O Rito, o Ritual e os Rituais e seu
emprego nos trabalhos Maçônicos
O Rito é o sistema de graus e
ensinamentos maçônicos, como o Rito
Escocês Antigo e Aceito ou o Rito
Moderno, enquanto o Ritual é a
cerimônia específica que aplica esse
rito através de gestos, palavras e
símbolos. Os rituais maçônicos são
cerimônias simbólicas que
transmitem os valores e a moral da
fraternidade, promovendo o
desenvolvimento pessoal e a união
dos maçons.
O Rito
O que é: Um sistema abrangente
de graus, regras e ensinamentos
que orientam a jornada do maçom
dentro de um conjunto de
princípios filosóficos e morais.
Cada rito possui uma história e
simbolismos particulares.
Função: Serve como o veículo
principal para transmitir a
sabedoria e os valores da
Maçonaria.
É o que define a estrutura dos
ensinamentos e o percurso dos
graus, que geralmente inclui os
três graus básicos (Aprendiz,
Companheiro e Mestre).
Exemplos: O Rito Escocês Antigo
e Aceito, o Rito de York, o Rito
Moderno e o Rito Brasileiro.
O Ritual
O que é: A aplicação prática do
rito através de cerimônias, gestos,
palavras, símbolos e objetos. É o
"como" se executa o que o rito
determina.
Função: Ilustra os conceitos do
rito de maneira simbólica e
alegórica, promovendo o
desenvolvimento pessoal e moral
do iniciante. Os rituais são
cuidadosamente coreografados
para criar uma experiência
significativa para os participantes.
Características: É executado em
um ambiente de respeito e
fraternidade, ajudando a fortalecer
a coesão e o senso de
comunidade.
Cada rito tem seus próprios rituais,
que se diferenciam em seus
detalhes, mas todos compartilham
os princípios fundamentais da
Maçonaria.
Rito vs. Ritual
Rito: A lei ou o sistema de
ensinamentos.
Ritual: A cerimônia ou
a aplicação desse sistema
Conceitos de Rito e o de
Ritual, aplicados à realidade da
“Craft” inglesa e aos seus sistemas de
Trabalho
As noções mais comuns, quer de rito
quer de ritual, podem apresentar uma
maior simplicidade de explicação e de
entendimento do que aquelas noções
que muitas vezes se apresentam num
contexto meramente maçónico, em
especial, quando se tenta extrair e de
algum modo sistematizar estes
conceitos à luz das múltiplas
realidades e práticas maçónicas.
Se colocarmos como ponto de partida
a determinação dos conceitos de rito
e ritual, como iremos verificar, no
Collins Dictionary é-nos apresentada
uma determinada definição de rito
que remete para a ideia de
cerimonial:
“Um rito é uma cerimónia tradicional
realizada por um determinado grupo
ou dentro de uma determinada
sociedade”.
Por sua vez, quanto ao termo ritual, é
apresentada ainda no mesmo
dicionário, uma definição que aponta
para um conceito um pouco diverso,
“Um ritual é um serviço religioso ou
outra cerimónia que envolve uma
série de ações realizadas numa fixa
ordem” [1] ; enquanto no Larousse,
podemos encontrar uma versão neste
mesmo sentido, isto é, “conjunto de
atos, palavras e objetos, estritamente
codificados, baseados na crença na
eficácia de entidades não humanas e
adequados a situações específicas da
existência” [2].
No entanto, dando um passo mais
adiante, podemos socorrer-nos, da
definição de “cerimónia,” que o
mesmo Collins Dictionary apresenta:
“A cerimónia consiste em coisas
especiais que são ditas e feitas em
ocasiões muito formais.”
Munidos destes conceitos, caso
façamos um caminho indutivo, com
início, portanto, no significado da
palavra cerimónia, sabendo, como se
viu, que esta consiste em certos
dizeres e actos, que carregam um
significado especial e que são
realizados em ocasiões específicas e
formais, e que à definição acima
dada, acerca da palavra ritual, se
conclui que estas cerimónias
envolvem uma série de ações
executadas de uma certa
maneira, indiciando-se que terá que
haver uma sequência de ações, uma
série de movimentações cerimoniais,
para que haja lugar a um ritual.
Quanto ao rito é dito, como se viu,
que este implica a realização de uma
cerimónia com tradições, mas que é
levada a cabo, por um grupo
específico ou no seio de uma
determinada sociedade, em
particular.
Portanto quanto ao ritual, embora
algumas definições se encostem em
maior grau ao contexto religioso ou
com base em crença de entidades
não humanas, outras laicizam o
conceito, uma vez que lhe fixam
como objecto actos e palavras
expressas em momentos em que se
espera que haja uma assumida
formalidade.
Como observamos, se o
encadeamento do conceito de
cerimónia e de ritual nos parecem
óbvios, e determinam uma perfeita
correspondência, já os conceitos de
rito e ritual carecem de um
entrosamento que possa ser mais
óbvio. Sendo aparentemente a
mesma coisa, pelo menos no sentido
de que, quer um quer outro, implicam
a realização de cerimónias, no
entanto, no rito parece ser relevante
a ligação destas cerimónias a um
grupo particular ou uma específica
sociedade, enquanto que no conceito
de ritual, adquire lugar especial, a
relação que se estabelece dessa
cerimónia com a estrita obediência a
uma dada ordem em todas as suas
ações.
Em conclusão, enquanto na noção de
rito parece estabelecer a conexão ao
grupo, na definição de ritual o foco irá
centrar-se no movimento que é
conferido.
Do que até aqui se viu, quando nos
propomos conjugar os conceitos de
rito e ritual, isto é, quando a ideia de
grupo ou sociedade em concreto, se
liga com a execução de ações e
palavras que são articuladas e
organizadas em ocasiões formais,
aproximamo-nos instintivamente mais
da realidade maçónica que
conhecemos, e passa a entender-se
então melhor, o conceito de ritual e a
sua conexão com o de rito, que nos é
apresentada também na sua forma de
adjetivo no dicionário Larousse, cuja
definição nos parece agora a ser mais
obvia: “Conforme aux rites, réglé par
un rite” [3], significando portanto,
que é respeitante ao rito e regulado
por este.
Então, no que se refere às práticas
maçónicas, o ritual parece
consubstanciar-se em torno de algo,
cujas práticas são reguladas por um
rito. Para Mendes Pinto,
“O Rito pode ser percepcionado,
como um conjunto sistemático,
estruturado, encadeado e homogéneo
que é por sua vez regido por um
Ritual, que encerra práticas regidas
por regras, que vão formatando um
modelo que é coeso no seu todo, e
que vão pondo em ação o Rito a que
respeita, imprimindo-lhe assim
movimento e materializando as
práticas cerimoniais que conformam
e fixam padrões.”
(Paulo Mendes Pinto, 2020) [4].
Com isto, constituem cada um dos
diferentes rituais dos graus, um
conjunto de práticas e cerimónias
providas de profundo significado
simbólico, que implicam também a
«sacralização ritual» destes actos
cerimoniais, permitindo ao maçon
ausentar-se do comum meio
mundano, tido como «profano» ou
«intruso à maçonaria», nos léxicos da
generalidade dos ritos maçónicos,
para aceder a um conhecimento
gradual e progressivo através de uma
linguagem simbólica, interpretativa e
transformadora, quer do seu ser, quer
da relação com os outros, e neste
sentido, da própria realidade.
A propósito desta linguagem e talvez
a propósito deste aspecto
transformador da linguagem
maçónica e da sua terminologia,
vejamos o que diz a este propósito,
Céline Bryon-Portet em particular
quanto à função da linguagem ritual
na Franco Maçonaria:
“A Maçonaria cumpre uma função
fática preponderante, para usar a
terminologia que Roman Jakobson
aplica à linguística. Porque embora
seja verdade que atua neste nível de
comunicação representado pelo
conteúdo da mensagem, ao transmitir
valores, atua principalmente ao nível
das relações.”
(Bryon-Portet, 2009) [5]
No entanto, se estas noções de Rito e
Ritual parecem poder ser
conformáveis com o que conhecemos
do universo maçónico com a suas
géneses no continente europeu ou
americano, teremos de atender às
particularidades das ilhas britânicas e
da mais significativa corrente
maçónica que estas originaram e que
se veio a cristalizar, ao longo dos
últimos séculos. De facto, a
maçonaria inglesa lida com algumas
noções e designações que parecem
não coincidir, pelo menos na sua
totalidade, com a conhecida
sistematização da maçonaria
continental e com as noções de rito e
ritual aí adoptadas, bem como,
noutras geografias.
Esta simplificação e este quadro
mental de noções pré-estabelecidas
pelo vulgar observador externo à
maçonaria inglesa, sendo, decerto,
conveniente em termos de
sistematização e comparação, é,
definitivamente, redutor quando
aplicado à realidade inglesa. Para que
possamos melhor entender faremos
agora uma sucinta apresentação da
realidade maçónica inglesa e em
concomitância, um exercício
comparativo entre os dois sistemas
maçónicos, isto é, o inglês e o
continental.
Podemos observar, numa abordagem
de Felipe Côrte Real, como se
manifestam estas duas diferentes
realidades e como se dá conta desta
dificuldade. Assim, num sugestivo
artigo com o título, «Poking The
Beehive: Is There An “English Rite”?»
(Espicaçando a Colmeia: Existe um
Rito Inglês?), Corte Real reflete, de
algum modo, sobre as acantonadas
visões sobre este tema, começando
por afirmar que: “a noção de rito é
realmente cara à maioria dos maçons
porque facilita as coisas. De qualquer
modo, essa noção pode ser uma
armadilha quando estamos buscando
entender um sistema maçónico
específico, diferente daqueles que
conhecemos”. O autor junta a este
pensamento a sua vivência directa:
“a pesquisa e a minha experiência
“etnográfica” amadora na Inglaterra
levaram-me a entender que o que
existe neste país é um sistema de
maçonaria. Esse sistema abriga ritos
e ordens, mas sendo uma
exorbitância chamar de rito o
conjunto da maçonaria inglesa”. O
autor irá, ainda, nesse artigo [6],
contemporizar com a inadequada
abordagem do passado, apontando o
caminho de pesquisa da realidade
maçónica inglesa, que merece uma
concorrência de várias ciências
sociais para o seu estudo:
“Todavia, não critico os esforços
feitos no passado de propagar o
sistema inglês chamando-o de rito.
Hughan e outros fizeram um trabalho
fantástico “traduzindo” como eram
conduzidos na Inglaterra a passagem
dos graus, além de outros aspectos
da maçonaria simbólica. Ainda assim,
desde então, os estudos maçónicos
cresceram em importância, escopo e
complexidade. Já é hora de nós
pesquisadores, amadores e
profissionais, sermos mais cuidadosos
com as especificidades da maçonaria.
Ao mesmo tempo, as ferramentas
oferecidas pela teoria (das
humanidades e ciências sociais)
podem ser utilizadas para entender
este fenómeno que está longe de ser
um “nicho” ou somente do interesse
dos maçons.”
(Real, 2019,
The Two Crafts: History and
Freemasonry,
Pocking the Beehive)
Um pequeno salto dentro do percurso
evolutivo e da sua história, irá
permitir-nos ver que o que
conhecemos do conjunto geral de
práticas maçónicas no seio da Grande
Loja Unida da Inglaterra, foi
estabelecido e veio a cristalizar-se em
resultado da união das duas grandes
lojas inglesas em 1813, após um
longo período de antagonismo
militante. A defesa acantonada destes
caminhos rituais distintos, durou
várias décadas com início anterior à
própria criação da primeira grande
loja, a chamada Grande Loja dos
“Modernos”, em 1717, tendo-se
assistido ao agrupar de uma outra
corrente de diferente tradição e
prática ritual, que se organizou em
torno de uma segunda grande loja,
que ficou conhecida pela Grande Loja
dos Antigos, em 1751. Até ao final
deste período de conflitualidade, que
veio a ter o seu epílogo justamente
em 1813, quando os dois duques e
grão-mestres das duas grandes lojas,
decidem por fim uni-las, assinando
então, um acordo histórico, para a
maçonaria inglesa e que veio
estabelecer e consolidar os cânones
das práticas rituais na G.L.U.I. até aos
dias de hoje. Como referido por
Mackey,
“Quando as duas Grandes Lojas
antagónicas de Inglaterra, conhecidas
como os «Antients» e os «Moderns»,
resolveram, em 1813, sob os
respectivos Grão-Mestrados dos
Duques de Kent e de Sussex, pôr fim
a todas as diferenças e formar uma
única e unida Grande Loja, estava
previsto no quinto artigo deste ato de
União, que cada um dos dois Grão-
Mestres deveria indicar nove Mestres
Maçons para se reunirem num lugar
que fosse conveniente; e cada uma
das partes abrisse uma loja justa e
perfeita em num espaço separado,
devendo eles dar e receber
mutuamente e reciprocamente as
obrigações de ambas as
Fraternidades e sendo, assim, devida
e igualmente iluminados em ambas
as formas, eles devem ser
autorizados e apoiados para manter
em funções uma Loja, com a Carta
Patente a ser-lhes outorgada, e a ter
o nome de Loja de Reconciliação.”
(Mackey, 1884)
Portanto, no que à maçonaria de
Inglaterra, e de resto, no caso de
outras no quadro das ilhas britânicas,
para que encontremos uma
correspondência e enquadramento
destas noções de rito ou de de ritual
teremos que tentar estabelecer uma
correspondência, ainda que numa
grosseira aproximação, com as
designações de «Craft» para o
primeiro e de «Workings» ou «System
of Workings» para o que designamos
usualmente como ritual.
Sabendo, então, que aquela
maçonaria praticada sob a égide da
Loja Unida de Inglaterra, se designa a
si própria como «The Craft», numa
acepção literal, o «Ofício» ou a
«Arte», pode revelar-se em duas
dimensões distintas, sendo uma mais
lata e outra que podemos delimitar
mais rigorosamente.
É então perceptível, desde logo, que
este termo pode assumir uma
abrangência, que tende a integrar
não apenas o que designaríamos por
Ordem maçónica inglesa mas,
também, parece por vezes abarcar
uma comunidade de valores e
matrizes maçónicas e de práticas
rituais comuns ou com grande
identidade e semelhança entre si, e
que tende a corresponder ao que
designamos, normalmente, por “Rito”.
Neste sentido, neste abarcamento, o
termo Craft parece sintetizar a ideia
de «Arte ou Ofício» no seu todo, isto
é, com a sua presente e material
realidade de maçonaria especulativa,
os seus modelos e padrões rituais que
transportam a sua substancial
herança histórica matricial.
Apresenta-se, portanto, com um
espectro e uma latitude cujo conceito
aparenta abarcar tanto entidades
incorpóreas como sejam a própria
herança operativa da moderna
maçonaria especulativa inglesa,
integrando como se disse, entidades
mais tangíveis, como aquele que
conhecemos como correspondendo
ao de Potência ou a Ordem maçónica
ou seja, o conjunto da própria Grande
Loja Unida de Inglaterra, do conjunto
das suas lojas e maçons e ainda,
todas as suas práticas rituais, mesmo
sabendo-se que não são uniformes e,
por isso, se dividem em vários
«sistemas de trabalho».
Numa concepção mais restrita a Craft
poderá corresponder ao que
poderíamos designar normalmente e
apenas por Rito, consistindo e
consubstanciando os tais padrões e
matrizes que sustentam todos os
sistemas de trabalhos maçónicos ou
seja, os “workings” ou “systems of
working” constituídos no seu seio.
Sendo, portanto, nestes trabalhos ou
sistemas de trabalho que diferem
relativamente pouco entre si, que
encontramos a correspondência para
o conceito de ritual. No seu conjunto,
compreendem práticas rituais
distintas, individualizadas e
autónomas dentro da maçonaria
inglesa, isto é, dentro da “Craft”,
obedecendo ao seu próprio «ritual».
Para além das fronteiras geográficas
das ilhas britânicas, é possível
observar a dificuldade em dar uma
designação a este sistema integrado
de valores maçónicos e de trabalhos
rituais ali praticados, que se tende a
designar por Rito. Estas dificuldades
são patentes no modo como
constatamos que é por vezes
apelidado quer por «Rito Inominado»,
ou como Rito de York, embora não
corresponda ao original e extinto
«Rito de York» que tem designado o
rito praticado nas lojas da Grande
Loja dos Antigos, sendo, por vezes,
apelidado de «rito da Reconciliação»,
designação que herda da primitiva
loja com o mesmo nome [7], e que
teve como função primordial a
unificação dos dois ritos, logo após a
união das duas grandes lojas inglesas
em 1813. Existe ainda quem prefira
designá-lo por Rito Inglês ou ainda,
Rito Inglês Moderno. Tem sido usual
também, designá-lo em algumas
potências maçónicas, como Rito de
Emulação, tomando-se este nome de
um entre os muitos sistemas de
trabalho existentes dentro da Craft,
sendo de resto o de maior expressão
e prática dentro da Craft, mas
assumindo toda a completude da
Craft , embora na sua dimensão mais
restrita acima mencionada.
Note-se que contexto inglês, o que
corresponde a uma primeira e original
noção que temos de Ritual, é na
origem, tido como um sistema de
trabalhos, ou seja, os «workings»,
dentro do conjunto da Craft, como
podemos verificar com alguns
exemplos do Quadro 1 (um). As
diferenças entre estes «Trabalhos»
são mínimas porque resultam apenas
de particularidades e liberdades
ritualísticas que se consolidaram
antes do definitivo trabalho de
unificação da Loja de Reconciliação
após o Ato de União em 1813, que
uniu os «Antients» e os «Moderns»
num Rito único, e que a partir desta
loja inicia o trabalho de uniformização
ritualística por toda a «Craft inglesa».
ALGUNS EXEMPLOS DE «SYSTEM OF
WORKINGS»
IDENTIFICADOS NA «CRAFT
INGLESA».
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nis
Unanim Unive West
Veritas
ity rsal End
York
QUADRO 1 – Lista de alguns dos
«Workings» do Rito Inglês. (M.
Gandoff, 2017) [8]
Para perceber melhor uma das razões
destas diferenças no que concerne às
práticas rituais dentro da Craft,
atente-se na leitura do artigo 155 das
Constituições da United Lodge of
England, que, certamente, ajudará a
explicar porque é que depois do
“Union Act” que juntou as duas
grandes lojas Inglesas e porque é que
apesar do esforço de uniformização, o
princípio adoptado de recorrer apenas
à memória e à oralidade na
divulgação e na instrução do novo rito
daí nascido, originou as inúmeras
diferenças ritualísticas dentro do Rito
Inglês Moderno. As razões destas
diferenças ritualísticas poderão ser,
de facto, encontradas nas
Constituições [9] da UGLE que
incorporam aquele preceito, que
poderá explicar a relativa
complacência histórica com as
diferenciações das formas de trabalho
encontradas: “A Loja pode regular
seus próprios procedimentos 155. Os
membros presentes em qualquer Loja
devidamente convocada têm o direito
indubitável de regulamentar seus
próprios procedimentos, desde que
sejam consistentes com as leis e
regulamentos gerais da «Craft»; mas
um protesto contra qualquer
resolução ou procedimento, com base
no fato de ser contrário às leis e usos
da «Craft», e com o propósito de
reclamar ou apelar a uma autoridade
maçónica superior, poderá ser feito, e
tal protesto deve ser inserido no Livro
de Atas, se o Irmão que realizar o
protesto, assim o
solicitar” (Constitutions of the Antient
Fraternity of Fee and Accepted
Masons under the United Grand Lodge
of England , 2016).
Em conclusão, se nos dedicarmos ao
exercício de aplicar os dois termos de
divisão clássica rito e ritual, e o
aplicarmos à realidade inglesa então,
teríamos de considerar todos os
sistemas de trabalho ingleses como
sendo uma miríade de vários rituais,
integrando cada um deles, o que já
conhecemos como Craft. Por sua vez,
e por mera facilidade, ter-se-ia de
equiparar esta última entidade ao
que, apenas por convenção,
poderíamos chamar de Rito com a
designação de Inglês Moderno ou com
qualquer outra denominação
apropriada. Fora da realidade
maçónica da Craft inglesa, pode
olhar-se para cada um destes
sistemas de trabalho com suficiente
autonomia para se constituírem como
autênticos Ritos, quando adoptados e
acolhidos noutras geografias, fora,
portanto, da estrutura muito própria
da «Craft». O que se pode dizer em
ambos os casos, é que na prática, se
estará a adoptar, o já convencionado,
Rito Inglês ou Inglês Moderno, ainda
que mantenham a sua designação
original pela qual são denominados
na origem e enquanto sistemas de
trabalho ou «workings» originais
da Craft, como é o caso
da Emulation, ou Emulação, que é de
todos aqueles sistemas de trabalho o
de maior expressão e prática, quer
dentro quer fora da Craft inglesa.
Manuel C. R. – Loja de
Aperfeiçoamento da Emulação,
nº165, no registo da GLLP/GLRP
27 de Janeiro de 2024
Notas
[1] Collins Dictionary, ritual. acedido
a 11Set23, em
https://www.collinsdictionary.com/pt/d
ictionary/english/ritual
[2] Dictionnaire de Français Larousse,
rituel nom masculain acedido a
08Out23, em
https://www.larousse.fr/dictionnaires/f
rancais/rituel/69585 (tradução do
autor)
[3] Dictionnaire de Français Larousse,
rituel adj. acedido a 08Out23, em
https://www.larousse.fr/dictionnaires/f
rancais/rituel/69585 (tradução do
autor)
[4] Citação de aula de Pós Graduação
em estudo Maçónicos, Herança
Espiritual, Filosófica e Simbólica,
2020.
[5] C Bryon-Portet, C. (2009), Le
principe de triangulation dans les rites
maçonniques, Un modèle de
communication original et ses effets,
p. 259-277 acedido a 18Nov23 em
https://doi.org/10.4000/communicatio
n.25%3
[6] Corte Real, F., The Two Crafts:
History and Freemasonry, Poking The
Beehive, acedido em 20Out23
em https://thetwocraftscom.wordpres
s.com/2019/04/14/poking-the-
beehive-is-there-an-english-rite-part-
v-final/
[7] Mackey A.G., An Encyclopaedia of
Freemasonry and Its kindred Sciences,
«Reconciliation Lodge of
Improvement», p. 63 A compilation of
© Phoenix E-Books UK
[8] Quadro do autor a partir de dados
recolhidos em M. Gandoff, 2017, Over
300 Years of Masonic Ritual, p. 205
[9] United Grand Lodge of England,
(2016) Artigo 155, das Constitutions
of the Antient Fraternity of Fee and
Accepted Masons under the, Londres,
p. 76 (Tradução do autor a partir de
Google
Tradutor, https://translate.google.com
)
https://www.freemason.pt/?s=O+Rito
%2C+o+Ritual+e+os+Rituais
https://www.freemason.pt/o-rito-o-
ritual-e-os-rituais/