Semiologia do Sistema
Digestório
PROF. MARINA HERTHEL
DISCIPLINA : SEMIOLOGIA EM PEQUENOS ANIMAIS
SISTEMA DIGESTÓRIO
Captação
digestão
absorção de substâncias nutritivas
Sistema digestório:
- Cavidade oral
- Esôfago
- Estômago
- Intestino delgado
- Intestino grosso
- Ânus
- Também tem grande importância as glândulas salivares, pâncreas
exócrino e fígado
Sinais Clínicos associados ao Trato Digestivo:
Primários
Secundários - disfunções em outros sistemas desencadeando sintomas ou
sinais clínicos relacionados com o processo digestivo
regurgitação ou diarréia, secundárias a neuropatias
ulceração gastroduodenal, decorrente de nefropatias.
Falha renal/hipotireoidismo – associados tb a sinais sistêmicos
insuficiênciacardíaca direita -história de emagrecimento progressivo, apetite
diminuído, ascite e hepatomegalia
SEQUÊNCIA DE EXAME CLÍNICO DO
SISTEMA DIGESTÓRIO
Identificação do Paciente
Data da consulta, nome, espécie, raça, sexo, idade
Cães > ingestão de CE e processos inflamatórios gástricos do que felinos.
Cães de raças grandes ou gigantes - dilatação gástrica ou vólvulo
Síndrome do vômito bilioso - cães braquicefálicos de raças pequenas.
Problemas esofágicos e insuficiência pancreática exócrina - cães da raça Pastor-alemão
Doenças inflamatórias intestinais - gatos Siameses
cães jovens: doenças virais (cinomose e parvovirose) / Temperamento “brincalhão” e mais “curiosos” -
ingestão de CE
Fêmeas adultas com infecção uterina - vômito crônico
Cães idosos com aumento da próstata - tenesmo e constipação intestinal
Registro de temperamento e atitudes
Nome e endereço do tutor
Identificação do Paciente
Procedência
Parvovírus - sobrevive e permanece vivos por muitos meses no ambiente -
infectar novas ninhadas de cães.
Isosporacanis - frequentes em filhotes criados sob más condições de higiene,
aglomerações ou estresse ambiental
Estado de saúde e status vacinal da mãe - doenças transmitidas por via
intrauterina ou transplacentária (panleucopenia felina)
Animal oriundo de região enzoótica para alguma doença (leishmaniose)
Anamnese
Grau de relacionamento entre o tutor e seu animal
Obter informações mais exatas possíveis
Identificação da queixa principal - vômito, diarreia ou perda de apetite.
Seguir roteiro com tópicos a serem esclarecidos e questionados (história clínica)
informações gerais e detalhadas sobre o estado atual do paciente
informações a respeito de tentativas de tratamento e seu resultado
Informações do manejo nutricional, sanitário, reprodutivo, do ambiente em que o animal vive
(inclusive contactantes) e de seus hábitos (casa ou tem hábito de fugir pode ter acesso a
lixeiras e ingerir corpos estranhos ou veneno)
Anamnese
O que está acontecendo/ por quê trouxe o animal?
Quando se iniciou o problema? Qual a frequência dos sinais?
O quadro vem piorando?
O tutor suspeita de alguma coisa que ele viu acontecer?
Convive com crianças? O tutor deu falta de algum objeto?
Como está o apetite do animal? (normal, diminuído, aumentado, coprofagia, pervertido) apresentou
alguma mudança recente?
Apresenta alguma dificuldade ao se alimentar? Aparenta sentir dor durante a deglutição?
Como estão as características fecais? (quantidade de fezes, consistência, odor, coloração, presença
de sangue vivo)
Frequência da defecação
Postura e características ao defecar (dificuldade ao defecar? dor?)
Anamnese
Foi tentado algum tratamento? Qual?
Apresenta vomito? Frequência, conteúdo, sialorreia, inquietação
Teve doenças anteriores?
Já passou por algum procedimento cirúrgico?
Vacinas e vermifugação estão atualizados?
Qual tipo de alimentação? Houve mudança?
Onde mora? Tem acesso à rua? Quintal?
Como é feita a higienização do local?
Convive com outros animais?
Inspeção
Observar a marcha - ocorrência de posturas anormais? (desvio de cabeça ou
andar bamboleante)
Comportamento, a atitude e o nível de interação com o ambiente: se normal,
deprimido, prostrado, calmo, dócil ou agressivo.
Observar estado nutricional e cobertura massa muscular
Procurar sinais externos de doenças ou de outros comprometimentos
(cicatrizes) que possam ter relação com a queixa ou suspeita clínica inicial
Amplitude e sincronia dos movimentos torácicos e abdominais durante a
respiração (ritmo cardiorrespiratório)- dispneia, taquipneia
Êxitono diagnóstico de doenças do trato digestório depende
de uma abordagem clínica correta – com base na observação
e na correlação das características do paciente, aliadas aos
dados de anamnese e exame físico – e, quando necessário, do
auxílio de exames complementares adequados e
corretamente interpretados
Sinais Clínicos Associados ao Trato
Digestivo
HALITOSE
Uremia
Doença dental
Corpos estranhos na cavidade oral
Dieta rica em proteínas
Coprofagia
DISFAGIA
Dificuldade ou impossibilidade de deglutição
Dificuldade na apreensão dos alimentos
Dificuldade na mastigação
sialorréia
engasgos
apetite voraz
Raramente são pacientes inapetentes, podem apresentar apetite voraz devido a falta
de nutrientes gerada. Muito importante oferecer alimento durante a consulta
FASES DA DEGLUTIÇÃO
Fase oral: após mastigação e lubrificação, o alimento, na forma de um bolo, é
colocado sobre o dorso da língua, sendo então propelido para trás, alcançando
a parede posterior da faringe
Fase laríngea: ao atravessar a faringe, o alimento é impulsionado em direção
ao esôfago. Durante o tempo faríngeo, a respiração é cessada e ocorrem
levantamento da epiglote e contração da glote, impedindo a entrada do
alimento nas vias respiratórias superiores
Faseesofágica: chegando ao esôfago, o alimento é transportado por
movimentos peristálticos que ocorrem desde a faringe até o estômago.
É importante identificar em que fase o
problema se encontra
DISFAGIA
Fase oral: dificuldade na apreensão dos alimentos, cuidado excessivo durante a
mastigação, sialorréia
Fase laríngea: engasgos, movimentos de deglutição repetidos e com dificuldade
na sua realização, demonstração de dor durante a deglutição.
Essas alterações não são observadas quando o problema se localiza na fase
esofágica
No exame físico: inspeção da cavidade oral, palpação da região cervical proximal,
de todo o sulco jugular esquerdo (esôfago) - sinais de inflamação, ulcerações ou
lacerações, fraturas, anormalidades anatômicas (desvios, massas, corpos estranhos)
VOMITO x REGURGITAÇÃO:
REGURGITAÇÃO
Eliminação retrógrada e passiva do conteúdo esofágico (sem esforço
abdominal). Costuma ocorrer antes que o alimento chegue ao estômago.
Alimento não digerido
A frequência de regurgitações e o horário que elas ocorrem não
costumam ser esclarecedores (animal pode regurgitar 2x na semana ou
10x no dia, animal pode regurgitar após alimentação ou horas depois)
Material eliminado é caracterizado como alimento não digerido, sendo
típico da regurgitação
Aspecto tubular do material
eliminado sugerindo a localização
esofágica do processo - estenose ou
corpo estranho
Causas: megaesôfago primário, anomalias vasculares anelares, lesões traumáticas e as
obstruções esofágicas por corpos estranhos, ingestão de substâncias abrasivas ou cáusticas,
submetido à anestesia geral (refluxo gastresofágico – esofagite)
VÔMITO
Ejeção forçada de conteúdo gástrico/duodenal pela boca
Anteriormente ao vômito, ocorrem os sinais prodrômicos (inquietação,
sialorreia, deglutições repetidas, alteração do padrão respiratório e contrações
abdominais) acompanhada de sons característicos
Anamnese: importante para diferenciar vômito de regurgitação
Existência de bile descarta regurgitação
Vômito é um sinal clínico, que pode ser decorrente de problemas no sistema
digestório mas também pode ocorrer devidos a problemas metabólicos,
neurológicos, sistêmicos
VÔMITO
Agudo (até 2 semanas): podem sugerir indiscrições alimentares,
mudanças bruscas de dieta (causas mais banais), gastroenterite
(parvo), pancreatite, obstruções
Crônico (mais de 2 semanas): podem sugerir problemas secundários
a doenças metabólicas, inflamatórias crônicas
Sinais clínicos de regurgitação e vômito.
Características Regurgitação Vômito
Sinais prodrômicos Ausentes Presentes
Mímica de vômito Ausente Presente
Atividade muscular abdominal Ausente (processo passivo) Presente (processo ativo)
Relação com ingestão Variável Variável
Conteúdo alimentar Não digerido Variável
Formato Bolo ou tubular Variável (não tubular)
Muco Pode estar presente Pode estar presente
Sangue Raro (ulcerações ou neoplasias) Pode estar presente
Bile Não Pode estar presente
pH do material eliminado Alcalino Variável (pode ser alcalino)
HEMATEMESE
Presença de sangue no vômito
Tentar identificar a origem do sangramento e diferenciar de outros tipos de
sangramento
Geralmente é causada por ulceração ou erosão gastroduodenal
Principais causas (gastrite aguda, corpo estranho, neoplasias, AINES, GEH)
ANOREXIA E INAPETÊNCIA
Anorexia: Completa perda de apetite
Inapetência: perda parcial de apetite
Importante diferenciar de disfagia e verificar a presença de emagrecimento
progressivo (possível sinal de doença sistêmica)
História clínica deve conter informações quanto ao tipo de dieta, se houve alteração
no alimento fornecido (troca de marca ou tipo de ração), se o apetite é seletivo,
caprichoso e ainda se o animal apresenta perda progressiva de peso.
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
Passagem de fezes dificultada, infrequente ou ausente
Esforço ao defecar e retenção de fezes secas e endurecidas no cólon/reto
Causas
Iatrogênicas (fenotiazinicos, opioides)
Ambientais (mudança de rotina, limpeza inadequada da caixa de areia)
Dietéticas – ricas em fibras para animais desidradatos
Obstrução intra luminal (tumor ou CE) e extra luminal (abscesso ou protatomegalia)
Doenças neuromusculares e qualquer coisa que gere dor (fratura pélvica, problemas de
coluna, DCF)
INCONTINÊNCIA FECAL
Incapacidade de controlar a eliminação de fezes
Causada por doenças neuromusculares ou problemas no esfíncter anal
Diferenciar incontinência fecal (não nota a defecação) de urgência fecal
(ansiedade, postura normal de defecação)
DIARRÉIA
Aumento anormal do volume fecal, da frequência de defecação e
do conteúdo de líquido nas fezes
Embora sugira doença intestinal, pode ser decorrente de doenças
metabólicas ou de distúrbios em outros órgãos.
CAUSAS DIARRÉIA
Primária: parasitismo, distúrbios inflamatórios ou infecciosos,
neoplasias
Secundárias:
Distúrbios hepáticos ou pancreáticos
Reações adversas à dieta
Doenças sistêmicas (insuficiência renal, hipoadrenocorticismo)
Administração de fármacos (antibióticos).
Diferenciar de diarreia aguda ou crônica
Se tem localização com origem no intestino delgado ou grosso
De acordo com mecanismos fisiopatológicos desencadeantes
osmótica
secretória
alteração de permeabilidade e/ou motilidade
DIARRÉIAS AGUDAS: persistem por até 2 semanas; em geral, são autolimitantes e
respondem a tratamentos de suporte e sintomático.
DIARREIAS CRÔNICAS: persistem por períodos mais longos, refratárias aos
tratamentos convencionais.
DIARREIA DO INTESTINO DELGADO : caracterizada quanto aos distúrbios
funcionais, de má digestão e de má absorção.
vômitoconcomitante, depressão, febre e desidratação e sinais de dor abdominal
(cinomose e parvovirose, parasitismo grave, intussuscepções)
DIARREIA DO INTESTINO GROSSO: descartar a possibilidade de parasitismo e
intolerância à dieta; não costumam apresentar alterações ao exame físico
INTESTINO DELGADO x INTESTINO GROSSO
Características clínicas mais comuns em doenças do intestino delgado e do intestino grosso.
Características Intestino delgado Intestino grosso
Perda de peso, desnutrição Sim Em geral, não
Polifagia, coprofagia Pode ocorrer Não
Desidratação Comum Em geral, não
Vômito Comum Pouco comum
Volume fecal Em geral, aumentado Normal ou diminuído
Frequência de defecação Normal ou pouco aumentada Em geral, aumentada
Urgência em defecar Em geral, não Frequente
Tenesmo Incomum Frequente
Disquezia Incomum Frequente
Hematoquezia Incomum Frequente
Muco Incomum Frequente
Melena Sim Não
Participação de estresse Não Frequente
TIPOS DE DIARRÉIA
OSMÓTICA
falhas nos mecanismos de digestão ou absorção
acúmulo de substâncias osmoticamente ativas (carboidratos,
fosfatos e ácidos graxos) no lúmen intestinal, secundário a má
digestão ou má absorção de alimentos
Geralmente melhora com jejum
Devido à grande perda de fluidos
TIPOS DE DIARRÉIA e íons, rapidamente provoca grave
desidratação e acidose metabólica
no paciente
SECRETÓRIA:
aumento da secreção intestinal de líquidos
parasitismo de intestino delgado (giardíase)
doenças inflamatórias crônicas (enterite eosinofílica, linfocítico-plasmocitária)
linfangiectasia
linfoma do trato digestório
alterações anatômicas
corpos estranhos
insuficiência pancreática exócrina (IPE) ou deficiências enzimáticas
desencadeada por toxinas bacterianas (E. coli, Salmonella, Vibrio cholerae, Clostridium
perfringens...)
aquosa e clara, não cessando com o jejum
TIPOS DE DIARRÉIA
AUMENTO DE PERMEABILIDADE VASCULAR
decorrentes do aumento da pressão hidrostática dentro da parede
intestinal (enterites e linfangiectasia intestinal) ou externa a ela,
como na insuficiência cardíaca congestiva e a hipertensão portal.
DISTÚRBIOS DE MOTILIDADE INTESTINAL
TENESMO E DISQUEZIA
Tenesmo: esforço repetitivo e improdutivo para defecar
Disquezia: defecação dolorosa
Causados por lesão obstrutiva ou inflamatória do reto ou cólon distal - colites
e retocolites, constipação intestinal, hérnias perianais e doença prostática.
Animal assume postura e consegue eliminar um pouco de fezes e mantém a
posição por mais tempo
pequenas quantidades de fezes, muco e sangue, caiam ou gotejem pelo
ânus.
MELENA
Presença de sangue digerido nas fezes (coloração escura)
Sangramento geralmente é originado da parte gástrica ou
duodenal, no entanto, a deglutição de sangue também
pode ocasionar em melena
Animais com dietas ricas em ferro ou medicado com
carvão, podem apresentar fezes escuras similares a melena
HEMATOQUEZIA
Presença de sangue vivo nas fezes
Estrias de sangue no exterior de fezes de formato e volume normais -
lesões colônicas distais ou pólipos retais
sangue misturado ao bolo fecal - sugere lesões mais proximais
(cólon transverso e ascendente).
Geralmente causada por lesões hemorrágicas focais no cólon distal,
reto e região de períneo
DOR ABDOMINAL
Origem no trato digestório ou em outros órgãos, e no peritônio
distensão de vísceras ocas, estômago, intestino, útero, vesícula biliar ou
bexiga urinária, ou de inflamação peritoneal (peritonites), rupturas de
vísceras e distúrbios vasculares (tromboses).
inflamação e a distensão de órgãos parenquimatosos como o fígado, o
pâncreas e os rins
Verificar respostas fisiológicas a dor (taquicardia, taquipneia, midríase),
animais com dor abdominal podem apresentar desconforto, inapetência,
arqueamento das costas, posição de prece
DISTENSÃO ABDOMINAL
Abdome agudo
Dilatação gástrica
Obstrução intestinal
Retenção de fezes
Hepatomegalia e/ou esplenomegalia
Peritonite
Ascite...
ICTERÍCIA
Acúmulo de bilirrubina nos tecidos - pele, mucosas e esclera
amarelada
Pré-hepática: doenças hemolíticas
Hepática: doenças hepáticas primárias (hepatite) ou secundárias
(pancreatite, septicemia, ruptura de bexiga e doença inflamatória
intestinal) – urina marrom escura
Pós-hepática: obstruções ao fluxo biliar (fezes acólicas)
EXAME FÍSICO ESPECÍFICO
PARA DISTÚRBIOS DO SISTEMA
DIGESTÓRIO
Registrode peso - de acordo com seu tamanho, raça e idade, determina
sua condição nutricional. Avaliar ganho ou perda de peso, estados de
obesidade, desnutrição ou caquexia.
temperaturacorporal - avaliação de processos infecciosos (em geral,
causam hipertermia) ou indicativos de sepse (causando hipotermia),
que ocorrem nos casos terminais de parvovirose ou falha hepática
grave
frequências de pulso e respiração - indica se há dispneia ou alterações
circulatórias
EXAME DA CABEÇA
avaliar narinas: simetria, alterações de pigmentação, secreções e obstruções
Olhos: membranas conjuntivas (palidez, eritema e icterícia). Inspecionar as
pálpebras, córneas, íris e cristalino para verificar se há lesões. Posição dos globos
oculares (estrabismo, enoftalmia) e reflexos pupilares; a observação da esclera é útil
na detecção de icterícia
pavilhões auriculares: verificar se há lesões cutâneas, edema, odores anormais,
secreção e outros sinais de inflamação
musculatura mastigatória (masseteres e musculatura temporal): verificar o volume e
o tônus da musculatura dos músculos, correlacionando com a musculatura do
pescoço e membros.
CAVIDADE ORAL E FARINGE
Anamnese e sinais clínicos
Halitose, ptialismo ou sialorreia, hemorragia oral, distúrbios na preensão,
anorexia, dificuldade ou inabilidade de abrir ou fechar a boca e disfagia.
avaliação da mucosa bucal, lábios, gengiva e dentes
verificação de lesões, fístulas, massas, cálculos subgengivais, úlceras e
avaliação dos dentes anteriores (caninos e incisivos, principalmente)
avaliarcoloração (hiperemia, palidez, cianose, icterícia) e a umidade da
mucosa
lábios devem ser avaliados quanto a simetria, movimentos, coloração,
ocorrência de processos inflamatórios, ulcerações e deformações.
observação de faringe, palato mole e tonsilas
Lesão na base da língua (setas) provocada por corpo estranho linear
lesões na língua e lábios (setas) causadas por material abrasivo
massa na região do palato mole (seta)
fenda palatina (seta)
Exame da cavidade oral
Hálito:
Gengivas:
normal,
inflamação,
odor ácido ou azedo (possível má digestão);
urêmico (doença renal);
ulceração,
pútrido (resíduos alimentares, cáries, gastrite etc.);
corpos estranhos ou
odor de maçã verde (cetoacidose) massas
Mucosa oral: Dentes:
coloração, posicionamento,
umidade, oclusão,
lesões (ulcerações), coloração,
corpos estranhos,
Qualidade do esmalte,
massas
fraturas ou cálculos (tártaro)
Exame da cavidade oral
Língua: Palato duro ou mole:
mobilidade, lesões,
consistência, corpos estranhos,
lesões, palato mole excessivamente longo,
massas, fissura palatina
corpo estranho na base da língua Faringe e tonsilas:
inflamação,
Secreção purulenta,
massas,
Corpos estranhos,
simetria
GLANDULAS SALIVARES
Anatomia e fisiologia
4 pares: parótidas, mandibulares, sublinguais e
zigomáticas
produção e secreção de saliva mucosa e serosa
comunicação das glândulas com a boca é feita por
ductos
Anamnese e exame físico
Sinais clínicos: halitose, ptialismo ou sialorreia, com ou sem alteração nas
características físicas da saliva, deglutição dolorosa, engasgos e alterações do
apetite
aumentos de volume nas regiões cervical, caudal ao ângulo da mandíbula ou
submandibular (flutuantes a duros / dolorosos ou não)
mucocele, sialocele ou rânula: acúmulo de saliva no tecido subcutâneo
aumento progressivo da região inferior da mandíbula, língua (rânula) e ocasionalmente
faringe.
casos mais graves sinais relacionados de doença oral (disfagia, engasgos e dispneia)
ESÔFAGO
Distúrbios Esofágicos:
(1) de motilidade – megaesôfago congênito ou adquirido e a
disautonomia
(2)obstrutivos - adquiridos (corpos estranhos, estenoses,
neoplasias), congênitos (anomalias vasculares anelares)
(3) inflamatórios
(4) degenerativos - (esofagite, refluxo gastresofágico, hérnia de
hiato, divertículos e fístulas).
Anamnese e exame físico
Sinais: regurgitação, disfagia, odinofagia, deglutições repetidas, engasgos e
salivação excessiva
casos mais graves: sinais de doença respiratória (dispneia, tosse e secreção nasal)
Sinais de desnutrição (emagrecimento progressivo acompanhado de apetite voraz) -
doenças esofágicas obstrutivas (CE)
disfunção esofágica de origem neurológica - contato ou a ingestão de substâncias
tóxicas (chumbo) e doenças infecciosa (cinomose)
A condição física do animal (normal, emaciada, até caquética) indica o tempo de
evolução e a gravidade da doença.
inspeção e palpação das regiões oral e faríngea
dilatação
esofágica - oclusão das narinas e a compressão do tórax
podem evidenciar a dilatação em sua porção cervical.
porção torácica do esôfago - examinada somente por meio de
radiografias ou endoscopia
A ausculta do esôfago cervical e do tórax - em casos de dilatação
esofágica, é possível auscultar sons de movimento de fluidos. A
ausculta do tórax pode detectar sons sugestivos de pneumonia por
aspiração.
ABDOMEM
3regiões:
Epigástrico: fígado, estômago, pâncreas, rins e
baço
Mesogástrio: intestinos, ovários, ureter
Hipogástrio: bexiga, próstata, uretra e reto
Inspeção
avaliar formato e perímetro: simetria e equilíbrio, guardar proporcionalidade
com o tórax e o restante do corpo
Fluido livre, no interior do abdome se acumula ventralmente - aumento de
volume - “abdome de sapo”
Acúmulo de gás assume posição dorsal.
Fluidos ou gases contidos em órgãos intracavitários (estômago, intestino, útero)
resultarão em deslocamentos ou abaulamentos assimétricos.
Ingestão de grande quantidade de alimentos e gestação podem ser causas
fisiológicas de aumentos de volume abdominal.
Palpação
Avaliar a sensibilidade cutânea, o tônus muscular, o conteúdo
abdominal, além da tentativa de identificação e delimitação de
regiões dolorosas
Fortetensão muscular pode significar resposta de defesa à
palpação ou dor.
Palpação profunda: avaliar os órgãos contidos na cavidade
abdominal, seus formatos, volume, sensibilidade e consistência.
Pesquisar a existência de estruturas e o espessamento da parede
abdominal.
Palpação de alças intestinais.
região epigástrica região mesogástrica
Distensões abdominais causadas por
meteorismo (gases acumulados no intestino) ou
pelo pneumoperitônio (derrame de ar na
cavidade peritoneal) - som produzido à
percussão costuma ser timpânico, de tonalidade
variavelmente elevada
Ausculta
Borborigmos provocados pelo deslocamento de gás e líquido no tubo
gastrintestinal.
Borborigmos frequentes, fortes e com ruídos variáveis indicam motilidade
intensa.
Nas obstruções intestinais, podem tornar-se exagerados e, por vezes, sibilantes.
Em peritonites e inflamações crônicas do revestimento peritoneal do fígado,
estômago e baço, podem ocorrer ruídos de atrito.
Na prenhez adiantada, é possível perceber os ruídos cardíacos do(s)
coração(ões) do(s) feto(s).
Liquido peritoneal
Efusões classificadas de acordo com características físicas e
celularidade
exsudato,
transudato,
transudato modificado,
quilo
hemorrágico.
ESTÔMAGO
Anamnese e exame físico
histórico e os sintomas costumam ser vagos e inespecíficos - inapetência ou
apetite seletivo e náuseas
vômito - importante sinal de doença gástrica, mas pode ser tb doenças
metabólicas ou até mesmo neurológicas, sem que haja lesão gástrica
considerar a anorexia, melena, distensão e/ou dor abdominal como sinais
sugestivos de doença gástrica
hematêmese é um sintoma importante e geralmente localiza a lesão como
gástrica ou duodenal.
À inspeção: animais debilitados e desidratados (depleção hidreletrolítica
resultante do vômito persistente e/ou repetido).
Anamnese e exame físico
estômago vazio não pode ser palpado- (região epigástrio
ventral) - acesso dificultado pelas costelas.
introduzir os dedos por baixo do gradil costal ou pela
elevação dos membros dianteiros do animal - deslocamento
do órgão em direção caudal.
Ausculta do abdome pode revelar borborigmos; em geral,
os ruídos mais audíveis originam-se no estômago.
INTESTINO DELGADO
Anamnese e exame físico
Diarreia principal sinal de doença intestinal
vômito - mais acentuado em doença de intestino delgado do que gastropatias.
Quanto mais proximal for o processo, mais frequente será o vômito.
Histórico - caracterizar o processo como agudo ou crônico, além de, em casos de
diarreia, localizá-lo como originário do intestino delgado ou grosso
Atente para a idade e a raça do paciente
Sinais: perda de peso e desidratação, vômito, melena, flatulência e eliminação de
fezes (que variam de volumosas e com odor fétido ou azedo até francamente
aquosas), polifagia ou inapetência, desconforto abdominal, ascite, melena e
hematoquezia
Anamnese e exame físico
Exame físico: paciente desnutrido, emaciado e até caquético, pelame de má
qualidade, seborreico, apático ou com atitude normal, apesar do estado geral
ruim (insuficiência pancreática exócrina).
Desidratação - achado frequente, de acordo com a gravidade e a persistência da
diarreia e vômito
Palpação: identificar massas intra-abdominais, conteúdo intestinal anormal
(gases, fluidos, alimento, corpo estranho), espessamento da parede intestinal e
alterações anatômicas (intussuscepção) Revela desconforto ou pontos
dolorosos, que devem ser localizados e graduados.
INTESTINO GROSSO
Anamese e exame físico
Sintomas: diarreia ou constipação intestinal, vômito, tenesmo, disquezia e
hematoquezia
fezes em pequena quantidade, de aquosas a pastosas, com sangue vivo e muco
informações sobre a alimentação e possíveis causas infecciosas ou parasitárias
que possam ser responsáveis pelo distúrbio colônico
Alterações na dieta e ingestão de substâncias abrasivas também são causas
importantes de diarreia
palpação abdominal, inspeção região perineal e o toque retal são métodos
importantes
FÍGADO
Manifestação e a evolução depende do grau e da extensão da lesão e do
tempo de evolução do processo.
História e as alterações físicas são variáveis
Desidratação e hipovolemia, Encefalopatia hepática, Hipoglicemia,
Coagulopatias, ulceração gastrintestinal, Sepse, endotoxemia, distúrbios
eletrolíticos
sintomas de lesões gastrintestinais secundárias
vômito, diarreia, melena e hematêmese
sinais associados à disfunção hepática
ascite, icterícia e fezes acólicas
sinais não específicos
perda de peso, anorexia e depressão
Questionar: exposição a fármacos e venenos, a existência de distúrbios neurológicos
associados à alimentação e se o animal apresenta poliúria e polidipsia
Tutor pode relatar desmaios, cegueira, incoordenação motora e episódios de coma,
em geral relacionados com a ingestão de alimentos.
Associação pós-prandial é causada por elevados níveis de amônia e toxinas.
a proteína da dieta é convertida em amônia por bactérias intestinais e é absorvida pela circulação
portal. No caso de doença hepática, o fígado perde essa capacidade de absorção e a amônia e
outras toxinas chegam à circulação sistêmica, causando sinais neurológicos.
Sinais clínicos de falha hepática costumam se manifestar em estágios avançados da
doença.
sinais graves, de início súbito ou evolução aguda, podem indicar doença crônica descompensada
ou em fase terminal.
Inspeção: podem revelar icterícia e ascite.
Palpação abdominal: realizada com paciência e delicadeza,
possibilitando o relaxamento da parede abdominal e introduzindo-se
os dedos sob as arcadas costais
avaliação do tamanho, estado da superfície, consistência e
sensibilidade do fígado
Exames complementares podem ser necessários na avaliação de
pacientes suspeitos ou portadores de hepatopatia
PANCRÊAS
Difícil exploração semiológica - localização anatômica dificulta exame físico.
A palpação abdominal é irrelevante
Relação anatômica com fígado, estômago, duodeno, rim esquerdo e direito,
cólon transverso e porção proximal do intestino delgado – comprometimento
desses órgãos em caso de doença pancreática.
Insuficiência pancreática exócrina (IPE): jovens (frequente em Pastores-
alemães), com história de sinais progressivos: polifagia, apetite pervertido
(coprofagia) e perda de peso (embora ativos e alertas); diarreia, em geral de
odor azedo, em bolo disforme, com alimento não digerido e/ou aspecto
gorduroso (esteatorreia).
Pancreatite: Animais de meia-idade ou idosos, principalmente os obesos,
alimentados com dieta rica em gordura. Quando aguda, pode ser confundida
com outros distúrbios gastrintestinais. Apresentam depressão, anorexia,
febre, vômito, dor abdominal e, ocasionalmente, diarreia
Pancreatite grave, na palpação, o animal costuma demonstrar dor ou
desconforto abdominal. Em casos de inflamação, o pâncreas pode estar
aderido ao mesentério, intestino ou parede abdominal, revelando massa
palpável no abdome cranial.
Avaliação laboratorial é essencial para um diagnóstico acurado