, tenho uma vida inteira
pela frente, um mundo de opções.
Solto os cabelos antes presos como alguém que está
de luto e aplico cores sobre meus olhos, desenhando um
batom nos lábios em seguida. Não quero mostrar o que ele
perdeu, ele sabe bem e não precisa ser lembrado. Preciso
apenas olhar mais uma vez para o meu reflexo e sorrir,
lembrando quem eu sou.
— Você vai conseguir, Beka — murmuro para mim
mesma, pegando minha mochila e descendo as escadas.
Minha mãe me observa com um olhar preocupado,
mas também com um traço de orgulho.
— Está linda, querida. Vai dar tudo certo — ela diz,
tentando me encorajar.
— Obrigada, mãe — respondo, dando-lhe um abraço
apertado antes de sair.
Assim que eu saio, vejo o carro de Caio, e July acena
para que eu entre. A viagem até a faculdade é como todos
os dias, com risos e planos para festas que eu nunca vou.
— Você parece melhor hoje — ela comenta, dando-me
um abraço assim que descemos do carro.
— Estou tentando, pelo menos — respondo, sorrindo
de leve.
As aulas passam lentamente, e apesar dos meus
esforços para me concentrar, em qualquer coisa que não
seja a imagem de Erik me humilhando daquela forma, eu
simplesmente fico retornando para o momento em que ele
despeja todas aquelas palavras me olhando de cima como
se eu não significasse nada. Durante o intervalo, July e eu
nos sentamos na cafeteria, e ela me observa com
curiosidade.
— Como você está de verdade, Beka? — ela pergunta,
séria.
— Ainda é difícil. Não consigo parar de pensar nele.
Mas estou tentando seguir em frente — confesso, brincando
com o meu suco de laranja.
— Você é jovem, Beka. Tem uma vida inteira pela
frente — July diz, tentando me animar.
— Eu sei. E vou sobreviver. Só preciso de tempo —
afirmo, mais para mim mesma do que para ela.
— Hoje você vai à festa comigo, chega de se
lamentar.
— Vamos deixar para o fim de semana.
— Beka, é só uma reunião de amigos, não vou aceitar
um não como resposta.
Suspiro, sabendo que não vou conseguir me livrar
dessa vez.
— Tudo bem, você venceu — digo dando um gole no
suco e ela sorri satisfeita.

Erik Delacroix
Estou na varanda com um copo de uísque na mão. A
noite está quieta, mas minha mente está tumultuada. Não
consigo pensar em muitas coisas e eu nem quero pensar em
nada que me faça lembrar a que ponto minha vida chegou.
A pouca paz que me resta acaba quando vejo o carro de
Victoria entrando na propriedade. Levanto-me, irritado, e
vou até a porta. A sua presença é indesejada e isso me faz
apertar o copo em minha mão até meus dedos doerem.
— O que você quer, Victoria? — pergunto, irritado.
Ela entra sem ser convidada, exibindo seu sorriso
debochado, me irritando ainda mais.
— Você fala assim com a única mulher que te
entende?
— Sai daqui antes que eu perca a paciência —
respondo, tentando manter a calma.
— Eu vim te consolar, Erik. Sei que está passando por
um momento difícil. Rebeka é apenas uma menina, você
merece uma mulher de verdade ao seu lado — ela diz,
aproximando-se com um sorriso falso e irritante colocando a
mão em meu peito.
— Victoria, apenas me deixe em paz, volte para
Carolina do Norte e viva a porra da sua vida.
— Vamos, Erik. Nós dois sabemos que pertencemos
um ao outro. Vamos voltar juntos, esquecer essa bobagem
com Rebeka. Ela nunca poderia te dar o que eu posso —
Victoria insiste.
Com um movimento brusco, afasto sua mão de mim,
derrubando o copo de uísque no processo. O vidro se
quebra no chão, mas não me importo.
— Eu disse para sair daqui! — grito, minha voz
reverbera pela sala.
Victoria dá um passo para trás, surpresa com minha
explosão, ela nunca me viu assim, nem mesmo quando a
peguei na cama com o nosso jardineiro. Mas ela logo se
recompõe.
— Erik, você está agindo de maneira irracional. Nós
temos uma história, uma conexão que você nunca terá com
outra mulher. Volte para mim, e tudo será como antes — ela
continua, tentando se aproximar novamente.
— Eu não quero mais nada com você! Você não passa
de um fantasma do meu passado, uma sombra que só traz
destruição.
— Talvez você entenda o quanto eu te amo, quando
todos virarem as costas para você. Oscar precisa saber o
que aconteceu, Erik, é justo, você deveria ser honesto, algo
que você não é nem com você mesmo.
Não respondo, cansado demais para me importar com
o que tiver que acontecer. Caminho até a janela, olhando
para a escuridão lá fora e me jogo no sofá, tentando
acalmar minha mente.
Victoria se vira e sai batendo os seus saltos no chão,
fechando a porta com força atrás de si.
Levanto-me pegando outro copo e enchendo de
uísque, a única coisa capaz de me confortar. O meu telefone
vibra com uma chamada de Oscar, mas uma que ignoro
como venho fazendo esses dias.
35

Erik Delacroix
Semanas depois….

Reúno coragem para ir até a editora, escolhendo um


horário que sei que Rebeka não estará lá. De todas as
pessoas nesse mundo, ela é a última que quero ver, não por
odiá-la, mas por amá-la de uma forma que ultrapassa todas
as minhas tentativas de negar sua importância em minha
vida.
Caminho diretamente para o escritório de Oscar,
minha mente dividida entre o que preciso dizer e o medo de
sua reação. Quando entro, vejo Oscar sentado à mesa, a
expressão de preocupação em seu rosto suaviza
momentaneamente ao me ver.
— Erik, finalmente. Eu estava preocupado. Não tenho
notícias suas há dias — ele diz, vindo me abraçar, e lá se vai
a minha pouca coragem de ser honesto com meu único
amigo.
— Eu sei, Oscar. Sinto muito por isso — respondo,
sentando-me na cadeira em frente à mesa. — Estive
tentando organizar minhas coisas. Estou planejando uma
viagem e vou deixar Simon responsável pela minha parte na
editora enquanto estiver fora.
— Uma viagem? Para onde? — ele pergunta, erguendo
uma das sobrancelhas.
— Peguei uns dias de folga, mas Simon vai cuidar de
tudo enquanto eu estiver fora. Ele é da minha total
confiança.
A porta se abre abruptamente e me viro para trás,
ficando surpreso ao ver Rebeka entrar com um sorriso largo
ao lado de Lucas. Ela paralisa na porta e o brilho no seu
rosto desaparece.
— Desculpa, eu deveria ter batido na porta — ela diz
com um tom baixo, quase um sussurro.
— Entre, Beka — Oscar diz sem perceber o nosso
desconforto. — Rebeka escreveu um novo livro, o melhor
que eu já li, estou organizando o lançamento dele, e vamos
distribuir nas lojas, a versão digital fez muito sucesso, e já
temos muitos lugares interessados em receber os livros.
— Meus parabéns, Rebeka — digo sem me virar para
encará-la.
— Obrigada — seu tom é seco, ouço risadas discretas
e me viro para olhá-la por cima do ombro, me arrependendo
depois de ver Rebeka e Lucas lançando olhares cúmplices
um para o outro.
— Eu preciso ir agora, Oscar. — Levanto-me
rapidamente, sentindo um peso enorme pressionando o
meu peito. Está difícil, mais do que deveria.
Rebeka Martinez

Saio da sala do meu pai, caminhando em direção ao


bebedouro, com Lucas ainda ao meu lado.
— "Sentença de um Coração". — Lucas lê o título do
livro em voz alta, um sorriso brincando em seus lábios. Meu
pai não tem ideia de que esse livro é inspirado na minha
própria história com Erik. Quando comecei a escrevê-lo,
esperava um final feliz, assim como dei à protagonista, mas
nem tudo são como nos livros de romance.
— Vou mandar um exemplar para o juiz — ele brinca,
com um tom provocador.
— Não seja babaca — respondo, dando-lhe um leve
tapa no ombro.
De repente, sinto uma leve tontura e me seguro no
balcão da copa, tentando manter o equilíbrio.
— Você está bem? — Lucas pergunta, preocupado,
mas com um brilho divertido nos olhos.
— Sim, só um pouco tonta — murmuro, tentando me
recompor.
— Hmm, tontura... Você não está grávida, está? — ele
brinca, rindo. — Meu pai é médico, e ele sempre diz que
esse é um dos primeiros sintomas. Foi assim com a minha
irmã mais nova. Minha mãe surtou, ela só tem dezoito anos.
— Lucas, não começa — respondo, revirando os olhos.
Mas no fundo, a possibilidade me assusta.
— Sério, Rebeka. Você tem sentido mais alguma
coisa? Enjoos, cansaço? — ele pergunta, agora um pouco
mais sério.
— Não... quer dizer, não que eu tenha notado — digo,
tentando afastar a ideia. — Deve ser só o estresse de tudo
isso.
— Bem, se precisar de alguma coisa, estou aqui. Se
você quiser, eu posso marcar uma consulta com o meu pai
— ele diz, colocando a mão no meu ombro de forma
reconfortante.
— Obrigada, Lucas. Não é nada de mais — respondo,
forçando um sorriso.
Mas enquanto bebo água, fico com as palavras de
Lucas martelando na minha cabeça. Será que poderia ser
verdade? Tento afastar o pensamento, mas ele continua
voltando à minha mente, me impedindo de me concentrar
em qualquer outra coisa durante o resto do dia.

Saio da editora e passo em uma farmácia para


comprar um teste de gravidez. A ideia parece absurda, mas
a tontura e os comentários de Lucas plantaram uma
semente de dúvida na minha mente. Entro na farmácia,
esforçando-me para parecer o mais casual possível. A
atendente sorri para mim, mas evito seu olhar enquanto
pego um teste de gravidez da prateleira e caminho até o
caixa.
— Só isso? — a atendente pergunta, ainda sorrindo.
— Sim, só isso — respondo, tentando não parecer
nervosa.
Ela escaneia o produto e eu pago rapidamente,
guardando o teste na bolsa. Saio da farmácia e caminho até
em casa. Quando chego, a primeira coisa que faço é ir
direto para o banheiro do meu quarto.
Fecho a porta, respirando fundo. Tiro o teste da
embalagem e sigo as instruções. O tempo parece se
arrastar enquanto espero o resultado. Sento-me na borda da
banheira, tentando não pensar no que vai acontecer se esse
teste der positivo. Finalmente, o tempo necessário passa e
eu aperto os olhos antes de abri-los para encarar o teste.
Duas linhas. Positivo. Meu coração acelera e eu paro de
respirar em choque e com medo. Coloco o teste de lado e
me levanto, olhando minha barriga no espelho.
— O que eu vou fazer agora? — murmuro para mim
mesma, sentindo um frio atravessar a minha espinha.
Arrasto-me pela parede e pego o teste de gravidez, ainda
sem querer acreditar, sentindo as lágrimas molharem o meu
rosto.
De repente, ouço a porta do banheiro se abrir, minha
mãe entra e franze o cenho, me vendo no chão em
lágrimas.
— Rebeka, o que aconteceu? — ela pergunta, se
ajoelhando apressada ao meu lado.
— Mãe, eu... eu estou grávida — digo, com a voz
trêmula.
36

Rebeka Martinez

Eu me reviro na cama vendo o dia nascer, meu


coração em pedaços não pela gravidez, mas pelo olhar
decepcionado da minha mãe. A imagem do rosto dela me
assombra, e já consigo prever a reação do meu pai. Não
posso mais continuar escondendo isso dele.
Pensei em várias formas de contar tudo ao meu pai, e
em todas elas, Erik está ao meu lado, me ajudando a
acalmá-lo. Parece a melhor coisa a fazer, contar a verdade e
esperar que Erik me apoie nessa tarefa. Mas, logo, sinto um
frio na barriga. Não estou pronta para encarar o Erik
novamente, não depois de tudo que ele me disse. Cada
cenário que imagino acaba com meu pai gritando,
decepcionado, incapaz de aceitar o que aconteceu.
Tomo um banho e me arrumo mais rápido do que
jamais pensei ser possível. Desço antes que minha mãe
comece a preparar o café da manhã, deixando apenas um
bilhete sobre a mesa: "Precisei sair mais cedo. Beijos,
Rebeka." Pego um pacote de torradas que está sobre a
mesa e saio, dirigindo-me à faculdade. Enquanto caminho,
envio uma mensagem para Caio, pedindo para que não
venha me buscar hoje. "Nos encontramos na faculdade,"
escrevo, enquanto chamo um táxi.
Faço um percurso diferente, parando em frente à casa
de Erik. Fico lá por um bom tempo, pensando se deveria
entrar e jogar na cara dele a notícia da gravidez. Afinal, o
filho não é só meu. Mas fracasso na minha tentativa de
reunir coragem e peço que o motorista siga para o campus.
Chego no horário normal e avisto July me esperando na
entrada.
— Onde você esteve? — ela pergunta assim que me
aproximo.
— Estava parada, deixando o taxímetro rodar
enquanto encarava a mansão de Erik.
— Beka! — ela me repreende.
— Estou grávida, July. E não me pergunte como isso
aconteceu, porque eu vinha tomando as pílulas
rigorosamente no horário.
— Grávida? — Ela coloca a mão na boca me
encarando com os olhos arregalados.
— Pois é. — Dou de ombros sentindo um nó se
formando na minha garganta
— Você precisa contar para ele. Provavelmente aquele
homem arrogante vai te dizer coisas que você não quer
ouvir, mas ainda assim você tem que arrumar coragem, e
nem quero ver quando o seu pai souber.
— Por isso estou considerando não contar ao Erik.
Talvez eu aceite a proposta do meu pai e viaje para a
França. Quem sabe lá eu não encontre um namorado que
ignore o fato de eu estar grávida? Ou posso criar esse bebê
sozinha. Também é uma boa ideia.
— Isentando Erik da responsabilidade dele? Fala sério,
Beka.
Respiro fundo, sentindo o meu coração pesar.
— Você precisa enfrentá-lo. Não só por você, mas pelo
bebê. Ele tem o direito de saber e de assumir sua parte
nessa responsabilidade — ela insiste.
— Eu sei, mas a ideia de encarar Erik agora... não sei
se consigo.
— Você é mais forte do que pensa, Rebeka. E lembre-
se, você não está sozinha. Eu estou aqui com você, sempre,
ainda mais agora que você vai me dar um sobrinho ou
sobrinha — ela diz, com um sorriso entusiasmado.
Suspiro, sentindo as lágrimas ameaçarem cair. Eu
estou na beira do abismo, e apenas um toque nas minhas
costas vai me fazer despencar.
— Obrigada, July. Eu vou precisar realmente de ajuda
para trocar fraldas, e dar banho — digo, tentando sorrir.

Erik Delacroix
Rejeito a milésima chamada de Victoria. Não temos
mais o que conversar. Estou farto dela e de suas
manipulações. Mesmo depois de lhe devolver algumas
propriedades que ela perdeu, sabe-se lá como, isso parece
pouco para recuperar minha paz. Cada ligação ignorada é
uma tentativa desesperada de manter a serenidade que ela
insiste em destruir.
Volto para casa, depois de um dia cansativo, querendo
apenas relaxar.
— Você já viu a questão da viagem, Simon? — indago,
descendo do carro com ele me acompanhando.
— Sim, senhor. Já verifiquei a reserva em um resort, e
cuidarei da editora até o seu retorno — ele responde com
eficiência.
— Perfeito. Você pode ir descansar, até amanhã.
— Posso falar algo antes? — ele pergunta, mexendo
no tablet.
— Fale — meu tom sai cansado e um pouco
impaciente.
— As imagens das câmeras de segurança hoje pela
manhã capturaram a senhorita Rebeka. Ela passou quase
quarenta minutos na frente da mansão — ele diz,
mostrando as imagens.
— Deve ter se arrependido do que fez. Agora é tarde
— meu tom é frio enquanto caminho até o bar, enchendo
um copo com uísque.
— Erik! — Ouço gritos vindos do jardim e saio
apressado, reconhecendo a voz de Oscar.
— Algum problema? — questiono assim que o
encontro se aproximando da porta.
— Filho da puta, eu confiei em você, eu sou um idiota!
— ele grita, jogando várias fotos que segura nas mãos. As
imagens flutuam pelo ar antes de alcançar o chão e eu me
vejo em todas elas ao lado de Rebeka.
— Eu não usei sua filha, Oscar, se é isso que está
pensando. Eu levei esse relacionamento a sério — tento
explicar, mas ele me encara com ódio.
Oscar não responde com palavras. Em vez disso,
avança para cima de mim, o punho cerrado. O primeiro soco
me atinge no rosto, e eu cambaleio para trás. Os
seguranças correm para intervir, mas eu ergo a mão,
indicando que não se envolvam.
— Não se intrometam! — ordeno erguendo uma das
mãos.
Oscar continua a me golpear. Eu não revido,
permitindo que ele desabafe sua raiva. Quando finalmente
cansa, ele cai de joelhos no chão, as lágrimas escorrendo
pelo rosto, inconformado.
— Você... você usou a minha filha... — ele murmura, a
voz quebrada pelo choro.
— Eu amava Rebeka, Oscar. Mas ela me traiu. Na
viagem com Lucas... ela me traiu — minha voz sai repleta
de dor.
Oscar levanta o rosto, confuso e ainda cheio de raiva.
— Filho da puta! Não fale de amor, você não sabe o
que é isso. Amor é o que eu sinto pela minha família.
— Eu sinto muito, mas não posso mudar o passado —
digo com a voz embargada, sentindo o gosto metálico do
sangue na boca.
A dor me rasga ao meio, eu amo Oscar como um
irmão.
— Eu nunca vou te perdoar, Erik. Você tocou na minha
menina.
— Não foi algo que planejei que acabasse assim,
Oscar.
— Você quer que eu acredite nisso? Você não foi
homem para me contar, Erik. Você é um filho da puta em
quem eu confiava.
— Vou encontrar maneiras de me redimir com você.
— Se redimir comigo? Eu tenho visto a minha filha
andar tristonha pela casa, há dias. Eu tenho feito tudo para
animá-la sem perguntar se ela teve uma briga com algum
namoradinho que ela ainda não tivesse me apresentado. Eu
sempre confiei na minha filha, Erik.
— Onde conseguiu as fotos? Foi a Victoria? — Ele fica
em silêncio por alguns segundos, é claro que foi aquela
infeliz. Tirarei tudo que eu havia devolvido, ela vai pagar por
cada gota do veneno que ela despejou.
— É só isso que te importa, a briga que você trava
com a sua ex há anos? Que se fodam você e a Victoria, Erik.
— Eu sinto muito, Oscar! — grito dessa vez,
desesperado sem saber como me justificar.
Ele se levanta lentamente, ainda ofegante, e me
encara por alguns segundos antes de virar as costas e
caminhar para longe. A dor em seus olhos é insuportável de
ver. As minhas mãos estão trêmulas e o rosto latejando de
dor. De repente, Oscar para, leva a mão ao peito e cai no
chão, ofegante e com uma expressão de dor.
— Oscar! — grito, correndo até ele. — Chame uma
ambulância! — exclamo para os seguranças, mas ao
perceber que pode ser tarde demais, pego Oscar nos braços
com a ajuda deles e corremos para o carro. — Segure firme,
amigo. Vai ficar tudo bem — murmuro, tentando manter a
calma enquanto eu mesmo dirijo a toda velocidade para o
hospital.
Os gemidos dele ao meu lado me deixam ainda mais
apavorado e eu acelero ainda mais, sentindo o coração
bater desesperadamente no peito. Chegamos ao hospital, e
corro para a entrada com Oscar nos braços. Médicos e
enfermeiros vêm correndo com uma maca, e eu coloco
Oscar nela com a ajuda dos enfermeiros, observando
enquanto eles o levam para dentro. Em seguida, Simon
entra no hospital correndo e parando ao meu lado.
— Saimon, avise a Alissia — peço incapaz de fazer a
ligação eu mesmo.
37

Rebeka Martinez

O telefone da minha mãe toca, sobre o balcão da


cozinha enquanto conversamos e traçamos a melhor forma
de contar ao meu pai sobre tudo que vem acontecendo. Ela
atende rapidamente, e vejo seu rosto empalidecer.
— O quê? Como assim? — ela exclama, levantando-se
de repente. — Estamos indo para o hospital agora!
Ela desliga e se vira para mim, os olhos arregalados e
vejo as suas mãos tremerem
— Seu pai... ele está no hospital. Vamos, precisamos ir
agora!
Saímos correndo de casa, pegando um táxi o mais
rápido possível. O caminho parece uma eternidade, com
meu coração batendo descontroladamente no peito.
Chegamos ao hospital e corremos para a recepção.
— Oscar Martinez, sou a esposa dele, por favor, onde
ele está? — minha mãe pergunta, a voz trêmula.
— Ele está na UTI, quarto 312 — responde a
recepcionista.
Minha mãe corre na frente, e eu a sigo de perto.
Quando chegamos ao corredor da UTI, vejo Erik parado do
lado de fora do quarto, ele tem o rosto todo machucado e o
seu dedo polegar pressiona os lábios como quem sente dor.
Minha mãe vai direto para ele.
— Como ele está? — ela pergunta, quase sem fôlego.
— Estável, mas o quadro é grave. Os médicos estão
fazendo o possível — responde Erik.
Minha mãe se senta no banco de espera um pouco
afastada, e eu fico parada, apenas clamando que o meu pai
saia dessa. Erik olha para mim, mas não diz nada. Sinto um
nó na garganta e finalmente quebro o silêncio.
— O que aconteceu? — pergunto, sentindo uma leve
pontada na barriga, mas me mantenho firme.
— Seu pai já sabe de tudo, Rebeka — ele diz, sem
rodeios.
O chão desaba sob meus pés. Meu pai sabe de tudo?
Como ele descobriu? As perguntas giram na minha cabeça.
— Você contou? — o tom da minha voz é uma mistura
de incredulidade com raiva, ele não tinha o direito de
contar, não sem a minha autorização.
— Não, eu apenas não desmenti — ele diz e eu
entendo o motivo do rosto dele estar assim. É certo que o
meu pai bateu nele até cansar e eu acho ótimo, eu teria
batido nele se tivesse força.
— Você pode ir embora, não precisamos de você aqui
— falo virando as costas e vejo Lucas correndo em minha
direção.
— Rebeka! Eu vim assim que soube. Meu pai trabalha
aqui e me avisou que o seu pai está internado. Como ele
está? — Lucas pergunta, ofegante.
— Ainda não sabemos direito, estamos esperando um
médico nos informar — digo, minha voz baixa.
— Vou falar com os médicos e ver se há alguma
atualização. — Lucas se afasta para procurar informações.
Vejo os olhos de Erik o seguirem e ele sorri com
deboche voltando o olhar para mim.
— Resolveram se assumir? — ele questiona com
indiferença.
— Seu eu tiver assumido, e daí? Cuide da sua vida —
cuspo as palavras com raiva. Ele não merece saber que será
pai, não mesmo.
Com um sorriso debochado, vejo-o se afastar sumindo
pelos corredores e volto a olhar a minha mãe ainda sentada
de cabeça baixa. Eu sou a culpada, estou acabando com a
felicidade dos meus pais.

Erik Delacroix
Observo Rebeka do outro lado do corredor do hospital.
Cada fibra do meu ser quer correr até ela, segurá-la, e
garantir que tudo ficará bem. Mas a raiva também está
presente, misturando-se com o amor que sinto. A traição
ainda está fresca em minha mente. Está mais difícil do que
imaginei, não consigo esquecer o gosto da sua boca, o
cheiro dela não sai da minha pele, e tudo que eu mais quero
é ignorar a porra do meu orgulho e me enfiar embaixo das
cobertas com ela onde eu possa morrer ali abraçado
sentindo o calor da pele dela.
Vejo Simon se aproximando e aproveito a
oportunidade para passar as novas ordens sobre Victoria.
— Simon, preciso que faça algo, ou melhor, desfaça —
digo, mantendo minha voz baixa.
— O que precisa, senhor? — ele pergunta, sempre
eficiente.
— Quero que desfaça todos os trâmites que fiz para
beneficiar Victoria. Tire tudo que devolvi a ela. Ela vai pagar
por ter contado a Oscar sobre mim e Rebeka e por tudo
mais que fez quando veio para Miami — ordeno, sentindo a
raiva me sufocar.
— Entendido, senhor. Vou cuidar disso imediatamente
— ele responde, anotando em seu tablet antes de se
afastar.
Vejo Alissia se aproximando. Ela parece triste e
magoada. Ela pega um café na máquina próxima de onde
estou. Coço a garganta, desconfortável com sua presença,
sabendo da minha culpa nisso tudo que está acontecendo.
— Sinto muito pelo Oscar — digo, tentando encontrar
as palavras certas.
Ela me olha com olhos cheios de desprezo.
— Você não merece a amizade dele, Erik. Confiei em
você, mas agiu como um canalha com minha filha. — Eu
posso ver a raiva e amargura em seus olhos, mas ainda
assim não me arrependo de nenhum momento que passei
com Rebeka, talvez eu fizesse tudo igual apenas garantindo
que dessa vez nosso final fosse outro.
— Alissia, eu… — tento me justificar, mas ela me
impede.
— Não quero ouvir suas justificativas, Erik. Está vendo
aquele garoto ali? — Ela aponta para Lucas, que retornou
para o lado de Rebeka. — Ele nunca teve nada com a Beka,
mas eu gostaria que tivesse. Mesmo com pouca idade, ele
se mostra alguém que respeita os sentimentos dos outros.
Agora vá embora, não precisamos da sua presença aqui —
ela diz, virando as costas para mim.
— Não consigo ir sem saber se Oscar ficará bem.
— Ele ficará melhor com você longe. Esse pesadelo
está bem distante de acabar, sinto que é apenas o começo
e isso me deixa com medo, não gosto de pensar em perder
o meu marido, o homem que eu amo.
— Estou indo embora, Alissia, vou passar um tempo
fora — respondo com um tom mais baixo que o normal.
— E você acha que isso vai resolver o estrago que já
foi feito? Você vai embora e nós ficamos para assumir com a
Rebeka a responsabilidade de mantê-la bem mesmo depois
de tudo que causou a ela.
— É normal que os pais fiquem do lado dos filhos, eu
não esperaria o contrário.
— Vá embora, Erik. Você não é bem-vindo aqui.
Fico imóvel por um momento, processando as suas
palavras. Depois de um tempo resolvo fazer o que ela me
pediu, e sigo para o estacionamento. Na saída, encontro
Lucas no corredor. Ele me vê e caminha na minha direção,
com um sorriso no rosto. Eu peço mentalmente que ele
esteja me confundindo com alguém e passe direto quando
notar o engano, mas ele não faz, parando extremamente na
minha frente.
— Erik, fico feliz que tenha reconsiderado — ele diz
parecendo feliz.
— Do que está falando? — questiono arqueado uma
das sobrancelhas.
— Sobre a Beka, se você está aqui é porque fizeram
as pazes, e eu fico feliz com isso, eu vi a dor que ela sentiu
naquele dia. Eu queria correr atrás de você e me justificar,
mas você foi duro com ela a quem dizia ter sentimento,
imagina como me trataria achando que eu estava com a
sua garota. — Franzo o cenho enquanto o ouço, a essa
altura eu já estou acreditando que me enganei embora o
meu orgulho ainda grite que eu vi, e ninguém pode tirar de
mim a clareza dos fatos diante dos meus olhos.
— Ok, me dê licença — respondo com indiferença
passando por ele.
— Parabéns pelo bebê. — Paraliso com as palavras
dele virando-me novamente em sua direção com um olhar
confuso.
— Bebê? — pergunto, tentando manter a compostura.
— Droga! Ela não está grávida? Eu poderia jurar que
está eu notei os sintomas, o meu pai é médico, eu tenho
essas manias às vezes.
Um buraco se forma embaixo dos meus pés e parece
me sugar para dentro. Não importa o que eu ache que
aconteceu naquela viagem, um filho muda todo o rumo da
nossa história, eu nunca rejeitaria um filho meu.
38

Rebeka Martinez
Estou no quarto do hospital, sentada ao lado da cama
do meu pai. Ele está pálido, mas seus olhos são gentis
enquanto me observa. Minha mãe está ao lado dele,
segurando sua mão, tentando manter a calma diante da
bomba ainda maior prestes a explodir.
— Vai ficar tudo bem, querida — meu pai diz, as
lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto ele alisa o meu
rosto com carinho. — Vai ficar tudo bem — ele repete com a
voz entrecortada.
— Isso é o que eu deveria estar dizendo para você, pai
— respondo, tentando sorrir, apesar da dor no meu coração.
— Estou bem, eu e Erik... tivemos um tempo bom juntos.
Sinto muito por não ter contado antes. Eu deveria ter dito
quando tive oportunidade, mas…
— Não quero tocar no nome dele. Só quero que você
seja feliz — ele murmura, tentando manter a voz firme.
Ele continua a alisar meu rosto, as lágrimas ainda
estão caindo. O amor e a dor em seus olhos são quase
insuportáveis de ver.
Saio do quarto para buscar algo para minha mãe.
Caminho pelo corredor, perdida em pensamentos, até que
de repente, dou de cara com Erik. Ele parece estar
esperando por mim, a expressão no rosto dele é algo que eu
não consigo decifrar. Tento me virar para o lado oposto, mas
ele me puxa pelo braço, levando-me para um quarto vazio.
Nossos corpos ficam colados e eu posso sentir o hálito
quente dele sobre mim, minha respiração ofega, e minha
mente se perde na possibilidade de sentir aqueles lábios
sobre os meus novamente.
— O que você quer? — questiono ainda entorpecida
pela nossa proximidade.
— Rebeka, você está grávida? — ele pergunta sem
rodeios, ofegante, sem desviar os olhos dos meus.
Fico em choque com a pergunta e tento me afastar
dele, mas ele me puxa de volta, prendendo-me novamente
contra seu corpo.
— De onde você tirou isso? — pergunto, desviando os
olhos.
— De quem é o filho que você espera? É meu? — ele
indaga, posso sentir as suas mãos suadas molhando o meu
braço, sua respiração ainda mais forte e acelerada.
— Eu não estou grávida — minto, tentando me livrar
dele, que me pressiona ainda mais contra a parede.
— Rebeka, se você estiver mesmo grávida, e o filho
for meu, vou assumir a responsabilidade pela criança — ele
diz e eu sorrio com deboche.
— Sim, estou grávida — finalmente admito, minha voz
tremendo. — Mas o filho não é seu. — Ele me solta
parecendo decepcionado, mas logo retorna o olhar para
mim.
— Como você pode ter certeza se nunca usei proteção
com você?
— Sabe o que me deixa mais irritada? É saber que
você considerou as minhas palavras. O filho é seu, porque
eu só fui sua, mas eu não quero ter você por perto — cuspo
as palavras de uma vez.
— Rebeka, eu... — ele começa, mas não consegue
terminar a frase.
— Você não entendeu, Erik? Eu não quero que você se
sinta obrigado a nada. Eu posso criar essa criança sozinha
— digo, enxugando as lágrimas que teimam em cair.
— Você não pode decidir isso sozinha — ele diz com a
voz carregada de ressentimento.
— Eu não posso? É claro que eu posso. — Afasto-me
ouvindo-o se aproximar.
— Rebeka, você não faz ideia de como tem sido a
porra dos meus dias. Eu sempre acreditei que um dia amei a
Victoria, mas percebi que nunca chegou perto do que sinto
por você, porque mesmo depois do que vi, eu simplesmente
não consigo seguir em frente, eu não tenho prazer em mais
nada na minha vida. Eu só respiro com alívio quando
estamos dividindo o mesmo ar. Eu te amo! Tento negar isso
todos os dias por puro orgulho, mas eu não consigo viver
sem você — ele despeja como quem não tem mais nada a
perder, diante de alguém que sente o mesmo, mas não está
disposta a se dobrar diante do orgulho, da rejeição e da
humilhação a que ele me submeteu no corredor daquele
Hotel.
— Você muda de amor para ódio e de ódio para amor
com muita facilidade, deve ter algum distúrbio de
personalidade — zombo caminhando para a saída do
quarto.
— E você está muito enganada se acredita que eu vou
desistir de uma mulher grávida de um filho meu.
— Só por isso que está aqui me dizendo tudo isso, por
que estou grávida? — o tom da minha voz revela a minha
vontade de confiar em tudo que ele me disse.
— Eu não preciso dizer que te amo para ter direitos
como pai.
— Nós dois não temos mais volta, sobre o bebê,
podemos conversar assim que o meu pai sair do hospital,
faremos da forma correta dessa vez, contaremos juntos
para ele — digo saindo do quarto sem coragem de olhar
para trás enquanto caminho pelo corredor sabendo que se
eu o fizer encontrarei os olhos dele me seguindo e não sei
se continuarei caminhando na direção oposta.

Erik Delacroix
Sigo Rebeka com os olhos enquanto ela some nos
corredores do hospital. Sinto um peso sobre mim como de
uma tonelada de tijolos. Estou paralisado por um momento,
incapaz de processar tudo. Finalmente, respiro fundo e
decido que é hora de ir embora.
Ao sair do hospital, vejo Simon esperando ao lado do
carro.
— Simon, dirija de volta para casa — ordeno, entrando
no carro e fechando a porta com força.
No caminho, o silêncio no carro é sufocante, e eu
preciso desabafar com alguém.
— Simon, você acha que estou errado sobre Rebeka?
— pergunto, e ele me olha pelo retrovisor, talvez surpreso
com a pergunta tão pessoal.
— Senhor, eu acho que há mais nessa história do que
você imagina. Talvez a sua insegurança em relação às
mulheres tenha lhe deixado ver apenas aquilo que quis
acreditar — ele responde cuidadosamente.
— Eu a vi com Lucas. Ela estava... — minha voz falha.
— Como você pode supor que ela não me traiu, dadas as
circunstâncias?
Simon suspira, mantendo os olhos na estrada.
— Porque tenho observado a senhorita Rebeka,
senhor. Ela é uma jovem íntegra, e posso ver o quanto ela
ama o senhor. Além disso, eu mesmo observei a situação
com Lucas. Eles nunca estiveram em uma posição
comprometedora. Ele sempre foi apenas um amigo para ela.
— Como você pode ter tanta certeza? — pergunto,
tentando me convencer.
— Estou me baseando no que vejo, senhor.
— E o que foi aquilo no hotel? — pergunto
desabotoando a camisa me sentindo sufocado.
— O Senhor deveria perguntar a ela, ouvi-la dessa
vez, mas pela movimentação na recepção naquele dia,
algum hóspede não estava habituado aos chuveiros do local
e molhou tudo, inclusive as chaves do apartamento que
estavam no bolso da calça.
— Onde ouviu isso?
— Quando descemos, senhor, esbarramos com o
funcionário que estava subindo para entregar as chaves e
ele comentou.
— Pode ter sido em qualquer quarto.
— Exatamente, inclusive no da senhorita Rebeka.
Penso na expressão no rosto de Rebeka naquele dia,
na decepção dela me ouvindo. Começo a questionar minhas
próprias percepções, meus próprios medos.
— E se eu estiver errado? — murmuro, mais para mim
mesmo do que para Simon.
— Senhor, eu acredito que o amor pode superar
muitas coisas, incluindo mal-entendidos. Talvez seja hora de
ouvir o que ela tentou dizer naquela noite, sem deixar que o
orgulho e o medo atrapalhem — Simon sugere, e tudo
parece tão simples e óbvio.
— Simon, cancele a minha viagem, tenho alguns
assuntos pendentes por aqui, não posso me ausentar agora.
— Farei como me pede, senhor.
Escoro a minha cabeça no banco, fecho os olhos, e
Simon já entende que seguiremos em silêncio daqui. A raiva
que senti por pensar que Rebeka me traiu naquele dia,
começa a se dissipar, se transformando em uma dor ainda
maior. E se eu a acusei injustamente? E se eu a perdi por
causa do meu próprio orgulho e medo? A verdade é que eu
ainda a amo. E se há uma chance de consertar as coisas,
preciso tentar. Mas primeiro, preciso de respostas.
39

Erik Delacroix

Fico com o carro estacionado em frente à faculdade


de Rebeka, observando os alunos saindo em pequenos
grupos. Preciso falar com ela, esclarecer as coisas, mas a
vejo saindo ao lado da amiga July e do Caio. A visão de
Rebeka rindo e conversando com ele faz meu sangue ferver
de ciúmes. Respiro fundo, tentando manter a calma. Ela me
vê de longe e levanto a mão em forma de aceno. Ela se
despede dos amigos e caminha na minha direção. Saio do
carro e me escoro nele com as mãos no bolso enquanto a
espero.
— O que faz aqui? — ela pergunta com um tom
indiferente.
— O que você acha? — meu tom soa divertido, mas
não muito. É mais por ela estar perguntando o óbvio. O que
eu faria na porta de uma faculdade se não fosse para
esperar por ela?
— Não sei, não leio mentes. — Ela dá de ombros.
— Precisamos conversar.
— Agora eu não posso — diz, virando as costas.
— Resolveu agir como uma adolescente mimada?
Devo colocar você no meu ombro e te levar à força?
Ela interrompe os passos, me encarando com
indiferença, e eu não espero menos depois de tudo que eu
disse a ela.
— Eu posso agir como eu quiser, ainda mais com
alguém que se comportou como um canalha.
— Você tem toda razão. Sou um canalha em busca de
redenção. Agora, por favor, você pode entrar no carro ou
devo te colocar nos meus ombros e implorar que me ouça?
Ela faz uma careta, soltando o ar com raiva, e entra
no carro. Eu faço o mesmo em seguida. Ela se afasta,
grudando o corpo na porta com a mochila sobre as pernas.
— Dirija para minha casa — ordeno ao motorista.
Seguimos em silêncio, um silêncio que traz desconforto.
Assim que ele estaciona, Rebeka abre a porta, parando de
braços cruzados em frente ao carro.
— Seja breve, eu vou ao hospital visitar o meu pai —
fala assim que me aproximo.
— Vamos entrar — digo, indicando a porta da minha
casa.
Ela hesita por um momento, mas então segue em
frente. Entramos na sala, e o ambiente parece mais frio e
impessoal do que nunca. Rebeka se senta no sofá,
mantendo a mochila no colo como um escudo. Eu fico de
pé, tentando encontrar as palavras certas.
— Rebeka, eu preciso entender o que realmente
aconteceu — começo, olhando diretamente em seus olhos.
— Eu sei que fui um filho da puta com você, mas preciso de
respostas.
— Quais, as que você não quis ouvir? Eu tentei te
dizer, Erik, que foi um acidente, que estávamos
comemorando o sucesso do nosso projeto e que tropecei
molhando a roupa de Lucas, ele foi ao banheiro e…. Aqueles
chuveiros eram estranhos mesmo, nem eu consegui
desligar. — Ajoelho-me na frente dela colocando a cabeça
em suas pernas.
— Me perdoe, eu me deixei levar pelos meus medos, e
minha insegurança — imploro sentindo um nó se formando
na minha garganta.
— Eu não tenho nada a ver com os seus traumas, ou
com o que a sua ex-esposa fez com você.
— O que espera que eu faça para você me perdoar?
— Não sei se consigo.
— Eu posso esperar o tempo que você precisar. Por
favor me perdoe, Rebeka
— Por quê? Agora acredita que eu não fiz nada, ou é
por causa do bebê? — Ela se levanta ficando de costas para
mim.
Sinto um aperto no peito, e a dor de pensar que posso
ter destruído a melhor coisa que aconteceu na minha vida.
Ela está perto de mim, e a proximidade dela me deixa
desesperado.
— Eu me segurei esse tempo todo para não implorar
que você me beijasse, que me olhasse com a mesma
ternura de sempre. Eu não consigo viver sem isso, sem
sentir o seu cheiro — digo, abraçando-a por trás, aspirando
o aroma doce dos seus cabelos. — Me dá outra chance.
Ela hesita, e sinto seu corpo relaxar por um instante.
Viro-a de frente para mim, nossos olhos se encontrando.
Tento ler seus pensamentos, mas tudo o que vejo é dor e
ressentimento.
— Erik, eu... — ela começa, mas eu a interrompo com
um beijo, desesperado para recuperar o que tínhamos.
Por um momento, ela retribui, e sinto a esperança
crescendo dentro de mim. Mas então, ela recua,
empurrando-me levemente.
— Eu preciso de um tempo — ela diz, soltando os
meus braços.
— E eu preciso de você, Rebeka — imploro.
— Eu não posso fazer isso agora. Não depois de tudo.
Preciso de tempo para pensar, para me curar — ela
repete, parecendo decidida.
Solto um suspiro pesado, sabendo que não posso
forçá-la a nada. Ela se vira para sair, mas antes de
atravessar a porta, digo:
— Assim que possível, vou conversar com Oscar. Ele
precisa saber da gravidez, vou estar do seu lado quando for
contar.
Ela acena com a cabeça, sem olhar para trás, e sai
pela porta. Vou até o bar, pego uma garrafa de uísque, e
fico assistindo-a sumir pelo imenso jardim. Dou um gole
diretamente da garrafa, o líquido desce queimando pela
garganta, sinto uma dor imensa como se meu coração
estivesse se rasgando ao meio.
Ouço os passos de Simon, atrás de mim, mas não me
viro ainda, traçando com os olhos o caminho percorrido por
Rebeka, me segurando para não ir até ela, arrastá-la de
volta e fazê-la minha novamente.
— Resolveu o assunto de Victoria? — pergunto ainda
de costas.
— Sim, já foi resolvido, mas acredito que ela virá
reclamar.
— Eu não duvido — respondo com indiferença. — Você
estava certo, sobre Rebeka, eu devo ser um filho da puta
muito azarado, para perdê-la.
— A senhorita só está magoada, logo o senhor terá
essa casa preenchida pelas risadas dela — ele fala e eu
sorrio me lembrando de como é bom acordar com os
sorrisos dela.
— Serei pai, Simon, não serão apenas risadas, vamos
ouvir choro de criança recém-nascida também. Encomende
rosas vermelhas, e as envie para casa de Rebeka com a
pulseira que comprei para ela.
— Farei agora mesmo, senhor.
Ele se retira para cumprir as minhas ordens e eu me
viro para a janela novamente, sonhando com o retorno da
Rebeka com o meu filho nos braços.
40

Rebeka Martinez
Duas semanas depois…

Estou no meu quarto, olhando para o espelho e


passando a mão pela minha barriga que já está crescendo.
Ainda é pouca coisa, mas o suficiente para perceber. Estou
tentando lidar com muitas mudanças, tanto físicas quanto
emocionais. O bebê está crescendo dentro de mim, e meu
coração está cheio de amor e medo. Estou esperando Erik, e
essa espera me deixa nervosa. Meu pai ainda não sabe que
ele está vindo falar com ele e nem que estou grávida.
Respiro fundo, tentando me acalmar, mas é difícil.
Ouço o som da campainha e logo depois a voz de Erik
conversando com minha mãe. É possível ouvir o meu pai se
alterando e minha mãe pedindo para ele se acalmar. Meu
coração acelera, e sei que não posso adiar mais isso. Desço
as escadas lentamente, desejando que isso acabe logo, mas
sem coragem de encarar a situação.
— O que Erik faz na nossa casa? — pergunta meu pai,
seu tom é irritado e ele sequer olha na direção de Erik. Meus
olhos encontram os dele enquanto desço as escadas.
— Pai, nós precisamos conversar. Mas antes, você tem
que prometer que vai ficar calmo — digo, tentando manter
a voz firme, embora eu esteja tremendo por dentro.
— Rebeka, o que está acontecendo? — meu pai
pergunta, confuso.
— Oscar, vamos nos sentar e conversar — Erik diz,
posso ver o nervosismo nos seus olhos.
Meu pai olha para mim e depois para Erik, ainda o
encarando Erik com rancor, mas ele concorda com um
aceno de cabeça. Sentamo-nos todos na sala de estar.
Minha mãe está ao lado do meu pai, segurando a mão dele,
enquanto eu e Erik estamos sentados em frente a eles.
— O que é isso, Rebeka? — ele pergunta com a
respiração ofegante.
— O senhor prometeu se acamar, preciso disso, pai,
que o senhor se acalme.
— Fale logo o que vocês fazem sentados um do lado
do outro na minha frente.
— Pai, eu... eu estou grávida — digo, finalmente com
a voz entrecortada.
O choque é evidente nos olhos do meu pai. Ele olha
para mim, depois para Erik, e volta a olhar para mim
novamente.
— Grávida? Mas como... — ele começa a dizer, mas
levanta passando a mão pelo rosto como se procurasse se
acalmar.
— Me desculpa, pai, eu não queria….
— Você sabia disso? — ele pergunta à minha mãe me
interrompendo.
Ela fica em silêncio e o meu pai esmurra a mesa que
está ao seu lado.
— Você achou pouco entrar na minha casa, seduzir a
minha filha e ainda… Porra! Erik, você era o meu irmão.
— Eu amo a Rebeka, Oscar, eu vou assumir a minha
responsabilidade com a criança.
— Você ama? A minha menina? Você acabou com o
futuro dela. Porra!
— Calma, pai, eu não sou uma menina. Erik não me
forçou a nada e…
— Sobe para o seu quarto, Rebeka — ele me impede
de falar mais uma vez.
— Oscar, Rebeka não é mais criança, ela já é uma
mulher, ela pode decidir… — a minha mãe começa, mas o
meu pai não parece disposto a ouvi-la também.
— Vem, vamos conversar, Erik — ele caminha
apressado na direção do escritório, ignorando as minhas
tentativas de fazê-lo me ouvir.

Erik Delacroix
Oscar fecha a porta com força atrás de mim e
esmurra a mesa mais uma vez.
— Deixa a Rebeka em paz, Erik. Você me disse que
iria embora, faça isso.
— Como vou deixá-la grávida, Oscar?
— Assim que a criança nascer mando a Rebeka para
França, como eram os meus planos, e eu e Alissia cuidamos
dela para que Rebeka continue os estudos.
— Que caralho você está falando? É o meu filho! —
esbravejo.
— E ali na sala é a minha filha, que você levou para…
— ele abaixa a cabeça respirando fundo, antes de voltar a
me encarar.
— Eu amo a Rebeka, Oscar, se ela me aceitar de
volta, eu me caso com ela.
— Você não é bem-vindo aqui nessa casa…
— Chega pai! — Rebeka entra abruptamente. — Eu
não sou mais uma criança, eu já conversei com Erik, não
estamos juntos, no entanto, ele vai acompanhar a gestação
e vamos fazer o melhor para o nosso filho. Sinto muito não
ter contado, ter decepcionado o senhor. Erik não foi único
responsável, eu me apaixonei por ele antes mesmo dele
saber quem eu era, de fato, ele tentou não se envolver
comigo, mas eu insisti. A responsabilidade também foi
minha.
Estou feliz de ouvir Rebeka, tão madura, assumindo a
responsabilidade e se impondo como uma mulher, mas me
preocupo vendo Oscar ficar vermelho, enxugando as
lágrimas que caem rapidamente dos seus olhos.
— Você está certa, Rebeka, você não é mais uma
criança. Demorei para ver isso — a sua voz sai entrecortada
pelo choro.
— Oscar… —Tento falar mais, ele ergue a mão me
parando.
— Resolvam entre si e me comuniquem — diz saindo
do escritório. Alissia o acompanha e encaro a expressão
triste de Rebeka.
— Você fez bem, Rebeka, você não é mais uma
menina, esse filho é nosso, somos nós que temos que
resolver.
— É melhor você ir embora, estou cansada. Amanhã
temos consulta com o médico — Rebeka diz, com um
suspiro cansado enquanto se apoia na mesa.
Vejo a palidez em seu rosto e a preocupação toma
conta de mim. Aproximo-me dela, segurando-a pela cintura
para dar suporte.
— Você está bem? — pergunto suavemente, alisando
o seu rosto com carinho.
— Só um pouco tonta. Acho que é normal na gravidez
— ela responde, fechando os olhos por um momento.
— Vamos, eu te ajudo — digo, ajudando-a a caminhar
até o sofá no escritório.
Deito-a com cuidado e coloco uma almofada debaixo
de sua cabeça. Pego um copo de água na mesa ao lado,
entregando-o rapidamente para ela.
— Aqui, beba um pouco de água — digo, segurando o
copo para ela.
Ela toma alguns goles, e posso ver que começa a se
sentir um pouco melhor. Sento-me ao lado dela, segurando
sua mão e acariciando seu rosto com a outra.
— Não precisa se preocupar, Rebeka. Estou aqui para
cuidar de você e do nosso filho — murmuro, olhando em
seus olhos.
— Você acha que ele vai me perdoar? — ela pergunta,
com a voz suave.
— Dê tempo a ele, ele te ama.
Passo os dedos suavemente pelo seu cabelo, tentando
acalmá-la. Ela fecha os olhos, relaxando aos poucos.
— Se tranquilize. Amanhã vai ser um dia importante
— digo, beijando sua testa.
Na saída, vejo Oscar sentado no sofá ao lado de
Alissia, que parece consolá-lo, faço um breve aceno com a
cabeça antes de sair da casa.
41

Rebeka Martinez
Estou no meu quarto, escolhendo uma roupa para a
consulta de pré-natal. Coloco um vestido confortável e solto
o cabelo, deixando-o cair sobre os ombros. Passo uma
maquiagem não muito pesada, apenas para esconder as
olheiras das noites mal dormidas, a preocupação com o meu
pai me consome, odeio a ideia de tê-lo decepcionado.
Minha mãe bate na porta e entra, com um sorriso
suave no rosto.
— Como você está, querida? — pergunta, sentando-se
na beira da minha cama.
— Estou nervosa, mãe. Ainda não sei o que me
espera.
— Mesmo não concordando com tudo que Erik fez e
achando que você deveria seguir em frente sem ele, um
filho muda tudo, e eu vejo no fundo dos seus olhos que você
o ama. Nós, pais, sofremos pelos nossos filhos, queremos
protegê-los de tudo, e qualquer um que os magoe se torna
nosso inimigo. — Ela sorri vindo até mim. — Erik sempre foi
um bom amigo para o seu pai, ele é um bom homem, e eu
só quero a sua felicidade.
— Obrigada, mãe, será que o papai vai me perdoar
depois de tudo? — pergunto, me aconchegando em um
abraço.
Ela suspira se afastando, segurando minha mão.
— Ele só precisa de tempo, Rebeka. Ele te ama muito
e quer o melhor para você. Com o tempo, ele vai entender
— responde, com a voz amorosa de sempre. Eu tenho a
melhor mãe do mundo.
Ouço a campainha tocar e sei que é Erik. Respiro
fundo, tentando controlar os nervos. Minha mãe me dá um
abraço mais apertado antes de sair do quarto.
— Vai dar tudo certo. Confie em mim — diz, antes de
descer para atender a porta.
Termino de me arrumar e desço as escadas,
encontrando Erik na sala de estar.
— Então, vamos? — ele pergunta olhando para os
lados, em busca do meu pai que saiu cedo para não
esbarrar com ele. Pisco os olhos várias vezes para ver se em
alguma das vezes que os abro não o vejo tão belo quanto é,
mas logo desisto. Eu sou apaixonada por ele, não tem jeito.
— Sim, vamos — digo passo por ele, parando somente
em frente ao carro. Erik abre a porta para mim entrar, e ele
faz o mesmo em seguida sentando-se ao meu lado.
Seguimos em silêncio até o hospital, mas não é um
silêncio desconfortável. Estamos tentando nos ajustar à
nova realidade, seremos pais, mas não somos um casal,
isso é estranho.
— Você está ansiosa? — ele pergunta quebrando o
silêncio.
— Sim, estou louca para ver o bebê.
— Ele ainda deve ser muito pequeno, não acho que
teremos muitos detalhes. — Ele sorri alisando os meus
cabelos. Os nossos olhos de encontram e eu desvio
rapidamente coçando a garganta erguendo o braço para
forçá-lo a parar com o carinho.
— Sinto saudades de você na minha cama. Preciso
sentir você me devorando.
— Isso não vai acontecer — respondo com indiferença.
— Terei que me masturbar todas as noites pensando
em você.
— Deveria arrumar alguém que lhe ajude com isso. —
Faço uma careta.
— Você quer que eu arrume alguém? Porque eu só
quero você — sussurra em meu ouvido e eu colo na porta
tentando resistir a esse homem que me tira todos os
sentidos. Isso deve ser efeito dos hormônios, tenho certeza.
Eu posso me controlar, ele nem é tão irresistível assim, eu
só preciso não encarar o peitoral definido marcado na
camisa de botão e nem parar os meus olhos no sorriso sexy
dele e tudo vai ficar bem.
— Chegamos senhor — o motorista diz, estacionando.
Suspiro aliviada, ciente de que agora posso manter uma
distância segura dele.
Entramos no hospital, e somos recebidos pelo
funcionário que nos leva para o consultório. Após o médico
nos explicar muitas coisas sobre os próximos passos da
gravidez, fazer inúmeras perguntas e recomendações que
fazem parte de uma primeira consulta, sento-me na maca
enquanto o médico prepara o equipamento de ultrassom. O
ruído baixo e constante da máquina me deixa nervosa e
ansiosa.
Erik segura minha mão com força, seus olhos estão
fixos no monitor, esperando ansiosamente pela primeira
imagem do nosso bebê. A palma da sua mão está
ligeiramente suada, o que não difere da minha.
— Tudo bem, Rebeka. Vamos começar — diz o médico,
espalhando o gel frio sobre minha barriga.
Ele começa a passar o aparelho e eu olho nervosa
para Erik, que está concentrado na tela, como quem espera
o gol do time favorito em final de temporada. Erik aperta
minha mão ainda mais forte, enquanto a imagem na tela
preto e branco vai ganhando vida.
— Aqui está o seu bebê — diz o médico, com um
sorriso simpático. — Parece que está tudo bem. O coração
está batendo forte e saudável.
Erik se inclina ficando mais perto do monitor, seus
olhos ainda fixos na tela, e vejo uma lágrima solitária
escorrer por seu rosto. Ele rapidamente a limpa, tentando
disfarçar a emoção, ele é reservado embora já tenha se
aberto bastante na minha frente.
— É incrível — ele sussurra, quase como se estivesse
falando consigo mesmo. — Nosso bebê, Rebeka.
— Sim, ainda é só um pontinho na tela, mas sim, é
incrível.
Não havíamos planejado esse filho, mas aqui estamos,
tão felizes como alguém que consegue engravidar após
anos tentando.
Na saída do hospital Erik insiste em me deixar na
faculdade. Eu ainda poderia assistir a algumas aulas antes
de ir para editora. O meu telefone vibra na bolsa assim que
entramos e o atendo com um sorriso quando vejo o nome
de Caio vibrando na tela.
— Oi, Caio — atendo, animada.
— Oi, Beka! Só queria saber como foi a consulta. Tudo
bem com você e o bebê? — ele pergunta, com um tom bem
cuidadoso do outro lado da linha. Até alguns dias ele sequer
sabia do meu caso com Erik, e agora ele não só sabe como
também descobriu sobre o bebê, isso foi um impacto no
início, mas foi bom, para que ele visse que entre mim e ele
sempre foi amizade e ele vem seguindo bem com isso.
— Sim, está tudo bem. Obrigada por se preocupar.
Chego em breve na faculdade e nos falamos melhor —
respondo, sorrindo.
Quando desligo o telefone, noto que Erik está com
uma expressão séria, quase irritada.
— Caio de novo? — ele pergunta, e eu tento não sorrir
vendo-o com ciúmes.
— Somos amigos, é normal que ele me ligue —
respondo tentando parecer indiferente.
Ele me encara irritado, inclina-se em minha direção e
me beija. Tento recuar, mas ele me puxa pela nuca com
posse e me beija com uma intensidade que me pega de
surpresa.
— Preciso de você, Rebeka. Não suporto a ideia de
você com outra pessoa — murmura, entre beijos exigentes.
— Erik... — tento falar, mas ele me beija novamente, e
dessa vez, eu retribuo. É impossível lutar contra o que
desejo.
As suas mãos exploram o meu corpo, com urgência e
ele arfa entre os beijos. E quando finalmente consigo contê-
lo, respiro fundo, tentando recuperar o fôlego.
— Você precisa parar de me beijar.
— E você deveria parar de provocar o meu ciúme.
— Pare o carro, aqui está bom — digo ao motorista
quando avisto a entrada da faculdade.
— Pare na frente — Erik ordena com um tom tranquilo.
Vejo Caio que parece me esperar e Erik sai do carro assim
que o motorista estaciona fazendo a volta para abrir a porta
para mim, assim que me ponho de pé, ele me puxa pela
cintura e me beija na frente de todos os alunos que circulam
pelo local e que nos olham surpresos.
— Está louco? — sussurro irritada.
— Não, só estou deixando claro para esses moleques
que você já tem um homem. Tenha uma boa aula, passo
para te buscar e levar até a editora — informa se afastando.
— Você não precisa… — ele me ignora entrando no
carro e levantando os vidros com ele já em movimento.
Eu estou determinada a resistir, tentando me agarrar
à mágoa que sinto por tudo que ele me disse naquele dia no
hotel, mas eu confesso que estou falhando miseravelmente.
42

Erik Delacroix
Chego ao tribunal com a cabeça cheia, sem saber o
que fazer para reatar com Rebeka, ela está me deixando
louco. Ver nosso bebê no ultrassom foi um momento que
mexeu profundamente comigo, eu preciso que ela me aceite
de volta, preciso acordar com ela todos os dias. O motorista
estaciona no tribunal e encontro Simon à minha espera.
Pela sua expressão, meus minutos de paz estão prestes a
acabar.
— Bom dia, senhor — ele diz, a voz cheia de
formalidade. — A senhora Victoria está na sua sala.
Victoria sempre aparece nos piores momentos.
— Vou falar com ela agora.
Caminho até a sala, tentando me preparar
mentalmente para ouvir as queixas dela, algo que não
suporto mais. Ao entrar, vejo Victoria de pé, com os braços
cruzados e uma expressão furiosa. Seus olhos se fixam
imediatamente na pasta de ultrassom na minha mão, e seu
rosto se contorce de raiva.
— O que é isso, Erik? — ela pergunta, apontando para
a pasta. — Você engravidou uma mulher? É aquela pirralha
da Rebeka, não é?
— Isso não é da sua conta, Victoria — respondo,
passando direto por ela que me segue até a mesa.
— Não é da minha conta? — ela grita, se aproximando
ainda mais de mim. — Você tirou tudo de mim, e agora
engravida uma mulher?
— Eu não tenho que falar da minha vida com você,
Victoria. Diga o que você quer e vá embora, estou no meu
ambiente de trabalho.
— Você me deixou sem nada, Erik! Depois de todos
esses anos, depois de tudo que passamos, você me destrói
e agora espera um filho com outra?
— Você destruiu a si mesma, Victoria — retruco,
tentando manter a calma. — E quanto à Rebeka, isso é
entre nós. Não é da sua conta.
— Claro, claro. Você sempre foi bom em virar o jogo
contra mim. Mas eu não vou deixar barato. Vou garantir que
você pague por tudo isso — ela diz com um sorriso amargo.
— Eu tenho uma audiência em alguns minutos,
Victoria. Se você tiver algo mais para dizer, seja breve e se
estiver se sentindo lesada, arrume um advogado e mande
ele entrar com contato comigo.
Ela me lança um olhar cheio de ódio, mas não diz
mais nada, virando as costas e saindo da sala à medida que
Simon entra em seguida.
— Está tudo bem, senhor? — ele pergunta, com uma
expressão preocupada.
— Sim, sobrevivi como sempre — respondo,
afundando na cadeira. — Victoria está ficando cada vez
mais louca.
— O senhor acha que ela vai tentar algo contra você e
Rebeka? — ele pergunta.
— Nada além do veneno que já está acostumada a
lançar.
— O senhor tem uma audiência em alguns minutos.
— Tudo bem, vou me trocar e sigo para lá.

Rebeka Martinez

Termino a aula alguns minutos antes e penso se


espero ou não por Erik, mas hoje sinto uma inquietação que
não consigo explicar. Decido esperar na porta da faculdade,
olhando para o relógio a cada poucos segundos. Caminho
até o café ao lado e me sento em uma mesa onde eu
consigo ver os carros que se aproximam.
— Uma água, por favor — peço ao atendente que vem
até a mesa com um sorriso simpático. Ele volta poucos
minutos depois me servindo em um copo com gelo.
De repente, um carro preto para bem à minha frente.
A janela se abaixa, revelando um rosto familiar. Uma mulher
desce, caminha em minha direção e assim que ela chega
perto o suficiente, reconheço a Victoria.
— Oi, querida, esperando alguém? — ela pergunta
sentando-se ao meu lado na mesa e eu faço menção de
levantar. — Rebeka, precisamos conversar — ela diz, com
um tom que não aceita um não como resposta.
— Não tenho nada para conversar com você, Victoria
— respondo, e ela segura a minha mão com força contra a
mesa me fazendo sentar.
— Ah, mas você tem — ela insiste. — Saia calada e
entre no carro, se você não quer que eu cometa uma
loucura e machuque esse feto que você carrega. — Sinto
algo pontudo se encostar na minha pele e sobressalto no
lugar vendo a faca perfurando levemente a minha barriga.
— Se fizer qualquer coisa, eu não vou hesitar em enfiá-la
em você.
— Fique calma, Victoria, raciocine, isso que você está
fazendo é crime.
— Cala a boca! Levanta tranquila e entra no carro —
ela ordena. Lanço um olhar esperando que o atendente note
algo errado, mas o local não está cheio e ele olha o celular
com os cotovelos sobre o balcão.
Entro no carro ainda olhando ao redor com desespero,
esperando que alguém note, mas é inútil. O carro segue por
um caminho pouco movimentado, saindo da cidade e
entrando em uma estrada de terra que parece levar a lugar
nenhum. O cheiro de pinho e terra molhada enche o ar
enquanto as árvores passam rapidamente pela janela. Meu
coração bate tão rápido que sinto que poderia pular do meu
peito e ela não baixa a guarda dirigindo por todo o caminho
em alerta, pronta para cumprir a ameaça de enfiar a faca
em mim.
Depois de um tempo que parece uma eternidade,
paramos em frente a uma cabana isolada. Descemos do
carro e olho ao redor com desespero, Victoria vem atrás de
mim, ainda com aquele sorriso frio.
— Sente-se — ela ordena, apontando para uma
cadeira no centro da sala assim que entramos na cabana.
A cabana é rústica, com móveis antigos e uma lareira
apagada. O cheiro de madeira velha e umidade é forte.
Victoria puxa uma cadeira na minha frente, mas não se
senta.
— Você acha que pode roubar tudo de mim, não é? —
ela diz, andando de um lado para o outro. — Primeiro Erik,
depois a vida que eu deveria ter. Mas não vai ser tão fácil,
sua pirralha. — Ela se inclina se aproximando do meu rosto
e passa as mãos nos meus cabelos. — Não tinha nenhum
moleque da sua idade para você se oferecer? Tinha que ser
com o meu homem?
— Eu e Erik não estamos mais juntos — minha voz sai
entrecortada pelo choro que eu seguro.
— Você tinha quer ser mais prevenida, Rebeka, não
adianta dizer que não o quer mais e lhe dar um filho. — Ela
estala a língua balançando a cabeça negativamente. —
Agora terei que resolver esse problema que está bem aí. —
Ela aponta para a minha barriga. — Cordas, eu preciso de
cordas — diz se afastando por um instante.
Sinto meu telefone vibrar no bolso e, enquanto
Victoria se distrai momentaneamente, consigo enviar uma
mensagem rápida para Erik com minha localização. Minhas
mãos tremem enquanto digito, mas tento ser o mais
discreta possível, escondendo o celular antes que ela volte
a atenção para mim.
— Vamos ver como você lida com isso — ela diz,
puxando um isqueiro do bolso. — Não só vou tirar Erik de
você, mas vou apagar qualquer vestígio da sua existência.
Ela vem até mim, me amarrando na cadeira, antes de
sair e um cheiro forte de gasolina invade a pequena cabana.
— Victoria, o que está fazendo? — grito já prevendo
que ela vai incendiar o lugar comigo dentro. Forço as cordas
tentando me soltar, o desespero tomando conta de mim. —
Victoria — grito mais uma vez, minha respiração ficando
acelerada, o meu coração batendo forte, já não é mais
possível conter as lágrimas, e eu forço as cordas, sentindo-
as rasgarem a minha pele.
43

Erik Delacroix
Eu saio do tribunal, ansioso para ver Rebeka e sentir o
conforto de sua presença. Chego na faculdade, e ligo para
ela, mas o telefone só toca e ela não atende. Estranho, pois
mesmo chateada, ela, me atende, nem que seja para
perguntar o que eu quero com a voz abusada. Tento
novamente, mas sem sucesso.
Um pressentimento ruim começa a crescer em meu
peito, e vou até a casa dela. Quando chego, Alissia, abre a
porta procurando por Rebeka ao meu lado.
— Erik, onde está a Rebeka? — ela pergunta, ainda
olhando ao redor e a pergunta me deixa ainda mais
preocupado.
— Como assim? Ela não atende minhas ligações.
Achei que ela poderia estar aqui — respondo, sentindo o
meu coração acelerar ainda mais.
Alissia franze a testa, visivelmente preocupada. Pega
o telefone e liga para July. Ela atende após alguns toques.
— July, você está com a Rebeka? — ela pergunta com
o telefone no viva-voz.
— Não. Ela saiu da faculdade mais cedo hoje e disse
que Erik iria pegá-la, eles devem estar juntos — ela
responde naturalmente.
Meu coração acelera a ponto de explodir no peito e a
preocupação aumenta. Começo a ligar para Rebeka
incessantemente, mas não obtenho resposta. Então, de
repente, meu telefone vibra com uma mensagem dela. Abro
rapidamente e vejo a localização que ela me enviou. Algo
não está certo.
— Alissia, eu tenho a localização da Rebeka. Vou
buscá-la — digo, tentando tranquilizá-la, mas é evidente
que estou tão preocupado quanto ela.
— Eu vou com você — Alissia insiste, pegando um
casaco.
Não há tempo para discutir. Entramos no carro e ligo
para Simon, enquanto dou a localização ao motorista e
ordeno que dirija o mais rápido possível.
— Simon, acione a segurança. Tem algo errado com a
Rebeka, recebi a localização que vou te enviar agora,
parece que ela está fora da cidade. Estou indo para lá agora
— digo, esmurrando o banco, sentindo a raiva me consumir.
— Entendido, senhor. Já estou acionando a equipe de
segurança. Vamos nos encontrar no local — responde
encerrando a ligação com urgência.
— Se alguém machucá-la eu me encarrego de prender
e transformo a vida do culpado em um inferno.
A estrada parece se alongar interminavelmente, e
cada segundo parece uma eternidade. Alissia está pálida ao
meu lado, segurando-se ao assento enquanto o motorista
acelera. Quando estamos próximos ao local, vejo uma
coluna de fumaça subindo ao céu. Meu coração aperta.
— Corra, ignore as regras de trânsito — ordeno,
vendo-o ser cauteloso em alguns momentos, mas a situação
requer urgência. — Que merda! — esbravejo quando
chegamos ao local e vejo a cabana pegando fogo. —
Rebeka! — grito, saindo do carro e correndo em direção à
cabana em chamas. — Rebeka! — volto a gritar e ouço a
voz fraca vindo do interior do local. — Ela está lá dentro —
afirmo apavorado.
— Não! Rebeka! — Alissia grita indo na direção da
cabana em chamas.
— Alissia, fique aqui! Vou buscá-la! Eu prometo —
ordeno, correndo para dentro.
A fumaça é densa e sufocante, dificultando a visão e a
respiração. Ouço um grito abafado e sigo o som,
encontrando Rebeka presa em uma cadeira.
— Erik! — ela grita, tentando se soltar da cadeira.
Corro até ela, desamarrando-a rapidamente e
puxando o ar com dificuldade. Uma madeira cai sobre o
meu braço queimando minha pele, mas ignoro a dor. Pego-a
nos braços e corro de volta para a saída, temendo que tudo
desabe sobre nossas cabeças.
Saímos da cabana e corro para um lugar seguro, onde
Alissia nos espera com desespero. Coloco Rebeka no chão,
abraçando-a com força enquanto ela chora em meus braços
e se torna cada vez mais difícil respirar.
— Meu amor, você está bem? Te machucaram,
tocaram em você? Chame a ambulância! — grito para o
motorista, segurando Rebeka com força.
— Victoria — ela murmura, com os olhos cheios de
medo.
— Desgraçada — murmuro entre dentes, sentindo
uma raiva tomar conta de cada pedaço de mim. — Vai ficar
tudo bem — garanto enquanto Alissia a abraça e as duas
choram uma nos braços da outra.
Ouço o som da sirene e vejo o carro de Simon se
aproximando em alta velocidade, levantando poeira ao
estacionar.
— Senhor! — Ele corre na minha direção enquanto
puxo o ar com mais desespero. — Preciso de um médico
aqui. — Ouço ele gritar à medida que a minha visão fica
turva. — Aqui, ele não consegue respirar. — Essa foi a
última coisa que ouvi antes de apagar.

Abro os olhos lentamente, sentindo o meu braço


latejar, respirar dói, e aos poucos a minha visão vai ficando
nítida. Olho para o lado e vejo Oscar sentado lendo um
manuscrito.
— Aí! — gemo ao mexer o braço, que está latejando.
— Você acordou? Onde dói? O braço? Vou pedir que
uma enfermeira te dê outro analgésico — ele fala quase
sem respirar.
— Oscar, Cadê a Rebeka? Como ela e o meu filho
estão? — Ele pausa os passos retornando para o lado da
cama.
— Estão bem, obrigado por entrar em uma cabana em
chamas para salvar a minha filha.
— Não esqueça que Rebeka carrega com ela o meu
filho e o meu coração. Eu não viveria sem eles.
— Vou chamar o médico — ele diz saindo do quarto e
retorna, minutos depois acompanhado do médico.
— Como se sente senhor Delacroix?
— Sinto como se tivesse uma pedra sobre os meus
pulmões, e o meu braço queima como se o fogo ainda
estivesse sobre ele.
— O senhor teve uma reação alérgica às substâncias
liberadas na fumaça do incêndio. Além disso, a queimadura
em seu braço é de segundo grau. Será necessário
administrar analgésicos para aliviar as dores intensas e
fornecer cuidados específicos para tratar a queimadura e
evitar complicações.
— Obrigado, doutor, quando poderei ir ver a minha
mulher? — questiono e Oscar coça a garganta. Acredito que
a palavra mulher ainda o incomode, até ontem ele via a
Rebeka como uma criança.
— Ela está bem, e o bebê também. Vamos monitorá-
los por um tempo, até o momento não há danos
significativos — ele diz, sorrindo simpático.
Solto um suspiro de alívio, e nesse momento Simon
entra no quarto, parando silenciosamente ao lado da porta.
— Simon, você tem notícias da Victoria? — indago e
ele acena positivamente.
— A polícia encontrou provas que evidenciam que
Victoria causou o incêndio. A equipe a seguiu por um bom
tempo, ela tentou fugir da polícia.
— Foi presa? — pergunto ansioso.
— Ela perdeu o controle do carro durante a
perseguição e capotou, o carro explodiu com ela dentro,
senhor. — A notícia me traz um sentimento de alívio. Não
queria que acabasse assim, mas pelo menos ela não pode
mais nos machucar.
— Foi ela quem buscou — digo com rancor mesmo
não desejando a morte dela.
— Bom, em breve o analgésico vai começar a fazer
efeito, e o senhor voltará a dormir — o médico informa.
— Obrigado — falo, já sentindo os meus olhos
pesarem.
44

Erik Delacroix
Acordo mais uma vez, perdi as contas de quantas
vezes isso aconteceu desde que cheguei aqui, a dor da
queimadura é insuportável quando o efeito do remédio
passa, mas ainda assim, estou ansioso para ver Rebeka, em
nenhuma das vezes em que abri meus olhos fui agraciado
com a imagem dela me observando. Levanto com cuidado
arrastando o suporte do soro com cuidado, tentando fazer o
mínimo de barulho possível enquanto caminho pelo corredor
do hospital. Os médicos e enfermeiros estão ocupados com
outros pacientes, e aproveito a distração para me aproximar
do quarto de Rebeka que já me informaram ser ao lado do
meu. Quando finalmente chego à porta, respiro e entro
torcendo para que eu a encontre sozinha.
Rebeka está deitada na cama, com a luz suave da
lâmpada de cabeceira iluminando seu rosto. Seus olhos
estão fechados, mas vejo que ela não está dormindo
profundamente. Aproximo-me devagar.
— Erik? — A voz dela é um sussurro, e ela abre os
olhos lentamente.
— Shh, estou aqui, meu amor — digo, segurando sua
mão com cuidado. — Precisava te ver.
— Você não deveria estar aqui — ela murmura, me
analisando.
— Eu sei, mas não consigo mais ficar longe de você.
Só precisava ter certeza de que está bem — respondo,
acariciando seu rosto suavemente. — Ouviu, meu filho, o
papai está aqui, está tudo bem. — Acaricio a sua barriga e
ela coloca a mão dela sobre a minha.
— Estou melhor agora que você está aqui — diz ela,
apertando minha mão com mais força.
— Rebeka, sinto muito por tudo. Eu devia ter te
protegido melhor.
— Não foi sua culpa, Erik. Você veio por mim, e eu
estava desesperada, eu achei que… — Uma lágrima cai dos
seus olhos e eu a enxugo me deitando do lado dela na
cama.
— Sh… não fala mais sobre isso, a Victoria não vai
mais nos prejudicar.
Fico ao lado dela, observando cada detalhe de seu
rosto, a curva de seus lábios, eu a amo, e sinto meu corpo
tremer só de pensar em perdê-la
— Prometo que não vou deixar mais nada te
machucar. Nunca mais — afirmo, com firmeza. — Você não
sabe o quanto me dói ter te machucado um dia. Dorme, eu
vou ficar aqui com você.
— Eu te amo — ela sussurra, seus olhos se fechando
novamente, desta vez com a respiração mais relaxada do
que quando entrei.
— Vocês são a minha vida — sussurro de volta me
abraçando ao seu corpo.
Fico aqui deitado ao lado dela observando-a
adormecer. O soro ainda está pendurado ao meu lado, mas
não me importo. Neste momento, tudo que importa é que
ela está segura, e que estamos juntos. Finalmente, depois
de algum tempo, percebo que preciso ir antes que alguém
nos encontre. Levanto-me sem vontade de deixá-la e
prometendo que essa será a última vez que nos separamos,
acordarei ao lado dessa mulher pelo resto da minha vida e
eu não aceito menos que uma eternidade com ela. Ajusto o
soro e me preparo para sair.
— Eu te amo, Rebeka — sussurro, antes de me afastar
e deixar o quarto.

Rebeka Martinez
Depois de alguns dias no hospital, finalmente me sinto
um pouco mais forte. Estou sentada na cama, olhando pela
janela enquanto o sol começa a se pôr, pintando o céu com
tons de laranja e rosa.
— Posso entrar? — ele pergunta, parando na porta.
— Claro, pai. Entre — respondo, ainda triste por tudo
que eu lhe causei.
Ele se aproxima e se senta na cadeira ao lado da
minha cama. Ficamos em silêncio por alguns momentos,
apenas olhando um para o outro. Sinto um nó se formar na
minha garganta, mas sei que precisamos ter essa conversa.
— Rebeka, sinto muito por tudo que aconteceu. Eu
tenho certeza de que algo se perdeu, eu sempre achei que
sabia tudo sobre você, que éramos amigos.
— Pai, não foi culpa sua. Eu devia ter sido mais aberta
com você. Eu tinha medo da sua reação, medo de te
decepcionar — respondo, com a voz entrecortada.
Ele aperta minha mão com força, como se tivesse
medo de me soltar.
— Você nunca me decepcionou, filha. Fiquei
preocupado, claro, mas o que mais me doeu foi ver você
sofrendo. Erik me deixou irritado, ele sabe o quanto você é
importante para mim — ele diz, seus olhos marejados.
— Eu sei, pai. E sinto muito por não ter contado antes.
Tive medo, e achei que estava protegendo você — digo,
sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
— Eu sou seu pai, querida, eu sempre vou te apoiar e
te ajudar no que você precisar. Erik sempre foi meu amigo,
quase um irmão, eu conheço ele tão bem que senti medo,
mas com base no que conheço dele sei que ele está sendo
sincero em relação ao que ele sente por você — ele diz,
passando a mão pelo meu cabelo.
— Eu amo o Erik. E estou esperando um filho dele —
confesso, sentindo alívio.
Ele fica em silêncio por um momento. Seus olhos se
enchem de lágrimas.
— Rebeka, eu só quero que você seja feliz. Se o Erik é
quem você ama, vou apoiar você. Mas preciso saber que ele
vai cuidar de você e do nosso neto. Preciso saber que você
está em boas mãos. Você cresceu rápido — ele diz, alisando
o meu rosto. — Então, eu confio em você, filha. Confio nas
suas escolhas. E vou estar aqui, sempre, para o que você
precisar — ele fala, inclinando-se para me abraçar.
— Obrigada, pai. Eu te amo — sussurro, enquanto ele
acaricia meu cabelo.
— Eu também te amo, minha filha — ele responde,
sua voz é suave e reconfortante.

São quase onze horas da noite quando acordo para ir


ao banheiro, mas não retorno para cama, e vou para o
quarto de Erik. Entro na ponta do pé, e o vejo dormindo
tranquilo. Deito-me ao lado dele na cama me aconchegando
entre o lençol que o envolve.
— Morri e estou no céu? — ele murmura ainda de
olhos fechando cheirando os meus cabelos enquanto me
abraça.
— Eu não sabia que as diabas vão para o céu. —
Ponho a mão na boca contendo uma gargalhada.
— Acho que você tem toda razão, minha diaba. Está
sendo malvada comigo se enfiando embaixo das cobertas
no momento em que não posso me enfiar dentro de você.
— Jura que não pode? — minha voz soa desapontada
e eu aproximo meus lábios dos dele.
— Não podemos, minha diaba, não esqueça que eu
sou alguém que preza pelas leis e bons costumes desse
país.
— Então está na hora de ter alta.
— Sim, já me sinto recuperado — reponde me
beijando. — Não seja malvada comigo, volte para o seu
quarto e diga que amanhã se mudará para a minha casa e
que faremos amor o dia todo para compensar todo esse
tempo.
— Amor? — pergunto com malícia.
— Vou te foder com força, mas temos que levar em
consideração o nosso filho que está aí.
— Então me foda enquanto fazemos amor.
— Eu te amo tanto, minha diaba — ele diz apertando
a minha cintura, conforme nossos lábios se encontram em
um beijo exigente. — Seremos nós três para sempre — ele
sussurra entre os beijos.
45

Erik Delacroix

Dois meses depois…

O dia do casamento finalmente chegou. Estou no meu


quarto, ajustando a gravata no espelho enquanto respiro
fundo. Não consigo evitar um sorriso ao pensar em Rebeka.
Hoje, ela se tornará minha esposa, e eu não vejo a hora de
dizer sim no altar. A porta se abre e Oscar entra, vestido em
um terno elegante. Ele se aproxima com um sorriso e eu
sorrio de volta, com um nervosismo diferente, já que além
de sogro ele é o meu melhor amigo.
— Está pronto para isso, Erik? — Oscar pergunta,
dando um leve tapa nas minhas costas.
— Nunca estive tão pronto para algo na minha vida —
respondo, virando-me para encará-lo. — Quero aproveitar
essa oportunidade para agradecer, Oscar. Sei que não foi
fácil para você aceitar tudo isso. Agradeço por confiar em
mim, por ter me dado essa chance. Prometo cuidar da
Rebeka e fazer de tudo para que ela seja feliz.
— Sei que vai, Erik. Tenho certeza disso. E estou muito
feliz em ver vocês dois juntos. Agora, vamos lá, antes que a
Rebeka comece a se perguntar o que estamos fazendo aqui
— ele brinca, mudando de assunto.
Saímos juntos do quarto e me posiciono no altar
esperando por Rebeka. Os amigos dela estão na primeira
fila, menos July que é a madrinha de casamento, Simon está
tão nervoso quanto eu, mesmo com dezenas de
funcionários trabalhando para que tudo saia perfeito, ele
não consegue ficar quieto e checa todo o cronograma no
tablet dele.
A música começa, e todos os olhos se voltam para a
entrada do salão. Rebeka aparece deslumbrante em seu
vestido de noiva soltinho para não marcar a barriga de
grávida. Ela está ainda mais atraente para mim, e meu
coração quase para ao vê-la. Ela está linda como um anjo, e
o seu sorriso me fascina.
Ela começa a caminhar pelo corredor, acompanhada
de Oscar, sei que esse momento é tão especial para ele
quanto para mim.
Quando eles chegam ao altar, Oscar entrega a mão de
Rebeka para mim, com um sorriso emocionado.
— Cuide bem dela, Erik — ele diz, antes de se afastar.
— Com toda a certeza do mundo — respondo,
segurando a mão de Rebeka com firmeza.
“Eu te amo” leio os lábios dela, enquanto ela
pronuncia as palavras sem fazer ruídos e eu beijo a sua mão
pronunciando o mesmo em seguida.
Viramo-nos para o celebrante, que começa a conduzir
a cerimônia, e quando ele nos declara oficialmente marido e
mulher, o local se enche de aplausos ao passo que nos
beijamos, não como eu gostaria, confesso. Caminhamos
pelo tapete vermelho e enquanto nos afastamos do altar,
olho para Oscar e vejo a aprovação e o amor nos olhos de
Alissa.
— Podemos escapar alguns minutos da festa? — ela
sussurra em meu ouvido.
Afrouxo a gravata, sentindo um calor tomar meu
corpo.
— Não podemos, meu amor, vamos ter que
cumprimentar os convidados — respondo me sentindo um
velho incapaz de quebrar as regras e tendo que encarar o
bico manhoso da minha pequena diaba viciada em sexo.
Vejo Lucas se aproximar com uma taça de vinho nas
mãos e sutilmente levanto o pé, deixando-o sobre o
calcanhar, o que faz com que ele tropece derramando todo
vinho no vestido branco de Rebeka.
— Perdão, Beka — ele diz alarmado tentando buscar
formas de se redimir enquanto todos olham espantados.
— Não se preocupe, eu vou ajudar a minha esposa
com isso, voltamos em alguns minutos. — Encaro o sorriso
malicioso da minha diaba que entendeu perfeitamente o
que acabei de fazer.
— Quantos minutos nós temos?
— Não voltaremos, se assim a minha esposa preferir
— respondo, puxando-a pela cintura e beijando seu pescoço
conforme entramos no nosso quarto.
A minha esposa é um convite constante para o
pecado, vivo às margens do desejo dela, à medida que ela
me completa. Ela é minha fonte constante de prazer, a
minha obsessão e o meu vício.
Rebeka Martinez
Entramos no quarto e o meu marido começa a tirar as
próprias roupas, me encarando com desejo e luxúria. Faço o
mesmo, baixando o zíper na lateral do vestido, deixando-o
deslizar pelo meu corpo e me livro dele assim que alcança
os meus pés. Aproximo-me dele sem desviar o olhar ao
mesmo tempo que as minhas mãos deslizam pelo seu
peitoral definido. Ele me puxa pela nuca e nossos lábios se
encontram em um beijo que me rouba os fôlegos, sinto que
sua intimidade cresce e ele a pressiona contra a minha
barriga. Ele está ofegante, suas mãos explorando meu
corpo.
Ele desce os beijos percorrendo meu corpo, que se
incendeia com cada toque. Ele afasta a minha calcinha e
seus dedos me invadem, brincando com o meu clitóris.
Gemo baixo entre os beijos, ele me deita sobre a cama com
cuidado, pois teme machucar o nosso filho. Já na cama ele
desce os beijos chegando ao meio das minhas pernas. Sinto
sua língua brincar com meu ponto de prazer e os seus
dedos me invadem em movimentos de entra e sai. Agarro
os cabelos dele rebolando na sua boca. Meu corpo
estremece, ele levanta os olhos e me lança um sorriso
satisfeito ainda estimulando meu clitóris e se deliciando
com o meu orgasmo.
— Minha esposa, eu estou sonhando com o dia em
que vou te foder de quatro e com força te fazendo gemer
alto do jeito que você gosta, mas por enquanto me contento
em ir com calma sentindo a sua boceta apertada
pressionando o meu pau.
— Então vem, meu marido e me fode gostoso e com
calma. — Ele sorri entrando lentamente em mim e me
beijando com posse.
— Você é uma tarada, minha esposa — ele murmura
nos meus lábios empurrando a cabeça contra a minha
entrada. Suas mãos acariciam meus seios sensíveis,
enquanto eu gemo alto o nome dele, ele me penetra com
mais força e eu anseio cada vez por mais.
— Isso, assim, me fode com força — gemo enquanto
nossos lábios se encontram em beijos intensos e sua boca
parece querer me devorar. Seus movimentos ganham mais
ritmo, rebolando e estocando com força. Sinto o meu corpo
estremecer novamente e ele geme alto, ao passo que
alcançamos um orgasmo juntos.
Ele se deita ao meu lado ofegante e eu me aninho em
seus braços com a certeza que sempre tive. Este homem foi
feito sob medida para mim. Ele é a combinação perfeita de
tudo que eu preciso, de tudo que sonhei. Eu o amo, e sou
amada com a mesma intensidade, ele me completa, uma
vida cresce em meu ventre, uma extensão de nós dois, o
fruto do nosso amor.
Epílogo

Erik Delacroix
Um tempo depois….

A minha vida mudou de maneiras que eu nunca


poderia ter previsto. Sentado na varanda da nossa casa nos
Hamptons, olho para o horizonte, onde o sol se põe. O som
das ondas do mar ao fundo é calmante, mas o verdadeiro
conforto vem da visão à minha frente.
Rebeka está sentada na grama com nosso filho, Theo,
que está tentando dar seus primeiros passos. Seu riso é
fofo, e não consigo evitar sorrir ao vê-los. Rebeka olha para
mim, e nossos olhos se encontram, a mulher da minha vida.
— Papa! — o meu pequeno engatinha pela grama
estendendo suas mãozinhas na minha direção.
Levanto-me e vou até ele, pegando-o nos braços. Ele
ri, agarrando-se ao meu pescoço.
— Você está ficando forte, garotão — digo, rindo junto
a Rebeka. — Se continuar nesse ritmo em breve vai estar
correndo pela casa.
Rebeka se aproxima de nós, envolvendo seus braços
ao nosso redor. Ela beija minha bochecha e depois a testa
de Theo.
— Temos uma família linda, meu amor — ela sussurra,
com um sorriso orgulhoso.
— Sim, temos. Passamos por tanta coisa, mas
conseguimos superar todos os desafios juntos — respondo,
segurando-a com uma das mãos enquanto balanço Theo
com a outra.
Teo começa a se mexer nos meus braços, inquieto.
Coloco-o de volta no chão e ele imediatamente começa a
explorar, rindo de tudo que encontra. Rebeka e eu ficamos
por perto, observando nosso filho.
— Ele tem os seus olhos, sabia? — Rebeka comenta,
observando nosso filho.
— Mas todo resto é seu, inclusive o poder de me fazer
o homem mais feliz do mundo — respondo, beijando-a.
Vejo o carro de Oscar entrando, Rebeka pega Theo e
caminhamos até ele e Alissia.
— Que surpresa! — Rebeka diz animada abraçando a
mãe.
— Precisamos vir, se não vocês nunca vão nos visitar
— Oscar fala me olhando como quem repreende.
— Você não deve lembrar, Oscar, mas uma criança
pequena é bem exaustiva, são noites em claro, ainda
estamos nos adaptando.
— Você é um ótimo pai, Erik, participativo. Rebeka
teve sorte — Alissia diz enquanto caminhamos para dentro
de casa.
— Acho que a sorte foi toda minha — respondo
orgulhoso. — Vocês vão ficar para dormir? Vou pedir que
preparem o quarto de hóspedes.
— Sim, vamos passar o fim de semana com você,
matando a saudade desse garotão lindo — Oscar fala,
pegando Theo dos braços de Rebeka. — Sem falar que
preciso arrumar os brindes da sessão de autógrafos de
Rebeka, trouxe tudo no carro. Na segunda, vamos começar
as ações nas livrarias mais próximas, o livro é sucesso de
vendas — ele fala entusiasmado.
— Calma, pai, depois desse temos mais alguns no
forno, o senhor vai se acostumar logo com a rotina da sua
autora de maior sucesso — ela brinca e nós rimos.
Ficamos sentados conversando sobre a vida. Rebeka
está aconchegada em meus braços enquanto rimos das
histórias que contamos. Rebeka me deu um lar, eu sou
grato por cada sorriso, e os multiplico em seus lábios.
No fim da noite, colocamos Theo para dormir e nos
deitamos exaustos pelo dia puxado, mas com o mesmo
desejo de torná-la minha todos os dias.
— Amo você, Rebeka — sussurro, acariciando seu
cabelo.
— Eu também te amo — ela diz com um sorriso de
quem sabe que a nossa noite está longe de acabar.
“Eu ainda me lembro da primeira vez que a vi, com
um sorriso malicioso e sonhos ousados. Nunca imaginei que
me entregaria novamente, muito menos que viveria tantas
loucuras ao lado dela. Mas aqui estamos, cada dia mais
apaixonados, vivendo nosso melhor momento. Rebeka e
Theo são minha maior riqueza, minha fortaleza, meu lar.
Eles são tudo para mim.”

FIM...
Agradecimentos

Queridas leitoras, agradeço de coração por lerem esse livro,


foi uma honra compartilhar com vocês a história que criei
com tanto amor.
Vocês são a razão de existir dos meus livros e a inspiração
para continuarmos escrevendo. Espero que tenham se
emocionado e se divertido com a história de Erik e Rebeka.
Também quero agradecer pelo apoio que recebo de vocês
nas redes sociais. Suas mensagens, comentários e resenhas
me motiva a oferecer o melhor de mim em cada obra, se
você ainda não me segue, deixarei a minha rede social.
Por favor avaliem este ebook, pois é muito importante para
a minha trajetória, e que eu possa contar com vocês em
futuras leituras. Sintam-se abraçadas.
Adri Luna: autoraadriluna

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