0% acharam este documento útil (0 voto)
336 visualizações30 páginas

São Bernardo - Graciliano Ramos - Memórias

O documento apresenta informações sobre o livro "São Bernardo", escrito por Graciliano Ramos em 1934. A narrativa é contada em primeira pessoa através das memórias do protagonista Paulo Honório, que relata fatos de seu passado e presente. O recurso da memória permite ao narrador transitar entre os dois tempos e fazer comentários comparativos. A história retrata a ascensão e queda do fazendeiro Paulo Honório na região nordeste do Brasil.

Enviado por

Heloísa Gomes
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PPTX, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
336 visualizações30 páginas

São Bernardo - Graciliano Ramos - Memórias

O documento apresenta informações sobre o livro "São Bernardo", escrito por Graciliano Ramos em 1934. A narrativa é contada em primeira pessoa através das memórias do protagonista Paulo Honório, que relata fatos de seu passado e presente. O recurso da memória permite ao narrador transitar entre os dois tempos e fazer comentários comparativos. A história retrata a ascensão e queda do fazendeiro Paulo Honório na região nordeste do Brasil.

Enviado por

Heloísa Gomes
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PPTX, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 30

São Bernardo - Graciliano Ramos:

Memórias

Heloísa, Laiana, Suelen
Dados:
Ano de publicação: 1934

Autor: Graciliano Ramos

Nascido em 27 de outubro de 1892, em Quebrangulo, Alagoas, é considerado o


romancista mais importante da Segunda Fase do Modernismo. Suas obras
embora tratem de problemas sociais do Nordeste brasileiro, tornam - se
universais ao apresentam uma visão crítica das relações humanas.
Dados:
Contexto da publicação: 2ª geração modernista. Publicado em um período
conturbado (entre as décadas de 1930 e 40), durante o qual as obras abrangiam
temáticas sociais. No Brasil, os romances possuíam caráter regionalista,
voltado, principalmente, para problemas do Nordeste do país, como a seca e a
miséria.

Narrador: 1ª pessoa, o narrador – Paulo Honório – conta sua história depois de


tê-la vivido, valendo-se de memórias para expor fatos do presente e do
passado. Também há a presença de conversas diretas com o leitor.
Dados:
Memória na literatura:

O gênero de memórias está muito presente na Literatura e consiste em contar a


trajetória da vida de alguém. É uma forma de aprofundar o conhecimento sobre
quem está narrando a história e também destacar sua própria vida e a forma
como os acontecimentos são trazidos ao leitor sob apenas uma análise, um ponto
de vista.

Tempo: Psicológico.
Linguagem: Coloquial e culta.
Dados:
Gênero: Romance regionalista modernista.

Resumo da obra:

A narrativa tem como tema a ascensão e decadência de Paulo Honório,


retratando a vida no nordeste brasileiro. É marcado por um posicionamento
político subentendido que critica ao coronelismo, como sistema, e ao
materialismo, como característica pessoal.
Introdução:
O gênero literário Memórias, narra lembranças da vida de alguém, podendo ser
reais ou imaginárias, e geralmente são do protagonista da história. O texto deve
ser organizado de forma coerente para conduzir o leitor ao passado,
aproximando-o do momento relatado. Na maioria dos casos, as obras que
utilizam esse recurso, possuem um narrador-personagem, que além de contar a
história, participam dela.
Introdução:
O livro ‘São Bernardo’ escrito por Graciliano Ramos no ano de 1934, destacou-
se entre as demais obras do período, por ser uma narrativa em primeira pessoa
e contada através de memórias do protagonista sobre a tragédia que tornou-se
sua vida. O personagem Paulo Honório, começa o livro contando a razão de
escrevê-lo, depois, deixa claro que está referindo-se ao momento presente e
deseja apresentar-se ao leitor, para só então, começar a história pertencente ao
seu passado. Durante o livro, o narrador transita entre os dois tempos que
relata, muitas vezes para fazer comentários comparativos com o presente, ou
falas e perguntas diretas para o leitor.
Introdução:
A história:

O fazendeiro Paulo Honório resolve escrever a história


de sua vida. Da infância, pouco se recorda, desconhece as
próprias origens. Na juventude, ficou preso após
esfaquear um sujeito e, na cadeia, aprendeu a ler e
escrever. Tendo trabalhado na fazenda de São Bernardo,
sonhava em um dia comprá-la. Ao ser solto, submeteu-se
a todo tipo de trabalho e remuneração afim de
concretizar esse desejo.
Introdução:
Fingindo amizade, deu péssimos conselhos a Luís Padilha, jovem herdeiro de
São Bernardo e, depois de envolvê-lo em dívidas, conseguiu adquirir a
propriedade. Resolveu com violência alguns problemas de divisas com vizinhos
e se fortaleceu como agricultor e homem influente. Percebeu então que precisaria
de um herdeiro e, para isso, casa-se com a jovem professora Madalena.
Introdução:
No entanto, a independência de pensamento da esposa e tendência a interferir
nos negócios da fazenda, irritavam Paulo Honório. Tomado de ciúmes, passou a
atormentar a esposa com desconfianças e ofensas, o que levou-a a se suicidar.  

Aos poucos, os empregados se retiraram de São Bernardo e os amigos se


afastaram de Paulo Honório. Os negócios do fazendeiro iam mal e ele não
conseguia reunir forças para se reerguer. Assim, acaba sozinho e arrependido da
vida que levou.
Objetivo:
 Desenvolver o conceito geral de Memória, e relacionar esse tema ao
modo que a história do livro ‘São Bernardo’ é contada.

 Apresentar a Memória como uma forma de escrita, e a finalidade do


autor Graciliano Ramos ter feito o uso desse recurso em uma de suas
obras mais famosas.
Objetivo:
 Analisar o motivo do livro ‘São Bernardo’ ser escrito em primeira
pessoa, com um narrador-personagem e protagonista do enredo, a fim
de mostrar suas próprias análises dos fatos.

 Realizar a análise de trechos da obra em que o recurso da memória foi


utilizado para contar fatos do passado vivido pelo protagonista
(narrador-personagem), e marcar a distinção dos momentos
pertencentes ao presente e ao pretérito.
Fundamentação Teórica:
Memória como conceito:

A memória é o armazenamento de informações e fatos obtidos através de


experiências ouvidas ou vividas. Relaciona-se fortemente à aprendizagem que é a
obtenção de novos conhecimentos, pois utiliza a memória para reter tais
informações no cérebro. (CABRAL, 2018).

A memória já foi definida, em uma noção muito próxima à do senso comum,


como não apenas a “aquisição, a formação, a conservação e a evocação de
informações. (IZQUIERDO, 2002).
Fundamentação Teórica:
Memória como recurso de escrita: presente e passado

O elemento ativo da memória é comparado ao modo de ação de um pesquisador


ou viajante que busca a inscrição mnemônica pelos labirintos de nossa memória-
arquivo. A noção de associação também é essencial no nosso contexto: a
estruturação da recordação – e portanto do discurso de um modo geral, que
sempre está recuperando informações arquivadas – funciona a partir de um
princípio de leitura de semelhanças que não deixa de lembrar a definição
aristotélica, da sua Poética, do homem como um “ser mimético” (SELIGMANN-
SILVA, 2006)
Fundamentação Teórica:
Memória como recurso de escrita: metalinguagem.

Transmites aos teus alunos uma aparência de sabedoria, e não a verdade, pois
eles recebem muitas informações sem instrução e se consideram homens de
grande saber embora sejam ignorantes na maior parte dos assuntos. Em
consequência serão desagradáveis companheiros, tornar-se-ão sábios
imaginários ao invés de verdadeiros sábios (PLATÃO,1962:35)

São Bernardo é uma narrativa que deve ser entendida como um “discurso
explicitamente voltado para o narratário [o interlocutor], através de reiteradas
invocações” (PAULINO, 1979)
Fundamentação Teórica:
Memória em São Bernardo: narrativa sob olhar do narrador.

Vale lembrar que todos estes atributos foram detectados pela expressão das
memórias do fazendeiro, o que quer dizer que os fatos por ele narrados podem
não ter acontecido do modo exato como ele os conta, mas certamente são a
impressão que deles ficou, recuperados no tempo presente. Deste modo, a
representação que Paulo Honório faz de si mesmo pode ser entendida como um
modelo, um ideal a ser perseguido ou, no caso dele, reconstruído. (PITT, 2010).
Fundamentação Teórica:
Memória em São Bernardo: esquecimento e memória.

Não é o que se verifica na prática. Tanto Angústia como São Bernardo mostram
um escritor com exímio conhecimento do chamado stream of conscience, ou fluxo
de consciência, capaz de transferir para o papel toda a complexidade dos
tortuosos caminhos da inteligência humana, todas as dúvidas, contradições,
imagens e associações de ideias inerentes ao trabalho de lembrar. Em outras
palavras, afirmaríamos, sem risco de contradizermo-nos, que Graciliano Ramos
detém pleno domínio sobre o que Proust denominou memoire involontaire,
aquela que “se deixa guiar não pela continuidade do tempo abstrato vazio, mas
sim pelas associações dominadas pelo acaso. (SELIGMANN-SILVA, 2003).
Fundamentação Teórica:
Memória como recurso de escrita: evolução de Paulo Honório.

Nota-se desde a primeira vista, portanto, a inclinação do escritor por esta opção
narrativa, que caracteriza muitos romances ditos psicológicos. Conforme a
expressão de Antonio Candido em Os bichos do subterrâneo, um de seus mais
célebres ensaios, estas três obras “constituem essencialmente uma pesquisa
progressiva da alma humana, no sentido de descobrir o que vai de mais recôndito
no homem, sob as aparências da vida superficial. (CANDIDO, 2006)
Análise:
O gênero memórias consiste em o autor escrever uma história com base em suas
lembranças pessoais, compartilhando experiências com o leitor. No caso de ‘São
Bernardo”, Graciliano Ramos “cede” seu papel de escritor e o passa para o
próprio protagonista da obra, Paulo Honório, que se encontra em dois planos
diferentes: Narrador e personagem, sempre mostrando suas próprias perspectivas
sobre os fatos e demais personagens do enredo.

“Um velho alto, magro, curvado, amarelo, de suíças, viúvo. Tinha setenta anos.
(...) Ouvi sua história que aqui reproduzo pondo os verbos na terceira pessoa e
usando quase a linguagem dele.” (RAMOS, 1981, cap. 7)
Análise:
Metalinguagem:

Na literatura, a metalinguagem serve como instrumento de crítica, reflexão e


discussão. A utilização desse recurso é perceptível durante a narrativa de Paulo
Honório em São Bernardo. Na obra, constantemente apontam-se marcas que
atestam esse diálogo com interlocutores:

“E como sabem”, “Lembram-se” (RAMOS, 1977, p. 95).


Análise:
Já no primeiro capítulo do livro, Paulo Honório planeja como vai contar sua
história, para isso, pede ajuda de pessoas cultas próximas a ele que poderiam
ser úteis. Logo no começo, percebeu que não funcionaria, ninguém seria capaz
de expressar suas emoções e retratar de forma precisa o que houve, além dele
mesmo. Paulo decide dispensar todos os seus ajudantes, fica sozinho e começa
seu relato.

“Antes de começar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho.”


(RAMOS, 1995, p.5)
Análise:
Narrativa sob olhar do narrador:

“Tenciono contar a minha história. (...) Talvez deixe de mencionar


particularidades úteis, que me pareçam assessórias e dispensáveis.” (RAMOS,
1981, cap. 2)

“Houve suspensões, repetições, mal-entendidos, incongruências, (...) . Reproduzo


o que julgo interessante. Suprimi diversas passagens, modifiquei outras.”
(RAMOS, 1981, p. 77)
Análise:
Esquecimento e memória:

“E saí, descontente. Creio que foi mais ou menos o que aconteceu. Não me lembro
com precisão” (RAMOS, 1981, p. 31)

Nesse trecho fica nítido que a história não será contada tal qual ocorreu, pois além
de sofrer a influência da percepção pessoal do narrador – Paulo Honório –
também conta com o fator do esquecimento do mesmo sob os fatos narrados, que,
portanto, não serão exatos.
Análise:
Evolução de Paulo Honório:

“Palavras de arrependimento vieram-me à boca. Engoli-as, forçado por um


orgulho estúpido. Muitas vezes por falta de um grito se perde uma boiada.”
(RAMOS, 1981, cap.31)

Aqui, assim como em outros trechos da obra, nota-se a evolução psicológica e


comportamental de Paulo Honório, que, contando sua história, lamenta-se,
mostrando-se arrependido de ações do passado.
Análise:
“Cinqüenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira
sem saber para quê! Comer e dormir como um porco! Como um porco! Levantar-
se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar
comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! Que
porcaria! Não é bom vir o Diabo e levar tudo?” (RAMOS, 1980, cap. 31, p. 181).

Neste trecho, mostra-se um homem frustrado, ao reconhecer a inutilidade de sua


vida. Lamenta-se ao reconhecer que apenas acumulou perdas, destruindo a si e
aos outros.
Considerações finais:
Durante sua vida, Paulo fez de tudo para conseguir sua ascensão social, foi
um homem bruto, responsável por assassinato e nunca se abalou pelo
sofrimento alheio. Com o passar do tempo, experimentou o poder e a
riqueza, mas a miséria e a perda também marcaram seus dias. O personagem
acaba ficando totalmente solitário depois de rejeitar seu filho e sua esposa
cometer suicídio.
Considerações finais:
Através do livro, Paulo Honório procura um sentido para sua vida, buscando
entender quem é, e a razão de tudo ter acontecido daquela maneira. Porém,
ele conclui que não conseguiria fazer nada diferente, não poderia se
autotransformar, afinal, tudo seria fruto de sua profissão.

Percebendo que não poderia escapar da brutalidade que o formou, Honório


resolve escrever esse livro sobre sua vida, como uma forma de entender a si
mesmo e se redimir, de alguma forma.
Considerações finais:
Paulo aceitou que sua vida simplesmente aconteceu desse modo, e que seria
interessante compartilha-la para as outras gerações, com o objetivo principal
de relatar sua vida com Madalena e a realidade por trás da profissão de
latifundiário.

O personagem não fala abertamente sobre sua personalidade, mas deixa claro
para o leitor percebe-la durante o relato dos fatos.
Considerações finais:
O recurso literário memórias foi utilizado pelo autor Graciliano Ramos com a
finalidade de fazer com que o leitor tivesse uma relação de proximidade com o
protagonista e, através dessa relação, pudesse conhecer a personalidade de Paulo
Honório e tirar suas próprias conclusões sobre os atos do personagem.

MUITO OBRIGADA!

Você também pode gostar