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O Serviço Social e o Objeto de Intervenção Profissional Ok

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Gessyca Santos
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O Serviço Social e o objeto exige dos profissionais

de intervenção profissional constante aprimoramento e


qualificação visando respostas
às demandas advindas da
1 Introdução realidade social.
Historicamente, o Serviço O Serviço Social é
Social adquiriu cunho de regulamentado como uma
cientificidade. buscando profissão liberal, dispondo de
embasamento teórico e estatutos legais e éticos que
epistemológico para qualificar atribuem uma autonomia
as intervenções. A prática do teórico-metodológica, ético-
Assistente Social não funciona política e técnico-operativo e à
mais como uma ação que tem condução do exercício
começo, meio e fim, mas, como profissional. Ao mesmo tempo,
processo contínuo, investindo o exercício da profissão realiza-
na capacitação teórico- se, mediante um contrato de
metodológica dos seus trabalho com organismos
profissionais. empregadores - públicos ou
privados -, em que o assistente
As transformações na social afirma-se como
sociedade atual demandam trabalhador assalariado.
novas exigências às práticas
profissionais, aos processos da
formação profissional e à
3 Tensão entre autonomia
organização dos sujeitos da
profissional e condição
profissão, suscitado a reflexão
assalariada
sobre o objeto de intervenção
profissional. Estabelece-se uma tensão entre
autonomia profissional e
É necessário dialogar sobre o
condição assalariada.
processo educativo‐formativo
Iamamoto (2004) nos
dos assistentes sociais,
recomenda que:
realizando uma avaliação
crítica do atual estágio do “O assistente social é também
capitalismo, do significado da um (a) trabalhador (a)
profissão na divisão assalariado (a), qualificado (a),
sociotécnica do trabalho, de que depende da venda de sua
seus vínculos com o real e da força de trabalho especializada
opção política que os para a obtenção de seus meios
profissionais imprimem no de vida. A objetivação dessa
trabalho desempenhado. força de trabalho qualificada
enquanto atividade (e/ou
trabalho) ocorre no âmbito de
2 A nova configuração social processos e relações de
alicerçada no sistema trabalho, organizados por seus
capitalista empregadores, que detêm o
controle das condições
A nova configuração social necessárias à realização do
alicerçada no sistema trabalho profissional. Assim, as
capitalista, no neoliberalismo alterações que incidem no
chamado ‘mundo do trabalho’ e Seu trabalho não resulta
nas relações entre o Estado e a apenas em serviços úteis, mas
sociedade - que têm resultado ele tem um efeito na produção
em uma radicalização da -ou na redistribuição- do valor
questão social –, atingem e/ou da mais valia e nas
diretamente o trabalho relações de poder político e
cotidiano do assistente social” ideológico. Assim, por exemplo,
(P.11). na empresa industrial, o
assistente social, como parte de
um trabalhador coletivo,
4 Prestação de serviços participa do processo de
sociais reprodução da força de
trabalho, essencial à produção
Prossegue Iamamoto (2004), da riqueza. Na esfera estatal,
destacando que o trabalho participa do processo de
profissional é, pois, parte do redistribuição da mais valia, via
trabalho coletivo produzido fundo público. Aí seu trabalho
pelo conjunto da sociedade, se inscreve, também, no campo
operando a prestação de da defesa e/ou realização de
serviços sociais que atendem a direitos sociais de cidadania,
necessidades sociais e na gestão da coisa
realizando, nesse processo, pública. Pode contribuir para o
práticas sócio-educativas, de partilha do poder e sua
caráter político-ideológico, que democratização - no processo
interferem no processo de de construção de uma “contra-
reprodução de condições de hegemonia” no bojo das
vida de grandes segmentos relações entre as classes - ou
populacionais alvos das ainda, para o reforço das
políticas sociais. estruturas e relações de poder
E para compreender cada vez pré-existentes.
mais a profissão, é preciso ler Complementa Iamamoto
com muita atenção os diversos (2004), convidando a refletir
estudos produzidos. Iamamoto sobre o grau de autonomia
(2004) continua sua exposição profissional, ao falar que
nos dizendo que o Serviço embora o assistente social
Social reproduz-se como uma disponha de uma relativa
especialização do trabalho por autonomia na sua condução de
ser socialmente necessário: o seu trabalho – o que lhe
agente profissional produz permite atribuir uma direção
serviços que têm um valor de social ao exercício profissional
uso, porque atendem as – os organismos empregadores
necessidades sociais. Por outro também interferem no
lado, os assistentes sociais estabelecimento de metas a
também participam, enquanto atingir.
trabalhadores assalariados, do
processo de produção e/ou de
redistribuição da riqueza 5 As atribuições e
social. competências específicas
Detêm poder para normatizar funcionários, definem as
as atribuições e competências relações de:
específicas requeridas de seus

demandas profissionais,
reelaboradas na ótica dos
empregadores, no embate com
Portanto, articulam um os interesses dos usuários dos
conjunto de condições que serviços profissionais. É nesse
informam o processamento da terreno denso de tensões e
ação e condicionam a contradições sociais que se
possibilidade de realização dos situa a atividade profissional.
resultados projetados. Exige caminhar da análise da
Importante profissão ao seu efetivo
Ao final da exposição anterior, exercício, o que supõe
Iamamoto (2004) segue, articular projeto profissional e
afirmando que as atividades trabalho assalariado.
profissionais desenvolvidas
pelo assistente social sofrem
outro vetor de demandas: as 6 As atribuições e
necessidades dos usuários, competências específicas
que, condicionadas pelas lutas Mas, para elaborar o projeto
sociais e pelas relações de profissional, é preciso refletir
poder, transformam-se em
sobre o objeto de intervenção realidade, ou seja, relação
profissional. Faleiros (2001) entre os diversos profissionais,
nos aponta que o Serviço usuários versus usuários,
Social, atualmente, vê-se profissionais versus usuários,
constrangido a reprocessar seu profissionais versus instituição,
objeto de intervenção, usuários versus instituição etc.,
referindo-o às situações de para que possa contribuir na
desemprego, de desencanto reflexão sobre o objeto
com o futuro, de dês- profissional de intervenção.
responsabilização do Estado e
responsabilização dos grupos,
famílias e comunidades pelo 7 Fundamentação como
seu sustento, de nova gestão de especialização do trabalho
políticas sociais.
Compreendendo que o Serviço
Nesse sentido, Faleiros (2001, Social tem, na questão social, a
p. 32) nos sinaliza que a base da sua fundamentação
relação com os novos como especialização do
movimentos sociais vai exigir trabalho, Iamamoto (2001, p.
um repensar da relação entre 27) coloca que:
sociedade, cultura, economia e
subjetividade, implicando, pois
uma articulação mais complexa
com estes movimentos na
construção da estima de si, da
identidade individual e coletiva,
na defesa de seus direitos e
busca de sua autonomia.
Prossegue o referido autor,
apontando que a reflexão sobre
o objeto do Serviço Social
passa pela discussão sobre as
relações de saber e poder,
aprofundando um olhar crítico
sobre o contexto de mudanças “Questão Social apreendida
permanente da realidade. As como o conjunto das
reflexões sobre poder expressões das desigualdades
institucional e saber da sociedade capitalista
profissional colocam o objeto madura, que tem uma raiz
profissional numa outra ótica comum: a produção social é
que aquela exclusiva de classe cada vez mais coletiva, o
contra classe, mas articulada a trabalho torna-se mais
ela na análise das relações de amplamente social, enquanto a
poder. apropriação dos seus frutos
O que isto quer dizer para mantém-se privada,
quem está no exercício do monopolizada por uma parte
estágio curricular? da sociedade.”
Que é preciso observar e
analisar as diversas relações de
poder presentes naquela
8 Fixando disposição para contribuir ao
caso, e disponibilizar a rede de
Vamos trabalhar com alguns
serviços da política de saúde
exemplos para que possamos
para a vítima e familiares.
entender melhor a mensagem
desta aula. O objeto de estudo Por que estamos abordando
e intervenção da profissão é a sobre as diversas instâncias
questão social. envolvidas, e seus
respectivos papéis?
Então isso quer dizer que o
Porque em cada área tem sua
assistente social dentro de um
equipe de trabalho
hospital deverá trabalhar e
multiprofissional, inclusive o
aprofundar todas as demandas
assistente social. E neste
oriundas do objeto de
contexto, cabe uma análise
intervenção profissional? Qual
cuidadosa de até aonde vai à
é a sua resposta como aluno
intervenção de cada
estagiário?
profissional da mesma
Pensando um pouco mais sobre categoria trabalhando sobre o
o assunto, imaginando o mesmo caso social, digo:
trabalho dentro de um hospital. assistente social do hospital,
No atendimento social, o assistente social do conselho
usuário apresenta a suspeita de tutelar e o assistente social do
abuso de sexual referente a campo judiciário. Todos com o
uma criança na família. O objeto profissional em comum,
profissional após a realização mas com papéis permeados das
de uma escuta cuidadosa o especificidades pertencentes à
informa sobre a necessidade de respectiva área de atuação.
encaminhar o caso para outras
instâncias para que o caso seja
acompanhado em seus diversos 9 A construção do objeto
aspectos, seja jurídico, policial, profissional
assistencial, visando à
implementação das medidas A construção do objeto
protetivas. profissional é um processo
teórico, histórico, mas também
DICA: Não cabe ao Assistente político, ou seja, imbricado e
Social o papel de detetive, pois implicado tanto das relações
isto é de competência do poder sociais mais gerais como nas
judiciário, com o trabalho relações particulares e
complementar do conselho específicas do campo das
tutelar. O papel do profissional políticas e serviços sociais e
dentro do hospital deve ser de das relações interprofissionais.
oficializar ao conselho tutelar a
situação, colocar-se a Faleiros (2001) destaca que:
E sobre isso nos diz que: patrimônios individuais e
“O foco da intervenção social coletivos”.
se constrói nesse processo de (FALEIROS, 2001, P. 44)
articulação do poder dos
Isso quer dizer que o processo
usuários e sujeitos da ação
de ação ou intervenção
profissional no enfrentamento
profissional não se constrói
das questões relacionais
num conjunto de passos
complexas do dia, pois
preestabelecidos (a chamada
envolvem a construção de
receita). Exige do profissional
estratégias para dispor de
recursos, poder, agilidade, uma profunda capacidade
teórica para estabelecer
acesso, organização,
pressupostos da ação, uma
informação, comunicação. É
capacidade analítica para
nessas contradições que se vai
entender e explicar as
desconstruir e construir sua
particularidades das
identidade profissional e o
conjunturas e situações, uma
objeto de sua intervenção
capacidade de propor
profissional, nas condições
alternativas com a participação
históricas dadas, com os
dos sujeitos na intrincada
sujeitos da ação profissional. O
trama em que se correlacionam
objeto de intervenção do
as forças sociais, e em que se
Serviço Social se constrói na
situa, inclusive, o assistente
relação sujeito/estrutura e na
social. (FALEIROS, 2001)
relação usuário/instituição em
que emerge o processo de Sendo assim, precisamos evitar
fortalecimento do usuário o pragmatismo!
diante da fragilização de seus
vínculos, capitais ou Você sabe o que é
pragmatismo?
Segundo Faleiros (1987), o realidade já estivesse dada em
pragmatismo é uma atitude sua forma definitiva. (...) Mas é
voltada para soluções necessário, também, evitar
imediatizadas sem a reflexão uma outra perspectiva, que
teórica e histórica da venho chamando de
problemática. E alerta para messianismo profissional: uma
esta prática que pulveriza as visão heróica do serviço social
ações, atendendo o “que vai que reforça unilateralmente a
aparecendo na estrutura e subjetividade dos sujeitos, a
dinâmica institucionais”. (P. sua vontade política sem
35) confrontá-la com as
possibilidades e limites da
realidade social.”
10 Alternativas de
intervenção
11 Armadilhas da formação
Iamamoto (2001, p. 21) fala
profissional feito pela
que as alternativas de
ABESS
intervenção não saem de uma
suposta ‘cartola mágica’ do No balanço da formação
assistente social: profissional feito pela ABESS,
apud Iamamoto (2001, p. 53),
foram identificadas três
armadilhas, das quais a
categoria se viu prisioneira nos
últimos anos – sobre as quais é
preciso refletir. Vejamos:

“O primeiro
pressuposto é o
de que a
apropriação
teórico-
metodológica no
campo das
“...as possibilidades estão grandes matrizes
dadas na realidade, mas não do pensamento
são automaticamente social permitiria
transformadas em alternativas Teoricis
a descoberta de
profissionais. Cabe aos mo
novos caminhos
profissionais apropriarem-se para o exercício
dessas possibilidades e, como profissional. A
sujeitos, desenvolvê-las primeira
transformando-as em projetos e assertiva é que a
frentes de trabalho. (...) Essa busca de novos
compreensão é muito caminhos
importante para se evitar uma passaria por uma
atitude fatalista do processo apropriação mais
histórico e, por extensão, do rigorosa da base
serviço social, como se a
teórico para inserção
metodológica.” qualificada no
assistente social
“O segundo no mercado de
pressuposto é de trabalho.”
que o
engajamento
político nos
movimentos 12 Desafios profissionais e
organizados da acadêmicos ao Serviço
sociedade e nas Social na atualidade
instâncias de Iamamoto (2010), em outra
representação da obra de sua autoria, fala que
categoria rumo ao fazer profissional
garantiria – ou qualitativo, aponta alguns
seria uma desafios profissionais e
condição acadêmicos ao Serviço Social
fundamental para na atualidade, dentre os quais
tanto - a (p.39):
intervenção
profissional  A exigência de rigorosa
Politeís articulada aos formação teórico-
mo interesses dos metodológica que permita
setores explicar o atual processo
majoritários da de desenvolvimento
sociedade. A capitalista sob a
segunda hegemonia das finanças e
afirmação é o o reconhecimento das
reconhecimento formas particulares pelas
da dimensão quais ele vem se
política da realizando no Brasil, assim
profissão e as como suas implicações na
suas implicações órbita das políticas
mais além do públicas e consequentes
campo estrito da refrações no exercício
ação profissional, profissional.
pensada a partir  Rigoroso
da inserção nos acompanhamento da
movimentos qualidade acadêmica da
organizados da formação universitária
sociedade.” ante a vertiginosa
expansão do ensino
“O terceiro superior privado e da
pressuposto é de graduação à distância no
que o país.
Tecnicis
aperfeiçoamento  A articulação com
mo
técnico-operativo entidades, forças políticas
mostra-se como e movimentos dos
uma exigência trabalhadores no campo e
na cidade em defesa do 13 Desigualdades sociais
trabalho e dos direitos
Para Iamamoto (2012), poder-
civis, políticos e sociais.
se-ia dizer que, na América
 O cultivo de uma atitude
Latina, os assistentes sociais há
crítica e ofensiva na
muito acenaram a bandeira da
defesa das condições de
esperança - essa rebeldia que
trabalho e da qualidade
rejeita o conformismo e a
dos atendimentos,
derrota, contradizendo a
potencializando a nossa
cultura da indiferença, do
autonomia profissional.
medo e da resignação que
 Precisamos nos manter
conduz à naturalização das
sempre atualizados, em
desigualdades sociais, da
constante processo de
violência, de preconceitos de
formação profissional, seja
gênero, raça e etnia. E
qual for o campo de
conseguiu manter viva a
atuação.
capacidade de indignação ante
 As transformações na
o desrespeito aos direitos
sociedade atual
humanos e sociais de homens e
demandam novas
mulheres, crianças, jovens e
exigências às práticas
idosos das classes subalternas
profissionais, aos
com os quais trabalhamos
processos da formação
cotidianamente. Ressalta
profissional e à
Iamamoto (2012):
organização dos sujeitos
da profissão. “A categoria profissional
 É necessário refletir sobre desenvolve uma ação de cunho
o processo educativo‐ sócio-educativo na prestação
formativo dos assistentes de serviços sociais viabilizando
sociais, realizando uma o acesso aos direitos e aos
avaliação crítica do atual meios de exercê-los,
estágio do capitalismo, do contribuindo para que
significado da profissão na necessidades e interesses dos
divisão sociotécnica do sujeitos de direitos adquiram
trabalho, de seus vínculos visibilidade na cena pública e
com o real e da opção possam, de fato, ser
política que os reconhecidos. Esses
profissionais imprimem no profissionais afirmaram o
trabalho desempenhado. compromisso com os direitos e
 É preciso buscar delimitar interesses dos usuários, na
quais são as atuais defesa da qualidade dos
demandas que são serviços prestados, em
colocadas pelo atual contraposição à herança
contexto sócio-econômico conservadora do passado.
à formação profissional em Importantes investimentos
Serviço Social, ou melhor, acadêmico-profissionais foram
elencar as exigências e realizados no sentido de se
desafios atuais à formação construir uma nova forma de
profissional dos pensar e fazer o Serviço Social,
assistentes sociais no país. orientadas por uma perspectiva
teórico-metodológica apoiada
na teoria social crítica e em
princípios éticos de um
humanismo radicalmente
histórico, norteadores do
projeto de profissão no Brasil.”
(P.11)

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