Contemplação –
Antero de Quental
Catharina G nº2- 11ºL
Sonho de olhos abertos, caminhando
Não entre as formas já e as aparências,
Mas vendo a face imóvel das essências,
Entre ideias e espíritos pairando...
Que é o mundo ante mim? fumo ondeando,
Visões sem ser, fragmentos de existências...
Uma névoa de enganos e impotências…
contemplação Sobre vácuo insondável rastejando...
E dentre a névoa e a sombra universais
Só me chega um murmúrio, feito de ais...
É a queixa, o profundíssimo gemido
Das coisas, que procuram cegamente
Na sua noite e dolorosamente
Outra luz, outro fim só pressentido...
Este soneto faz parte do ciclo final dos Sonetos de Antero de
Quental, escrito entre 1880 e 1884
Neste soneto sua metodologia foi usada primeira a
concentração, depois a meditação e por fim a contemplação
Contemplação
Há uma angustia profunda existencial “Que é o mundo ante
mim?”
Existe uma dualidade que gera uma grande inquietação
interior
Face noturna = “E durante a névoa e a sombra universais”
Face luminosa = “Outra luz…”
Contemplação
Este soneto mostra a face mais obscura das obras de Antero de Quental, marcado
por um profundo desalento e um desmoronar dos seus sonhos
Após tratar um problema, de natureza filosófica, o sujeito poético chega a uma
conclusão no terceto final e conclui o seu pensamento com a “chave de ouro”, “…
outro fim só pressentido…”
De acordo com seu ponto de vista, todos os ideias que busca estão condenados a
falta de sucesso, pois não satisfazem sua ânsia de absoluto do eu
Temáticas e Recursos expressivos
presentes nesse soneto
• Melancolia
• Pessimismo
• Personificação -> elementos físicos e conceitos abstratos “fragmentos de
existências” / “vácuo insondável”
• Interrogações servem para inferir um tom inquiridor, mas também coloquial, à
discussão de ideias que o eu lírico está a desenvolver interiormente -> “Que é o
mundo ante mim ?”
• Vocábulos associados à escuridão mas também à luz e à claridade -> “sombra
universais”/ “Na sua noite”/ “Outra luz”
Conclusão
Neste soneto percebemos a visão
pessimista que Antero de Quental tem
sobre o mundo, pois o mesmo vive de
enganações, e superficialidades
“Visões sem ser, fragmentos de
existências/Uma névoa de
enganos e impotências”