UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS/CAMETÁ
FACULDADE DE LINGUAGEM
DISCIPLINA: FORMAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA
DOCENTE: ÂNGELA VASCONCELOS
CHARLYANE SANTIAGO
LAYSE RODRIGUES
RAQUEL ASSUNÇÃO
FREI JOSÉ DE SANTA RITA
DURÃO
Nasceu em 1722 - Cata Preta, NAS
PROXIMIDADES DE MARIANA EM
MINAS GERAIS - Brasil
Nacionalidade: Luso-brasileiro
Ocupação: Orador e poeta
É considerado um dos percursores do
indianismo no brasil
Obra: CARAMURÚ (1781) cujo
subtítulo, Poema épico do descobrimento
da Bahia
Morreu em Lisboa, Portugal em 1784 aos
62 anos.
CARAMURÚ
• O poema fala sobre o descobrimento e conquista da
Bahia pelo português Diogo Álvares Correa, após o
naufrágio deste no litoral nordestino. Santa Rita
Durão narra ainda as aventuras de Diogo, bem como
seu envolvimento com as Índias, sobretudo com
Paraguaçu, com quem se casa, deixando para trás
Moema que se suicida no mar ao ver partir o casal.
PERSONAGENS PRINCIPAIS:
Diogo Álvares Correia – herói; náufrago português.
Paraguaçu – índia, filha do cacique.
Moema – amante de Diogo; morre afogada.
Taparica – cacique; pai da índia Paraguaçu
Os Lusíadas - Camões
Caramurú – Frei Durão
Canto I XXXVI
As armas e os barões assinalados, É fama então que a multidão formosa
Que da ocidental praia Lusitana, Das damas que Diogo pretendiam,
Por mares nunca de antes navegados, Vendo avançar-se a nau na via undosa,
Passaram ainda além da Taprobana, E que a esperança de o alcançar perdiam,
Em perigos e guerras esforçados, Entre as ondas com ânsia furiosa
Mais do que prometia a força humana, Nadando o esposo pelo mar seguiam
E entre gente remota edificaram E nem tanta água, que flutua vaga,
Novo Reino, que tanto sublimaram; O ardor que o peito tem, banhando apaga.
• Desde esse dia é fama que por nome
Do Grão Caramuru foi celebrado
O forte Diogo; e que escutado dome
Este apelido o bárbaro espantado:
Indicava o Brasil no sobrenome,
Que era um dragão dos mares vomitado:
(Caramuru, Canto II, estrofe XLVI, 1-6)
• Esposo (a bela diz), teu nome ignoro;
Mas não teu coração, que no meu peito
Desde o momento em que te vi, que o adoro:
Não sei se era amor já, se era respeito:
Mas sei do que então vi, do que hoje exploro,
Que de dous corações um só foi feito.
Quero o batismo teu, quero a tua Igreja,
Meu povo seja o teu, teu Deus meu seja.
(Canto II, estrofe XC)
Vi, não sei será impulso imaginário,
Um globo de diamante claro e imenso;
E nos seus fundos figurar-se vário
Um país opulento, rico e extenso:
E aplicando o cuidado necessário,
Em nada do meu próprio a diferença;
Era o áureo Brasil tão vasto e fundo,
Que parecia no diamante um mundo
Canto VII, na estrofe XXI.
• XLI
• Enfim, tens coração de ver-me aflita,
Flutuar moribunda entre estas ondas;
Nem o passado amor teu peito incita
A um ai somente com que aos meus respondas!
Bárbaro, se esta fé teu peito irrita,
(Disse, vendo-o fugir), ah não te escondas!
Dispara sobre mim teu cruel raio..."
E indo a dizer o mais, cai num desmaio.
• XLII
• Perde o lume dos olhos, pasma e treme,
Pálida a cor, o aspecto moribundo;
Com mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre as salsas escumas desce ao fundo.
Mas na onda do mar, que irado freme,
Tornando a aparecer desde o profundo,
- Ah! Diogo cruel! - disse com mágoa,
E, sem mais vista ser, sorveu-se n’água.
Moema (1866), por Victor Meireles (Canto VI)
• Nem mais a espada e bomba pavorosa
Se ouvirá na Marinha e sertão vasto,
A voz só do Evangelho poderosa,
Simples, sem artifício, indústria ou fasto:
A semifera gente viciosa
No jugo conterá de um temor casto;
E às mãos dos seus apóstolos se avista,
Com as armas da Cruz feita a conquista.
(Caramuru, Canto VIII, estrofe LXXVI)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• O Caramuru tem os elementos tradicionais do gênero
épico: duros trabalhos de um herói, contato de gentes
diversas, visão de uma sequência história. A sua
linha é camoniana e o intuito foi “compor uma
brasilíada”.
• A narrativa é enriquecida com referência a fatos
históricos desde o descobrimento até a época do
autor, dando-se grande relevo também à matéria
descritiva e informativa. É o caso da descrição do
Brasil por Diogo, coroando as tentativas de louvação
da terra, prenunciando certos aspectos do
nacionalismo romântico.