Mensagem – Mar Português
IV: “ O Mostrengo”
Contextualização histórica
O Mostrengo que está no fim do mar Três vezes do leme as mãos ergueu,
Na noite de breu ergueu-se a voar; Três vezes ao leme as reprendeu,
À roda da nau voou três vezes, E disse no fim de tremer três vezes:
Voou três vezes a chiar, «Aqui ao leme sou mais do que eu:
E disse, «Quem é que ousou entrar Sou um Povo que quer o mar que é teu;
Nas minhas cavernas que não desvendo, E mais que o Mostrengo, que me a alma teme
Meus tetos negros do fim do mundo?» E roda nas trevas do fim do mundo,
E o homem do leme disse, tremendo, Manda a vontade, que me ata ao leme,
«El-Rei D. João Segundo!» De El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço? A
Rima emparelhada
De quem as quilhas que vejo e ouço?» A - Poema constituído
Disse o Mostrengo, e rodou três vezes, B Verso solto por três estrofes de
Três vezes rodou imundo e grosso, A nove versos
Rima emparelhada
«Quem vem poder o que só eu posso, A (nonas) com versos
Que moro onde nunca ninguém me visse C irregulares (de 7 a
E escorro os medos do mar sem fundo?» D 10 sílabas métricas)
Rima cruzada
E o homem do leme tremeu, e disse: C
«El-Rei D. João Segundo!» D
O Mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar; Homem do Leme
À roda da nau voou três vezes, • Aterrorizado; Responde de
Voou três vezes a chiar, maneira curta: “El-Rei D.João II”
E disse, «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo, Ambiente sinistro
Meus tetos negros do fim do mundo?» • “tetos negros do fim do mundo?”
E o homem do leme disse, tremendo, (v.7)
«El-Rei D. João Segundo!» • “noite de breu” (v.2)
«De quem são as velas onde me roço? Mostrengo
De quem as quilhas que vejo e ouço?» • “imundo e grosso” (v.6); voa e
Disse o Mostrengo, e rodou três vezes, chia (v. 4)
Três vezes rodou imundo e grosso, • Realiza movimentos sitiantes à
«Quem vem poder o que só eu posso, volta da nau
• Mora em locais remotos e
Que moro onde nunca ninguém me visse
desconhecidos (v.7; 15)
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes: Gradação:
«Aqui ao leme sou mais do que eu: • Representação
Sou um Povo que quer o mar que é teu; do povo
E mais que o Mostrengo, que me a alma teme • Herói coletivo
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Metáfora:
• Salienta a firmeza
do Homem do
leme
• Enfatiza o vínculo
O medo do Homem do Leme é substituído à missão.
pela coragem, determinação e sentido da
missão
Simbologias presentes
1 - Mostrengo 2 - Homem do 3 - Número 3
Leme ● Perfeição, totalidade à qual
● Medos, perigos e ● Herói mítico e coletivo. nada mais pode ser adicionado:
obstáculos com que ● Coragem, ousadia e ● 3 estrofes de 9 versos
os navegadores se determinação do povo ● 3 falas do Mostrengo e do
depararam ao Português. Homem do Leme
enfrentar o mar ● Cumprimento da missão ● O Mostrengo roda e voa 3
desconhecido. dos Descobrimentos. vezes; o Homem do leme treme
3 vezes
● 3 aparece 7 vezes no poema
● Diálogo a 3 vozes.
Relação com o episódio do Carácter Épico-Lírico
Adamastor:
• Carácter Épico: Exaltação da
• Monstro – Símbolo para os grandiosidade do povo
perigos e obstáculos Português, Forma como o
enfrentados pelos portugueses. Homem do Leme passa de
• Obediência incondicional das um herói individual para um
personagens a um Rei coletivo; Capacidade de
distante: vencer o medo em nome de
algo maior.
• -Homem do Leme: El-Rei
D.João II • Carácter Lírico: O sujeito
• Vasco da Gama: D.Manuel I poético assume uma posição
pessoal; Tom dramático.