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Fordismo e Toyotismo: Crise e Evolução

O documento discute a crise do fordismo e a ascensão do toyotismo. Apresenta os princípios da produção em massa de Henry Ford e o período áureo do fordismo. Também aborda as críticas ao modelo fordista e sua crise a partir da década de 1970. Por fim, destaca as inovações da Toyota, como a produção flexível, que permitiram sua ascensão como alternativa ao fordismo.

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Luana Nobre
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Fordismo e Toyotismo: Crise e Evolução

O documento discute a crise do fordismo e a ascensão do toyotismo. Apresenta os princípios da produção em massa de Henry Ford e o período áureo do fordismo. Também aborda as críticas ao modelo fordista e sua crise a partir da década de 1970. Por fim, destaca as inovações da Toyota, como a produção flexível, que permitiram sua ascensão como alternativa ao fordismo.

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A CRISE DO FORDISMO E TOYOTISMO

Renata Pedretti Morais Furtado


Doutora em Administração - UFMG
Mestre em Administração - UFLA
Especialização em Gestão Estratégica - UFMG
Bacharel em Ciências Econômicas -PUC/MG
2019
Ford (1863-1947)
Gênio Detestável
Ford gostava mais do
chão da fábrica do
que do escritório.
A Linha de Montagem
 O nome de Henry Ford (1863 - 1947) esta associado à linha de Montagem
Móvel, elevou ao mais alto grau os princípios da produção em massa, que
é a fabricação de produtos em grande quantidade a um custo reduzido

 Por meio da racionalização da produção, idealizou a linha de montagem, o


que lhe permitiu a produção em série, isto é, moderno método que permite
fabricar grandes quantidades de um determinado produto padronizado.

 Na produção em série ou em massa, o produto é padronizado em seu


material, mão de obra, desenho e ao mínimo custo possível.
A Época de Ouro do Fordismo

Torna-se importante destacar duas questões preliminares:


• Trata-se do sistema dominante nos países centrais do capitalismo a partir da
2ª.Guerra Mundial. Os países da periferia e os países semi-industrializados
não se incluem nesse contexto (Cândido, 1993).

• O paradigma fordista não é homogêneo, na medida em que ele comporta


diversas configurações nacionais ou variantes do fordismo que apresentam
diferenças expressivas do fordismo clássico ou genuíno americano (Boyer,
1990).
A Época de Ouro do Fordismo
• O conceito de fordismo, considerando a Escola Francesa de Regulação,
mostra diferentes níveis de abrangência do conceito:

 Um em nível mais global, macroeconômico e macrossocial, o fordismo


significa um modo de desenvolvimento que marcou uma fase do
capitalismo nos países centrais, com articulação entre um regime de
acumulação intensiva e um modo de regulação monopolista ou administrado.

 Estabilidade estrutural e grande dinamismo, como fica evidenciado pela


prosperidade sem precedentes, durante essa fase, a chamada, era de ouro do
capitalismo.
A Época de Ouro do Fordismo
O fordismo está assentado na compatibilização entre um sistema de
produção em massa com dinamismo tecnológico e potencial de
crescimento da capacidade produtiva.

• Resultante da difusão dos princípios tayloristas e fordistas nas indústrias


de série, automação no âmbito das indústrias de processo contínuo.

• A massificação do consumo com o crescimento do salário real (norma


salarial fordista) a qual assegurava ganhos em relação a produtividade o
que variava de país para país.
A Época de Ouro do Fordismo

• Outro fator importante são as relações de emprego estabelecidas durante


este período, que favoreceram a vigência de garantias ao trabalhador
assalariado, o que se traduzia em especial numa ampla estabilidade do
emprego.

• Promoção do crescimento sustentável da demanda, explicado em boa


medida pela expansão da renda salarial.
A Época de Ouro do Fordismo
• Ford, reconhecido pela difusão da produção em massa, completa o arcabouço que veio a
ser conhecido como a OCT.

• O grande mérito de Ford está em conseguir a intercambiabilidade das peças e na


facilidade de ajustá-las entre si.

Essa condição se deve a:

Progresso do produto através do processo produtivo: planejado, ordenado e contínuo.

O trabalho é entregue ao trabalhador em vez de deixá-lo com a iniciativa de buscá-lo.

As operações são analisadas em seus elementos constituintes.


A Época de Ouro do Fordismo
• No começo cada trabalhador ficava sempre na mesma área de montagem e fazia
uma parte importante de um carro, antes de passar para o carro seguinte.

• A primeira providência que Ford tomou para tornar esse processo mais eficiente foi
entregar as peças em cada posto, de onde os trabalhadores não precisavam sair o dia
todo.

• Em seguida, Ford decidiu que o montador executaria uma única tarefa, andando de
um carro para o outro dentro da fábrica.

• Alta produtividade com baixos custos e tempo recorde do produto no mercado,


seu carro tornou-se acessível, sendo responsável pela popularização do carro.
A Época de Ouro do Fordismo
• As inovações de Ford permitiram eliminar quase todos os movimentos
desnecessários das ações dos trabalhadores
• Obteve economias de escalas importantes em função da máxima
racionalização do trabalho
• Importância dos estoques tanto finais (produtos acabados) quanto
intermediários (matérias- primas, peças e componentes)
• Utilização excessiva de recursos energéticos por exemplo, o petróleo
relativamente abundante e barato
• A qualidade apesar de não ser negligenciada, não era exatamente uma
preocupação central
• Uma grande evolução para a sociedade da época: um carro a baixo custo
Contribuições

• O Fordismo trouxe profundas mudanças nas estruturas e funcionamento dos


mercados.

• Produtos com custos e preços baixos, padronizados, homogêneos ou


seriados passaram a conquistar os mercados.

• O sistema de Ford denominado push product line, ou seja, o seu objetivo


era produzir o automóvel o mais rapidamente possível e escoá-lo para o
mercado no menor prazo.
Críticas

• Aspecto desumanizador saliente na excessiva decomposição e


especialização dos processos de trabalho reduzem substantivamente o
espaço para o exercício da liberdade criativa do trabalhador

• Rotinas inflexíveis, excesso de normas e padrões, ambiente altamente


burocratizado estariam na raiz de problemas de saúde físicas e mentais no
ambiente de trabalho urbano-industrial do século XX.
Contrapontos
• Ford apresentou problemas para garantir a continuidade dos negócios.

• A expansão dos mercados, redução de barreiras pelos governos nacionais


demandam novas formas de gestão e trabalho.

• Necessidade de se rever conceitos e buscar inovações para permanecer no


mercado.

• Alfred Sloan da General Motors que resolveu o impasse que vitimou Ford.
Sloan divisionalizou a empresa, implantando um rígido sistema de
controle. Criou uma linha de cinco modelos básicos de veículos e criou as
funções nas áreas de finanças e marketing.

• Durante anos a Ford dominou o mercado de automóveis. Mas a partir de


1955, essa tendência começou a mudar.
Crise do Fordismo
• A partir do final de 1960 e início da década de 1970, este panorama de
crescimento econômico e estabilidade estrutural sofre uma mudança
drástica.

• A crise do sistema fordista consiste no esgotamento do modelo dominante


de organização da produção.

• Movimento de rejeição ao trabalho de estilo fordista e às formas


autoritárias de imposição, as lutas operárias ganham força na França,
Itália e o trabalho desqualificado nas fábricas passa a ser negado pelas
camadas mais populares e apresentam um maior nível geral de instrução.

• Movimento de mutação, de metamorfose, que poderá engendrar um novo


sistema
Crise do Fordismo
• A emergência de novas normas de concorrência, mercados mais
exigentes e um quadro das novas condições de competitividade, acentua
a importância da qualidade e diferenciação dos produtos, além da
capacidade de reduzir os custos de produção.

• As crises do petróleo ocorridos em 1973, 1979 e o encarecimento das


matérias primas, em geral, e em especial do petróleo.
QUADRO 01 Mudanças das Estratégias de Acumulação e suas implicações tecnológicas em indústrias de série

Fonte: Faria, 2004 Elaboração Gitahy e Rabelo (1987) e JHF


TOYOTA: a ascensão da produção flexível
• Na primavera de 1950, Eiji Toyoda visita a fábrica da Ford em Detroit,
uma visita de três meses.

“...havia possibilidades de melhor a produção”


(carta a sede de sua empresa no Japão).

• A fábrica da Toyota, na década de 50, era localizada em Nagoya e sua


força de trabalho – trabalhadores agrícolas.

• Após a 2ª. guerra mundial, o foco da Toyota é a produção em larga


escala.

• Contexto de desafio e busca por solução de problemas.


TOYOTA: a ascensão da produção flexível
Contexto:
• O mercado doméstico era pequeno e uma gama grande de produtos.

• A força de trabalho local não se adaptaria ao modus operandi


taylorista.

• A importação de tecnologia era considerada impossível.

• A possibilidade de exportações remota.

• Tais problemas merecem atenção do Ministério da Indústria e Comércio


japonês (MITI) que propõe uma série de ações para proteger o mercado
interno e forçar fusões entre indústrias locais.

• Visão de longo prazo.


QUADRO 02 Mudança do Modelo Técnico-Econômico

Fonte: Faria, 2004 Elaboração Gitahy e Rabelo (1987) e JHF


TOYOTA: a ascensão da produção flexível
• Toyoda e Ohno desenvolvem uma série de inovações técnicas que
possibilitam uma redução no tempo necessário para a alteração dos
equipamentos de moldagem.

• Modificações nos produtos eram mais simples e rápidas.

• Tornou-se mais barato fabricar pequenos lotes de peças estampadas,


diferentes entre si, que enormes lotes homogêneos.

• Redução de custos e observação instantânea dos problemas de


qualidade.
TOYOTA: a ascensão da produção flexível
• Relações da Toyota com seus empregados, pós 2ª. Guerra mundial, a
empresa reduz drasticamente seu quadro de funcionários. ¼ da força de
trabalho é demitida, gerando enorme crise.

• Duas consequências: o presidente da empresa é afastado e abre-se espaço


para a construção de um novo modelo de relação capital-trabalho, que se
tornou a fórmula japonesa, com elementos característicos como:

• emprego vitalício,
• promoções por critérios de antiguidade e
• participação nos lucros
TOYOTA: a ascensão da produção flexível
• Ohno realizou uma série de mudanças na fábrica, agrupando
trabalhadores em torno de um líder, responsabilidade por tarefas,
conservação da área, pequenos reparos e inspeção da qualidade.

• Encontros para discussão de melhorias nos processos de produção.

• Ohno permitiu qualquer operário parar a linha de produção caso


detectasse algum problema (evitar os problemas vistos na Ford).

• Os problemas eram vistos apenas no final da linha de produção o que


gerava grandes quantidades de retrabalho, desperdício e aumento dos custos
de produção).
TOYOTA: a ascensão da produção flexível
• Sob o aspecto da distribuição também houve inovação no sentido de buscar
integrar toda a cadeia de produção, num sistema funcional e ágil.

• Conceito de parceria passa a ser utilizado.

• Um grande desafio foi adequar a rede de suprimentos as necessidades de


produção. A montagem final de um veículo perfaz 15% do trabalho total de
produção, os processos precedentes incluem cerca de 10.000 peças em 100
conjuntos diferentes. Coordenação e sincronização.

• Solução parceria cliente-fornecedor e subfornecedor.

• Aqui destaca-se a ideia do just-in-time, reduzindo os estoques


intermediários.
TOYOTA: a ascensão da produção flexível
• A engenharia e desenvolvimento de produtos também foram
influenciados pelo novo modo de produção. Na Toyota há uma formação
de grupos sob uma liderança forte que leva a integração das áreas de
produção, produto e engenharia.

• Visão de longo prazo permanece, cerca de 20 anos para implementar as


mudanças. O sistema flexível da Toyota torna-se bem sucedido ao ouvir as
necessidades dos clientes e se adaptar às mudanças tecnológicas.

• Maior exigência do mercado consumidor em confiabilidade, segurança


e assim os veículos vão exigindo maior complexidade, a Toyota passa a
trabalhar dois a três modelos por planta.
TOYOTA: a ascensão da produção flexível
• O Ciclo de vida do produto também diferencia, os carros japoneses têm
um ciclo de vida inferior à metade do ciclo de vida dos carros americanos.

• Há de se ter cuidado com os transplantes geográficos e nas organizações


porque isso requer estudos mais pontuais e podem mudar caso a caso, país a
país.

• “Nem tudo são flores”, Sakai um empresário nipônico advoga que essa
organização piramidal, base dos grandes grupos japoneses guarda estreita
semelhança com o mundo feudal, com milhares de pequenas empresas um
modus operandi semelhante no que se refere a submissão, pressões para
redução de custos e margens de lucro insuficientes.
TOYOTA: a ascensão da produção flexível
• As mudanças de padrões comportamentais e culturais, o surgimento de
novas atitudes e expectativas de vida em relação ao trabalho podem
comprometer o sistema inaugurado pela Toyota.

• Vantagem competitiva em relação ao fordismo com maior adaptabilidade


às condições ambientais.

• Contradições internas da pirâmide podem levar ao enfraquecimento da


capacidade adaptativa e flexibilidade do sistema.
TOYOTA: hoje
• O sistema Toyota utiliza várias ferramentas e técnicas de qualidade total
que são parte de inovações incluindo kanban, kaizen, círculos de qualidade,
células de trabalho e de produção.

• Ideia de longo prazo.

• Genchi Genbutsu – vá e veja, vamos até a fonte para encontrar os fatos e


tomar decisões corretas.

• Valorização do trabalho em equipe, sistema de metas para os gerentes


com remuneração diferenciada.
FIGURA 1 Toyota Hoje: vendas em 160 países e regiões com 340.000
colaboradores
Fonte: site Toyota, acesso 03 de abril de 2019.
Reflexões Finais
Temas transversais : transitam entre economia e administração.
• Enfoque para macroeconomia no caso dos ciclos virtuosos do fordismo
(Boyer, 1990 e Cândido, 1993).
• Reestruturação produtiva, mudança do paradigma de produção que
leva a crise do sistema capitalista e fim da era do ouro, produção em massa
e produção flexível.
• Consumo em massa e ganho nos salários reais com ganhos por
produtividade e distribuição de lucros.
Enfoque para administração:
• Leitura de mercado, proximidade na cadeia produtiva cliente-fornecedor.
• Olhar atento de pesquisador, descobridor.
• Dialogo, participação, liderança emergem com o modo flexível.
Reflexões Finais:
• Princípio da qualidade total, ferramentas de qualidade, controle, eficiência,
eficácia e efetividade

• Diversificação versus integração

• Ideias globais versus ideias locais

• Adaptabilidade

• Inovação

• Trajetória histórico cultural.


Referências Bibliográficas
BARROS, L. A. de. Fordismo: nascimento e maturação. In: BARROS, L. A. de. Fordismo: origens e metamorfoses.
Piracicaba: UNIMEP, 2004. p.15-40.
BEYNON, H. Trabalhando para a Ford. Rio de Janeiro: Paz e Terra. Cap. 1, 4, 5.
BERNARDES, C.; MARCONDES, R. Teoria Geral da Administração: gerenciando organizações. 3ª.ed .São Paulo:
Saraiva, 2006.
CHIAVENATTO, I. Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro, 6 ed. revista e atualizada, Rio e Janeiro: Elsevier,
2002.
FARIA, J. Economia política do poder. Uma critica da teoria geral da administração. Curitiba, 2004.
FERREIRA, C. O Fordismo, sua crise e o caso brasileiro. Textos para discussão, no.65, Cedeplar, UFMG, setembro de
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FERREIRA, C. Crise do Fordismo e novos paradigmas de organização de produção. Cedeplar, UFMG, 1993.
FORD, H. Os princípios de prosperidade. Rio de Janeiro: Brand, 1960. Cap. 2 até 8 (pág. 105) (658.403 F699. Pl)
GRAMSCI, A. Americanismo e Fordismo. In: Cadernos do cárcere. Volume 4. Temas de cultura – Ação católica –
Americanismo e fordismo. (Orgs. Carlos Nelson Coutinho; Marco Aurélio Nogueira; Luiz Sérgio Henriques) Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
LACOMBE, F. Teoria Geral da Administração. São Paulo, Saraiva, 2009.
LIPIETZ, A. Fordismo, fordismo periférico e metropolização. Ensaios FEE, Porto Alegre, FAYOL, H. Administração
geral e industrial. São Paulo: Atlas, 1989. p. 14-27, 33-57.
MOTTA, F. C. P.; VASCONCELLOS, I. F. G. Teoria Geral da Administração. Pioneira Thomson Learning, 2006.
WOOD, T. Fordismo, Toyotismo e volvismo os caminhos da indústria em busca do tempo perdido. Revista de
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