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A Pratica Da Medicina No Brasil Colonial

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A PRÁTICA DA MEDICINA TRADICIONAL NO BRASIL: UM RESGATE HISTÓRICO

DOS TEMPOS COLONIAIS

The Practice of Traditional Medicine in Brazil: A Rescue Historic of Colonial Times

Maysa de Oliveira Barbosa1


Izabel Cristina Santiago Lemos2
Marta Regina Kerntopf3
George Pimentel Fernandes4

Recebido em: 24 dez. 2015


Aceito em: 15 jun. 2016

RESUMO: Por meio deste estudo, realizou-se um resgate histórico da participação dos
principais grupos populacionais na difusão e construção do conhecimento da medicina
tradicional. A medicina tradicional brasileira teve sua construção regida pela interação de
diversas práticas empíricas, como o uso de recursos naturais, atos religiosos e magia,
ligadas às culturas indígena, europeia e africana. Dessa forma, afirma-se que o conjunto
de saberes da medicina tradicional brasileira coexiste com o saber médico instituído pelo
cientificismo, constituindo, assim, um patrimônio rico da história humana e das ciências
humanas e de saúde.
Palavras-chave: Medicina Tradicional. Cultura. Etnologia. Conhecimentos, Atitudes e
Prática em Saúde.

ABSTRACT: With this study we performed a historical survey of the participation of


relevant population groups in the dissemination and construction of knowledge of
traditional medicine. The Brazilian traditional medicine had its construction guided by
the interaction of many empirical practices such as the use of natural resources,
religious ceremonies and magical practices, related to indigenous, European and
African cultures. Therefore, it is stated that the body of knowledge of traditional
Brazilian medicine coexists with medical knowledge instituted by scientism, thus
constituting a rich heritage of human history and human and health sciences.
Keywords: Traditional Medicine. Culture. Ethnology. Health Knowledge, Attitudes,
Practice.

INTRODUÇÃO

A medicina tradicional se constitui da lógica perceptiva e de experiências


fundamentalmente não tão compreendidas, mas que se tornaram notáveis e perfazem

1
Acadêmica de Enfermagem da Universidade Regional do Cariri (Bolsista Funcap/ URCA). E-mail:
[email protected].
2
Mestre. Docente da Universidade Regional do Cariri; Doutoranda pela UFRPE. E-mail:
[email protected].
3
Doutor. Docente Adjunto da Universidade Regional do Cariri. E-mail: [email protected];
[email protected].
4
Doutor. Docente Adjunto da Universidade Regional do Cariri. E-mail: [email protected];
[email protected].

RIES, ISSN 2238-832X, Caçador, v.5, nº 1, p. 65-77, 2016.


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grande importância para a construção dos conhecimentos que circundam a nossa


existência (CUNHA, 2007; ELISABETSKY, 2003).
Os costumes, os saberes e as crenças encontrados no Brasil, originaram-se de
uma complexa fusão entre diferentes culturas, que em determinado momento histórico
encontraram-se e deram início a uma profunda e contínua troca de concepções e de
costumes relacionados a diversos aspectos do cotidiano, culminando em uma rede
multíplice e interligada de saberes, que se complementam, contrapõem-se e compõem
parte indelével de nossa identidade cultural.
No Brasil, foi especialmente no período colonial, que esse processo desencadeou-
se de forma mais intensa (BORIS, 1995). Diz-se de forma mais intensa ou perceptível
porque os ameríndios que ocupavam os territórios nacionais antes da chegada dos
europeus e dos africanos, agrupavam- se em tribos distintas, em pontos diferenciados das
vastas terras brasileiras, do litoral ao interior, e desenvolviam um conjunto de relações
específicas e culturalmente apreendidas em suas comunidades (RIBEIRO, 1997).
Assim, embora tivessem aspectos semelhantes entre as diferentes tribos, tais
como: a disposição das habitações em torno de um centro cerimonial e a valorização da
arte expressa na pintura corporal e em vasos artesanais, seria um erro concluirmos que
não existia qualquer espécie de distinção nas suas práticas cotidianas relacionadas à
religião; uso da terra e cura de doenças. Essas diferenças, inclusive, são perceptíveis até
os nossos dias.
Para exemplificar esse aspecto, antes da colonização europeia, havia cerca de 200
000 tribos, seminômades e compostas por diferentes grupos étnicos. Assim, embora alguns
historiadores defendam que esses grupos eram pouco heterogêneos, pode-se afirmar que
havia, de fato, características culturais ímpares, conforme observado nas comunidades
indígenas atuais (HOLANDA, 2003).
Um dado prático dessas diferenças culturais são as diversas línguas indígenas
encontradas entre os índios brasileiros. No Brasil, por exemplo, ainda existem 188 línguas
indígenas, entre elas encontramos desde o Guarani, o Arawake- Maipure, o Ianomano e o
Tupi até dialetos como o Xavante e o Tapaiúna (FUNAI, 2013).
Desse modo, é coerente afirmar que já existia um intercâmbio cultural entre as
diferentes tribos indígenas no território brasileiro antes da chegada dos europeus, sendo
essas influências condicionadas, em especial, pela relação estabelecida entre as tribos, e
envolviam desde práticas de caça e de pesca, até o uso das propriedades das já utilizadas
plantas medicinais, entre outros recursos que extraíam da natureza (GURGEL, 2011).
Diante disso, pretendeu-se por meio deste estudo, realizar um resgate histórico da
participação dos principais grupos populacionais, na difusão e construção do conhecimento
da medicina tradicional brasileira à luz do tempo colonial.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

PERÍODO COLONIAL E SUA INFLUÊNCIA NO INTERCÂMBIO CULTURAL

BRASILEIRO

O processo de colonização instituído pelos portugueses no Brasil, que se


configurou como marco decisivo para o intercâmbio cultural que existiria entre os
ameríndios, os brancos e os negros, deu origem aos diversos aspectos peculiares
observados atualmente na inteira herança cultural do povo brasileiro (ARAÚJO, 2004;
RIBEIRO, 1995).
Foi no ano de 1500 que os primeiros portugueses tiveram os primeiros contatos
com os indígenas, ao que alguns historiadores denominam como o estopim para o
“encontro de culturas” que se entrelaçaria e tornar-se-ia mais evidente com o decorrer dos
séculos (MOTA; LOPES, 2012).
Entretanto, toma-se conhecimento de que esse denominado “encontro de culturas”
representou para alguns indígenas a perda completa ou parcial de suas peculiaridades
culturais, uma vez que se tentou impor ou condicionar aos indígenas o que foi caracterizado
como um processo “civilizatório”, sendo esse extremamente prejudicial quando
consideramos o viés presente dessa atitude sob a ótica do etnocentrismo. O etnocentrismo,
por sua vez, caracteriza-se como:
Visão de mundo, contrária à ideia de diversidade das sociedades e culturas, fundamentada
em valores de uma única sociedade, A lógica do etnocentrismo consiste, pois, em pensar
o mundo por meio de um referencial único, ou seja, tendo como referência a cultura, os
valores e costumes de uma sociedade em detrimento de outra, manifestando-se por meio
de julgamento de valores da cultura do outro, seu modo de pensar e agir (NAKAMURA,
2011, p.98).

Assim, durante os anos de 1500 a 1530, poucos foram os empreendimentos


realizados nas novas terras e as tentativas de ocupação foram desarticuladas e incipientes,
cabendo às denominadas expedições tarefas generalistas como: mapear parte do território
então conhecido e atestar a existência do pau-brasil (HOLANDA, 2003).
Contudo, foi a partir de 1530, que a ocupação e dominação portuguesa assumiram
novos empenhos na figura de Martin Afonso de Souza, nomeado por Dom João III como
capitão-mor das terras coloniais, intensificando o processo de exploração mineral e vegetal,
bem como distribuindo lotes de terras ou sesmarias (BORIS, 1995; HOLANDA, 2003).
Posteriormente, a partir da primeira metade do século XVI, devido ao início da
produção de açúcar no Brasil, deu-se início ao processo de escravização do negro em
virtude da necessidade de mão de obra barata e que possibilitasse uma produção que
atendesse à demanda e gerasse lucros, embora os índios também fossem escravizados
(HOLANDA, 2003).

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Portanto, à vista dessa breve consideração acerca da formação da conjuntura


social brasileira a partir de 1500 e antes disso, discorreremos sobre como se deu início a
formação do atual corpo de conhecimentos que integra atualmente a nossa concepção de
medicina tradicional no Brasil e as contribuições dos diferentes grupos populacionais para
essa troca de informações entre culturas a respeito do binômio saúde-doença.
Entretanto, salienta-se não ser essa uma tarefa simplista, levando em consideração
o que Gurgel (2011, p. 13) definiu como fato: “A virtual falta de informação sobre saúde e
medicina de um Brasil nascente”. A carência de registros escritos pelos próprios índios
brasileiros constitui ainda em uma limitação relevante nesse aspecto.

CULTURA INDÍGENA E PRÁTICAS MEDICINAIS

Antes da chegada do homem europeu, a troca de informações culturais que


consistia no conhecimento etnomédico dos ameríndios era vivenciada apenas entres as
diferentes tribos que ocupavam as terras brasileiras, e já consistia em um conjunto de
práticas extremamente complexas, em especial referente ao uso de ervas da flora nativa,
e que respaldariam, futuramente, estudos de médicos naturalistas ainda no período colonial
(CALACA, 2002; RIBEIRO, 1997).
No que diz respeito à saúde indígena durante o início da colonização do Brasil,
pode-se mencionar as denominadas “febres”, disenterias e dermatoses, além do bócio
endêmico, como patologias mais comuns entre os ameríndios. Acerca do bócio entre os
nativos e das dificuldades em assegurar fontes históricas confiáveis a respeito da saúde
dos ameríndios pré-colonização, Gurgel destacou:
O bócio é mencionado na literatura sobre doenças nativas antes do descobrimento, mas
não são fornecidas as fontes originais [...] Os antigos cronistas tinham subsídios para
descrevê-las, pois a afecção leva a um aumento de volume do pescoço que, quando
acentuado, é fácil identificar [...] Entretanto, a presença ou ausência de bócio no período
pré-colonial [...] são apenas possibilidades pertencentes ao escorregadio terreno das
especulações (GURGEL, 2011, p. 33-34).

Contudo, nas crônicas disponíveis datadas do início do período da colonização


brasileira, os índios são retratados como vigorosos; robustos; limpos; saudáveis e
praticantes de suas próprias artes medicinais que se mostravam inseridas no contexto das
enfermidades enfrentadas por eles antes da colonização (GURGEL, 2011).
A respeito dessa afirmação, Freitas (1935) alistou alguns comentários de
importantes figuras da história da colonização brasileira e da medicina ocidental, no que diz
respeito à imagem que se tinha dos índios no que concerne aos aspectos relacionados a
sua saúde:
Azevedo Sodré [...] afirmava, de acordo com a unanimidade dos cronistas da descoberta
e da colonização que [...] não foram encontrados pelos portugueses, holandeses e
franceses, quer no litoral, quer no interior, índios ventrudos, caquéticos e opilados [...] ao
que acrescentava Pedro Vaz Caminha: “os seus corpos são tão limpos e tão gordos e
formosos, que não pode mais ser" [...] o Padre Manoel da Nóbrega [...] dos primeiros

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tempos de sua colonização, escrevia [...] “nunca ouvi dizer que morresse alguém de febre,
mas somente de velhice" (FREITAS, 1935, p. 15-16).

Ainda nesse âmbito, Ribeiro (1997) destaca no que tange às condições de


salubridade em terras brasilíndias antes do processo de colonização, o seguinte:
Apesar do forte conteúdo mítico das descrições dos cronistas que aproximaram o Brasil
do paraíso terreal – em parte por desconhecerem-no profundamente –, onde a abundância
de víveres era regra e as doenças inexistiam, as condições salutares da colônia americana
eram, de fato, superiores nos primeiros tempos da colonização. Deixando certos exageros
à parte, o mito da salubridade na Terra dos Papagaios aproxima-se da realidade
(RIBEIRO, 1997, p. 22).

Depois, a partir do contato entre índios e europeus foram introduzidas outras


moléstias, as quais, conforme exposto em capítulo anterior ceifaram dezenas de milhares
de vidas indígenas, que envolviam desde sarampo à tuberculose. Além disso, tendo em
vista o início do processo de escravização africana no Brasil, novas formas de doenças
surgiram em território nacional (GURGEL, 2011; RIBEIRO, 1997).
Nesse sentido, Freitas (1935) ainda reuniu diversas observações acerca do
desenvolvimento de algumas patologias em terras brasileiras a partir do tráfico de escravos
para a colônia, ele abordou patologias como a Bolba e o doloroso e temido “Maculo”, uma
afecção do baixo ventre que em caso mais graves evoluía para gangrena e morte:
De todas as doenças trazidas para o nosso país, durante o seu período colonial, uma das
que menos se adaptou ao nosso meio foi o "Maculo", nome que muito mal esconde a sua
origem etimológica espanhola. Esta esquisita enfermidade [...] veio para o Brasil com os
africanos escravizados e aqui domiciliou- se por muito tempo, causando danos de toda a
ordem, num meio atrasado como era o nosso, naqueles tempos, onde a medicina e a
higiene ainda não eram moeda corrente, pontificando numa e noutra os mais desopilantes
curiosos (FREITAS, 1935, p. 31).

De qualquer modo, os índios tratavam suas moléstias menos graves através do uso
de plantas encontradas na flora nacional. Contudo, diante de quadros mais sérios, eles se
valiam de seus rituais e apelavam para poderes sobrenaturais na busca de cura, que
poderiam contar com a presença do enfermo e de outros membros do grupo a que ele
pertencia, em especial seus parentes (EDLER, 2010a; GURGEL, 2011).
Os índios, benzedeiros e curandeiros atuais, bem como os adeptos da medicina
tradicional chinesa, apenas para citar alguns, apregoavam princípios que são
extremamente conhecidos entre os profissionais de saúde da atualidade, tais como o de
considerar o ser humano como um todo, a existência de um equilíbrio entre corpo, mente e
espírito (compreendendo que quando esse equilíbrio é perdido adquirem-se moléstias das
mais diversificadas origens) conhecido na medicina ocidental como visão holística do
paciente.
Portanto, é consenso entre os historiadores e estudiosos da Medicina Tradicional
no Brasil que as práticas de cura indígenas envolviam aspectos naturalistas e de ordem
mística ou espiritual, isso pode ser observado, inclusive, em nossos dias e de forma mais
notável nas comunidades indígenas isoladas (GURGEL, 2011).

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Diversas foram as contribuições dos índios para os saberes que até hoje
permanecem vivos na prática da medicina rústica brasileira, fomentando também pesquisas
nas áreas da farmacopeia e da antropologia médica com vistas a elucidar o conhecimento
indígena acerca das compreensões dos possíveis elementos de cura que podem existir e
persistir na natureza e como utilizá-los.
Por exemplo, os portugueses, que chegaram às terras do Brasil durante o período
de colonização, valiam-se de inúmeros conhecimentos da medicina tradicional indígena em
seu cotidiano, tal como o uso do azeite de copaíba para tratar feridas. Além disso, era de
consenso que os índios conheciam e dominavam as diversas propriedades das
denominadas ervas medicinais, conferindo maior respaldo as suas ações entre os demais
colonos (EDLER, 2010b; RIBEIRO, 1997).
Nesse sentido, os pajés utilizavam desde folhas e frutos, até resinas e partes
lenhosas das plantas para preparar cataplasmas ou soluções utilizadas de forma oral ou
por inalação. Frisa-se ainda o fato de que, para os índios, a resposta do poder curativo das
plantas residia na natureza e na atribuição do valor místico que empregavam ao preparo e
à administração desses medicamentos rústicos (EDLER, 2010b; GURGEL, 2011).
Acerca da atuação dos pajés no contexto das práticas de saúde, podemos afirmar
que em muito se aproxima das atividades dos curandeiros atuais. Sobre essas práticas
lemos em Ribeiro:
[...] o pajé iniciava sua ‘consulta’ com as mesmas ferramentas de um médico moderno:
interrogava o doente sobre seus hábitos urinários e intestinais, banhos e por onde andara.
Ele principiava o tratamento com rituais [...] mas não descartava medidas terrenas. O
armamento indígena incluía sangue humano e de animais [...] a saliva como cicatrizante,
mas nunca fezes [...] Também usavam a cabeça de ofídios, gordura de onças, sapos
queimados, bicos [...] que, reduzidos a pó, eram dissolvidos em água e consumidos após
decocção. Quando necessário, o pajé realizava manipulações cirúrgicas simples e
reduções de fraturas [...] (RIBEIRO, 1997, p. 54).

EUROPEUS: RELIGIOSIDADE E OS PRIMEIROS CONHECIMENTOS MÉDICO-

CIENTÍFICOS

No que convém à saúde da população europeia, pode-se dizer que estava


diretamente associada a fatores multifacetados que envolviam o lugar onde morava, a
classe social a que pertencia e o trabalho que exercia. A elite branca era composta por
clérigos; comerciantes; fidalgos e, evidentemente, os afamados senhores de engenho,
sendo esses que gozavam de melhores condições e boa assistência médico-sanitária.
Com relação às práticas de cura utilizadas pela sociedade branca, elas eram
compostas pelas técnicas da medicina instituída na Europa e pelos medicamentos
indicados por seus eclesiásticos, médicos e boticários, assim como pelos saberes dos
povos ameríndios e dos africanos. A esse respeito, o estudo de Edler e Fonseca frisa:
Mesmo os portugueses opulentos, muito embora se tratassem com seus médicos,
cirurgiões e barbeiros vindos de Portugal, não hesitavam, quando precisavam curar suas

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feridas, em se servir do óleo de copaíba utilizado pelos indígenas para esse fim. Depois,
com a vinda dos escravos africanos, aderiram igualmente a certas curas relacionadas com
a magia [...] (EDLER; FONSECA, 2006, p. 31).

No cenário das práticas medicinais exercidas pelos europeus nos primeiros séculos
da colonização e que repercutiram no Brasil figuram personagens importantes, tais como
os jesuítas; os boticários e os barbeiros (ARAÚJO, 1979; CHALHOUB, 2003). Acerca dos
registros históricos da atuação desses profissionais Witter afirma:
[...] A maior parte dos escritos sobre o assunto contentou-se em repetir o discurso médico
relativo à sua ação como atividades marcadas pela ignorância, pela superstição e pela
ineficácia. As práticas populares de curar acabaram aparecendo, assim, em boa parte da
historiografia, como pertencentes a um conjunto de atitudes “pré-racionais” e ilógicas, fruto
de uma mistura de culturas (visto de forma pejorativa) e do “abandono” em que viveram
as povoações brasileiras, especialmente durante o período colonial (WITTER, 2005, p.
14).

No que tange aos jesuítas, além da missão de catequizar os indígenas, eles


atuaram de forma historicamente relevante na assistência em saúde durante parte do
período colonial brasileiro e também consideravam a saúde sob a ótica do corpo integrado
com o espírito, através da religiosidade e da fé (GURGEL, 2011).
Alguns jesuítas possuíam formações específicas nas áreas médicas, outros
aprenderam a partir da prática, exercendo na colônia uma variedade de ações: partos,
sangrias e procedimentos cirúrgicos, tais como o padre José de Anchieta e Gregório Serrão.
Participaram ainda em terras brasileiras na fundação das primeiras instituições de saúde
do país, e posteriormente, de inúmeras reformas. Desse modo, os jesuítas tornaram-se
referência na assistência em saúde durante o primeiro século de colonização do Brasil
(CALAINHO, 2005).
Além desse aspecto, deslumbrados com a rica flora nacional e através do contato
direto com as diversas etnias indígenas, bem como de estudos empíricos e de observação
meticulosa, os jesuítas dedicaram diversos escritos a respeito das vastas propriedades
curativas das ervas medicinais brasileiras, dando início aos primeiros estudos
farmacopéicos desenvolvidos no país (CALAINHO, 2005; EDLER, 2012; RIBEIRO, 1997).
Frisam-se ainda as importantes boticas dos jesuítas, onde podia ser encontrada
uma variedade de medicamentos vindo do Reino de Portugal. Contudo, o elevado custo
referente à importação desses fármacos condicionou os jesuítas, estudiosos das
propriedades medicinais da flora nacional, a desenvolver fórmulas de remédios na colônia,
tais como a Triga Brasílica, que se tornou conhecida mundialmente (EDLER, 2010b;
EDLER, 2006; GURGEL, 2011).
Entretanto, a visão dos jesuítas acerca da forma como os indígenas concebiam
suas práticas de cura evidenciaram um imenso choque cultural, uma vez que esses
religiosos atribuíam aos demônios as artes curativas exercidas pelos pajés – denominados
por alguns jesuítas de “perversos feiticeiros”, “enganadores” e praticantes das “mentiras do
inferno” (CALAINHO, 2005) – e por outros membros das tribos e enfrentavam resistência

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referente a estabelecer a atuação única das técnicas médicas seculares nos territórios do
Brasil-colônia (NEVES, 1978; RIBEIRO, 1997).
Esse aspecto está evidente no estudo de Calainho (2005), sendo ricamente
descrita, a partir de documentos e de crônicas oficiais, a visão dos jesuítas no que concernia
às práticas curativas realizadas pelos pajés, onde lemos:
Outro exemplo do quão intenso foi o olhar demonológico dos jesuítas [...] está na
percepção das práticas mágico-religiosas dos gentios, cujos principais protagonistas eram
os pajés [...] Assim, a [...] catequese esbarrou ainda na ação nefasta do xamanismo tupi,
destacando-se, no conjunto destes ritos, variados procedimentos curativos, vistos pelos
inacianos como ilegítimos e demonizados. Este conflito se deu tanto no plano espiritual,
como nas artes terapêuticas, pois os pajés eram considerados feiticeiros [...] Era preciso
desmascará-lo [...] e também convertê-lo, abrindo espaço para o verdadeiro e único saber,
que era do Deus cristão. (CALAINHO, 2005, p. 72-73).

Por sua vez, os boticários, profissionais que trabalhavam nas boticas e exerciam
funções como pesquisa, manipulação, armazenamento e venda de medicamentos
desenvolveram importantes estudos que impulsionaram a descoberta de novos fármacos e
de propriedades medicinais de ervas da flora brasileira, reunindo-os em diversos
compêndios de valor histórico, tal como “A Farmacopeia Lusitana”, obra do cônego Don
Caetano de Santo Antônio (EDLER, 2006).
Nesse sentido, Edler (2006) destaca que em todas as farmacopeias produzidas
existiam fórmulas que ele denominou de “mais ou menos mágicas” e que consistiam em
uma fusão nítida do saber erudito e do saber popular dos povos indígenas e africanos, que
influenciaram de forma direta ou indireta diversos dos estudos farmacopéicos produzidos
durante o período colonial, a exemplo das denominadas “simpatias” contidas em alguns
desses compêndios.
No que tange aos Barbeiros, ou cirurgiões-barbeiros, sua atuação estava baseada
em apurada observação das moléstias e do conhecimento erudito que apreendiam através
dos livros das ciências médicas convencionais. Esse fator produziu um conhecimento misto,
que mesclava elementos do saber popular com o cientificismo europeu (FIGUEIREDO,
1999; SANTOS FILHO, 1979).
Esses profissionais, portanto, não consistiam em médicos convencionais, embora
exercessem funções atreladas ao diagnóstico e ao prognóstico de doenças, bem como,
recomendação e prática de diversas intervenções terapêuticas.
Assim, os barbeiros-cirurgiões realizavam procedimentos que iam desde arrancar
dentes, sangrias e indicação de medicamentos. Desse modo, relativo ao saber e à prática
dos barbeiros-cirurgiões na época colonial em Minas Gerais, Furtado faz uma importante
observação:
[...] cirurgiões-barbeiros [...] incorporaram em suas receitas os elementos da natureza da
Capitania nos medicamentos prescritos, [...] Grande parte do uso desses elementos como
panaceia curativa veio do contato com índios e escravos, conhecimento em muitos casos
intermediado pelos paulistas e em grande parte divulgado pelos manuais de medicina
popular escritos na capitania ao longo do século XVIII [...] Assim, ao mesmo tempo em
que os livros produzidos nas Minas se tornavam referência no velho continente, o inverso

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também ocorria [...] tornando difícil distinguir uma só origem para a formulação desse
saber (FURTADO, 2005, p. 104).

Esses traços históricos são observados ainda hoje nas práticas das benzedeiras;
dos curandeiros; dos raizeiros e dos diferentes personagens que compõem o panorama
demográfico do Brasil da contemporaneidade e que, por diversas vezes, sem conhecer a
origem, reproduzem técnicas da medicina tradicional originadas nos primórdios da
colonização brasileira (ARAÚJO, 2004; POHLMANN, 2007).

CULTURA AFRICANA E AS INTERFACES MEDICINAIS

Com a chegada dos africanos ao Brasil a partir do tráfico de escravos, outros


diversos elementos místicos foram introduzidos no conjunto das práticas da Medicina
Tradicional no período da colonização do Brasil, exercendo sua influência não apenas nos
indígenas, mas também nos próprios europeus, que utilizavam as tradições e, em algumas
circunstâncias, valiam-se dos rituais vindos da África e incorporados à cultura brasileira.
No caso da saúde dos africanos, a partir da leitura de documentos históricos, pode-
se deduzir que era precária, devido às condições de trabalho impostas e à alimentação que,
geralmente, não atendia as necessidades nutricionais da população negra escravizada,
condicionando quadros graves de saúde e reduzindo drasticamente a expectativa de vida
dos escravos (EDLER, 2010b; FIGUEIREDO, 2006; RIBEIRO, 1997).
Destacando os estudos etnofarmacológicos de Luís Gomes Ferreira, Edler (2006)
apresenta-nos um relevante quadro acerca da condição de saúde do escravo africano que
atuava na região mineradora do país, bem como, nos grandes centros urbanos, fazendo
uma observação importante a respeito do panorama da saúde entre os personagens que
compunham a base da pirâmide social no Brasil colonial:
[...] registram-se as “crises reumáticas”, “as febres com catarros”, as “chagas nas pernas”
que acometiam os escravos faiscadores, obrigados a permanecer com metade do corpo
submerso nos leitos pedregosos de rios gélidos durante horas, mergulhando, tirando
cascalho e lavando [...] A ancilostomíase, conhecida como opilação, as doenças de
carência, como o escorbuto, a tuberculose e o maculo, não chegavam a distinguir a
população de escravos negros do restante da população de mulatos, brancos pobres e
cafuzos [...] (EDLER, 2010b, p. 31).

As curas empregadas pelos africanos abrangiam as chamadas “moléstias do


corpo”, entendidas como “quebranto”, feridas diversas, “lombrigas”, “sezões”, entre outras
e as “moléstias da alma”, que – pelo que se entendia - eram causadas por feitiços. Era
comum, portanto, a prática de rezas, de benzeduras e de rituais para restabelecer a saúde
do enfermo (EDLER, 2010b).
A fragilidade gerada pelo processo patológico e, muitas vezes, mas não apenas, a
ausência de médicos seculares na colônia, bem como, de medicações convencionais
contribuíram, embora não de forma isolada, para que europeus e mestiços buscassem nas
tradições africanas remédios para os seus males.

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Destaca-se, contudo, a linha tênue entre os rituais de cura estabelecidos pelos


africanos e o que os europeus compreendiam como práticas de feitiçaria, severamente
condenada na Europa, mas relativamente tolerada no Brasil, frisa-se aqui o “relativamente”,
pois eram realizadas constantemente as chamadas visitas inquisitoriais do Tribunal do
Santo Ofício, na busca dos denominados “Hereges da Fé Cristã” (RIBEIRO, 1997).
Por isso, devido ao estigma histórico e social do uso da magia, os europeus e seus
descendentes que compunham a classe economicamente mais privilegiada do Brasil-
colônia, e que se valiam das práticas da medicina tradicional africana, geralmente faziam
isso de forma sigilosa, no interior de seus lares, pois não queriam ser associados ao uso
desse tipo específico de intervenção terapêutica que evocava poderes sobrenaturais,
quadro inclusive similar ao que ocorre nos dias atuais (SCHWARTZ, 1988). Sobre esse
assunto, Ribeiro destacou:
[...] benzedeiras, feiticeiras e curandeiras eram procuradas por indivíduos de posses. A
concepção da doença e consequentemente da cura como elemento sujeito à ação de
forças sobrenaturais fazia parte do universo das elites e dos estratos populares [pois] o
pequeno número de cirurgiões, médicos e boticários no período colonial forçava os
doentes a procurar ajuda dos africanos (RIBEIRO, 1997, p. 44).

Todavia, vale ressaltar que a contribuição dos africanos para a medicina tradicional
não repousa apenas no uso de tradições ligadas ao sobrenatural. Na realidade, os
escravos, assim como os índios, eram conhecedores de propriedades que envolviam o uso
de venenos, bem como, a manipulação rústica dos antídotos e propriedades herbáceas
através do empirismo (EDLER, 2010b; EDLER, 2006; GURGEL, 2011; RIBEIRO, 1997).
Além disso, muito do conhecimento indígena acerca das propriedades de ervas
medicinais encontradas em território nacional foi incorporado ao saber dos escravos negros
durante séculos de contato entre essas duas culturas iniciado por meio do processo de
colonização (ALMEIDA, 2010).
Fato interessante a ser destacado é que alguns dos escravos praticantes da arte
da cura por meio da magia ganharam fama na comunidade em que viviam, e isso permitiu-
lhes algumas concessões sociais e retorno monetário. Alguns, contudo, eram apontados
como “charlatões”, acusados, algumas vezes, de lançar o feitiço da moléstia e depois retirá-
lo ou, ou de serem incapazes de praticar qualquer tipo de arte mágica da cura (SÁ, 2009;
RIBEIRO, 1997).
Ainda nessa perspectiva, alguns negros que se tornaram forros aprenderam por
meio da prática alguns ofícios ligados às profissões das ciências médicas convencionais do
Brasil-colônia. Outros já eram vendidos como escravos específicos para uma determinada
finalidade relacionada à assistência em saúde, tais como os barbeiros ou os denominados
enfermeiros da época colonial (SÁ, 2009).
Assim, de acordo com os estudos de Sá (2009), o africano escravizado buscou,
através de suas artes mágicas e do conhecimento relativo às curas de doenças por meio
das ervas medicinais, galgar subsídios para ascender socialmente, frente a um contexto
social adverso com que ele se deparava:

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Se o papel ofertado a esses grupos foi, mais uma vez, o de objeto na trama histórica
encenada, eles se sublevaram e, dentro das possibilidades do universo colonial escravista,
encontraram, nos males do corpo e da alma, uma forma de se colocar como sujeitos
históricos. Apresentando soluções de seus repertórios de magia e feitiçaria, fruto de
dinâmica cultural entre europeus, americanos e africanos, conseguiram ocupar alguns
espaços em uma sociedade que não lhes oferecia muitas possibilidades (SÁ, 2009, p.
342).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De fato, o processo de formação das inúmeras práticas associadas ao


conhecimento das propriedades medicinais de plantas nativas, os rituais mágicos
realizados em busca de cura, as fórmulas de simpatias registradas em compêndios de
estudos farmacopeicos produzidos por europeus, a cura associada ao corpo e ao espírito
e dividida pelas diferentes culturas que aqui estiveram, entre outros fatores, deixaram uma
marca indelével na história do desenvolvimento da medicina tradicional do Brasil,
consistindo em um corpo complexo de conhecimentos que paira entre o saber popular e o
saber científico da época.
Dessa forma, a Medicina Tradicional configura-se como importante elemento
cultural, tendo seu escopo de conhecimentos sido incorporado por determinados grupos
populacionais e sedimentados no cotidiano, perfazendo parte indissoluta do que definimos
e conhecemos como sabedoria popular, regendo, em maior ou menor intensidade nossos
hábitos diários; nossas crenças e nossa forma de encarar a busca pelo restabelecimento,
frente uma enfermidade.
Portanto, pode-se afirmar que esse conjunto de saberes, embora modificados,
reinventados e ressignificados na realidade vigente do atual contexto social do Brasil
coexiste com o saber médico instituído pelo cientificismo, constitui-se um patrimônio rico da
história humana e das ciências humanas e de saúde, representando ainda campo vasto de
pesquisas nos dias atuais.
De fato, A partir do que foi exposto, observou-se que se mostra relevante o
desenvolvimento de pesquisas que busquem resgatar saberes tradicionais instituídos,
avaliando o grau de influência que determinam nos cuidados de saúde empregados em
uma determinada comunidade, apontando possíveis alternativas ao tratamento
farmacológico de alto custo e fomentando a necessidade em considerar aspectos culturais
na prática integral de assistência à saúde, entre outras contribuições.

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