ECONOMIA
BRASILEIRA
2023-2
PROFESSOR DIEGO JARDIM
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
• BONELLI, Régis; Fernando VELOSO. (organizadores) A crise de crescimento no Brasil. Rio de Janeiro: Elservier, 2016.
• CARVALHO, Laura. Valsa brasileira: do boom ao caos econômico. São Paulo: Todavia, 2018.
• FERREIRA, Pedro et al. Desenvolvimento econômico: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
• FISHLOW, Albert. O novo Brasil: as conquistas políticas, econômicas, sociais e nas relações internacionais. São Paulo:
Saint Paul Editora, 2011.
• FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
• GIAMBIAGI, Fábio et al. Economia brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
• OLIVEIRA, Fabrício Augusto. Governos Lula, Dilma e Temer: do espetáculo do crescimento ao inferno da recessão e da
estagnação (2003-2018). Rio de Janeiro: Letra Capital Editora, 2019.
• PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
PLANO DE ENSINO - AVALIAÇÕES
• Atividades individuais: 25 pontos
apresentações ao final de agosto (29 e 31/08): 15 pontos
trabalho escrito para entrega até o fim do período letivo: 10 pontos
• Atividades em grupo: 35 pontos - desafios estruturais da economia brasileira
apresentação em 28/09: 15 pontos
debate em 10/10: 15 pontos
debate em 30/11: 5 pontos
• Primeira prova (07/11): 20 pontos
• Prova final (07/12): 20 pontos
DIVISÃO DAS AVALIAÇÕES
• Atividades (individuais e em grupo): 60 pontos
• Provas: 40 pontos
• 15 pontos em agosto (apresentações), 15 em setembro (apresentações em grupo), 15 em outubro
(debate), 25 em novembro (20 da prova e 5 do debate);
• 30 pontos distribuídos no final da disciplina em dezembro, sendo 10 do trabalho escrito, que pode
ser entregue antes.
• Lógica de distribuir mais pontos no início e menos pontos no final, sem concentrar demais as
avaliações, além de incentivar a participação, o debate e as apresentações.
ATIVIDADES INDIVIDUAIS
• Apresentação (de 5 minutos) em 29 e 31/08 (15 pontos): sobre tema escolhido na história
econômica do Brasil, já visto em sala ou não, conforme domínio e interesse do aluno sobre o
assunto/período. Tema pode ser pensado vislumbrando a proposta do trabalho final.
• Trabalho escrito para entrega até 14/12 (10 pontos): proposta de modelo econômico de
desenvolvimento para a economia brasileira, considerando o papel de Minas Gerais (e o seu, no
Estado, onde couber). Debate preparatório em 30/11 será para ajudar na elaboração, mas entrega
pode ser antes do final do período letivo.
ATIVIDADES EM GRUPO
sobre os desafios estruturais da economia brasileira (outros desafios, que não os indicados, podem
ser sugeridos pelos alunos);
• apresentação em 28/09 (15 pontos): cada grupo (4 ou 5 pessoas) irá escolher um dos desafios e
apresentará sua visão e sua proposta, sobre os temas indicados de energia, mineração, logística,
política industrial, estímulo às exportações, atração de investimentos, inovação;
• debate em 10/10 (15 pontos): sala será dividida em 2 grupos, cada lado defendendo uma tese sobre
os desafios em infraestrutura, educação, segurança jurídica, risco regulatório, inovação,
sustentabilidade;
• debate em 30/11 (5 pontos): participação livre com as conclusões sobre os desafios estruturais da
economia brasileira e preparação para o trabalho final.
DESAFIOS ESTRUTURAIS DA
ECONOMIA BRASILEIRA
• energia, mineração, logística;
• inovação, política industrial;
• estímulo às exportações, atração de investimentos;
• infraestrutura, educação;
• segurança jurídica, risco regulatório;
• sustentabilidade;
• OUTROS?
PLANO DE ENSINO
Nº DATA CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1 1º/08/23 Introdução à economia do Brasil colonial
2 03/08/23 Colônias de povoamento / colônias de exploração
3 08/08/23 Os ciclos econômicos e a ocupação efetiva do território a partir de 1530
4 10/08/23 Fim do ciclo do açúcar e ascensão de Minas Gerais com o ciclo do ouro
5 17/08/23 Comparativo com as demais colônias e fim do período colonial
6 22/08/23 Café, ferrovias e indústria
7 24/08/23 A economia brasileira durante a transição do Império para a 1ª República
8 29/08/23 Seminário para apresentações das atividades individuais sobre tema escolhido na história econômica do Brasil
9 31/08/23 Finalização das apresentações das atividades individuais
10 12/09/23 A era Vargas, o Estado Novo e a economia brasileira durante a IIª Guerra
11 14/09/23 A evolução da economia brasileira no pós-guerra
12 19/09/23 Auge e esgotamento do processo de substituição de importações
13 21/09/23 O Período JK e o Plano de Metas
14 26/09/23 A industrialização pesada e o capitalismo tardio no Brasil
Apresentações em grupo: energia, mineração, logística, inovação, política industrial, estímulo às
15 28/09/23
exportações, atração de investimentos
16 03/10/23 O governo Jango
17 05/10/23 O governo Castello Branco
Debate sobre os desafios estruturais: infraestrutura, educação, segurança jurídica, inovação, risco
18 10/10/23
regulatório e sustentabilidade
19 17/10/23 Os governos Costa e Silva e Médici
20 26/10/23 Os governos Geisel e Figueiredo
21 31/10/23 A crise dos anos 80 e o contexto internacional
22 07/11/23 Prova
A nova república e o aprendizado da estabilização econômica: crise da dívida externa, inflação e o fim do
23 09/11/23
modelo desenvolvimentista
24 14/11/23 Anos 1990: inflação, mudança estrutural e estabilização
25 16/11/23 O Plano Real e os governos FHC
26 21/11/23 Os governos Lula e Dilma
27 23/11/23 Os governos Temer, Bolsonaro e Lula
Perspectivas econômicas após a pandemia: a questão fiscal, a reforma tributária, o cenário externo e os
28 28/11/23
desafios para o desenvolvimento
Debate sobre os desafios da economia brasileira e seminário sobre o trabalho individual (proposta de modelo
29 30/11/23
econômico de desenvolvimento para a economia brasileira, considerando o papel de Minas Gerais)
30 07/12/23 Prova final
- 14/12/23 Exame Substitutivo e prazo final de entrega do trabalho escrito individual
- 19/12/23 Exame Especial
APRESENTAÇÕES INICIAIS
• SEU CONHECIMENTO PRÉVIO E SUA VISÃO INICIAL SOBRE
OS DESAFIOS DA ECONOMIA BRASILEIRA;
• EXPERIÊNCIAS ANTERIORES COM ECONOMIA;
• OTIMISTA COM O BRASIL?
• DÚVIDAS?
O QUE É IMPORTANTE EM NOSSA ANÁLISE?
• Intervenções e incentivos estatais/políticas públicas;
• Tributos/taxas/tarifas/impostos;
• Indicadores macroeconômicos (inflação, taxa de juros, taxa de câmbio);
• Padrão-ouro (lastro da moeda);
• Salários e taxas de desenvolvimento humano da população;
• Cadeias produtivas, arranjos produtivos locais;
• Custos de produção (financiamento, tarifas, insumos, mão-de-obra);
• Tecnologias e inovações produtivas (maquinário, fatores de produção);
• Custos de comercialização (logística de distribuição, infraestrutura);
• Riscos para a atividade econômica e para o comércio (conflitos);
• Acordos comerciais, barreiras comerciais (sanções, bloqueios);
• Relações diplomáticas (entre os países, blocos e alianças);
• Rotas comerciais, Balança Comercial, contexto geopolítico; etc
INTRODUÇÃO
À
ECONOMIA
DO
BRASIL
COLONIAL
A EXPANSÃO COMERCIAL EUROPEIA
• “A ocupação econômica das terras americanas constituiu um episódio
da expansão comercial da Europa. Não por pressão demográfica (caso
da Grécia) ou pela ruptura de um sistema cujo equilíbrio se mantivesse
pela força (migrações germânicas sobre o Império Romano)”*;
• “as invasões turcas* começaram a criar dificuldades crescentes às
linhas orientais de abastecimento (…) o restabelecimento dessas
linhas, contornando o obstáculo otomano, constitui sem dúvida
alguma a maior realização dos europeus na segunda metade desse
século (XV)”*.
• *Queda de Constantinopla e do Império Bizantino em 1453.
*(Furtado, p. 25)
TRATADO DE TORDESILHAS (1494)
• Portugal inicialmente teria direito apenas às terras ao leste (inclusive
na África e Ásia), enquanto a Espanha teria direito às terras ao oeste
(grande parte da América, ainda desconhecida, e extremo oriente,
incluindo o Pacífico);
• Esta divisão não era reconhecida pelas demais potências, onde as
colônias não estivessem efetivamente povoadas, sendo que Holanda,
França e Inglaterra realizaram diversas incursões em terras
“espanholas” e “portuguesas”.
• “(…)prevalecia o princípio de que espanhóis e portugueses não tinham
direito senão àquelas terras que houvessem efetivamente ocupado”*.
*(Furtado, p. 27)
TRATADO DE TORDESILHAS (1494)
• “Espanha e Portugal se creem com direito à totalidade das novas
terras, direito esse que é contestado pelas nações europeias em mais
rápida expansão comercial na época: Holanda, França e Inglaterra”;
• “(…)não obstante a abundância dos recursos de que dispunha, a
Espanha não conseguiu evitar que seus inimigos penetrassem no
centro mesmo de suas linhas de defesa, as Antilhas”.
*(Furtado, p. 28)
TRATADO DE TORDESILHAS (1494)
TRATADO DE TORDESILHAS (1494)
• “Os recursos de que dispunha Portugal para colocar improdutivamente
no Brasil eram limitados e dificilmente teriam sido suficientes para
defender as novas terras por muito tempo”*.
• “A Espanha, cujos recursos eram incomparavelmente superiores, teve
que ceder à pressão dos invasores em grande parte das terras que lhe
cabiam pelo Tratado de Tordesilhas. Para tornar mais efetiva a defesa
de seu quinhão, foi-lhe necessário reduzir o perímetro deste.”*
*(Furtado, p. 27)
TRATADO DE MADRID (1750)
• Reconheceu a posse
portuguesa sobre grande parte
do atual território brasileiro,
implantando o conceito de uti
possidetis e estabelecendo
fronteiras naturais (rios, etc).
• Colônia do Sacramento
(Uruguai) reconhecida para a
Espanha.
AMÉRICA ESPANHOLA
• “Aos espanhóis revertem em sua totalidade os primeiros frutos, que
são também os mais fáceis de colher. O ouro acumulado pelas velhas
civilizações da meseta mexicana e do altiplano andino é a razão de ser
da América, como objetivo dos europeus, em sua primeira etapa de
existência histórica.”
• “A legenda de riquezas inapreciáveis por descobrir corre a Europa e
suscita um enorme interesse pelas novas terras, às demais nações
europeias. A partir desse momento a ocupação da América deixa de ser
um problema exclusivamente comercial: intervêm nele importantes
fatores políticos.”
(Furtado, p. 26)
AMÉRICA ESPANHOLA
• “Fora das regiões ligadas à grande empresa militar-mineira espanhola,
o continente apresentava escasso interesse econômico, e defendê-lo de
forma efetiva e permanente constituiria sorvedouro enorme de
recursos”*.
• “A Espanha recolhe de imediato pingues frutos que lhe permitem
financiar a defesa de seu rico quinhão. Contudo, tão grande é este e tão
inúteis lhe parecem muitas das novas terras, que decide concentrar seu
sistema de defesa em torno ao eixo produtor de metais preciosos,
México-Peru. Este sistema de defesa estendia-se da Flórida à
embocadura do rio da Prata”*.
(Furtado, p. 28)
ECONOMIA DO BRASIL COLONIAL
• “(…) o sentido da colonização brasileira, (…) o essencial do que
precisamos para compreender e explicar a economia da colônia.
Aquele ‘sentido’ é o de uma colônia destinada a fornecer ao comércio
europeu alguns gêneros tropicais ou minerais de grande importância: o
açúcar, o algodão, o ouro…”
• “Na agricultura, o elemento fundamental será a grande propriedade
monocultural trabalhada por escravos”.
• “(…) os três caracteres apontados: a grande propriedade, monocultura,
trabalho escravo (…) em todas as colônias em que concorrem, não só
no Brasil, tais caracteres reaparecem”.
*(Prado Jr., p. 123-124)
O PACTO COLONIAL
• Exclusivo comercial/metropolitano entre Portugal e Brasil;
• Mercantilismo português, também caracterizado pelo protecionismo;
• Busca de uma balança comercial favorável para Portugal;
• Metalismo/bulionismo: acumulação de metais (ouro);
• A ausência de uma limitação à produção de manufaturados no Brasil não
significaria que esse mercado se desenvolveria aqui, inclusive porque não
havia demanda mundial ou local (ainda) que justificasse a oferta de produtos
manufaturados brasileiros;
• Com a chegada do ciclo do ouro, o Pacto tornou Portugal um mero
entreposto para os minerais brasileiros na Europa, que iam para a Inglaterra,
em boa parte, por meio da aquisição de produtos ingleses pelos portugueses.
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
SUCESSO E FRACASSO DAS
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
• Sucesso econômico em Pernambuco;
• Fracasso na Bahia e em outras capitanias demandou maior intervenção
da Metrópole, inclusive centralizando as decisões, com o Governo
Geral;
• De São Vicente (São Paulo), foram promovidas incursões ao interior
(bandeiras) para buscar novas riquezas (principalmente minerais) e
também mão-de-obra indígena;
GOVERNO GERAL (1548)
• Sede em Salvador, próxima ao centro dinâmico colonial no Nordeste;
• Câmaras Municipais equivalentes aos cabildos da América espanhola;
• Primeiro Governador Geral: Tomé de Sousa;
• Vinda dos primeiros jesuítas (Manoel da Nóbrega);
• Segundo Governador-Geral: Duarte da Costa;
• Vinda de mais jesuítas, para catequisação (José de Anchieta).
ATUAÇÃO DOS JESUÍTAS
• Catequização dos indígenas;
• “Concorrência” com os colonos (exemplo do Maranhão) e com
bandeirantes, que buscavam a mão-de-obra dos índios à força;
• Representantes da Igreja Católica, Manuel da Nóbrega e José de
Anchieta participaram, por exemplo, da fundação das cidades de São
Paulo (1554)* e do Rio de Janeiro (1565)**.
*Originada no Colégio Jesuíta de São Paulo de Piratininga.
**São Sebastião do Rio de Janeiro foi fundada por Estácio de Sá para efetivar a presença portuguesa
na região e neutralizar a ameaça dos franceses, que só viriam a ser totalmente expulsos em 1567.
INVASÕES DO BRASIL
• Franceses “fundam” a cidade do Rio de Janeiro, em 1555 (sua França
Antártica), se estabelecendo na Baía de Guanabara, sendo expulsos
por Estácio de Sá* em 1567;
• Outras incursões francesas sobre o Nordeste e Norte brasileiro
(Amapá), com destaque para a ocupação de São Luís (MA), em 1594
(chamada França Equinocial); e sua expulsão definitiva em 1615**.
• Holandeses invadem a Bahia (1624) e conseguem se estabelecer em
Pernambuco (1630);
*Em 1º de março de 1565, foi fundada de fato a cidade do Rio de Janeiro.
**A cidade de São Luís foi fundada em 1612, para ocupar a região invadida pelos franceses.
FRANÇA ANTÁRTICA (RJ)
• “Quando, por motivos religiosos, mas com apoio governamental, os
franceses organizam sua primeira expedição para criar uma colônia de
povoamento nas novas terras – aliás, a primeira colônia de
povoamento do continente- é para a costa setentrional do Brasil que
voltam as vistas”*.
• Construção de uma fortaleza francesa na ilha de Guanabara (Forte de
Coligny);
• Franceses contaram com a aliança dos índios Tupinambás;
• Expulsão dos franceses em 1567 se deu com a aliança dos índios
Temiminós aos portugueses.
*(Furtado, p. 27)
NOVA HOLANDA (PE)
• Companhia das Índias Ocidentais criada pelos holandeses em 1621,
para comércio no Atlântico, contrariando a proibição dos espanhóis*;
• Entrepostos portugueses na África atacados após a União Ibérica e a
proibição do comércio holandês;
• Invasão inicial da Bahia em 1624, repelida pelos portugueses e
indígenas;
• Invasão bem sucedida de Pernambuco (Olinda) em 1630;
• Maurício de Nassau governa entre 1637 e 1644;
• Holandeses expulsos em 1654.
*Em 1548 as províncias holandesas foram anexadas ao território espanhol da Borgonha.
Sua independência veio através da Guerra dos Oitenta Anos (1568-1648).
SOBRE OS PAÍSES BAIXOS (HOLANDA)
• “As terras compreendidas atualmente pela Holanda, a Bélgica e parte do norte da
França eram conhecidas pela designação geral de Nederlanden (Países Baixos).
Quando as sete províncias setentrionais – entre as quais se destacavam a Holanda e a
Zelândia – conquistaram sua independência, em fins do século XVI, as demais
passaram a chamar-se Países Baixos espanhóis e, a partir do século XVIII,
austríacos. A parte independente chamou-se então Províncias Unidas, prevalecendo
subsequentemente o nome Holanda”.
• “A independência das Províncias Unidas data, oficialmente, de 1579 (Tratado de
Utrecht), mas a guerra com a Espanha continuou pelos trinta anos seguintes, até a
trégua de doze anos firmada em 1609. Dessa forma, os flamengos das Províncias
Unidas, que haviam desenvolvido enormemente o comércio com Portugal quando
estavam submetidos à Espanha, foram obrigados a abandoná-lo quando adquiriram a
independência, pois no ano seguinte a Espanha ocupava Portugal”.
*(Furtado, p. 42)
PARCERIA ANTERIOR HOLANDESA
• “Desde cedo a produção portuguesa passa a ser encaminhada em
proporção considerável para Flandres. Quando em 1496 o governo
português, sob a pressão da baixa de preço, decidiu restringir a
produção, a terça parte desta já se encaminhava para os portos
flamengos (D. Manuel I fixou, em 1496, a produção máxima em 120
mil arrobas, das quais 40 mil para Flandres, 16 mil para Veneza, 13 mil
para Gênova, 15 mil para Quios e 7 mil para a Inglaterra)”.
• “A partir da metade do século XVI a produção portuguesa de açúcar
passa a ser mais e mais uma empresa em comum com os flamengos,
inicialmente representados pelos interesses de Antuérpia e em seguida
pelos de Amsterdam. Os flamengos recolhiam o produto em Lisboa,
refinavam-no e faziam a distribuição por toda a Europa, particularmente
o Báltico, a França e a Inglaterra”.
*(Furtado, p. 32-33)
PARCERIA ANTERIOR HOLANDESA
• “A contribuição dos flamengos – particularmente a dos holandeses –
para a grande expansão do mercado do açúcar, na segunda metade do
século XVI, constitui um fator fundamental do êxito da colonização
do Brasil. Especializados no comércio intraeuropeu, grande parte do
qual financiavam, os holandeses eram nessa época o único povo que
dispunha de suficiente organização comercial para criar um mercado
de grandes dimensões para um produto praticamente novo, como era o
açúcar”.
• “E não somente com sua experiência comercial contribuíram os
holandeses. Parte substancial dos capitais requeridos pela empresa
açucareira viera dos Países Baixos.”
(Furtado, p. 33-34)
PARCERIA ANTERIOR HOLANDESA
• “No começo do século XVII os holandeses controlavam praticamente
todo o comércio dos países europeus realizado por mar. Distribuir o
açúcar pela Europa sem a cooperação dos comerciantes holandeses
evidentemente era impraticável.”
• “Por outro lado, estes de nenhuma maneira pretendiam renunciar à
parte substancial que tinham neste importante negócio, cujo êxito fora
em boa parte obra sua. A luta pelo controle do açúcar torna-se uma das
razões de ser da guerra sem quartel que promovem os holandeses
contra a Espanha. E um dos episódios dessa guerra foi a ocupação
pelos batavos, durante um quarto de século, de grande parte da região
produtora de açúcar no Brasil”.
(Furtado, p. 43)
CONCORRÊNCIA HOLANDESA
• A expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro fez com que
deixassem a parceria comercial para a venda do açúcar brasileiro na
Europa e levassem seu conhecimento técnico para desenvolver uma
produção concorrente nas Antilhas;
• “Hoje se admite com segurança que o prático monopólio do transporte
e do comércio europeus estabelecido pelos holandeses no começo do
século XVII – em razão de sua posição geográfica, da superioridade de
sua organização comercial e de sua técnica e do atraso econômico de
seus vizinhos – manteve-se intacto até cerca de 1730”.
(Furtado, p. 43)
CONCORRÊNCIA DO AÇÚCAR DAS
ANTILHAS
• Maior proximidade das Antilhas da Europa, perda da comercialização
realizada pelos holandeses e aumento da produção levaram a uma
queda nos preços do açúcar brasileiro;
• A produção brasileira manteve-se em níveis elevados, mas a
lucratividade caiu;
• Produção nas Antilhas também passou por crises posteriores, com a
produção brasileira retomando a liderança.
MONOPÓLIO INICIAL PORTUGUÊS
SOBRE A CANA-DE-AÇÚCAR
• “Um dos fatores do êxito da empresa colonizadora agrícola portuguesa
foi a decadência mesma da economia espanhola, a qual se deveu
principalmente à descoberta precoce dos metais preciosos”.
• As terras espanholas na América poderiam ter concorrido com a
produção brasileira, mas sua economia estava voltada para o
extrativismo mineral.
*(Furtado, p. 41)
A EMPRESA AGRÍCOLA PORTUGUESA
• “Os portugueses haviam já iniciado há algumas dezenas de anos a
produção (do açúcar), em escala relativamente grande, nas ilhas do
Atlântico”;
• “Essa experiência resultou ser de enorme importância, pois, demais de
permitir a solução de problemas técnicos relacionados com a produção
de açúcar, fomentou o desenvolvimento em Portugal da indústria de
equipamentos para os engenhos açucareiros”;
(Furtado, p. 31)
A EMPRESA AGRÍCOLA PORTUGUESA
• “Se se têm em conta as dificuldades que se enfrentavam na época para
conhecer qualquer técnica de produção e as proibições que havia para
exportação de equipamentos, compreende-se facilmente que, sem o
relativo avanço técnico de Portugal nesse setor, o êxito da empresa
brasileira teria sido mais difícil ou mais remoto”.
(Furtado, p. 31)
A EMPRESA AGRÍCOLA PORTUGUESA
• “Coube a Portugal a tarefa de encontrar uma forma de utilização
econômica das terras americanas que não fosse a fácil extração de
metais preciosos. Somente assim seria possível cobrir os gastos de
defesa dessas terras. (…) Das medidas políticas que então foram
tomadas resultou o início da exploração agrícola das terras
brasileiras”.
• “Se seus esforços não tivessem sido coroados de êxito, a defesa das
terras no Brasil ter-se-ia transformado em ônus demasiado grande, e –
excluída a hipótese de antecipação da descoberta do ouro –
dificilmente Portugal teria perdurado como grande potência colonial
na América”.
*(Furtado, p. 29-30)
A EMPRESA AGRÍCOLA PORTUGUESA
• “De simples empresa espoliativa e extrativa – idêntica à que na mesma
época estava sendo empreendida na costa da África e nas Índias
Orientais -, a América passa a constituir parte integrante da economia
reprodutiva europeia, cuja técnica e capitais nela se aplicam para criar
de forma permanente um fluxo de bens destinados ao mercado
europeu”;
*(Furtado, p. 29)
A EMPRESA AGRÍCOLA PORTUGUESA
• “A exploração econômica das terras americanas deveria parecer, no
século XVI, uma empresa completamente inviável. Por essa época
nenhum produto agrícola era objeto de comércio em grande escala na
Europa. O principal produto da terra – o trigo – dispunha de
abundantes fontes de abastecimento”;
• “Os fretes eram de tal forma elevados – em razão da insegurança no
transporte a grandes distâncias – que somente os produtos
manufaturados e as chamadas especiarias do Oriente podiam
comportá-los”;
*(Furtado, p. 29)
A EMPRESA AGRÍCOLA PORTUGUESA
• “(…) era fácil imaginar os enormes custos que não teria de enfrentar
uma empresa agrícola nas distantes terras da América. É fato
universalmente conhecido que aos potugueses coube a primazia nesse
empreendimento”;
• “O Brasil foi o primeiro dos assentamentos europeus na América a
tentar o cultivo do solo”.
• “É sabido que os espanhóis nas Antilhas e no México tentaram
empreendimentos agrícolas com anterioridade aos portugueses. Sem
embargo, esses empreendimentos não passaram do estágio
experimental”.
*(Furtado, p. 29)
PRODUTOS COLONIAIS E SEUS
CICLOS ECONÔMICOS
• Pau-Brasil (litoral, interação inicial com os indígenas);
• Cana-de-açúcar (litoral, aumento da escala demanda a vinda de
escravos africanos);
• Ouro (interiorização, fluxos migratórios, uso da mão-de-obra ociosa,
decorrente da decadência do açúcar);
• Pecuária (interiorização, subsistência e complementariedade à cana e
ao ouro);
• Café (inicialmente próximo ao RJ, sofisticação do processo
produtivo).