A INVENO DO NORDESTE
e outras artes.
Durval Muniz de Albuquerque Jnior.
Kalidiany Lima, UFRN.
[email protected]O autor...
Licenciatura em Histria pela
UEPB;
Mestrado e doutorado em
Histria pela UNICAMP;
Ps-doutorado
pela
Universidade de Barcelona e
Coimbra;
Atualmente professor titular
da UFRN e colaborador da
UFPE;
Principais temas de estudo:
Nordeste,
gnero,
masculinidade,
identidade,
cultura, biografia histrica e
A obra...
Resultado do trabalho de
pesquisa para a realizao
do doutorado em Histria
na UNICAMP, defendido em
1994, a obra ousa colocar e
buscar respostas para uma
inusitada
questo:
inveno do Nordeste.
Nordeste...
Trabalhando na mesma perspectiva de Michel
Foucault, Durval Muniz pretende fazer uma
histria da emergncia de um objeto de saber
e
de
um
espao
de
poder:
regio
Nordeste (ALBUQUERQUE JR, 2011, p. 32).
Questionamentos...
Por que se produzir uma regio?
Nordeste, natural ou cultural?
...
Regionalizao uma relao de poder;
Em outras palavras, a regio produto das relaes sociais;
O Nordeste, enquanto exemplo, fruto de uma elite derrotada do
Norte, que procurando espao no domnio nacional se apoiou em
algumas polticas que lhes ajudou a abrir espao no aparelho do
estado, como foi o caso da seca e o combate ao cangao;
Mas tambm ser fruto do estranhamento das culturas, criando
identidades e inventando no apenas o nordestino como os
paulistas.
...
O Nordeste nasceu de prticas e discursos que
garantem
elementos
suficientes
para
construo de uma identidade regional. Ou seja, o
Nordeste uma produo imagtico-discursiva a
partir de um processo literrio e artstica. O
nordestino e o Nordeste so invenes das
relaes de poder e saber que os circundam,
trazendo um discurso estereotipado tanto da
Emergncia de
fronteiras...
Desnaturalizao;
Marcao e demarcao;
Histria recente;
Filho da modernidade;
Atentar
para
papel
do
historiador...
aquele
responsvel por buscar ver nesses espaos ditos
contnuos e naturais, as linhas de sua construo.
Categoria espacial...
Regio (Ver pgina 36);
Nordeste
como
um
espao
de
visibilidade
dizibilidade;
Produto
de
construda
dada
por
produo
escritores,
imagtico-discursiva
cantores
pintores
nordestinos;
Ou seja, nas esferas de temas como a seca, o
messianismo e o cangao, os prprios nordestinos se
produzem e inventam uma regio, o Nordeste.
A literatura...
Gilberto Freyre;
Graciliano Ramos;
Joo Cabral de Melo.
Reforam a imagem
do Nordeste da seca,
misria.
O teatro...
Ariano Suassuna
Viso conservadora
do Nordeste.
A msica...
Luiz Gonzaga;
Alberto Teixeira.
Nordeste
saudoso,
atrasado.
uma msica produzida
para os migrantes do
Sul.
O cinema...
Alto da Compadecida (2000);
O Cangaceiro (1953).
Existe o cinema que foge dos esteretipos, mas
os grandes sucessos permanecem com esse
discurso de atraso, misria e seca.
Ainda podemos observar setores que propagam o
discurso do esteretipo, uma vez que o Nordeste
inventado continua a gerar lucros.
...
Regio, produto de uma tecelagem;
Oligarquia e seus interesses;
Permeada por relaes de poder, a regio no
nos limita a v-la apenas como uma diviso
natural do espao e sim como uma instncia
poltica e de conflitos.
O Nordeste rural?
O rural enquanto sinnimo de Nordeste;
A imagem do Nordeste j no corresponde a
regio (caricatura);
Ento por que se manter essa imagem?
Espao da saudade...
A saudade um sentimento pessoal de quem se
percebe perdendo pedaos queridos de seu ser, dos
territrios que construiu para si. A saudade tambm
pode ser um sentimento coletivo, pode afetar toda uma
comunidade que perdeu suas referncias espaciais ou
temporais,
toda
uma
classe
social
que
perdeu
historicamente a sua posio, que viu os smbolos de
seu poder esculpidos no espao serem tragados pelas
foras tectnicas da histria. (ALBUQUERQUE JR, 2011,
p. 78).
...
Integrao Nacional;
Discurso modernista da dcada de 1920;
O Nordeste e suas peculiaridades;
Logo, o Nordeste foi construdo como um lugar
de memria, pautado no discurso da saudade
e da tradio;
Fugir da tica naturalista e/ou geogrfica.
Norte x Sul.
O processo de produzir discursivamente o Nordeste
como regio se deu atravs de uma postura de
defesa contra a expanso moderna e o consequente
crescimento
acelerado
do
mundo
urbano
industrializado que j vinha ocorrendo no Sudeste do
pas. Na transio do tradicional para o moderno, os
intelectuais e artistas nordestinos, atravs de suas
obras, comearam a idealizar essa regio como o
espao da saudade.
...
E esse discurso saudosista se expandiu por vrios
campos artsticos ao longo do sculo XX, mostrando um
apego ao passado e a tradio;
O Nordeste a partir da origem e tradio;
Maneira narcsica de se referir ao passado;
Estes olhares nostlgicos de tempos e espaos outros,
o que mais temem o corte, a descontinuidade, o
choque que as rpidas mudanas trazidas pela histria
significam.
...
Nordeste do serto tradicional, do qual se
sente muitas saudades quando se migra para
as cidades ou para o Sul. (Citar Lampio e
Maria Bonita).
NORDESTE
SERTO
RURAL
Vises de um
Nordeste...
O Nordeste uma inveno produzida pelos
discursos professados pelos nordestinos e
absorvidos pelos no-nordestinos que, ao se
depararem com uma paisagem alheia ao
esteretipo que conhecem atravs da esfera
miditica, literria e artstica, estranham-na;
...
Ns, os nordestinos, costumamos nos colocar como os
constantes derrotados, como o outro lado do poder do
Sul, que nos oprime, discrimina e explora. Ora, no
existe esta exterioridade s relaes de poder que
circulam no pas, porque ns tambm estamos no
poder, por isso devemos suspeitar que somos agentes
de nossa prpria discriminao, opresso ou explorao.
Elas no so impostas de fora, elas passam por ns.
(ALBUQUERQUE JNIOR, 2011, p. 31-32).
[...] o Nordeste quase sempre no o Nordeste tal como ele , mas o
Nordeste tal como foi nordestinizado. Ele uma maquinaria de
produo, mas, principalmente, de repetio de textos e imagens. No
se pode ligar esta reproduo de imagens e textos apenas classe
dominante. No existe nela uma simples lgica de classes; estas
imagens e textos alcanaram tal nvel de consenso e foram agenciadas
pelos mais diferentes grupos, que se tornaram verdades regionais.
preciso,
por
exemplo,
reconhecer
que
subdesenvolvimento
econmico e a estrutura de classes da regio no so suficientes para
explicar a dificuldade em transformar este espao em espao moderno.
Esta verdadeira averso ao moderno no se localiza apenas em setores
dominantes, os enunciados associados ao Nordeste, que o inventaram,
so
um
componente
decisivo
dessa
falta
de
modernizadora. (ALBUQUERQUE JNIOR, 2011, p. 348).
capacidade
Portanto...
O Nordeste no um fato inerte na natureza, no est dado
desde sempre. Os recortes geogrficos, as regies so fatos
humanos, so pedaos de histria, magma de enfrentamentos
que se cristalizaram, so ilusrios ancoradouros da lava da luta
social que um dia veio tona e escorreu sobre este territrio. O
Nordeste
uma
espacialidade
fundada
historicamente,
originada por uma tradio de pensamento, uma imagstica e
textos que lhe deram realidade e presena. (ALBUQUERQUE
JNIOR, 2011, p. 79).
...
A origem do Nordeste, portanto, longe de ser um processo
linear e ascendente, em que a identidade est desde o incio
assegurada e preservada, um comeo histrico no qual se
encontra a discrdia entre as prticas e os discursos; um
disparate. Essa figurao de uma origem linear e pacfica para
o Nordeste se faz preciso para negar que ele algo que se
inventa no presente. Visa neg-lo como objeto poltico-cultural,
colocando-o como objeto natural, neutro ou histrico
desde sempre. (ALBUQUERQUE JNIOR, 2011, p. 80).
Boa prova
Obrigada!
Referncias...
ALBUQUERQUE JNIOR. Durval Muniz de. A Inveno
do Nordeste e outras artes.
5 ed. So Paulo:
Cortez, 2011.
ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. So
Paulo: Companhia das Letras, 2008.
SCHAMA, Simon. Paisagem e Memria. So Paulo:
Companhia das Letras, 1996.