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Sociedade Do Cansaço

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SOCIEDADE DO CANSAÇO - BYUNG CHUL HAN

Edmila de Jesus Garcia Fernandes - nº USP:17008100


Franciele Cristine Frederico Marcelino - nº USP: 11274167
Inés Embaló - nº USP: 17008048
Rodrigo Henrique Jorge - nº USP: 15579911

No primeiro capítulo, "Violência Neuronal", o autor estabelece a


ideia central de que o século XXI abandonou o paradigma da sociedade
imunológica – marcada por ameaças externas e pela negatividade do
outro, como vírus e guerras – e ingressou na sociedade neuronal. Nesta,
as doenças epidêmicas de nosso tempo, também conhecidas
popularmente como "males do século" (como burnout, depressão e
TDAH), não vêm de uma invasão externa, mas de uma violência que
surge do próprio ser, sendo um sintoma de um excesso de positividade.
Cada vez mais, buscamos o que é igual a nós e procuramos aquilo
que reafirma nossas próprias crenças e ideologias. Essa busca é
caracterizada por um excesso de positividade, no qual tudo o que vemos
são inúmeras possibilidades, levando à crença de que podemos fazer e
ser tudo. Isso, por sua vez, gera um estado de sobrecarga e esgotamento
psíquico, uma vez que a positividade generalizada não possui os
anticorpos para se defender de si mesma.
No Capítulo Dois: Além da Sociedade Disciplinar
Han aprofunda o diagnóstico ao contrastar a sociedade atual com a
sociedade disciplinar de Foucault (regida pelo "Não" e pelo "Dever", que
produzia loucos e delinquentes), introduzindo a sociedade do desempenho
(regida pelo "Sim" e pelo "Poder-fazer", que produz depressivos e
fracassados).
Nesta nova sociedade, o indivíduo deixa de ser um mero sujeito de
obediência e se transforma em um sujeito de desempenho, que
internaliza o imperativo de produtividade e se torna seu próprio capataz.
Isso acontece porque o que impulsiona a produtividade agora é a própria
mentalidade internalizada do ser que acredita no "Sim, eu posso fazer
tudo".
Essa internalização cria uma auto exploração paradoxal — o explorador e
o explorado são a mesma pessoa — que se revela mais eficiente e
violenta do que a exploração externa, culminando na autoagressão e no
colapso psíquico do indivíduo. Diante da promessa de que tudo é possível,
ele entra em conflito consigo mesmo ao descobrir que, na realidade, não
pode fazer tudo aquilo que a sociedade atual lhe promete como realizável.
É importante ressaltar que Han apresenta um paradigma da sociedade
atual bem construído e condizente com a realidade que vivemos, mas
focado majoritariamente na relação indivíduo-indivíduo. Não
necessariamente leva em consideração as questões sociais de forma mais
global, como por exemplo a fome, a pobreza e os problemas climáticos, e
como essas questões afetam as relações dos indivíduos com os outros e
consigo mesmos, e como elas podem gerar esses comportamentos que
levam aos ditos "males do século".
No terceiro capítulo, o autor trabalha com o conceito de "tédio
profundo", um estado de ócio que, ao desviar a atenção do ser humano
das coisas cotidianas e práticas e voltá-la ao mundo interior, permite o
desenvolvimento espiritual e o fortalecimento da imaginação. É, segundo
Han, essa uma das condições da contemplação e, portanto, da verdadeira
reflexão, a qual subjaz a toda grande obra da cultura, da literatura, da
filosofia, da religião e da ciência. Ele contrasta com esse tipo de tédio um
outro, o "tédio superficial", menos intenso e mais frequente, que nos
assalta ocasionalmente ao longo de nossos dias.
Se, na Sociedade do Cansaço – prossegue o filósofo –, predominam
a hiperatividade e as tasks (ou tarefas) sobre aquelas atividades que
exigem paciência e desprendimento das coisas mundanas, o espaço para
o tédio profundo torna-se cada vez mais exíguo. Dessa maneira, o
prodigioso caudal de criatividade que antes irrigava a cultura humana
seca progressivamente; as grandes obras da inteligência e do espírito
rareiam à medida que suprimimos nossa vida interior em prol de
preocupações evanescentes e externas.
O capítulo seguinte, intitulado "Vita activa", é uma crítica à cultura
contemporânea. Nele, Han afirma que a centralidade da ação na
constelação de valores humanos, e sobretudo o caráter autotélico que se
atribui à ação, achatam e reduzem a dimensão interior da experiência
humana. No afã de autor realizar-se pela ação, o ser humano se cega às
questões fundamentais da sua existência e, em lugar de preencher de
significado sua vida, esvazia-a daquela substância eterna, infinita e
inefável que reside na arte, na religião e nas demais obras de altura e
vigor do espírito humano.
No Capítulo cinco a Pedagogia do Ver a Vita Contemplativa
Nietzsche formula três tarefas em vistas das quais precisamos de
educadores: devemos aprender a ler, a pensar e a falar (e a ler, repetido
no original). Neste capítulo, o autor analisa como o mundo
contemporâneo mudou a cultura da sociedade, contrastando-a com a
sociedade disciplinar. A Pedagogia do Ver reflete sobre o modo como a
incapacidade de oferecer resistência a um estímulo impede o ato de
contemplar, receber e compreender o mundo. O autor critica a cultura da
pressa e da hiperatividade, típica do tempo digital. Para a Pedagogia do
Ver, ele chama a atenção para o silêncio e a distância como algo que se
perdeu na sociedade do desempenho, onde tudo precisa ser feito de
forma produtiva.
No Capítulo seis, Caso Bartleby Byung-Chul Han cita personagens
de novelas, mostrando como o modelo atual de produtividade extrema
conduz o ser humano à exaustão e ao vazio. A sociedade descrita por
Melville ainda é marcada por muros e paredes, elementos de uma
arquitetura da sociedade disciplinar. Para o autor, a atitude do
personagem Bartleby representa um ato de "recusar agir, produzir e
participar". A sociedade do cansaço é aquela onde cada indivíduo se torna
seu próprio explorador. Enquanto a sociedade moderna valoriza a
hiperatividade e o sucesso individual, o personagem encarna a
passividade constante como forma de resistência ética.
Na perspectiva de Byung-Chul Han, a sociedade do desempenho e a
ativa geram um cansaço e esgotamento excessivo como resultante da
positividade. Observação sobre o cansaço: O autor original do texto faz
aqui um contraponto: partimos da premissa de que o cansaço (o oposto
da inatividade) é necessário para que haja progresso. Uma sociedade
pautada apenas na negatividade não teria como progredir, visto que os
cidadãos não correriam atrás de seus objetivos. Se tivéssemos apostado
em uma sociedade inativa, tudo que foi conquistado, construído e
descoberto não seria como conhecemos hoje.
Abordando que o cansaço da sociedade do desempenho é um peso
em cada pessoa, que impossibilita as expressões verbais da alma,
equiparando-o à violência.
Nesta perspectiva, partimos da mesma premissa: o cansaço da sociedade
contemporânea é pautado em um mundo onde as pessoas estão cada vez
mais distantes devido ao desenvolvimento das novas tecnologias. Isso
gera um cansaço cognitivo em massa devido ao processo em que cada
um fica preso ao seu mundo com seu dispositivo eletrônico, onde já não
se aposta nos diálogos, na convivência em vias diretas, ou seja, em um
lugar físico onde cada um pode sentar e conversar para fortalecer os laços
— que são uma âncora para o desenvolvimento físico e psíquico.
Essa sociedade "por trás das telas" traz cada vez mais estagnação e
problemas, os quais colocam as pessoas a caminharem para um abismo.
Os homens têm apostado todos os recursos nesses meios, esquecendo-se
do mais importante, que é ele mesmo. A vida agora está tão aprofundada
nas tecnologias que, diante de uma avaria, as pessoas começam a se
desesperar. O homem já não para para analisar o mundo à sua volta,
perceber os detalhes e aproveitar as belezas que a natureza nos
proporciona.
Consequências do Cansaço: Tais cansaços geram uma sociedade
com problemas de foro psíquico, abordados, e a nível físico, como a
obesidade, a hipertensão arterial e as demais patologias. Esses problemas
abarcam toda a população: idosa, adulta, jovem e criança. A falta de
harmonia e empatia entre os indivíduos gera uma sociedade cada vez
mais desumana, o que tende a aumentar o número de violência tanto
entre indivíduos quanto entre sociedades e Estados. Um exemplo claro
são as Guerras entre países, como Rússia e Ucrânia, que refletem que
quem tem mais meios financeiros, material e intelectual governa ou
permanece em uma situação superior.
Sabemos que cada Estado tem a sua soberania, e não há uma
instituição superior para controlar essas relações com meios de coerção
para fazer cumprir o pacto do sistema de Estados. Essa violência também
ocorre com a natureza/meio ambiente, com a poluição em massa em
meio às mudanças climáticas e seus efeitos catastróficos, que são
resultantes dos meios utilizados para a construção da sociedade do
cansaço.
Tendo em vista os sete capítulos deste livro, chegamos à conclusão
de que Byung-Chul Han traz os aspectos relacionados com a mudança das
perspectivas e dos fenômenos de vida ao refletir sobre a necessidade de o
Homem tomar consciência para poder salvaguardar os pontos relevantes
para a vida. Ele prega a máxima de que nunca é tarde para recomeçar,
mas se as medidas forem tomadas de forma a não surtir efeito, é capaz
de ser tarde demais.
Acreditamos que o Homem, que foi capaz de conquistar grandes
inovações que no passado eram consideradas impossíveis, seja também
capaz de encontrar a melhor forma de resolver cada um desses conceitos
expressos em cada capítulo, para assim viver livre das amarras dessa
sociedade do cansaço.
Podemos apostar em aproveitar cada minuto da nossa vida da
melhor forma e seguir os princípios aos quais fomos criados, utilizando as
coisas que inventamos de acordo com o verdadeiro fim para o qual foram
criadas, e assim, pôr fim a essa sociedade de exploração em massa.

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