Objetivo da Aula
Conhecer a evolução da doença,
diagnóstico e tratamento.
Identificar as medidas de
prevenção e controle do HIV/Aids.
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana.
AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida)
O HIV causador da aids, ataca o sistema imunológico,
responsável por defender o organismo de doenças.
As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. E é
alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si
mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca
de outros para continuar a infecção.
AIDS
• Descrição: é uma doença caracterizada por uma
disfunção grave do sistema imunológico do
indivíduo infectado pelo vírus da imunodeficiência
humana (HIV). Destruição de linfócitos CD4+.
• Fases:
• infecção aguda
• infecção assintomática
• doença sintomática
Infecção aguda: ocorre o período de
incubação do HIV (tempo da exposição
ao vírus até o surgimento dos primeiros
sinais da doença). Esse período varia de
três a seis semanas.
E o organismo leva de 30 a 60 dias após
a infecção para produzir anticorpos anti-
HIV.
Os primeiros sintomas são muito
parecidos com os de uma gripe, como
febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos
casos passa despercebida.
Infecção aguda:
A infecção aguda pelo HIV ocorre nas
primeiras semanas da infecção pelo HIV,
quando o vírus está sendo replicado
intensivamente nos tecidos linfoides.
Durante essa fase, tem-se CV-HIV
elevada e níveis decrescentes de
linfócitos, em especial os LT-CD4+, uma
vez que estes são recrutados para a
reprodução viral.
O indivíduo, nesse período, torna-se
altamente infectante.
Infecção assintomática é
marcada pela forte interação entre
as células de defesa e as
constantes e rápidas mutações do
vírus.
Mas isso não enfraquece o
organismo o suficiente para
permitir novas doenças, pois os
vírus amadurecem e morrem de
forma equilibrada.
Esse período, que pode durar
muitos anos.
Infecção sintomática
É caracterizada pela alta redução dos linfócitos T CD4+ (glóbulos brancos
do sistema imunológico) que chegam a ficar entre 300 a 200 unidades por
mm³ de sangue.
Em adultos saudáveis, esse valor varia entre 800 a 1.200 unidades.
Os sintomas mais comuns nessa fase são: febre, diarreia, suores noturnos
e emagrecimento, diarreia crônica, cefaleia, alterações neurológicas,
infecções bacterianas (pneumonia, sinusite, bronquite) e lesões orais
(candidíase oral).
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
O aparecimento de Infecções Oportunistas (IO) e neoplasias é definidor
da aids.
IO: pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou
disseminada, meningite criptocócica e retinite por citomegalovírus.
Neoplasias mais comuns são: sarcoma de Kaposi (SK), linfoma não
Hodgkin e câncer de colo uterino, em mulheres jovens.
Contagem de LT-CD4+ situa-se abaixo de 200 céls/mm³
O HIV pode causar: miocardiopatia, nefropatia e neuropatias, que podem
estar presentes durante toda a evolução da infecção pelo HIV.
AIDS
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Casos de Aids 1980 – 2019
Casos Notificados = 966.058
Média anual (últimos 5 anos) = 40 mil casos/ano
Região Sudeste concentra maior número de casos
(46,5%) entre 2007 a 2019
Homens = 69,0% dos casos
Mulheres = 31,0% dos casos
AIDS
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Casos de Aids 2007 – 2019
Maior faixa etária = 20 – 34 anos (52,7%)
Casos em gestantes 2000 -2019
Notificados 125.144 casos.
AIDS
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Casos de Aids 2007-2019 (Maiores 13 anos)
Homens
Categoria de exposição:
31,4% heterossexual;
51,3% bissexual ou homossexual
AIDS
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Casos de Aids 2007-2019
Mulheres
Categoria de exposição: 86,5% heterossexual
Menores de 13 anos de idade
2019 – 88,8% via de infecção a transmissão vertical
Boletim Epidemiológico Secretaria de Vigilância em Saúde |
Ministério da Saúde Número Especial | Dez. 2020
AIDS
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Casos de óbitos 1980 – 2018
Brasil = 338.905 óbitos por HIV/Aids
•Atualmente mais de 800 mil pessoas vivem com HIV no Brasil
• Dessas cerca de 112 mil não sabem que estão infectadas
• Cerca de 40 mil casos novos/ano
• Crescimento significativo entre jovens
CADEIA DE TRANSMISSÃO DA AIDS
Doenças Oportunistas:
• tuberculose
• pneumocistose (Pneumocystis jivoreccii)
• toxaplosmose
• criptococose
• citomegalovirose
• neoplasias
Infecção do HIV
Sistema
Defesa
HIV infecta enfraquece
o linfócito
CD4
Aids
Janela diagnóstica é o intervalo de tempo decorrido entre a
infecção pelo HIV até a primeira detecção de anticorpos anti-HIV
produzidos pelo sistema de defesa do organismo.
Na maioria dos casos, a duração da janela diagnóstica é em média
15 dias com os testes de quarta geração (imunoensaios)
Caso nesse período um teste de detecção de anticorpos anti-HIV
gerar um resultado não reagente, mesmo que a pessoa esteja
infectada, e se persistir a suspeita de infecção é recomendado repetir
o teste após 30 dias.
Recomenda-se a oferta de testagem para HIV e
demais IST a todos os pacientes sexualmente ativos,
em especial após exposição de risco. Em nenhuma
situação deverá haver qualquer tipo de coerção para a
realização dos testes.
Diagnóstico: é realizado por meio de técnicas que pesquisam
anticorpos, antígenos, material genético ou que isolem o vírus
(cultura).
Sorologias (anticorpos): teste Elisa
Western-Blot (confirmatório)
Imunoflourescência (confirmatório)
Testes Moleculares: A detecção do antígeno p24 do HIV-1,
de RNA ou DNA,
Testes rápidos com resultados em 30 minutos. (punção digital
ou fluído oral). Detectam anticorpos.
Estrutura do HIV
Exames de Controle do Tratamento
• quantificação da carga viral (meta carga viral indetectável)
• genotipagem
• contagem de CD4 (meta aumento dos linfócitos CD4)
(Carga viral indetectável risco baixo de transmissão)
Tratamento: recomenda-se estimular início imediato da
TARV (terapia antirretroviral) para todas as PVHA
(Pessoas que vivem com HIV/Aids), independentemente da
contagem de LT-CD4+, na perspectiva de redução da
transmissibilidade do HIV, considerando a motivação da
PVHA.
Não é considerado uma emergência médica, e
médico e paciente devem discutir claramente
sobre o início do tratamento para melhor adesão .
Aumento da sobrevida das pessoas com tratamento e cuidados
Quando iniciar a Terapia Antirretroviral (TARV)?
•Pacientes com contagem de CD4 < ou igual a 350
células/mm³.
• Sintomáticos (incluindo tuberculose ativa),
independentemente da contagem de CD4 iniciar
TARV.
• Coinfectados HIV/HBV iniciar TARV
• Coinfectados HIV/HCV iniciar TARV
• Gestantes iniciar TARV
• Risco cardiovascular elevado
TARV (Terapia Antirretrovial) COMO
PREVENÇÃO
Assim, uma pessoa com HIV, sem nenhuma outra IST,
seguindo TARV corretamente e com Carga Viral-HIV
suprimida, tem mínimas chances de transmitir o HIV pela
via sexual. O uso do preservativo continua sendo
recomendado como forma de cuidado adicional para evitar
reinfecção pelo HIV e para prevenção de outras IST e
hepatites.
Algumas condições devem ser atendidas e levadas em
consideração ao informar os pacientes sobre a redução do
risco de transmissão sexual do HIV
Deve-se ter excelente adesão à TARV e monitorização da
CV-HIV
A CV-HIV deve estar indetectável há pelo menos seis
meses
Ausência de outras IST.
Medicamentos utilizados:
Tenofovir + lamivudina (TDF/3TC)
Abacavir + lamivudina (ABC/3TC)
Zidovudina + lamivudina (AZT/3TC)
Efavirenz (EFV)
Raltegravir (RAL), Dolutegravir
Vigilância Epidemiológica: Doença de Notificação
Compulsória (pacientes com aids ou portadores de HIV).
Uso de preservativo nas relações sexuais.
Profilaxia da transmissão vertical do HIV
Ações educativas.
Outros Cuidados:
Gestante com HIV: pré-natal em serviço
especializado em DST/AIDS (uso de ARV
(antirretroviral) na gestação e parto, inibidor
de lactação, vacinas indicadas para as
gestantes).
Mulher com HIV: consulta ginecológica,
aconselhamento reprodutivo e medidas de
prevenção para outras IST)
Gestante com HIV: pré-natal em serviço especializado
em DST/AIDS (uso de ARV (antirretroviral) na gestação
e parto, inibidor de lactação, vacinas indicadas para as
gestantes).
A TARV poderá ser iniciada na gestante antes mesmo de se
terem os resultados dos exames de LT-CD4+, CV-HIV e
genotipagem – principalmente nos casos de gestantes que
iniciam tardiamente o acompanhamento pré-natal –, com o
objetivo de alcançar a supressão viral o mais rapidamente
possível.
O uso de TARV durante a gravidez reduz a taxa de
transmissão vertical do HIV de aproximadamente
30% para menos de 1%, quando se alcança a
supressão da CV-HIV materna (CV-HIV plasmática)
próxima ao parto.
Fluxograma quanto às situações para administração de AZT
intravenoso profilático para gestante durante o parto
• Gestante com CV desconhecida ou detectável na 34ª semana - Parto
cesário, eletivo, empelicado, a partir da 38ª semana Aplicar: AZT
injetável Intravenoso no parto
•Gestante com CV detectável, porém menor que 1.000 copias/mL na
34ª semana - Parto segundo indicação obstétrica; pode ser vaginal
AZT injetável Intravenoso no parto
• Gestante com CV indetectável na 34ª semana - Parto segundo
indicação obstétrica, preferencialmente vaginal - Manter TARV
habitual via oral.
Criança com HIV: crianças nascidas de mães com HIV devem
ser acompanhadas em serviços especializados, com
acompanhamento profilático o mais precoce possível (nas 4
horas de vida) com o uso de zidovudina oral (AZT) por 4
semanas.
- Mães que não fizeram TARV durante o pré-natal ou sem
comprovação de carga viral abaixo de 1.000 cópias/ml no
último trimestre deve-se associar NEVIRAPINA (NVP) 3 doses
na maternidade, sendo a 1ª dose até 48 horas do parto.
• Profilaxia com uso de sulfametoxazol-
trimetropina até a 2ª carga viral indetectável.
• Alimentação com fórmula infantil (direito de
receber fórmula infantil no serviço de saúde)
• Vacinação.
• Acompanhamento até 24 meses de idade.
Cuidados imediatos do RN exposto ao HIV
1. Limpar com compressas macias todo sangue e secreções visíveis
no RN imediatamente após o nascimento e proceder com banho,
ainda na sala de parto (usando-se chuveirinho ou torneira).
2. Quando for necessária a realização de aspiração de vias aéreas do
RN, deve-se proceder delicadamente, evitando traumatismos em
mucosas.
3. É recomendado o alojamento conjunto em período integral, com o
intuito de aprimorar o vínculo mãe-filho.
4. São terminantemente contraindicados o aleitamento cruzado
(amamentação da criança por outra nutriz) e uso de leite humano
(banco de leite humano).
Cuidados imediatos do RN exposto ao HIV
5. A alta da maternidade é acompanhada de consulta agendada em
serviço especializado para seguimento de crianças expostas ao HIV.
Recomenda-se que a data da primeira consulta seja 15 dias a contar
do nascimento.
6. Preencher as fichas de notificação da “Criança exposta ao HIV” e
enviá-las ao serviço de vigilância epidemiológica competente.
PREVENÇÃO COMBINADA DO HIV
É uma estratégia de prevenção que faz uso combinado de
intervenções biomédicas, comportamentais e estruturais
aplicadas no nível dos indivíduos, de suas relações e dos
grupos sociais a que pertencem, mediante ações que levem
em consideração suas necessidades e especificidades e as
formas de transmissão do HIV.
Redução de Danos
Segundo a UNAIDS (2017), define como um pacote abrangente de políticas,
programas e abordagens que procuram reduzir as consequências prejudiciais
associadas ao uso de substâncias psicoativas sobre a saúde e em termos
econômicos e sociais.
Consta de:
•Programas de substituição de agulhas e seringas
•Redução de danos para HIV ações de disponibilização de seringas e agulhas
descartáveis para pessoas que usam drogas e para pessoas trans que façam uso
de hormônios ou silicones industriais.
•Terapia de substituição de opioides
•Testagem e aconselhamento em HIV
•Atenção e terapia antirretroviral para pessoas que usam drogas
•Prevenção da transmissão sexual
•Informação, educação e comunicação para pessoas que usam drogas e seus
parceiros sexuais
• Diagnóstico, tratamento e vacinação
• Prevenção e tratamento da tuberculose
Redução de Danos
Considerando que as pessoas que usam drogas são altamente vulneráveis à
infecção pelo HIV e a estimativa é que essa população represente 12% das novas
infecções por HIV estimadas no mundo em 2018, e se o mundo quiser alcançar a
meta de acabar com a epidemia de aids até 2030, essas pessoas precisam ser
acolhidas e atendidas.
Objetivo desta política, além de evitar a transmissão do HIV, promover melhora da
qualidade de vida dessas pessoas e garantir o acesso universal à saúde.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS DST
Candidíase vulvovaginal: infecção da vulva e vagina
causada por um fungo que habita a mucosa vaginal e a
mucosa digestiva, que cresce quando o meio torna-se
favorável para o seu desenvolvimento.
Agente etiológico: Candida albicans (fungo)
Modo de transmissão: por meio de contato com mucosas
e secreções em pele de portadores ou doentes. A
transmissão vertical pode ocorrer durante o parto normal.
Fatores que predispõe a candidíase
Gravidez
Obesidade
Diabetes mellitus (descompensado)
Uso de corticoides
Uso de antibióticos
Uso de contraceptivos orais
Uso de imunossupressores ou quimio/radioterapia
Alterações na resposta imunológica (imunodeficiência)
Hábitos de higiene e vestuário que aumentem a umidade e o calor local
Contato com substancias alergênicas e/ou irritantes (ex.: talcos, perfumes,
sabonetes ou desodorantes íntimos
Infecção do HIV
Sinais e sintomas: prurido vulvovaginal, ardor ou dor à
micção, corrimento branco, grumoso, inodoro e com
aspecto caseoso (“leite coalhado”), hiperemia, edema
vulvar, dispareunia, vagina e colo recobertos por placas
brancas ou branco acinzentadas aderidas à mucosas.
Diagnóstico laboratorial: Papanicolaou, cultura,
esfregaço de conteúdo vaginal.
Tratamento:
Miconazol (creme vaginal a 2%, uso vaginal com aplicador por
7 dias) ou Fluconazol 150mg via oral dose única.
Características epidemiológicas:
Candida albicans está presente na pele e mucosas de
pessoas saudáveis. Ocorre com frequência em gestantes,
podendo ser transmitida ao recém-nascido em útero, parto ou
no pós natal.
Diagnosticar e tratar precocemente os casos. Não há
necessidade de tratar o parceiro.
Não é de notificação compulsória.
TRICOMONÍASE GENITAL
Infecção causada pelo Trichomonas vaginalis (protozoário
flagelado), tendo como reservatório a cérvice uterina, a
vagina e a uretra. Forma de transmissão principal é a
sexual, podendo permanecer assintomática no homem e
na mulher.
Características clínicas: corrimento abundante,
amarelado ou amarelo esverdeado, bolhoso, com odor,
prurido, dor pélvica, disúria, polaciúria, hiperemia da
mucosa e dispareunia.
Obs: 50% das mulheres são assintomáticas, o achado do
T. vaginalis no exame de Papanicolaou impõe o
tratamento da mulher e de seu parceiro.
Diagnóstico: exame do papanicolaou e
manifestações clínicas.
Tratamento: metronidazol tópico e oral.
Parceiro sexual é tratado com metronidazol
2g vo em dose única.
Notificação do caso como síndrome do
corrimento vaginal.