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O Gato Comeu

Este documento discute a função terapêutica da escrita no tratamento de crianças e adolescentes. A autora descreve como a produção de cartas, diários e livros pode ajudar os pacientes a organizar ideias e sentimentos. O caso de Mateus é apresentado como exemplo de como a elaboração de uma história em quadrinhos ajudou o menino a superar problemas de aprendizagem e fonoaudiológicos.

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O Gato Comeu

Este documento discute a função terapêutica da escrita no tratamento de crianças e adolescentes. A autora descreve como a produção de cartas, diários e livros pode ajudar os pacientes a organizar ideias e sentimentos. O caso de Mateus é apresentado como exemplo de como a elaboração de uma história em quadrinhos ajudou o menino a superar problemas de aprendizagem e fonoaudiológicos.

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O GATO COMEU

Algumas considerações sobre a função terapêutica da


escrita
                               
Cybelle Weinberg
Introdução:

Trabalho psicopedagógico em consultório com


crianças e adolescentes.

Fracasso no processo de aquisição da escrita, queixas


de troca de letras e disortografias.

Produção de cartas, diários e livros.


Introdução:
Ponto
Ponto de
de partida:
partida:
Construções
Construções dede Conversa
Conversa ee perguntas
perguntas Escrever
Escrever sobre
sobre oo que
que
sucata,
sucata, argila ou
argila ou sobre a produção
sobre a produção foi falado.
foi falado.
desenho.
desenho.

Poucas
Poucas palavras,
palavras,
definindo
definindo objeto
objeto
ou personagem.
ou personagem.
PRODUÇÃO EM
ETAPAS:
Juntando
Juntando isso
isso
Texto
Texto vira
vira livro.
livro. com expressões.
com expressões.

Resultando no Frases agrupadas


texto (que pode conforme sua
ser
ser modificado)
modificado) vontade
vontade
O que faz com que o conflito traga
alívio para o sujeito?

Quando escreve, a criança classifica, ordena fatos, faz


análises e sínteses, argumenta, tira conclusões. Assim
ela trabalha cognitivamente o conflito psíquico.

Além disso, a escrita tem a função de expressar e


organizar sentimentos, nomear sensações.
Produção de livros como estratégia
psicopedagógica
Estruturação da subjetividade.

Ocorre dentro de um espaço particular e de confiança.

Não é feito por obrigação, não visa nota, não é exposto.


As vezes, nem é corrigido.

Escrito por prazer, necessidade interna...é uma


brincadeira.
Produção de livros como estratégia
psicopedagógica
Como se definiria um
Até onde é possível brincar
psicopedagogo
com a escrita?
suficientemente bom?
• Enquanto o visado não é o • Capaz de escutar, esperar,
escrito, mas o ato de permitir que a criança
escrever. conte sua história.
• Um objeto interessante • Capaz de fazer o encontro
para o outro torna-se terapêutico um espaço
interessante para quem potencial.
produz. • Lugar de criatividade,
• Sessão se torna um espaço onde a experiência
pra criatividade. cultural seja possível.
Produção de livros como estratégia
psicopedagógica
O livro pode ter partes acrescentadas ou retiradas. Modifica o enredo,
mas nunca o tema.

Muda seu comportamento e postura corporal, a medida que busca


uma solução pra história do livro.

O livro é uma produção dela, da qual se orgulha.

Para os pais é sempre uma surpresa.

A história surpreende o autor: “O que será que vai acontecer hoje? O que
vai acontecer depois?”
Produção de livros como estratégia
psicopedagógica
Segundo Alicia Fernandez, quando a criança lê seu
proprio livro, está lendo uma informação que já tinha. É
o encontro da criança com a sua própria palavra, com
sua própria história.

A criança escreve pelo prazer que encontra em se sentir


autora. Nesse espaço de confiança que se estabelece na
clínica, encontrando permissão e se autoriza a escrever.
Sobre Mateus
Menino de 11 anos;

Encaminhado para avaliação psicopedagógica;

Vinha repetindo de série consecutivamente;

Dificuldades na área de linguagem;

Gagueja ao ler em voz alta, porém em silêncio, lia bem.


Dados significativos da anamnese
Falta de diálogo entre Mateus e a mãe;

Agressividade da mãe com Mateus;

Trocava letras desde muito pequeno, o que não era um


problema para mãe.
Evoluçã o do caso
Apresentava alto grau de dificuldade pra atividades
que exigissem criatividade.
Desenhava com o auxílio de régua, não usava lápis de
cor.
Redação pobre e quase ilegível.
Atendimento por 2 anos com progresso lento.
Evoluçã o do caso
Atendimento por 2 anos com progresso lento.

Até que..
Sessão de 25/10/1991

A terapeuta propõe o uso de objetos da sala pra


construção de um planeta.
Ele construiu o “planeta das bolas”.
“Para entrar no planeta tinha que levar uma bola”... “
mas essas bolas não matam, só machucam”
Ao desenhar o “planeta das bolas” desenhou muito
bem, surpreendendo a terapeuta, que sugeriu que
juntos olhassem os desenhos anteriores.
Ele aceito e começou a selecionar os que mais
gostava, dentre eles, um desenho de sua família com
um gato.
A terapeuta pediu que ele desenhasse
novamente aquela família:
“Está todo mundo assustado porque o gato me comeu. O gato é do
vizinho. Quando ele veio, minha família toda estava lá, mas
ninguém viu ele me comer. O gato é pequeninho, mas eu coube lá
dentro porque eu era criança. Só que eu estou lá até hoje. Ninguém
escuta o que eu falo porque o gato morreu. Eu morri também. Eles
jogaram fora o gato e eu dentro, porque não sabiam que eu estava lá
dentro. Meu pai e minha mãe perceberam que eu não estava mais
em casa, sentiram minha falta e me procuraram. Mas não me
acharam. Estão procurando até hoje!
O Matheus morreu. Não fala mais, não pensa, não sente mais nada.
Outras pessoas também sentiram a minha falta, minha irmã sentiu
só um pouquinho, meus amigos sentiram mais, me procuraram,
mas também não me acharam. Todo mundo junto um dia pode
achar o gato morto. Vão enterrá-lo. Antes de enterrar vão abrir a
barriga dele e aí vão me achar. E aí vão me enterrar também.
Foram meu primo e meus amigos que me acharam. O
Matheus foi mastigado. Virou comida de Mc Donald’s.’’

Em outra sessão havia dito que tinha nojo de carne


moída.
Sessão de 30/10/1991
Atividade: Responder algumas perguntas formando
duas colunas. Uma embaixo de “gato” e outra
embaixo de “menino”.
Formar frases a partir das palavras.
Elaboração do texto
Sugestão da escrita de um livro.

Escolha do título – “O gato que gostava de comer


meninos”.

Começou separando os parágrafos e procurando


figuras para ilustrar cada situação.
Mateus utilizou várias sessões para escrever sua
história.

Reescrevia cada trecho inúmeras vezes.

À medida em que avançava a história, Mateus se


modificava.

Parou de gaguejar.
Texto final
“Numa tarde de quarta-feira, um menino estava na janela mexendo com um gato muito grande e
fazendo careta.
O gato ficou nervoso e pulou para dentro da casa do menino e correu atrás dele.
Mas como ele estava só o gato conseguiu pegá-lo e levá-lo num saco para uma casa abandonada.
A família ficou muito preocupada. E chamou a polícia.
O gato ligou para a família pedindo um saco de moedas de ouro.
E a família pediu um empréstimo para o banco.
Mas o banco disse que não podia dar o empréstimo.
O pai então pediu para um amigo muito rico. Mas ele disse que o dinheiro estava num banco da
Suíça. E falou que no dia seguinte ele iria dá-lo.
Enquanto isso o gato ligou novamente. O pai lhe disse que ele podia buscar o dinheiro na cabine
de telefone ás 4 horas da madrugada.
E o pai avidou a polícia que lhe disse que se acalmasse que mandaria uma patrulha.
E o gato levou o menino para o encontro.
Lá estava o saco cheio de dinheiro.
O pai tinha armado todo o esquema da prisão do gato.
Assim que o gato soltou o menino, a polícia chegou e prendeu o gato.
E eles viveram felizes para sempre.”
Conclusão:
Psicopedagogi
a

Fonoaudiologi
Psicanálise
a
Alicia Fernandez distingue dois tipos de problemas de
aprendizagem:

Reativo Sintoma
Por que a técnica deu certo?
Possibilitou organização das ideias

Jogo

Relação com a família


Bibliografia
WEINBERG, C. O gato comeu. In: RUBINSTEIN, E.
Psicopedagodia: Uma prática, diferentes estilos. São
Paulo, Casa do Psicólogo, 1999. p 81-105.
Obrigado!

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