CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO
FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE ENSINO DE PIRACICABA
PÓS-EEP/FUMEP
SISTEMA DE BOMBEAMENTO DIRETO EM LINHA (SBL)
Gustavo Baryotto dos Santos1; Professor MSc. Alexandre Prado Rocha 2
RESUMO
Este artigo em forma de relato de experiência tem como objetivo apresentar o produto SBL, um
equipamento cuja finalidade é substituir as Estações Elevatórias de Esgoto (EEE)
convencionais por EEE compactas. Sua montagem, bem como peças e componentes, é
totalmente nacional, dessa forma torna-se mais competitivo no mercado e garante uma entrega
mais ágil ao cliente. Além disso, ele se diferencia por outros motivos (que serão detalhados no
decorrer deste artigo), entre eles, menores investimentos em obras de construção de EEE
convencionais, fácil implantação em diferentes e reduzidos locais, redução no consumo de
energia elétrica e redução com serviços de manutenção elétrica, hidráulica ou mecânica. Em
resumo, o equipamento SBL tem como propósito otimizar as EEE e apesar de ser um produto
novo no saneamento já tem uma excelente aceitação no mercado nacional.
Palavras-chave: Sistema de Bombeamento Direto em Linha; Saneamento; Estação Elevatória
de Esgoto Convencional; Estação Elevatória de Esgoto Compacta; Otimização.
IN-LINE DIRECT PUMPING SYSTEM (SBL)
ABSTRACT
This article in the form of an experience report aims to present the SBL product, an equipment
whose purpose is to replace conventional Sewage Pumping Stations (EEE) with a compact EEE.
Its parts and components, as well as the assembly, are entirely national, thus it becomes more
competitive in the market and assure a faster delivery to the customer. In addition, it differs for
other reasons (which will be detailed throughout this article), including lower investments in
conventional EEE construction works, easy deployment in different and reduced locations,
reduction of electricity consumption and reduction in electrical, hydraulic or mechanical
maintenance services. In summary, the SBL equipment has the purpose of optimizing EEE and
despite being a new product in sanitation, it already has an excellent acceptance in the national
market.
Keywords: Direct In-Line Pumping System; Sanitation; Conventional Sewage Pumping
Station; Compact Sewage Lift Station; Optimization.
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Aluno do curso de Pós-graduação em Infraestrutura em Saneamento Básico da FUMEP
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Professor MSc. do curso de Pós-graduação em Infraestrutura em Saneamento Básico da FUMEP
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1. INTRODUÇÃO
Conforme sanção do Presidente da República da lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020,
que aborda sobre o Novo Marco Legal do Saneamento, órgãos responsáveis por este serviço,
tais como, prefeituras, autarquias e concessões têm como principal desafio garantir a
universalização do saneamento básico no Brasil. Hoje, baseado em tal lei, quando se fala em
saneamento básico, entende-se captação, tratamento e distribuição de água; coleta, afastamento
e tratamento de esgoto; captação e drenagem de águas pluviais; coleta e manejo de resíduos
sólidos urbanos.
Dessa forma, diversos investimentos serão realizados no país por meio de contratações
de obras de serviços de engenharia em forma de licitações quando se trata de órgãos públicos
(prefeituras e autarquias) e cartas convite quando se trata de órgãos privados (concessões).
Todavia, esses investimentos devem ser monitorados para que sejam bem aplicados e atinjam
a meta da lei nº 14.026, isto é, a universalização do saneamento.
Diante deste cenário que necessita de melhorias no sistema nacional de saneamento, a
Improv Equipamentos Ltda, empresa nacional privada com sede em Santa Bárbara d’ Oeste/SP,
em busca de engajamento e contribuição com o Brasil, desenvolveu o produto intitulado
Sistema de Bombeamento Direto em Linha, ou simplesmente SBL. Em outras palavras, se trata
de uma estação elevatória de esgoto (EEE) compacta que tende a substituir as EEE
convencionais.
Seu fornecimento é turnkey, ou seja, é entregue o conjunto mecânico e hidráulico, o
painel elétrico responsável por acionar as motobombas, bem como automatizar o equipamento
e o startup do sistema. A automação, por sua vez, é responsável por executar funções específicas
para o saneamento, tais como, definição de pontos de atuação (liga/desliga), limpeza no
ligamento da bomba, destravamento de bomba, identificação de bomba seca, redução no
consumo de energia elétrica, entre outras. Elas são fundamentais pois garantem ao equipamento
autonomia durante seu funcionamento, reduzindo consideravelmente serviços de manutenção
que são comuns nas EEE convencionais.
A principal desvantagem na implantação de uma EEE convencional é a obra civil que
ela demanda, de forma simples e objetiva pode-se citar três unidades essenciais: caixa de areia,
gradeamento e poço de sucção. Tais unidades ocupam uma área considerável e são formadas
por dois materiais extremamente onerosos no mercado atualmente: concreto e aço. Além disso,
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outros serviços realizados ao longo da obra são também de elevado custo para execução, entre
eles, remoção de pavimento, escavação, escoramento, rebaixamento de lençol freático, reaterro
e repavimentação.
Outro fator negativo quando se fala em EEE convencional é o custo com energia
elétrica. Diante da crise hídrica que o Brasil passa, algumas companhias de distribuição criaram,
por período indeterminado, a “bandeira escassez hídrica”, tornando a tarifa ainda mais custosa.
Sabe-se que o bombeamento é a maior despesa que as companhias brasileiras de saneamento
possuem em seu orçamento.
Pensando na primeira problemática, o SBL faz uso de um poço com dimensões bem
menores, dispensando assim obras de grande porte e consequentemente gerando menor custo.
Já na segunda, o equipamento trabalha com um tipo de controle (será abordado detalhadamente
ao avançar deste trabalho) que visa reduzir o consumo de energia elétrica em situações em que
o volume do esgoto é baixo.
Em resumo, o SBL foi concebido pensando não somente nesses dois inconvenientes de
uma EEE convencional, mas numa melhoria completa quando o objetivo é coletar e afastar o
esgoto sanitário.
2. METODOLOGIA
Uma Estação Elevatória de esgoto é construída para atender as seguintes necessidades
de uma região:
Coletar em cotas desfavoráveis ao escoamento por gravidade;
Transportar na rede coletora ou até interceptores, evitando aprofundamento excessivo
das tubulações;
Elevação até a ETE para tratamento;
Disposição final para lançamento adequado do efluente tratado.
A Figura 1 apresenta uma montagem tradicional de uma Estação Elevatória de Esgoto
convencional.
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Figura 1. Assentamento da bomba, acessórios e tubulações numa EEE convencional
Fonte: Netto (1998)
Ao noticiar a construção de uma Estação Elevatória de Esgoto numa zona urbana, a
população residente próxima ao local se sente desconfortável e em muitos casos contrária a ela.
Nos pontos de discussão em que a comunidade procura se proteger, é comum
ver-se afirmações radicais do tipo:
“Trará consequências terríveis para a saúde das pessoas que moram nas
redondezas”;
“Haverá infiltração de poluentes, contaminação do solo e do aquífero
subterrâneo”;
“Os terrenos do bairro sofrerão enorme desvalorização”;
“Haverá um êxodo das famílias para outros bairros”;
“Um intenso mau cheiro vai inebriar a atmosfera do bairro”.
(JORDÃO, 2011, p. 139).
Além da não aceitação dos munícipes que residem próximo da obra, outro fator negativo
da construção desse tipo de EEE são seus elevados custos:
Mão-de-obra;
Materiais: concreto e aço;
Equipamentos eletromecânicos: na composição de custos, os
equipamentos costumam ocupar uma parcela de 40 a 45%;
Obras complementares incluídas nos custos, tais como urbanização,
paisagismo, edificações, áreas para futuras ampliações e outros;
Valor da terra.
(JORDÃO, 2011, p. 145).
Soma-se a isso possíveis equívocos na concepção do projeto e/ou mesmo na execução
da obra que causam falhas operacionais nas estações. Alguns exemplos são apresentados na
Figura 2.
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Figura 2. Falhas comuns em projetos de EEE
Fonte: Netto (1998)
No primeiro caso, com o nível de sucção muito baixo, a submergência se torna muito
pequena, com isso o ar do ambiente chega até a bomba causando cavitação, vibração e perda
de rendimento na mesma. No segundo exemplo, uma entrada jorrante, isto é, queda livre do
esgoto no poço de sucção também pode transferir ar do ambiente na bomba e causar os mesmos
problemas supracitados. No último caso, a entrada excêntrica no fundo do poço de sucção pode
resultar num vórtice na bomba.
Quando uma destas três falhas ocorrem é necessário fazer o processo de escorva, isto é,
preencher a tubulação de sucção e a bomba com fluido, eliminando o ar da tubulação. Para isso,
é necessário a instalação de uma bomba autoescorvante. Ela, ao ser acionada succiona
inicialmente por meio de sua válvula flap numa tubulação de menor diâmetro suficiente para
produzir pressão negativa e trazer o esgoto do poço de sucção até o corpo da bomba. Chegando
neste ponto, a válvula flap fecha e a bomba passa a succionar o esgoto por meio da tubulação
original. Com certeza uma bomba com essa característica tem um custo mais elevado.
O SBL, por sua vez, se isenta de todos esses possíveis problemas que possam surgir
numa EEE convencional, visto que, analisando respectivamente os pontos elencados acima, não
causa os problemas que incomodam a população próxima como odores, insetos peçonhentos,
doenças, entre outros; não se faz necessário obras onerosas para sua implantação; não necessita
de grandes projetos, uma vez que seu bombeamento é direto em linha.
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Ele é construído de um corpo mecânico (Figura 3) fabricando em aço inox que recebe o
conjunto hidráulico (Figura 4) constituído de duas bombas centrífugas de eixo vertical e
acessórios que garantem proteção ao funcionamento e manobras em caso de manutenção.
Figura 3. Corpo mecânico SBL
Fonte: Catálogo SBL (2020)
Figura 4. Conjunto Hidráulico SBL
Fonte: Site Improv Equipamentos (2021)
Por se tratar de um bombeamento direto em linha, isto é, o ponto de chegada do efluente
no equipamento está diretamente interligado a linha hidráulica a montante, a implantação do
mesmo é feita por meio de um poço seco, ao contrário de algumas das EEE convencionais que
fazem uso do poço úmido. Com isso, extinguindo problemas com gases perigosos (H2S),
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odores, insetos peçonhentos, acumulação de areia e graxa, corrosão do equipamento e erosão
estrutural.
O poço seco (Figura 5), costumeiramente já construído pelo cliente em alvenaria, torna-
se uma sala de equipamentos que pode ser equipada com iluminação, escada e outros acessórios
que permitem que a equipe de manutenção realize seu trabalho com segurança. A estação de
bombeamento torna-se uma câmara de inspeção direta sem perigo humano (sem emissão de
gases perigosos, odores ou acumulação de matéria sólida).
Figura 5. Opções de poço seco: redondo e quadrado
Fonte: Projeto Civil SBL (2019)
Vale ressaltar que o poço seco do SBL pode ser construído com até 3,0m menos
profundo que o poço úmido de uma EEE convencional.
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No desenho em perfil do poço seco observa-se um pequeno rebaixo no seu fundo. Nele
é instalada uma bomba de drenagem responsável por retirar água de chuva, evitando assim
inundações no poço que se não tratadas podem danificar os motores elétricos. O acionamento
da bomba de drenagem é realizado por uma chave de nível tipo boia, instalada alguns
centímetros abaixo dos motores elétricos.
Além de isentar-se do poço úmido, esse tipo de bombeamento não traz necessidade das
etapas de tratamento preliminar presentes nas EEE convencionais, gradeamento e caixa de
areia, por exemplo. Sendo assim, a implantação torna-se menos onerosa, deixando de lado obras
de médio porte e sua finalização se torna mais ágil, iniciando as atividades do equipamento em
poucos dias.
Outro benefício da isenção da instalação do tratamento preliminar é a compactação do
equipamento, assim podendo ser instalado em zonas urbanas e locais reduzidos (Figura 6),
como por exemplo, ruas, calçados e canteiros central.
Figura 6. Possibilidade de instalação do SBL em zona urbana
Fonte: Site Improv Equipamentos (2021)
Além do corpo mecânico que comporta o conjunto hidráulico, o equipamento conta
também com seu painel elétrico (Figura 7). Este, por sua vez, responsável por acionar e proteger
as bombas e automatizar o SBL.
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Figura 7. Painel elétrico SBL
Fonte: Foto obtida no cliente (2020)
Dentre os componentes do painel elétrico, os inversores de frequência, o controlador
lógico programável (CLP) e a interface homem máquina (IHM) são os principais. São
responsáveis por acionar uma ou duas bombas conforme necessidade do sistema e também
realizam as funções específicas no surgimento de alguma anomalia durante a atuação do
equipamento. Tais funções garantem a originalidade e singularidade do SBL. Abaixo será
abordado detalhadamente esses três elementos do painel.
Inversor de Frequência: equipamento constituído de componentes eletrônicos
capazes de alterar a forma de onda da rede elétrica, isto é, permite aplicar
diferentes frequências numa carga elétrica. Analiticamente falando a frequência
está relacionada com a tensão elétrica, com isso ao variar a frequência é variada
também a tensão aplicada na carga. Logo, a rotação do motor é alterada com a
variação do comportamento do inversor de frequência.
Controlador Lógico Programável (CLP): equipamento eletrônico composto por
entradas e saídas que se interagem com elementos externos, como por exemplo,
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sensores, motores, outros CLPs, IHMs, sistemas supervisórios, etc. Sua
inteligência está na unidade de processamento central (CPU). Nela podem ser
realizadas diversas funções que quando organizadas em rotinas de tarefas
inúmeros processos podem ser realizados automaticamente.
Interface Homem Máquina (IHM): equipamento também eletrônico
complementar ao CLP. Permite criação de telas de navegação que possibilitam
interação do usuário com o processo. Com a IHM, o operador pode monitorar o
andamento do processo e alterar parâmetros conforme necessidade.
A automação existente no SBL tem como início o medidor de nível hidrostático,
indicado na Figura 4. Este sensor faz a leitura (a todo momento) do nível do esgoto que chega
na entrada do equipamento (Figura 8) e envia a informação ao CLP.
Figura 8. IHM indicando o nível de esgoto na entrada do SBL e status das bombas
Fonte: Foto obtida no cliente (2021)
O cliente, conhecedor do comportamento da rede de esgotamento sanitário, deve inserir
na IHM os níveis de liga bomba auxiliar, liga bomba principal, set-point, desliga bomba auxiliar
e desliga bomba principal (Figura 9).
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Figura 9. IHM indicando os níveis de liga/desliga das bombas definidos pelo operador
Fonte: Foto obtida no cliente (2021)
Com esses cinco níveis definidos e introduzidos na IHM, o CLP irá fazer comparações
em tempo real entre eles e o nível do esgoto que está chegando na entrada do equipamento. O
resultado dessas comparações irá dizer se há necessidade de ligar uma ou até mesmo duas
bombas para executar o bombeamento do efluente.
O acionamento da(s) bomba(s) é oriundo das comparações realizadas pelo CLP, porém,
propriamente feito pelo(s) inversor(es) de frequência. Como mencionado anteriormente, o
inversor tem a capacidade de variar a rotação de um motor elétrico. Essa característica é
aplicada ao SBL por meio do controle proporcional integral derivativo (controle PID). Quando
o operador insere o nível de set-point na IHM, o CLP por meio de funções matemáticas executa
novas comparações entre ele e o nível de entrada do esgoto. O controle PID irá buscar manter
o nível de entrada igual ou ligeiramente próximo ao set-point, todavia com as variações ao
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longo do dia no sistema (horários de pico, por exemplo), o nível de entrada sofrerá alterações e
elas irão influenciar no comportamento do inversor de frequência, com isso alterando também
a rotação do motor elétrico. Com a chegada de um grande volume de esgoto, um motor irá
trabalhar com velocidade maior ou até mesmo os dois motores irão trabalhar simultaneamente.
Enquanto que com a redução do volume de esgoto, somente um motor irá atuar ou até mesmo
nenhum deles.
Essa característica é importante para que o equipamento possa trabalhar com suavidade,
evitando ligamentos/desligamentos em curto espaço de tempo como é comum em sistemas de
batelada, evitando assim desgastes nas tubulações e acessórios.
Além disso contribui com a redução de custos com bombeamento. Com os constantes
aumentos na tarifa de energia elétrica nos últimos 10 anos, no Brasil, a representatividade dos
custos com energia se posiciona atualmente entre as três principais despesas das empresas de
saneamento, chegando a representar até 30% dessas despesas operacionais. Cerca de 95% dos
consumos de energia no saneamento são devidos às instalações de bombeamento.
Vale ressaltar que o funcionamento das bombas é por revezamento de tempo, parâmetro
também definido pelo operador na IHM, conforme apresentado na Figura 9. Ou seja, num ciclo
uma bomba é a principal e a outra é a reserva e vice-versa.
Eletricamente falando, as EEE convencionais têm seu projeto elétrico bem obsoleto e
básico, o que gera constantes problemas operacionais. Na maioria dos casos, o nível do poço
de sucção é mensurado por chave de nível do tipo boia, um equipamento eletromecânico de
pouca confiabilidade quando aplicado em esgoto, visto que a viscosidade do mesmo
compromete o correto funcionamento da boia. Dessa forma, o liga/desliga dos conjuntos
motobombas se tornam duvidosos.
Outro fator negativo do projeto elétrico das EEE convencionais é a concepção do painel
de acionamento. Enquanto o SBL, como detalhado acima, conta com o controle PID, as EEE
convencionais trabalham com o controle ON/OFF, isto é, os conjuntos motobombas estão ou
totalmente desligados ou totalmente ligados. Essa característica além de consumir mais energia
elétrica, afeta também tubulações e acessórias da rede de recalque, uma vez que sistemas em
batelada causam golpe de aríete na linha.
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Dentre as funções específicas voltadas ao saneamento que o equipamento possui pode-
se apresentar algumas e de forma sintética, visto que elas constroem a concepção do SBL e são
propriedade intelectual da Improv Equipamentos.
Limpeza no Ligamento: ao ligar a bomba (com o aumento do nível de esgoto)
ela parte na velocidade nominal por um tempo determinado na IHM. Isso é
importante para que ela faça uma autolimpeza interna.
Bomba Seca: o inversor de frequência fica a todo momento monitorando alguns
parâmetros elétricos e mecânicos do sistema, entre eles o torque do motor. Tais
leituras são enviadas ao CLP e ele faz comparações internas. Caso o torque esteja
abaixo de um valor definido é caracterizado bomba seca. Nesse caso, algum
elemento pode ter entupido a rede de esgoto a montante e a bomba estar rodando
a vazio.
Bomba Travada: o inversor de frequência fica a todo momento monitorando
alguns parâmetros elétricos e mecânicos do sistema, entre eles a frequência e a
corrente do motor. Tais leituras são enviadas ao CLP e ele faz comparações
internas. Se a frequência estiver abaixo e a corrente acima de valores definidos
é assinalado bomba travada. Nesse caso, algum elemento pode ter bloqueado o
rotor da bomba e impedir seu bombeamento natural.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O SBL apesar de ser um equipamento novo no mercado do saneamento vem se
destacando e ganhando espaço rapidamente nesse nicho de atuação. Atualmente há unidades
instaladas em diversas cidades do país, sendo adquiridos pelas companhias de saneamento
exaustas dos transtornos causados pelas EEE convencionais e também por construtoras que
buscam melhor custo benefício e prazo de entrega para viabilizar seus novos empreendimentos.
A Figura 10 resume perfeitamente a compactação e praticidade do equipamento. Nota-
se um poço de concreto com diâmetro pequeno e profundidade não acentuada, infraestrutura
elétrica para alimentação das bombas e do sensor, infraestrutura hidráulica para drenagem da
água de chuva, chave de nível tipo boia e bomba de drenagem e o próprio corpo do SBL.
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Figura 10. SBL instalado em poço redondo de concreto
Fonte: Foto obtida no cliente (2021)
Como mencionado ao longo deste trabalho, o equipamento possui um sistema de
automação que tem autonomia para solucionar anomalias durante seu funcionamento, evitando
assim frequentes visitas dos profissionais de manutenção. Todavia, se isso ainda for necessário
(são raros os casos), o SBL garante um ambiente limpo e seguro para que o profissional possa
executar suas atividades de forma rápida e assertiva num ambiente não hostil, como apresentado
na Figura 11.
Figura 11. Operador acessando poço do SBL
Fonte: Foto obtida no cliente (2021)
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Conforme necessidade do cliente o poço seco também pode ser fornecido pela Improv,
onde sua fabricação pode ser feita com outros materiais, além do concreto. A Figura 12 mostra
um caso onde foi fornecido um poço em fibra de vidro.
Figura 12. SBL instalado em poço redondo de fibra de vidro
Fonte: Foto obtida no cliente (2021)
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No dia em que o equipamento entrará em funcionamento a Improv disponibiliza aos
clientes profissionais com capacitação elétrica e hidráulica para que esses possam conduzir o
comissionamento e start-up do SBL. Bem como, treinamentos são ministrados para os futuros
operadores do sistema, como mostra a Figura 13.
Figura 13. Start-up e treinamento do sistema SBL junto ao cliente
Fonte: Foto obtida nos clientes (2020 e 2021)
Por fim, para comparar os dois tipos de EEE, a Tabela 1 traz os principais pontos durante
a implantação de ambas estações.
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Tabela 1. Comparativo EEE convencional x EEE compacta
Atividade EEE convencional EEE compacta
Implantação da estação Média Baixa
Magnitude da obra Média Baixa
Tempo de execução da obra Médio Baixo
Custos com materiais (concreto, aço, etc) Médio Baixo
Custos com serviços (remoção de pavimento,
escavação, escoramento, reaterro e Alto Baixo
repavimentação)
Custos com locação de maquinário Alto Baixo
Custos com mão de obra Médio Baixo
Custos com energia elétrica Médio Baixo
Aceitação da vizinhança Baixa Alta
Problemas com odores Alto Nenhum
Problemas com insetos peçonhentos Alto Nenhum
Interação do operador com a estação Baixa Alta
Autonomia da estação Baixa Alta
Confiabilidade da estação Baixa Alta
Serviços de manutenção Médio Baixo
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Novo Marco Legal do Saneamento tende a melhorar a infraestrutura do sistema
brasileiro por meio de obras que trarão melhor qualidade de vida para a população. Para que os
investimentos sejam feitos de forma assertiva as tomadas de decisão devem ser muito bem
analisadas, prezando sempre pelo objeto inicial: executar melhorias no sistema de saneamento
básico brasileiro com uso consciente dos recursos financeiros.
Dito isso, o SBL foi projetado para atender esse novo cenário do país, uma vez que tem
como meta substituir as EEE convencionais, tão custosas e problemáticas em sua grande
maioria.
Entre as principais adversidades de uma EEE convencional pode-se citar em primeiro
lugar o elevado custo com obras e possíveis problemas que as empreiteiras podem causar
durante a fase de realização da mesma, como por exemplo, execução errônea do projeto,
fornecimento de materiais e/ou equipamentos de baixa qualidade, atraso na entrega da obra e
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até mesmo abandono. Um bom exemplo é o poço de sucção que numa EEE convencional
necessita de dimensões consideráveis, cuja edificação é basicamente de dois elementos da
construção civil que tiveram seu preço inflacionado nos últimos anos: concreto e aço. O SBL
pelo fato de não precisar de um volume operacional para seu funcionamento, permite fazer um
poço com menores dimensões e investimentos.
Outros fatores também garantem maior confiança neste equipamento quando
comparado as EEE convencionais, entre eles, redução do custo com energia elétrica devido ao
bombeamento controlado de acordo com o horário, diminuição de custos com manutenções e
paradas no sistema por se tratar de um produto com atuação autônoma em situações críticas,
fim da reclamação da população quando se é noticiado a implantação de um sistema de coleta
e afastamento do esgoto sanitário e extinção de odores, gases poluentes e insetos peçonhentos
na redondezas da estação.
Por fim, pode-se mencionar também outros serviços onerosos necessários na
implantação de uma EEE convencional: remoção de pavimento, escavação, escoramento,
rebaixamento de lençol freático, reaterro e repavimentação. Em geral, para execução desses
serviços é necessário a utilização de maquinários.
5. REFERÊNCIAS
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estações elevatórias de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 16682: projeto de
linha de recalque para sistema de esgotamento sanitário - requisitos. Rio de Janeiro: ABNT,
2018.
COMPANHIA DE SANEAMENTO DO PARANÁ (SANEPAR). Manual: estação
elevatória de esgoto de pequeno porte para empreendimentos particulares. Paraná. 15p.
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IMPROV EQUIPAMENTOS. Sistema de bombeamento em linha. Disponível em:
https://www.improvequipamentos.com.br/sistema-de-bombeamento-em-linha. Acesso em: 02
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os
if
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AUTORIZAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO
Eu, Gustavo Baryotto dos Santos autorizo a Biblioteca da FUMEP publicar
meu Trabalho de Conclusão de Curso em sua Base de Dados, como forma de
divulgação do conhecimento.
Na condição de responsável, declaro SER AUTOR do artigo SBL - Sistema
de Bombeamento em Linha para os devidos fins de direito.
Em conformidade com a Lei 9.61 O, de 19 de fevereiro de 1998, fica permitida
sua reprodução desde que citada a fonte.
08 de Dezembro de 2021 .
Assinatura
AV. MONSENHOR MARTINHO SALGOT, 560- PIRACICABA-SP - (19) 3412-1134-www.fumep.edu.br